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Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Introdução ● Câncer é um conjunto de doenças correlacionadas que são caracterizadas por proliferação do crescimento celular ● Resultado de modificações do material genético, levando células a gradualmente perderem sua habilidade de crescer de forma regulada Termos: ● Tumor é um crescimento tecidual anormal → Coleção de células e estroma que compõem um novo crescimento→ tbm chama de neoplasma ○ 2 componentes → células neoplásicas (parêncquima tumoral) + estroma reativo (tecido conjuntivo) → A classificação dos tumores e seu comportamento biológico baseiam-se no componente parenquimatoso o crescimento e sua propagação dependem do estroma. ○ Em alguns tumores, o tecido conjuntivo é escasso→ consistência macia e carnosa. ○ Em outros casos, as células do parênquima estimulam a formação de estroma colagenoso abundante→ desmoplasia. ■ Alguns tumores desmoplásicos – por exemplo, alguns cânceres da mama feminina – são duros→ cirrosos. ● Neoplasia representa a proliferação autônoma de um conjunto celular ○ Distúrbio genético do crescimento celular, que é desencadeado por mutações adquiridas ou, com menos frequência, herdadas, que afetam uma única célula ou sua progênie clonal. Tumor Benigno ● Permanecem restritos ao seu local de origem → maioria passível de remoção cirúrgica. ● Maioria dos pctes sobrevive → exceções quando ocorrem em locais vulneráveis, como o encéfalo ● Tumores benignos de células mesenquimais → acrescenta-se o sufixo “-oma” ao nome do tipo de célula a partir do qual se origina o tumor. ○ Tumor benigno de células semelhantes aos fibroblastos→ fibroma ○ Tumor cartilaginoso benigno → condroma, e assim por diante. ● Tumores epiteliais benignos → alguns são classificados com base em sua célula de origem, outros com base em sua aparência microscópica, e outros com base em sua arquitetura macroscópica. ○ Adenoma → derivadas de tecidos glandulares, mesmo quando as células tumorais não formam estruturas glandulares. ○ Se produzem projeções digitiformes ou verrucosas a partir da superfície epitelial → papilomas ○ Se formam grandes massas císticas, como as que ocorrem no ovário→ cistadenomas. ○ Tumores que produzem projeções papilares que fazem protrusão nos espaços císticos → cistadenomas papilares. ○ Quando uma neoplasia (benigna ou maligna) gera uma projeção macroscopicamente visível acima de uma superfície mucosa → pólipo. Se o pólipo tiver tecido glandular, ele é denominado pólipo adenomatoso Tumores Malignos ● Podem invadir e destruir estruturas adjacentes e metastatizar. ● A nomenclatura dos tumores malignos obedece ao mesmo esquema utilizado para as neoplasias benignas, com alguns acréscimos. ● Epitélio→ carcinoma ○ Carcinóide → neuroendócrina → carcinoma de baixo grau → carcinóide pq parecia com carcinoma ○ Podem ser ainda mais qualificados. ○ No carcinoma de células escamosas, as células tumorais assemelham-se ao epitélio escamoso estratificado, ao passo que, no adenocarcinoma, as células epiteliais neoplásicas crescem de acordo com um padrão glandular. 1 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ○ Algumas vezes, o tecido ou órgão de origem pode ser identificado e é acrescentado como descritor, como no adenocarcinoma de células renais ou no carcinoma de células escamosas broncogênico. ● Mesênquima→ sarcoma ● Sangue linfoma/leucemia ○ Sistema hematopoiético ○ Eventualmente formam massas ○ Leucemia q forma massa sarcoma granulocítico ● Em cerca de 2% dos casos, os cânceres são compostos por células de origem desconhecida e precisam ser designados meramente como tumores malignos indiferenciados Tumores mistos ● A grande maioria das neoplasias, como os tumores mistos, é composta de células de uma única camada germinativa (mesoderma, endoderma ou ectoderma). ● Teratoma é exceção → contém células maduras ou imaturas reconhecíveis ou tecidos que pertencem a mais de uma camada de células germinativas (e, algumas vezes, todas as três). → origina-se de células germinativas totipotentes, que costumam estar presentes no ovário e no testículo e, algumas vezes, também são encontradas em restos embrionários anormais da linha média. ● Hamartomas são massas desorganizadas, compostas por células endógenas do tecido acometido. → apresentam, em sua maioria, aberrações cromossômicas clonais, que são adquiridas por meio de mutações somáticas → c/ base nesse aspecto, são atualmente considerados como neoplasias benignas. ● O coristoma é o termo aplicado a um resto heterotópico (de localização incorreta) de células. Por exemplo, um pequeno nódulo de tecido pancreático bem desenvolvido e organizado pode ser encontrado na submucosa do estômago ou do intestino delgado. Características Neoplásicas Alterações