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LABORATÓRIO DE BIOLOGIA MOLECULAR / GENÉTICA EXTRAÇÃO E PURIFICAÇÃO DE DNA E RNA ALGETEC – SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS EM EDUCAÇÃO CEP: 40260-215 Fone: 71 3272-3504 E-mail: contato@algetec.com.br | Site: www.algetec.com.br EXTRAÇÃO E PURIFICAÇÃO DE DNA E RNA 1. INTRODUÇÃO As moléculas de ácido desoxirribonucleico (DNA – deoxyribonucleic acid) e de ácido ribonucleico (RNA – ribonucleic acid) são formadas por pequenas estruturas denominadas nucleotídeos. Os nucleotídeos, por sua vez, são formados por um açúcar composto por cinco carbonos (pentose), um grupamento fosfato e uma base nitrogenada (adenina, timina ou uracila, guanina e citosina). Cada base nitrogenada diferencia-se da outra pela composição de sua estrutura química. Entretanto, elas apresentam similaridades entre si. Por exemplo, a citosina (C), a timina (T) e a uracila (U) são classificadas como pirimidinas, porque suas estruturas provêm do anel das pirimidinas, com seis átomos. Já a guanina (G) e adenina (A) são classificadas como purinas, porque suas estruturas são compostas de dois anéis, um com seis átomos e o outro com cinco. A junção dos nucleotídeos resultará na síntese das moléculas de DNA ou RNA, e ocorre por meio de ligações fosfodiéster. As ligações fosfodiéster se devem ao ataque nucleofílico de uma hidroxila da pentose de um nucleotídeo ao grupamento fosfato do nucleotídeo anterior, resultando em uma estrutura semelhante a um “colar de miçangas”, no qual cada “miçanga” corresponde a um nucleotídeo e o “cordão” que as une é a ligação fosfodiéster. É interessante ressaltar que, em 1953, Watson e Crick propuseram o modelo tridimensional das moléculas de DNA com base em descobertas anteriores de difração mailto:contato@algetec.com.br LABORATÓRIO DE BIOLOGIA MOLECULAR / GENÉTICA EXTRAÇÃO E PURIFICAÇÃO DE DNA E RNA ALGETEC – SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS EM EDUCAÇÃO CEP: 40260-215 Fone: 71 3272-3504 E-mail: contato@algetec.com.br | Site: www.algetec.com.br por raio X das fitas de DNA e experimentos realizados por outros cientistas, como Erwin Chargaff. Nesse modelo, as fitas de DNA foram caracterizadas como uma dupla-hélice formada por duas cadeias helicoidais enroladas ao próprio eixo. Uma das forças que mantêm essa dupla-hélice são as ligações de hidrogênio entre os pares de bases nitrogenadas que são denominadas como complementares (adenina e timina/uracila e citosina e guanina). Cada porção do “colar de miçanga” (nucleotídeos) tem regiões específicas, chamadas de genes. Os genes são responsáveis por todas as características que um indivíduo herda de seus ancestrais. Cada gene tem regiões conhecidas como éxons e íntrons. Os íntrons são geralmente porções do gene responsáveis por mecanismos de regulação, enquanto os éxons são responsáveis pela síntese de proteínas. Os íntrons e os éxons são organizados e separados pelo mecanismo de splicing da molécula de RNA transcrita da fita de DNA. O DNA é dividido em cromossomos, e cada gene tem um “lugar” específico no cromossomo, denominado lócus. Cada espécie tem um conjunto característico de cromossomos. Por exemplo, o genoma (informação genética) humano tem 22 cromossomos diferentes, sendo mais dois cromossomos os sexuais (X ou Y). Dessa forma, cada célula (com exceção das de linhagem germinativa e outros tipos muito raros, que não são capazes de se dividir) tem duas cópias de cada um desses cromossomos, resultando em um total de 46 cromossomos. Por outro lado, as bactérias têm um único DNA, no qual todos os genes estão distribuídos. Diante do exposto, os ácidos nucleicos apresentam características estruturais específicas que permitem que sejam isolados e manipulados para diversos tipos de aplicações. A técnica de hibridização in situ, por exemplo, baseia-se na complementaridade das fitas de DNA ou RNA, utilizando sondas fluorescentes para a detecção da fita complementar em uma determinada amostra. Essa técnica permite o estudo da expressão gênica. Outra técnica, que também tem o mesmo princípio e finalidade, é a reação em cadeia da polimerase transcriptase reversa (RT-PCR), muito utilizada no diagnóstico de algumas infecções e doenças. À vista disso, o primeiro passo para a maioria das técnicas citadas é o isolamento e purificação das moléculas de DNA e RNA, que será apresentado detalhadamente a seguir. mailto:contato@algetec.com.br LABORATÓRIO DE BIOLOGIA MOLECULAR / GENÉTICA EXTRAÇÃO E PURIFICAÇÃO DE DNA E RNA ALGETEC – SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS EM EDUCAÇÃO CEP: 40260-215 Fone: 71 3272-3504 E-mail: contato@algetec.com.br | Site: www.algetec.com.br 2. TÉCNICAS DE EXTRAÇÃO E PURIFICAÇÃO DE DNA OU RNA As técnicas de