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A ecologia Apresentação A Ecologia é definida como o estudo científico das interações entre organismos e seus ambientes. A ecologia também pode ser definida como o estudo científico das interações que determinam a distribuição (localização geográfica) e a abundância dos organismos. Assim, como em todos os ramos da ciência, a ecologia está interessada na resolução de questões e busca compreender as causas subjacentes dos fenômenos naturais. Dentro da ecologia, podemos encontrar paisagens, e com elas, o paisagismo. Não há como falar em paisagismo sem pensar nas sucessões e relações ecológicas entre as espécies envolvidas, sejam vegetais ou animais que interfiram no ambiente como um todo. Nesta Unidade de Aprendizagem, você irá ver como a ecologia interfere nos ciclos de vida e sua relação com o paisagismo. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Conceituar a ecologia no âmbito paisagístico.• Identificar os efeitos do clima na evolução das espécies.• Conhecer as conexões existentes na natureza que fomentam os mais variados ciclos da vida.• Desafio O ciclo da vida é um dos mais perfeitos acontecimentos que podemos presenciar em nosso cotidiano. As conexões ou relações ecológicas são responsáveis pela sobrevivência ou extinção das espécies. Sabemos que existem várias relações de conexões ecológicas, podendo ser intraespecíficas ou interespecíficas, harmônicas ou desarmônicas. Você é especialista em Paisagismo e foi contratado para reformular o projeto paisagístico de um sítio. Entre as solicitações do cliente está a retirada das orquídeas penduradas em algumas árvores frutíferas. O cliente justifica o pedido alegando ter notado uma diminuição na quantidade de frutas. Mediante o pedido, qual seria o seu posicionamento? Justifique tecnicamente a retirada ou a permanência das orquídeas nas árvores frutíferas. Infográfico A ecologia abrange vários estudos e conceitos, entre eles a Biodiversidade. Mas afinal, o que é biodiversidade? Conteúdo do livro A ecologia, no estudo das vegetações, considera um quesito muito importante no desenvolvimento das espécies: o bioma. Para saber mais sobre biomas e seus tipos, características e espécies, leia o Capítulo Biomas, da obra "Ecologia Vegetal". Boa leitura. �������� ��� �� ��� ������� � � ������� � �� ��� ��������� ���� �� ��������� �� Fernando Gertum Becker (Capítulos 14-16) Biólogo. Mestre em Ecologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Doutor em Ciências, ênfase em Ecologia e em Recursos Naturais, pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR), SP. Professor adjunto do Departamento de Ecologia do Instituto de Biociências da UFRGS. Leandro da Silva Duarte (Capítulos 6 e 17-21) Biólogo. Mestre em Ecologia pela UFRGS. Doutor em Ciências, ênfase em Ecologia, pela UFRGS. Lúcia Rebello Dillenburg (Capítulos 1, 3, 4) Engenheira agrônoma. PhD em Botânica pela Universidade de Maryland (College Park, EUA). Professora associada do Departamento de Botânica do Instituto de Biociências da UFRGS. Paulo Luiz de Oliveira (Iniciais, Capítulos 2 e 7, Finais) Biólogo. Doutor em Agronomia pela Universität Hohenheim, Stuttgart, República Federal da Alemanha. Professor titular aposentado do Departamento de Ecologia do Instituto de Biociências da UFRGS. Sandra Cristina Müller (Capítulos 9-13) Bióloga. Mestre em Botânica pela UFRGS. Doutora em Ecologia pela UFRGS. Professora adjunta do Departamento de Ecologia do Instituto de Biociências da UFRGS. Sandra Maria Hartz (Capítulos 5 e 8) Bióloga. Mestre em Ecologia pela UFRGS. Doutora em Ciências, ênfase em Ecologia e em Recursos Naturais, pela UFSCAR, SP. Professora associada do Departamento de Ecologia do Instituto de Biociências da UFRGS. Docente do Programa de Pós-Graduação em Ecologia da UFRGS. Equipe de Tradução Biomas1818CAPÍTULO NNosso planeta apresenta um complexo padrão de climas, os quais, por sua vez, têm um papel importante na criação dos padrões complexos de vegetação e tipos de comunidades que nele encontramos. No capítulo anterior, analisa- mos o clima e sua influência na fisionomia das plantas. Aqui, analisaremos mais deta- lhadamente os padrões vegetacionais resultantes. Os ecólogos dividem estes padrões de grande escala em unidades denominadas biomas: regiões biogeográficas princi- pais que diferem umas das outras na estrutura de sua vegetação e em suas espécies vegetais dominantes (Clements, 1916). Os biomas representam a escala maior na qual os ecólogos classificam a vegetação. Neste capítulo, examinaremos estes padrões em ampla escala, analisaremos sucintamente os principais biomas de mundo e teceremos breves considerações sobre algumas das maneiras pelas quais as atividades humanas os afetam. Categorizando a vegetação A classificação da vegetação mundial em biomas (Figura 18.1; Tabela 18.1) estabelece categorias adequadas que descrevem os principais aspectos da vegetação, como es- trutura, função e adaptações. Os biomas não apenas nos dizem muito sobre os tipos de plantas que poderão ser encontrados crescendo em uma determinada área, mas também indicam algo sobre os tipos de animais e outros organismos que provavel- mente nela ocorrem, bem como sobre os principais fatores ambientais limitantes para os seres vivos. Os biomas são fortemente determinados pelo clima, especialmente pela temperatura, pluviosidade e sazonalidade (Figura 18.2). Climas similares em di- ferentes partes do mundo contêm biomas semelhantes, embora seus detalhes difiram. Por exemplo, as florestas perenifólias temperadas são similares por serem dominadas por coníferas de folhas aciculadas na América do Norte, por faias* (latifoliadas) na América do Sul e por eucaliptos (latifoliados) na Austrália. Os biomas são definidos pela fisionomia das plantas dominantes ou mais eviden- tes. Desse modo, reconhecemos diferentes tipos de florestas (p. ex., perenifólias ou de- ciduais, latifoliadas ou de folhas aciculadas), bosques arbustivos e campos. Contudo, não devemos deixar de lado as árvores da floresta: pode haver uma grande variação dentro de um determinado bioma. Em seu estudo sobre as comunidades de um único bioma, a floresta temperada decidual do leste da América do Norte, E. Lucy Braun reconheceu 12 diferentes sub-biomas principais e muitas variantes menores (Braun, 1950). Dentro de um bioma, pode haver manchas de vegetação que se revelam “não- pertencentes”, como florestas ripárias encontradas ao longo de cursos d’água em re- giões campestres e desérticas. A ocorrência dessas manchas nos lembra que o clima é * N. de T. Faia é o nome popular de árvores do gênero Fagus (Fagaceae), nativas das zonas tempera- das da Europa, América do Norte e Ásia. As árvores citadas pelos autores pertencem, na verdade, ao gênero Nothofagus (Nothofagaceae) e ocorrem em várias regiões do Hemisfério Sul. 418 Jessica Gurevitch, Samuel M. Scheiner & Gordon A. Fox somente um fator determinan- te da vegetação. A variação lo- cal nos solos e na topografia, especialmente como esta afeta o microclima, pode influenciar o tipo de vegetação encontra- da em uma área. Por sua vez, os animais que vivem em um dado bioma são determina- dos pela vegetação existente, assim como pelo clima e por outros fatores. Os biomas têm mais uti- lidade como classificações descritivas (embora arbitrárias) do que como categorias quantitativas ou objetivas. Os limites entre biomas podem representar os limites de distribuição das espécies domi- nantes. Por outro lado, há outras espécies cujas distribui- ções podem transcender tais limites. Embora sobre um mapa tracemos limites bem nítidos para os biomas, na rea- lidade esses limites são em geral imprecisos. De modo simi- lar, as categorias que definimos ignoram o fato de que um local específico pode não se ajustar facilmente a qualquer bioma determinado. Além disso, diferentes cientistas pode- riam incluir um lugar em biomas distintos. Algunsutilizam poucos agrupamentos mais abrangentes, enquanto outros usam um critério de separação de tipos de vegetação mais detalhado. As definições dos biomas apresentadas aqui po- dem não corresponder exatamente a outras encontradas em outros textos. Contudo, há um consenso geral sobre catego- rias e definições aproximadas dos biomas. A conotação da expressão “floresta temperada” aqui empregada pode não ser idêntica à adotada em outro con- texto, embora esteja próxima. Se você consultasse a lite- ratura científica, encontraria muitas descrições diferentes de lugares chamados de florestas pluviais. Contudo, não há uma única definição rigorosa do termo – ele é, de fato, usado em referência a florestas que ocorrem em lugares 30ºN 30ºS Equador Floresta pluvial tropical Floresta decidual tropical Floresta espinhosa Savana tropical Deserto quente Chaparral Deserto frio, bosques arbustivos áridos e campos Campo temperado Floresta