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Programa de Pós-Graduação EAD UNIASSELVI-PÓS TUTORIA NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Autora: Márcia Loch CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Reitor: Prof. Dr. Malcon Tafner Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Norberto Siegel Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Profa. Elisabeth Penzlien Tafner Prof. Norberto Siegel Revisão de Conteúdo: Profa. Lidiane Goedert Revisão Gramatical: Profa. Iara de Oliveira Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci 371.335 L812t Loch, Márcia. Tutoria na Educação a Distância / Márcia Loch. Centro Universitário Leonardo da Vinci – Indaial: Grupo UNIASSELVI, 2009.x ; 126 p.: il. Inclui bibliografia. ISBN 978-85-7830-235-1 1. Ensino - Método 2. Ensino a Distância Representações I. Centro Universitário Leonardo da. Vinci II. Núcleo de Ensino a Distância III. Título Copyright © Editora Grupo UNIASSELVI 2009 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. UNIASSELVI – Indaial. Possui Graduação em Pedagogia pela Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC (2000) e Mestrado em Educação pela Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC (2003). Atuou no LED (Laboratório de Ensino a Distância - UFSC), de 1999 a 2003, na equipe Pedagógica. É design instrucional e coordena o Núcleo de Avaliação da Aprendizagem na UnisulVirtual desde 2005. É professora nesta universidade desde 2004 em cursos de graduação (presencial e a distância) e pós-graduação (a distância), nas áreas de ensino e aprendizagem, tutoria, avaliação da aprendizagem, informática na educação, prática de ensino, ciência e pesquisa e metodologia da pesquisa. É autora de livros para graduação e pós-graduação para a UnisulVirtual. Principais interesses de pesquisa: formação do professor tutor; avaliação da aprendizagem na EAD; multimídia na EAD; aprendizagem do aluno adulto na EAD. Atua, também, como consultora na área de educação a distância, universidade corporativa e e-learning. Márcia Loch Sumário APRESENTAÇÃO ........................................................................... 7 CAPÍTULO 1 o TuTor na EaD ............................................................................... 9 CAPÍTULO 2 o DESEnvolvimEnTo DE novaS CompETênCiaS para EnSinar na EaD ..................................................................... 37 CAPÍTULO 3 mEDiação E inTEração Em ambiEnTES virTuaiS DE aprEnDizagEm ............................................................... 67 CAPÍTULO 4 rEComEnDaçõES para uma boa aTuação Do TuTor Em ambiEnTES virTuaiS DE aprEnDizagEm ................................ 95 APRESENTAÇÃO Sempre que pensamos em processos de ensino e aprendizagem na educação, seja ela presencial, seja a distância, vem a nossa mente um sistema aprendente, ou seja, o aluno, e um sistema ensinante, isto é, o professor. Quando pensamos em educação a distância, há a relação com o aluno, o professor e, principalmente, com a mídia ou as mídias que irão proporcionar o contato e a comunicação entre estes dois agentes. Mas, quando dedicamos mais atenção ao tutor que atua nesta modalidade de ensino, podemos fazer algumas perguntas do tipo: • O que significa ser tutor? • Quais suas funções e atribuições na relação com os alunos? • Como o tutor deve interagir com a instituição e com os alunos? • Ele precisa ser professor para ser tutor? • Que competências ele precisa desenvolver para ser um bom tutor? • Como resolver conflitos de comunicação com os alunos? Vamos responder às dúvidas e às inquietações expostas acima ao longo dos quatro capítulos deste livro. No capítulo 1, você vai entender quem é o tutor na EAD e como este conceito, suas funções e atribuições foram se desenvolvendo ao longo dos tempos. Já no Capítulo 2, você diferenciará as competências e saberes necessários para que o tutor atue na EAD e quais as principais diferenças entre os professores que atuam no presencial e o tutor. No Capítulo 3, propomos a você conhecer como ocorre a interação e a mediação entre o tutor e seus alunos. Também abordaremos as estratégias que o tutor pode utilizar no dia a dia para interagir com seus alunos. O Capítulo IV propõe para você orientações e dicas para uma atuação efetiva e significativa do tutor na EAD. Diagnosticar os principais desafios e saber como resolvê-los faz parte da competência de um bom tutor. Esperamos que a leitura deste material didático possa proporcionar-lhe excelentes e significativas aprendizagens e que, ao mesmo tempo, relacione os conteúdos aqui desenvolvidos com a sua prática, caso você já atue nesta modalidade de ensino. Caso contrário, aproveite para ler muito sobre o assunto e, principalmente, para conhecer cada vez mais sobre esta figura tão importante na EAD: o TUTOR! Sucesso a todos e excelentes aprendizagens! Profa. Márcia Loch CAPÍTULO 1 o TuTor na EaD A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Compreender quem é o tutor na EAD. Conhecer os diferentes conceitos de tutor presentes na literatura. Conhecer diversos tipos e modelos de tutoria. Analisar as diferentes atribuições e funções dos tutores. 