Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Síndromes Coronarianas Agudas sem Elevação do Segmento ST (SCASEST) Fundamentos do Diagnóstico • Classificação por ECG: • A distinção entre pacientes com e sem elevação do segmento ST é crucial para determinar a necessidade de reperfusão. • Na SCASEST, a terapia fibrinolítica é prejudicial, ao contrário do STEMI, onde a reperfusão aguda é fundamental. • Tratamento Baseado em Antiplaquetários, Anticoagulação e Intervenção Coronariana: • O tratamento nas SCASEST é baseado em agentes antiplaquetários, anticoagulação e intervenção coronariana. • Utilidade dos Biomarcadores Cardíacos: • Os biomarcadores cardíacos ajudam a confirmar se houve infarto do miocárdio (IM). • A definição universal de IM inclui elevação de biomarcadores acima do percentil 99 do limite de referência, com evidência de isquemia miocárdica (sintomas, ECG, ou imagem). Considerações Gerais • Amplitude das SCAs: • As SCAs abrangem um espectro de isquemia cardíaca instável, desde angina instável até infarto do miocárdio. • As SCAs são classificadas como "com elevação do segmento ST" (STEMI) ou "sem elevação do segmento ST" (SCASEST). • Mudanças Dinâmicas: • Pacientes podem mudar de categoria durante o curso da doença, com novas elevações do ST ou mudanças nos biomarcadores. Achados Clínicos A. Sinais e Sintomas • Sintomas Comuns: • Dor ou desconforto torácico subesternal, irradiando para a mandíbula, ombro ou braço esquerdo. • Dispneia, náusea, sudorese ou síncope podem acompanhar a dor. • Pacientes Sem Dor Torácica: • Cerca de 33% dos pacientes com IM não apresentam dor torácica propriamente dita. Eles tendem a ser idosos, do sexo feminino, ou diabéticos, e estão em maior risco de mortalidade. • Insuficiência Cardíaca: • Em aproximadamente 10% dos casos, os pacientes com SCA apresentam sinais de insuficiência cardíaca, também associados a maior risco de morte. B. Achados Laboratoriais • Marcadores de Necrose do Miócito: • Mioglobina, CK, CK-MB, troponinas I e T podem ser usados para diagnosticar IM. • A creatinina sérica é importante para determinar risco e ajustar a dosagem de certos antitrombóticos. C. ECG • Alterações durante a Dor: • Elevação do segmento ST, depressão do segmento ST, ou alterações da onda T. • Alterações dinâmicas do segmento ST são mais específicas para SCA. Tratamento A. Antiplaquetários • Tratamento Baseado em Antiplaquetários: • Ácido acetilsalicílico (AAS) é fundamental, com possível adição de clopidogrel, prasugrel ou ticagrelor. B. Anticoagulação • Heparinas e Outros Anticoagulantes: • Heparina de baixo peso molecular (HBPM) é comumente usada. • Fondaparinux e bivalirudina também podem ser usados, dependendo da situação. C. Intervenção Coronariana • Intervenção Coronariana Percutânea (ICP): • A ICP pode ser utilizada para revascularização nos casos de SCASEST. Estratégias de Tratamento • Estratificação de Risco: • O risco do paciente determina o plano de tratamento, com abordagens mais conservadoras para risco baixo e mais agressivas para risco alto. • Terapias Adicionais: • Betabloqueadores, nitratos, e inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA) podem ser usados conforme necessário. Monitoramento e Acompanhamento • Estratificação com Unidades de Dor Torácica: • Unidades especializadas podem ajudar a rastrear e estratificar risco para melhores resultados. • Testes de Esforço e Outros Exames: • Usados para avaliar a função cardíaca e a necessidade de intervenção adicional. Prognóstico • Variabilidade do Prognóstico: • Depende do número de vasos acometidos, gravidade da obstrução, função do ventrículo esquerdo e presença de arritmias. Quando Encaminhar • Encaminhamento para Cardiologista: • Qualquer paciente com sintomas de SCA deve ser encaminhado ao cardiologista. Quando Internar • Internação Imediata: • Para pacientes com elevação de biomarcadores, alterações no ECG indicando isquemia, ou instabilidade hemodinâmica. • Observação e Testes de Esforço: • Pacientes com sintomas não específicos podem ser observados e submetidos a testes de esforço