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METODOLOGIA CIENTÍFICA II
CPGCG/2018 
(revisado)
Alzir Felippe Buffara Antunes 
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Viver sem filosofar é o que se chama ter os olhos fechados sem nunca os haver tentado abrir. —  René Descartes
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1 o PARTE
Objetiva rever os conceitos de filosofia e a sua importância na evolução científica . Considerando que antes da ciência como temos hoje, a filosofia foi a única forma de conhecimento no mundo durante muitos séculos.
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	Qualquer aprofundamento teórico ou prático deverá ser buscado na bibliografia sugerida no final deste trabalho. 
A_INTRODUÇÃO E CONCEITO
	Esta disciplina não tem a pretensão de abranger todas as questões envolvidas em Metodologia Científica.
	
	Metodologia Científica nada mais é do que a disciplina que "estuda os caminhos do saber", se entendermos que:
"método" quer dizer caminho, 
"logia" quer dizer estudo e 
"ciência" que dizer saber. 
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Minayo (2007, p. 44) define metodologia de forma abrangente e concomitante 
....a)como a discussão epistemológica1 sobre o “caminho do pensamento” que o tema ou o objeto de investigação requer;
 b) como a apresentação adequada e justificada dos métodos, técnicas e dos instrumentos operativos que devem ser utilizados para as buscas relativas às indagações da investigação; 
c) e como a “criatividade do pesquisador”, ou seja, a sua marca pessoal e específica na forma de articular teoria, métodos, achados experimentais, observacionais ou de qualquer outro tipo específico de resposta às indagações específicas. 
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glossário
Epistemologia: ramo da filosofia que trata da teoria do conhecimento e suas relações do objeto a ser pesquisado e o sujeito. 
Metafísica: Segundo Kant, estudo das formas ou leis constitutivas da razão, fundamento de toda especulação a respeito de realidades suprassensíveis (a totalidade cósmica, Deus ou a alma humana), e fonte de princípios gerais para o conhecimento empírico. Para Aristóteles, subdivisão fundamental da filosofia, caracterizada pela investigação das realidades que transcendem a experiência sensível
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B- ELEMENTOS DA CIÊNCIA 
 A ciência é uma instrumento para entender o mundo por meio do conhecimento a cerca dos fenômenos. 
É o saber produzido através do raciocínio lógico associado à experimentação prática. Caracteriza-se por um conjunto de modelos de observação, identificação, descrição, investigação experimental e explanação teórica de fenômenos. 
O objetivo básico da ciência não é o de descobrir verdades ou de se constituir como uma compreensão plena da realidade. Deseja fornecer um conhecimento provisório, que facilite a interação com o mundo, possibilitando previsões confiáveis sobre acontecimentos futuros. (LAKATOS, 2003).
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Exemplo : O fenômeno a ser explicado , orbita dos planetas
No século 16, o astrônomo polonês Nicolaus Copernicus propõe que o Sol está no centro e os planetas giram em torno deste em órbitas circulares. Embora o modelo de Copérnico estivesse muito próximo de predizer o movimento planetário corretamente, existiam discrepâncias. Isto ficou particularmente evidente para o planeta Marte.
O problema foi resolvido pelo matemático alemão Johannes Kepler, que descobriu que as órbitas planetárias não eram círculos, mas elipses. 
1a Lei: Cada planeta revolve em torno do Sol em uma órbita elíptica, com o Sol ocupando um dos focos da elipse.
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Evidência: observando Marte a partir a Terra, conclui-se que a orbita não poderia ser circular. 
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ELEMENTOS DA CIÊNCIA 
Ao se falar de conhecimento científico , deve-se pensar os tipos de conhecimento existente.
