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Fundamentos do Serviço Social

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Fundamentos Histórico Teórico Metodológicos 
do Serviço Social – dimensão histórica 
 
Aula 03 
 
 
Profa Jussara Marques de Medeiros 
 
 
 
 
 
CONVERSA INICIAL 
Olá, seja bem-vindo(a) à terceira aula de Fundamentos Histórico Teórico 
Metodológicos do Serviço Social – dimensão marxista. Nosso objetivo, neste 
encontro, é analisar as condições históricas associadas às relações de produção 
capitalista, à influência doutrinária da Igreja Católica e à gênese da profissão de 
serviço social no Brasil, apontando sua interlocução com as políticas sociais. 
Para tanto, vamos: 
 Explicar a transição do sistema agroexportador para a consolidação do 
capitalismo, no Brasil 
 Apresentar a gênese da profissão de serviço social no Brasil e sua relação 
com a questão social 
 Apontar as características do serviço social brasileiro e seus aspectos 
interventivos, de 1930 a 1950 
Neste percurso, realizaremos um diálogo com a história do Brasil, considerando 
a grande riqueza cultural produzida historicamente pelos grandes artistas, 
escritores e cantores brasileiros, assim, convidamos a todos para acompanhar 
essa aula, conhecendo nossas músicas e nosso arsenal cultural. 
 
CONTEXTUALIZANDO 
Curso de Ética em movimento no interior do Estado do Paraná. A assistente 
social participante conta a seguinte história: 
“Professora, não sei se está certo, mas gostaria de perguntar... já que estamos 
estudando ética, né? Foi uma ação que observei, gostaria de saber se é certo 
ou errado. 
— Pode contar. 
 
 
— Bom, quando a gente visita as pessoas, elas sempre nos pedem para olhar 
os armários, né. Dizem que a gente pode olhar tudo, porque elas não têm nada. 
Bem, essa minha colega olhou os armários um a um. Questionou que tinha 
comida lá, a dona da casa, que se encontrava sozinha com os filhos, justificou 
timidamente que ganharam doações de vizinhos. Parecendo satisfeita, a 
assistente social deixou a cesta básica. Quando ela saiu, encontrou o marido da 
usuária no bar da esquina. Não teve dúvidas: voltou, pegou novamente a cesta 
básica e afirmou: se vocês têm dinheiro para comprar bebida, certamente têm 
para comprar comida. Ao acabar a história, a assistente social perguntou: “Essa 
ação é antiética?” Como você responderia? 
Reflexão 
Ao acompanhar essa aula e conhecer a conjuntura e os aportes teóricos do 
serviço social no Brasil, pense sobre quais características essa história tem 
comum com a gênese da profissão. Como seria a ação de um assistente social 
na década de 1940? Reflita sobre a prática do assistente social. Ao final, 
voltaremos a esta questão. 
 
Tema 1 - A gênese do serviço social: duas teses sobre a natureza 
profissional, de acordo com Montaño 
No início desta aula, é importante contextualizar sobre as duas teses do 
professor Montaño (2007), que discutem sobre a forma como os autores que 
discorrem sobre o Serviço Social abordam o surgimento da profissão. O autor 
discute que não há um debate sobre esse assunto que tenha sido apropriado 
pelo conjunto da profissão e as duas teses são alternativas e excludentes entre 
si. 
 
 
 
