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Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Introdução Conjunto de doenças inflamatórias que apresentam superposição de manifestações clínicas e compartilhamento de marcadores genéticos→HLA B-27 ● Espondiloartrite anquilosante ● Artrite psoriática ● Artrite reativa ● Artrite de doenças inflamatórias intestinais (ou enteroartropatias) ● Espondiloartrite axial não radiográfica ● Espondiloartrite periférica Quais características são essas? ● Acometimento preferencial do esqueleto axial ● Periférico → grandes articulações, especialmente MMII ● Acometimento de enteses → inflamação costuma não se limitar ao tecido conjuntivo da êntese, envolvendo tbm cartilagem e osso adjacentes e resultando em periostite e osteíte, por vezes erosiva e com neoformação → entesófito, frequente na inserção do tendão do calcâneo, no retrocalcâneo e na inserção da fáscia plantar na região subcalcânea. ● Fator reumatoide negativo e ausência de nódulos reumatoides subcutâneos. ● Agregação familiar com participação do HLA-B ● Tendência à sobreposição clínica entre as diversas enfermidades. Epidemiologia ● Acomete cerca de 1% da população ● A espondilite anquilosante é a mais comum!! ● Relação com o HLA B27 ○ Início precoce / envolvimento axial ● Brancos caucasianos ● Agregação familiar ○ Primeiro grau - 10% ○ Primeiro grau com HLAB27 + - 20% ○ Primeiro grau com HLAB27 negativo - 1% ● 9 homens para uma mulher antes, aí passou p 3:1 ● Papel da RM no diagnóstico ● Doença mais leve em mulheres ○ Maior acometimento periférico que os homens ● Espondiloartrite axial não radiológica Fisiopatologia ● Possível influência do HLA B27 1 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● Estresse mecânico sobre o complexo sinovioentesial→ início de resposta inflamatória pouco propensa à resolução ● Disbiose → predomínio de espécies cuja modulação sobre o sistema imune do hospedeiro direciona mais à inflamação local, levando a alterações da permeabilidade da barreira intestinal, com maior translocação e acesso ao sistema imune central de bactérias e seus subprodutos → não se sabe se a disbiose é uma causa ou consequência Clínica Acometimento axial ● Doença inflamatória - piora ao acordar e melhora a movimentação ● Cervical e lombar ● Rigidez matinal ● Boa resposta aos AINES ● Perda da mobilidade ● Sacroileíte ● Rigidez matinal maior que 1h Entesite ● Pode envolver cartilagem e osso adjacente levando a uma periostite e osteíte com formação de entesófitos Artrite periférica ● Mais comum na forma juvenil e nas mulheres ● Oligoartrite ● Grandes articulações, principalmente em MMII Dactilite ● Dedo em salsicha Não articulares Sintomas constitucionais ● Fadiga, hiporexia, emagrecimento, febre baixa ● Atividade doença Pulmonares ● Pode ter perda da expansibilidade torácica→ distúrbio restritivo→ mais comuns ● Fibrose, espessamento pleural apical assimétrico ● Distúrbio ventilatório restritivo ● Assintomático Cardiovascular ● Maior risco CV → principalmente em artrites psoriáticas ● Distúrbios de condução→ arritmias ● Disfunção valvar aórtica ● ICC Renais ● Amiloidose secundária ○ Doença de longa duração ○ Ausência de tratamento ○ Envolvimento periférico ○ Hipergamaglobulinemia ● Nefropatia por AINE ● Glomerulonefrite por depósito de IgA ○ Hematúria micro/macro manifestação mais comum ○ Bx renal Neurológicos ● Sd da cauda equina ● Subluxação atlantoaxial ● Fratura → imobilidade, maior risco de osteoporose, inflamação ○ Quadril é um sítio importante → indicação de prótese pq tem desgaste grande → fica difícil até de avaliar a densidade! Oculares ● Quadro diverso → o mais comum é Uveíte anterior ou iridociclite ○ Anterior→ autoimune ○ Posterior→ infecciosos→ + rara e + grave ● 30-40% dos pacientes ○ 90% HLA B27 + ○ Unilateral ○ Atenção a rubor, dor, visão borrada, miose, lacrimejamento, fotofobia ● Uveíte posterior mais rara, porém mais grave ● Artrite reativa - conjuntivite bulbar Gastrointestinal ● 50% das EA apresentam inflamação ileal e cecal a ileocolonoscopia, mas a minoria apresenta sintomas de DII ● Artrites mais erosivas, periféricas e de quadril ● Pacientes com DII podem apresentar sacroileíte assintomática 2 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Imagem