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Origens e Poder dos Governantes

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O	CONTRATO	SOCIAL
A	 ideia	 de	 que	 os	 governantes	 regem	 por	 meio	 de	 sanção	 divina,	 e	 não	 pelo
consentimento	 dos	 governados,	 remonta	 às	 origens	 da	monarquia.	Alguns	 dos
primeiros	textos	do	antigo	Oriente	Próximo	são	genealogias	que	mostram	que	os
ancestrais	 do	governante	 descendem	de	um	deus,	 justificando	 assim	 seu	poder
terreno.
No	 Egito,	 o	 faraó	 era	 filho	 do	 deus	 Sol,	 Rá.	 No	 Japão,	 os	 imperadores
alegavam	descender	da	deusa	Amaterasu,	uma	reivindicação	abandonada	apenas
após	 a	 derrota	 do	 país	 na	 Segunda	 Guerra	 Mundial.	 Na	 China,	 o	 imperador
mantinha	 “o	 mandato	 do	 céu”,	 mas	 um	 imperador	 injusto	 poderia	 ter	 seu
mandato	cassado.	Esse	conceito	alimentou	as	trocas	muito	violentas	de	dinastias
na	história	imperial	chinesa.
Na	tradição	judaico-cristã,	o	monarca	é	ungido	com	óleo	na	coroação,	o	que
deriva	do	relato	bíblico	da	unção	de	Davi,	rei	de	Israel:	“Samuel	pegou	o	chifre
cheio	de	óleo	e	ungiu-o	no	meio	dos	seus	irmãos.	E,	a	partir	daquele	momento,	o
Espírito	do	Senhor	apoderou-se	de	Davi”.	A	ideia	do	monarca	como	o	ungido	de
Deus	 levou	à	doutrina	do	 “direito	divino	dos	 reis”,	 que	 sustenta	que	o	 rei	 não
precisa	do	consentimento	do	seu	povo,	da	sua	aristocracia,	do	seu	parlamento	ou
mesmo	da	Igreja.	Ele	responde	apenas	a	Deus.
O	rei	Jaime	VI	da	Escócia	(mais	tarde,	Jaime	I	da	Inglaterra)	era	um	monarca
que	defendia	 esse	dogma	absolutista.	Suas	 crenças	 levaram-no	a	desconsiderar
os	 direitos	 e	 privilégios	 reivindicados	 pelo	 Parlamento	 Inglês,	 a	 assembleia
legislativa	 destinada	 a	 representar	 o	 povo.	 Seu	 filho	 e	 sucessor,	 Carlos	 I,
compartilhou	 seus	 pontos	 de	 vista	 e	 tentou	 governar	 sem	 parlamento.	 O

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