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Tutoria S7 - caso 7 Insuficiência Cardíaca Objetivos de aprendizagem 1. Definir as principais etiologias e estabelecer a terapia padrão-ouro para insuficiência cardíaca crônica. 2. Determinar scores de gravidade úteis na avaliação do paciente com IC. 3. Descrever a epidemiologia da insuficiência cardíaca. 4. Definir a propedêutica na abordagem de um paciente com insuficiência cardíaca descompensada no pronto-atendimento e suas principais causas. Objetivo 1 Definição ● Insuficiência cardíaca (IC) é uma síndrome clínica complexa, na qual o coração é incapaz de bombear sangue de forma a atender às necessidades metabólicas tissulares, ou pode fazê-lo somente com elevadas pressões de enchimento. ● Tal síndrome pode ser causada por alterações estruturais ou funcionais cardíacas e caracteriza-se por sinais e sintomas típicos, que resultam da redução no débito cardíaco e/ou das elevadas pressões de enchimento no repouso ou no esforço. ● O termo “insuficiência cardíaca crônica” reflete a natureza progressiva e persistente da doença, enquanto o termo “insuficiência cardíaca aguda” fica reservado para alterações rápidas ou graduais de sinais e sintomas resultando em necessidade de terapia urgente. ● Embora a maioria das doenças que levam à IC caracterizem-se pela presença de baixo débito cardíaco (muitas vezes compensado) no repouso ou no esforço (IC de baixo débito), algumas situações clínicas de alto débito também podem levar a IC, como tireotoxicose, anemia, fístulas arteriovenosas e beribéri (IC de alto débito). Etiologias ● As principais etiologias para IC são: 1 ● A IC consiste em uma enfermidade progressiva desencadeada a partir de um insulto inicial que acomete o músculo cardíaco (etiologias que vimos acima), com resultante perda de massa muscular ou, alternativamente, prejudica a habilidade desse miocárdio de gerar força e manter sua função contrátil adequada. ● Mesmo após a instalação de disfunção cardíaca, a maioria dos pacientes pode permanecer assintomática por períodos de tempo variáveis em decorrência da ativação de mecanismos adaptativos neuro-hormonais, dentre os quais se destacam os sistemas renina-angiotensina-aldosterona (SRAA) e nervoso simpático (SNS). Essas adaptações iniciam-se rapidamente, questão de minutos a horas, e são capazes de sustentar ou modular a função ventricular em níveis próximos ao normal. ● Em longo prazo, outro mecanismo adaptativo é o remodelamento ventricular, em que fatores neuro-hormonais, mecânicos e, possivelmente, genéticos alteram o tamanho, a forma e a função ventricular. ● Esse remodelamento, que, em princípio, é consequência da ICFEVEr, passa, em um segundo momento, a contribuir para a deterioração da disfunção miocárdica. Quando ocorre a falência dos mecanismos adaptativos, sobretudo do remodelamento ventricular, a ICFEVEr torna-se francamente sintomática. 2 Obs.: A doença aterosclerótica das artérias coronárias (DAC) é a principal causa de IC em todo mundo, incluindo o Brasil. A isquemia miocárdica participa diretamente da fisiopatologia da disfunção sistólica, bem como das alterações das fases da diástole e, portanto, da ICFEp. A reversão da isquemia, com procedimentos de revascularização miocárdica, deve ser sempre considerada em pacientes com IC. Tratamento ● Não medicamentoso: ○ Restrição de sal (evitar ingesta excessiva de sódio em níveis > 7 g de sal cloreto de sódio por dia para todos pacientes com IC crônica) ○ Dieta e perda de peso ○ Cessação do tabagismo e drogas ilícitas ○ Cessação de alcoolismo: ■ Pacientes com miocardiopatia dilatada de origem alcoólica devem ser aconselhados