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Fibrilação Atrial 1. Fundamentos do Diagnóstico 1.1 Características Gerais • Ritmo cardíaco irregular. • Geralmente taquicárdico. • Associada a palpitações (início agudo) ou fadiga (crônica). • Propensão para embolização; causa comum de acidente vascular encefálico (AVE). • O ECG mostra atividade atrial errática com resposta ventricular irregular. • Alta incidência e prevalência na população idosa. 1.2 Considerações Gerais • A fibrilação atrial é a arritmia crônica mais comum, afetando cerca de 9% dos indivíduos com mais de 80 anos. • Pode ocorrer em várias condições, como cardiopatia reumática, outras formas de cardiopatia valvar, miocardiopatia dilatada, comunicação interatrial, hipertensão e doença arterial coronariana. • Pode ser o sinal inicial de tireotoxicose. • Frequentemente surge de forma paroxística antes de se tornar um ritmo estabelecido. • Pode ser desencadeada por pericardite, trauma torácico, cirurgia torácica ou cardíaca, distúrbios da tireoide, apneia obstrutiva do sono ou doença pulmonar. • O álcool, tanto em excesso quanto na abstinência, pode causar episódios de fibrilação atrial, frequentemente chamados de "coração do feriado". 2. Achados Clínicos 2.1 Sinais e Sintomas • A fibrilação atrial raramente é fatal, mas pode causar problemas quando a frequência ventricular é alta, como hipotensão, isquemia miocárdica ou disfunção miocárdica induzida por taquicardia. • Pode ser uma causa importante de acidente vascular encefálico, especialmente em pacientes com fatores de risco. • Pacientes idosos ou sedentários podem ter poucos sintomas quando a frequência é controlada, mas muitos percebem irregularidade no ritmo e podem se queixar de fadiga. • A frequência cardíaca pode variar de muito lenta a extremamente rápida, mas é sempre irregular. • A diferença entre a frequência apical e o pulso periférico é chamada de "déficit de pulso", geralmente aumentando com frequência ventricular mais alta. 2.2 ECG • O ECG geralmente mostra atividade atrial errática e desorganizada entre complexos QRS distintos que ocorrem com padrão irregular. • A atividade atrial pode ser fina e difícil de detectar, ou bastante rude e confundida com flutter atrial. 3. Tratamento 3.1 Fibrilação Atrial Recém-Diagnosticada 3.1.1 Paciente Hemodinamicamente Estável • Se não houver sintomas ou instabilidade hemodinâmica, a hospitalização geralmente é desnecessária. • Deve-se realizar exames para função tireoidea e investigação de doenças cardíacas ou valvulares ocultas. 3.1.2 Paciente Hemodinamicamente Instável • Hospitalização e tratamento imediato da fibrilação atrial são necessários. • Cardioversão elétrica é indicada para pacientes com choque, hipotensão grave, edema pulmonar ou isquemia. • Em casos de fibrilação atrial com mais de 48 horas, há risco de tromboembolia. • Nos casos de risco de embolia, controle da frequência e anticoagulação são preferidos. • A cardioversão elétrica é o tratamento preferido para pacientes instáveis. • Pode-se usar cardioversão com 100-200 J sincronizados com a onda R; se falhar, tenta-se 360 J. 3.2 Tratamento Farmacológico • Beta-bloqueadores são preferidos em casos de isquemia ou infarto do miocárdio. • Bloqueadores do canal de cálcio podem ser usados para controle imediato da frequência. • Amiodarona, mesmo intravenosa, tem ação relativamente lenta, mas pode ser útil como adjunto quando outros tratamentos falham. • Para cardioversão em pacientes com fibrilação atrial de duração desconhecida, pode ser usada uma estratégia orientada por ecocardiografia transesofágica para excluir trombo atrial. 