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Educação a Distância 13 Pois bem, continuemos dialogando e aprendendo com os dois textos que seguem. Nesta segunda unidade, teremos como objetivos: Vamos em frente?? 2 Componentes e Papeis Técnico em Informática Identificar o papel e a importância dos principais “atores” na EaD; Refletir a postura necessária para um aluno nesta modalidade. Já aprendemos o que é a EaD e um pouco da sua história e características... Vamos em frente? Afinal, quem são os “atores” nesta modalidade de ensino? 14 Educação a Distância MEC – Ministério da Educação e Cultura. Professores, Tutores e alunos de Educação a Distância. In: Fundamentos e Práticas em Educação. Equipe SEDIS, UFRN, 2009. Disponível em: http://redeetec.mec.gov.br/images/stories/pdf/eixo_amb_saude_seguranca/tec_seguranca/educ_dist/ 291012_edu_dist_a03.pdf. Acesso em: 27 fev. 2024. Até aqui, estudamos aspectos que se referem a conceitos e estruturas básicas da Educação a Distância. A partir daqui, aprenderemos aspectos muito importantes em um curso a distância: o papel de professores e tutores. Como você é um aluno de um curso EaD, esta aula será de grande ajuda para que você possa situar-se como um partícipe de um processo que exigirá, tanto do professor e dos tutores quanto dos alunos, algumas responsabilidades e atribuições que, apesar de serem exigências também no ensino presencial, adquirem nova configuração no Ensino a Distância. Vejamos quais são: O novo professor Tradicionalmente, o papel de um professor na educação presencial foi sempre o de uma figura que transmitia conhecimentos aos alunos. Esse conhecimento, que normalmente era de domínio exclusivo do professor, estava sistematizado e 2.1 Professores e Tutores de EaD Adaptado de MEC (2009) Técnico em Informática Educação a Distância 15 organizado em manuais, aos quais somente o professor tinha acesso. O papel do professor era “traduzir” esse conhecimento para uma linguagem acessível ao aluno, que era um mero depositário desse saber. Com o avanço das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC´s) e, principalmente, depois da Internet, esse conhecimento sistematizado, que tinha um caráter estático, passou à condição de fluxo dinâmico e exigiu mudanças na postura dos sujeitos que lidam cotidianamente com ele. Entre esses sujeitos, está o professor. Agora, diante dessa nova configuração, em que o acesso ao conhecimento é cada vez mais democratizado, o professor necessita assumir novos papeis. Esses novos papeis se aplicam a todos os professores de maneira geral. Entretanto, tornam-se vitais para o professor de Educação a Distância, uma vez que a realização da aprendizagem se dá através da mediação tecnológica, o que dimensiona, de maneira nova e desafiadora, o processo de ensino e aprendizagem. O Tutor na EaD Você já deve ter ouvido falar bastante nessa palavra “tutor”, não é mesmo? Que tal, antes de começarmos a falar sobre o tutor, você fazer uma rápida busca de seu significado no dicionário? Quando pensamos em tutoria aplicada aos processos de ensino e aprendizagem a distância ou presencial estamos nos referindo aquele que é um professor/educador (Emerenciano; Sousa; Freitas, 2009). Os primeiros tutores a atuarem como orientadores educacionais surgiram já no século XV nas primeiras universidades. Naquele momento, a orientação era de Quem é o tutor na Educação a Distância? Qual o seu papel? Que importância ele tem no processo de ensino e aprendizagem a distância? Isso é o que vamos estudar agora! 16 Educação a Distância caráter religioso e tinha o objetivo de propagar a fé e a conduta moral. Depois, no século XX, os tutores passam a assumir a função de orientadores, de acompanhantes das atividades acadêmicas e, com esta função, ele foi incorporado aos programas de educação a distância. Na visão tradicional da EaD, o tutor era aquele que orientava, guiava, dirigia, mas não ensinava o aluno. A função de ensinar era dos materiais didáticos e o papel do tutor era somente acompanhar, de modo funcional, o processo de aprendizagem. Entretanto, com o aperfeiçoamento dos sistemas de EaD e com a introdução das novas TIC´s aos processos de ensino e aprendizagem a distância, a figura do tutor ganhou uma nova dimensão. De acompanhante dos processos de aprendizagem, o tutor passou a ser o responsável direto pela mediação pedagógica, de modo que, atualmente, a sua figura se confunde com a do professor. Ou melhor: o tutor é um professor. Mais do que isso, atualmente, na EaD, o tutor