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G overnança Corporativa A ntonio Pescum a Junior Código Logístico 59307 Fundação Biblioteca Nacional ISBN 978-85-387-6613-1 9 7 8 8 5 3 8 7 6 6 1 3 1 O objetivo fundamental das organizações transnacionais é o lu- cro e a remuneração dos seus acionistas, com base no desen- volvimento de novas tecnologias, processos e estratégias para ampliação de seus mercados em escala global. A governança cor- porativa colabora para a intensificação desse cenário, regulamen- tando práticas e gestão, a fim de ampliar horizontes para a acu- mulação do capital por essas companhias internacionalizadas. O entendimento da governança corporativa colabora também para o aperfeiçoamento de novas formas de gestão, que podem, inclu- sive, ser aplicadas em diversas empresas não internacionalizadas. A governança corporativa é um importante campo de estudo práti- co para os futuros profissionais que pretendem ter sucesso em suas carreiras em um mundo sem barreiras e limites. Portanto, este livro colabora para o entendimento dessa lógica de operacionalização em um mercado globalizado e amplamente apoiado em transações digitais. Procura-se, neste livro, delinear o novo cenário do capi- talismo, imerso em um processo de intensificação da participação dessas companhias, inclusive por meio de profundas consequências para a economia, como a geração de emprego e renda para todos os países ao redor do mundo. Governança corporativa Antonio Pescuma Junior IESDE BRASIL 2020 © 2020 – IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito do autor e do detentor dos direitos autorais. Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: Vlad_Chorniy/Shutterstock CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ P563g Pescuma Junior, Antonio Governança corporativa / Antonio Pescuma Junior. - 1. ed. - Curitiba [PR] : IESDE, 2020. 96 p. : il. Inclui bibliografia ISBN 978-85-387-6613-1 1. Governança corporativa. 2. Programas de compliance. 3. Adminis- tração de empresas. I. Título. 20-63209 CDD: 658.4 CDU: 005.94 Todos os direitos reservados. IESDE BRASIL S/A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br Antonio Pescuma Junior Doutor em Ciências pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP). Mestre em Economia Política pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Bacharel em Economia. Professor nos cursos de MBA e consultor. Participante do Grupo de Avaliação de Tecnologias em Saúde – REPATS. Integrante do Comitê de Diálise junto à Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN). Agora é possível acessar os vídeos do livro por meio de QR codes (códigos de barras) presentes no início de cada seção de capítulo. Acesse os vídeos automaticamente, direcionando a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet para o QR code. Em alguns dispositivos é necessário ter instalado um leitor de QR code, que pode ser adquirido gratuitamente em lojas de aplicativos. Vídeos em QR code! SUMÁRIO 1 A Governança corporativa no mundo contemporâneo 9 1.1 Governança corporativa: conceitos e contribuições 9 1.2 O objetivo da governança corporativa 14 1.3 A configuração das empresas no mundo contemporâneo 17 1.4 A transferência da propriedade nas empresas de capital aberto 21 2 A estrutura da governança corporativa 25 2.1 Elementos constitutivos da governança corporativa 26 2.2 Os oito pilares da governança corporativa: uma análise crítica 30 2.3 A importância da OCDE na governança corporativa 34 3 A transparência na governança corporativa 41 3.1 A governança corporativa como instrumento regulador no mercado 42 3.2 Os relatórios financeiros e sua lógica na governança corporativa 47 3.3 O compliance 53 4 Os modelos de governança 60 4.1 Os modelos de governança no mundo 60 4.2 A diversificação nos modelos de governança 65 4.3 Determinantes dos modelos de governança 73 5 A governança corporativa nas organizações 78 5.1 As empresas transnacionais e seu impacto na governança 78 5.2 A governança corporativa no Brasil 85 5.3 As empresas transnacionais na saúde 90 Agora é possível acessar os vídeos do livro por meio de QR codes (códigos de barras) presentes no início de cada seção de capítulo. Acesse os vídeos automaticamente, direcionando a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet para o QR code. Em alguns dispositivos é necessário ter instalado um leitor de QR code, que pode ser adquirido gratuitamente em lojas de aplicativos. Vídeos em QR code! A governança corporativa é um tema de extrema importância atualmente, principalmente devido ao cenário de incertezas presentes no mundo moderno, em que as mudanças ocorrem em grande velocidade, nos âmbitos econômico e social. Nesse contexto, temos a presença de grandes grupos de companhias internacionalizadas que possuem total controle sobre a oferta de produtos e serviços para as diversas economias no mundo. Essas empresas, denominadas transnacionais, operam tanto no mercado produtivo como no especulativo, gerando consequências diretas para as pessoas e para todo o ambiente econômico. O objetivo fundamental dessas organizações é o lucro e a remuneração dos seus acionistas, com base no desenvolvimento de novas tecnologias, processos e estratégias para ampliação de seus mercados em escala global. A governança corporativa colabora para a intensificação desse cenário, regulamentando práticas e gestão, a fim de ampliar horizontes para a acumulação do capital por essas companhias internacionalizadas. O entendimento da governança corporativa colabora também para o aperfeiçoamento de novas formas de gestão, que podem, inclusive, ser aplicadas em diversas empresas não internacionalizadas. Logo, a governança corporativa é um importante campo de estudo prático para os futuros profissionais que pretendem ter sucesso em suas carreiras em um mundo sem barreiras e limites. Portanto, este livro colabora para o entendimento dessa lógica de operacionalização em um mercado globalizado e amplamente apoiado em transações digitais. Nesta obra, trazemos a definição de governança corporativa baseada em sua estrutura e em seu impacto no volume dos negócios. Procuramos delinear o novo cenário do capitalismo, imerso em um processo de intensificação da participação dessas companhias, inclusive por meio de profundas consequências para a economia, como a geração de emprego e renda para todos os países ao redor do mundo. No Capítulo 1, abordaremos a evolução da governança corporativa e o entendimento a respeito da dispersão do capital nas empresas. No Capítulo 2, trataremos da estrutura da governança corporativa, de seus pilares fundamentais e do papel da Organização para a Cooperação e APRESENTAÇÃO Desenvolvimento Econômico (OCDE). No Capítulo 3, estudaremos o papel da transparência nos processos de governança, inclusive como um elemento de crucial importância para a credibilidade das companhias e para o retorno dos acionistas. No Capítulo 4, comentaremos a respeito dos modelos de governança e sua aplicabilidade no mundo real. Por fim, no Capítulo 5, iremos discorrer sobre as empresas transnacionais e o seu impacto no desenvolvimento da governança. Tenha uma ótima leitura! A Governança corporativa no mundo contemporâneo 9 1 A Governança corporativa no mundo contemporâneo A governança corporativa é um assunto de grande importân- cia na atualidade, uma vez que fornece elementos para o enten- dimento das grandes corporações presentes no mercado, em um mundo globalizado. Neste capítulo, iremos desenvolver pontos em relação aos es- copos teórico e prático da governança corporativa. Primeiramente, serão apresentados os conceitos da governança corporativa e a sua contribuição para a gestão das empresas. Em seguida, o objeti- vo da governança corporativaserá discutido, principalmente sobre o retorno financeiro aos acionistas e gestores. Além disso, será comentada a configuração das empresas no mundo contemporâneo, com considerações sobre a elevada concentração da oferta de produtos no mercado, que reflete nos preços e na dinâmica da economia. Por fim, será abordada a trans- ferência da propriedade nas empresas de capital aberto, a qual é um movimento de legitimação dos acionistas no processo decisó- rio das grande companhias transnacionais. 1.1 Governança corporativa: conceitos e contribuições Vídeo Estruturar um negócio e viabilizar sua implementação não é um ca- minho completamente tranquilo, especialmente a respeito das incerte- zas sobre a demanda dos consumidores e a aceitabilidade do produto no mercado. Para tentar suprir essa fragilidade, sobretudo em relação ao acesso aos produtos com preços mais atrativos, muitos empreendimentos con- 10 Governança corporativa vencionais optaram pela implementação de estratégias de e-commerce, que ampliam as margens de vendas e a lucratividade. De fato, é uma tendência natural que os empreendimentos migrem para os negócios virtuais, mantendo a estrutura física e o ambiente digital. Isso porque, na internet, os custos de comercialização se tornam mais atrativos; logo, a aceitabilidade, por parte dos consumidores, é ampliada e, por conse- quência, o retorno financeiro para os empreendedores é maior. Comparado ao período em que não havia internet e que os bens e serviços eram adquiridos somente em estruturas no mercado real, no mundo contemporâneo os consumidores adotam um comportamento muito diferente no que diz respeito aos seus desejos de consumo. Isso ocorre devido a um novo padrão, o qual assume uma forma interativa, virtual e imediata, proporcionando, de maneira geral, uma maior pra- ticidade para todos os agentes econômicos. Para as empresas, é opor- tunizada maior agilidade acerca do marketing aplicado, dos custos, dos aspectos logísticos, dentre outros benefícios. Para os consumidores, isso propicia maior liberdade de escolha, em função de uma maior oferta de empresas, de preços e de uma acentuada