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TUTORIA NA EAD Autoria: Elys Regina Zils UNIASSELVI-PÓS Indaial - 2019 1ª Edição CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Reitor: Prof. Hermínio Kloch Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Carlos Fabiano Fistarol Ilana Gunilda Gerber Cavichioli Jóice Gadotti Consatti Norberto Siegel Julia dos Santos Ariana Monique Dalri Marcelo Bucci Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Copyright © UNIASSELVI 2019 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Z69t Zils, Elys Regina Tutoria na EAD. / Elys Regina Zils. – Indaial: UNIASSELVI, 2019. 152 p.; il. ISBN 978-85-7141-412-9 ISBN Digital 978-85-7141-413-6 1. Educação a distância. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 370 Impresso por: Sumário APRESENTAÇÃO ............................................................................5 CAPÍTULO 1 O Que Significa Ser Tutor ........................................................... 7 CAPÍTULO 2 Competências e Atuação do Tutor na EAD .............................. 49 CAPÍTULO 3 Didática na Educação a Distância .............................................. 97 APRESENTAÇÃO A Educação a distância deve ser entendida como uma modalidade de ensi- no que permite uma aprendizagem mais individualizada em relação ao tempo e espaço através dos meios de comunicação disponíveis, em vez da interação tra- dicional em sala de aula. Ainda que a Educação a distância tenha seus primeiros registros nos cursos por correspondência, nos últimos anos essa modalidade de ensino vem se multiplicando com a disseminação da internet e com o desenvol- vimento das novas Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), superando barreiras e proporcionando maiores oportunidades de acesso. Assim, estendendo seus domínios pelos quatro cantos do mundo, as TICs podem ser consideradas aliadas importantes da Educação. O reconhecimento da importância da educação e aperfeiçoamento profissional também são fatores que contribuem com os avan- ços da educação a distância, assim como as vantagens proporcionadas por ela, como flexibilidade geográfica e de horários. Se a Educação a distância abriu um leque de oportunidades, também deu origem a um novo modelo pedagógico e, consequentemente, apresenta diferen- tes personagens envolvidos no processo de ensino. Nesse cenário, destacamos a figura do tutor. Mas quem é esse tutor? Quais as suas funções na Educação a distância? Seu papel? E as quais as competências necessárias para a tutoria? Calma, vamos responder a todas essas indagações ao longo desta disciplina. Pois bem, no primeiro capítulo deste livro, propomos uma conversa dedicada a desvendar o tema da tutoria. Quem é esse sujeito e como seu conceito foi se desenvolvendo ao longo dos tempos. Nesse sentido, abordaremos também os di- ferentes tipos de tutoria. Partindo da definição de tutoria, conversaremos sobre as competências necessárias para o tutor que farão a diferença para uma boa atu- ação. Pensando nisso, iremos abordar algumas responsabilidades e atribuições desse sujeito, no segundo capítulo deste livro. Posteriormente, se faz necessário refletirmos sobre a mediação e a interação em processos virtuais de ensino-aprendizagem. Além disso, por esse caminho conversaremos sobre as estratégias que o tutor pode utilizar no seu dia a dia para interagir com os alunos, assim como os principais desafios encontrados. Esses pontos serão fundamentais para você, caro acadêmico, se situar nes- se contexto, como também se posicionar como partícipe de um processo de ensi- no-aprendizagem em expansão e para preparar você para atuar na tutoria. Assim, esperamos que a leitura deste Livro Didático contribua significativa- mente para a sua aprendizagem e, quem sabe, posteriormente, você venha a atu- ar como tutor na EAD. Ainda que não daremos receitas ou modelos prontos, essa disciplina será fundamental para o sucesso da sua atuação como tutor, pois você se sentirá mais confiante para atuar como um profissional preparado que reflete sobre sua própria prática. Também sugerimos que você realize as autoatividades propostas ao longo do livro, a fim de aumentar a sua compreensão e fixação do conteúdo, além de proporcionar um diálogo com a sua realidade. Bons estudos! Profª. Elys Regina Zils CAPÍTULO 1 O Que Significa Ser Tutor A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo, você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: � Compreender quem é o tutor na EAD. � Conhecer os diferentes conceitos de tutor. � Distinguir os diferentes tipos e modelos de tutoria. 8 Tutoria na EAD 9 O Que Significa Ser Tutor Capítulo 1 1 CONTEXTUALIZAÇÃO Caro acadêmico! Seja bem-vindo ao primeiro capítulo do livro da disciplina de Tutoria na EAD. Apesar do aumento da oferta de cursos a distância, ainda presenciamos muitos paradigmas a serem superados. Quando pensamos em educação, logo nos vem à mente o modelo tradicional, com uma sala de aula e presença física tanto do professor quanto do aluno. Mas com a Educação a distância (EAD) esse cenário não é tão simples. A EAD vem evoluindo ao longo dos tempos, sendo marcada por experiências de sucesso que apontaram boas estratégias a algumas fragilidades, conduzindo ao estágio que conhecemos na atualidade. E quando falamos em educação, um ponto importante é a questão pedagógica. Agora, na ação pedagógica destacamos a figura do tutor. A expansão da EAD tem levado profissionais de distintas formações a assumirem a função de tutor. Mas será que estamos cientes e preparados para assumir essa tarefa. Você cursando esta especialização, com certeza já teve contato com essa personagem, mas saberia descrever quem é o tutor na educação a distância? Qual o seu papel? Qual a sua importância no processo de ensino e aprendizagem a distância? Tentando responder a essas perguntas, iniciaremos com uma breve contextualização sobre a Educação a Distância, para em seguida focarmos sobre o tutor e as diferentes visões sobre essa figura. Se você pensa que a Educação a Distância teve início apenas com a popularização dos computadores, está equivocado. Seguiremos nossos estudos refletindo sobre os tipos e modelos de tutoria com o plano de fundo histórico e você perceberá como é antiga essa modalidade de educação. Vamos lá! 2 BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO DA EAD Sabemos que é impossível abranger todos os aspectos da Educação a distância em um único livro, muito menos em uma breve contextualização, como estamos fazendo aqui, tendo em vista a complexidade e multiplicidade de possibilidades e abordagens que a envolvem. No entanto, nossa proposta é oferecer subsídios para as reflexões que se seguirão. 10 Tutoria na EAD Tentaremos apresentar a multiplicidade de olhares sobre o assunto para a nossa conversa, mas sabemos que essa tarefa não é fácil e muitas vezes teremos que escolher uma posição para facilitar o debate. Assim vamos conversar sobre o panorama geral da EAD para que tenhamos claro sua amplitude e complexidade. Podemos partir do seguinte conceito: Educação a distância é o aprendizado planejado que ocorre normalmente em um lugar diferente do local do ensino, exigindo técnicas especiais de criação do curso e de instrução, comunicação por meio de várias tecnologias e disposições organizacionais e administrativas especiais (MOORE; KEARSLEY, 2008, p. 02). Os principais aspectos que podemos enfatizar a respeito dessa definição indicam que a Educação a Distância é: • Aprendizado e ensino. • Aprendizado que é planejado, e não acidental. • Aprendizado que normalmente está em um lugar diferente do local de ensino. • Comunicação por meio de diversas tecnologias (MOORE;KEARSLEY, 2008, p. 2). Saiba mais sobre ensino e aprendizagem no artigo: Ensino- aprendizagem: uma interação entre dois processos comportamentais, de Olga Mitsue Kubo e Sílvio Paulo Botomé. Disponível em: https:// revistas.ufpr.br/psicologia/article/view/3321/2665. Quando pensamos em educação a distância, pensamos em educação, ou seja, no processo de transmissão e construção do conhecimento de forma planejada. Desse modo, a EAD não difere tanto da educação presencial em sua essência. Podemos afirmar que a diferença entre educação a distância e educação presencial está na interação entre a fonte do estímulo educativo e o destinatário. Nos dois casos, podemos considerar que a fonte de estímulo educativo é o professor, e o destinatário o aluno, com a diferença que na educação Quando pensamos em educação a distância, pensamos em educação, ou seja, no processo de transmissão e construção do conhecimento de forma planejada. 11 O Que Significa Ser Tutor Capítulo 1 a distância o professor não está presente como na modalidade presencial. O professor na EAD faz uso de meios de comunicação, assim o diálogo não é direto, mas mediado. Iremos estudar sobre mediação no terceiro capítulo. Assim, a EAD faz uso de vários instrumentos e meios para que todos os envolvidos consigam participar ativamente do processo educativo. Desde os primórdios, a EAD utiliza diferentes meios de comunicação, como material impresso, rádio, TV, telefone, computadores para proporcionar os elementos necessários à aprendizagem, cada um com suas especificidades. Veremos mais detalhadamente sobre cada um desses meios de comunicação ao longo do livro. A EAD pode estar presente em uma grande variedade de cursos e níveis de escolaridade. Podendo atender à Educação formal ou não for- mal. A educação não-formal dispensa requisitos de admissão e está fora do sistema formal de ensino e tem caráter inclusivo. Estamos falando de vários cursos de treinamento e que proporcionam o exercício da cidada- nia. Já a Educação formal está vinculada a uma instituição de ensino, nos sistemas de ensino tradicionais e pode ser de diferentes níveis, como educação básica, de jovens e adultos, educação superior, pós-graduação. Sua cer- tificação exige o cumprimento de exigências dos órgãos reguladores. A EAD tem uma longa história, como iremos perceber ao tratar dos modelos de tutoria mais adiante. Mas podemos afirmar que uma das características fundamentais que sempre se fez presente com a utilização da EAD é aumentar o acesso à educação, possibilitando o acesso àqueles que não conseguem estar presentes no modelo tradicional de ensino, seja por morarem distante dos grandes centros ou pela disponibilidade de horários regulares. A EAD pode estar presente em uma grande variedade de cursos e níveis de escolaridade. Podendo atender à Educação formal ou não formal. 