a se absterem completamente do uso de bebidas alcoólicas. ■ Uso em pequenas quantidades em IC de outras etiologias é controverso. ○ Vacina para influenza (anualmente) e pneumococo ○ Reabilitação cardiovascular ○ Atividade laborativa ■ Importante, tanto financeiramente, quanto para o estado emocional e a autoestima, em pacientes com doenças crônicas. ■ Nos trabalhadores com tarefas laborativas de força, a troca de função deve ser avaliada de modo individual somente após otimização do tratamento farmacológico e não farmacológico. ○ Atividade sexual ■ Os inibidores da fosfodiesterase tipo 5 (iF-5) são geralmente seguros e eficazes para o tratamento da disfunção erétil em pacientes com IC compensada. ■ Pacientes com IC descompensada ou avançada não devem ter atividade sexual até que sua condição esteja estabilizada (AHA). ○ Planejamento familiar: ■ Pacientes com fração de ejeção gravemente reduzida e em classes funcionais III e IV devem ser desencorajadas a engravidar 3 ● Tratamento farmacológico da insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida ○ Inibidores da enzima conversora da angiotensina e bloqueadores dos receptores da angiotensina II ■ Reduzem a mortalidade geral e auxiliam na prevenção de ICC em pacientes com ICFER, devendo ser prescritos para todos eles, incluindo-se aqueles com fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) entre 40% e 50%. ■ O uso de BRAs é uma alternativa nos casos de intolerância ao IECA. ○ Betabloqueadores ■ Os BB também são considerados fármacos de primeira linha no tratamento da ICFEr, pois determinam benefícios clínicos na mortalidade global, na morte por IC e por morte súbita, além de melhorarem sintomas e reduzirem taxas de re-hospitalizações por IC. ○ Antagonistas dos receptores mineralocorticoides ■ Estão indicados em pacientes sintomáticos com disfunção sistólica do VE, em classes funcionais II a IV da NYHA, associados ao tratamento 4 padrão, apresentando efeitos contundentes sobre mortalidade e taxas de re-hospitalização. ○ Inibidores do cofator 2 transportador de sódio e glicose (SGLT2) ■ Redução de mortalidade e de deterioração clínica. ■ Os inibidores de SGLT2 são recomendados para o tratamento da ICFER em pacientes diabéticos ou não, nas doses observadas nos ensaios clínicos, após terapêutica otimizada com BB, IECA/BRA ou sacubitril/valsartana e antagonista da aldosterona, caso permaneçam sintomáticos. ■ Nos diabéticos, podem ser associados com metformina ou mesmo com outras drogas antidiabéticas. ○ Inibidores da neprilisina e dos receptores da angiotensina (sacubitril/valsartana) - INRA ■ Ao inibir a neprilisina, a degradação de peptídeos natriuréticos, da bradicinina e de outros peptídeos é diminuída. ■ Recomenda-se a troca de IECA/BRA para o sacubitril/valsartana nos pacientes com ICFEr que persistem sintomáticos, mesmo após o emprego de doses otimizadas dos bloqueadores neuro-hormonais. ○ Ivabradina ■ A ivabradina inibe seletivamente a corrente If no tecido do nó sinoatrial, reduzindo a FC. ■ Recomendada para disfunção de VE sintomática, em paciente com terapêutica otimizada, em ritmo sinusal e com FC ≥ 70 bpm, para redução de hospitalização, morte cardiovascular e morte por IC. ■ Não deve ser usada durante gravidez. ○ Digitálicos ■ Disfunção de VE sintomática, apesar de terapêutica otimizada com terapia tripla, para reduzir sintomas e hospitalizações. ■ Disfunção de VE, em pacientes com FA sintomáticos, apesar de terapêutica otimizada (incluindo BB), para controle de frequência ventricular. ○ Diuréticos de alça e tiazídicos ■ No entanto, não há ECR que tenha demonstrado aumento de sobrevida com uso de diuréticos em pacientes com IC crônica ambulatorial (não diminuem mortalidade). ■ Recomenda-se sempre o uso da menor dose terapêutica necessária com o uso continuado de diuréticos. 