concorrência, favo- recendo uma ampla gama de oportunidades de negócios. No Brasil, houve um crescimento de e-commerces de 37,59%, em 2019 (PESQUISA..., 2019). Inclusive, esse movimento não é isolado, visto que tanto pequenas e médias empresas quanto grandes corporações apresentam esse novo movimento, em todas as economias no mundo, com diversos arranjos e formatos (ESPECIAL..., 2018). Para se ter uma ideia dessa evolução, vemos, na Ta- bela 1, o total de dinheiro, em dólares, que diferen- tes países em todo o globo movimentaram em 2016. Essa “metamorfose” entre o cenário real e o virtual é um fenômeno irreversível, que tem forte impacto sobre a operacionalidade dos negócios. Para tanto, é exigido um tipo de planejamento para as empresas que possa suprir, com efetividade e aprimoramento constante, esse novo formato e essa nova tendência. Nessa perspectiva, os conceitos administrativos tra- dicionais não conseguem atender essa nova neces- sidade, principalmente por terem, na sua evolução, um modelo de empresa física, pautada em nego- ciações no mundo real, sem toda a interatividade e-commerce: operações comerciais na internet. Glossário Tabela 1 Os dez maiores mercados de e-commerce no mundo China 562.66 Estados Unidos 349.06 Reino Unido 93.89 Japão 79.33 Alemanha 74.46 França 42.62 Coreia Do Sul 36.76 Canadá 28.77 Rússia 20.30 Brasil 18.80 Fonte: Adaptada de Especial..., 2018. A Governança corporativa no mundo contemporâneo 11 que a internet proporciona. Até mesmo a ciência econômica teve que compreender aspectos que antes não eram investigados, tais como o crescimento do dinheiro virtual, a concentração da propriedade e dos negócios na mão de poucos acionistas, as questões sobre o risco, as incertezas e a atual volatilidade que o mercado apresenta. Com base nesse novo formato que as empresas assumem, uma nova concepção de planejamento foi elaborada, envolvendo uma eleva- da concentração dos negócios no mundo virtual e enorme quantidade de dinheiro em circulação no mundo globalizado. Essa nova forma de compreender a realidade das organizações é denominada governança corporativa, que, com seus preceitos, formas de planejamento, regras e toda gama de avaliações, possui o objetivo de maximizar os lucros para os acionistas das grandes corporações. Assim, é uma expressão da ne- cessidade das empresas, das pessoas e do próprio governo. A compreensão do modus operandi das companhias é primor- dial para o crescimento do mundo virtual. Sendo assim, conside- rando o entendimento do funcionamento de uma empresa e da nova realidade que o mundo moderno proporciona, vejamos algu- mas observações a respeito do conceito de governança corporativa e sua evolução ao longo do tempo. A governança corporativa se desenvolve para aprimorar a gestão das empresas emergentes, apresentando um novo modelo de plane- jamento e demonstrando maior flexibilidade perante os movimentos produtivos nos ambientes real e virtual. Com seus fundamentos, ela procura colaborar na otimização dos retornos dos gestores, dos cola- boradores e dos consumidores. Além disso, prioriza o desenvolvimento de condutas que possam minimizar as incertezas de um mercado re- pleto de empreendimentos digitais e, ainda, desenvolve novas formas de financiamento para empresas emergentes. Tornar viável um empreendimento, principalmente em relação aos retornos financeiros auferidos ao longo do tempo, é o principal pres- suposto da governança corporativa. Assim, o foco é proporcionar às empresas maior rentabilidade por meio do delineamento de sinergias positivas entre as pessoas envolvidas na organização e, ao mesmo tem- po, otimizar a capacidade de planejamento financeiro da companhia, tendo como opção, mediante agências de financiamento 2 , um maior aporte de recursos. Qual é a função da governança corporativa? Atividade 1 Modus operandi refere-se ao modo de agir, de operar, seguin- do certos códigos e normas de conduta. Glossário Dentre as agências de financia- mento está o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). 2 12 Governança corporativa A governança corporativa é representada por um conjunto de pro- cessos relacionados à gestão de pessoas, às tecnologias e aos recursos que colaboram para a otimização dos resultados nos empreendimen- tos e nos negócios. Ela é efetivada por meio de avaliações periódicas e do delineamento de estratégias, as quais possibilitam ampliar o relacio- namento com: os investidores, o corpo diretivo da empresa, o conselho administrativo, as instituições que regulam e verificam se a companhia atua de acordo com as normas e com outras entidades envolvidas (AN- DRADE; ROSSETTI, 2009). Os empreendimentos de menor poder econômico também são be- neficiados com essa governança. Uma vez que seus princípios podem ser aplicados a esses empreendimentos devido ao novo cenário, que conta com inúmeras empresas no mercado virtual. A governança cor- porativa pode ser entendida como um novo modelo de gestão, que se desenvolve de acordo com as diferentes características de cada mer- cado, priorizando aspectos na produção e aperfeiçoando mecanismos que tornem a rentabilidade palpável pelas companhias. Para que a governança corporativa seja aplicada com um resultado satisfatório, é necessário que as empresas disponibilizem sua proprie- dade aos acionistas. O crescimento dos negócios virtuais favorece esse movimento. Dessa forma, as empresas, tanto reais quanto virtuais, po- dem abrir seu capital, ou seja, compartilhar o seu “valor” no mercado, por meio da comercialização de papéis na bolsa de valores. Por isso, são classificadas como companhias de capital aberto. A aplicação dessa governança nas grandes companhias de capital aberto representa um novo “formato” de planejamento para as empre- sas, principalmente para aquelasque pretendem entrar no mercado de capitais. Portanto, o processo de evolução da governança corporativa tem relação direta com uma maior concentração de empresas no cenário virtual. No entanto, apesar desse elevado número de empresas, há um menor valor de grandes corporações no controle das operações rela- cionadas à oferta, à distribuição e à produção de produtos e serviços no mundo. O controle financeiro das operações é realizado pelo sis- tema financeiro, representado pelos grandes bancos e empresas do segmento que sejam pertencentes ao mercado de capitais. Nessa nova fase do capitalismo contemporâneo, a circulação do di- nheiro é realizada com maior velocidade e maior rentabilidade para as O mercado de capitais é um ambiente onde há a negociação de ações das empresas no mercado acionário. Para mais informações sobre o mercado de capitais, visite o site: https://www.tororadar.com.br/ blog/mercado-de-capitais-o- -que-e-e-como-ele-funciona Acesso em: 02 mar. 2020. Saiba mais A Governança corporativa no mundo contemporâneo 13 operações de compra e venda de produtos e serviços. Para os bancos e para as corretoras de valores 3 é mais prático e viável a criação de um ambiente virtual, proporcionado pela prática do e-commerce. Isso ocor- re graças à agilidade na captação financeira dos retornos realizados pelas empresas para ofertar uma maior quantidade de empréstimos e para dinamizar o mercado na internet. Desse modo, os bancos dominam as finanças globais por meio do oli- gopólio bancário. Um oligopólio é representado pela existência de poucas empresas que controlam o mercado, os preços e a quantidade de produ- tos. Para ilustrar esse fenômeno, vamos analisar o ranking dos maiores bancos no mundo. Observe a Tabela 2, que apresenta os dez maiores bancos e seus respectivos valores, expressos em bilhões de dólares: Tabela 2 Capital dos 10 maiores bancos no mundo (em bilhões de dólares) ICBC (China) 338 Banco de Construção da China 287 Banco de Agricultura da China 243 Bank da China 230 JP Morgan Chase, E.U.A 209 Banco da América, E.U.A 189 Wells Fargo, E.U.A 168 Citigroup, E.U.A 158 HSBC Holdings, Reino Unido 147 Mitsubishi, UFJ, Japão 146 Fonte: Adaptada de Lucro..., 2019. A presença do oligopólio bancário é um fenômeno que colabora para esse domínio financeiro, até mesmo no que diz respeito ao comporta- mento das empresas no mercado, tanto as reais quanto as virtuais. Ba- sicamente, o oligopólio bancário é uma configuração de mercado com poucas empresas, as quais controlam a produção e a distribuição de produtos e serviços, tendo maior poderio sobre os preços praticados. A principal consequência desse arranjo é o aumento dos preços dos produtos oferecidos ao mercado e a utilização de tecnologias exclusi- As corretoras intermedeiam títulos no mercado de ações, com a compra e venda desses produtos. 3 No livro A Hidra Mundial: o Oligopólio Bancário, François Morin, professor emérito da Universidade de Toulouse e conselheiro do Banco Central Francês, comenta sobre o poder dos bancos e as decisões governamentais. De acordo com o autor, os bancos possuem o poder decisório nas políticas implementadas pelos governos no mundo, principalmente em relação às estratégias adotadas pelos estados, como aquelas relacionadas aos gastos gover- namentais. O objetivo primordial do sistema bancário é otimizar os lucros nos endividamentos das famílias e priorizar retornos financeiros mínimos para aque- les que aplicam seu dinheiro. Saiba mais 14 Governança corporativa vas, produzidas pelas empresas nos países de origem. O mercado oli- gopolístico prioriza a utilização de uma baixa quantidade de mão de obra e uma maior utilização de artefatos tecnológicos. Podemos afir- mar, portanto, que é uma estrutura que não possui uma característica concorrencial, pois não existem muitas empresas ofertantes. Para que a governança corporativa possa se desenvolver e aprimorar os seus conceitos, é preciso que o mercado esteja pautado nessa nova configuração, constituída de oligopólios e de um número elevado de empresas no mundo virtual, com amplas possibilidades de captação de acionistas no mercado financeiro. Para ser implementada, a governança corporativa necessita desse ambiente, onde há diversas negociações em andamento e um acentuado volume financeiro para a sua valorização. Quando a governança corporativa é devidamente aplicada, os oligopó- lios legitimam esse cenário e, com a ampliação dos investimentos no contexto produtivo e especulativo, fortalecem as instituições financeiras. 