nas EPA Radiografia ● Referência para alterações estruturais ● Esclerose, erosão, pseudo alargamento, sindesmófitos ● Cuidado com tais alterações em pacientes idosos!! Sindesmófitos→ coluna em Bambu ● EA→ regular e simétrico ● APSO/Reiter → irregular, unilateral e geralmente não acomete vértebras consecutivas ● Sindesmófito de orientação vertical, enquanto o osteófito em sua orientação horizontal e cursa normalmente com diminuição do espaço discal Entesite ● Pode levar a erosão e formação de esporões ● Fáscia plantar e retrocalcânea Cintilografia ● Baixa especificidade ● Alta radiação ● NÃO RECOMENDADA!!! TC ● Alterações estruturais = mais útil que o RX ● Cuidado pacientes idosos! ● Exposição a radiação, custo, atividade doença ● Infiltração guiada Grau 0: normal Grau 1: suspeita de alteração. Não há alterações definidas Grau 2: sacroiliíte mínima. Há perda de definição das bordas articulares, alguma esclerose, mínimas erosões sem alteração do espaço articular Grau 3: sacroiliíte moderada a avançada. Há esclerose bem definida em ambas as bordas da articulação, borramento e irregularidade das superfícies articulares, pontes ósseas ou inequívoca alteração do espaço articular, tanto por redução quanto por pseudoalargamentos 3 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Grau 4: anquilose. Há fusão das superfícies articulares, com ou sem esclerose residual. RM ● Capaz de detectar alterações inflamatórias ● Edema ósseo, entesite, sinovite, capsulite ● Ausência de exposição à radiação ● Alto custo ● Toda sacroileíte radiográfica evoluirá para doença? ○ Sacroileíte = área de edema ósseo em um único quadrante em pelo menos dois cortes consecutivos ou duas áreas de edema em quadrantes distintos no mesmo corte Laboratório nas EPA ● Anemia de doença crônica ● Leucocitose discreta ● Elevação das provas de atividade inflamatória x atividade doença ○ Menor correlação do que na AR ● Anticorpos antinucleares podem ser encontrados em baixos títulos em até 50% das APSO HLA B27 ● Não é exame de triagem!!! ● Nos caucasianos, apenas cerca de 5% dos portadores tem EPA ● Está presente em 85 a 95% dos pacientes caucasianos com EA ● Maior chance de progressão para as EPA principalmente EA ● Uveítes e acometimento cardíaco ● Pacientes HLAB27 + na artrite reativa têm mais chance de cronificação Coprocultura ● Baixa sensibilidade = clínica articular tardia Exames sorológicos para Shigella, Yersinia, Campylobacter e Salmonella não são úteis ● Baixa sensibilidade ● Infecção pregressa? Pesquisa de clamydia no raspado endouretral/endocervical ● Sensibilidade 70 a 90% ● Especificidade 100% PCR para clamydia ● Padrão ouro ● Liquido sinovial, urina ou células epiteliais Diagnóstico Critérios classificatórios do ASAS (acima) Movimentos alterados ● Distância tragus parede ● Flexão lateral de tronco 4 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Espondilite Anquilosante ● Traduz inflamação + fusão vertebral, que ocorrem na fase avançada! ● Doença inflamatória crônica que acomete basicamente as articulações do esqueleto axial, sendo a lesão da articulação sacroilíaca seu marco fundamental ● Principal forma das espondiloartrites Critérios de classificação ● Doença em estágio avançado ● Não relacionam a diminuição expansibilidade torácico nem mobilidade lombar com idade e sexo Epidemiologia ● Predomínio de homens→ 3:1 ● Em média 23 anos→ 20-35 ● HLA-B27 presente em 90% dos pctes ● Brancos caucasianos Instrumentos de avaliação da doença BASDAI (The Bath Ankylosing Spondylitis Disease Activity Index) ● Atividade de doença ● BASDAI < 2 = doença inativa Fisiopatologia 🚨 Processo inflamatório das vértebras que leva a uma fusão→ formação de sindesmófito→ colunaem bambu ● Entesite que leva a neoformação óssea e evolução para anquilose ● A entesite começa na região anterior da vértebra, na inserção do ânulo fibroso do disco. ● Com o tempo, o osso neoformado (estimulado pela inflamação crônica) se transforma numa protuberância óssea denominada sindesmófito, formando "pontes" entre os corpos vertebrais 5 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA O início é na articulação sacroilíaca → sacroileite! → Doença ascendente Quadro clínico ● Dor lombar (sacroileíte) insidiosa e profunda + rigidez matinal ou após