perenifólia temperada Floresta decidual temperada Taiga Tundra ártica Montanhas altas (taiga e tundra alpina) Gelo Figura 18.1 Principais biomas do mundo. E. Lucy Braun Ecologia Vegetal 419 TABELA 18.1 Principais biomas do mundo: formas de crescimento dominantes e condições climáticas geraisa Bioma Forma de crescimento dominante Angiospermas ou gimnospermas (dominante ou comum) Temperatura Umidade Floresta pluvial tropical Árvores perenifólias latifoliadas Angiospermas Quente Úmida Floresta montana tropical Árvores perenifólias latifoliadas Angiospermas Amena Úmida Floresta decidual tropical Árvores caducifólias e semiperenifólias latifoliadas Angiospermas Quente Sazonalmente seca Floresta espinhosa Árvores caducifólias latifoliadas Angiospermas Quente Seca Bosque tropical Árvores semiperenifólias latifoliadas e gramíneas Angiospermas Quente Moderada Floresta decidual temperada Árvores caducifólias latifoliadas Angiospermas Sazonalmente fria Moderada Floresta pluvial temperada Árvores perenifólias de folhas aciculadas Gimnospermas Sazonalmente fria Úmida Floresta perenifólia tem- perada Árvores perenifólias de folhas aciculadas ou latifoliadas Gimnospermas ou an- giospermas Variada Variada Bosque temperado Árvores perenifólias de folhas aciculadas ou caducifólias latifoliadas e gramíneas Ambas Amena Moderada Taiga Árvores perenifólias de folhas aciculadas Gimnospermas Fria Moderada Bosque arbustivo temperado Arbustos perenifólios, ervas anuais Angiospermas Amena Moderada Campo temperado Gramíneas perenes Angiospermas Sazonal Moderada Savana tropical Gramíneas perenes Angiospermas Quente Moderada Deserto quente Arbustos, suculentas, gramíneas anuais e perenes, ervas anuais Angiospermas Quente Seca Deserto frio Arbustos Angiospermas Amena Seca Bosque arbustivo alpino Arbustos caducifólios Angiospermas Fria Moderada Campo alpino Gramíneas perenes Angiospermas Fria Moderada Tundra Gramíneas perenes, ciperáceas, arbustos e ervas latifoliadas Angiospermas Fria Moderada a Outros fatores, especialmente a sazonalidade, também são importantes. 500 100 Precipitação média anual (cm) Tundra Temperado frio Campo temperado B osque arbustivo tem perad o Bosque tem perado Savana tropical B osque tropical D es er to fr io Floresta espinhosa Deserto quente Floresta decidual temperada Floresta perenifólia temperada Floresta decidual tropical Floresta pluvial tropical Tropical Temperado quente Floresta pluvial temperada Campo alpino Taiga 150 200 250 300 350 400 450 25 30 20 15 10 Te m pe ra tu ra m éd ia a nu al (° C ) –5 –10 –15 5 0 Floresta montana tropical Bosque arbustivo alpino Figura 18.2 A distribuição dos biomas é determinada pelo clima, especialmente pela temperatura e precipitação médias anuais. Nas regiões dentro das linhas tracejadas, outros fatores – como fogo, pastejo e sazonalidade da precipitação – afetam fortemente o bioma presente. O clima também pode interagir com fatores como o tipo de solo para determinar a distribuição dos biomas (segundo Whit- taker, 1975.) 420 Jessica Gurevitch, Samuel M. Scheiner & Gordon A. Fox onde a chuva é abundante e não há estação seca prolonga- da. As florestas pluviais tropicais ocorrem onde haja plu- viosidade substancial ao longo do ano; florestas pluviais temperadas tendem a ocorrer onde haja pesadas chuvas de inverno e chuvas leves de verão, além de consideráveis nevoeiros de verão. A expressão “floresta pluvial” é, por- tanto, adequada como uma descrição geral, mas não como uma categoria rigorosamente definida ou entidade única. Embora tenhamos enfatizado que, cientificamente, os limites entre os biomas (ou comunidades) são arbitrá- rios, isso não é necessariamente verdadeiro sob o ponto de vista da lei. Na Austrália, por exemplo, às áreas desig- nadas como “floresta pluvial temperada” é legalmente proporcionada uma medida de proteção maior do que a outras. Algumas florestas de eucaliptos de lugares muito chuvosos apresentam um sub-bosque representado floris- ticamente por uma floresta pluvial, a qual, na ausência de fogo, substituiria o dossel de eucaliptos em aproximada- mente 300 a 500 anos. Porém, por serem dependentes de queimadas, alguns estados não as consideram legalmen- te florestas pluviais. Se a definição legal australiana fosse aplicada na América do Norte, as florestas de sequoias* da costa do Pacífico não seriam classificadas como florestas pluviais temperadas – categorização com a qual alguns cientistas