1.2 O objetivo da governança corporativa Vídeo A governança corporativa colabora para um planejamento mais efetivo de uma companhia, visto que proporciona maior transparência nas transações e, acima de tudo, aumenta a credibilidade da empresa perante o mercado. Vamos entender como isso funciona? Primeiramente, é necessário compreender que uma companhia, de capital aberto ou não, sempre teve um relacionamento comercial com o Governo no decorrer da história, tanto em relação ao pagamento de tribu- tos fiscais quanto em relação às regras de operacionalização no mercado. Na atual fase do capitalismo contemporâneo, o Governo assume um papel de regulador do mercado, mas sem participar intensamen- te no controle das operações comerciais entre as empresas no âmbi- to real e virtual. Devido à enorme pulverização 4 das companhias, ao poderio bancário e à maior liberdade das companhias estrangeiras na aquisição de serviços públicos e, sobretudo, no comprometimento fi- nanceiro para o pagamento dos juros da dívida pública, o Estado perde sua legitimidade, ocasionando uma nova configuração para a realidade dos negócios por meio do livre mercado. A liberalização das transações comerciais é uma tendência para a economia brasileira. Além disso, parte dos recursos financeiros do Estado é destinado ao pagamento de juros da dívida pública, com o O termo pulverização refere-se à quantidade de empresas com propriedade ou capital diluídos em ações representativas no mercado de capitais. 4 A Governança corporativa no mundo contemporâneo 15 menor comprometimento para a realização de políticas públicas. Com o pagamento desses juros, o Governo compromete o orçamento da seguridade social 5 , porque o destina à remuneração de investidores, que compraram seus títulos do tesouro, mediante um mecanismo de- nominado Desvinculação de Receitas da União (DRU). O pagamento dos juros da dívida pública é feito a partir do desconto de 20% das verbas que devem ser destinadas à seguridade social. Essa apropriação foi, inicialmente, conduzida em 1995, no momento do sur- gimento do Fundo Social de Emergência (FSE), que posteriormente foi substituído pelo Fundo de Estabilização Fiscal (FEF). No ano de 2000, o FEF foi intitulado de Desvinculação de Receitas da União (DRU). Os dados da ANFIP (2012) mostram que os valores destinados ao pagamento de juros aumentaram de R$32.496 milhões, em 2005, para R$45.860 milhões, em 2010, em valores correntes. Se esses recursos fossem aplicados na seguridade social, certamente as políticas públicas teriam maior efetividade (PESCUMA JR, 2013). Os montantes financeiros do fundo público devem proporcionar aumentos na renda e no emprego da sociedade, com efeitos multiplicadores. Dessa forma, haverá a concretização dos benefícios para a saúde, educação e assistência social destinados à população como um todo (PESCUMA JR, 2013). Diante desse cenário, o Estado perde sua legitimidade. O fortaleci- mento do mercado é preponderante nesse novo contexto, com a go- vernança corporativa demonstrando sua capacidade de predomínio perante todas as situações que se relacionam com as transações co- merciais e financeiras no mundo globalizado. À vista disso, o livre mercado é uma condição para o fortalecimen- to da governança. Com maior liberdade para realizar as operações, o mercado – representado pelas empresas de capital aberto e por aque-las que iniciam suas atividades no mercado virtual – intensifica o seu poderio, uma vez que dispõe de um ambiente favorável para as ações especulativas no mercado de ações. A elevada dispersão das empresas na internet proporciona uma di- ficuldade imensa para as instituições governamentais por causa dos aspectos regulatórios. É praticamente impossível controlar as opera- ções em um mundo globalizado e sem fronteiras. Dessa maneira, os A seguridade social é responsá- vel pelo orçamento destinado para a educação, saúde e assis- tência social no Brasil. 5 16 Governança corporativa instrumentos de regulação do Estado, como a política fiscal e a mone- tária, perdem sua efetividade. A política fiscal, representada pelos gastos governamentais e pela distribuição dos impostos, perdeu o seu predomínio no mundo con- temporâneo. Os estados modernos desempenham um “comporta- mento restritivo” em face desse novo horizonte no futuro. A política monetária, representada pelo aumento ou diminuição das taxas de ju- ros, perdeu sua efetividade. Os bancos são quem determinam o valor dessas taxas, com cobranças para os seus serviços e endividamento de famílias e pequenos empreendedores. A pauta principal em todos os governos está centralizada na refor- ma da previdência, diminuição da participação do Estado na economia, cortes de verbas, dentre outras medidas de caráter restritivo. Para complementar, é interessante observar o debate de um case bastante representativo sobre a França, pois, em tempos recentes, seus repre- sentantes pretendiam realizar uma reforma do sistema previdenciário, com diminuição do direito das pessoas à aposentadoria. Essa discus- são causou uma repercussão negativa na população e uma forte rea- ção dos sindicatos franceses. É primordial que as reformas sejam realizadas, desde que haja ade- quação dos recursos públicos para as áreas sociais. Dessa forma, o Es- tado seria mais flexível com suas políticas. Assim, considerando a perda da legitimidade dos estados nacionais em conduzir as diretrizes relacionadas à regulação do mercado, a go- vernança corporativa assume papel fundamental para organizar as ins- tituições, inclusive com repercussões na bolsa de valores. A governança também colabora para a proteção dos investidores, minimizando impac- tos negativos que possam surgir dos interesses financeiros dos gestores da empresa. Sendo assim, a governança corporativa evolui nesse proces- so marcado pela maior participação do mercado na economia em detri- mento do Estado, com a diminuição das políticas sociais. Para elucidar sua função, vejamos os principais objetivos da gover- nança corporativa: • Tornar as informações sobre as empresas e o mercado transpa- rentes para todos os colaboradores e acionistas. No vídeo Manifestantes voltam às ruas contra reforma da Previdência na França, publicado pelo canal Afpbr, você poderá encontrar mais detalhes sobre o movimento sindical na França. Disponível em: https://www. youtube.com/watch?v=_ j84D64hOG4. Acesso em: 12 fev. 2020. Vídeo A Governança corporativa no mundo contemporâneo 17 • Efetivar os processos produtivos reais e virtuais, isto é, propor- cionar o maior lucro por unidade de serviço ou menor custo por produto. • Desenvolver políticas para expansão da empresa, via conselhos diretivos, proporcionando um ambiente próspero para o aprimo- ramento de novos negócios. • Prezar pela ética em todas as negociações, principalmente no tra- tamento dado aos fornecedores e clientes. • Garantir que as empresas mantenham uma postura, diante do mercado competitivo, com o menor número de externalidades negativas. Por exemplo, menores impactos ao meio ambiente; em outras palavras, as companhias devem ser sustentáveis, isto é, devem adotar medidas que não afetem o meio ambiente. Tendo esses objetivos em sua configuração, a governança corpo- rativa deve ainda priorizar os aspectos de maior rentabilidade e lucro. 1.3 A configuração das empresas no mundo contemporâneoVídeo Para tornar o mercado virtual mais rápido, o dinheiro precisa circu- lar com maior velocidade. Desse modo, a criação do mercado virtual, com o e-commerce, configura-se como uma nova estratégia para o seg- mento bancário, com maiores possibilidades de expansão. Sabendo que a governança prioriza o planejamento das empresas nesse novo ambiente, marcado pelo mundo virtual e pela comercia- lização de ações no mercado de capitais, é indispensável compreen- der como o mercado mundial está configurado. O Quadro 1 mostra as empresas, sua configuração no mercado e o grau de concentração expresso pelo poderio financeiro, pela participação no mercado e pelo controle sobre as operações financeiras globais. 18 Governança corporativa Empresas Grau de concentração Configuração no mercado Instituições bancárias Alto Oligopólio Grandes corporações (empresas transnacionais 6 ) Alto Oligopólio Empresas virtuais Baixo Concorrência 7 Empresas reais e virtuais de grande porte Alto Oligopólio Empresas reais e virtuais de pequeno porte Baixo Concorrência Pequenos empreendedores, pessoas jurídicas (MEI) Baixo Concorrência Quadro 1 Configuração das empresas no mundo Fonte: Elaborado pelo autor. Conforme mencionado, as instituições bancárias possuem elevada concentração nas suas atividades, com a oferta de produtos e serviços para as grandes corporações (transnacionais) e para todas as empre- sas (de pequeno ou grande porte), sendo elas virtuais ou não. A lingua- gem bancária se intensifica, se transforma e se fortalece com o apoio da governança corporativa, que conta com seus preceitos de controle, transparência e ética nas operações reais e virtuais. Cabe salientar que o movimento de transformação das empresas reais em virtuais favorece um ambiente propício para o surgimento de empresas que pretendem abrir seu capital ao mercado financeiro. Além disso, as grandes corporações abastecem o mercado com seus produtos e com o controle sobre os preços, estabelecendo um ambien- te de maior segurança para os investidores, uma vez que os lucros as- sumem proporções de elevado vulto. Há uma preocupação constante a respeito dos efeitos que podem ser ocasionados por um planejamento empresarial de pouca efetivi- dade. Esses efeitos, muitas vezes indesejáveis, podem ser minimzados pela governança corporativa com a aplicação de normas e condutas que priorizem a ética na gestão das companhias. A Nestlé, uma grande corporação internacional, possui um faturamen- to de 90 bilhões de dólares, sendo bastante representativa no segmento São empresas internacionais com várias operações no mundo e elevada participação no mercado de ações. 