morfológicas Diferenciação e anaplasia → semelhança de neoplasia com seu tecido de origem ● Semelhança morfológica ou funcional ● Ausência de diferenciação→ anaplasia ● Em geral, os tumores benignos são bem diferenciados . ○ As células neoplásicas de um lipoma, uma proliferação benigna de adipócitos, podem assemelhar-se tanto aos adipócitos normais que são irreconhecíveis como a um tumor ao exame microscópico. Apenas o crescimento dessas células em uma massa distinta revela sua natureza neoplásica. ○ Nos tumores benignos bem diferenciados, as mitoses são raras e de configuração normal. (Tireoide normal) ● Neoplasias malignas exibem, em sua maioria, alterações morfológicas que revelam seu potencial de comportamento agressivo. → natureza maligna revelada pela invasão dos tecidos adjacentes e por sua capacidade de metastatizar. 2 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● Tem tb, tumores pouco diferenciados e altamente anaplásicos, que exibem pouca ou nenhuma evidência de diferenciação, uma característica morfológica altamente preditiva de comportamento maligno. ● E tbm tumores genericamente referidos como moderadamente diferenciados. Pleomorfismo ● Variação no tamanho e no formato das células. ● Células dentro do mesmo tumor não são uniformes → variam desde pequenas células com aspecto indiferenciado até células gigantes tumorais, muitas vezes maiores do que as células vizinhas. ○ Algumas células gigantes tumorais apresentam um único núcleo polimórfico enorme, enquanto outras podem apresentar dois ou mais núcleos hipercromáticos grandes 3 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Morfologia nuclear anormal ● Células cancerosas apresentam núcleos desproporcionalmente grandes, com uma razão núcleo:citoplasma que pode se aproximar de 1:1 ● Forma do núcleo variável→ muitas vezes irregular ● Cromatina muitas vezes está grosseiramente condensada e distribuída ao longo da membrana nuclear ou apresenta coloração mais escura do que o normal (hipercromática). ● Comum a observação de nucléolos anormalmente grandes Mitoses. ● Cânceres indiferenciados com frequência apresentam muitas células em mitose → elevada taxa de proliferação. ● Presença de mitoses não indica um processo maligno. ● Células que sofrem mitose costumam ser observadas em tecidos normais que apresentam rápida renovação, como o revestimento epitelial do intestino e as proliferações não neoplásicas, como as hiperplasias. ● Mais importantes como característica morfológica de neoplasia maligna são as figuras mitóticas atípicas e bizarras (Figura 7.8 lá em cima mostra) Perda da polaridade. ● Alteração na orientação das células anaplásicas entre elas ou com as estruturas de sustentação do tecido, como as membranas basais. ● Lâminas ou grandes massas de células tumorais crescem de maneira desorganizada Velocidade de crescimento → geralmente associada à diferenciação maneira inversamente proporcional ● Resposta ao ambiente→ influência hormonal ● Isquemia→ pode levar à necrose tumoral ○ Enquanto as células tumorais em crescimento precisam ter um suprimento sanguíneo, o estroma vascular é insuficiente → cânceres de crescimento rápido desenvolvem áreas de necrose isquêmica.🤔 Células transformadas bem diferenciadas têm maior probabilidade de conservar as capacidades funcionais de suas equivalentes normais. Os tumores benignos quase sempre são bem diferenciados e, com frequência, retêm as funções normais, assim como muitos cânceres bem diferenciados. Metaplasia, displasia e carcinoma in situ ● Descrevem alterações morfológicas reconhecíveis na diferenciação, que representam de maneira variada uma adaptação à lesão crônica (metaplasia), uma alteração pré-maligna (displasia) ou uma neoplasia que ainda não causou invasão (carcinoma in situ) ● Metaplasia → definida como a substituição de um tipo de célula por outro ○ Quase sempre é encontrada em associação ao dano, reparo e regeneração de tecidos. ○ Com frequência, o tipo celular responsável pela substituição está mais bem adaptado para fazer frente a alguma alteração do ambiente local. ● Displasia → crescimento desordenado → encontrada sobretudo nas células epiteliais e reconhecida com base em várias alterações morfológicas. ○ As células displásicas podem exibir um considerável pleomorfismo e podem conter grandes núcleos hipercromáticos, com alta razão núcleo:citoplasma. ○ Superfícies epiteliais displásicas também exibem uma desorganização da arquitetura e perda da diferenciação ordenada e polaridade tecidual. ○ As figuras mitóticas são mais abundantes do que no epitélio escamoso normal e podem ser observadas em toda a espessura do epitélio displásico, em vez de estarem confinadas à camada basal, como normalmente é o caso ● Carcinoma in situ → Quando a displasia é grave e acomete toda a espessura do epitélio, porém a lesão não penetra na membrana basal → é observado com frequência na pele, nas mamas, na bexiga e no colo do útero → exibem todas as características citológicas de um processo maligno e, a não ser que sejam tratados, têm alta probabilidade de progressão para cânceres invasivos. 