longos períodos de inatividade ○ Rigidez melhora com atividade ○ No início, o paciente pode apresentar fases de melhora e de piora do quadro álgico, podendo ficar livre dos sintomas por dias e até meses, mas com a completa instalação da doença, a dor torna-se diária. ○ Alivia com calor local e mobilização articular ○ Piora ao repouso→ rigidez matinal ● Postura do esquiador → perde a lordose e cifose fica acentuada ○ Inicialmente ocorre por espasmo muscular doloroso e depois por anquilose e fibrose óssea ○ Avaliação pelo teste de Schober! ○ Redução de amplitude da coluna lombar → espasmo de musculatura paraespinhal e anquilose óssea em fases avançadas ● A progressão da doença na coluna vertebral ocorre de modo ascendente → na coluna torácica, além da dor, pode haver redução da expansibilidade e aumento da cifose. A redução da expansibilidade torácica pode ser medida entre a inspiração e a expiração máximas forçadas, no nível do quarto espaço intercostal. Considera-se alterada quando for igual ou inferior a 2,5 cm. ● Artrite diferencia da AR por não apresentar vilosidades sinoviais exuberantes, ainda que a membrana sinovial possa ter também um aspecto de hipertrofia e formação de pannus + erosões cartilaginosas centrais causadas pela proliferação de tecido de granulação subcondral são raras na AR e comuns na EA ● Hipersensibilidade óssea → entesite/osteíte subjacente ○ Nos locais acometidos pelo processo inflamatório, a digitopressão costuma desencadear dor → + evidente nas junções costocondrais, apófises espinhosas das vértebras, cristas ilíacas, trocânteres maiores, tuberosidades isquiais e tibiais e nos calcâneos ● Artrite em grandes articulações "centrais" (quadril e ombro) é encontrada em 25-35% dos casos. ● Artrite periférica, geralmente assimétrica, pode ser vista em até 30%. ○ Dor, edema, calor e limitação! ● Alguns pacientes, principalmente os mais idosos, podem apresentar um importante componente sistêmico, queixando-se prioritariamente de sintomas 6 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA constitucionais inespecíficos (ex.: fadiga, anorexia, perda ponderal, febre baixa) ● O envolvimento da coluna torácica gera dor e cifose progressiva. Comumente se associa à lesão das articulações costovertebrais, costoesternais e manúbrio-esternal, justificando uma redução da expansibilidade torácica (podendo causar uma síndrome respiratória restritiva). Alguns pacientes referem uma dor que se confunde com a angina pectoris ou a síndrome de Tietze (costocondrite idiopática). ● O envolvimento da coluna cervical, com dor e rigidez, costuma ser tardio, levando anos para aparecer. Alguns pacientes apresentam episódios recorrentes de torcicolo. Outros evoluem com perda quase completa da extensão cervical, ficando muitas vezes impossibilitados de olhar para cima. Muitos pacientes, quando em posição ortostática e com os pés juntos, não mais conseguem encostar o occipito na parede ("teste occipito-parede"). ● As complicações mais temidas são as fraturas vertebrais → podem ocorrer após trauma mínimo → pacientes portadores de EA podem apresentar osteoporose ou osteopenia mesmo em fases iniciais da doença. As fraturas na região cervical são as mais comuns, com potencial para gerar lesão medular Possui manifestações extra-articulares? SIM! ● Sintomas constitucionais, como astenia, fadiga, hiporexia, emagrecimento e febre (geralmente baixa), ocorrem sobretudo nas fases de maior atividade ou nos períodos iniciais da doença!!! ● Uveíte anterior aguda → mais comum → pode preceder a espondilite ○ Iriociclite ○ Unilateral ○ Não granulomatosa → sem formação de nódulos ou precipitados ceráticos ○ Origina sintomas de dor, lacrimejamento excessivo, fotofobia e turvação da visão. ○ Hiperemia ocular intensa, visão borrada, dor, fotofobia e lacrimejamento, de início súbito (instalação em horas) e com duração de dias a semanas ○ Os episódios costumam ser autolimitados, por vezes recorrentes, mas só eventualmente exigem terapia com corticoides. ○ A gravidade da fase aguda pode ser caracterizada pela quantidade de fibrina e células na câmara anterior. ○ As complicações incluem a formação de sinéquias anteriores (aderência da íris com a córnea) e posteriores (aderência da íris com o cristalino), edema cistoide