6 Concorrência é quando há grande número de empresas, diversificação das atividades e tendência para diminuição dos preços. 7 vulto: proporções de maior valor. Glossário A Governança corporativa no mundo contemporâneo 19 da alimentação. Por outro lado, devido a escassez de água, muitos ma- nifestantes realizaram protestos no dia do Fórum Mundial da Água, ale- gando que a empresa se apropriou do Aquífero Guarani – maior reserva subterrânea de água no mundo, presente no Brasil, na Argentina, no Pa- raguai e no Uruguai. Apesar de a notícia não ter sido verdadeira, essa fake news poderia ter atrapalhado o planejamento da companhia e a sua ren- tabilidade. Caso a Nestlé não tivesse uma governança corporativa bem im- plementada, certamente teria sido afetada por esse acontecimento, com perdas financeiras e diminuição de sua credibilidade no mercado. Visto que a governança corporativa prioriza o alinhamento das ações e práticas da companhia, a fim de torná-la sólida quando há os riscos, as falsas notícias não ocasionaram a diminuição da credibili- dade da Nestlé. Desse modo, a empresa manteve sua viabilidade na comercialização de seus produtos e na valorização de suas ações no mercado acionário. Além disso, a companhia investe em produtos sau- dáveis, com o objetivo de otimizar as necessidadesdos seus clientes – nos Estados Unidos da América (EUA) esse segmento da companhia movimenta 50 bilhões de dólares anualmente (CAETANO, 2018). Vale ressaltar que a governança corporativa, no seu processo evolu- tivo, apresenta uma maior intensidade em relação a seus fundamentos nas empresas de grande porte, particularmente bancos e grandes cor- porações (transnacionais). Por outro lado, as empresas virtuais passam por um processo de pulverização de sua propriedade no mercado de capitais, com a venda do seu capital pela emissão de ações no mercado acionário. Para que a governança corporativa possa ampliar seu campo de atuação, além de atuar nas companhias de grande porte e interna- cionalizadas, o processo de transformação das empresas reais em vir- tuais precisa ser concretizado com sucesso, com o objetivo de ampliar as possibilidades de expansão para o mercado de ações. Esse processo já vem ocorrendo com intensidade com o surgimento das small caps – empresas menores e virtuais, que abriram seu capi- tal ao mercado acionário. Essa inovação financeira faz parte de toda a estratégia bancária de comercialização de produtos e serviços, e as empresas acabam se consolidando como um novo produto, represen- tado pelas suas ações comercializadas no mercado do meio virtual e de capitais. As inovações fazem parte de todo o processo de valoriza- ção do capital bancário em sua expansão ao longo do tempo e, assim, a governança colabora para intensificar esse processo, se adaptando, evoluindo e se fortificando como um instrumento de gestão. Para mais informações sobre as small caps, visite o site disponível em: https://exame.abril.com. br/mercados/entenda-o-que- -sao-small-caps/. Acesso em: 02 mar. 2020. Saiba mais 20 Governança corporativa Sobre a circulação do capital ou do dinheiro e os incentivos para acelerar tal processo, principalmente por intermédio das “inovações”, Harvey (2010, p. 42, grifo nosso) afirma que: a continuidade do fluxo na circulação do capital é muito impor- tante. O processo não pode ser interrompido sem incorrer em perdas. Há também fortes incentivos para acelerar a velocidade da circulação. Aqueles que podem se mover mais rapidamente pelas diversas fases da circulação do capital acumulam lucros superiores aos de seus concorrentes. A aceleração quase sem- pre leva a maiores lucros. As inovações que ajudam a acelerar as coisas são muito procuradas. A existência de muitas empresas virtuais é um reflexo do poderio do segmento bancário, com todas as suas formas e alternativas de opera- ção. Nesse novo contexto, a governança corporativa colabora para a in- tensificação dos retornos financeiros dos acionistas, pertencentes aos grandes grupos financeiros, tendo como objetivo central aumentar a rentabilidade de suas carteiras. As pequenas empresas, agora represen- tadas pelas small caps, iniciam seu processo de governança priorizando seguir o modelo de gestão adotado pelos grandes grupos internacionais. Vamos entender um pouco mais a respeito desse novo cenário? Por causa da existência de muitas empresas no mercado, tanto real como virtual, aquelas de menor porte decidem abrir seu capital ao mercado de ações, sendo comercializadas e denominadas small caps, que são ações de companhias com um valor de mercado menor em relação às empresas de maior porte. Apesar dessas ações serem de terceira linha, a governança corporativa colabora para garantir uma maior credibili- dade das ações no mercado acionário. Além disso, as small caps são extremamente dependentes dos grandes grupos internacionalizados e dos bancos para suas operações, logo a governança corporativa cola- bora para a intensificação desse movimento, pautado na pulverização ou dispersão de papéis no mercado de capitais. De modo geral, as small caps possuem baixa liquidez na bolsa de valores, com fortes oscilações nos seus preços e elevado poder de va- lorização ou desvalorização, isto é, são extremamente voláteis. Essa volatilidade demonstra um elevado grau de incerteza, que pode ser minimizado com os preceitos de governança corporativa, visto que ela garante maior credibilidade nas operações de comercialização dessas ações. Para o segmento bancário, as small caps se tornaram produtos No momento atual, a gover- nança corporativa praticada pelas companhias é um critério de medida de qualidade. Para mais informações, visite o site: https://www.sunoresearch.com. br/artigos/governanca-corpora- tiva/. Acesso em: 02 mar. 2020. Saiba mais A Governança corporativa no mundo contemporâneo 21 comercializáveis, sendo mais um item em suas “prateleiras”. Assim, as empresas, virtuais, de pequeno ou grande porte, se tornaram uma extensão do segmento bancário. É claro que a emissão de ações, re- presentadas pelas small caps, possibilita angariar uma nova fonte de recursos financeiros por meio da compra dessas ações pelos investi- dores. Assim, as empresas se capitalizam, aumentam o dinheiro dispo- nível para as suas transações comerciais e para novos investimentos, tanto no ambiente real como no virtual. Como as empresas, nessa fase do capitalismo contemporâneo, procuram minimizar as incerte- zas do mercado? Atividade 2 1.4 A transferência da propriedade nas empresas de capital aberto Vídeo Tendo o conhecimento do funcionamento de uma empresa e do seu ciclo produtivo, é possível compreender como o dinheiro é adquiri- do em suas operações. Uma organização empresarial possui algumas estratégias para obtenção de capital ou dinheiro. Vamos entender a respeito de cada uma delas. As operações realizadas por uma empresa são feitas, na maioria das vezes, com um volume de passivo contraído, com o aumento do seu volume ou, ainda, com a diminuição dele, dependendo do movimento do capital da empresa ao longo do tempo. O grau de endividamento não pode ultrapassar a receita da companhia, pois, dessa forma, o lu- cro seria comprometido. Sendo assim, geralmente, os bancos operam com a oferta de empréstimos para sanar as dívidas contraídas pelas empresas. É uma prática comum cobrarem juros abusivos, que resul- tam no aumento do endividamento das empresas, proporcionando um desequilíbrio estrutural expresso pela crise financeira da companhia. Por outro lado, quando a empresa pretende ampliar as suas ins- talações ou diversificar as atividades, os financiamentos representam uma estratégia interessante, com projetos de expansão produtivos. É importante, sob a perspectiva do gestor da companhia, que os juros cobrados pela obtenção do financiamento sejam inferiores àqueles praticados no mercado, principalmente se forem subsidiados, abrindo a possibilidade de, ao longo do tempo, serem sanados pelas receitas da empresa. A taxa de juros pode ser definida como a remuneração que deve ser paga ou recebida por alguma instituição que obteve uma quantia de dinheiro ou que aplicou uma certa quantidade no mercado 22 Governança corporativa de capitais. Dito de outra forma, os juros podem ter um impacto posi- tivo ou negativo para uma companhia, dependendo da estratégia ado- tada para a captação do dinheiro. Se os empréstimos puderem sanar as dívidas, com ampliação das atividades da empresa, consequente- mente, a dívida será diminuída. Caso os financiamentos proporcionem a expansão de novos projetos, com aumento da rentabilidade, as re- ceitas resultantes das operações poderão amortizar o financiamento contraído e proporcionar lucros. Para minimizar essa incerteza sobre a capacidade de ampliação fi- nanceira das empresas, muitas recorrem a algumas alternativas ofere- cidas pelo mercado financeiro. Já que uma empresa sempre terá como objetivo obter lucro nas suas operações, com o mínimo de custos as- sociados a produção de bens e serviços. Assim, a busca de alternativas no mercado de ações é uma opção atrativa, principalmente pelo cresci- mento das empresas virtuais. Quando uma empresa disponibiliza seu capital para outros inves- tidores, por meio da venda das suas ações ao mercado,o aumento do dinheiro disponível é uma consequência direta dessa estratégia. No entanto, para que os investidores