deve ser um educador. O que faz um tutor na EaD Como você já viu, a função do tutor na EaD mudou ao longo do tempo. De mero acompanhante do processo de aprendizagem, ele passou a ter um papel que hoje é determinante para a eficiência de um curso ou programa de EaD. Ao discutir sobre a figura do tutor na Educação a Distância, Gonzalez (2005, p.25) afirma que: No cenário da Educação a Distância, o papel do tutor extrapola os limites conceituais impostos na sua nomenclatura, já que ele, em sua missão precípua, é educador como os demais envolvidos no processo de gestão, acompanhamento e avaliação dos programas. É o tutor o tênue fio de ligação entre os extremos do sistema instituição-aluno. O contato a distância impõe o aprimoramento e o fortalecimento permanente desse elo, sem o que, perde-se o foco. Como você pode observar, ficaria difícil - se não, impossível - que um processo de EaD se efetivasse, atualmente, se não existisse a figura do tutor. Mas, na atual conjuntura da EaD, quais seriam as atribuições de um tutor? Conforme Niskier (2000, p. 393), o papel do tutor é: ✓ Comentar os trabalhos realizados pelos alunos; ✓ Corrigir as avaliações dos estudantes; Educação a Distância 17 ✓ Ajudar os alunos a compreenderem os materiais do curso através das discussões e explicações; ✓ Responder às questões sobre a instituição; ✓ Ajudar os alunos a planejarem seus trabalhos; ✓ Organizar círculos de estudo; ✓ Fornecer informações pela plataforma e e-mail; ✓ Supervisionar trabalhos práticos e projetos; ✓ Atualizar informações sobre o progresso dos estudantes; ✓ Fornecer feedback aos coordenadores sobre os materiais dos cursos e as dificuldades dos estudantes; ✓ Servir de intermediário entre a instituição e os alunos. Além dessas habilidades, o tutor, segundo Gonzalez (2005, p.27), ainda deve ter: facilidade para se comunicar, dinamismo, criatividade e liderança; iniciativa para realizar com eficácia o trabalho de facilitador junto ao grupo de alunos sob sua tutoria; conhecer a realidade de seus alunos em todas as dimensões: pessoal, social, familiar e escolar; ter competência individual de equipe para analisar realidades, formulando planos de ação coerentes com os resultados de análises e de avaliação e ter atitudes que sejam eticamente irrepreensíveis, evitando impor os seus valores, favorecendo a ampliação. Todas essas competências estão na base dos dois princípios que ajudam, decisivamente, a manter o equilíbrio e a motivação necessários à permanência do aluno em um programa ou curso a distância: a interatividade e a afetividade. No entanto, para que o aluno aprenda não basta ter tutores, professores, materiais didáticos, recursos tecnológicos! Eles são importantes no processo de Como você pode perceber, um curso EaD não é um curso sem professor!! 18 Educação a Distância aprendizagem, mas tão importante quando eles, é o papel e a atitude do aluno em relação ao seu processo de aprendizagem. Saiba mais: Para se aprofundar mais sobre os papeis dos professores e tutores, leia o texto “Caminhos para a aprendizagem inovadora” de José Manuel Moran, disponível nas referências. Referências BECHARA, Fabiana. O papel do tutor na educaçãoa distância. Revista TI, 5 set. 2006. BEHRENS, Maria Aparecida. Projetos de aprendizagem colaborativa num paradigma emergente. In: MORAN, J.M.; MASETTO, M.T. Novas tecnologias e Mediação Pedagógica, São Paulo: Papirus, 2000. p. 67-131. EMERECIANO, M. Do S.; SOUSA, C.A.L.de; FREITAS, L.G.de. Ser presença como educador, professor, tutor. Disponível em: http://www.abed.org.br/site/pt/midiateca/textos_ead/695/ser_presenca_como_educador,_pro fessor_e_tutor_. Acesso em: 27 fev. 2024. GONZALEZ, Mathias. A arte da sedução pedagógica na tutoria em educação a distância. In: GONZALEZ, Mathias. Fundamentos da tutoria em educação a distância São Paulo: Avercamp, 2005. LANDIM, C.M. Educação à distância: algumas considerações. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 1997 MORAN, José Manuel. Caminhos para a aprendizagem inovadora. In: MORAN, José Manuel. Novas tecnologias e mediação pedagógica. 