12 Tutoria na EAD A EAD está autorizada nos termos da Lei nº 9.394, de 20 de de- zembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases - LDB) que estabelece a va- lidade nacional dos diplomas e certificados de cursos a distância expe- didos por instituições credenciadas e registradas na forma da lei e sua equivalência com os cursos na modalidade presencial. Para saber mais, acesse: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.htm#art80. É interessante também ler o Decreto nº 9.057, de 25 de maio de 2017, disponível no link: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ Ato2015-2018/2017/Decreto/D9057.htm#art24. Na EAD o aluno pode ter maior ou menor grau de independência e envolvi- mento com os tutores e professores, pois ele está munido de materiais autoinstru- tivos com os quais tem a liberdade para trabalhar sozinho. Assim, além do conhe- cimento importante para a vida pessoal e profissional, ele desenvolve a autonomia com a aprendizagem autodirigida e aperfeiçoa sua competência metacognitiva, ou seja, sua autorreflexão e autorregulação. Temos que lembrar que as principais questões sobre educação, na atualidade, estão vinculadas a exigências da sociedade e demandas profissionais. Estamos na sociedade do conhecimento. Mas esse contexto socioeconômico também exige um processo de formação aberto e flexível. E nesse sentido, a tecnologia é um elemento que abre possiblidades para o desenvolvimento de novos modelos educativos e superação dos modelos tradicio- nais. Assim, a educação a distância, aliada às novas tecnologias, rompe as barrei- ras de espaço e tempo, e oferece maior flexibilidade geográfica e de horários para os envolvidos, bem como currículos mais flexíveis adaptados às necessidades dos alunos. Mas isso também exige novas estratégias de aprendizagem e de interação. Atividade de estudo: 1 Você consegue pensar em vantagens e desvantagens da educa- ção a distância e da educação presencial? Quais vantagens da EAD você destacaria em relação à educação presencial? Reflita um pouco sobre e escreva os principais pontos encontrados. http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei 9.394-1996?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei 9.394-1996?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC 9.057-2017?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC 9.057-2017?OpenDocument http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Decreto/D9057.htm#art24 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Decreto/D9057.htm#art24 13 O Que Significa Ser Tutor Capítulo 1 3 QUEM É O TUTOR? “Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou sua construção” Paulo Freire (1996, s.p.). Dado este breve panorama da EAD, podemos seguir nosso estudo nos fo- cando em compreender quem é o tutor. Você com certeza já deve ter ouvido falar bastante nesse sujeito. A Educação a distância ao longo da sua história sempre contou com a figura do tutor para dar apoio ao aluno. Ele não é apenas mais um funcionário, esse sujeito foi se desenvolvendo como um dos elementos essenciais dessa modalidade de ensino. O tutor é um educador, com certas características e condições que promovem e facilitam o processo de comunicação e aprendizagem. Ainda que muitas vezes pareça vinculado, o tutor da educação a distância não é um professor tradicional. Ao fazermos uma retrospectiva histórica encontramos aproxima- ções do termo tutor e professor. Conta a história que Aristóteles, perdeu os pais ainda criança e que foi educado por um tutor. Assim, o tutor era alguém encarregado de exercer a tutela, um substituto dos pais quan- do esses não podiam estar com os filhos. Então nos deparamos com o termo tutor com o significado de protetor, responsável pela condução de alguém que seria incapaz de conduzir sozinho sua vida, cuidando dos interesses pessoais, emocionais e materiais do protegido. A palavra tutor tem origem no latim, como tutore, significando indivíduo en- carregado legalmente de tutelar alguém, protetor, defensor. E se buscamos a pa- lavra professor em latim encontramos professore, que significa aquele que ensina, mestre, lente. Assim temos a aproximação dessas duas figuras (PARANÁ, 2010). Atividade de estudo: 2 Diante da curiosidade da figura do tutor, que tal, você, caro acadêmico, procurar em alguns dicionários ao seu alcance o significado da palavra tutor. Vamos lá, vai ser interessante! Na Educação, o termo tutor surge nas primeiras universidades do século XV, como um orientador religioso dos alunos, zelando pela fé e conduta moral. Já no A palavra tutor tem origem no latim, como tutore, significando indivíduo encarregado legalmente de tutelar alguém, protetor, defensor. 14 Tutoria na EAD século XVIII, encontramos a figura do tutor de forma institucionalizada nas universidades politécnicas da Inglaterra. Nessa época, Andrew Bell e JosephLancaster propõem a tutoria entre pares. O tutor era um estudante que já tinha passado pela disciplina e auxiliava os grupos de estudantes, sob orientação do professor titular (PALACIOS, 2008). A partir do século XX o tutor assume o papel de orientador, de acompanhar os trabalhos acadêmicos, se aproximando do significado que encontramos nos programas de educação atuais. (SÁ, 1998) Mais precisamente, ao analisarmos a trajetória evolutiva da EAD, a partir da década de 1960, o tutor aparece na academia dando apoio à aprendizagem nas primeiras universidades abertas e a distância (Open University, 1969; Universidad de Educación a Distancia da España- UNED, 1972; University of South Africa, 1973; Anadolu University da Turquia, 1978) (PRETI, 2003). No Brasil, em 1969, encontramos o projeto da TV Educativa do Maranhão com um Tele Ensino para alunos de 5ª a 8ª séries do ensino fundamental, onde o papel da tutoria era de orientar a aprendizagem. A mesma função tem o tutor no Programa da Fundação Roberto Marinho — Telecurso 2000 —, e no Projeto Um Salto para o Futuro, a partir dos anos 2000. Agora nos programas da TV Escola e no PROINFO — Programa Nacional de Informática na Educação — o tutor se torna um multiplicador. E nos programas do SENAI/SP — Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial — cabe ao tutor a função de monitor (SOUZA et al. 2004). Assim, ao ser incorporado à Educação a distância, o tutor é visto como um orientador da aprendizagem do aluno, mas não se envolve com a elaboração dos conteúdos. Nesse contexto, os materiais didáticos que surgem para a EAD são autoinstrutores — são autossuficientes, apresentam os conteúdos, as atividades e todas as orientações necessárias — e o tutor apenas acompanha o processo, de modo funcional, garantindo que os objetivos do programa seriam cumpridos. Mas com o desenvolvimento da EAD, o tutor passa a ser o responsável pela mediação didático-pedagógico no processo de aprendizagem. Nesse ressignificado, o tutor também cria propostas de atividades e auxilia na resolução, dá explicações, indica materiais de apoio (LITWIN, 2001). Desse modo, o papel do tutor, em alguns casos, se confunde com a do professor na modalidade a distância de ensino. Nesse sentido, podemos perceber como a história da EAD interfere nas abordagens e nos tipos de recursos de aprendizagem que serão usados e consequentemente na interação e tutoria. Então, para compreendermos melhor a tutoria, temos que ter uma ideia de sua evolução. Na Educação, o termo tutor surge nas primeiras universidades do século XV, como um orientador religioso dos alunos, zelando pela fé e conduta moral. 15 O Que Significa Ser Tutor Capítulo 1 A história da EAD costuma ser dividida em três gerações: educação por cor- respondência, educação multimídia e educação telemática. • A primeira geração de educação a distância nascia no final do século XIX e caracteriza-se pelos estudos por correspondência. Os materiais impressos que os alunos recebiam apenas representavam por escrito uma aula presencial, sem especificidades didáticas. O contato era limita- do com o docente. • A segunda geração do ensino a distância surge no final da década de 1960 com a educação multimídia, com o uso do rádio e da televisão. A interação deixa de ser apenas entre o aluno e o material impresso ganha novas possiblidades. Desse modo, com as novas tecnologias a educa- ção a distância ganha novos contornos e consequentemente novas for- mas de interação. O sistema de apoio começa a emergir e como resulta- do as indagações de como se ensina e quem ensina nesta modalidade de ensino. Como o aluno já não está limitado ao texto escrito, o professor começa a ganhar destaque e assim como a discussão sobre esse novo contexto diferente do ensino presencial. Essas questões permanecem e se aprofundam na terceira geração (OLIVEIRA, 2014). • O ensino a distância da terceira geração surge na década de 1980 e se consolida a partir da década seguinte. Essa geração é marcada pelo desenvolvimento das novas tecnologias, proporcionando novos recursos de interação e o ensino on-line. Para Morgado (2003), as primeiras duas gerações de educação a distância foram marcadas por baixos níveis de interação, sendo limitadas ao conteúdo-aluno, ou seja, fundamentada numa pedagogia transmissiva. Mas na terceira geração, com as novas possiblidades comunicacionais alarga a dimensão social do processo de ensino, permitindo novas abordagens pedagógicas e redefinindo o papel do professor e o fazer educação (OLIVEIRA, 2014). Você chegou a ter contato com as diferentes gerações do EAD? Talvez, um telecurso? Ou ouviu falar de alguém que estudou? O que nos leva a pergunta, afinal, quem e como se ensina educação a distância? Qual a importância do professor e do tutor diante do material didático? Pense nisso (OLIVEIRA, 2014). 