extração e purificação das moléculas de ácidos nucleicos (DNA ou RNA) têm basicamente dois princípios: a extração do DNA ou RNA, por meio da lise das membranas celulares, e a purificação das moléculas de DNA ou RNA, por meio da exclusão de outros componentes celulares, como proteínas, e de lavagens específicas. Assim, cada protocolo utilizará sempre esses mesmos princípios. Entretanto, o que muda entre um protocolo e outro? Ao se explicarem as finalidades e funções de cada reagente utilizado nas etapas de purificação do DNA ou RNA, as mudanças entre os protocolos ficarão mais claras. A primeira etapa, como já citado, é a lise das membranas celulares. Para isso, geralmente, são utilizados alguns tipos de detergentes, como o SDS (dodecil sulfato de sódio) e o CTAB (brometo de cetiltrimetilamônio). A segunda etapa envolve a separação do DNA dos outros componentes celulares, como as proteínas. Para isso, são utilizados diversos tipos de reagentes, como: 1) agentes desnaturantes de proteínas, como o tiocianato de guanidina, a proteinase K (faz a “digestão” das proteínas que podem degradar os ácidos nucleicos ou daquelas que podem estar associadas a eles), o β-mercaptoetanol (“quebra” as ligações dissulfeto formadas entre os aminoácidos de cisteínas das proteínas); 2) agentes “quelantes”, como o EDTA (ácido etilenodiamino tetra-acético), tanto para a remoção de outros contaminantes, como taninos e polifenóis, quanto para a inativação de íons de magnésio necessários para a atividade enzimática da DNAse (uma enzima que cliva o DNA, resultando em sua degradação); e 3) um tampão alcalino composto de Tris (pH 8,0) que, juntamente com altas concentrações de um sal (geralmente, cloreto de sódio), auxilia na neutralização das cargas negativas das moléculas de DNA ou RNA e na posterior precipitação dessas moléculas. Alternativamente, usam-se solventes orgânicos, em vez de altas concentrações de sais, como o fenol e/ou o clorofórmio, que auxiliam na degradação das proteínas e na formação de duas fases: uma solúvel, em que as moléculas de DNA ou RNA são mailto:contato@algetec.com.br LABORATÓRIO DE BIOLOGIA MOLECULAR / GENÉTICA EXTRAÇÃO E PURIFICAÇÃO DE DNA E RNA ALGETEC – SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS EM EDUCAÇÃO CEP: 40260-215 Fone: 71 3272-3504 E-mail: contato@algetec.com.br | Site: www.algetec.com.br dissolvidas, e uma insolúvel, na qual se encontram os restos ou debris celulares, as proteínas e outros componentes celulares diferentes dos ácidos nucleicos. Outra alternativa para a não utilização de solventes orgânicos – que podem irritar as mucosas e tornarem-se tóxicos – é o uso das colunas de sílica. As colunas de sílica são extremamente versáteis na purificação do DNA ou RNA, porque são compostas de cargas positivas e, portanto, têm alta afinidade com as moléculas de ácidos nucleicos de carga negativa. Geralmente, kits comercialmente disponíveis utilizam essas colunas de sílica para a separação dos ácidos nucleicos. Entretanto, além da lise e da separação do DNA ou RNA de outros componentes celulares por meio da sílica, durante o uso desses kits comerciais, há algumas etapas adicionais de lavagens, seguidas da eluição do DNA ou RNA da sílicacom o auxílio de água ou tampões de baixa força iônica (pH ≥ 7,0). Ainda, após a separação de DNA ou RNA de outros componentes celulares, para a garantia da máxima pureza, os ácidos nucleicos são precipitados em etanol ou isopropanol na presença de cátions monovalentes. Nessa fase, dependendo da quantidade de DNA ou RNA extraído, eles ficam visíveis a “olho nu” como um precipitado branco. 3. CUIDADOS COM AS AMOSTRAS As amostras contendo o DNA ou RNA purificados devem ser: 1) ressuspensas em um tampão e armazenadas em tubos, ambos “livres” de enzimas que possam degradá- las (como DNAse ou RNAse – nucleases); e 2) mantidas em baixas temperaturas (–20oC ou –80oC). Todos os procedimentos devem ser realizados com luvas para evitar a degradação das amostras, devido à presença de nucleases nos fluidos corporais das mãos. mailto:contato@algetec.com.br LABORATÓRIO DE BIOLOGIA MOLECULAR / GENÉTICA EXTRAÇÃO E PURIFICAÇÃO DE DNA E RNA ALGETEC – SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS EM EDUCAÇÃO CEP: 40260-215 Fone: 71 3272-3504 E-mail: contato@algetec.com.br | Site: www.algetec.com.br REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALBERTS, Bruce et al. Biologia molecular da célula. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010. 1.728 p. ISBN 978-85-363-2170-7. BROWN, Theodore L. et al. Química: a ciência central. 9. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. 987 p. ISBN 85-87918-42-7. CHACON-CORTES, Diego; GRIFFITHS, Lyn R. 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