norte-americanos têm concordado. No Capítulo 9, trouxemos uma controvérsia centra- da nas visões contrastantes de Frederic Clements e Henry Gleason sobre a natureza das comunidades. Clements via as comunidades como entidades altamente previsíveis, controladas primariamente por padrões climáticos em grande escala. Por outro lado, Gleason via as comunida- des como imprevisíveis e variáveis, sujeitas aos caprichos da dispersão, às condições microclimáticas e às distribui- ções individualistas das espécies. Uma maneira de resol- ver esse conflito é reconhecer que cada cientista enfatizou uma escala espacial diferente. Clements enfocou padrões em nível de biomas. Nessa escala, podemos ver padrões regulares e traçar limites em nossos mapas. Gleason pre- ocupou-se principalmente com padrões em níveis locais. Nessa escala, os limites não são distintos, e vemos prin- cipalmente a variação local. Ambas as perspectivas são válidas, porém cada uma nos mostra aspectos diferentes do mundo. Biomas convergentes e evolução convergente Por definição, um dado bioma (como floresta decidual tropical) sempre contém espécies que parecem similares (como árvores caducifólias). Essa similaridade de forma acontece por meio de três processos: um ecológico, um evolutivo e um na interseção entre ecologia e evolução. O processo ecológico é o arranjo de espécies (species sorting), o qual significa que as mesmas espécies ou aquelas intima- * N. de T. Na versão original lê-se redwood forests, em referência a ti- pos florestais dominados por várias espécies arbóreas com madeira avermelhada, especialmente Sequoia sempervirens (Cupressaceae). mente relacionadas são encontradas em um determinado bioma porque aquela forma é bem adaptada àquele am- biente. Um exemplo são os campos dominados por espé- cies da família Poaceae. O processo evolutivo é a descen- dência comum, combinada à história biogeográfica dessas espécies aparentadas. Por exemplo, muitos desertos quen- tes nas Américas do Norte e do Sul contêm cactos porque a família Cactaceae surgiu na América do Norte. O processo que combina ecologia e evolução é a evo- lução convergente – a evolução independente de caracte- rísticas similares em táxons não-aparentados. Geralmente, esses atributos similares ocorrem por seleção natural, a qual é dirigida pela ecologia dos organismos (ver Capítulo 6). Um exemplo admirável de evolução convergente é en- contrado entre as plantas alpinas das famílias Campanula- ceae e Asteraceae. Lobelia rhynchopetalumcresce nas mon- tanhas da Etiópia e Espeletia pycnophylla cresce nos Andes da América do Sul. Ambas exibem um aspecto incomum, atingindo até 2 m de altura, com um tronco espesso enci- mado por uma roseta de folhas (Figura 18.3). Sua altura é uma adaptação a grandes oscilações diárias na temperatu- ra. Durante a noite, a temperatura junto ao solo pode cair abaixo do ponto de congelamento, pois o terreno perde grandes quantidades de energia radiante para o céu no- turno muito frio. Porém, as partes superiores das plantas, a 2 m acima do chão, permanecem acima do ponto de con- gelamento devido ao aporte de energia radiante de ondas longas do solo (ver Capítulos 3 e 17). Assim, as flores e os meristemas sensíveis jamais experimentam temperaturas de congelamento. As duas espécies evoluíram de espécies herbáceas rasteiras, que viviam em elevações mais baixas. Embora um determinado bioma mostre similaridades gerais de forma em diferentes lugares, devido a proces- sos evolutivos e históricos, as características do bioma em um local podem diferir em detalhes daquelas do mesmo bioma em outro local. Considere o exemplo anteriormente mencionado das florestas perenifólias temperadas. A ra- zão pela qual essas florestas são dominadas por eucalip- tos somente na Austrália é que o gênero Eucalyptus sur- giu durante o Cretáceo, no antigo continente que incluía a Austrália (Figura 20.5B) e nunca se dispersou para fora dele (Ladiges et al., 2003). Assim, a história biogeográfica pode criar tanto similaridades quanto diferenças entre os biomas. Um aspecto útil do conceito de bioma é que ele fornece um arcabouço para análise e separação dos efeitos de arranjo de espécies, evolução convergente, descendên- cia comum e história biogeográfica. A evolução convergente é uma importante peça de evidência de que um dado atributo é uma adaptação devi- do à seleção natural. Uma maneira de determinar se esse é o caso é