16 Tutoria na EAD Seguimos esta divisão da história da EAD por acreditarmos que ficaria mais fácil a reflexão de como a figura do professor/tutor foi se inserindo neste cenário e como isso afetou o seu entendimento. Mas existem outros pesquisadores da área que dividem e definem diferente essas gerações, chegando a cinco gerações ou ondas. Veremos essa divisão ao falarmos dos tipos de tutoria. Quer saber mais sobre a História da EAD? No livro Fundamentos da Tutoria em Educação a Distância, Mathias Gonzalez apresenta as perspectivas históricas da EAD descrevendo cronologicamente a EAD no mundo e no Brasil. • GONZALEZ, M. Fundamentos da tutoria em educação a distância. São Paulo: Editora Avercamp, 2005. Caro acadêmico, está percebendo como a figura do tutor mudou desde os primeiros significados? Contudo, mesmo hoje em dia, a definição de tutoria é uma questão polissêmica. Diferentes pesquisadores se dedicaram na tentativa de propor uma definição, mas sem consenso. Assim, vamos ver algumas definições sobre esse termo tão importante para a Educação a distância. Para Arredondo, Gonzalez e Gonzalez (2011, p. 28-29), a tutoria é entendida como: O espaço e o encontro, ou reunião, entre um docente e um ou vários estudantes, com a finalidade de trocar, analisar, orientar ou avaliar um problema ou projeto, debater um tema ou discutir um assunto útil para o desenvolvimento pessoal, acadêmico e profissional de um aluno. […] consiste em um processo de ajuda e acompanhamento durante a formação dos estudantes (ou de aprendizes profissionais, quando for o caso), que se concretiza mediante a atenção personalizada a um indivíduo, ou um grupo reduzido, por parte de professores ou mestres competentes formados para a função tutorial. Palácios (2008, p. 8) vê a tutoria como: [...] essencialmente uma ligação entre os estudantes e os con- teúdos, os estudantes entre si, os estudantes e os tutores, os estudantes e o sistema de apoio. Assim, a tutoria consiste na mediação entre o conteúdo e os estudantes, de maneira a rom- 17 O Que Significa Ser Tutor Capítulo 1 per a dicotomia perto/longe através de um processo de media- ção comunicativa e contextual da experiência autobiográfica do estudante. […] além disso, a tutoria põe em funcionamento e dinamiza um sistema de educação a distância, ou seja, cum- pre uma função educativa no sentido de orientar e assessorar o processo de aprendizagem em relação ao conteúdo de um ou mais materiais. Ainda, a tutoria pode ser compreendida: [...] como uma ação orientadora global, chave para articular a instrução e o educativo. O sistema tutorial compreende, desta forma, um conjunto de ações educativas que contribuem para desenvolver e potencializar as capacidades básicas dos/as estudantes, orientando-os a obterem crescimento intelectual e autonomia, e para ajudá-los a tomar decisões em vista de seus desempenhos e suas circunstâncias de participação como aluno (SOUZA et al., 2004, p. 5-6). Outro autor que conceitua a tutoria é Morchio (2009), para ele é um processosistemático e intencional de mediação para promover e assistir o estudante afim de alcançar as metas acadêmicas. Assim, são várias as definições de tutoria que podemos resgatar, mas todas estão marcadas pela ideia de educação e orientação. Nesse sentido, inclusive, Rodolfo (2009) afirma que a tutoria é uma atividade inerente à função docente, pois tem o objetivo de facilitar a aprendiza- gem, tanto individual como coletiva. Partindo dessas diferentes definições sustentadas por diferentes pesquisa- dores, pode-se entender essa atividade de quatro formas: 1) a tutoria como ativi- dade acadêmica; 2) a tutoria como espaço de interação; 3) a tutoria como ação didática; 4) a tutoria como estratégia metodológica (ARREDONDO, GONZALEZ E GONZALEZ, 2011). A tutoria como atividade acadêmica tem como prioridade as questões cognitivas e referentes à aprendizagem. Assim, cabe a tutoria esclarecer e orientar os alunos no conteúdo das disciplinas e complementar as informações dos materiais didáticos e das aulas. Já a tutoria como espaço de interação mantém o trabalho dos aspectos da primeira categoria, no sentido cognitivo, como meio para obter novos conhecimentos, mas também considera aspectos psicossociais dos estudantes, que anteriormente não eram considerados relevantes. Dessa forma, o trabalho coletivo ganha importância, enfatizando a capacidade de interação, a relação interpessoal e a comunicação. Aqui é levado em consideração não só os interesses acadêmicos, mas o contexto social e cultural (ARREDONDO, GONZALEZ e GONZALEZ, 2011). São várias as definições de tutoria que podemos resgatar, mas todas estão marcadas pela ideia de educação e orientação. 18 Tutoria na EAD Na tutoria como ação didática o tutor se preocupa em promover as melho- res estratégias e métodos para que favoreçam o aprendizado e assim possa es- clarecer as dúvidas dos estudantes. Dessa forma, a tutoria é vista com atividade de ensino, de experiências e conteúdos compartilhados e discutidos. E na última categoria listada, a tutoria é compreendida como estratégia metodológica, buscando propiciar o processo de ensino e aprendizagem, sendo o vínculo entre aluno-instituição. A tutoria realiza encontros periódicos entre tutor e estudantes, visando esclarecer as dúvidas, orientar e verificar se alcançaram êxito das ativi- dades e objetivos da disciplina (ARREDONDO, GONZALEZ e GONZALEZ, 2011). Para os pesquisadores da área Arredondo, Gonzalez e Gonzalez (2011) essa compreensão da tutoria é fundamental nos sistemas de educação a distância, afinal é responsável por garantir a inter-relação entre estudantes com o sistema, ou seja, é ela que faz a conexão e o vínculo entre estudante e instituição, ele é a presença da intuição no âmbito dos estudantes. Atividade de Estudo 3 Você acredita que seria possível a Educação a distância sem a figura do tutor? Dessa forma, os tutores são um dos principais autores do processo educacional de cursos a distância e compõem um quadro diferenciado no interior das instituições. Na legislação brasileira, não tínhamos registros da figura do tutor antes de 2007. Depois, com os Referenciais de qualidade para a educação superior à distância da Secretaria de Educação a Distância e do Ministério da Educação e Cultura (2007), o tutor aparece pela primeira vez e deve ser compreendido como alguém “que participa ativamente da prática pedagógica. Suas atividades desenvolvidas a distância e/ou presencialmente devem contribuir para o desenvolvimento dos processos de ensino e de aprendizagem e para o acompanhamento e avaliação do projeto pedagógico” (BRASIL, 2007, p. 21). Depois dessas leituras iniciais, já deve estar ficando mais claro para você o que é a tutoria, certo? Está percebendo como a tutoria é peça-chave na Educação a distância? Muito bem, então agora também estamos prontos para refletirmos sobre a indagação inicial que fizemos, sobre quem é o tutor. Podemos partir da ideia de que os tutores 19 O Que Significa Ser Tutor Capítulo 1 [...] são mediadores do processo de aprendizagem dos alunos e são fundamentais para criar situações que favoreçam à construção do conhecimento. A boa atuação de um tutor pode ser um impulsionador para um aluno desmotivado e fundamental para todos que buscam atingir seus objetivos no curso, mas se deparam com certas dificuldades. Por outro lado, um tutor que não cumpre com o seu papel a contento pode deixar muitos alunos sem o atendimento necessário e causar um clima de insatisfação ou abandono (NUNES, 2012, p. 19). Seguindo o raciocínio anterior, podemos acrescentar que o tutor é um tênue fio de ligação no sistema instituição-aluno (GONZALEZ, 2005). E mais que isso, o tutor: [...] é um elemento importante e indispensável na rede de comunicação que vincula os cursistas à instituição de ensino promotora do curso, pois, além de manter a motivação dos alunos, possibilita a retroalimentação acadêmica e pedagógica do processo educativo (LANDIM, 1997, p. 125). Acompanhe o quadro a seguir com as definições do termo tutor e suas características apontadas por diversos autores da área. QUADRO 1 – DEFINIÇÕES E/OU CARACTERÍSTICAS ATRIBUÍDAS AO TUTOR Autor Definição Características Garcia Aretio (2002, p. 129) “O tutor deve esforçar-se em personali- zar a educação a distância mediante um apoio organizado e sistemático, que pro- picie o estímulo e orientação individual, a facilitação das situações de aprendi- zagem. [...] Não se trata de transmitir uma maior quantidade de informação ao estudante, mas ajudá-lo a superar as di- ficuldades que identifica no estudo”. O tutor, para Aretio, combina estraté- gias, atividades e recursos que atuam na mediação entre o conteúdo e o alu- no, com o objetivo de incrementar o seu entendimento dos materiais de ensino e, em consequência, seu rendimento aca- dêmico no contexto do sistema de edu- cação a distância. Belloni (2001, p. 83) Se refere à importância do “professor-tu- tor” na EAD como sendo aquele que: “[...] orienta o aluno em seus estudos relativos à disciplina pela qual é responsável, es- clarece dúvidas e explica