 
Embora este debate faça referência à história do Serviço Social de forma mais 
ampla, ele tem início no item que apresenta a profissão no cenário brasileiro 
porque o autor faz menção à literatura dos teóricos brasileiros, que serão 
discutidos neste tema. Assim, vamos apresentar as teses discutidas pelo autor: 
 Perspectiva endogenista 
 Perspectiva histórico-crítica 
Vamos ver cada uma delas em detalhes, a seguir! 
Perspectiva endogenista 
Para Montaño (2007, p. 30), “sustenta a origem do Serviço Social na evolução, 
organização e profissionalização das formas anteriores de ajuda, caridade e 
filantropia, vinculada agora a intervenção na questão social.”. As bases desta 
tese são as várias formas de ajuda, tendo como marco as obras de São Tomás 
de Aquino e Vicente de Paula, apontado como precursores. 
Um desses expoentes é o livro de percursores e pioneiros do Serviço Social, de 
Balbina Ottoni Vieira, cujo material foi disponibilizado no nosso primeiro tema. 
Esta autora seria um membro tradicional e outros autores brasileiros que buscam 
romper com o serviço social tradicional, porém ainda apresentam um caráter 
conservador (como Ana Augusta de Almeida, que discorre sobre a 
fenomenologia, Boris Alexis Lima, entre outros). 
O autor realiza uma análise de vários destes autores, mostrando que eles partem 
de concepções teóricas, filosóficas e ideológicas díspares, então, como podem 
coexistir nesta tese endogenista? Para Montaño, todos estes autores têm 
postura endógena, visto que tratam o Serviço Social com uma autonomia 
histórica com respeito à sociedade, às classes e às lutas sociais. Também têm 
visão particularista ou focalista, visto que associa o surgimento do Serviço Social 
às ações particulares. (grifo meu) (MONTAÑO, 2007). 
 
 
 
O autor afirma: 
Aqui não aparece uma análise do contexto social, econômico e político 
como determinante ou condicionante do processo de criação desta 
profissão; apenas, na melhor das hipóteses, situa-se historicamente 
este fenômeno sem que ele redunde em uma análise exógena, 
estrutural, do surgimento do Serviço Social” (MONTAÑO, 2007, p. 30). 
Importante destacar que essas análises perdem a concepção crítica e histórica, 
ou seja, apresentam fatos consecutivos sem realizar análise mais ampla, 
relacionando o contexto histórico e os fatos que políticos, históricos e sociais. 
Perspectiva histórico-crítica 
Esta tese entende o surgimento da profissão como “um produto de síntese dos 
projetos político-econômicos que operam no desenvolvimento histórico, onde se 
reproduz material e ideologicamente a fração de classe hegemônica, quando, no 
contexto do capitalismo na sua idade monopolista, o Estado toma para si as 
respostas a questão social” (MONTAÑO, 2007, p. 30). 
Nesta citação, encontramos vários elementos de análise. Quando foi discutido o 
Serviço Social na América Latina, foram utilizados dois autores: Ezequiel Ander-
Egg e Manuel Manrique Castro. O primeiro autor parte de uma perspectiva 
histórica de ajuda e apresenta no seu livro alguns métodos de atendimento, 
enquanto forma de qualificar a profissão, mas estes não estão relacionados a 
uma análise conjuntural. O segundo apresenta os fatos da história da profissão 
na América Latina, apresentando os contextos e relacionando com a profissão. 
Um destes fatos é a questão social, amplamente discutida, mas situada em um 
cenário de luta de classes e emergência da profissão. 
A primeira autora a pensar numa perspectiva histórico-crítica foi Marilda Vilella 
Iamamoto, nos anos de 1980. Ela aponta que o Serviço Social “tem um papel a 
cumprir dentro da ordem social e econômica – como uma engrenagem da divisão 
sociotécnica do trabalho – na prestação de serviços...” (MONTAÑO, 2007, p. 31). 
 
 
A autora aponta que o profissional tem uma demanda pela qual foi criada a 
profissão: participar da reprodução da força de trabalho, das relações sociais e 
da ideologia dominante. 
No vídeo a seguir há um resumo das ideias do autor. Assista e preste atenção 
nas diferentes formas de análise! 
https://www.youtube.com/watch?v=_wRHC81zQao 
 