Para Pensar:
A ciência é uma apresentação da realidade, mas uma apresentação típica diferente do mito e do conhecimento ordinário 
Conhecimento Ordinário (vulgar, popular...)
b) Conhecimento Científico ( racionalidade e objetividade)
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De acordo com Fonseca (2002) 
(...) o homem é, por natureza, um animal curioso. Desde que nasce interage com a natureza e os objetos à sua volta, interpretando o universo a partir das referências sociais e culturais do meio em que vive. Apropria-se do conhecimento através das sensações, que os seres e os fenômenos lhe transmitem. A partir dessas sensações elabora representações. Contudo essas representações, não constituem o objeto real. O objeto real existe independentemente de o homem o conhecer ou não. O conhecimento humano é na sua essência um esforço para resolver contradições, entre as representações do objeto e a realidade do mesmo. Assim, o conhecimento, dependendo da forma pela qual se chega a essa representação, pode ser classificado de popular (senso comum), teológico, mítico, filosófico e científico.
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 O conhecimento ordinário, às vezes denominado SENSO COMUM, não se distingue do conhecimento CIENTÍFICO nem pela veracidade nem pela natureza do objeto conhecido;
O que os diferencia é a FORMA, MODO ou o MÉTODO e os instrumentos do conhecer.
Exemplo: Ordinário: A planta necessita de água para crescer
Científico: Reações fisiológicas entre a planta e água 
Mesmo assim, a ciência não é o único caminho de acesso ao conhecimento e à verdade.
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Para BUNGE (1976), existe uma descontinuidade radical existente entre a CIÊNCIA e o CONHECIMENTO popular, em vários aspectos, mas principalmente ao MÉTODO 
BOM SENSO			RACIONAL e OBJETIVO
Ordinário			Científico 
A unidade de cada ciência baseia-se na unidade do seu objeto. O número possível de disciplinas científicas é igual ao número de objetos.
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Características do conhecimento
Ordinário
Emocional
Reflexivo
Inexato
Verificável
Assistemático
Científico
Real
Sistemático
Contigente
Quase Exato
Falível
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 A CIÊNCIA, REFEXÕES
No pensamento Contemporâneo: 
Não existe um só um ponto de vista exclusivo, fixo. Tudo é passível de mudanças, nada se esgota. 
As pesquisas contemporâneas mapeiam e entrecruzam diferentes conceitos, teorias, métodos, técnicas e críticas atuais a fim de realizar (inter)mediações de experiências
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“O discurso científico, efetivamente, implementa-se para além de ocorrências reativas que tangenciam a identificação do fenômeno, como causa e descoberta de mecanismos subjacentes ao assunto pesquisado, ainda mais na contemporaneidade. Assunto esse que aponta ferramentas e mecanismos relevantes e afeta, de forma inevitável, uma dinâmica da exposição prática e teórica. Deste modo, o condicionamento de uma temática científica perpassa por um espaço de fruição constante, entre prática e teoria, em diferentes áreas do conhecimento, na proposição do objeto-discurso”.
Wilton Garcia, in http://seer.ufrgs.br/index.php/EmQuestao/article/view/21/1335
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O discurso científico, efetivamente, implementa-se para além de ocorrências reativas que tangenciam a identificação do fenômeno, como causa e descoberta de mecanismos subjacentes ao assunto pesquisado, ainda mais na contemporaneidade. Assunto esse que aponta ferramentas e mecanismos relevantes e afeta, de forma inevitável, uma dinâmica da exposição prática e teórica. 
A temática científica perpassa por um espaço de fruição constante, entre prática e teoria, em diferentes áreas do conhecimento, na proposição do objeto-discurso.
Wilton Garcia, in http://seer.ufrgs.br/index.php/EmQuestao/article/view/21/1335
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A validade da ciência contemporânea emerge resultados parciais (por etapas) e um tanto quanto imprecisos e incompletos, tendo em vista a multiplicidade de variantes discursivas – tecnológicas e socioculturais – para alcançar um ideal estabelecido. 
A imprecisão mostra o esforço da pesquisa científica de aproximação a uma condição de verdade mesmo que parcial. 
A ciência, nunca se encerra em si : a percepção científica experimenta a reformulação e construção continua do pensamento contemporâneo 
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Filosofia e Ciência
Filosofia é o estudo de problemas fundamentais relacionados a existência, ao conhecimento, à verdade, aos valores morais e estéticos, à mente e à linguagem, filosofia é uma palavra grega, que significa "amor à sabedoria" 
A Filosofia é uma atividade racional, com base em ARGUMENTOS e na critica das evidências.19
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	A filosofia pode ser dividido em vários ramos. A filosofia do ser, por exemplo, inclui a metafísica, ontologia e cosmologia, entre outras disciplinas. 