3.3 Tratamento Subsequente • Até 66% dos pacientes podem reverter espontaneamente para ritmo sinusal em 24 horas. • Se a fibrilação atrial persistir por mais de uma semana, é pouco provável que reverta espontaneamente. • O tratamento geralmente envolve controle da frequência e anticoagulação. • Beta-bloqueadores, bloqueadores de cálcio e digoxina podem ser usados para controle da frequência, ocasionalmente em combinação. • Anticoagulação é recomendada para pacientes com fibrilação atrial, mesmo que paroxística ou rara, especialmente com fatores de risco para AVE. • O controle da frequência pode ser feito com beta-bloqueadores ou bloqueadores de cálcio redutores da frequência, às vezes em combinação. • Para casos de fibrilação atrial paroxística, anticoagulação em longo prazo deve ser considerada. • Se o controle da frequência não for bem-sucedido, deve-se considerar cardioversão elétrica. • Se a fibrilação atrial persistir após cardioversão, a decisão sobre tratamento antiarrítmico deve ser baseada na tolerância do paciente. 4. Prevenção e Controle da Frequência • A anticoagulação é fundamental para prevenção de acidentes vasculares encefálicos. • As recomendações de anticoagulação baseiam-se no escore CHA2DS2-VASc. • Para pacientes sem contraindicações, a anticoagulação deve ser mantida indefinidamente. • Varfarina é um tratamento comum, mas novos anticoagulantes, como dabigatrana, rivaroxabana e apixabana, têm eficácia semelhante. • Os novos anticoagulantes têm menor risco de hemorragia intracraniana em comparação com a varfarina. 4.1 Controle da Frequência ou Cardioversão Eletiva • A estratégia de controle da frequência com anticoagulação em longo prazo não tem aumento de taxas de mortalidade ou AVE em comparação com controle do ritmo. • A cardioversão eletiva pode ser considerada após período apropriado de anticoagulação para o episódio inicial. • Cardioversão elétrica ou farmacológica pode ser usada conforme a situação e condição do paciente. • A ibutilida intravenosa pode ser usada para cardioversão em ambiente monitorado. • Em longo prazo, medicamentos como amiodarona, dronedarona, sotalol, propafenona, flecainida e dofetilida podem ser usados para manter o ritmo sinusal. 4.2 Fibrilação Atrial Paroxística e Refratária • Pacientes com fibrilação atrial paroxística recorrente têm risco semelhante de AVE aos com fibrilação atrial crônica. • Se episódios paroxísticos não forem reconhecidos, recomenda-se monitoração ambulatorial do ECG. • Anticoagulação em longo prazo é recomendada para pacientes com fibrilação atrial paroxística recorrente, exceto para aqueles com baixo risco. • Para fibrilação atrial refratária a medicamentos, a ablação por cateter pode ser uma opção eficaz. • A ablação do nó AV com marca-passo permanente é uma opção para controle da frequência em casos refratários. 5. Quando Encaminhar e Quando Internar 5.1 Quando Encaminhar • Pacientes com fibrilação atrial sintomática com ou sem controle da frequência. • Fibrilação atrial assintomática com controle deficiente da frequência, apesar do uso de bloqueadores do nó AV. 5.2 Quando Internar • Fibrilação atrial com resposta ventricular rápida que causa comprometimento hemodinâmico. • Fibrilação atrial que resulte em insuficiência cardíaca aguda. REFERÊNCIA: CURRENT MEDICINA: DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO Fibrilação Atrial 1. Fundamentos do Diagnóstico 1.1 Características Gerais 1.2 Considerações Gerais 2. Achados Clínicos 2.1 Sinais e Sintomas 2.2 ECG 3. Tratamento 3.1 Fibrilação Atrial Recém-Diagnosticada 3.1.1 Paciente Hemodinamicamente Estável 3.1.2 Paciente Hemodinamicamente Instável 3.2 Tratamento Farmacológico 3.3 Tratamento Subsequente 4. Prevenção e Controle da Frequência 4.1 Controle da Frequência ou Cardioversão Eletiva 4.2 Fibrilação Atrial Paroxística e Refratária 5. Quando Encaminhar e Quando Internar 5.1 Quando Encaminhar 5.2 Quando Internar
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