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TERRAS INDÍGENAS: A CRISE HUMANITÁRIA QUE AFETOU OS POVOS YANOMAMI As terras indígenas segundo a Constituição Federal de 1988 A Constituição Federal de 1988 afirma, no artigo 231, que os povos indígenas têm direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, incluindo sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições. A União é responsável por demarcar e proteger essas terras, a fim de garantir aos povos indígenas a realização de suas atividades produtivas, culturais, de bem-estar e de reprodução. O processo de demarcação envolve estudos antropológicos, históricos, fundiários, cartográficos e ambientais realizados pela Funai. Após a aprovação desses estudos, a terra é delimitada, declarada pelo Ministério da Justiça e homologada por decreto presidencial. As terras homologadas são registradas em cartório em nome da União e na Secretaria do Patrimônio da União, e a partir desse momento são inalienáveis e indisponíveis, e os direitos sobre elas são imprescritíveis. Art. 231 da constituição federal de 1988: “São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens”. (BRASIL, CF/1988). Além de assegurarem um direito garantido pela Constituição e garantirem um papel fundamental na preservação da herança étnica e cultural dos povos indígenas, as terras indígenas têm revelado áreas de importância crucial para a proteção ambiental da Amazônia. A forma como as comunidades indígenas se relaciona com a natureza e utilizam os recursos naturais desempenha um papel relevante na conservação, pois eles têm o direito exclusivo de usufruto sobre suas terras. Além disso, o direito à posse permanente torna os habitantes das terras indígenas seus guardiões. Apesar do papel crucial na preservação da floresta, as ameaças ambientais são frequentes e podem afetar a saúde e o bem-estar desses povos. Essas ameaças surgem do desmatamento, incêndios, expansão da agropecuária ou mineração, e construção de infraestruturas, que impactam tanto a área circundante quanto, muitas vezes, o interior desses territórios. Demarcação de terras indígenas no Brasil A Funai (Fundação Nacional do índio) é responsável pelo processo de demarcação de terras indígenas no Brasil, o qual é fundamental para assegurar a sobrevivência dos povos originários e proteger o meio ambiente. A demarcação de terras indígenas no Brasil é essencial para assegurar o direito fundamental dos povos originários do país e está garantida na Constituição Federal de 1988 . A Funai é responsável pelo processo, que é crucial para manter o modo de vida, cultura e identidade dos povos indígenas brasileiros, bem como para ajudar a proteger os biomas e o meio ambiente. A demarcação de terras indígenas no Brasil é um processo que envolve etapas como identificação, declaração e demarcação dos limites da área, homologação e registro. A demarcação das terras indígenas representa a garantia dos direitos dos povos originários brasileiros, protegendo-os e preservando sua cultura. Além disso, é fundamental para a preservação do meio ambiente. A autonomia dos povos indígenas e a importância da demarcação foram reconhecidas na Constituição Federal de 1988, embora existam leis anteriores, como o Estatuto do Índio (1973), que também preveem a demarcação das terras indígenas. De acordo com o Instituto Socioambiental, existem 731 terras indígenas no Brasil, sendo que 490 delas foram demarcadas e homologadas. A maioria dessas terras está localizada na região Norte, especialmente na Amazônia Legal. Os conflitos nas áreas demarcadas ocorrem principalmente devido à disputa pela posse dessas terras, concentrando-se em regiões de expansão da fronteira agrícola e atividades de exploração vegetal e mineral. Houve um aumento nos conflitos nessas áreas, principalmente no norte do Brasil, devido a ações de fazendeiros, madeireiros e garimpeiros ilegais. A aplicação da tese do marco temporal, cujo foi suspenso, juntamente com a falta de fiscalização por parte dos órgãos competentes, tem agravado os conflitos em áreas demarcadas, aumentando a vulnerabilidade das comunidades indígenas. História dos povos Yanomami Há centenas de anos, os Yanomami habitam a fronteira entre o Brasil e a Venezuela. Inicialmente, estabeleceram-se na região da Serra Parima, no planalto das Guianas, que fica na divisão dos dois territórios. Com o passar do tempo, a população cresceu e expandiu-se para outras áreas, principalmente a partir do século XIX. Esse processo ocorreu em parte devido à invasão de não indígenas na região. Apesar do aumento populacional e da expansão territorial, os Yanomami permaneceram isolados até meados do século XX. Os primeiros contatos com não indígenas ocorreram de maneira esporádica, mas tornaram-se mais frequentes a partir da década de 1940. A partir dos anos 1970, o governo brasileiro promoveu obras de engenharia, como a construção de novas estradas, e intensificou atividades extrativistas, tanto minerais quanto vegetais, na região Norte. Isso resultou em um contato permanente com os Yanomami, pelo menos com algumas comunidades, e trouxe riscos para a sobrevivência da população indígena local. É importante ressaltar que o processo de demarcação da Terra Indígena Yanomami teve início na década de 1970, especificamente em 1977, e foi concluído em 1992. Esse processo culminou no estabelecimento do território onde mais de 26 mil pessoas Yanomami atualmente. A Terra Indígena Yanomami abrange uma ampla área de floresta tropical e é amplamente reconhecida por sua importância para a preservação da biodiversidade amazônica. Os Yanomami veem a terra-floresta, conhecida como "urihi", como algo mais do que um local inanimado para exploração econômica, que poderíamos chamar de "natureza". Para eles, trata-se de uma entidade viva inserida em uma dinâmica cósmica complexa de intercâmbio entre seres humanos e não-humanos. Infelizmente, essa visão está ameaçada pela exploração desenfreada e desconsideração dos brancos. Segundo uma publicação do portal Pib Socioambiental (Portal Povos Indígenas Brasil), em entrevista concedida ao Cedi, em Brasília, no dia 09 de março de 1990, Davi Kopenawa Yanomami, Lider dos Povos na época, falou sobre a importância da preservação da região: “A terra-floresta só pode morrer se for destruída pelos brancos. Então, os riachos sumirão, a terra ficará friável, as árvores secarão e as pedras das montanhas racharão com o calor. Os espíritos xapiripë, que moram nas serras e ficam brincando na floresta, acabarão fugindo. Seus pais, os xamãs, não poderão mais chamá-los para nos proteger. A terra-floresta se tornará seca e vazia. Os xamãs não poderão mais deter as fumaças-epidemias e os seres maléficos que nos adoecem. Assim, todos morrerão." (Portal Povos Indígenas Brasil). Localização das terras indígenas Yanomami na Amazônia O Território Indígena Yanomami (TIY) está localizado integralmente na bacia do rio Negro e no bioma amazônico. Este território abrange mais de 9,6 milhões de hectares e é habitado por oito povos, alguns isolados e outros não. Em 1992, o governo federal estabeleceu oficialmente a demarcação de uma área específica. De acordo com o Centro de Operações de Emergências Yanomami (COE), criado em 20 de janeiro sob a Portaria de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN), existem 384 aldeias divididas entre os Yanomami e os Ye'kwana, que são os indígenas não isolados dentro do território. O COE está sob a supervisão do Ministério da Saúde. Segundo os dados do COE (Centro de Operações de Emergências Yanomami), as aldeias Yanomami estão distribuídas nos municípios dos estados de Roraima e Amazonas.
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