5 ■ O principal diurético utilizado na ICFER é a furosemida. ■ Recomenda-se diurético tiazídico associado ao diurético de alça para controle de congestão persistente, apesar de terapêutica otimizada e incrementos na dose de diurético de alça. ○ Nitrato e hidralazina ■ Associação indicada em pacientes que apresentam piora da função renal e/ou hipercalemia com uso de IECA/BRAs, para aqueles que não evoluem bem na vigência do tratamento medicamentoso otimizado ou que, em avaliação, documente-se que persistem com sinais de resistênciaperiférica elevada. ■ Também recomendada para negros autodeclarados com disfunção sistólica sintomática em classe funcional III-IV (NYHA), apesar de terapêutica otimizada. ● Tratamento intervencionista ○ Fibrilação atrial: considerar cardioversão elétrica, ablação por cateter. ○ Cardiodesfibrilador implantável (CDI): ■ Indicado para prevenção secundária de morte súbita em todo paciente com cardiomiopatia de qualquer etiologia sobrevivente de parada cardíaca decorrente de fibrilação ventricular (FV) e taquicardia ventricular sustentada (TVS), excluindo-se causa reversível. ■ Também é indicado para prevenção primária de morte súbita, associado à terapia otimizada durante pelo menos seis meses, em pacientes com ICFER com FEVE ≤ 35%, em classe funcional II e III, portadores de cardiomiopatia isquêmica; após infarto do agudo do miocárdio com pelo menos 40 dias de evolução, com FEVE ≤ 35%, em terapia otimizada, sem indicação de revascularização miocárdica. ○ Terapia de ressincronização cardíaca ■ Recomendada para pacientes com ICFER sintomática, ritmo sinusal, tratamento medicamentoso otimizado, com FEVE < 35% e QRS > 150 mseg com morfologia de bloqueio completo de ramo esquerdo (BCRE). ○ Abordagem percutânea da insuficiência mitral secundária ■ Pacientes com IM grave associada à ICFER, recebendo terapia otimizada, incluindo TRC, e que não são considerados para cirurgia corretiva. ● Tratamento cirúrgico ○ Cirurgia de revascularização do miocárdio (RVM) ■ Indicada em pacientes com disfunção sistólica do ventrículo esquerdo (DSVE) e lesão do tronco da artéria coronária esquerda (TCE) ≥ 60%, ou naqueles com lesões ≥ 70% proximais em artérias descendentes anterior e 6 circunflexa (equivalente de TCE) ou em multiarteriais, principalmente se forem diabéticos, em pacientes com sintomas anginosos limitantes e isquemia documentada, desde que exista anatomia favorável. ○ Dispositivos de assistência ventricular ■ Indicados no tratamento do choque cardiogênico ou na manutenção das condições circulatórias em pacientes com IC refratária ao tratamento medicamentoso como ponte para o transplante cardíaco. ■ IC refratária, principalmente para os não elegíveis para transplante cardíaco. ○ Transplante cardíaco ■ Está indicado para pacientes com insuficiência cardíaca refratária, classes funcionais NYHA III ou IV permanentes, com sintomas graves e hospitalização frequente, sem alternativas de tratamento e terapêutica medicamentosa otimizada. ■ Para os pacientes ambulatoriais, um critério de indicação é o VO2 < 12 mL/kg/min (em vigência de betabloqueadores) ou VE/VCO2 acima de 35 em pacientes com classe funcional III ou IV. ● Tratamento farmacológico da insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada ○ A ICFEP ainda não tem qualquer tratamento específico para a redução da mortalidade. 