da mácula, catarata e glaucoma. → Quanto maior o número de recidivas, sobretudo as não tratadas adequadamente, pior o prognóstico. ● Insuficiência aórtica, cardiomegalia e distúrbios permanentes de condução ○ Distúrbios de condução do ritmo cardíaco (Bloqueios de ramo e atrioventricular) ○ Aortite com ou sem insuficiência aórtica ○ Pericardite ○ Miocardite ● Acometimento pulmonar ○ Espessamento pleural e apneia obstrutiva do sono (AOS) até a clássica fibrose pulmonar apical ○ Além da doença parenquimatosa, a restrição ventilatória vista em pacientes com EA deve-se também à redução da expansibilidade torácica, que ocorre sobretudo nos casos mais avançados, em decorrência da anquilose da caixa torácica e da coluna vertebral 7 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● Doença inflamatória intestinal ● Fibrose bolhosa dos lobos superiores → depois de 20 anos de doença → tosse produtiva crônica e dispneia progressiva ○ Formação de cistos e invasão por aspergilus → hemoptise ● Amiloidose ● Nefropatia por IgA ● Deslocamentos e fraturas da coluna cervical ● Síndrome da cauda equina ● TGU ○ Nefrolitíase ○ Prostatite→ piúria estéril Comorbidades ● Não se relacionam diretamente com a fisiopatologia da EA!!! ● Podem se relacionar com o tto ● Hipertensão, alterações do metabolismo glicídico e/ou lipídico, obesidade, doenças cárdio e cerebrovasculares (DCC), osteoporose e transtornos psiquiátricos, como ansiedade e depressão Diagnóstico diferencial Outras espondiloartrites, hiperostose difusa esquelética idiopática, a síndrome SAPHO (Sinovite, Acne, Pustulose, Hiperostose e Osteomielite) e estados hiperostóticos, como intoxicação pela vitamina A e fluorose. Manifestações laboratoriais ● Achados inespecíficos e comuns às doenças inflamatórias crônicas ● Anemia normo normo ou hipocrômica ● Leucocitose leve ● Aumento do VHS e da PCR ● Elevações de fosfatase alcalina e de imunoglobulina A (IgA). Imagem Radiografia ● Melhor incidência → Ferguson modificada → paciente é colocado em posição supina, com os joelhos e os quadris fletidos, o tubo de raios X centrado em L5-S1 e angulado a 25 a 30° em direção cranial (de modo a se obter um AP verdadeiro das articulações sacroilíacas). ● As incidências oblíquas também podem ser úteis. ● Alterações radiográficas típicas da sacroiliíte → simétricas, progressiva perda da nitidez dos contornos da articulação, esclerose óssea (hipotransparência mal definida) subcondral, erosões nas bordas articulares, podendo levar a pseudoalargamentos, redução do espaço articular e fusão parcial (pontes ósseas) ou completa (anquilose) das articulações.. ● Na coluna lombar, pode ser observada a quadratura vertebral (perda da concavidade normal da borda anterior do corpo vertebral) ● Podem ocorrer erosões nos ângulos superiores e inferiores dos corpos vertebrais (lesão de Romanus), sítio de inserção do anel fibroso dos discos intervertebrais. A reparação adjacente dos ângulos vertebrais leva a um aspecto denominado ângulo brilhante (shining corner). Essas alterações são seguidas por fibrose e ossificação das camadasexternas do anel fibroso do disco intervertebral (fibras de Sharpey) e das camadas profundas dos ligamentos longitudinais ● Com a redução da mobilidade da coluna, podem ocorrer calcificações dos discos intervertebrais, osteoporose e fraturas vertebrais, em especial se houver também anquilose das articulações interapofisárias. ● A ossificação do ligamento interespinhoso leva à anquilose dos processos espinhosos, que, na radiografia em visão anteroposterior, causa o aspecto chamado “trilho de bonde” 8 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● O acometimento das ênteses pode levar à formação de erosões ósseas e, subsequentemente, de esporões, sobretudo na junção da fáscia plantar ao subcalcâneo e do tendão do calcâneo ao retrocalcâneo RM ● Protocolo básico → cortes semicoronais e semiaxiais em ao menos uma sequência anatômica (T1) e uma sequência sensível a líquido (STIR ou T2 Fat-Sat), sendo dispensável, na maioria das vezes, o uso do contraste (gadolínio) ● Edema de medula óssea (EMO)/osteíte → é visualizado nas sequências sensíveis a líquido, com recurso de saturação de gordura ● Sinovite → bem visualizada em T1 com saturação de gordura e contraste