	A filosofia do conhecimento inclui a lógica e a epistemologia, enquanto filosofia de trabalho está relacionado a questões como a ética.
	Diversos filósofos deixaram seu nome gravado na história mundial, com suas teorias que são debatidas, aceitas e condenadas até os dias de hoje. Alguns desses filósofos são Aristóteles, Pitágoras, Platão, Sócrates, Descartes, Locke, Kant, Freud, Habermas e muitos outros. Cada um desses filósofos fez suas teorias baseadas nas diversas disciplinas da filosofia, lógica, metafísica, ética, filosofia política, estética e outras.
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Ética na filosofia é o estudo dos assuntos morais, do modo de ser e agir dos seres humanos, além dos seus comportamentos e caráter. A ética na filosofia procura descobrir o que motiva cada indivíduo de agir de um determinado jeito, diferencia também o que significa o bom e o mau, e o mal e o bem.
A ética na filosofia estuda os valores que regem os relacionamentos interpessoais, como as pessoas se posicionam na vida, e de que maneira elas convivem em harmonia com as demais. O termo ética é oriundo do grego, e significa “aquilo que pertence ao caráter”. 
A ética diferencia-se de moral, uma vez que, a moral é relacionada a regras e normas, costumes de cada cultura.
Ler texto de apoio
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 Segundo SOCRATES: 
	O verdadeiro filósofo sabe que sabe muito pouco, e ele se autodenominava assim. O personagem Sócrates de Platão faz uma brilhante defesa da filosofia no diálogo Górgias. A palavra filosofia significa amizade ao saber. 
 	
 As etapas do saber seriam: ignorar sua ignorância, conhecer sua ignorância, ignorar seu saber e conhecer seu saber. As opiniões (doxa) não são verdades pois não resistem ao diálogo crítico. 
 
 
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PENSAMENTO LÓGICO
Seus pensamentos filosóficos e idéias sobre a humanidade têm influências significativas na educação e no pensamento ocidental contemporâneo. Aristóteles é considerado o criador do pensamento lógico.
Suas obras influenciaram também na teologia medieval da cristandade. Seus estudos filosóficos baseavam-se em experimentações para comprovar fenômenos da natureza.
“Entendo por razão, não a faculdade de raciocinar, que pode ser bem ou mal utilizada, mas o encadeamento das verdades que só pode produzir verdades, e uma verdade não pode ser contrária a outra” Leibniz
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A Lógica é um instrumento, uma introdução para as ciências e para o conhecimento e baseia-se no silogismo, o raciocínio formalmente estruturado que supõe certas premissas colocadas previamente para que haja uma conclusão necessária. O silogismo é dedutivo, parte do universal para o particular; a indução, ao contrário, parte do particular para o universal. 
Dessa forma, se forem verdadeiras as premissas, a conclusão, logicamente, também será. 
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Ao usarmos as palavras lógico e lógica estamos participando de uma tradição de pensamento que se origina da Filosofia grega, quando a palavra logos – significando linguagem-discurso e pensamento-conhecimento – conduziu os filósofos a indagar se o logos obedecia ou não a regras, possuía ou não normas, princípios e critérios para seu uso e funcionamento. 
A disciplina filosófica que se ocupa com essas questões chama-se lógica. 
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Para Aristóteles, a lógica é a ciência da demonstração; (...) para Lyard é a ‘ciência das regras do pensamento’.
Poderíamos ainda acrescentar: (...) é a ciência das leis ideais do pensamento e a arte de aplicá-las corretamente na procura e demonstração da verdade." 
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Dedução: AXIOMAS
Na lógica tradicional, um axioma ou postulado é uma sentença ou proposição que não é provada ou demonstrada e é considerada como óbvia ou como um consenso inicial necessário para a construção ou aceitação de uma teoria. Por essa razão, é aceito como verdade e serve como ponto inicial para dedução e inferências de outras verdades. 