7 ○ O tratamento sintomático da ICFEP é empírico e consiste principalmente em diuréticos para reduzir a congestão. Objetivo 2 A IC pode ser determinada basicamente de acordo com a fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE), quanto à gravidade dos sintomas (classificação funcional da New York Heart Association – NYHA) e quanto ao tempo e progressão da doença. Classificação de acordo com a fração de ejeção A diferenciação dos pacientes de acordo com a FEVE tem particular importância principalmente em relação à resposta terapêutica. Classificação de acordo com a gravidade dos sintomas 8 Esta classificação permite avaliar o paciente clinicamente, auxilia no manejo terapêutico e tem relação com o prognóstico. Pacientes em classe funcional III e IV da NYHA apresentam-se mais sintomáticos, com internações hospitalares mais frequentes, com maiores chances de descompensações clínicas e maior mortalidade. Classificação de acordo com a progressão da doença A classificação por estágios da IC proposta pela ACC/AHA enfatiza o desenvolvimento e a progressão da doença (continuum de gravidade). No entanto, a partir do estágio C, ou seja, pacientes com sintomas, são esperadas diferentes apresentações clínicas e diferentes classificações dentro da avaliação funcional da NYHA. Classificação clínico-hemodinâmica proposta por Stevenson ● Avaliação dos pacientes com descompensação aguda. 9 ● Os pacientes com sintomas e sinais clínicos de congestão são denominados úmidos ou congestos; ● Na ausência dos mesmos, como secos; ● Na presença de sinais de baixo débito, como frios ● Os com perfusão periférica normal, como quentes. Objetivo 3 Epidemiologia ● Acomete, no mundo, mais de 23 milhões de pessoas. ● A sobrevida após 5 anos de diagnóstico pode ser de apenas 35%, com prevalência que aumenta conforme a faixa etária (aproximadamente de 1% em indivíduos com idade entre 55 e 64 anos, chegando a 17,4% naqueles com idade maior ou igual a 85 anos). ● No Brasil, estima-se que cerca de 300 mil internações ocorrem por conta da IC, consumindo milhões de reais por ano, sendo a primeira causa de internação pelo SUS por doença cardiovascular, e principal causa nos pacientes acima de 60 anos de idade. ● Mortalidade tardia (1 ano): maior taxa para portadores da ICFEr (8,8%), seguida da ICFEi (7,6%) e da ICFEp (6,3%). ● No Brasil, 12,6% dos pacientes que internam por IC morrem na internação. ● O perfil clínico da IC crônica envolve indivíduos idosos portadores de etiologias diversas, sendo a isquêmica a mais prevalente, com alta frequência de comorbidades associadas. ● A IC com fração de ejeção preservada vada é responsável por aproximadamente metade dos casos, acomete preferencialmente mulheres, pessoas de faixas etárias mais elevadas e hipertensos. 10 ● Na América Latina, com suas peculiaridades sociais, econômicas e culturais, um perfil clínico distinto é encontrado ○ A principal causa de re-hospitalizações é a má aderência à terapêutica básica para IC, além de elevada taxa de mortalidade intra-hospitalar ○ O controle inadequado de hipertensão arterial e diabetes, e a persistência de doenças negligenciadas está entre causas frequentes da IC. ○ A doença reumática e a doença de chagas (DC), embora menos relevantes do que no passado, continuam presentes, gerando quadros graves. ● São fatores de risco para IC: ○ Como fatores de risco para IC FEVEp, têm-se idade, sexo feminino, obesidade, hipertensão arterial, diabete melito, doença coronariana, doença renal e estenose aórtica. ○ Para a IC com FEVEr tem-se idade, sexo masculino, hipertensão arterial, doença coronariana, aterosclerose, diabete melito, obesidade, doença valvar, reação soroló-gica positiva para doença de Chagas, abuso de álcool/cocaína, uso de cigarro, dislipidemia, doença