com gadolínio→ linha hiperintensa (semelhante à intensidade dos vasos sanguíneos) intra-articular, na porção sinovial da articulação sacroilíaca ● Entesite → sinal hiperintenso em qualquer sequência sensível a líquido, nas junções dos tendões e ligamentos com os ossos, inclusive nos ligamentos interósseos posteriormente ● Capsulite→ sinal hiperintenso em sequências sensíveis a líquido, envolvendo a cápsula anterior e posterior da articulação sacroilíaca → pode se estender medial e lateralmente em torno do periósteo. ● Lesões estruturais (ou crônicas) → esclerose óssea subcondral, as erosões, as pontes ósseas entre as margens articulares e a substituição (metaplasia) gordurosa. Diagnóstico ● Clínica + imagem ou HLA-B27 ● Critérios da Sociedade Internacional para a Avaliação das Espondiloartrites Sacroileíte em exame de imagem + pelo menos um comemorativo de espondiloartrite axial OU HLA-B27 + pelo menos dois comemorativos de espondiloartrite axial ● Sacroileíte em EI→ Inflamação da sacroilíaca vista por RM e/ou Sacroileíte definitiva no RX simples ● Comemorativos de espondilite axial: ○ Dor lombar crônica de padrão inflamatório*; ○ Artrite; ○ Entesite (calcâneo); ○ Uveíte anterior; ○ Dactilite; ○ Psoríase; ○ Doença de Crohn ou retocolite ulcerativa; ○ Boa resposta aos AINE; ○ História familiar de espondiloartrite axial; ○ HLA-B27; ○ Proteína C-reativa elevada (descartadas outras causas). Tratamento ● Exercícios, fisioterapia, terapia ocupacional ● AINEs ○ Iniciar com indometacina (na dose de 75 a 150 mg/dia). 9 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ○ Os coxibes (inibidores seletivos da COX-2) também podem ser utilizados com boa eficácia. ● Analgésicos como paracetamol ou opióides podem ser utilizados em pacientes que não obtêm melhora sintomática com o uso de AINE ● NÃO PRESCREVER CORTICOIDE! → Podem piorar a osteoporose vertebral e justarticular relacionada à doença. ● DMARDs ○ Metotrexato tem sido utilizado para tratar manifestações periféricas→ SSZ tbm ● Anti-TNF se refratário ○ Efeitos colaterais: infecções graves, incluindo a tuberculose disseminada; distúrbios hematológicos, como a pancitopenia; distúrbios desmielinizantes; piora da insuficiência cardíaca congestiva; aparecimento de autoanticorpos para LES, além de sintomas clínicos da doença; reações de hipersensibilidade nos locais de aplicação; e doença hepática grave. ○ O uso está indicado para pacientes com doença ativa que não obtiveram resposta ao uso de pelo menos dois AINE diferentes. ○ Antes do início do tratamento, todos os pacientes devem realizar teste tuberculínico (PPD) e radiografia de tórax. ○ Pacientes com PPD ≥ 5 mm devem receber profilaxia para tuberculose. Artrite Reativa ● Artrite inflamatória secundária a uma infecção → não se consegue cultivar o microrganismo causal a partir do líquido sinovial ● Suscetibilidade genética x desencadeador ambiental ● Infecção trato gastrintestinal e geniturinário ○ Yersinia, Salmonella, Shigella, Clostridium difficile, Escherichia coli e Campylobacter ○ Chlamydia trachomatis, Ureaplasma urealyticum e Mycoplasma genitalium ○ Chlamydia pneumoniae e Streptococus B-hemolitico do grupo A 🚨 Infecção à distância + artrite 1-4 semanas depois. ● Diarreia→ Shigella 10 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● Uretrite→C trachomatis ❗ Obs: Para os casos em que não se encontram indícios de infecção, usa-se o termo espondiloartrite indiferenciada. Como ocorre o acometimento? ● Oligo/monoartrite ● Assimétrica ● Grandes articulações Epidemiologia ● Predominância em homens quando infecção genitourinária ● Uma das principais causas de artrite aguda em adultos jovens, ocorrendo tanto em homens quanto em mulheres, com pico de incidência na terceira década de vida ● Correlação com HLA-B27 ● Acomete principalmente indivíduos entre 18-40 anos, mas pode ocorrer em outras faixas etárias ● Existem duas formas reconhecidas de artrite reativa: ○ Pós-disentérica ou epidêmica → maior frequência em crianças, após surtos disentéricos. ○ Pós-venérea ou endêmica. → predomina em adultos jovens, se desenvolvendo após episódios de uretrite ou cervicite. Fisiopatologia ● Desconhecida🙂 Quadro clínico Apresentação clínica variável, desde uma monoartrite efêmera até um quadro multissistêmico