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Na matemática, um axioma é uma hipótese inicial de qual outros enunciados são logicamente derivados. Pode ser uma sentença, uma proposição, um enunciado ou uma regra que permite a construção de um sistema formal. Diferentemente de teoremas, axiomas não podem ser derivados por princípios de dedução e nem são demonstráveis por derivações formais, simplesmente porque eles são hipóteses iniciais. 
Em muitos contextos, "axioma", "postulado" e "hipótese" são usados como sinônimos.
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Axioma 1: Duas coisas iguais a uma terceira, são iguais entre si.
Axioma 2: Se parcelas iguais forem adicionadas a quantias iguais, os resultados continuarão sendo iguais.
Axioma 3: Se quantias iguais forem subtraídas das mesmas quantias, os restos serão iguais.
Axioma 4: O todo é maior que a parte.
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Postulado : é uma sentença que não é provada ou demonstrada, e por isso se torna óbvia ou se torna um consenso inicial para a aceitação de uma determinada teoria. Se provados verdadeiros tornam-se teoremas. 
Exemplo: 
Dados dois pontos distintos, há um único segmento de reta que os une;
Dados dois pontos distintos, há um único segmento de reta que os une
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Teorema de Tales:
AD está para AB, assim como AE está para AC.
DB está para AB, assim como EC está para AC. 
AB está para AD, assim como AC está para AE.
AB está para DB, assim como AC está para EC.
AD está para DB, assim como AE está para EC.
DB está para AD, assim como EC está para AE.
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Raciocínio Lógico: Teoria dos Conjuntos 
Pertinência
F = { 0, 2, 4, 6, 8, ...} 
2 ∈ F - lê-se: 2 pertence a F. 
3 ∉ F - lê-se: 3 não pertence a F
Filósofos como Platão e Aristóteles refletiram sobre o pensamento abstrato. Platão mostrou que a matemática está baseada neste tipo de pensamento, já que os conceitos matemáticos são elaborações do intelecto obtidas pela própria mente sem necessidade de experiência (as verdades matemáticas não exigem demonstração empírica).
A ciência por assim dizer, essencialmente um processo de pensamento que implica a formação e aplicação de redes de ideias abstratas e associadas logicamente.
O ABSTRATO
Exemplo:
Em astronomia a Esfera Celeste considera a terra centro do Universo, onde todos os astros giram em torno. Um abstração geocêntrica oriunda da mudança do observador – situado na terra olhando o céu .
Imagine um observador em uma latitude qualquer observando um astro. Qual seria a relação entre o zênite do observador e o pólo? 
QUIZ:
Por meio do raciocínio lógico a observar um fenômeno natural, imagine de que forma ERATOSTONES (275-194 AC) concluiu que a terra era esférica. 
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Arco Alexandria-Siena = 925km
Ângulo de desvio(α) = 7,2º
Raio= Arco/ α rad
R= 925 km/0.1256= 7365km 
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C- A IMPORTANCIA CONHECIMENTO FILOSÓFICO 
O conhecimento filosófico é valorativo, pois seu ponto de partida consiste em HIPÓTESES, não poderão ser submetidas à observação . 
O conhecimento filosófico é não verificável. 
“Pensar” : Subjetividade
A diferença entre o conhecimento filosófico e o científico está no momento chamado de REPRESENTAÇÃO do real. 
A representação é uma forma ( um sistema) onde a inteligência questiona o real (BUZZI, 1973).
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A FILOSOFIA no tempo....
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Finalmente conceito formal de ciencia ....
CONCEITO DE CIÊNCIA
Entende-se por ciência uma sistematização de conhecimento, um conjunto de proposições logicamente correlacionadas sobre o comportamento de certos fenômenos de se deseja estudar: 
“A ciência é todo um conjunto de atitudes e atividades racionais, dirigidas ao sistemático conhecimento com objetivo limitado, capaz de ser submetido à verificação” (FERRARI, 1974)
Conseqüentemente ....
 As ciências possuem: Objetivo 
 Função
		 Objeto 
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Evolução da ciência 
A preocupação dos precursores da filosofia (filo = amigo + sofia (sóphos) = saber e quer dizer amigo do saber) era buscar conhecer o porque e o para que de tudo o que se pudesse pensar. 
 Os primeiros filósofos-cientistas. 