10 Tutoria na educação a distância 11 O TUTOR NA EADCapítulo 1 ConTEXTualização Você que é aluno deste curso de pós-graduação, certamente já percebeu, desde a primeira disciplina do curso, quais são as principais competências dos tutores, não é mesmo? Já deve ter percebido que este agente tem algumas funções, atribuições e que se comunica com você de uma maneira diferente do presencial, certo? Então, pare e pense: • Que diferenças são estas? • Quem é este tutor que atua na EAD? • Que modelos de tutoria você conhece? Aquela do curso por correspondência? Do atendimento presencial ou por telefone? Via televisão ou internet? • Quais suas funções e atribuições na EAD? Consideramos que são inúmeras as perguntas e refl exões que podemos fazer sobre o tutor, sujeito tão importante para a aprendizagem dos alunos e para a manutenção e sucesso de cursos a distância. Você vai iniciar os estudos desta disciplina compreendendo quem é o tutor, quais os principais modelos de tutoria e quais as funções e atribuições deste profi ssional em cursos a distância. Mas, afi nal, quem é o tutor? QuEm É o TuTor? Segundo Mediano (1988), a tutoria como método aparece nas universidades inglesas do século XV com o objetivo inicial de fornecer apoio ao ensino universitário, orientando os alunos em doutrinas e disciplinas da Igreja e cuidando da conduta dos alunos. No século XIX, o tutor passa a ser visto como aquele que continua a apoiar o aluno individualmente, porém, não apenas do ponto de vista de uma cultura religiosa, mas também do ponto de vista moral. Desse sucesso advindo do tutor dependia, também, o sucesso da universidade, porém, mesmo nesse sentido, a função era apenas complementar as informações educacionais recebidas presencialmente na universidade. “O tutor era o guardião moral e religioso dos jovens a ele confi ados.” (MEDIANO, 1988, p.55). 12 Tutoria na educação a distância Posteriormente, no século XX, o tutor assumiu o papel de orientador e acompanhante dos trabalhos acadêmicos e é com este mesmo sentido que chegou aos atuais programas de educação a distância. (SÁ, 1998). A ideia de guia é a que aparece com maior força na defi nição da tarefa do tutor. Podemos defi nir tutor como o “guia, protetor ou defensor de alguém em qualquer aspecto”, enquanto o professor é alguém que “ensina qualquer coisa”. (LITWIN, 2001, p. 93). Noentanto, atualmente, há uma forte mudança na forma como as instituições vêm denominando e concebendo as atribuições do tutor. Muitas delas estão passando a chamar o sujeito que leciona de professor, seja no ensino presencial, seja a distância. Pesquisadores da educação a distância não alcançam consenso ao defi nir o termo tutor, por isso, a seguir, apresentamos algumas defi nições sobre este termo relacionado à educação a distância. Ao realizar a leitura, vá sublinhando ou circulando o que aparece de forma igual ou parecida nos conceitos e defi nições apresentadas. O termo “tutor” tem origem no latim tutor-tutoris e se refere ao que possui o papel de defender, guardar, preservar, sustentar, socorrer. É um despropósito atribuir tais funções ao docente da edu- cação a distância, que deve sim buscar que o aluno gere suas próprias capaci- dades de autonomia para o estudo e a aprendizagem. (BETANCOURT, 1995). O tutor é o representante de todo o cur- so junto aos alunos. Tem domínio do conteúdo, tem formação para avaliar o aluno e proporciona apoio pedagógico e operacional. Participa ativamente da avaliação do processo e do conteúdo. (KEEGAN, 1998). Os tutores são responsáveis pela orientação da aprendizagem concreta dos alunos, planejam e coordenam as diversas ações docentes, sejam a distância, sejam presenciais. Defi nem o nível de exigência das atividades de aprendizagem. (CASTILLO ARRE- DONDO, 1998). O professor tutor orienta o aluno em seus estudos relativos à disciplina pela qual é responsável, esclarece dúvidas e explica questões relativas aos conte- údos. Na maioria dos casos, participa das atividades de avaliação. (BELLO- NI, 1999). Podemos defi nir tutor como o “guia, protetor ou defensor de alguém em qualquer aspecto”, enquanto o professor é alguém que “ensina qualquer coisa”. (LITWIN, 2001, p. 93). 