questões rela- tivas ao conteúdo da disciplina; em geral participa das atividades de avaliação”. Para o autor, o trabalho tutorial é de- senvolvido por professores a partir da especificidade da sua área de formação (disciplina). Emerenciano e outros (2001, p. 7) “Na nossa ressignificação trabalhar como tutor significa ser professor e edu- cador. Ambos se expressando no pro- cesso de tutoria a distância”. Na compreensão das autoras, “o tutor deve ter domínio do conhecimento em processo [...] o tutor é um especialis- ta, tanto no que concerne ao conteúdo 20 Tutoria na EAD tra balhado [...] como nos procedimen- tos a adotar para estimular a construção de respostas pessoais”. Maggio (2001, p. 98) “que detecte dificuldades de compreen- são em determinado grupo de alunos de uma tutoria poderia colocar a análise de um caso especificamente indicado para esse espaço tutorial, contribuindo, des- se modo, para uma melhor aprendiza- gem. [...] tanto o tutor como os docentes são responsáveis pelo ensino, pelo bom ensino, e nesse aspecto não há distin- ção importante no sentido didático”. Para este autor, o trabalho do tutor implica em desenvolver no estudante- -professor a autonomia para relativizar, preservar, redimensionar e transformar os aspectos constituintes da prática pe- dagógica. Salvat e Quiroz (2005, p. 4) “que realize o acompanhamento e a mo- deração.” O tutor, na concepção do au- tor, é um “professor/tutor” que mantem vivos os espaços comunicativos, facilita o acesso aos conteúdos, anima o diálo- go entre os participantes, ajudando-os a compartilhar o conhecimento de cada um e a construir conhecimentos novos. Especificamente como moderador, o tutor deve contar com habilidades e qualidades em quatro âmbitos distintos: 1. Pedagógico – acompanha, media e retroalimentao estudante em seu processo de formação, conduzindo à aprendizagem individual e grupal; 2. Social – cria e mantém uma comuni- dade de aprendizagem onde se respire uma atmosfera agradável, sendo aco- lhedor, simpático e está sempre dispos- to a ajudar; 3. Técnico – possui habi- lidades mínimas gerais relacionadas ao uso da tecnologia, do computador e das redes, e as técnicas necessárias para intervir no sistema de conferên- cia; 4. Administrativo – cria e gerencia a conferência, a partir das ferramentas dos ambientes de aprendizagem com esse fim, acompanha a participação individual do aluno, dos grupos e admi- nistra as equipes de trabalho. Duarte (In: POLAK,2002, p.99) “Trabalhar como tutor significa ser pro- fessor e educador, expressando-se no sistema de tutoria a distância” Coloca ainda que o tutor “precisa se ver na fi- gura do professor ou na do facilitador, procurando, em todas as circunstâncias, ser o fio condutor entre o aluno-escola, o conhecimento e os desafios ao longo do processo ensino-aprendizagem. Segundo a autora, a tutoria (dentro do âmbito educacional) diz respeito ao acompanhamento e à orientação siste- mática de grupos de alunos realizada por pessoas experientes na área de forma- ção. Complementa ainda colocando que o principal papel do tutor é o de “apoiar” o aluno. Esse apoio se concretiza 21 O Que Significa Ser Tutor Capítulo 1 na preparação de material didático, no acompanhamento das atividades desen- volvida e na elaboração das ferramentas de avaliação e da análise dos trabalhos dos alunos. Tem ainda como atribuições esclarecer dúvidas através de e-mail, fórum, telefone ou pessoalmente, no re- cebimento, controle de entrega e recebi- mento dos trabalhos. FONTE: Oliveira (2014, p. 34-37) Atividade de Estudo: 4 Depois dessa leitura, você já conheceu diversos conceitos de tutoria apresentados por diferentes pesquisadores, que tal agora você escrever o seu próprio conceito de tutor. Reflita sobre tudo o que leu e sobre sua vivência e escreva o seu conceito de tutor. Partindo dessas observações sobre as características e definições sobre o tutor, podemos observar que muitos pesquisadores estão se dedicando ao assun- to, demonstrando a importância do assunto. De modo geral, podemos dizer que a forma de compreender a tutoria pode variar de acordo com os contextos em que ela acontece, pois “são os diferentes âmbitos nos quais se aplica a ação tutorial que definitivamente determinam o en- foque, o sentido formativo e a prioridade dessa prática” (ARREDONDO, GONZA- LEZ e GONZALEZ, 2011, p. 34). 3.1 DIFERENÇAS ENTRE O PROFESSOR E O TUTOR Diante dos múltiplos entendimentos entre tutor e professor, vamos conversar um pouco sobre suas diferenças e, porque não, suas semelhanças. Se você está pensando que a atividade docente no ensino presencial e a tutoria na educação a distância envolvem outros universos, espaços, materiais, 22 Tutoria na EAD perfis, organização, pois são esferas muito diferentes, concordamos com você. A atividade de ensinar na Educação a distância não pode ser analisada simples- mente tendo como referencial o ensino presencial. Mas ainda estamos falando de ensino-aprendizagem. Se nas instituições tradicionais a função de ensinar era basicamente do docente, no ensino a distância podemos dizer que é uma institui- ção que mantém a responsabilidade. Afinal, envolve um trabalho coletivo. Assim, o professor ou o tutor se torna um agente coletivo, o que não diminui a sua im- portância, mas acaba por fazer com que o professor careça muitas vezes de uma identidade própria e definida. E como vimos, o conceito de tutoria possui muitas definições e estamos tratando de um cenário em constantes mudanças e avanços (OLIVEIRA, 2014). Nesse viés, cabe ressaltar a mudança paradigmática que presenciamos. Na educação tradicional o professor é a referência central como mediador entre o co- nhecimento e o aluno. Na educação a distância existe um deslocamento dessa re- ferência em direção à própria mediação. Esse fato “não acarreta necessariamente em um empobrecimento do papel do professor, mas sim um novo deslocamento em relação a ele” (SILVA, 2008, p. 38). Desta forma, nesse novo cenário da EAD, quando utilizamos a palavra tutor em lugar de professor, não significa uma sim- ples troca de palavras. Ao contrário, presenciamos uma mudança conceitual fruto das exigências de um novo paradigma. A figura do tutor ganha relevância como a pessoa que estimula o estudo independente do aluno e dá suporte, orientando para que esse alcance os objetivos propostos pelo curso e as necessidades do aluno (SILVA, 2008). Agora que você já percorreu os estudos até aqui, reflita sobre a figura do tutor, pense na sua trajetória escolar/acadêmica. Seus professores e tutores se enquadrariam mais como professores, tutores, ou nessa visão onde ambas se confundem? Nesse paralelo entre o professor e o tutor podemos recuperar a explanação inicial que fizemos sobre a palavra professor, de origem professore, como aquele que ensina, e tutor como guia. Então, numa perspectiva tradicional da educação a distância, tínhamos a ideia de tutor como alguém que orientava e apoiava a aprendizagem, mas sem ensinar. Sustentava-se que o tutor não ensinava, mas a compreensão de ensinar aqui é de transmitir informação. Essa concepção se 23 O Que Significa Ser Tutor Capítulo 1 apoiava na ideia de que os materiais didáticos eram aqueles que ensinavam. Ao tutor cabia apenas o apoio, um acompanhante do sistema e material didático au- tossuficiente. Se refletirmos mais profundamente, guiar, orientar, visando a aprendizagem, são atos de responsabilidade tanto do docente presencial como do tutor na educação a distância. Não concorda? A partir da década de 1980, com mudanças nas concepções pedagógicas e avanços das pesquisas em psicologia da aprendizagem, a ênfase colocada na transmissão de informação foi substituída pela valorização da construção do conhecimento, dos processos reflexivos em geral e da compreensão leitora em particular, já que o texto ainda é o veículo principal da Educação a distância (LITWIN, 2001). Seguindo esta perspectiva, estudiosos como Martins e Arredondo (2001) e Gonzalez (2005) defendem que o trabalho da tutoria, mesmo apresentando suas especificidades, “guarda em si a essência da ação educativa desenvolvida pelo professor, é alguém essencial, que no estabelecimento de suas mediações entre o/a estudante e as informações, fornece as direções, indica caminhos, possibilita a construção do conhecimento” (SOUZA; MOITA; CARVALHO; 2011, p. 241). Para esses autores, podemos chamar o tutor de Professor-tutor. A compreensão do tutor como um professor, o que muitas vezes acontece, não é consensual, podendo variar de acordo com as teorias de educação a distância que fundamentam a prática. Mas podemos considerar a diferença entre o docente e o tutor como institucional, o que pode resultar em consequências pedagógicas. Conforme aponta Litwin (2001), as intervenções do tutor circunscritas em um quadro institucional diferem-se em três dimensões de análise quando comparadas ao docente presencial. Vejamos: • Tempo: o tempo do tutor costuma ser mais escasso, precisando ser bem aproveitado. Diferente do docente, o tutor não sabe se o aluno assistirá à próxima tutoria ou mesmo se voltará a entrar em contato, acarretando em um maior compromisso da sua tarefa. • Oportunidade: o docente presencial sabe que o aluno voltará a pergun- tar caso fique com dúvidas, inclusive podendo perguntar aos colegas de 24 Tutoria na EAD classe. Mas o tutor não pode ter essa certeza, ele precisa ser asserti- vo, oferecendo a resposta exata quanto tem a oportunidade, pois poderá não ter outra chance de fazê-lo. • Risco: essa dimensão resulta das demais. Consiste em deixar que os alunos permaneçam com um entendimento incompleto sem ter oportuni- dade de esclarecero assunto. Para ilustrar melhor esse cenário, podemos ainda acrescentar mais diferenças entre o professor tradicional que conhecemos