4 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Invasão local O crescimento dos cânceres é acompanhado de invasão progressiva, destruição do tecido circundante e disseminação sistêmica, ao passo que quase todos os tumores benignos crescem como massas expansivas e coesas, que permanecem em seu local de origem e que não possuem capacidade de invadir ou formar metástases a distância. Tumores benignos crescem e sofrem expansão lenta ● Costumam desenvolver uma faixa de tecido fibroso comprimido na periferia → cápsula→ separa do tecido normal circundante → matriz extracelular depositada pelas células do estroma, como fibroblastos, que são ativados por dano hipóxico, em consequência da pressão do tumor em expansão. → Cria um plano tecidual de clivagem, que torna o tumor distinto, prontamente palpável, móvel (não fixo) e de fácil excisão por enucleação cirúrgica. Tumores malignos → pouco demarcados em relação ao tecido normal circundante e carecem de planos de clivagem bem definidos ● Quando crescimento lento podem desenvolver uma cápsula fibrosa que aparentemente envolve o tumor e também empurra estruturas normais adjacentes. → histológico dessas massas “pseudoencapsuladas” quase sempre revela fileiras de células tumorais que penetram na margem e infiltram as estruturas adjacentes, constituindo um padrão de crescimento semelhante a um caranguejo, que corresponde à imagem popular do câncer. Capacidade de invasão representa característica confiável para distinguir tumores malignos de benignos. ● A maioria dos tumores malignos não reconhece os limites anatômicos normais → capacidade de invasão dificulta ou mesmo impossibilita sua ressecção cirúrgica completa e, mesmo que o tumor seja bem circunscrito, é necessário remover uma ampla margem de tecido adjacente aparentemente normal para assegurar uma excisão local completa. Metástase Disseminação de um tumor para áreas que são fisicamente descontínuas do tumor primário→ define tumor como maligno. ● Capacidade de invasão dos cânceres permite que eles penetrem nos vasos sanguíneos, vasos linfáticos e cavidades corporais, possibilitando sua disseminação. ● Todos os tumores malignos podem metastatizar, porém alguns o fazem muito raramente. ● De modo global, cerca de 30% dos tumores sólidos (excluindo os cânceres de pele que não os melanomas) manifestam-se como doença metastática. 🚗 Em geral, a probabilidade de metástase de um tumor sólido correlaciona-se com outras características de malignidade, como falta de diferenciação, invasão local agressiva, crescimento rápido e tamanho grande. A disseminação metastática reduz acentuadamente a possibilidade de cura;. Vias de disseminação ● Implante direto nas cavidades ou superfícies corporais, disseminação linfática e disseminação hematogênica. 5 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ○ Pode ocorrer disseminação iatrogênica de células tumorais em instrumentos cirúrgicos → rara ● Implante em cavidades e superfícies corporais. ○ Neoplasia maligna penetra em um “campo aberto” natural que carece de barreiras físicas. ○ A cavidade peritoneal é o local acometido com mais frequência, porém qualquer cavidade corporal pode ser afetada. ○ As células tumorais podem permanecer confinadas à superfície das vísceras abdominais, sem penetrar em sua substância. ● Disseminação linfática. ○ Via mais comum para a disseminação inicial dos carcinomas ○ Algumas vezes, os sarcomas também utilizam essa via. ○ Os tumores não contêm vasos linfáticos funcionais, porém os vasos linfáticos localizados nas margens dos cânceres invasores são suficientes para a disseminação linfática das células tumorais. ○ O padrão de disseminação segue as vias naturais de drenagem linfática. ○ Os linfonodos locais podem não ser acometidos → metástase saltada – possivelmente pelo fato de que as metástases microscópicas são omitidas ou devido a uma variação nos padrões normais de drenagem linfática. ○ Um linfonodo sentinela é definido como o primeiro linfonodo de uma cadeia linfática regional que recebe o fluxo linfático proveniente do tumor primário. Pode-se efetuar o mapeamento dos linfonodos sentinelas por meio da injeção de marcadores radioativos ou corantes, e o exame de cortes congelados do linfonodo sentinela realizado durante a cirurgia pode guiar o cirurgião para a terapia apropriada. O exame do linfonodo sentinela também tem sido utilizado para avaliar a disseminação de melanomas, cânceres de cólon e outros tumores. ○ Em muitos casos, os linfonodos regionais atuam como