O primeiro, e tímido, passo na direção da ciência só foi dado no início do séc. VI a. C. na cidade grega de Mileto, por aquele que é apontado como o primeiro filósofo, Tales de Mileto. 
	Dizia Tales que o princípio de todas as coisas era algo que por todos podia ser diretamente observado na natureza: a água. 
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Evolução da ciência 
	Tendo observado que a água tudo fazia crescer e viver, enquanto que a sua falta levava os seres a secar e morrer; 
	tendo, talvez, reparado que na natureza há mais água do que terra e que grande parte do próprio corpo humano era formado por água; 
	verificando que esse elemento se podia encontrar em diferentes estados, o líquido, o sólido e o gasoso, foi assim levado a concluir que tudo surgiu a partir da água. 
	A explicação de Tales ainda não é científica; mas também já não é inteiramente mítica. Têm características da ciência e características do mito. 
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Evolução da ciência 
	Não é baseada na observação sistemática do mundo, mas também não se baseia em entidades míticas. Não recorre a métodos adequados de prova, mas também não recorre à autoridade religiosa e mítica. 
	Assim apareceram na Grécia, entre outros, Anaximandro (séc. VI a. C.), Heraclito (séc. VI/V a. C.), Pitágoras (séc. VI a. C.), Parménides (séc. VI/V a. C.) e Demócrito (séc. V/IV a. C.). 
	Este último viria mesmo a defender que tudo quanto existia era composto de pequeníssimas partículas indivisíveis (atomoi), unidas entre si de diferentes formas, e que na realidade nada mais havia do que átomos e o vazio onde eles se deslocavam. 
	Foi o primeiro grande filósofo naturalista, que achava que não havia deuses e que a natureza tinha as suas próprias leis. 
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Evolução da ciência 
	Platão (428-348 a.C.) foi distinguir a verdadeira ciência e o verdadeiro conhecimento da mera opinião ou crença. 
	Um dos problemas que atormentaram os filósofos gregos em geral e Platão em particular, foi o problema do fluxo da natureza. 
	 Na natureza verificamos que muitas coisas estão em mudança constante: as estações sucedem-se, as sementes transformam-se em árvores, os planetas e estrelas percorrem o céu noturno. 
	Mas como poderemos nós ter a esperança de conseguir explicar os fenômenos naturais, se eles estão em permanente mudança? 
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Evolução da ciência 
	 Para os gregos, isto representava um problema por alguns dos motivos que já vimos: não tinham instrumentos para medir de forma exata, por exemplo, a velocidade; e assim a matemática, que constituía o modelo básico de pensamento científico, era inútil para estudar a natureza 
	 A matemática parecia aplicar-se apenas a domínios estáticos e eternos. Como o mundo estava em constante mudança, parecia a alguns filósofos que o mundo não poderia jamais ser objeto de conhecimento científico. 
	 Podemos ver a distinção entre os dois mundos, que levaria à distinção entre ciência e opinião, na seguinte passagem de um dos seus diálogos: 
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Evolução da ciência 
	 Há que admitir que existe uma primeira realidade: o que tem uma forma imutável, o que de nenhuma maneira nasce nem perece, o que jamais admite em si qualquer elemento vindo de outra parte, o que nunca se transforma noutra coisa, o que não é perceptível nem pela vista, nem por outro sentido, o que só o entendimento pode contemplar.
	Há uma segunda realidade que tem o mesmo nome: é semelhante à primeira, mas é acessível à experiência dos sentidos, é engendrada, está sempre em movimento, nasce num lugar determinado para em seguida desaparecer; é acessível à opinião unida à sensação. 
Platão, Timeu
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Evolução da ciência 
	 Neste aspecto fundamental é que o principal discípulo de Platão, Aristóteles (384-322 a.C.), viria a discordar do mestre. 
	 Aristóteles não aceitou que a realidade captada pelos nossos sentidos fosse apenas um mar de aparências sobre as quais nenhum verdadeiro conhecimento se pudesse constituir. 
	 Bem pelo contrário, para ele não havia conhecimento sem a intervenção dos sentidos. A ciência, para ele, teria de ser o conhecimento dos objetos da natureza que nos rodeia. 