e o tutor da Educação a distância. Por exemplo: QUADRO 2 – PARALELO ENTRE O PROFESSOR TRADICIONAL E O TUTOR Professor Tradicional Tutor da Educação a distância Costuma ser o centro do processo de ensino- aprendizagem. Expõe o conteúdo na maior parte do tempo e o aluno ouve. O aluno é o centro do processo de ensino- aprendizagem. O tutor atente às dúvidas, “ouvindo” os alunos. Mais ouve do que fala. Processo centrado no professor. Ele é a fonte de acesso ao conteúdo. Os livros e demais materiais são para apoio. O material didático é a principal fonte de acesso ao conteúdo por parte dos alunos. O tutor apenas faz a mediação e orientação. Processo centrado no aluno. O processo de ensino-aprendizagem é feito em sala de aula, com data, horário e local marcados. Atende conforme a solicitação do aluno. Costuma existir uma separação espacial e às vezes temporal entre tutor e aluno. Dita o ritmo. É o responsável por determinar o avanço das aulas e dos conteúdos. Ainda que dentro da orientação da instituição, segue o ritmo do aluno e das suas necessidades. FONTE: Adaptado de SÁ (1998, p. 47) Estamos conversando sobre como a Tutoria e a própria EAD são focalizadas no aluno. Mas como isso é possível? Como superar as distâncias e as diferenças? Pense sobre isso. Ao longo do livro quem sabe isso ficará mais claro. Para complementar essa discussão, cabe destacar que para Li- twin (2001), quem é um bom docente também será um bom tutor. Pois, para ela, um bom docente “cria propostas de atividades para a reflexão, apoia sua resolução, sugere fontes de informação alternativas, oferece Quem é um bom docente também será um bom tutor. 25 O Que Significa Ser Tutor Capítulo 1 explicações, facilita os processos de compreensão; isto é, guia, orienta, apoia e nisso consiste o seu ensino” (LITWIN, 2001, p. 99). Porém, o professor, para atuar na Educação a distância precisa desenvolver algumas competências complemen- tares para o sucesso do ensino. Lógico, o contrário também pode acontecer, bons tutores não se saírem bem com o ensino presencial. Ao encontro dessas reflexões, as diferenças entre os contextos educacio- nais, presencial e a distância, pode acarretar dificuldades para um professor tradi- cional. Para Otto Peters (2003), um dos mais antigos estudiosos do ensino a dis- tância, qualquer professor universitário ao decidir atuar na Educação a distância encontra dificuldades. Afinal, todos foram socializados e estudaram em escolas presenciais. Ou seja, “todos adquiriram e internalizaram as estratégias e habilida- des convencionais do ensino face a face, a saber, o ensino expositivo e a apren- dizagem receptiva” (PETERS, 2003, p. 195). Por exemplo, uma grande barreira nessa transição envolve a capacidade do professor de transpor suas habilidades de percepção com o público presencial para um ambiente virtual sem esse fee- dback. Assim, aumenta a conscientização de que os espaços virtuais de aprendi- zagem necessitam de novas abordagens de ensino. Para Moran (2003, p. 137): Muitas formas de ensinar hoje não se justificam mais. Perde- mos tempo demais, aprendemos muito pouco, desmotivamo- -nos continuamente. Tanto professores como alunos temos a clara sensação de que mais aulas convencionais estão ultra- passadas. Mas para onde mudar? Como ensinar e aprender em uma sociedade mais interconectada? Concluímos, assim, que a transformação que vivenciamos na sociedade e na educação implicam também na redefinição do ensino e, consequentemente, na figura do professor. Desse modo, se faz necessário novas atitudes docentes na educação da contemporaneidade e, inclusive, é importante salientar que o professor, que atua no ensino tradicional e deseja atuar na Educação a distância, desenvolva algumas competências e características para o sucesso da sua atividade docente. Vejamos: 1. assumir o ensino como mediação: aprendizagem ativa do alu- no com a ajuda pedagógica do professor; 2. modificar a ideia de uma escola e de uma prática pluridiscipli- nar para uma escola e uma prática interdisciplinar; 3. conhecer estratégias do ensinar a pensar, ensinar a aprender; 4. persistir no empenho de auxiliar os alunos a buscarem uma perspectiva crítica dos conteúdos, a se habituarem a apreender as realidades enfocadas nos conteúdos escolares de forma crí- tico-reflexiva; 5. assumir o trabalho de sala de aula como um processo comu- nicacional e desenvolver capacidade comunicativa; 6. reconhecer o impacto das novas tecnologias da comunicação e informação na sala de aula (televisão, vídeo, games, computa- dor, internet, CD-ROM etc.); 26 Tutoria na EAD 7. atender à diversidade cultural e respeitar as diferenças no contexto da escola e da sala de aula; 8. investir na atualização científica, técnica e cultural, como in- gredientes do processo de formação continuada; 9. integrar no exercício da docência a dimensão afetiva; 10. desenvolver comportamento ético e saber orientar os alunos em valores e atitudes em relação à vida, ao ambiente, às rela- ções humanas, a si próprios (LIBÂNEO, 1998, p. 28-48). Atividade de estudo: 5 Depois dessas leituras, você concorda que um professor tradicional é diferente de um tutor na Educação a distância? Por quê? Justifique sua resposta. No próximo capítulo estudaremos as competências necessárias para o tutor atuar com sucesso no Educação a distância. Tudo bem até aqui? Esperamos que sim! Então, vamos adiante. 3.2 OS DIFERENTES TIPOS E MODELOS DE TUTORIA Em nosso estudo até agora conversamos sobre a tutoria e a figura do tutor, além de fazermos o paralelo com o professor do ensino presencial e o tutor da Educação a distância. Podemos concluir que a identidade do tutor ainda está em construção e sua definição gira em torno de suas atribuições relacionadas ao seu papel no projeto político pedagógico de cada instituição que atua em educação a distância. Pois bem, ao analisarmos a função dos tutores, encontramos diferentes tipos e modelos de tutoria na literatura, que podem variar de acordo com o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) e de acordo Encontramos diferentes tipos e modelos de tutoria na literatura, que podem variar de acordo com o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) e de acordo como se organiza o sistema de ensino e apoio aos estudantes a fim de atender às especificardes da instituição e da região. 27 O Que Significa Ser Tutor Capítulo 1 como se organiza o sistema de ensino e apoio aos estudantes a fim de atender às especificardes da instituição e da região. Iremos estudar sobre as funções dos tutores especificamente no Capítulo 2. A Tutoria pode ser presencial ou a distância que são as formas mais destaca- das. E como meio termo, existe o tipo bimodal, onde a tutoria virtual é obrigatória e acontecem encontros presenciais semestralmente. Esses encontros são obri- gatórios e uteis para o apoio ao aluno e estimular a motivação. Para o tutor, esse modelo de tutoria é interessante para conhecer o perfil do seu aluno. Outro modelo de tutoria é a Semipresencial, que costuma contar com a tu- toria totalmente a distância, mas também encontros semanais presenciais para sanar as dúvidas. Este modelo é onde o aluno deve ter maior autonomia, pois as tutorias não costumam ser obrigatórias. A UNIASSELVI conta com este modelo de tutoria também, porém pode variar bastante de acordo com a instituição. Vamos concentrar nossos estudos nas modalidades a Distância e Semipresencial. Você está fazendo esse curso e conta com que tipo de tutoria? Já fez outros cursos nos quais existia um tutor para orientar você? Foi presencial e/ou virtual? Pense como foi esse contato. Analise a partir da sua própria experiência. Seguindo nosso raciocínio, as diferentes formas de interaçãoentre os agentes do processo de ensino e aprendizagem podem variar das convencionalmente encontradas no modelo tradicional e presencial e conforme os modelos de tutoria. Assim, o sistema de apoio ao aluno pode variar e a tutoria adotar diferentes modalidades, como descreve Garcia Aretio (1999), podem ser em função da intermediação, do tempo e do canal. 28 Tutoria na EAD Em função do tempo, a tutoria pode ser: • síncrona: a comunicação é realizada em tempo real e de forma simultânea, desse modo há uma coincidência temporal; • assíncrona: não requer da tutoria coincidência temporal, quer dizer, não é realizada de forma simultânea. Em função do canal, a tutoria pode ser: • real: que se dá de forma síncrona ou assíncrona por meio de um canal de comunicação; • virtual: aqui a tutoria se dá por meio de um tipo de diálogo imaginário ou virtual entre material didático, professor e aluno. Em função da intermediação pode ser: • presencial: é a interação face a face entre tutor e alunos, que pode ser tanto individual quanto em grupo; • não presencial/a distância: a interação ocorre de forma mediatizada, por intermédio de algum canal de comunicação. Ainda que não exista regra, e podendo variar de acordo com a função do tutor na instituição, a tutoria pode se dividir em presencial e a distância, como comentamos. Ambas as formas compartilham funções similares: • Participar das atividades de capacitação e atualização promovidas pela instituição de ensino. • Conhecer o projeto pedagógico do curso, o material didático e o conteúdo específico dos conteúdos sob sua responsabilidade, a fim de auxiliar os estudantes no desenvolvimento de suas atividades individuais e em grupo. • Apoiar o professor da disciplina no desenvolvimento das atividades docentes. • Mediar a comunicação de conteúdos entre o professor e os estudantes, acompanhando as atividades discentes, conforme o cronograma do curso. • Comunicar-se, de forma permanente, com os estudantes, os professores e os gestores pedagógicos. • Elaborar relatórios mensais de acompanhamento dos alunos