possam ter segurança nas ope- rações de compra das ações da empresa, as atividades da companhia têm de ser feitas com total transparência, sem desvios e com ética. Ou seja, é imprescindível que a empresa tenha essa condição em seu ambiente produtivo. A governança corporativa colabora para a con- cretização desse objetivo. A implementação de um planejamento de acordo com a governança corporativa possibilita que uma empresa possua: • Relatórios contábeis bem estruturados, com os valores gastos, as entradas de dinheiro e todo o fluxo das operações perfeitamente detalhados por equipes de auditoria. • Informações transparentes para gestores da companhia e difun- didas aos colaboradores da empresa. • Projetos de expansão bem delineados, com perspectivas para o aumento de empregos e de salários. • Políticas de qualidade, em especial aquelas relacionadas aos pro- dutos e serviços oferecidos ao mercado. Com base no delineamento desses resultados e com relatórios bem construídos e difundidos a todos os agentes que participam da compa- auditoria: processo de averiguação dos dados contábeis da empresa. Glossário A Governança corporativa no mundo contemporâneo 23 nhia, na produção de distribuição dos produtos e serviços, é possível que a companhia possa transferir sua propriedade ou abrir seu capital ao mercado de ações. O instrumento para a efetivação desse objetivo chama-se oferta pública inicial de ações, do inglês Initial Public Offering (IPO), representando um momento significativo para a empresa, com a abertura do seu capital ao mercado. Com o IPO, é possível obter recursos financeiros, uma vez que o processo de alavancagem financeira é con- cretizado. Por outro lado, as operações no mercado financeiro possuem um risco considerável, podendo ocorrer os seguintes efeitos indesejados: • Os investidores preferem não comprar as ações oferecidas pela empresa no IPO. • O custo para a abertura do capital da empresa é superior à entra- da de dinheiro por meio do IPO. • A empresa não consegue remunerar os investidores, devido à fal- ta de capacidade financeira. Portanto, é fundamental que a transparência das operações da empre- sa no mercado seja pautada no fornecimento de relatórios, com descri- ção da movimentação financeira da empresa ao longo do tempo. Assim, o objetivo de minimizar efeitos indesejados pode ser efetivado. A gover- nança corporativa pode colaborar nesse processo, fornecendo subsídios teóricos e práticos e proporcionando um ambiente próspero e eficaz tanto para a companhia como para os colaboradores, clientes e investidores. alavancagem financeira: processo de captação de dinheiro e de sua circulação para a produção de bens e serviços pela empresa. Glossário No vídeo O que é IPO? Tudo sobre IPO, publicado pelo canal Universidade Financeira, você poderá encontrar mais detalhes sobre essa forma de captação de dinheiro. A estratégia fundamen- tal consiste em disponibilizar o capital da empresa para os investidores. Desse modo, a empresa pode se capitalizar, isto é, obter recursos financeiros para suas transações produtivas e especulativas. Disponível em: https://www. youtube.com/watch?v=W- T10iWosbSI. Acesso em: 12 fev. 2020. Vídeo Como podemos definir um IPO? Atividade 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS A governança corporativa é um instrumento utilizado por grandes grupos financeiros e produtivos, representados por grupos internacionalizados. No en- tanto, por conta do crescimento das empresas virtuais, a governança corpora- tiva assume um novo formato, passando a dar apoio às empresas emergentes. Além disso, a governança contribui para a ampliação das atividades das com- panhias, com desenvolvimento de estratégias que possam minimizar impactos negativos para as empresas que atuam em qualquer tipo de mercado. É de ex- trema importância a compreensão da relação da governança corporativa com os investidores das companhias, principalmente a respeito do volume destina- do para novos investimentos, os quais são proporcionados pela abertura das empresas, no mercado acionário, por meio do IPO. 24 Governança corporativa REFERÊNCIAS ANDRADE, A.; ROSSETTI, J. P. Governança Corporativa: fundamentos, desenvolvimento e tendências. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2009. ANFIP. Análise da seguridade social em 2011. Brasília: Associação Nacional dos Fiscais da Previdência, 2012. Disponível em: http://fundacaoanfip.org.br/site/wp-content/ uploads/2012/06/Analise-Seguridade-2011l.pdf. Acesso em: 26 fev. 2020. CAETANO, Rodrigo. A Nestlé muda o cardápio. Istoé Dinheiro, 6 abr. 2018. Disponível em: https://www.istoedinheiro.com.br/a-nestle-muda-o-cardapio/. Acesso em: 15 fev. 2020. ESPECIAL varejo: o crescimento do e-Commerce no mundo. Transformação Digital, 12 mar. 2018. Disponível em: https://transformacaodigital. com/?s=CRESCIMENTO+ECOMMERCE&t=post. Acesso em: 11 fev. 2020. HARVEY, D. O enigma do capital e as crises do capitalismo. São Paulo: Boitempo Editorial, 2010. LUCRO dos maiores bancos do mundo cresceu 10 vezes na última década. Época Negócios, 19 set. 2019. Disponível em: https://epocanegocios.globo.com/Mercado/noticia/2019/09/ lucro-dos-maiores-bancos-do-mundo-cresceu-10-vezes-na-ultima-decada.html. Acesso em: 26 fev. 2020. PESCUMA JR., A. O financiamento da média e alta complexidade do SUS: uma análise dos recursos financeiros da terapia renal substitutiva. São Paulo, 2013. 107f. Dissertação (Mestrado em Economia) – Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. PESQUISA mostra que e-commerce cresceu quase 40% no Brasil em um ano. Terra, 15 jul. 2019. Disponível em: https://www.terra.com.br/noticias/dino/pesquisa-mostra-que-e- commerce-cresceu-quase-40-no-brasil-em-um-ano,86620018836048185f689ea3bb91d2c 7d7q6snyz.html. Acesso em: 11 fev. 2020. GABARITO 1. A governança corporativa é permeada por um aglomerado de processos que se rela- ciona com a gestão de pessoas, as tecnologias e os recursos financeiros aplicados na instituição. Além disso, prioriza a ampliação dos retornos para os investidores, o corpo diretivo e o conselho administrativo, inclusive com o aumento da credibilidade da or- ganização empresarial perante o mercado. Por fim, desenvolve e aplica normas para o aumento da rentabilidade da empresa ao longo do tempo. Os principais instrumentos para esse objetivo são: os relatórios contábeis e financeiros, as normas de conduta e os padrões éticos para o funcionamento da empresa. 2. Por meio de estratégias de e-commerce no meio virtual, as quais possibilitam ampliar os negócios e aumentar os lucros. A internet proporciona uma redução dos custos operacionais, uma vez que amplia a rentabilidade na venda dos produtos e serviços comercializados. Além disso, propicia a abertura do capital das empresas no mercado acionário ou na bolsa de valores. 3. Um IPO é definido como uma estratégia que a empresa adota para captar recursos fi- nanceiros no mercado de ações. É representado pela venda do capital da empresa ao mercado acionário, por meio de ações que serão comercializadas pelos investidores. Com a venda das ações, a empresa consegue obter dinheiro para as suas atividades no mercado. A estrutura da governança corporativa 25 2 A estrutura da governança corporativa Para que a governança corporativa possa ser implementada com efetividade, é primordial a presença de atores que legitimem um ambiente organizacional conforme os princípios difundidos na organização para o mercado. Operacionalmente, a governança necessita de pessoas que estejam engajadas com o objetivo de tornar as informações financeiras transparentes e que agreguem valor à companhia. Nesse sentido, a configuração de conselhos para o planeja- mento, a administração e a auditoria são fundamentais para que não ocorra nenhum conflito de interesse entre as partes,ou seja, entre colaboradores e acionistas, em todos os níveis de negocia- ção na companhia. Além do alinhamento das pessoas ou atores na governança com a organização, é de extrema importância o forta- lecimento de pilares que legitimem o processo de controle, parti- cularmente em relação ao que reflete nos acionistas e em todas as partes interessadas na longevidade da empresa. A organização deve demonstrar que possui uma estrutura sólida e que trabalha para não desenvolver riscos que possam comprometer a evolução dos negócios e a sua credibilidade perante o mercado em que atua. Neste capítulo, portanto, abordaremos os elementos es- truturais da governança corporativa, com especial atenção aos seus principais atores e à forma como esses atuam no proces- so de gestão. Em seguida, traremos considerações a respeito dos pilares da governança, com a descrição de seus elementos explicativos, os quais são fundamentais para um planejamento adequado a longo prazo. Por fim, discorreremos sobre o papel da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), principalmente no que diz respeito à importância da re- gulamentação realizada por essa instituição, cujo objetivo é mini- mizar os riscos próprios do mercado. 