grave. → Maioria dos pacientes desenvolve a artrite 1-4 semanas após o relato da infecção (diarreia) ou da relação sexual que transmitiu a doença venérea (período de incubação). ● A duração típica da doença é de três a cinco meses ● A maioria dos pacientes remite completamente ou tem pouca doença ativa dentro de 6 a 12 meses após a apresentação ● 15 a 20% artrite persistente crônica ● Pior evolução = Clamydia, HLAB27, homens, manifestações viscerais e falta de adesão ao tratamento Sintomas constitucionais ● Fadiga ● Mal-estar ● Febre ● Perda ponderal Artrite ● Oligoarticular, assimétrica, aditiva e afeta principalmente os membros inferiores (em especial o joelho). ● Muito dolorosa ● Acometimento axial = casos mais graves / cronificação / HLAB27 ● Sacroileíte assimétrica ● Comum início das queixas articulares acontecer de modo agudo, podendo ocorrer rigidez articular, calor, edema e certo grau de rubor nas articulações afetadas. Outras manifestações reumatológicas → artralgias, dactilite, tendinite do tendão de Aquiles, fasciíte plantar e outras entesopatias, incluindo a sacroileíte. ● Dactilite → dedo em salsicha → edema inflamatório difuso em um dedo solitário (da mão ou do pé). ● Dor na coluna vertebral é um achado comum. ● As alterações radiográficas da articulação sacroilíaca, quando presentes, tendem a ser assimétricas ● Entesite → inserção no retrocalcâneo do tendão do calcâneo é muito acometida. Tríade→ artrite + uretrite + conjuntivite = Síndrome de Reiter ● Mais encontrada quando os agentes etiológicos são Shigella e Chlamydia Minoria tem sacroileíte! ● 20% Manifestações extra articulares ● Ceratodermia blenorrágica → pápulas escamosas com crostas na palma das mãos, planta ou dorso dos pés→ tbm pode ser encontrada em membros, tronco ou couro cabeludo → vesículas hiperceratóticas, que formam uma crosta antes de desaparecerem 11 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● Balanite circinada ● Dactilite ● Úlcera oral ● Uveíte anterior → manifesta-se com vermelhidão ocular, dor e, se não tratada, pode levar à perda visual, tendendo a ser unilateral. ● Conjuntivite = hiperemia / dor em queimor / lacrimejamento / secreção mucopurulenta ● Alterações das unhas → onicólise, pigmentação distal amarelada e hiperceratose empilhada, distrofia ungueal ● Manifestações menos comuns → problemas de condução cardíaca, insuficiência aórtica, lesões do sistema nervoso e infiltrados pulmonares. ● Eritema nosodo Raro cronificar!!!Exames complementares Achados laboratoriais ● Aumento da VHS e anemia. ● Em alguns casos, pode-se cultivar o micro-organismo causador da infecção no seu sítio primário, embora isso seja raro (é difícil que a infecção ainda esteja presente por ocasião da artrite). ● Podem-se identificar altos títulos de anticorpos contra o patógeno da infecção desencadeante da artrite. Alterações radiológicas ● Osteoporose justarticular, erosões marginais, perda do espaço articular e periostite com formação de osso novo podem ser encontradas. ● Osteófitos na inserção da fáscia plantar são comuns. 🥛 A análise do líquido articular pode ser útil, na medida em que possibilita afastar possíveis diagnósticos diferenciais, como artrite por cristais e artrite infecciosa. Diagnóstico diferencial ● Gonococcemia, que se manifesta com poliartralgia, febre, seguida por oligoartrite e tenossinovite Diagnóstico ● Clínicoooo! + por exclusão ○ Exige a presença de oligoartrite inflamatória com um histórico positivo de infecção diarreica ou venérea. Tratamento ● AINEs +/- corticoides ○ Indometacina, na dose de 75-150 mg/dia ○ Seletivos (inibidores da COX-2), podem ser utilizados ○ Corticoides sistêmicos = poliartrite grave refratária / entesite ativa ○ Corticoides intrarticulares ● Sulfassalazina (0,5-3,0 g/dia) está reservado para casos refratários aos tratamentos anteriores. ● Agentes neutralizadores do TNF-alfa estão reservados para os pacientes que não responderam ao tratamento com AINE + glicocorticoides intra-articulares + sulfassalazina ou que apresentam contraindicação ao tratamento com sulfassalazina ● ATB se infecção ativa ○ Clamydia = azitromicina 1g DU ou doxiciclina 100mg 12/12hs por 14dias ○ Tratar parceiros ● Artrite crônica ○ DMCD´s = MTX e SSZ ● Evidência limitada→Anti-TNF