Tema 2 - Brasil Colônia e o sistema agroexportador até a questão social no 
Brasil 
A formação social no Brasil e o modo de produção surgiram e se consolidaram 
como lenta transição que ocorreu na Europa Ocidental, entre aproximadamente 
finais do século XV, no regime feudal e o século XVIII, com a consolidação do 
sistema capitalista (WOLKMER, 2010). 
Wolkmer (2010) cita Álvaro de Vita: “enquanto o trabalho servil – a forma de 
trabalho obrigatória própria do feudalismo – desaparecia na Europa, os europeus 
recriaram a escravidão em suas colônias. A produção de gêneros tropicais para 
o comércio no Brasil foi organizada com base na exploração do trabalho escravo” 
(WOLMER, 2010, p. 47).Embora o trabalho servil não fosse considerado 
trabalho escravo, o sistema de exploração dos servos para o autor, foi recriado 
como forma de escravidão nas colônias, sendo que a produção foi explorada 
com enriquecimento da metrópole, pois nada do que era produzido era utilizado 
no desenvolvimento da colônia. A metrópole revendia os produtos com lucro. 
Assim, o período colonial foi marcado pela polarização entre imensos latifúndios 
e o trabalho escravo. Em relação a este fato, Pereira (2008, p. 125) afirma que 
“Diferente, pois, das políticas sociais dos países capitalistas avançados, que 
nasceram livres da dependência econômica e do domínio colonialista, o sistema 
de bem-estar brasileiro sempre expressou as limitações decorrentes dessas 
https://www.youtube.com/watch?v=_wRHC81zQao
 
 
injunções”. Podemos afirmar que o Brasil, neste período, é agroexportador, ou 
seja, um país agrário, de monocultura e voltado à exportação. Este fato confere 
uma forma de organização das primeiras políticas sociais: 
Naquele momento o Brasil tinha uma economia basicamente fundada 
na monocultura do café voltada para a exportação - eis aqui a base da 
nossa heteronomia - produto responsável por cerca de 70% do PIB 
nacional. Por isso os direitos trabalhistas e previdenciários foram 
reconhecidos para aquelas categorias de trabalhadores inseridas 
diretamente nesse processo de produção e circulação de mercadorias 
(BEHRING E BOSCHETTI, 2006, p. 80). 
A professora Potyara Pereira (2008) afirma que o Estado não exercia a ação de 
agente regulador na área social, deixando essa função para o mercado, a 
iniciativa privada não mercantil e a polícia. A autora chama esse período de 
laissefariano e afirma que “Efetivamente, a ação do estado perante as 
necessidades sociais básicas limitava-se, nesse período, a reparações tópicas 
e emergenciais de problemas prementes ou a respostas morosas e 
fragmentadas a reivindicações sociais dos trabalhadores e de setores 
empobrecidos dos grandes centros urbanos” (PEREIRA, 2008, p. 128). 
Uma legislação importante neste período foi a Lei Elói Chaves, em 1923. Sobre 
isso, Behring e Boschetti (2006, p. 80) afirmam que: 
O ano de 1923 é chave para a compreensão do formato da política 
social brasileira no período subsequente: aprova-se a lei Eloy Chaves, 
que institui a obrigatoriedade de criação de Caixas de Aposentadoria e 
Pensão (CAPs) para algumas categorias estratégicas de 
trabalhadores, a exemplo dos ferroviários e marítimos, dentre outros. 
Dessa forma, as políticas são contributivas e atendem, prioritariamente, a 
categoria de trabalhadores que eram primordiais para a economia, de 
exportação, ou seja, ferroviários e marítimos. Podemos considerar que a questão 
social no Brasil inicia na década de 1930, com a industrialização no país. 
 
 
 
Com a crise de 1929, cresce a industrialização e o mercado nacional, 
intensificando o surgimento de uma nova classe que promove o crescimento da 
urbanização no país e suas contradições, com estas, dentre outras: 
 Agudização da pobreza 
 Pessoas que moram em condições precárias 
 Trabalho infantil 
Vimos nas aulas anteriores o conceito de questão social. Com o aumento da 
classe trabalhadora, há necessidade de o Estado tratar desta de forma 
diferenciada, que não fosse pela repressão. 
 