e encaminhar à coordenação de tutor. • Colaborar com a coordenação do curso na avaliação dos estudantes (MELLO; BLEICHER; SCHUELTER, 2017, s.p.). Agora vamos ver detalhadamente cada um desses sujeitos. Podemos afirmar que o tutor presencial é aquele que está geograficamente próximo ao aluno. Esse tutor irá atender os alunos nos polos, com data e horários 29 O Que Significa Ser Tutor Capítulo 1 marcados. Esse atendimento pode ser individualizado ou em grupo. É necessário espaço físico apropriado disponível para os encontros, podendo ser uma sala de aula ou sala de estudos com computadores e internet. Assim o tutor presencial participa dos momentos presenciais obrigatórios que podem ter no curso, como práticas de laboratórios, avaliações presenciais, apresentação de trabalhos. Ele deve ter domínio do conteúdo sob sua responsabilidade para esclarecer dúvidas e auxiliar os alunos. Como ele está face a face com os alunos pode proporcionar trabalhos colaborativos e cooperativos aos alunos com maior facilidade. É exigido dele dinamismo, visão crítica e global, capacidade de estimular a busca por conhecimento e habilidade com as novas tecnologias (BRASIL, 2007). Cabe também salientar que o tutor presencial pode vir auxiliar com o uso das tecnologias necessárias para a formação dos alunos. Desse modo, se faz necessário que as instituições desenvolvam planos de capacitação de seu corpo de tutores. Um programa de capacitação de tutores precisa, no mínimo, prever três dimensões: “I) capacitação no domínio específico do conteúdo; II) capacitação em mídias de comunicação; e III) capacitação em fundamentos da EAD e no modelo de tutoria” (BRASIL, 2007, p. 22). Ademais, “o quadro de tutores previstos para o processo de mediação pedagógica deve especificar a relação numérica estudantes/tutor capaz de permitir interação no processo de aprendizagem” (BRASIL, 2007, p. 22). A tutoria presencial pode se dividir em outras modalidades também, dependendo das circunstâncias. Vamos ver mais detalhadamente cada uma dessas possibilidades (BETANCOURT, 1995): • Tutoria presencial individual: como o próprio nome diz, atende somente um aluno por vez, e esse atendimento é feito presencialmente. Essa forma de tutoria é uma ótima oportunidade para se aproximar do aluno, criando laços de confiança com o aluno, como também incentivar o pensamento crítico e a segurança referente aos estudos. Porém o tutor também precisa ter cuidado para não ser muito paternalista ou falar demais sem ouvir. • Tutoria presencial grupal: como o próprio nome indica, essa forma de tutoria acontece presencialmente onde o tutor irá auxiliar um grupo de alunos. Aqui o tutor precisa ser dinâmico e ter boa desenvoltura para guiar o grupo. Também é uma ótima oportunidade para atividades em grupo, socialização e aprendizagem cooperativa, além da criação de grupos de estudos entre os próprios alunos. • Tutoria na Instituição de ensino: a tutoria presencial, seja individual ou em grupo, pode atender na própria instituição de ensino dispondo da infraestrutura dela. Pode ser a mais bem servida de equipamentos para dar suporte à tutoria. 30 Tutoria na EAD • Tutoria em centros regionais ou itinerantes. Existem tutorias que atendem uma região geográfica maior, assim os tutores são contratados para ir e atender normalmente um grupo de alunos organizados em um lugar e horário marcado. Esse tipo de tutoria acontece quando existe uma demanda e os alunos estão longe da instituição. A tutoria presencial, como todo processo de ensino e aprendizagem, apresenta vantagens e desvantagens, como (BETANCOURT, 1995): • Vantagens: o Permite um feedback e reforço imediato. o Facilita as relações de afetividade, sociais e é mais dinâmica. o Essencial em situações que envolvem habilidades psicomotoras e uso de laboratórios. • Desvantagens: o Pode resultar em aulas no modelo tradicional. o Exigem do tutor maiores habilidade pedagógicas no sentido de ser dinâmico e coordenação de grupos. o Os alunos podem associar as tutorias com avaliações e gerar tensões. o Se os encontros não forem obrigatórios, corre o risco de os alunos não comparecerem. A tutoria a distância, ou tutoria virtual, tem a vantagem de não necessitar estar no mesmo local do aluno para atendê-lo, atuando desde a instituição por meio do uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs). Com o uso de ferramentas assíncronas ambos nem precisam estar conectados ao mesmo tempo. E ferramentas síncronas, como chats, telefone permitem um atendimento individualizado ou mesmo coletivo. Esse tutor é o contato imediato do aluno com a instituição, deverá esclarecer as dúvidas, fornecer todo o apoio para a realização do curso, mas também cabe a ele a responsabilidade de “promover espaços de construção coletiva de conhecimento, selecionar material de apoio e sustentação teórica aos conteúdos e, frequentemente, faz parte de suas atribuições participar dos processos avaliativos de ensino-aprendizagem, junto com os docentes” (BRASIL, 2007, p. 21). Também é fundamental que o tutor se motive a criar laços afetivos com os alunos, pois esses vínculos contribuem para diminuir a evasão e sucesso do curso (MORAM, 2007). Para ilustrar melhor as semelhanças e diferenças entre o tutor presencial e o tutor a distância, confira o quadro abaixo: 31 O Que Significa Ser Tutor Capítulo 1 QUADRO 3 – FUNÇÕES DO TUTOR PRESENCIAL E A DISTÂNCIA Funções específicas do tutor presencial Funções específicas do tutor a distância Atuar no polo de apoio presencial, mediando o processo pedagógico presencialmente junto aos estudantes. Atuar a partir da instituição, mediando o proces- so pedagógico junto a estudantes geografica- mente distantes. Apoiar operacionalmente a coordenação do cur- so e a equipe docente (professorese tutores a distância) nas atividades nos polos. Esclarecer dúvidas — através de fóruns de dis- cussão do Ambiente Virtual de Ensino e Apren- dizagem, pelo telefone ou qualquer outro recur- so interativo disponibilizado pela instituição. Atender e esclarecer dúvidas dos estudantes (sejam elas administrativas, de conteúdo ou re- lacionadas ao uso da tecnologia) nos polos, em horários preestabelecidos. Manter regularidade de acesso ao Ambiente Virtu- al de Ensino e Aprendizagem e responder às soli- citações dos alunos no prazo máximo de 24 horas. Promover espaços de construção coletiva de conhecimento, entre os estudantes, no polo de apoio presencial. Promover espaços de construção coletiva de conhecimento, entre os estudantes, via Ambien- te Virtual de Ensino e Aprendizagem. Participar de momentos presenciais obrigató- rios, tais como aplicação de avaliações realiza- ção de aulas práticas em laboratórios, estágios supervisionados, apresentação de trabalhos, realização de seminários etc. Selecionar material de apoio e sustentação teórica ao conteúdo. Participar dos processos avaliativos de ensino-aprendizagem, junto com os docentes. Fomentar o hábito da pesquisa e acompanhar os estudantes presencialmente nos processos formativos. Fomentar a pesquisa e acompanhar os estudan- tes nos processos formativos, incluindo o uso das tecnologias potencializadas em ambientes virtuais multimídias e interativos disponíveis. FONTE: Mello, Bleicher e Schuelter (2017, s.p.) Os modelos de tutoria podem variar conforme o sistema das instituições. Outras variáveis que influenciam na vida do tutor podem envolver o tipo de dedicação, podendo ser em tempo parcial ou full-time. O tipo de instituição de ensino pode variar sendo, como escolas, universidades, institutos técnicos. A natureza dos cursos também pode variar, ser acadêmico, técnico, profissional, ensino básico ou informal. O tutor pode atuar em sala de aula, a distância como funcionário interno da instituição ou mesmo como tutor a distância desde sua casa ou qualquer lugar, necessitando somente de computador e internet. O tutor pode trabalhar com vários tutores em um curso sob a responsabilidade de um docente ou coordenador, ou ser o único responsável por um curso e seus estudantes. Pode ter participado da autoria do curso ou nem saber quem são seus autores. 32 Tutoria na EAD Atividade de estudo 6 Agora que você já viu diferentes tipos e modalidades de tutoria, que tal escrever com suas próprias palavras uma pequena reflexão sobre a tutoria presencial e a tutoria a distância, apontando algumas vantagens e desvantagens. Vamos lá! A modalidade de tutoria a distância pode se dividir em várias outras formas de tutoria, conforme a época e/ou recursos disponíveis. Assim, agora iremos nos dedicar a fazer um pequeno percurso histórico da educação a distância, pois, “para entender o conceito e a prática da educação a distância é preciso refletir sobre o conceito mais amplo, que é o uso das (novas) tecnologias de informação e comunicação na educação” (BELLONI, 2002, p. 122). Vários autores (como PETERS, 2004, 2003; MOORE; KEARSLEY, 2008) costumam descrever a História da Educação a Distância, classificando-a em “gerações”, como já mencionamos anteriormente. Mas Palhares (2009) prefere “ondas” em vez de “gerações”, justificando que elas não são estanques. Ou seja, mesmo com o surgimento de novas tecnologias e as novas formas de implementação dos cursos é impossível separar claramente uma geração de outra, afetando as próximas. Podemos ilustrar da seguinte maneira: FIGURA 1 – ONDAS DA EAD FONTE: A Autora 33 O Que Significa Ser Tutor Capítulo 1 Seguindo essa ideia, vamos fazer um percurso histórico pelas “ondas” da EAD para verificarmos mais precisamente as formas de tutoria e sua relação com o surgimento das novas tecnologias. A primeira onda da EAD: Peters (2003) nos chama a atenção que a cultura por correspondência tem uma longa tradição, desde a época de Platão, que transmitia sua filosofia por meio de