12. ed. São Paulo: Papirus, 2006. Disponível em: https://www.academia.edu/10222269/Moran_Masetto_e_Behrens_NOVAS_TECNOLOGIAS _E_MEDIA%C3%87AO_PEDAGOGICA. Acesso em: 27 fev. 2024. NISKIER, Arnaldo. Educação a distância: a tecnologia da esperança. Rio de Janeiro: Edições Loyola, 2000. Vamos entender agora as responsabilidades de vocês, alunos, na EaD? Avance para a próxima unidade! Educação a Distância 19 OLIVEIRA, M.R.G.de; LIMA, V.S.. O estudante da EaD: seu papel e sua organização para o estudo. In: Otsuka, J.; Oliveira, M.R.G.de; Lima, V.S.; Magri, D.M.C (org.) Educação a Distância: formação do estudante virtual. São Carlos, Coleção UAB−UFSCar. p.59-74, 2011. Planejamento e organização pessoal para estudos em EaD A organização pessoal é imprescindível para estudar em EaD. Cada estudante possui um contexto particular e diferenciado, dispondo de mais ou menos tempo para a realização das atividades propostas no curso. Portanto, planejar seus estudos e seguir uma agenda pessoal são condições necessárias para que se tenha sucesso nos estudos em EaD. Além disso, a flexibilidade possibilitada por essa modalidade de estudo exige dos participantes uma disciplina pessoal muito maior do que a necessária na modalidade presencial. 2.2 O estudante da EaD: organização para o estudo Marcia Rozenfeld G. de Oliveira / Valéria Sperduti Lima (Adaptado) Técnico em Informática 20 Educação a Distância Organização do tempo e espaço para estudo Um dos pontos mais importantes para a organização pessoal do estudante de EaD é a administração do tempo e espaço para se dedicar ao curso. O primeiro passo é estabelecer uma agenda de atividades compatível com o tempo disponível para o estudo online. Para isso, é necessária uma avaliação realista do tempo que é preciso para acomodar todas as atividades diárias, como trabalho, transporte e relações familiares (Palloff; Pratt, 2004). Ao elaborar uma agenda, o estudante deve fazer um planejamento ou lista com os dias e horas que tem disponíveis e locais adequados, considerando que os cursos online exigem, normalmente, de 20 a 25 horas semanais. Tendo em mãos essa distribuição de dias e horários, o estudante precisa estabelecer prioridades nas tarefas e estimar o tempo que gastará com elas. Para isso, poderá contar sempre com a orientação de tutores e professores. Agenda de atividades: estabelecendo prioridades Para uma organização adequada das atividades, é necessário estabelecer metas e objetivos. Nesse contexto, é importante ser flexível, lembrando que imprevistos podem acontecer e que sempre é possível retomar o planejamento e readequar a agenda pessoal (essa situação pode ser dialogada com os tutores). Para estabelecer os objetivos de um curso ou disciplina, o estudante deverá ter em mãos o plano de ensino, fornecido pelo responsável, e o calendário de atividades. A partir daí, ele deve observar as unidades e prazos que precisarão ser cumpridos, bem como as orientações específicas. Com base nessa primeira análise, o estudante poderá passar às prioridades. O entendimento da importância e urgência das atividades poderá ser conferido com o grupo de colegas, tutores e professores sempre que necessário. Atividades que, embora não sejam importantes, ajudam o estudante a se sentir mais à vontade na sua execução, como jogos, chats, bate-papos, podem ser elencadas na agenda, no entanto, deve-se ficar atento e manter certo controle para que os estudantes não consumam o seu tempo precioso de estudos e atividades e, dessa forma, não percam muito tempo com elas. Educação a Distância 21 Priorizar o que está sendo apontado pelo professor e equipe como essencial ou primordial pode ajudar a ajustar a perspectiva do estudante com relação ao que é urgente em um dado momento. Atividades importantes, mas não urgentes, com um prazo mais estendido, como uma pesquisa ou um relatório, são as mais difíceis quanto ao seu planejamento e condução. São nesses casos que os estudantes precisam seguir com mais rigor sua agenda estabelecida. Planejar as etapas dessas atividades e dispô-las em um calendário possível pode ajudar em tal organização; caso contrário, elas se perderão entre as mais urgentes. Por outro lado, esperar até a última hora para finalizar um trabalho ou uma discussão no fórum poderá comprometer todo o desempenho desejado em uma atividade e, consequentemente, o trabalho em equipe será prejudicado. Isso pode acontecer quando alguns estudantes acessam o AVA apenas nos fins de semana ou uma ou duas vezes na semana. Finalmente, não deixar acumular atividades de uma semana para outra ajudará os estudantes a não se sobrecarregar. O preferível é entrar no AVA um pouco todos os dias, pois tentar fazer tudo em um único dia pode ser cansativo e improdutivo. Ao receber do professor e tutores o cronograma de atividades da semana, o estudante deve elaborar uma agenda. Deve-se também incluir um tempo para descanso na agenda da semana, pois, como a sala de aula virtual está sempre disponível, alguns estudantes assumem um ritmo de acesso exagerado. Reservar esse tempo para descanso é fundamental e, em alguns momentos, alivia a ansiedade, que pode estar presente, principalmente, no início do curso. Quanto mais distribuído for o tempo de atividades ao longo da semana, com dedicação, participação, leituras e tarefas de forma planejada, melhor será o aproveitamento do tempo disponível pelos estudantes. 