Tema 3 - Governo Getúlio Vargas e sua relação com as políticas sociais 
Do ponto de vista econômico, temos a passagem, na década de 1930, de um 
modelo agroexportador para um modelo urbano industrial. Em 1930, por meio de 
um golpe militar, assume Getúlio Vargas, essencial para a compreensão do 
modelo das políticas sociais e do início do Serviço Social no Brasil. Uma das 
bases de apoio de Getúlio Vargas era a Igreja Católica, que levou a população 
a apoiar o governo. Fausto (2006) afirma que as ações de Getúlio Vargas tinham 
o objetivo de reprimir esforços organizatórios da classe trabalhadora urbana e 
atraí-la para o apoio do governo. Getúlio Vargas apresenta várias ações voltadas 
para a dimensão trabalhista. 
Cisne (2012, p. 33) afirma que: 
As políticas sociais se constituem, desse modo, como um campo 
contraditório, pois, ao mesmo tempo que garantem o atendimento de 
necessidades concretas da população usuária, que da outra forma lhe 
é negado, configuram-se como instrumento que assegura a 
reprodução do capital, via garantia da força de trabalho e ameniza os 
conflitos de classe. 
 
 
Assim, em relação às mudanças trabalhistas, temos as seguintes mudanças: 
• Centralização política e administrativa do Estado 
• Favorecimento do processo de acumulação capitalista 
• Adoção de medidas paliativas para atender as questões mais gritantes 
e emergenciais 
• Utilização de técnicas de propaganda para obter o aval da população 
• Introdução de ampliação dos direitos trabalhistas (salário mínimo, 
estabilidade no emprego, indenização por dispensa sem justa causa, 
CLT) 
• Instituição da LBA (1942) – atender os familiares dos pracinhas que 
foram para a II Guerra Mundial 
Depois, voltou sua atuação para: 
• Crianças, PcDs e idosos 
• Apoio judiciário 
• Ações comunitárias 
• Geração de emprego e renda 
Em relação às políticas sociais criadas na época, Pereira (2008, p. 130) afirma 
que: 
Embora a questão social não fosse mais considerada uma questão de 
polícia, ela não foi alçada a questão de política maior que merecesse 
a mesma atenção que o governo dispensava à área econômica. Na 
verdade, a política social brasileira deste período, não obstante 
encapada pelo Estado, funcionava, no mais das vezes, como uma 
espécie de zona cinzenta, onde se operavam barganhas populistas 
entre Estado e parcelas da sociedade e onde a questão social era trans 
 
formada em querelas reguladas jurídica ou administrativamente e, 
portanto, despolitizada. 
Assim, Getúlio Vargas, conhecido como Pai dos Pobres, ao mesmo tempo em 
que cria as políticas sociais, subordina o sindicato ao governo, ou seja, quem 
quisesse ter acesso às políticas tinha que se inscrever no Sindicato e contribuir. 
O sindicato, neste contexto, perde o caráter de protesto e de luta e se torna um 
apêndice do governo, com a responsabilidade de organizar eventos, ir ao 
dentista, dentre outros, se tornando um espaço de sociabilidade. 
Veja o vídeo de Getúlio Vargas a seguir e aponte as principais características de 
seus governos: 
https://www.youtube.com/watch?v=SJcwwgI0Wog 
 
Tema 4 - Relação da questão social com o serviço social 
De acordo com Iamamoto e Carvalho (1983), as obras caridosas mantidas pelo 
clero e pelos leigos tem longa tradição no Brasil, que inicia no período colonial. 
A pequena infraestrutura hospitalar e assistencial é quase exclusivamente da 
ação das ordens religiosas europeias. A Igreja também possui ação na 
organização e no controle do proletariado, sendo que no século XIX observa-se 
a presença de religiosos nas unidades industriais, onde os trabalhadores eram 
obrigados a assistir missas e liturgias. A partir da ação católica, iniciam-se as 
ações assistenciais, com um objetivo de resolver a questão social, visto que 
havia um grande temor em relação ao surgimento da primeira nação socialista e 
o fortalecimento do movimento operário. 
Assim, para os Iamamoto e Carvalho (1983, p. 170): 
As instituições assistenciais que surgem nesse momento, como a 
Associação das Senhoras Brasileiras (1920), no Rio de Janeiro e a Liga 
das Senhoras Católicas (1923), em São Paulo, possuem já-não apenas 
no nível da retórica- uma diferenciação face as atividades tradicionais 
de caridade. Desde o início são obras que envolvem de forma mais 
direta e ampla os nomes das famílias que integram a grande burguesia 
https://www.youtube.com/watch?v=SJcwwgI0Wog
 