ou outros exames antes de alta. Tratamento da Síndrome Coronariana Aguda sem Elevação do Segmento ST (SCASEST) A. Medidas Gerais • Hospitalização e Repouso: Pacientes considerados de risco médio ou alto devem ser hospitalizados e mantidos em repouso ou com atividade muito limitada nas primeiras 24 horas. Durante esse período, eles devem ser monitorados e receber oxigênio suplementar. • Sedação: Em casos de ansiedade, a sedação com benzodiazepínicos pode ser benéfica. B. Medidas Específicas • Anticoagulação e Terapia Antiplaquetária: São a base do tratamento, evitando-se a terapia fibrinolítica, que é prejudicial na SCASEST. 1. Terapia Antiplaquetária • Ácido Acetilsalicílico (AAS): • Deve ser administrado imediatamente, com doses variando de 81 a 325 mg por dia. • Estudos sugerem que a dose ideal para longo prazo é 81 mg/dia, especialmente após a colocação de stents. • Inibidores P2Y12: • Ticagrelor, prasugrel e clopidogrel são usados para prevenir eventos trombóticos. • Ticagrelor é recomendado para pacientes de risco moderado a alto para SCA, enquanto prasugrel é reservado para pacientes planejando ICP (intervenção coronariana percutânea) sem risco elevado de sangramento. • Clopidogrel é uma alternativa para pacientes que não podem receber ticagrelor ou prasugrel. • Prasugrel é contraindicado em pacientes com histórico de AVC ou AIT, com maior risco de sangramento em idosos e pacientes de baixo peso. • Ticagrelor mostrou uma redução significativa em eventos cardiovasculares e mortalidade comparado ao clopidogrel, mas deve ser usado com doses baixas de AAS para evitar risco aumentado de sangramento. 2. Terapia Anticoagulante • Heparina: • Heparina de baixo peso molecular (HBPM) como a enoxaparina é usada para prevenção de eventos isquêmicos recorrentes. • A heparina não fracionada e a enoxaparina têm taxas similares de morte ou (re)infarto no cenário de ICP frequente. • Fondaparinux: • É um inibidor específico do fator Xa administrado uma vez ao dia. Comparado à enoxaparina, mostrou-se igualmente eficaz para prevenção de morte precoce, infarto do miocárdio e isquemia refratária, mas com menor risco de sangramento importante. • Deve ser complementado com heparina não fracionada durante procedimentos de intervenção para evitar trombose relacionada ao cateter. • Inibidores Diretos da Trombina: • A bivalirudina é uma alternativa razoável para a heparina em combinação com inibidores da glicoproteína IIb/IIIa para pacientes que se submetem a ICP. • Menos sangramento com bivalirudina comparado à heparina mais inibidores da glicoproteína IIb/IIIa. • Inibidores da Glicoproteína IIb/IIIa: • Úteis em pacientes de alto risco submetidos à ICP, especialmente quando há depressão flutuante do segmento ST ou biomarcadores positivos. • Necessidade de ajuste de dose para pacientes com função renal reduzida. C. Nitroglicerina • Uso para Controle da Dor Torácica: • A nitroglicerina é a primeira linha para controle da dor torácica em SCAs. • Nitroglicerina intravenosa é utilizada quando a dor persiste, com dosagem inicial de 10 μg/min, titulada para cima até o máximo de 200 μg/min. D. Betabloqueadores • Controle de Frequência e Pressão Arterial: • Os betabloqueadores são parte importante do tratamento, exceto quando contraindicados. • Metoprolol intravenoso pode ser administrado em doses fracionadas (3 doses de 5 mg com intervalos de 5 minutos) ou via oral para controle da pressão arterial. E. Bloqueadores do Canal de Cálcio • Uso Limitado a Casos de Terceira Linha: • Empregados quando sintomas persistem após nitratos e betabloqueadores, ou quando não podem ser usados. • Diltiazem ou verapamil sãopreferíveis, pois causam menos taquicardia reflexa ou hipotensão. F. Estatinas • Início do Tratamento: • Estatinas devem ser iniciadas nos primeiros dias após SCA. • A dose alta de atorvastatina (80 mg por dia) tem mostrado melhora nos desfechos após SCA. Indicações para Angiografia Coronária em Síndromes Coronarianas Agudas sem Elevação do Segmento ST (SCASEST) Para pacientes com SCASEST, é essencial uma estratificação de risco