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CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE É a verificação da adequação entre as normas infraconstitucionais e a Constituição. FUNDAMENTO A base do controle da constitucionalidade está na supremacia da Constituição escrita ela se sobrepõe a todas as demais normas do país. O que estiver em desacordo com a Constituição deve ser declarado inconstitucional. Requisitos para o exercício do Controle Constitucional: Presença de uma Constituição rígida. Existência de um órgão que efetivamente assegure a supremacia do texto constitucional. FORMAS DE INCONSTITUCIONALIDADE Inconstitucionalidade por Ação: é a produção de atos legislativos que contrariem dispositivos constitucionais, que podem ser materiais ou formais. Materiais – produção de atos legislativos ou normativos que desrespeitem o próprio conteúdo das normas constitucionais. Formais – produção de atos por autoridade incompetente ou em desacordo com as formalidades legais, como prazos, ritos etc. Inconstitucionalidade por Omissão: É a não elaboração de atos legislativos que impossibilitem o cumprimento de preceitos constitucionais. Ex. art. 7°, XI enquanto esse preceito não for cumprido haverá uma inconstitucionaliade por omissão. Para solucionar a inércia legislativa existe a ação de inconstitucionalidade por omissão, art. 103, § 2° e o mandado de injunção art. 5°, LXXI. Art. 103, § 2º - “Declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva norma constitucional, será dada ciência ao Poder competente para a adoção das providências necessárias e, em se tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias.” FORMAS DE CONTROLE O controle da constitucionalidade pode ser exercido em dois momentos, antes ou depois da aprovação do ato legislativo ou nomrativo: Preventivo: antes da elaboração da lei, impede que um projeto de lei inconstitucional venha a ser promulgado. Como o controle preventivo. É Exercido pelo Poder Legislativo e Executivo, pelo Legislativo através das Comissões (art. 58 CF), o Poder Executivo através do veto do Presidente da República ao projeto de lei aprovado pelo Legislativo 9art. 66 § 1°). Repressivo, sucessivo ou “a posteriori” - Realizado após a elaboração da lei ou do ato normativo. Sua finalidade é retirar uma lei ou ato normativo inconstitucional da esfera jurídica. Essa forma de controle é exercida nos países que adotam o sistema norte-americano pelo Poder Judiciário. No Brasil como veremos adiante esse controle é exercido no sistema em abstrato e em concreto. ÓRGÃOS DE CONTROLE O controle de constitucionalidade pode ser exercido através de diversos órgãos pertencentes ou não ao Poder Judiciário. Político: O controle político da constitucionalidade é exercido por órgão não pertencente ao Poder Judiciário. Ex. França ele é feito pelo Conselho Constitucional. Judicial ou Judiciário: O controle judicial da constitucionalidade é exercido pelos integrantes do Poder Judiciário. Ex. Brasil, EUA, pelos critérios difuso ou concentrado. Parecer 137/2006-E - Processo CG 1.066/2005 Data inclusão: 22/02/2008 Registro de Imóveis – Loteamento – Averbação de desafetação de logradouros classificados como bens de uso comum do povo para a classe de bens dominiais – Admissibilidade – Existência de lei municipal por meio da qual se aperfeiçoou a desafetação que se pretende averbar – Inadmissibilidade de recusa do ato por eventual incompatibilidade da lei municipal com a Constituição Estadual – Controle de constitucionalidade somente possível na esfera jurisdicional – Recurso provido. CRITÉRIOS DE CONTROLE Difuso: O controle da constitucionalidade é exercido por todos os integrantes do Poder Judiciário. Qualquer juiz ou tribunal pode declarar a inconstitucionalidade da lei no caso em exame. (EUA) Concentrado: O controle só é exercido por um Tribunal Superior do país ou por uma Corte Constitucional. (Alemanha) O Brasil adota os dois critérios SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL Superior Tribunal de Justiça Tribunal Superior do Trabalho Superior Tribunal Militar TSE Tribunal de Justiça Tribunal Regional Federal Tribunal Regional do Trabalho Tribunal de Justiça Militar Tribunal Regional Eleitoral Juízes Estaduais Juízes Federais Varas do Trabalho Conselhos de Justiça (Militar) Juízes eleitorais MEIOS DE CONTROLE Incidental ou via de defesa: O objeto da ação é a satisfação de um direito individual ou coletivo, sendo alegada de forma incidental a ofensa do ato legislativo ou normativo ao Texto Constitucional. Principal ou via de ação: O objeto da ação é a própria declaração da inconstitucionalidade do ato legislativo ou normativo. EFEITOS DA DECISÃO Inter partes. A decisão produz efeitos somente entre as partes, para as pessoas que participaram da relação processual. É uma conseqüência da via de defesa. Erga omnes. A decisão produz efeitos para todos. É uma conseqüência da via de ação. NATUREZA DA DECISÃO Ex tunc. A decisão que declara a inconstitucionalidade de uma lei ou ato normativo é retroativa, alcançando a lei e todas as suas conseqüências jurídicas desde a sua origem. Ex nunc. A decisão que declara a inconstitucionalidade de uma lei ou ato normativo não é retroativa, produzindo efeitos a partir da sua publicação Em regra as decisões proferidas em ADIN e em Ação declaratória de Constitucionalidade possuem efeitos ex tunc. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE NO BRASIL No Brasil o controle da constitucionalidade é exercido por todos os poderes constituídos, que têm o dever de zelar pelo respeito à Constituição. O controle preventivo é exercido pelos Poderes Legislativo e Executivo, que impedem que um projeto de ato legislativo inconstitucional venha a ser aprovado. Como já mencionado será através das Comissões de Constituição e Justiça existente em toda Casa Legislativa e o Executivo pelo poder de veto. Excepcionalmente o STF tem admitido através de mandado de segurança contra ato do Presidente de uma Casa Legislativa que admita a tramitação de uma proposta de emenda Constitucional que pretenda uma supressão de cláusula pétria, no mais em face do princípio da separação dos poderes não se admite o ajuizamento de ação para questionar a constitucionalidade de projeto de ato legislativo. Só após aprovação e promulgação. O controle repressivo é levado a efeito pelo Poder Judiciário, acaso o projeto de lei que contenha alguma inconstitucionalidade venha ser aprovado pelo Legislativo e sancionado pelo Executivo. O controle será exercido por duas vias: pela via principal de ação como pela exceção ou incidental. Como exceção, a Constituição permite que o controle repressivo venha ser exercido pelo Poder Legislativo a fim de retirar do ordenamento jurídico normas já editadas: 1) Decreto Legislativo do Congresso Nacional visando sustar atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar (CF - art. 84, IV); 2) medidas provisórias rejeitadas pelo Congresso Nacional por apresentarem vício de constitucionalidade , por não atenderem os pressupostos constitucionais de relevância e urgência (CF, art. 62, § 5°). DOIS SISTEMAS DE CONTROLE DA CONSTITUCIONALIDADE: EM ABSTRATO E EM CONCRETO Controle em abstrato ou direto da constitucionalidade ou via principal ou de ação em concentrado: É questionada a própria constitucionalidade ou não de uma lei, não se admitindo discussão de situações de interesse meramente individuais. 1. O objeto da ação é a própria declaração da inconstitucionalidade ou constitucionalidade do ato legislativo ou normativo; 2. A ação deve ser proposta diretamente perante o Supremo Tribunal Federal (controle concentrado). 3. a decisão tem efeito erga omnes. 4. Titularidade somente as elencadas no art. 103 CF. 5. Declarada a inconstitucionalidade a lei torna-seimediatamente inaplicável. Controle em concreto ou indireto da constitucionalidade ou via de defesa ou de exceção ou difuso ou aberto Objeto da ação é a satisfação de um direito individual ou coletivo. A inconstitucionalidade será argüida incidentalmente (autor ou réu) em mandado de segurança, hábeas corpus ou qualquer outra ação. A questão pode ser argüida perante juiz ou tribunal (controle difuso), essa via permite decisões conflitantes. A decisão produz efeitos inter partes. Só vincula as partes da relação processual. Só o titular do direito pode argüir a inconstitucionalidade. Questionada através de Recurso Extraordinário (STF) deve ser comunicado ao Senado para que efetue a suspensão da executoriedade da lei. MODALIDADES DE AÇÃO DIRETA Ação direta de inconstitucionalidade (CF, art. 102, I “a”, primeira parte) Visa a declaração de inconstitucionalidade de lei federal ou estadual, perante e a Constituição Federal. Competência originária do STF. Tratando-se de lei estadual ou municipal, competência do Tribunal de Justiça Estadual. Ação declaratória de constitucionalidade (CF, art. 102, I “a”, segunda parte) Visa declaração da constitucionalidade de uma lei ou ato normativo federal. Tem efeito erga omnes, e por isso utilizada pelo Governo para evitar decisões divergentes em instâncias inferiores. Não há previsão legal para declaração de lei ou ato normativo estadual. Ação de inconstitucionalidade por omissão (Cf, art. 103, § 2°). Visa suprir a omissão dos poderes constituídos, que deixaram de elaborar a norma regulamentadora que possibilita o exercício de um direito previsto na Constituição. Representação Interventiva Visa o restabelecimento da ordem constitucional no estado ou no município, há duas modalidades de ação interventiva: federal e estadual. A primeira, busca promover a intervenção da União nos Estados, enquanto que a segunda do Estado no município. A primeira é de competência do Supremo Tribunal Federal e a segunda dos Tribunais de Justiça Estadual. Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental Controle concentrado, só pode ser dirigido ao STF, foi regulado pela Lei 9.882/99 (eficácia limitada), quando não houver qualquer outro meio (ADIN, MS, ação popular, agravo regimental, recurso extraordinário dentre outras medias previstas) para sanar situação de lesividadade a preceito fundamental decorrente de ato ou omissão do Poder Público ou quando for relevante o fundamento da controvérsia constitucional sobre ato normativo federal, estadual ou municipal. Legitimidade ativa: rol do art. 103 CF ou aos demais interessados cabe uma representação ao Procurador Geral da República. Concessão de Medida Cautelar no Controle em Abstrato da Constitucionalidade. O Art. 102, I, p, da CF permite expressamente a concessão de cautelar nas ações diretas de inconstitucionalidade., dentro do poder geral de cautela do Poder Judiciário. Princípio da Reserva de Plenário Os Tribunais somente poderão declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo Órgão Especial. Assim, a questão da constitucional deverá ser examinada pelo Plenário do tribunal ou pelo respectivo Órgão Especial. Função do Procurador-Geral da República, do Advogado-Geral da União e do Amicus Curiae no Controle em Abstrato da Constitucionalidade. o Procurador Geral da República é sempre ouvido nos processos de controle de constitucionalidade. Sua função é de custos legis, podendo opinar pelo seu deferimento ou não. O Advogado Geral da União exerce a função de defensor da lei ou ato normativo federal ou estadual impugnando na ação direta de inconstitucionalidade e defendendo pela presunção de constitucionalidade das normas infraconstitucionais elaboradas pelo poder público. A Lei 9.868/99 introduziu um novo personagem o Amicus Curiae, atuando em dois sistemas de controles de constitucionalidade o abstrato e o em concreto, onde se possibilita a participação formal de órgãos ou entidades que efetivamente representem os interesses gerais da coletividade ou que expressem valores essenciais de grupos ou classes sociais. Controle da Constitucionalidade de Leis Municipais A Atual Constituição, em seu art. 102, I, a, admite o controle em abstrato ou direto somente de leis ou atos normativos federais ou estaduais. É possível apenas o controle difuso da constitucionalidade, podendo a questão ser examinada pelo Supremo somente pela via incidental, no julgamento, produzindo efeitos iter partes. Importante lembrar, que a lei municipal que contrariar a Constituição Estadual poderá ser objeto de ação direta de inconstitucionalidade perante o Tribunal de Justiça. Comunicação ao Senado Federal da Declaração de Inconstitucionalidade Segundo dicção do art. 52, X da CF compete privativamente ao Senado suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do STF: 1- Somente nos processos de controle concentrado da constitucionalidade, em que a declaração de inconstitucionalidade de uma lei é proferida de forma incidental há necessidade da comunicação ao Senado, para que esse órgão providencie a suspensão da executoriedade da lei. 2 – O Senado não é obrigado a suspender a executoriedade da lei assim que recebe a comunicação da decisão definitiva proferida pela via incidental. (independência entre os poderes). Titularidade Antes da CF/88 somente o Procurador Geral da República que tinha legitimidade para a propositura da ação direta de inconstitucionalidade. Hoje o rol está no art. 103 CF. Esse elenco é taxativo. A emenda 45 alterou a titularidade da AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE para a mesma da AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. Pertinência Temática É a relação existente entre a norma impugnada e a entidade que ingressa com a ação direta de inconstitucionaldiade. As pessoas ou órgãos titulares da ação devem demonstrar o nexo de pertinência temática entre ela e o pedido de declaração. Normas Constitucionais Inconstitucionais Há autores que sustentam a possibilidade da existência de normas constitucionais inconstitucionais. Seriam normas inseridas na própria constituição incompatíveis com os princípios constitucionais fundamentais que poderiam ser declaradas inconstitucionais. Diante do poder absoluto do Poder Constituinte Originário, tal hipótese só seria válida em se tratando de normas constitucionais emanadas pelo poder constituinte derivado. Espécie de decisões Proferidas no Controle em Abstrato da Constitucionalidade Ao julgar o mérito de uma ação direta de inconstitucionalidade ou de uma ação declaratória de constitucionalidade, o Supremo Tribunal Federal deverá decidir pela constitucionalidade ou não do ato legislativo ou normativo federal ou estadual. Qualquer que seja a decisão, pela procedência ou não da ação produzirá eficácia contra todos e efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e da administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. Declaração de Nulidade total A lei é declarada totalmente inconstitucional o que ocorre freqüentemente, em relação a vícios formais como de iniciativa, de procedimento legislativo ou repartição de competência. Declaração de Nulidade parcial Considerando a possibilidade de divisibilidade da lei, é declarada a nulidade somente dos dispositivos inconstitucionais, aproveitando-se os demais. Descumprimento de uma ordem inconstitucional O descumprimento de uma norma inconstitucional não ofende a ordem jurídica. Uma lei inconstitucional é absolutamente nula, não produzindo nenhum efeito jurídico, não sendo imperativa. Assim o Poder Executivo, assim como os demais não são obrigados a cumprir lei que entendam como manifestamente ofensivaà Constituição, mas o chefe do Poder deverá também providenciar a adequada medida para a declaração da inconstitucionalidade da norma que ofenda e Lei maior.