	 É verdade que os sentidos só nos davam o particular e Aristóteles pensava que não há ciência senão do universal. Mas, para ele, e ao contrário do seu mestre, o universal inferia-se do particular. 
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Evolução da ciência 
	 Aristóteles achava que, para se chegar ao conhecimento, nos devíamos virar para a única realidade existente, aquela que os sentidos nos apresentavam. 
	 Sendo assim, o que tínhamos de fazer consistia em partir da observação dos casos particulares do mesmo tipo e, pondo de parte as características próprias de cada um (por um processo de abstração), procurar o elemento que todos eles tinham em comum (o universal). 
	 É verdade que os sentidos só nos davam o particular e Aristóteles pensava que não há ciência senão do universal. Mas, para ele, e ao contrário do seu mestre, o universal inferia-se do particular. 
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Evolução da ciência 
	 Por exemplo, todas as árvores são diferentes umas das outras, mas, apesar das suas diferenças, todas parecem ter algo em comum. 
	 Só que não poderíamos saber o que elas têm em comum se não observássemos cada uma em particular, ou pelo menos um elevado número delas. 
	 Ao processo que permite chegar ao universal através do particular chama-se por vezes «indução». A indução é, pois, o método correto para chegar à ciência, tal como escreveu Aristóteles: 
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Evolução da ciência 
	 É evidente também que a perda de um sentido acarreta necessariamente o desaparecimento de uma ciência, que se torna impossível de adquirir. Só aprendemos, com efeito, por indução ou por demonstração. Ora a demonstração faz-se a partir de princípios universais, e a indução a partir de casos particulares. Mas é impossível adquirir o conhecimento dos universais a não ser pela indução, visto que até os chamados resultados da abstração não se podem tornar acessíveis a não ser pela indução. (...) Mas induzir é impossível para quem não tem a sensação: porque é nos casos particulares que se aplica a sensação; e para estes não pode haver ciência, visto que não se pode tirá-la de universais sem indução nem obtê-la por indução sem a sensação.» 
Aristóteles, Segundos Analíticos
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Evolução da ciência 
	 Entretanto, o mundo grego desmoronou-se e o seu lugar cultural viria, em grande parte, a ser ocupado pelo império romano. Entretanto, surge uma nova religião, baseada na religião judaica e inspirada por Jesus Cristo, que a pouco e pouco foi ganhando mais adeptos. 
	 O próprio imperador romano, Constantino, converteu-se ao cristianismo no início do século IV, acabando o cristianismo por se tornar a religião oficial do Império Romano. 
	 Inicialmente pregada por Cristo e seus apóstolos, a sua doutrina veio também a ser difundida e explicada por muitos outros seguidores, estando entre os primeiros S. Paulo e os padres da igreja dos quais se destacou S. Agostinho (354-430). 
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Santo Agostinho:
386 d.c
Relação entre a Filosofia, razão e fé
« É preciso primeiro acreditar para depois compreender »
Para Agostinho a verdadeira e legítima ciência é a Teologia…
Boticcelli
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Também importantes foram os seus adiantados e influentes escritos sobre a vontade humana, um tópico central na ética, que se tornaram um foco para filósofos posteriores, como Arthur Schopenhauer e Friedrich Nietzsche, mas ainda encontrando eco na obra de Albert Camus e Hannah Arendt (ambos os filósofos escreveram teses sobre Agostinho)
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Evolução da ciência 
	 Tratava-se de uma doutrina que apresentava uma mensagem apoiada na idéia de que este mundo era criado por um Deus único, onipotente, onisciente, livre e infinitamente bom, tendo sido nós criados à sua imagem e semelhança. 
	 Sendo assim, tanto os seres humanos como a própria natureza eram o resultado e manifestação do poder, da sabedoria, da vontade e da bondade divinas. 
	 Como prova disso, Deus teria enviado o seu filho, o próprio Cristo, e deixado a sua palavra, as Sagradas Escrituras. Por sua vez, os sereshumanos, como criaturas divinas, só poderiam encontrar o sentido da sua existência através da fé nas palavras de Cristo e das Escrituras. 