renal crônica, história de cardiomiopatia familiar, síndrome metabólica, albuminúria, quimioterapia para câncer, anemia, ephe-dra/tiazolidinediona, apneia do sono, vida sedentária, situação econômica desfavorável, estresse psicológico, características genéticas (α2CDel322-325 etc.), frequência cardíaca elevada e aumento dos níveis de homocisteína. Objetivo 4 ● A IC aguda é uma das principais causas de internação hospitalar no Brasil e no mundo e está relacionada a um aumento da mortalidade e da necessidade de reinternação em curto e longo prazos. ● A IC aguda é classificada de acordo com quatro aspectos: 1. Síndrome clínica de apresentação: insuficiência ventricular esquerda, IC congestiva, choque cardiogênico e edema agudo de pulmão. 2. Tempo de evolução da doença: IC aguda nova ou crônica agudizada 3. Tipo de disfunção ventricular: IC com ICFEp − considerada FEVE > 50%; IC com ICFEi − ou seja, com FEVE 40% e 50%; e ICFEr representada por FEVE < 40% 4. Modelo clínico-hemodinâmico 11 ● Abordagem inicial dos pacientes com suspeita de insuficiência cardíaca aguda na sala de emergência (realizar as 4 etapas em até 120 min) ○ Definição de risco imediato de vida ○ Diagnóstico de IC aguda ○ Perfil de risco prognóstico intra-hospitalar ○ Terapêutica admissional ● Definição de paciente com alto risco de vida imediato ○ Identificar se o pacienteencontra-se em alto risco imediato de vida, por meio da avaliação do fator causal, da apresentação clínica, da presença de arritmias ou bradiarritmias ou alterações isquêmicas agudas no ECG, e da presença de elevação de troponina ou dos indicadores de inflamação. ○ Estes pacientes devem ser identificados e tratados nos primeiros 30 minutos da admissão. 12 ● Diagnóstico de insuficiência cardíaca aguda ○ A suspeita clínica de IC aguda tem como base a identificação da presença de congestão pulmonar ou sistêmica por meio da história clínica e do exame físico. ○ A congestão está presente em cerca de 90% dos pacientes, e o baixo débito cardíaco em 10%. ○ Os achados clínicos, ao serem analisados de forma agrupada pelos critérios diagnósticos de Framingham. Exames complementares Admissionais: ■ Hemograma completo; 13 ■ Eletrólitos (Na, K e Mg); ■ Função renal (ureia/ creatinina); ■ Proteína C-reativa; coagulograma; ■ Proteínas totais e frações; ■ Transaminase glutâmico oxalacética (TGO), transaminase glutâmico pirúvica (TGP) e bilirrubinas; ■ TSH, se > 60 anos ou suspeita ou doença tireoidiana; ■ Glicemia; ■ Troponina (na suspeita de doença arterial coronária, miocardite ou Takotsubo); ■ Gasometria arterial e lactato ■ BNP, NT-proBNP ➔ Os peptídeos natriuréticos, quando disponíveis, devem ser utilizados de rotina na avaliação diagnóstica admissional na sala de emergência de pacientes com dispneia ou suspeita de IC aguda). ➔ Os peptídeos natriuréticos apresentam alta capacidade de afastar o diagnóstico (alta sensibilidade), na presença de níveis séricos de BNP<100pg/mL e NT-proBNT < 300 pg/mL ■ Avaliação do ritmo cardíaco por meio do monitor, com confirmação posterior pelo ECG de taquiarritmias ou bradiarritmias, que demandem intervenção terapêutica imediata. ○ Outros exames: ■ ECG: permite suspeitar da etiologia da IC e da causa da descompensação. A presença de um ECG normal é incomum, próximo de 13%, e praticamente exclui doença miocárdica crônica. ■ Radiografia de tórax: ➔ Deve ser realizada no leito e em pacientes de baixo risco, no gabinete em projeção posteroanterior e perfil ➔ Permite avaliação da área cardíaca e da congestão pulmonar, e ajuda na diferenciação de causas torácicas e pulmonares da dispneia. ■ Ecocardiograma ➔ Deve ser realizado em todos os pacientes dentro das primeiras 48 horas da admissão. ➔ Utilizado para as definições do fator etiológico, do grau da disfunção ventricular, da avaliação da congestão pulmonar e sistêmica, e da identificação de fator mecânico. ■ Ultrassom de tórax 14 ➔ Permite uma estimativa do tipo e do grau de disfunção ventricular, e do diagnóstico do fator causal. ➔ Permite também repetidas reavaliações, fornecendo monitorização clínico-hemodinâmica em resposta à terapêutica. 