26 Governança corporativa 2.1 Elementos constitutivos da governança corporativa Vídeo A governança corporativa está presente no ambiente corporativo com atores representativos e todo um conjunto de funções, tanto aque- las relacionadas ao ambiente de planejamento como outras pertencen- tes ao âmbito administrativo. A governança é implementada com base em um conjunto de relações entre seus atores representativos, colabo- radores, corpo diretivo e acionistas, por meio de um dimensionamento de poder e decisão, e seu principal objetivo é assegurar a rentabilida- de dos acionistas da organização no mercado acionário. O ambiente organizacional, pautado na governança corporativa, proporciona bons retornos para todo o mercado à medida que os atores representativos executam e implementam suas funções com total plenitude. A rentabilidade da companhia está estritamente relacionada ao conjunto de medidas adotadas por todos os integrantes que participam do processo de governança. Portanto, quanto maior a transparência nas atitudes dos atores, maior será a possibilidade de obter ganhos financeiros, tanto no ambiente produtivo quanto no especulativo (ANDRADE et al., 2009). A estrutura do ambiente da governança é organizada nos seguintes blocos: da propriedade, do controle, da administração e da audito- ria e fiscalização. O processo de governança contempla o conjunto das decisões tomadas pelos atores representativos, com relações de poder de decisão e de medidas para a manutenção do planejamento da companhia. Para assegurar a legitimidade e credibilidade da governança cor- porativa, é fundamental que o ambiente seja configurado mediante as atribuições específicas a cada um dos atores envolvidos na condu- ção dos negócios. Particularmente, podemos pensar em níveis hie- rárquicos, com atribuições que possam interferir no delineamento de toda a cadeia produtiva da empresa e nos reflexos causados no mercado de capitais. Vejamos, então, as atribuições de alguns desses atores. No âmbito da propriedade, temos a Assembleia Geral, o órgão de maior impor- A estrutura da governança corporativa 27 tância em uma empresa de capital aberto, que tem uma responsabili- dade de maior vulto e que envolve os seguintes aspectos: • Verificar quais são os resultados emitidos pelos administradores da companhia. • Definir quais serão as estratégias relacionadas aos novos investi- mentos da organização. • Realizar uma análise sobre a parte estrutural da empresa, princi- palmente com considerações sobre o orçamento. • Definir qual é o melhor momento para emitir papéis no mercado e aumentar o capital disponibilizado pela empresa. • Analisar as possibilidades relacionadas a novas aquisições e fusões realizadas pela companhia 1 . • Aprimorar os estatutos da empresa 2 . • Verificar o desempenho dos administradores e definir novas contratações. • Eleger os membros do Conselho Fiscal, o qual realiza a averigua- ção dos crimes e fraudes financeiras. Ainda no âmbito da propriedade temos o Conselho Fiscal, que é responsável por definir importantes aspectos de conduta a serem adotados na companhia, principalmente aqueles relacionados ao fi- nanceiro. Para que o ambiente da empresa esteja pautado na ética e transparência, é fundamental que o Conselho Fiscal realize algumas funções, com critérios bem definidos, e que, sobretudo, esteja pauta- do em atitudes idôneas e corretas. A princípio, o Conselho Fiscal deve: • Verificar as condutas dos administradores, especialmente em relação aos fluxos financeiros que migram para outros seto- res e às empresas pertencentes ao mercado em que a com- panhia atua. A verificação de desvios de dinheiro é fundamental, especialmente para assegurar aos acionistas que a empresa caminha pautada no prin- cípio de honestidade e transparência. Sobre isso, Saadi e Machado (2017, p. 503), ressaltam que: a corrupção é crime com capacidade de movimentar grandes vo- lumes de riqueza. Esse fenômeno guarda um caráter quase em- presarial, no sentido de que tem por escopo principal o lucro. A Vale a pena verificar o Manual para participação dos acionistas, publicado pela Petrobras. Esse manual traz informações práticas a respeito do papel que a Assembleia Geral desempenha no andamento e na con- dução dos negócios da companhia. Note que as funções dos integrantes da Assembleia Geral es- tão detalhadas no índice do relatório. Disponível em: https://www. investidorpetrobras.com.br/ ptb/1334/680708.pdf Acesso em: 05 mar. 2020. Saiba mais Uma aquisição representa a compra de novas empresas pela companhia, com a consequente ampliação de sua atuação no mercado. Uma fusão corres- ponde à união de duas ou mais empresas, com a configuração de uma nova estratégia e de um novo capital (CAMARGOS; BARBOSA, 2005). 1 Conjunto de regulamentos e regras estabelecidas destinadas ao funcionamento de qualquer tipo de instituição, tanto pública como privada. 2 https://www.investidorpetrobras.com.br/ptb/1334/680708.pdf https://www.investidorpetrobras.com.br/ptb/1334/680708.pdf https://www.investidorpetrobras.com.br/ptb/1334/680708.pdf 28 Governança corporativa vocação própria da criminalidade econômica desafia, portan- to, a aposta que o sistema de justiça historicamente faz para enfrentar o crime: a privação de liberdade. Ora, se o crime é cometido para alcançar ativos de grande valor econômi- co, a resposta estatal será razoável à medida que considerar iniciativas dirigidas a recuperá-los de mãos criminosas em prol dos legítimos destinatários; frequentemente, a própria sociedade. O confisco de bens, direitos e valores é, portanto, medida consoante a estratégia de priorizar a recuperação de ativos auferidos mediante práticas corruptas. Dando continuidade às atribuições do Conselho Fiscal, ele deve: • Realizar uma análise crítica perante o relatório anual financeiro. • Emitir um parecer sobre as demonstrações financeiras geradas pela empresa. • Averiguar se os auditores independentes, contratados pela em- presa, estão realizando um bom trabalho, principalmente com relação à verificação dos resultados financeiros. Segundo Baioco e Almeida (2017, p. 246), a averiguação dos resul- tados contábeis e financeiros representa um passo essencial para a efetividade da governança corporativa nas instituições, “na perspectiva de esses órgãos funcionarem como mecanismo de governança corpo- rativa, sobretudo nas funções de supervisão e fiscalização do processo de elaboração das demonstrações financeiras”. Voltando-se para a atuação da governança corporativa, no que se refere ao ambiente organizacional, temos o Conselho da Ad- ministração, que é o responsável por definir as estratégias para o desenvolvimento das expectativasgeradas aos negócios. Essas expectativas são muito importantes, pois determinam um objetivo a se atingir. Nesse sentido, torna-se essencial promover um am- biente motivacional, que propicia novos empreendimentos a se- rem realizados pela companhia. Ainda com relação ao Conselho de Administração, é fundamental que as suas diretrizes estejam pautadas nos seguintes itens: • Zelar pelos interesses dos proprietários. • Definir qual a performance da diretoria. Como a propriedade deve estar configurada em uma empresa de capital aberto? Atividade 1 As demonstrações financeiras são muito importantes para verificar se a Governança Corpo- rativa é realizada com efetividade. Elas detalham o desempenho da em- presa, principalmente em relação à disponibilidade de dinheiro e à capacida- de para arcar com as dívi- das contraídas. Também é um relevante relatório para ser oferecido aos investidores, a fim de assegurar maior grau de segurança à companhia e ao futuro dos negócios. Saiba mais No vídeo As Teorias Eco- nômicas de Keynes, publi- cado pelo canal de André Azevedo, observa-se que o desenvolvimento de sinergias ou expectativas positivas nos negócios foi muito bem delineado pelo economista John Maynard Keynes, com o estudo do espírito empreendedor ou animal spirits, que desempenha um papel fundamental no desenvol- vimento de novas ideias e empreendimentos. Para saber mais, assista ao vídeo realizado pelo Professor Luiz Belluzo, da Unicamp. Disponível em: https:// www.youtube.com/ watch?v=1pJduyhZgRU. Acesso em: 05 mar. 2020. Vídeo https://www.youtube.com/watch?v=1pJduyhZgRU https://www.youtube.com/watch?v=1pJduyhZgRU https://www.youtube.com/watch?v=1pJduyhZgRU A estrutura da governança corporativa 29 • Constatar a concretização das estratégias implementadas e sua viabilidade, em termos de retornos financeiros. • Formalizar a condução de comitês representativos que possam trazer, para a mesa de negociação, aspectos relevantes para o momento econômico da companhia. • Pesquisar e contratar as equipes de auditores independentes. Dando sequência, outro ator de relevância, que permeia as relações de poder em uma companhia de capital aberto, é o Comitê de Audi- toria. Esse comitê é representado por profissionais responsáveis pela verificação de todo o aparato operacional da empresa, com o objetivo de diminuir os riscos relacionados aos negócios. Eles devem supervisio- nar os relatórios financeiros para que os acionistas possam ter todas as informações necessárias para a construção de uma meta que resulte no acúmulo de dinheiro. A averiguação dos relatórios financeiros é papel do Comitê de Au- ditoria e da Auditoria Independente, principalmente para averiguar se a realidade da empresa condiz com o que está expresso nos rela- tórios publicados pela companhia. Os auditores independentes são responsáveis em auditar as demonstrações financeiras, fornecendo uma maior credibilidade ao mercado e aos acionistas. Qualquer tipo de relatório financeiro deve ser auditado para que se ateste sua veracida- de, comprovando, assim, que a companhia registra nos seus controles financeiros a realidade e, desse modo, mantém os princípio éticos. Ainda, com relação aos administradores, temos a Diretoria Executiva, que é subordinada ao Conselho de Administração. Esse conjunto de diretores deve fornecer os relatórios econômicos e financeiros com total competência técnica, sobretudo para não gerar divergências de informação após a auditoria realizada pelos auditores independentes, inclusive em relação à remuneração dos diretores (BEUREN; SILVA; MAZZIONI, 2014). Todos os procedimentos realizados pela companhia, como pro- cessos, rotinas e práticas, devem ser organizados por uma Auditoria Interna, responsável por atuar no controle de todos os elementos cons- titutivos da companhia, principalmente no que diz respeito ao cumpri- mento das normas estabelecidas para o funcionamento da empresa, como normas de vigilância sanitária, por exemplo. Qual o principal papel do Comitê de Auditoria e da Auditoria Independente? Atividade 2 30 Governança corporativa Por fim, é importante mencionar que existem outros atores no am- biente de uma organização com uma governança corporativa. Seriam os atores relacionados ao âmbito produtivo da companhia, como os credores, governos, fornecedores, consumidores e as comunidades. 