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Evolução da ciência 
	 Uma das diferenças fundamentais do cristianismo em relação ao judaísmo consistia na crença de que Jesus era um deus encarnado, coisa que o judaísmo sempre recusou e continua a recusar. 
	 As teorias dos antigos filósofos gregos deixaram de suscitar o interesse de outrora. A sabedoria encontrava-se fundamentalmente na Bíblia, pois esta era a palavra divina e Deus era o criador de todas as coisas. 
	 Quem quisesse compreender a natureza, teria, então, que procurar tal conhecimento não diretamente na própria natureza, mas nas Sagradas Escrituras. Elas é que continham o sentido da vontade divina e, portanto, o sentido de toda a natureza criada. Era isso que merecia verdadeiramente o nome de «ciência». 
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Evolução da ciência 
	 Assim se reduzia a ciência à teologia, tal como é ilustrado na seguinte passagem de S. Boaventura (1217-1274), tirada de um escrito cujo título é, a este respeito, elucidativo: 
	 E assim fica manifesto como a "multiforme sabedoria de Deus", que aparece claramente na Sagrada Escritura, está oculta em todo o conhecimento e em toda a natureza. Fica, igualmente, manifesto como todas as ciências estão subordinadas à teologia, pelo que esta colhe os exemplos e utiliza a terminologia pertencente a todo o género de conhecimentos. Fica, além disso, manifesto como é grande a iluminação divina e de que modo no íntimo de tudo quanto se sente ou se conhece está latente o próprio Deus. 
S. Boaventura, Redução das Ciências à Teologia
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Evolução da ciência 
 No Renascimento, sec XV e XVI (anos 1400 e 1500), os seres humanos retomaram o prazer de pensar e produzir o conhecimento através das idéias. 
Thomas Morus escreveu A Utopia (utopia é um termo que deriva do grego onde u = não + topos = lugar e quer dizer em nenhum lugar); 
Tomaso Campanella escreveu a A Cidade do Sol; 
Francis Bacon, a A Nova Atlântica; 
Voltaire, a Micrômegas, caracterizando um pensamento não descritivo da realidade, mas criador de uma realidade ideal, do dever ser. 
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No século XVII e XVIII (anos 1600 e 1700) surgiu o Iluminismo, corrente filosófica que propôs "a luz da razão sobre as trevas dos dogmas religiosos". 
René Descartes mostrou ser a razão a essência dos seres humanos, surgindo a frase "penso, logo existo".
O Método Científico surgiu como uma tentativa de organizar o pensamento para se chegar ao meio mais adequado de conhecer e controlar a natureza. 
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LEIBNIZ, 1646
Filosofo e Matemático 
O termo "função" (1694), que usou para descrever uma quantidade relacionada a uma curva, como, por exemplo, a inclinação ou um ponto qualquer situado nela. 
É creditado a Leibniz e a Newton o desenvolvimento do cálculo moderno, em particular o desenvolvimento da Integral e da Regra do Produto. 
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Leibniz admitia uma série de causas eficientes a determinar o agir humano dentro da cadeia causal do mundo natural. Essa série de causas eficientes dizem respeito ao corpo e seus atos. 
Contudo, paralela a essa série de causas eficientes, há uma segunda série, a das causas finais. As causas finais poderiam ser consideradas como uma infinidade de pequenas inclinações e disposições da alma, presentes e passadas, que conduzem o agir presente.
 Há, como em Nietzsche, uma infinidade imensurável de motivos para explicar um desejo singular.
 Leibniz acredita na ação livre, se ela for ao mesmo tempo 'contingente, espontânea e refletida'.
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CIÊNCIAS
Formais 
Factuais
Lógica
Matemática
Naturais (fisica, biologia, etc)
Sociais (Direito, antropologia, Psicologia, etc)
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Exercícios: 
A- Apresentar a diferença entre ETICA e MORAL. 
B- Código de ÉTICA de publicações resultantes da pesquisa científica .
C- Dentre diferentes filósofos como: Descartes, Popper, Kant, Comte, Marx, Hegel, Nietszche: qual (ais) deste(s) pode influenciar sua linha de pensamento. 
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C- O mito da caverna Platão (428-348 a.C.) 
Ler o texto e interpretar para discussão e classe. 
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