cartas. Do mesmo modo, as epístolas de São Paulo foram escritas para ensinar às comunidades cristãs longínquas, que pode ser considerada a primeira experiência de educação a distância. Ou seja, partimos do entendimento que a oferta de Educação a distância não é nova, pois essa modalidade já existe há pelo menos mais de 160 anos. Foi no século XIX que o ensino por correspondência se consolidou, sendo posteriormente chamado de Educação a distância. Assim, o primeiro meio de comunicação que a educação a distância usou foi o correio postal. Nesse modelo, o material didático e as avaliações eram enviadas pelo correio. E a tutoria por correspondência, nada mais é que a “Troca de correspondência entre o aluno e o tutor. Geralmente, o termo tutoria por correspondência significa a troca de cartas pelo correio, em contraste com outras formas eletrônicas” (ROMISZOWSKI; ROMISZOWSKI, 1998, p. 26). O motivo principal para os primeiros educadores por correspon- dência [...] era chegar até aqueles que de outro modo não poderiam se beneficiar dela. Naquele tempo, isso incluía as mulheres e, talvez, por essa razão, elas desempenharam um papel importante na histó- ria da educação a distância. Uma líder notável foi Anna Eliot Ticknor, que já em 1873 criou uma das primeiras escolas de estudo em casa, a Society to Encourage Estudies at Home. A finalidade dessa escola era ajudar as mulheres, a quem era negado em grande parte o aces- so às instituições educacionais formais, a terem oportunidade de es- tudar por meio de materiais entregues em suas residências. FONTE: MOORE, M.G; KEARSLEY, G. Educação a distância: uma visão integrada. São Paulo: Cengage Learning, 2008. Esse modelo ganha importância como forma de alcançar os interessados que não teriam acesso à educação de outra forma, seja pela distância, ou pelo Foi no século XIX que o ensino por correspondência se consolidou, sendo posteriormente chamado de Educação a distância. Assim, o primeiro meio de comunicação que a educação a distância usou foi o correio 34 Tutoria na EAD tempo. E com a Revolução Industrial e as mudanças de modelo de sociedade, surge grande demanda pela formação de novos trabalhadores. Assim, editoras da época aproveitam para explorar essa necessidade. Destaca-se também as ferro- vias que estavam em construção para a distribuição em massa de materiais im- pressos. Esse ensino por correspondência foi realizado em países grandes, mas com pouca densidade populacional e para os que moravam nas colônias de seus países de origem (PETERS, 2003). No Brasil, em 1900 já existiam anúncios oferecendo cursos por correspon- dência. Mas o instituto Monitor, criado em 1939, e o Instituto Universal Brasilei- ro, criado em 1941, são considerados pioneiros na implantação desse modelo de educação por correspondência. Essa forma de tutoria é a mais tradicional na educação a distância e serviu como ponte entre docentes e discente, se tornando o primeiro modelo didático básico do ensino a distância (PETERS, 2003). Desta- ca-se o estabelecimento de um diálogo por escrito. O professor se di- rigia diretamente ao aluno com um tom mais pessoal, como é típico do gênero epistolar, o que chegava para o aluno como uma aproximação e conquistando a sua confiança, assim era estabelecido uma “conversa- ção didática” (PETERS, 2001). Mas, se por um lado existia a vantagem dessa comunicação in- dividualizada, por outro, podia apresentar dificuldades para ambas as partes se entenderem por escrito, por exemplo, caso o aluno não con- seguisse se expressar adequadamente, o tutor teria dificuldades em atender suas necessidades. Cabe lembrar que este modelo, por sua estrutura e interação pouco dialógica com a tutoria, acaba sendo centrado na transmissão de conteúdos e no estudo individualizado e autodirigido. Outra questão diz respeito aos correios e a precariedade do serviço. Aindaque o serviço de correios existisse no Brasil desde o descobrimento, seu serviço era escasso e levava muito tempo para a solicitação do aluno chegar até o tutor assim como o retorno da resposta com a solução para o aluno. Ou seja, não exis- tia uma interação sistemática e eficiente. Assim, podemos listar algumas vantagens e desvantagens desse modelo de tutoria, segundo Betancourt (1995): • Vantagens o Atendimento fornecido aos alunos é individualizado. O professor se dirigia diretamente ao aluno com um tom mais pessoal, como é típico do gênero epistolar, o que chegava para o aluno como uma aproximação e conquistando a sua confiança, assim era estabelecido uma “conversação didática”. 35 O Que Significa Ser Tutor Capítulo 1 o A comunicação do tutor se torna uma avaliação na qual o aluno pode se apoiar. o Ainda que a comunicação é por meio da escrita, o que pode parecer frio, o tutor pode tornar a comunicação emocional e motivar os alunos para que expressem suas preocupações e expectativas. • Desvantagens o Requer habilidades especiais do tutor para se comunicar por escrito, de diversas formas. o A lentidão com o que o aluno receberá uma resposta, principalmente se pensamos no nosso país e nas grandes distâncias. o A administração e logística da instituição para organizar o manuseamento correto das correspondências. Uma solução para diminuir o tempo de espera das respostas seria complementar com o uso do telefone, sempre que possível. Segunda onda da EAD: a partir do século XX, o rádio e a televisão começam a fazer parte dos recursos educativos utilizados na educação a distância. Agora era possível atingir um número maior de pessoas, incluindo locais mais afastados, com o uso de gravações de áudio. Surgiram várias estações de rádio vinculadas a instituições de ensino. O rádio é um veículo de comunicação em massa e permite a difusão instantânea da mensagem. É um aparelho de baixo custo, popular e não exige habilidades especificas para manuseio. Assim, se torna um bom meio para a educação não-formal, ou mesmo como recurso para comple- mentar a outros programas de educação. A primeira autorização para uma emissora educacional foi concedida pelo Governo Federal à Latter Day Saints’ da University of Salt Lake City em 1921 (MOORE; KEARSLEY, 2008). No Brasil a Educação a distância via rádio teve início com a fundação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, em 1923, pelo grupo liderado por Edgard Roquette-Pinto e Henrique Morize. No início, o rádio acompanhava o material impresso enviado por correspon- dência. Possibilitava a reprodução das aulas presenciais. A ideia era levar o pro- fessor até onde o aluno estava, porém, os professores não dominavam a arte do A partir do século XX, o rádio e a televisão começam a fazer parte dos recursos educativos utilizados na educação a distância. Agora era possível atingir um número maior de pessoas, incluindo locais mais afastados, com o uso de gravações de áudio. 36 Tutoria na EAD rádio, com os efeitos sonoros e as músicas sem falar do uso da linguagem radio- fônica que proporcionasse intimidade com o ouvinte. Os professores, em muitos casos, usavam um vocabulário mais sofisticado, de difícil compreensão pelos in- teressados (BIANCO, 2009). A tutoria por rádio tem a vantagem de servir de apoio ao material escrito e ser motivadora para o aluno, porém com as desvantagens de ter horário para a transmissão e não poder repetir, a não ser que o aluno grave. Quer saber mais sobre o uso do rádio na educação brasileira? Uma dica é o livro: PIMENTEL, Fábio Prado. O rádio educativo no Brasil: uma visão histórica. Rio de Janeiro: Soarmec, 1999. A televisão, por unir os recursos de áudio e imagem em movimento, também demonstrou ter grande potencial como veículo educacional. Foi inaugurada no Brasil em 1950 por Assis Chateaubriand. E até 1956 sua programação era apenas ao vivo. Então a televisão passa a ser veículo de transmissão de programas edu- cativos, porém ainda necessitava de outros meios para complementar o estudo. O conteúdo pode ser apresentado de várias maneiras através deste recurso, como documentários, entrevistas, dramatização, tudo para torná-lo mais atraen- te para o público. Tudo com uma linguagem dialógica. Porém, novamente, aqui surgiram dificuldades por parte dos professores não habituados a microfones, câ- meras, iluminação. Muitos professores apenas imitavam a aula presencial, o que resultava em aulas cansativas. Em 1951, um televisor custava nove mil cruzeiros, três vezes mais que uma boa vitrola. Assim, só as pessoas mais ricas podiam comprar um aparelho. FONTE: CATAPAN, A. H et al. Introdução à educação a distância. Florianópolis: UFSC, 2009. 37 O Que Significa Ser Tutor Capítulo 1 Muitos programas educativos passaram a usar esse meio, e com o videocassete, foi possível gravar os programas e assistir quando e quantas vezes o aluno desejasse, proporcionando maior flexibilidade de tempo e lugar. Muitos programas de educação também aproveitaram para incluir encontros presencias, tanto para assistir aos programas como para sanar as dúvidas. É importante pensar que mesmo o aluno recebendo as aulas por televisão ou rádio, ainda se faz necessário o contato com o tutor para as orientações, o que se dava por correio ou telefone. Em 1966, a Sony japonesa lançou o primeiro aparelho de vídeo portátil. Gravava em Branco e preto e seu uso era restrito às áreas de educação e treinamento. Fácil de manejar, foi prontamente adotado para trabalhos em publicidade, treinamento e jornalismo. Em 1978, esses equipamentos chegaram ao Brasil e, em 1982, a Sharp lançou o primeiro aparelho de videocassete nacional. FONTE: CATAPAN, A. H et al. Introdução à educação a distância. Florianópolis: UFSC, 2009. Pensando historicamente, também podemos falar em tutoria por fita cassete e videocassete. Se quiser conhecer mais sobre essas formas de tutoria leia: BETANCOURT, A. M. La educación a distancia y la función tutorial. San José: UNESCO, 1995. Disponível em: http://www.unesco.org/education/pdf/53_21.pdf. Na tutoria por televisão, por exemplo, o tutor pode apresentar o curso, sanar dúvidas que surgem sobre a metodologia, esclarecer questões avaliativas. Os alunos recebiam os materiais impressos com exercícios. A correção desses exercícios podia ser feita nos programas de rádio ou TV, ou mesmo enviada pelos correios. 