Enteroartropatias ● Artrite periférica ou axial associada/superposta a uma doença inflamatória intestinal ● Manifestações extraintestinal mais comum nos pacientes com DII ● 14,3 a 44% dos casos de DII ● Artrite periférica x axial ● Manifestações periarticulares como entesistes, periostite e tendinite ● O curso clínico, cujas manifestações principais são diarreia, dor abdominal e sangramento retal, caracteriza-se por períodos de remissão e 12 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA exacerbação e apresenta complicações das mais diversas. ● Associam-se manifestações extraintestinais articulares, cutâneas, oculares, hepatobiliares e vasculares, que podem preceder, ser concomitantes ou suceder a doença intestinal Artrite periférica – mais comum RCU ● Incidência varia entre 2% e 20% ● Duração da doença não influencia a prevalência da artrite ● Pauciarticular e assimétrico, envolvendo preferencialmente os membros inferiores ● Usualmente é transitória e migratória, cronificando em 10% dos casos ● Geralmente o estudo radiológico não demonstra erosões ósseas ● Atividade DII = atividade artrite Artropatia axial – Mais comum Crohn ● Espondilite anquilosante - que é indistinguível clínica e radiologicamente da EA idiopática - e a sacroileíte assintomática ● Sacroileíte bilateral assintomática é vista em 4% a 25% dos pacientes com DII ● Sintomas não relacionados com a atividade DII ● Pode preceder o inicio da doença intestinal em anos ● Associação HLAB27 Tratamento ● Cuidado com o uso de AINES → piora a atividade inflamatória intestinal ● Preferir os seletivos da Cox-2 ● Mínima dose necessária pelo menor período possível ● Corticóide ● DMCD´s = MTX / SSZ / AZA ● Anti-TNF Artrite Psoriásica Epidemiologia ● Afeta entre 4-30% dos portadores de psoríase ● Acomete portadores de psoríase cutânea GRAVE, com lesões extensas ● 20 a 45 anos ● Mulheres e homens igualmente ● Forma axial = homens ● Forma poliarticular simétrica = mulheres ● Prevalência de cerca de 1 a 2 por 1000 na população geral ● Em 75% dos casos lesões cutâneas são as manifestações iniciais ● Apenas em 10% a artrite vem antes das lesões cutâneas ● Lesões ungueais parecem ter maior relação com desenvolvimento de APSO ● TODO paciente com psoríase deve ser triado para sinais e sintomas articulares!!!!! Fisiopatologia ● Acredita-se que os mesmos linfócitos T-CD8+ envolvidos nas lesões cutâneas acabem, em alguns pacientes, lesando também as ênteses e articulações Quadro clínico 5 padrões! → Pode haver sobreposição entre as formas clínicas ou migração ● Oligoartrite assimétrica = 70 a 80% ● Poliartrite simétrica = 5 a 20% ● Predominantemente axial = 5 a 20% ● Artrite predominante de IFD = 10% ● Artrite mutilante = rara Poliartrite periférica simétrica ● Dd AR→ FR - ● Doença mais prolongada ● Mais evidências de lesões erosivas ● Pequenas articulações→ mãos e punhos sem IFD ○ Nº menor que AR ○ FAN - Acometimento axial ● Dd espondilite anquilosante ● Assimétrica e aleatória ● Melhor prognóstico que EA ● Acometimento cervical anquilosante ou erosivo 13 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Oligoartrite periférica assimétrica ● Progressão para a forma poliarticular ● Acomete preferencialmente MMII ● Pode acometer pequenas articulações de mãos e pés ● Envolve, na maioria das vezes, uma grande articulação, como o joelho. ● As demais articulações afetadas são geralmente as metatarsofalangianas ou interfalangianas dos pés. ● A dactilite costuma estar presente, sendo o principal indício de entesite nesses doentes. Obs: ● Erosões mais grosseiras ● Sindesmófitos mais grosseiros ● Dactilite e entesite frequentes ● Afilamento de falanges terminais ● Sacroileíte assimétrica Artrite de IFD Artrite mutilante ● Doença de longa duração ● Leve predominância feminina ● Desorganização das articulações levando a subluxação e telescopagem Exames complementares ● VHS→ elevada ● Hiperuricemia → alto turnover das células cutâneas, → aumento na síntese e degradação de ácidos nucleicos, o que faz aumentar a produção endógena de ácido úrico. ● Uma descamação cutânea acentuada pode espoliar os estoques corporais de ferro e ácido fólico, os quais, portanto, devem sempre ser avaliados e repostos quando necessário. Achados radiográficos típicos: ● Erosões ósseas