2.2 Os oito pilares da governança corporativa: uma análise crítica Vídeo A governança corporativa deve priorizar oito pilares fundamentais para sua manutenção a longo prazo. Podemos afirmar que esses pila- res são aspectos aos quais a governança corporativa deve se atentar, a fim de minimizar os riscos e maximizar os retornos que serão obtidos pelos acionistas. No capitalismo, marcado pelo oligopólio e por empre- sas com ações comercializadas no mercado de capitais, é fundamental que as companhias tenham uma diretriz para a realização de uma boa governança, pautada em uma produção que ofereça margens de lucra- tividade e que proporcione um ambiente próspero para os negócios. Afinal de contas, os proprietários mudam com o decorrer do tempo, em especial pela comercialização das ações das empresas no mercado, resultando em uma elevada rotatividade da propriedade. A estrutura de propriedade das companhias é expressa por um elevado número de papéis comercializados na bolsa de valores, com divergências e conflitos; portanto, a propriedade dispersa no merca- do é uma condição necessária para a implementação da governança corporativa, sendo essa um pilar fundamental. No entanto, as decisões acerca das perspectivas da companhia não podem ter como único cri- tério a quantidade de dinheiro captado no mercado de capitais, devido à alta volatilidade (oscilação) e à possibilidade de perdas. Por mais que a governança seja aplicada em uma companhia, se a propriedade está dissipada em ações no mercado, a incerteza permeará suas estratégias e perspectivas em relação ao futuro. Dami et al. (2006, p. 1) relatam sobre a incerteza do papel que a governança desempenha nas companhias de capital aberto, principal- mente devido à imprevisibilidade. A literatura indica que, principalmente em países com alta concentração acionária, a estrutura de propriedade e contro- le é um importante mecanismo interno de controle da gover- nança corporativa, com efeitos na valorização e desempenho das empresas. No Brasil, a relação existente entre governança A estrutura da governança corporativa 31 corporativa-estrutura de propriedade-desempenho mostra-se ainda inconclusiva. Além do pilar propriedade, é fundamental observar que o segun- do pilar, os princípios, permeia qualquer iniciativa relacionada à prática da governança corporativa, com especial atenção aos seus as- pectos universais, que são: justiça, divulgação e prestação de contas e conformidade. A justiça está relacionada a todas as atitudes e diretrizes dos ges- tores da companhia, priorizando a concretização de práticas pautadas num senso de justiça, tanto em relação ao mercado quanto ao impacto nos consumidores e colaboradores, principalmente no que diz respeito às políticas de preços praticadas, que devem ser sem abusos e com total coerência. O outro aspecto universal da governança, que pertence aos seus princípios, é a divulgação e prestação das contas financeiras, a qual deve ser feita com total transparência, inclusive com as informa- ções auditadas e organizadas por auditorias independentes. Por fim, a conformidade tem profunda relação com as boas práticas e com o modo como a empresa atua no mercado, prestando contas e seguindo normas e condutas com base nas leis. Outro pilar de extrema importância são os propósitos da empre- sa, relacionados à maximização do retorno aos acionistas e às partes interessadas na companhia. O grande problema é a conciliação dos in- teresses em jogo, sobretudo pelas características fundamentais do ser humano: a ganância e o desejo de obter mais. Harvey(2011) menciona que o desejo pelo lucro, tanto no mercado especulativo quanto no pro- dutivo, permeia a história dos agentes econômicos ao longo do tempo, sendo um motivo de grande relevância. Ainda, outro pilar fundamental para que a governança seja imple- mentada com um resultado satisfatório está relacionado à definição clara das atribuições de cada um dos atores, os quais pertencem ao âmbito de planejamento e execução de uma companhia de capital aberto. Turnbull (1997) informa que os papéis dos atores, perten- centes à governança corporativa, baseiam-se em quatro modelos. O primeiro é relacionado aos stakeholders, que considera o conjunto de ambições de todos os interessados no funcionamento da com- panhia; dentre eles acionistas, empregados, fornecedores, colabo- radores, comunidade, clientes, meio ambiente e instituições que Eventos climáticos e de saúde pública podem causar danos que repercutem no retorno das ações das empre- sas no mercado de capitais. Um exemplo foi o efeito do Coronavírus na China, que causou impactos desastrosos para a economia mundial. Nesse sentido, os mer- cados financeiros estão desenvolvendo novas estruturas para lidar com efeitos causados seja por fatores climáticos seja de saúde pública, tendo como pilar a diminuição dos riscos. Veja o case da empresa Warburg Pingus, que desenvolveu um mo- delo de governança para amenizar os impactos ambientais ocasiona- dos pelas atividades da empresa e diminuir os riscos dos efeitos climá- ticos em suas operações produtivas. Disponível em: https://www. warburgpincus.com/pt-br/ governanca-ambiental-e-social/ Acesso em: 05 mar. 2020. Saiba mais O vídeo Crises do Capi- talismo (David Harvey), publicado pelo canal TheLeportal, traz uma explicação detalhada dos “ganhos financeiros” pe- los agentes pertencentes ao setor bancário e pelas grandes empresas no mundo globalizado. Disponível: https://www.youtu- be.com/watch?v=OJ6xlbfApAM Acesso em: 13 mar. 2020. Vídeo https://www.warburgpincus.com/pt-br/governanca-ambiental-e-social/ https://www.warburgpincus.com/pt-br/governanca-ambiental-e-social/ https://www.warburgpincus.com/pt-br/governanca-ambiental-e-social/ https://www.youtube.com/watch?v=OJ6xlbfApAM https://www.youtube.com/watch?v=OJ6xlbfApAM 32 Governança corporativa permeiam a empresa no seu funcionamento. O segundo modelo, pertencente ao pilar atribuições, é aquele que prioriza o retorno dado aos acionistas, denominado stewardship, presente nas empre- sas japonesas. O terceiro modelo tem como objetivo priorizar o fun- cionamento da empresa, tendo como base as leis estabelecidas pelo governo; esse modelo tem forte presença na França. Por último, o quarto modelo prioriza as finanças, tendo como objetivo alinhar a atribuição do gestor com contratos e regras para viabilizar os fluxos financeiros da empresa; essa configuração é muito presente nos Es- tados Unidos da América (EUA) e Inglaterra. Vale mencionar que o modelo japonês, apesar de dar atenção aos acionistas, não tem como prioridade o desenvolvimento de uma es- trutura financeira para esse objetivo, uma vez que, na verdade, priori- za maximizar o retorno produtivo e os reflexos ao mercado acionário. Os modelos de comportamento, tendo como fundamento o pilar atri- buições, determinam a governança corporativa no mundo. Enquanto esse pilar tem forte ligação com os papéis desempenhados pelos ato- res na governança, os modelos representativos demonstram o tipo de comportamento que é vinculado a cada um desses papéis, em dife- rentes circunstâncias e em diferentes países. Outro pilar para a concretização da governança corporativa está associado ao poder exercido pelor proprietários, conselheiros e ad- ministradores. Nesse âmbito, há elevada probabilidade de conflitos. Assim, é natural a existência de divergências em relação aos grupos pertencentes ao planejamento da companhia e aos outros atores e, por isso, é fundamental o estabelecimento de regras de conduta di- recionadas aos sócios da empresa. Essas regras devem ser pensadas para minimizar o abuso de poder entre as partes interessadas na con- dução dos negócios da empresa. A adequada distribuição do poder é essencial para que a transparência seja praticada na confecção dos relatórios financeiros, os quais serão fornecidos aos que possuem in- teresse nos negócios da organização. É importante que a governança corporativa esteja pautada em ações e práticas bem definidas, dando uma maior atenção ao papel do conselho de administração, da diretoria da companhia e das equi- pes de auditorias internas e externas. A governança corporativa não Os conflitos de agência representam um grave problema para as em- presas que têm como objetivo implementar uma boa prática de governan- ça corporativa. Os atores possuem interesses distintos: os conselhos priorizam estratégias que possam beneficiar proje- tos vinculados aos seus propósitos; os acionistas vislumbram maiores retornos; e os administra- dores tentam maximizar sua remuneração com resultados a curto prazo. Para saber mais sobre os conflitos de agência, visite o site do Portal Gestão. Disponível em: https://www. portal-gestao.com/artigos/6541-o- -que-%C3%A9-o-conflito-de-a- g%C3%AAncia.html Acesso em: 05 mar. 2020. Saiba mais https://www.portal-gestao.com/artigos/6541-o-que-%C3%A9-o-conflito-de-ag%C3%AAncia.html https://www.portal-gestao.com/artigos/6541-o-que-%C3%A9-o-conflito-de-ag%C3%AAncia.html https://www.portal-gestao.com/artigos/6541-o-que-%C3%A9-o-conflito-de-ag%C3%AAncia.html https://www.portal-gestao.com/artigos/6541-o-que-%C3%A9-o-conflito-de-ag%C3%AAncia.html A estrutura da governança corporativa 33 deve ser traçada em considerações que não possuam uma aplicabi- lidade prática; desse modo, a implementação de sistemas para o de- senvolvimento de estruturas, que possam monitorar as estratégias adotadas, é uma pauta de elevado impacto para o aumento da credi- bilidade da companhia. As boas práticas representam mais um pilar fundamental, por- tanto é necessário fluidez nos canais internos de