barreiras efetivas contra a disseminação adicional do tumor, pelo menos durante certo tempo. ● Disseminação hematogênica. ○ Típica dos sarcomas, mas também é observada nos carcinomas. ○ As evidências histológicas de invasão de pequenos vasos no local da neoplasia primária constituem uma característica ameaçadora associada à metástase hematogênica. ○ Os vasos acometidos costumam ser pequenas veias, → artérias têm paredes mais espessas e são mais resistentes à penetração. ○ Pode ocorrer disseminação arterial quando as células tumorais atravessam os leitos capilares pulmonares ou as derivações arteriovenosas pulmonares, ou quando o câncer no pulmão (primário ou metastático) dá origem a êmbolos tumorais. ○ Diversos fatores influenciam os padrões de metástases vasculares. Com a invasão venosa, as células tumorais transportadas pelo sangue frequentemente se detêm no primeiro leito capilar que elas encontram. ○ É compreensível que o fígado e os pulmões sejam afetados com mais frequência por 6 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA disseminação hematogênica, visto que toda a drenagem da área portal flui para o fígado e todo o sangue da veia cava flui para os pulmões. ○ Os cânceres que surgem em estreita proximidade com a coluna vertebral costumam embolizar através do plexo paravertebral → essa via produz metástases vertebrais frequentes de carcinomas de tireóide e de próstata. Objetivos do Anatomopatológico: Diagnóstico ● Proteico imuno-histoquímica ou citometria de fluxo ○ Imuno-histoquímica→ categorização de tumores malignos indiferenciados, determinação do local de origem de metástases, detecção de moléculas que apresentam significado prognóstico ou terapêutico ○ Citometria → mede rápida e quantitativamente diversas características celulares → identificar antígenos celulares expressos por tumores “líquidos” → possibilidade de avaliar simultaneamente múltiplos antígenos em células individuais, utilizando combinações de anticorpos específicos ligados a diferentes corantes fluorescentes ● DNA ISH e PCR→ análises da genética do tumor→ menos utilizadas ○ Diagnóstico das neoplasias, prognóstico, detecção de doença residual mínima, diagnóstico de predisposição hereditária, orientação da terapia com fármacos direcionados para oncoproteínas, identificação dos mecanismos de resistência a fármacos (biópsias líquidas) Gradação ● Baseia-se no grau de diferenciação das células tumorais e, em alguns cânceres, no número de mitoses ou nas características arquiteturais. ● Foram desenvolvidos esquemas de gradação para cada tipo de neoplasia maligna, que geralmente variam de duas (baixo grau e alto grau) a quatro categorias. ● Os critérios para cada grau variam em diferentes tipos de tumor → julgar a extensão em que as células tumorais se assemelham ou deixam de se assemelhar às células correspondentes normais. 7 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● Embora a gradação histológica seja útil, a correlação entre o aspecto histológico e o comportamento biológico não é perfeita. → prática comum é caracterizar uma determinada neoplasia em termos descritivos Estadiamento Cirúrgico ● Baseia-se no tamanho da lesão primária, em sua propagação para linfonodos regionais e na presença ou ausência de metástases hematogênicas. ● TNM → a depender da topografia ○ T para tumor primário, N para comprometimento de linfonodos regionais e M para metástases Informações moleculares ● Sequenciamento do genoma ● Avaliar modificações epigenéticas em todo o genoma → o epigenoma ● Quantificar todos os RNA expressos em uma população de células→ transcriptoma ● Medir simultaneamente muitas proteínas→ proteoma; ● Obter um instantâneo de todos os metabólitos da célula→ metaboloma) ● O principal impacto do sequenciamento do genoma do câncer até hoje tem sido na área de pesquisa. Entretanto, o sequenciamento do DNA de última geração de genomas de cânceres está rapidamente passando para a prática clínica padrão. O sequenciamento “direcionado” está sendo realizado rotineiramente em muitos centros acadêmicos especializados em câncer e laboratórios de referência, a custos razoáveis e com tempos de execução de alguns dias a algumas semanas. Normalmente, esses testes cobrem os éxons de várias centenas de genes-alvo em “profundidade” suficiente (cobertura maior da sequência em questão) para detectar com segurança qualquer mutação que possa estar presente em até 5% das células tumorais. Um objetivo dessas análises é a identificação de lesões genéticas terapeuticamente “acionáveis”. Essas abordagens são particularmente aplicáveis a tumores como os carcinomas de pulmão, que são geneticamente diversos e que exigem uma abordagem “personalizada” para que a terapia-alvo tenha sucesso. Entretanto, são obtidas outras informações clinicamente úteis. 8