marginais, progressivas e irregulares, que nas falanges promovem a "deformidade em ponta de lápis" – mas que podem aparecer em diversos outros ossos, incluindo as diáfises de ossos mais longos e os próprios corpos vertebrais; ● Reação periosteal de neoproliferação óssea "felpuda", o que aparece principalmente nos sítios de inserção óssea das ênteses e tendões musculares. ● Surgimento de sindesmófitos entre os corpos vertebrais, que inclusive aparecem de maneira randômica e em menor quantidade do que na EA. ● Erosões mais comum nos pacientes com dactilite e poliartrite ● Menos erosões em punhos e mais erosões em IFD´s x AR ● Menos osteopenia x AR ● Afinamento da falange + erosão da base = lápis no copo ou pencil in cup 14 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Diagnóstico Exclusão de patologias que podem se apresentar de forma semelhante, num paciente com lesões cutâneas e/ou ungueais de psoríase. ● Diferenciação com AR se dá pela ausência do fator reumatoide e pelo acometimento das IFD, além da frequente presença de sinais clínicos de entesite, como dactilite e inflamação do calcâneo. ● A diferenciação com EA é evidente devido à assimetria do comprometimento sacroilíaco, bem como pela distribuição aleatória e também assimétrica dos sindesmófitos vertebrais. ● Em relação à ARe, nota-se a ausência das manifestações extra-articulares da síndrome de Reiter CASPAR→ ao menos 3 pontos para diagnóstico! Tratamento ● Casos leves podem ser satisfatoriamente controlados apenas com AINE. ○ Melhora clínica e de progressão radiográfica ○ Uso continuo = melhor resposta sem aumento do risco efeitos adversos ● Corticoides podem piorar lesão cutânea!!! ○ Doses baixas e com retirada lenta ○ Sem papel importante ○ Pode ter alguma melhora nos quadros perifericos ○ Intrarticular – oligoartrites refratárias/ entesites ○ ● Maior número de microrganismos nas áreas de lesões cutâneas!! ● Contra indicação relativa a punção articular e infiltração!!! ● Casos mais graves ou refratários devem ser abordados com metotrexato → também pode melhorar as lesões cutâneas. ○ Melhora cutânea e articular ● Leflunamida→ melhora cutânea e articular tbm ● SSZ→ benefício questionável ● Ciclosporina = usada com ou sem MTX ○ Melhora cutânea e articular ● Pacientes que não respondem podem associar agentes anti-TNF ao metotrexato. ○ Todos os anti-TNF´s são aprovados para uso ○ Etarnecepte, adalimumabe, golimumabe, certolizumabe e infliximabe ○ Podem ser usados com ou sem um DMCD sintético ○ Etanercepte doses iniciais mais elevadas (50 mg duas vezes por semana durante 12 semanas) podem ser benéficas para o tratamento das manifestações cutâneas ○ Falha aos AINE´s na forma axial ● Em alguns indivíduos, as medidas especificamente voltadas para o tratamento da psoríase cutânea (ex.: PUVA = Psoraleno + Luz Ultravioleta), por si só, podem promover melhora das manifestações articulares. ● DMCD´s biológicos ○ Anti-IL17 (secukinumabe/ixequizumabe) ○ Anti IL-12 e IL-23 – ustekinumabe ■ Falha a dois anti-TNF e ao secukinumabe 15 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ■ Muito bom para pele ○ Inibidores da JaK ■ Bloqueadores de co-estimulação (abatacepte)??? Tratamento das EPA AINES ● Melhora clínica e de progressão radiográfica ● Uso continuo = melhor resposta sem aumento do risco efeitos adversos ● Quanto tempo usar??? Corticoides ● Sem papel importante ● Pode ter alguma melhora nos quadros perifericos ● Intrarticular – oligoartrites refratárias / entesites DMCD´s sintéticas ● Eficácia limitada nas manifestações periféricas ● SSZ 2 a 3g dia ● MTX – questiona-se seu uso até nas manifestações periféricas ● Leflunomida ?????? ● Inibidores da JaK – falha aos biológicos – anti-TNF e inibidores IL 17 DMCD´s biológicas ● anti-TNF´s ● Não está indicado uso concomitante de MTX para aumentar taxa de resposta ● Etanercepte não é efetivo na uveite nem para doença de Cronh ● Inibidor IL17 (secukinumabe/ixequizumabe) ○ Pode ser usado como primeiro biológico ou na falha do anti-TNF (ACR prefere ainda os anti-TNF´s) ○ Pacientes com não-resposta primária ao primeiro anti-TNF, preferir mudar de classe ○ Segundo anti-TNF ainda pode ser eficaz, embora o nível de eficácia seja menor 16
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