comunicação da em- presa, bem como no relacionamento com os fornecedores. Com base nessas boas práticas, verifica-se o desenvolvimento de alternativas para minimizar os conflitos de agências 4 , decorrentes das negocia- ções e das estratégias empresariais em andamento. Um pilar que serve como alicerce para o desenvolvimento da governança é o processo de Gestão de Pessoas. O departamento de recursos humanos (RH) deve ter como objetivo verificar as potencialidades dos colaboradores e a implementação de políticas vinculadas à meritocracia, premiando os funcionários de acordo com os resultados atingidos. A produtividade deve ser alcançada considerando uma maior qualidade de vida, que deve ser proporcionada pela empresa aos colaboradores para que o ambiente da companhia seja repleto de perspectivas positivas e, com isso, o desenvolvimento de novas ideias vinculadas ao negócio seja facilitado. O funcionário deve, então, ser contemplado na estrutura da governança, principalmente mediante a concessão de alternativas promissoras, como um plano de carreira adequado e suporte para o desenvolvimento de novos projetos. Para que o processo da governança corporativa possa ter uma boa reputação e para que essa seja mantida a longo prazo, deve-se atentar à longevidade da companhia. Esse pilar está relacionado à durabilidade de uma organização, a qual tem uma relação direta com a condução dos negócios, com a maior integração entre os objetivos internos da companhia, com a perspectiva positiva relacionada aos resultados auferidos, com os atributos e a reputação dos adminis- tradores e, por fim, com as sustentabilidades econômico-financeira, social e ambiental. Esses oito pilares apresentam um dimensionamento vinculado ao ambiente da governança, porém com um cunho determinístico, pois, sem a condução adequada desses pilares é impossível ter uma go- Os conflitos de agências são divergências,em relação ao planejamento de uma empresa, entre os gestores e acionistas. 4 34 Governança corporativa vernança corporativa bem implementada. Assim, é essencial salien- tar que os pilares se reformulam no decorrer do tempo, podendo ter suas características específicas alteradas de acordo com as necessi- dades de cada ramo de atuação e com o contexto histórico das com- panhias no mercado. 2.3 A importância da OCDE na governança corporativa Vídeo A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) abrange 30 países industrializados com maior grau de de- senvolvimento e mantém um conjunto de relações com Organiza- ções não Governamentais (ONGs) e diversas outras sociedades civis e de amplitude internacional. A OCDE colabora para a ampliação da difusão dos princípios da boa governança e para a definição de boas práticas relacionadas ao escopo das organizações, em vários países do mundo. As boas práticas de governança corporativa são priorizadas pela OCDE com o objetivo de desenvolver os mercados para a criação de melhores condições sociais e para o aprimoramento dos mecanis- mos de gestão das grandes corporações no mundo. É claro que os princípios da governança devem estar atrelados à melhoria dos indi- cadores sociais, particularmente àqueles relacionados ao aumento do bem-estar das economias no mundo. Não basta somente priori- zar os ganhos dos acionistas, conselhos, administradores e direto- rias; é preciso proporcionar para o ambiente, repleto de pessoas, as condições para a ampliação de melhorias para assegurar um futuro tranquilo às sociedades. A OCDE procura estipular normas e padrões para que as em- presas possam desenvolver os seus negócios com base em critérios sustentáveis. No capitalismo contemporâneo, é extremamente neces- sário verificar os impactos sociais das atividades das organizações, com o objetivo de dar continuidade a toda a cadeia de produção ou de valor, relacionada às atividades das companhias internacionaliza- das. A cadeia de valor é um aspecto de relevância, acima de tudo por As empresas estatais pos- suem um elevado grau de representatividade nas relações comerciais entre os países, sobretudo no cenário atual, em que as fronteiras geográficas estão ampliadas, em sua maioria devido à globalização. A OCDE criou diretrizes de gover- nança para as empresas estatais, principalmente relacionadas ao combate à corrupção. Para saber mais, acesse o link do site OECD. Disponível em: http://www.oecd. org/daf/ca/soemarket.htm Acesso em: 06 mar. 2020. Saiba mais http://www.oecd.org/daf/ca/soemarket.htm http://www.oecd.org/daf/ca/soemarket.htm A estrutura da governança corporativa 35 proporcionar a geração de emprego e renda nas economias. É neces- sário afirmar que a criação de empregos e renda está diretamente ligada à geração de novas empresas no segmento produtivo. Portan- to, a OCDE prioriza medidas de governança pautadas no desenvolvi- mento econômico, visando a diminuição das desigualdades sociais no mundo. A Figura 1 ilustra o papel da governança no desenvolvimento econômico: Figura 1 Impactos macroeconômicos da governança corporativa: efeitos sobre o desenvolvimento econômico Boas práticas de governança Mercado de capitais M ai or de se nv ol vi m en to Pe ça s- ch av e co m pl em en ta re s Forte proteção legal aos investidores Mercados financeiros mais desenvolvidos Maior desenvolvimento econômico Sistema bancário Fonte: Adaptada de Silveira, 2010, p. 9. A condição fundamental para a concretização do desenvolvimento econômico está atrelada ao aumento dos investimentos produtivos, os quais foram realizados por meio dos recursos financeiros captados no mercado financeiro. Assim, quanto maior for o desenvolvimento do mercado de capitais, maior é a possibilidade de investimentos produ- tivos. No entanto, esse movimento não é verificado desde a crise de 2008, em que houve uma quantidade de dinheiro sem aplicabilidade prática, isto é, sem a geração de empregos na economia. A colaboração da OCDE baseia-se na argumentação a respeito da maior liberdade das economias em transacionar as mercadorias entre os diversos países. Outro ponto de importância está relacionado aos investimentos produtivos e especulativos – que terão os seus retor- nos maximizados nos países e nas corporações que implementarem os princípios de governança –, principalmente os que têm relação com a transparência das informações financeiras e dos mecanismos que possam legitimar os retornos dos acionistas. É importante mencionar No site da OCDE você vai encontrar estatísticas, es- tudos e pareceres sobre a economia, a qualidade de vida e os indicadores. Os princípios da gover- nança corporativa OCDE colaboram para melhorar a eficiência econômica dos mercados. Em 2015, os princípios foram refor- mulados pelo Conselho da OCDE e pela cúpula do G20. Disponível em: http://www. oecd.org/corporate/principles- -corporate-governance/ Acesso em: 06 mar. 2020. Site http://www.oecd.org/corporate/principles-corporate-governance/ http://www.oecd.org/corporate/principles-corporate-governance/ http://www.oecd.org/corporate/principles-corporate-governance/ 36 Governança corporativa que a OCDE prioriza condutas éticas, que estejam dentro dos padrões de sustentabilidade global para a diminuição de impactos negativos ao meio ambiente. Dito de outra forma, A OCDE prioriza a economia, com uma dinâmica que foca em investimentos que proporcionem retornos para as instituições e para a sociedade como um todo. A OCDE tem profundo interesse na melhoria das práticas de go- vernança corporativa nas empresas, sobretudo para proporcionar maior mobilidade do mercado de capitais e contribuir com o processo de desenvolvimento dos diversos países no mundo. Essas contribui- ções podem ser exemplificadas por formas efetivas de investimentos produtivos e menores riscos, com maiores retornos a curto, médio e longo prazo. Como exemplo dessa aplicabilidade, na Itália, inicia-se o processo de reformulação do seu mercado de capitais com a OCDE, justamente na tentativa de acumular uma maior quantidade de recur- sos provenientes das famílias e empresas para promover o desenvol- vimento econômico. Além disso, a OCDE publicou um relatório, em 31 de janeiro de 2020, a respeito da reforma da estrutura de captação de recursos financeiros e da emissão de financiamentos de longo prazo para empresas e famílias italianas, como uma tentativa de dinamizar a economia local por meio da criação de um maior número de oportu- nidades de negócios no âmbito da produção de bens e serviços 5 . De acordo com o relatório OCDE (2020, p.1): a Itália nos últimos anos empreendeu importantes reformas es- truturais para melhorar a saúde financeira das empresas e for- talecer os mercados de capitais como fonte complementar de financiamento corporativo. Estes incluem os planos de poupan- ça individual (PIR), os mini-bonds de estrutura de mercado e o programa ELITE do Borsa Italiana que visa ajudar as empresas a acessar capital e as redes necessárias para expandir. No entanto, mercado italiano de capitais ainda é menos desenvolvido do que muitos outros nas economias avançadas. Consequentemente, permanece um potencial importante para melhorar ainda mais a utilidade de mercado de capitais para empresas e cidadãos italianos. Isso vai exigir a promoção um resultado bem-sucedi- do nas recentes iniciativas, bem como diminuir qualquer tipo de impedimento. Portanto, a OCDE colabora fomentando o desenvolvimento dos mercados especulativo e produtivo, principalmente com a intenção de promover o desenvolvimento econômico e proporcionar a am- Para mais informações, visite o site disponível em: http://www. oecd.org/corporate/OECD-Ca- pital-Market-Review-Italy.htm. Acesso em: 18 mar. 2020. 5 http://www.oecd.org/corporate/OECD-Capital-Market-Review-Italy.htm http://www.oecd.org/corporate/OECD-Capital-Market-Review-Italy.htm http://www.oecd.org/corporate/OECD-Capital-Market-Review-Italy.htm
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