perguntar: “Verificamos a repetição da mesma forma em ambientes similares?” A tolerância a metais pe- sados, por exemplo, tem sido encontrada repetidamente em populações de plantas que vivem em rejeitos de mi- neração, em diferentes locais (ver Capítulo 6). Mas como podemos saber se a forma de uma espécie ou de um gru- po de espécies representa uma adaptação? Nas Cactaceae, todas as espécies são do tipo CAM (metabolismo ácido das crassuláceas, ver Capítulo 2). Quase todos os cactos Ecologia Vegetal 421 também crescem em ambientes ou microambientes secos. O metabolismo ácido das crassuláceas é uma adaptação à baixa disponibilidade de água? Uma explicação alter- nativa é que todas as espécies da família Cactaceae são do tipo CAM, não por uma estratégia adaptativa, mas somente porque os seus ancestrais exibiam esse metabo- lismo. A adaptação de espécies das Cactaceae a condições secas pode não ter nada a ver com a ocorrência desse tipo de metabolismo; essa associação poderia ser apenas uma coincidência. Como separamos tais associações fortuitas das moti- vadas pela adaptação por seleção natural? Procuramos as- sociações repetidas como a evolução convergente. Já que as plantas de muitas famílias não-aparentadas encontradas em hábitats e micro-hábitats áridos são do tipo CAM, e como esse tipo de metabolismo evoluiu independentemen- te em muitas delas, começamos a nos convencer de que ele oferece vantagens adaptativas nestes ambientes. Por co- nhecermos os mecanismos fisiológicos envolvidos, enten- demos que este tipo de metabolismo resulta no uso restrito da água e na maior eficiência no uso da água em plantas que apresentam esta rota fotossintética. Essas múltiplas li- nhas de evidência tornam mais crível que tipo de metabo- lismo em questão é uma adaptação a condições secas. Outro exemplo de evolução convergente é encontrado na morfologia de alguns cactos dos desertos das Américas do Norte e do Sul e em plantas da família Euphorbiaceae que crescem em regiões áridas do sul da África e da Ásia. Considere Myrtillocactus geometrizans e Euphorbia lactea; essas duas espécies vegetais se assemelham notavelmente (Figura 18.4). Ambas são áfilas, apresentam caules verdes fotossintéticos, exibem formas colunares, têm espinhos ao longo das costelas do caule e são do tipo CAM. Têm pa- rentesco muito distante, de modo que suas características similares devem dever-se a eventos evolutivos indepen- dentes. Outros membros do gênero Euphorbia, muito mais proximamente aparentados a E. lactea, mostram-se muito diferentes; o gênero inclui espécies com amplas varieda- des de formas de crescimento, desde pequenas ervas anu- ais a arbustos e plantas grandes (a amplamente cultivada poinsétia, E. pulcherrima, é um membro desse gênero). Ou- tra maneira pela qual sabemos que as similaridades extra- ordinárias entre M. geometrizans e E. lactea são resultantes de evolução convergente é que alguns dos atributos têm origens de desenvolvimento diferentes. Os espinhos dos cactos evoluíram de folhas, as quais podem ainda ser vis- tas em cactos primitivos. Por outro lado, os espinhos de E. lactea evoluíram de estípulas (apêndices dos pecíolos). A evolução independente de características tão similares somente por acaso é bastante improvável. Portanto, pode- mos confiar em nossa conclusão de que essas característi- cas são adaptações às condições em ambientes de deserto. No restante deste capítulo, analisaremos padrões ve- getacionais por meio de uma perspectiva de grande escala à medida que examinamos os principais biomas e notamos o que os distingue uns dos outros. Florestas tropicais úmidas Floresta pluvial tropical A floresta pluvial tropical é um dos biomas mais diversifi- cados e produtivos do planeta. Embora represente apenas 11% da superfície seca da Terra, ela responde por 30% da (A) (B) Figura 18.3 Exemplo de evolução convergente: duas espécies da tundra alpina com aparência similar. (A) Lobelia rhynchopetalum (Campanulaceae), encontrada nas montanhas Bale (Etiópia) (fotografia © M. Harvey / Alamy). (B) Espeletia pycnophylla (Asteraceae), encontrada nos Andes da América do Sul (foto- grafia de P. Jørgensen). Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Dica do professor O paisagismo deve estar relacionado ao meio em que será ou está inserido, para que contribua para o bem-estar das pessoas e o equilíbrio das espécies (vegetais ou animais). Mas será possível fazer um paisagismo ecológico? Como interferir em um espaço sem agredir as espécies existentes nele? Veja na dica do professor! Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/97bf693dc72b0605483334ee0400d0d5 Exercícios 1) Quando temos organismos da mesma espécie, trabalhando unidos para o bem do grupo, temos um tipo de relação intraespecífica harmônica. Os agrupamentos que se caracterizam por possuírem divisão de trabalho, sistema de classes e indivíduos que apresentam relativa independência e mobilidade recebem o nome de: A) a) Colônia. B) b) Sociedade. C) c) Mutualismo. D) d) Protocooperação. E) e) Inquilinismo. 2) A definição de ecologia é um tema bastante debatido, principalmente pela diferenciação que há quando comparamos as definições da população com as dos profissionais. Diante dessa situação, marque a alternativa que apresenta a definição de ecologia do ponto de vista profissional. A) a) Ecologia é o estudo científico das interações entre os organismos e seu ambiente. B) b) Ecologia é o estudo dos organismos. C) c) A ecologia estuda o habitat das espécies. D) d) Na ecologia, o meio e os habitantes não influenciam nos resultados. E) e) A ecologia é o estudo das espécies e do ambiente, porém não considera as interações entre ambos. 3) Ao falarmos em ecologia, estamos falando sobre o ambiente físico das espécies. Assinale aalternativa que se relaciona corretamente com a ecologia. A) a) O clima é a característica com menor influência no ambiente físico. B) b) Os ventos e as correntes oceânicas resultam de diferenças na rotação da superfície da Terra. C) c) Os padrões de circulação atmosférica e oceânica de larga escala determinam os padrões globais de temperatura e precipitação. D) d) Os climas regionais refletem a influência da distribuição de oceanos, continentes e altitude, mas não interferem nas vegetações. E) e) O ambiente químico não influi no desenvolvimento das espécies. 4) "A exuberância da Mata Atlântica certamente deslumbrou portugueses e, depois deles, muitos outros europeus, viajantes acostumados às florestas temperadas abertas e à vegetação de baixo porte do Mediterrâneo." Fonte: National Geographic, maio de 2007. Talvez você não conheça florestas temperadas ou a vegetação mediterrânea, mas a Mata Atlântica diz respeito a todos nós! As formações vegetais estão associadas a diferentes tipos de clima e a uma fauna característica, além de interagirem com os demais elementos do ecossistema. Essa associação própria e única de fatores (flora, fauna, clima, solo, entre outros) caracteriza um(a) _______________, que tem como exemplo bem brasileiro a Mata Atlântica. Assinale a alternativa que preenche a lacuna corretamente. A) a) Nicho ecológico. B) b) Biosfera. C) c) Biotipo. D) d) Biocenose. E) e) Bioma. 5) (UNICENTRO) Assinale a alternativa correta sobre o papel da biodiversidade animal e/ou vegetal na manutenção do equilíbrio ambiental. A) a) A biodiversidade garante a manutenção da biomassa vegetal de um bioma, isto é, a produção de massa vegetal por unidade de área. Um ambiente pouco biodiverso é sempre pobre em biomassa vegetal. B) b) A biodiversidade garante a reprodução das espécies vegetais e animais de maior utilidade para as pessoas, como é o caso das plantas cultivadas. C) c) A biodiversidade vegetal e animal de um bioma garante a manutenção dos microclimas regionais, amenizando os efeitos das mudanças climáticas globais. D) d) A biodiversidade da fauna garante a manutenção da flora de um bioma, visto que os quadros de vegetação dependem, essencialmente, das condições do clima e da distribuição da fauna. E) e) A manutenção da biodiversidade original em um bioma permite que as cadeias alimentares se mantenham íntegras e que continue havendo um bom controle natural nas relações entre presas e predadores. Na prática Você pode ter atitudes que preservem a ecologia sem ser um "ecochato", sabia? Confira algumas dicas. Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Ecologia: Conceitos Básicos Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Manual Técnico da Vegetação Brasileira Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Os Biomas Brasileiros Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://www.youtube.com/embed/atvr2vEwOzw http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv63011.pdf http://educacao.globo.com/biologia/assunto/ecologia/biomas-brasileiros.html
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