adequada para decidir o tipo de tratamento e a intensidade dos cuidados. A abordagem invasiva precoce é indicada para pacientes de alto risco, enquanto aqueles de risco mais baixo podem ser submetidos a estratégias mais conservadoras ou testes ergométricos para determinar a necessidade de revascularização. A. Classificação e Abordagem Geral • Estratégia Invasiva Precoce: Indicada para pacientes com qualquer característica de alto risco (Quadro 10-10). Inclui cateterismo e revascularização. • Estratégia Conservadora Inicial: Utilizada para pacientes sem características de alto risco, com abordagem não invasiva como testes ergométricos ou com estresse farmacológico para identificar isquemia residual ou risco elevado. • Avaliação Dinâmica: A estratégia de tratamento pode mudar conforme o quadro clínico evolui, com pacientes mudando de categoria ao longo do tempo. B. Indicadores de Alto Risco A seguir estão listados os principais indicadores de alto risco que justificam uma estratégia invasiva precoce: • Angina Reincidente ou Isquemia em Repouso: Ou isquemia com baixo nível de atividade. • Elevação de Troponina: Indica dano cardíaco. • Depressão do Segmento ST: Sugere isquemia. • Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC) ou Fração de Ejeção Inferior a 40%: Indica disfunção ventricular. • Instabilidade Hemodinâmica: Como hipotensão ou choque. • Arritmias Ventriculares Sustentadas. • História Recente de Intervenção Coronariana Percutânea (ICP) ou Enxerto de Bypass da Artéria Coronária (EBAC). C. Outros Indicadores para Cateterismo e ICP • Teste Ergométrico de Alto Risco: Resultados indicando isquemia significativa. • Depressão de ST: Ou alteração significativa na pressão arterial durante teste ergométrico. • Estratégia Conservadora Falha: Quando o paciente apresenta episódios isquêmicos repetidos apesar do tratamento. D. Estratégia para Revascularização Os pacientes com características de alto risco geralmente têm indicação para angiografia e ICP precoces. Em casos onde não há essas características, a abordagem pode ser invasiva ou conservadora, dependendo da evolução clínica e dos resultados de testes não invasivos. E. Ferramentas de Estratificação de Risco • Escore de Risco TIMI: Inclui nove variáveis para prever risco em SCASEST, como idade superior a 65 anos, fatores de risco cardíaco, estenose coronária prévia, desvio do segmento ST, eventos anginosos frequentes, uso recente de ácido acetilsalicílico, entre outros. • Escore de Risco GRACE: Considera fatores como classificação de Killip, pressão arterial, desvio do segmento ST, parada cardíaca na apresentação, creatinina sérica, frequência cardíaca, entre outros. F. Indicações para Encaminhamento e Consulta com Cardiologista • Todos os Pacientes com IAM: Devem ser encaminhados para acompanhamento por cardiologista. • Pacientes com Stents Coronariano: Aqueles que usam inibidores P2Y12 devem consultar um cardiologista antes de suspender o tratamento para procedimentos não emergenciais. REFERÊNCIA: CURRENT MEDICINA: DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO Síndromes Coronarianas Agudas sem Elevação do Segmento ST (SCASEST) Fundamentos do Diagnóstico Considerações Gerais Achados Clínicos A. Sinais e Sintomas B. Achados Laboratoriais C. ECG Tratamento A. Antiplaquetários B. Anticoagulação C. Intervenção Coronariana Estratégias de Tratamento Monitoramento e Acompanhamento Prognóstico Quando Encaminhar Quando Internar Tratamento da Síndrome Coronariana Aguda sem Elevação do Segmento ST (SCASEST) A. Medidas Gerais B. Medidas Específicas 1. Terapia Antiplaquetária 2. Terapia Anticoagulante C. Nitroglicerina D. Betabloqueadores E. Bloqueadores do Canal de Cálcio F. Estatinas Indicações para Angiografia Coronária em Síndromes Coronarianas Agudas sem Elevação do Segmento ST (SCASEST) A. Classificação e Abordagem Geral B. Indicadores de Alto Risco C. Outros Indicadores para Cateterismo e ICP D. Estratégia para Revascularização E. Ferramentas de Estratificação de Risco F. Indicações para Encaminhamento e Consulta com Cardiologista
Compartilhar