paulista e carioca e, as vezes, a própria militância de seus elementos 
femininos. Possuem um aporte de recursos e potencial de contratos a 
nível de Estado que lhes possibilita oplanejamento de obras 
assistenciais de maior envergadura e eficiência técnica. 
Veja este vídeo da Sociedade de Organização da Caridade, precursora das 
ações de ampliação da visão da Igreja Católica: 
https://www.youtube.com/watch?v=_hHk_TDiwV4 
Estas Instituições são extremamente fortes no Brasil, orientando o trabalho 
social a ser realizado no Brasil. Em 1932, surge o Centro de Estudos e Ação 
Social de São Paulo (CEAS), considerado uma manifestação original do Serviço 
Social. “Seu início será a partir do ‘Curso Intensivo de Formação Social para 
Moças’ promovido pelas Cônegas de Santo Agostinho, para o qual fora 
convidada mlle Adèle Loneux da Escola Católica de Serviço Social de Bruxelas” 
(IAMAMOTO E CARVALHO, 1983, p. 172). Para os autores, “as atividades do 
CEAS se orientarão para a formação técnica especializada de quadros para a 
ação social e a difusão da doutrina social da Igreja” (IAMAMOTO E CARVALHO, 
1983, p. 177). 
Ao CEAS intervém como dinamizador do povo laico organizando a associação 
de moças católicas para atuação junto ao proletariado. A partir dessas ações, 
surge em 1936 a Escola de Serviço Social de São Paulo. Porém, os autores 
destacam que não é uma atitude exclusiva do Movimento Católico Leigo, pois há 
uma demanda a partir do Estado (IAMAMOTO E Carvalho, 1983). Cisne (2012, 
p. 34) destaca que muitos são os direitos conquistados nesse período que são 
produtos da luta dos trabalhadores, mas cria-se uma necessidade do Estado 
amenizar os conflitos de classe atender a necessidade do capital de atenuar a 
pauperização existente, criando a relação entre o Serviço Social e a Assistência 
Social: 
A relação entre o Serviço Social e a assistência social pode ser 
considerada orgânica à medida que o processo de institucionalização 
da profissão se dá enraizada com a história da assistência social. No 
momento em que ela passa a ser responsabilidade do Estado, este 
https://www.youtube.com/watch?v=_hHk_TDiwV4
 
demanda a necessidade de profissionais capacitados tecnicamente 
para a execução dessa política via procedimentos racionais e 
científicos. 
No Rio de Janeiro, foi fundada a segunda Escola de Serviço Social do país, que 
contou com uma equipe da Congregação das Filhas do Coração de Maria, que 
chegou ao Brasil em 1937 (AGUIAR, 2011). Para Aguiar, as características da 
formação do assistente social nesse período são: 
• Importância da formação doutrinária e moral, pois o aspecto técnico só 
terá importância com a influência americana 
• A ideologia que fundamentará a formação doutrinária é a reconstrução 
da sociedade em bases cristãs 
• Os católicos dizem não ao laicismo, ao liberalismo e ao comunismo e 
pretendem que uma nova ordem onde a família, o Estado, a economia, 
a política e os costumes tenham por base o evangelho e que a 
sociedade seja organizada por bases corporativas 
O Serviço Social tem uma base católica que apresenta uma ideologia própria 
neste período. Aguiar (2011) mostra os conceitos sobre a profissão que foram 
criados nessa época: “Adéle de Loneaux assim define o Serviço Social: Conjunto 
de esforços feitos para adaptar o maior número possível de indivíduos a vida 
social, ou para adaptar as condições de vida social às necessidades dos 
indivíduos. O Serviço Social é, portanto, uma parte da Ação Social” (FERREIRA 
apud AGUIAR, 2011, p. 46). 
Esta visão remete a adaptação dos indivíduos a vida social, ou seja, não se 
questiona a ordem estabelecida, mas as ações estão interligadas com o 
individual (grifo meu). A partir dos anos 1940/50, a questão social - expressão 
das desigualdades decorrentes do aprofundamento do capitalismo no Brasil - 
passa por grandes transformações, especialmente a partir do final da II Guerra 
Mundial. A aceleração industrial as migrações campo-cidade, o intenso processo 
de urbanização, exigem novas respostas do Estado e do empresariado. 
 