15 ● Modelos clínicos de desenvolvimento da insuficiência cardíaca aguda ○ A IC aguda pode se instalar de forma progressiva ou aguda em pacientes com IC prévia, que caracteriza IC aguda crônica agudizada, ou em pacientes sem história prévia de IC ou doença cardíaca estrutural, que são caracterizados como IC aguda nova. ○ A diferenciação entre estas duas formas de apresentação é de fundamental importância na definição da estratégia terapêutica. ● Pesquisa de fatores de descompensação da insuficiência cardíaca aguda 16 ○ Cerca de 50% dos pacientes apresentam um fator clínico responsável pela descompensação ou agravamento da IC. ○ Sua identificação e seu tratamento são importantes, pois sua persistência pode significar a refratariedade ao tratamento da IC aguda. ● Pesquisa de comorbidades descompensadas ○ Cerca de 75% dos pacientes apresentam ao menos uma comorbidade, sendo as mais comumente observadas diabetes, DPOC, asma brônquica, hipotireoidismo, insuficiência renal crônica agudizada, ansiedade e depressão. ● Perfil clínico-hemodinâmico ○ Enquadrar o paciente em um dos quatro perfis hemodinâmicos já discutidos. ○ O perfil de congestão associado à ausência de sinais de baixo débito cardíaco (quente-congesto) é o mais frequentemente observado e de melhor prognóstico. 17 ● Perfil de risco admissional ○ A estimativa do perfil de risco admissional do paciente de mortalidade intra-hospitalar deve ser estabelecida por meio do perfil de risco clínico, que avalia a apresentação clínica da IC aguda e pelo de escores de risco. Dentre eles, o mais validado é a escala de risco do registro ADHERE, que utiliza as variáveis de PAS, blood urea nitrogen (BUN; ureia) e creatinina sérica. ○ De acordo com o perfil de risco admissional, os pacientes são alocados nos protocolos terapêuticos e na unidade de internação mais adequada. ● Tratamento: ○ ABCDE! ○ Os objetivos iniciais são estabilização hemodinâmica, melhora da oxigenação e da ventilação e resolução ou alívio dos sintomas. Deve-se tentar encontrar fatores descompensadores da IC e o tratamento específico deve ser realizado. ○ Suporte ventilatório: ■ Alvo Saturação de Oxigênio (SatO2 ) > 90% e redução do trabalho respiratório. 18 ■ Oxigenoterapia está indicada em todos os pacientes com SatO2 < 90%, com cateter nasal ou máscara, com oxigênio a 100% 3 a 5 L/minuto, sendo que, em pacientes com DPOC, o recomendado é 1 a 2 L/minuto, para evitar a indução de hipercarpnia. ■ Suporte ventilatório não invasivo com pressão positiva está indicado em todos os pacientes com SatO2 < 90% com esforço respiratório, ou desconforto respiratório, que não apresentaram melhora com oxigenoterapia. Também está indicado nos pacientes com edema agudo de pulmão. ■ O suporte ventilatório invasivo deve ser considerado nos pacientes que se mantêm sintomáticos e/ou hipoxêmicos mesmo com outras formas não invasivas de suporte de oxigênio, quando há insuficiência respiratória aguda, com choque cardiogênico, na presença de desorientação, ou caso exista alguma contraindicação ao suporte mecânico respiratório não invasivo. ● Terapêuticas admissionais na IC: 19 20 21
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