22 Educação a Distância Disciplina pessoal e comprometimento O comprometimento do estudante em EaD é a chave para a finalização de qualquer curso e para o sucesso no seu desenvolvimento pessoal e profissional. Manter-se estimulado a compatibilizar sua agenda de estudos com seus compromissos profissionais, familiares e momentos de lazer e descanso possibilita dedicar-se ao curso com mais prazer (Mill; Batista, 2013). Para isso, é necessária uma disciplina pessoal que consiste em um processo de autoconhecimento e desenvolvimento da autonomia. A flexibilidade proporcionada pela modalidade a distância permite que o estudante organize seu espaço e tempo de dedicação, porém, mesmo que se considerem diferentes modelos educacionais, na modalidade a distância, o estudante não está só. O acompanhamento constante e o apoio das diversas equipes envolvidas nos programas em EaD devem garantir suporte técnico, pedagógico, institucional e emocional para que o estudante se sinta amparado diante de qualquer dificuldade e prossiga no curso. A importância da autonomia para estudo em EaD Apesar das diferenças entre as terminologias encontradas em referência à autonomia, a concepção sobre aprendizagem se baseia no aprendiz (estudante) como sujeito, autor e condutor de seu processo de formação (Preti, 2005). Esse processo engloba apropriação, reelaboração e construção do conhecimento. Essa visão de educação coloca o estudante como centro do processode ensino- aprendizagem, sujeito social e historicamente situado, como portador de um repertório próprio de conhecimentos, pensamentos e anseios. Nesse sentido, o professor assume um papel de facilitador, mediador, orientador e corresponsável no processo de ensino-aprendizagem, sendo a interação entre professor-estudante, tutor-estudante e estudante-estudante imprescindível para esse processo de mediação e apropriação. A autonomia não deve ser encarada como uma qualidade humana pronta e acabada, mas construída no convívio com os outros seres humanos. Não é possível exercer autonomia sem participação. A motivação e o entusiasmo naquilo que se faz Educação a Distância 23 são condição necessária a sua realização. Aprende-se quando se está em atitude de interesse, aberto e disponível. Também o material didático escrito permite, principalmente ao estudante adulto, a construção de sua autonomia intelectual e o desenvolvimento de sua capacidade de expressão. Assim, esse estudante poderá fazer sucessivas aproximações e reflexões, dialogando com o texto escrito e tendo, no grupo de colegas, tutores e professores, o suporte necessário à sua compreensão. O tempo e o espaço necessários à dedicação auxiliam o estudante a superar dificuldades de inúmeras origens, desde um longo afastamento dos estudos, condições de trabalho difíceis ou problemas familiares, até aquelas provindas da personalidade do estudante, como excesso de ansiedade, receio do novo, etc. Assim, todas as dimensões comentadas acima estão articuladas e determinam a capacidade de cada estudante para construir sua autonomia. Todo estudante é importante na comunidade de aprendizagem e só através da reflexão e autoavaliação é que se pode assumir o papel de construtor da própria autonomia, que implica participação e interação com colegas, tutores e professores. Referências LITWIN, E. (org.). Educação a Distância: temas para o debate de uma nova agenda educativa. Porto Alegre: Artmed, 2001. MILL, D.; BATISTA, V.L. Estratégias de organização dos estudos na educação virtual pela visão dos estudantes. In: MILL, D.; MACIEL, C. (org.). Educação a Distância: elementos para pensar o ensino-aprendizagem contemporâneo. Cuiabá: EdUFMT, 2013. PALLOFF, R.M.; PRATT, K. O aluno virtual: um guia para trabalhar com estudantes on- line. Tradução de Vinicius Figueira. Porto Alegre: Artmed, 2004. PREECE, J. On-line communities: designing usability, supporting sociability. New York: Wiley, 2000. PRETI, O. Autonomia do aprendiz na Educação a Distância: significados e dimensões. Cuiabá: UFMT/Nead, 2005.
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