 
No contexto da ditadura de Vargas é criada, em 1942, a Legião Brasileira de 
Assistência (LBA), e o sistema "S" – SESI, SENAI, SESC, SENAC. Este sistema 
mostra a atuação do estado vinculada a categorias que eram consideradas 
produtivas para o país, como os comerciários, industriários. Com a LBA, cunha-
se a figura do chamado "primeiro damismo" (que resiste até os dias atuais), que 
tem sua origem vinculada à presidência de honra da LBA assumida pela primeira 
dama Darcy Vargas. Cisne (2012) afirma que sucessivamente, em estatuto, esta 
instituição garantia sua presidência as primeiras damas, e que a assistência 
social foi associada com a questão de gênero: “[...] há uma vinculação histórica 
entre as mulheres e a responsabilidade para com os problemas sociais, com a 
prática de caridade e da ajuda, com o equilíbrio e harmonia sociais, enfim, com 
a reprodução social voltada para o controle da classe trabalhadora (CISNE, 
2012, p. 37). 
O Serviço Social foi regulamentado como profissão liberal em 1949, sendo que 
este profissional tem seu desempenho majoritariamente vinculado a instituições 
públicas e privadas, passando a se responsabilizar pela implementação das 
políticas sociais. 
 
Tema 5 - Seminário de teorização do serviço social em Araxá e Teresópolis 
Os documentos de Araxá (1967), Teresópolis (1970) e Sumaré (1978) 
constituem-se "marcos históricos" do fazer Serviço Social e são resultado de 
estudos de profissionais competentes reunidos em Seminários promovidos pelo 
Centro Brasileiro de Cooperação e Intercâmbio de Serviços Sociais - CBCISS. 
Neste bloco, vamos conhecer o documento de Araxá. 
Com o agravamento da pobreza no período de ditadura militar, é necessário para 
os profissionais pensarem em ações tenham mais impacto na atuação. Para 
Aguiar (2011) após o golpe, de 1964 a 1967 há no discurso do Serviço Social a 
presença da linguagem do nacional desenvolvimentismo. 
O Serviço Social em 1968 assume um caráter assistencialista, mesmo com todo 
o rigor técnico e científico (AGUIAR, 2011). Em 1966, o CBCISS propõe um
seminário para estudar a metodologia do Serviço Social. Aconteceu um encontro 
em Araxá/MG no período de 19 a 26 de março de 1967 e participaram 38 
assistentes sociais formadas em diversas cidades país. O resultado do 
Seminário consubstanciou-se em um documento. 
No capítulo I, faz-se a seguinte discussão: 
a) Se o Serviço Social é ou não uma ciência
Parece haver, porém, um certo consenso em caracterizar o Serviço 
Social no plano do conhecimento especulativo prático, conquanto se 
coloca ao nível da aplicação de conhecimentos próprios, ou tomados 
de outras ciências. Justifica-se, também considerá-lo como uma 
técnica social, porquanto influencia o comportamento humano e o 
meio, nos seus inter-relacionamentos. (AGUIAR, 2011, p. 151) 
b) As peculiaridades do Serviço Social são o caráter corretivo, preventivo
e promocional
Caráter corretivo – se define como intervenção na realidade para 
fins de remoção de causas que impedem ou dificultam o 
desenvolvimento do indivíduo, grupo, comunidade e populações. 
Caráter Preventivo - se define como um processo de intervenção que 
procura antepor-se às consequências de um determinado fenômeno. 
Caráter promocional – O Serviço Social promove quando atua para 
habilitar indivíduos, grupos, comunidades e populações, fazendo-
os atingir uma plena realização de suas potencialidades 
(AGUIAR, 2011, p. 152) 
No Capítulo II, faz-se a seguinte discussão: 
• Fala de princípios e postulados que fundamentam o Serviço Social,
sendo que postulados são “princípios éticos e metafísicos” e princípios
operacionais são “aqueles norteadores da atuação do agente
 