38 Tutoria na EAD Se formos pensar, esse modelo ainda não difere muito do ensino tradicional, pois está centrado na figura do professor, com pouca interatividade entre os envolvidos no processo de aprendizagem. Mas a televisão é um ótimo recurso por conseguir atrair a atenção mais do que outras mídias. Contudo, também apresenta vantagens e desvantagens, apontadas por Moore e Kearsley (2008, adaptado): • Vantagens o Depois da tutoria presencial, a tutoria por televisão é a mais motivadora para os alunos. o Por combinar som e imagem, esse meio proporciona que o aluno se sinta mais próximo do tutor. o Se pensarmos em videoconferências, por exemplo, podem contribuir e interagir com o tutor e mesmo com os outros alunos. o Através deste meio é possível adicionar outros recursos, como filmes, vídeos educativos, conferência. o É um meio que traduz grande realismo de som, imagens e situações. • Desvantagens o Não é um meio barato e exige equipe técnica e aparelhagem tecnológica. o Requer bastante planejamento e organização. o Requer qualificação e capacitação dos tutores. o Dificuldade de conciliar os horários da tutoria com os horários de maior audiência. o Sua utilização só se justifica diante de um público numeroso. o A falta de interatividade e de uma avaliação sistemática do desempenho dos estudantes, pode ser considerada uma das principais limitações deste tipo de tutoria. o Se as videoconferências e teleconferências poderiam seruma solução para a interatividade, também demandam maiores recursos por parte dos alunos inviabilizando um maior alcance. Na verdade, esse modelo não está distante de nós, pois muitos projetos usam de DVDs e/ou aulas gravadas. Podemos pensar nos Telecursos pela Fundação Roberto Marinho, e os vídeos da TV Escola/Salto para o Futuro do MEC, veiculados para todo o Brasil e utilizados pelas nossas escolas públicas. O Telecurso 2000 foi criado pela Fundação Roberto Marinho e pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. O aluno acompanha a programação de casa ou onde quiser. O programa é exibido diariamente e sua certificação de aprendizagem acontece Esse modelo ainda não difere muito do ensino tradicional, pois está centrado na figura do professor, com pouca interatividade entre os envolvidos no processo de aprendizagem. 39 O Que Significa Ser Tutor Capítulo 1 através de avaliações semestrais que são realizadas pelos sistemas de ensino municipais e estaduais. A TV Escola está ligada à Secretaria de Educação a Distância do Ministério da Educação (SEED/MEC) e visa a capacitação e atualização dos professores do Ensino Fundamental e Médio de escolas públicas. Um dos programas que se destaca é o Salto para o Futuro, transmitido ao vivo com a proposta de formação continuada de professores e usa vários meios de comunicação para o debate de questões relacionadas à prática pedagógica. FONTE: CATAPAN, A. H et al. Introdução à educação a distância. Florianópolis: UFSC, 2009. O termo telecurso diz respeito àqueles cursos nos quais a princi- pal tecnologia de comunicação é a transmissão de vídeos (portanto, não é ao vivo). Os materiais do curso podem ser tão simples como sessões em sala de aula gravadas ou podem ser produzidos me- diante instruções sofisticadas e de acordo com padrões de criação elevados. Os telecursos podem ser distribuídos sob diversas formas: por meio de videoteipes, transmissão por cabo ou satélite, por redes ITFS ou vídeo transmissível pela internet. FONTE: MOORE, M.G; KEARSLEY, G. Educação a distância: uma visão integrada. São Paulo: Cengage Learning, 2008. A internet também contribui para a disseminação desses modelos ainda hoje, com as rádios via web e os vídeos educativos que assistimos na internet e que aumentam a interação. Terceira onda da EAD: essa onda se refere aos avanços tecnológicos surgi- dos a partir da década de 1970, com os computadores pessoais e CD-ROM. Os materiais didáticos passam a serem gravados em CD-ROM e controlados pelo usuário em seu computador. Isso ampliou as possibilidades de gravação de pro- gramas em vídeo e áudio, com animações e manipulações, além de reduzir os custos de distribuição. 40 Tutoria na EAD Os projetos agora poderiam englobar as tecnologias usadas anteriormente as novas possibilidades de participação dos alunos. Os cursos poderiam manter os guias impressos, orientações por correspondência ou telefone e o uso de rádio e televisão, junto aos áudios gravados e vídeos para acesso com o computador. Bibliotecas locais e universidades contribuíam para a formação de grupos de es- tudos e uso de laboratórios. De agora em diante se torna comum a tutoria por telefone. Diferente da tu- toria por correspondência, o contato agora passa a ser mais personalizado e em tempo real. Os alunos podem entrar em contato para sanar suas dúvidas sem pre- cisar esperar dias pela resposta. A instituição impõe algumas regras, como horário de atendimento ser o mesmo do horário do tutor na instituição, além de oferecer outros meios para contato com a tutoria. É preciso lembrar que nem todas as ins- tituições oferecem um número 0800 e as ligações podem ter custos para o aluno. Nesse sentido, Betancourt (1995) sugere algumas orientações para a tutoria por telefone no contato entre tutor e alunos. Vejamos: • É importante sempre ambos iniciarem com a apresentação, tanto tutor como aluno. Algumas informações podem ser importantes, como curso, número de matrícula, cidade. • O aluno precisa ter claro qual é a sua dúvida ou inquietude para expor ao tutor. • O tutor precisa responder as perguntas com tranquilidade em sequência e verificar se o aluno compreendeu. • Após confirmar que as dúvidas do aluno foram sanadas, o tutor deve se despedir e desejar bons estudos. Desse modo, cabe o tutor ser o mais claro possível no atendimento telefônico ao aluno e lembrar da objetividade, principalmente de o aluno estar arcando com os custos da ligação. O tutor também precisa ter a percepção dos momentos de silêncio do aluno, pois podem indicar que ele ainda não assimilou a informação e/ ou não entendeu completamente a explicação. A partir dos itens apontados por Betancourt (1995), iremos apresentar algu- mas vantagens e desvantagens do uso do telefone como recurso de comunicação entre o aluno e tutor. • Vantagens o A comunicação é individualizada e personalizada. Permite uma relação direta e interpessoal imediata mesmo com os interlocutores estando em locais distantes. o Possibilita que o aluno tire as dúvidas que possam surgir durante a conversa. 41 O Que Significa Ser Tutor Capítulo 1 o Fomenta uma relação pessoal entre tutor e aluno, que possibilita a criação de laços afetivos, diminuindo a sensação de solidão e isolamento do aluno. Além de facilitar a comunicação em casos do aluno não se sentir à vontade para falar em público. o Se compararmos o custo de deslocamento com o custo de uma chamada telefônica, muitas vezes, o uso do telefone pode ser mais barato. • Desvantagens o O valor das ligações, tanto para alunos como para as instituições. o Problemas com falta de pessoal para atender grande fluxo de chamadas ou demora no atendimento podem causar desmotivação. o Dificuldades por parte do aluno em verbalizar quais são as suas dúvidas e inquietações. o Dificuldades para criar explicações em assuntos que necessitem mais do que uma explicação oral. o Em locais muito isolados existe a falta de linhas telefônicas ou área de celular. o Limitações de horários e dias no atendimento. Assim, mesmo diante de algumas desvantagens, esse tipo de tutoria é amplamente utilizado no Brasil ao longo dos anos, se mostrando eficiente para esclarecer dúvidas pontuais. No entanto, os ambientes virtuais de aprendizagem têm se tornado um recurso predominante. Mas mesmo nessa situação, às vezes, o próprio tutor pode sentir a necessidade de entrar em contato com o aluno por telefone para resolver alguma dificuldade que tenha recebido por escrito. Essa onda da EAD se complementa com a próxima, tanto que muitos autores as consideram uma só geração. Então vamos para a próxima etapa! Quarta onda da EAD: Se refere a ampliação das redes de telecomunicação, mais especificamente a partir da década de 1980 quando o custo-benefício permitiu um maior uso das teleconferências com transmissão via satélite. Essa tecnologia permitiu imitar o modelo de sala de aula presencial com a criação de grupos de alunos em salas especiais com equipamentos e a transmissão da teleconferência (PETERS, 2001). A Teleconferência na educação a distância descreve a instrução por meio de alguma forma de tecnologia de telecomunicação interativa. Existem quatro tipos diferentes dessa tecnologia, cada 42 Tutoria na EAD uma oferecendo uma forma diferente de teleconferência: áudio, audiográfica, vídeo e computador (baseada na web). Para saber mais sobre cada um desses tipos, consulte: MOORE, M.G; KEARSLEY, G. Educação a distância: uma visão integrada. São Paulo: Cengage Learning, 2008. Surgiram várias iniciativas de teleconferência, mas elas ainda se mostraram centradas na figura do professor. O professor formula perguntas para todos os receptores e os alunos em seus centros respondem por telefone ou pela rede de computadores. Ainda que essa dinâmica possa parecer melhor que a anterior, é bidirecional, mantendo o professor como
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