profissional e normas de ação de validade universal a prática de todos 
os processos do Serviço Social”. (AGUIAR, 2011, p. 154). 
Os Postulados do Serviço Social são baseados em uma visão tomista, advinda 
de São Tomás de Aquino, da igreja Católica. Leia o texto A Presença de 
Postulados Tomistas na Gênese do Serviço Social da professoraClaudia 
Neves da Silva, para aprofundar o assunto: 
http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/seminasoc/article/view/3839/3083 
• Da natureza do Serviço Social decorrem funções em diferentes níveis 
de atuação: Política Social, Planejamento, Administração de Serviço 
Social e Serviços de Atendimento direto, corretivo, preventivo e 
promocional a indivíduos, grupos populações e organismos (AGUIAR, 
2011) 
José Paulo Netto, um grande teórico do Serviço Social, vai realizar críticas a 
esse documento, considerando o momento histórico que ele foi construído. Ele 
afirma, que apesar dos assistentes sociais expressarem uma preocupação com 
uma anunciada Teorização do Serviço Social, eles não a enfrentam 
explicitamente. Para ele, o documento reduz a teorização a uma abordagem 
técnica operacional modelo baseado na modernização (NETTO, 1996, p. 168). 
Veja o vídeo, que é uma animação sobre o Seminário de Araxá: 
https://www.youtube.com/watch?v=3EK1nCBz15s 
Aguiar (2011) destaca que neste momento histórico, a postura tradicional não 
era assumida por todos os profissionais da época. Já haviam vozes 
discordantes. Há uma reflexão sobre a prática profissional e um questionamento 
sobre a serviço de quem ela está. Porém, em Araxá, a maioria dos profissionais 
assumiam a posição de integração e não de transformação. 
Na década de 1970 foi realizado o Seminário de Teresópolis. Neste Seminário, 
tem 3 documentos debatidos na plenária, sendo um deles de José Lucena 
Dantas: A teoria Metodológica do Serviço Social. Uma abordagem sistemática. 
http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/seminasoc/article/view/3839/3083
https://www.youtube.com/watch?v=3EK1nCBz15s
 
 
Ele apresenta o Serviço Social como um “método científico aplicado”. Esse 
método se constitui de duas categorias básicas: diagnóstico e intervenção 
planejada. Neste modelo se aplica um “status” de ciência para a profissão. Netto 
(1996) afirma em relação a esse seminário: no texto de Teresópolis o moderno 
fica mais destacado que o tradicional, “cristalizando operativa e 
instrumentalmente” (NETTO, 1996, p.178). Assim, a característica deste 
Seminário é destacar o viés da modernização. 
Leia atenciosamente o documento disponível no link. Ele aprofunda a diferença 
entre os Seminários. Estude-os, compare-os, mas acompanhe a crítica de Netto, 
para compreender seu processo naquele momento histórico. 
https://estudantesdeservicosocial.files.wordpress.com/2013/03/araxa-e-
teresopolis.pdf 
 
TROCANDO IDEIAS 
Converse com pessoas mais velhas com as quais tenha contato e pergunte o 
que pensam sobre Getúlio Vargas. A partir das respostas, faça um fórum e 
discuta as seguintes questões: 
 Discuta as respostas obtidas em relação a Vargas 
 Estabeleça o que é um governo populista e porque o Governo de Vargas 
é considerado desse jeito 
 Qual é a relação do governo Vargas com a frase: “a pobreza não pode 
mais ser vista como um caso de polícia, mas como um caso de política” 
 Posicione-se com os colegas em relação a posturas autoritárias no trato 
com a questão social, que acontecem na atualidade 
 
https://estudantesdeservicosocial.files.wordpress.com/2013/03/araxa-e-teresopolis.pdf
https://estudantesdeservicosocial.files.wordpress.com/2013/03/araxa-e-teresopolis.pdf
 
 
NA PRÁTICA 
Primeiramente, escute a música O Bêbado e o Equilibrista, na interpretação da 
Elis Regina, escrita por João Bosco & Aldir Blanc e lançada em 1978: 
https://www.youtube.com/watch?v=6kVBqefGcf4 
Agora, leia um pouco sobre a sua história: 
Lançada em 1978, a música tem forte teor político. Mas surgiu, na verdade, como 
um desejo de João Bosco homenagear Charles Chaplin. Chaplin tinha morrido 
no Natal de 1977. “Estava em Minas, naquelas festividades de Natal e Ano 
Novo, e as pessoas entrando já no clima carnavalesco. Comecei a querer fazer 
no violão algo que ligasse o Chaplin àquele momento musical brasileiro, 
carnavalesco”, disse João numa entrevista. “Todos sentiram muito porque ele 
divertiu muito e de maneira incomum. Tratando os temas eminentemente 
humanos e se posicionando dentro desses temas a favor dos miseráveis, do 
vagabundo. Mas com uma alegria, algo invejável, e no final dos filmes havia 
sempre um horizonte onde você podia chegar a pensar em um dia viver em um 
mundo diferente. Não tão desfavorecido como este”, explicou. 
Fonte: <http://jornalggn.com.br/blog/joao/conheca-a-historia-de-o-bebado-e-a-equilibrista>. 
Acesso em: 17 nov. 2015. 
O período da ditadura militar apresenta forte reação de artistas ao sistema 
instituído. De acordo com o texto citado, foi realizada na música uma 
homenagem a Charles Chaplin, mas esta também é um ícone de protesto a 
ditadura militar no Brasil. Baseado nestes fatos históricos, faça o que se pede a 
seguir: 
1. Escreva o trecho que homenageia Chaplin 
2. Pesquise o significado da estrofe, fazendo relação com o período 
militar 
https://www.youtube.com/watch?v=6kVBqefGcf4
 
3. Discorra sobre o Seminário de Araxá na década de 1960, 
relacionando-o com o período militar 
 
SÍNTESE 
Chegamos ao final de mais uma aula. Neste encontro, estudamos o contexto 
histórico do serviço social e a gênese da profissão. Para isso, discorremos sobre 
o governo de Vargas, a relação do serviço social com as políticas sociais e com 
a assistência social. Em seguida, conhecemos dois importantes seminários 
históricos, de cunho conservador da profissão: o Seminário de Araxá e o 
Seminário de Teresópolis. 
Em relação ao desafio colocado no início da aula, sobre a ação do assistente 
social que olhou os armários e pegou a cesta básica de volta, será que está 
correta esta atitude? Para tomar uma decisão, compara esta situação com o 
atendimento da assistente social que passou pelo Encontro de Araxá. 
 
Até a próxima! 
 
 
 
Referências 
AGUIAR, Antônio G. de. Serviço Social e Filosofia das origens a Araxá. 6 ed. 
São Paulo: Cortez: 2011. 
BEHRING, E. R.; BOSCHETTI. Política social fundamentos e história. São 
Paulo: Cortez, 2006. 
CISNE, Mirla. Gênero, divisão sexual do trabalho e serviço social. Outras 
Expressões, 2012. 
FAUSTO, Boris. História concisa do Brasil. São Paulo: Editora da Universidade 
de São Paulo, 2006. 
IAMAMOTO, Marilda V.; CARVALHO, Raul. Relações Sociais e Serviço Social 
no Brasil: esboço de uma interpretação histórico-metodológica. São Paulo: 
Cortez, 1983. 
MONTAÑO, Carlos. A Natureza do Serviço Social: um ensaio sobre sua 
gênese, a “especificidade” e sua reprodução. São Paulo, Cortez, 2007. 
NETTO, J. Paulo. Capitalismo Monopolista e Serviço Social. São Paulo: 
Cortez, 1996. 
NETTO, J. Paulo. Ditadura e Serviço Social: uma análise do Serviço Social no 
Brasil pós-64. Cortez, 1996. 
PEREIRA, Potyara A. Necessidades humanas: subsídios a crítica dos mínimos. 
São Paulo: Cortez, 2008. 
WOLKMER, Antonio C. História do Direito no Brasil. 5 ed. Rio de Janeiro: 
Forense, 2010. 
WORMS, Luciana S.; COSTA, Wellington B. Brasil século XX ao pé da letra 
da canção popular. Nova Didática, 2002.

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