13 O TUTOR NA EADCapítulo 1 Deve promover a realização de ativi- dades e apoiar sua resolução, e não apenas mostrar a resposta correta; oferecer novas fontes de informação e favorecer sua compreensão. Guiar, orientar, apoiar devem se referir à pro- moção de uma compreensão profunda, e estes atos são responsabilidade tan- to do docente no ambiente presencial como do tutor na modalidade a distân- cia. (LITWIN, 2001) O professor tutor deve ser um pro- fessor catalisador. Catalisar é a ação de provocar, incentivar, otimizar. Um professor catalisador está tão envolvi- do no processo ensino e aprendizagem que procura facilitar e mediar, mas também provoca, instiga o pensamen- to, incomoda, questiona, problematiza, combate o senso comum, incentiva a refl exão e o trabalho construtivo. (SI- MÃO NETO, 2002). O tutor deve criar o enigma ou mais exatamente fazer do saber um enigma, suscitando no aluno a vontade de des- vendá-lo. As estratégias individuais de aprendizagem são elaboradas a partir do fato de que cada estudante cria o seu próprio enigma. (MEIRIEU, 1998). O professor na educação a distância é chamado de assessor pedagógico. Sua principal função é a de fazer a ligação entre a instituição e o aluno, acompa- nhando o processo para enriquecê-lo com seus conhecimentos e experiên- cias. (GUTIÉRREZ; PRIETO, 1994). O tutor é o “tênue fi o de ligação entre os extremos do sistema instituição-alu- no”. (GONZALEZ, 2005). O professor é o instrutor central da tutoria. Avalia o curso a cada etapa, gerando um feedback para a equipe de profi ssionais envolvidos. Mas também avalia os alunos a cada etapa, propor- cionando um feedback de aprendiza- gem. (CHERMANN; BONINI, 2000). Quadro 1 - Conceitos de tutor. Fonte: Loch e Luz (2008, p. 10). Complementamos os conceitos apresentados anteriormente com outros encontrados na literatura e que são importantes para você compreender quem é o tutor na EAD. O professor a distância é basicamen- te um coordenador que relaciona os meios da instituição às necessidades dos alunos. (WEDEMEYER, 1981). O professor é um planejador que deve satisfazer as necessidades dos alunos mediante a facilitação do estudo independente e individualizado, por meio do diálogo e dos meios técnicos. (MOORE; KEARSLEY, 2007). 14 Tutoria na educação a distância O tutor é um elemento importante e indispensável na rede de comunicação que vincula os cursistas à instituição de ensino promotora do curso, pois, além de manter a motivação dos alunos, possibilita a retroalimentação acadêmi- ca e pedagógica do processo educati- vo. (LANDIM, 1997). O importante papel do tutor na EAD pode resumir-se nas seguintes fun- ções: orientadora, mais centrada na área afetiva; acadêmica, mais voltada para o âmbito cognitivo; de colabora- ção e conexão com a instituição pro- motora do curso e com toda a equipe docente. (GARCÍA ARETIO, 1994). Quadro 2 – Outros conceitos de tutor Fonte: Loch e Luz (2008) Agora que você leu e conheceu os diversos conceitos de tutor apresentados na literatura mundial, chegou o momento de pensar no SEU conceito de tutor. Atividade de Estudos: Você estudou diferentes conceitos de tutor ao longo dos tempos e de acordo com diversos autores. Pense e escreva o SEU conceito de TUTOR. ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ Nas definições anteriores é possível perceber que algumas mencionam as características que o tutor deve possuir e outras já descrevem as funções que são exercidas pelo tutor no sistema tutorial. Acreditamos que a análise destes itens, separadamente, possibilita a compreensão do que é ser um tutor na educação a distância. 15 O TUTOR NA EADCapítulo 1 Na perspectiva tradicional da educação a distância, era comum sustentar a ideia de que o tutor dirigia, orientava, apoiava a aprendizagem dos alunos, mas não ensinava. Assumiu-se a noção de que eram os materiais que ensinavam e o lugar do tutor passou a ser o de um “acompanhante” funcional para o sistema. O lugar do ensino, assim defi nido, fi cava a cargo dos materiais, “pacotes” autossufi cientes sequenciados e pautados, que fi nalizavam com uma avaliação semelhante em sua concepção de ensino. (LITWIN, 2001). Pensava-se, dessa forma, que “ensinar” era sinônimo de transmitir informações ou de estimular o aparecimento de determinadas condutas. Nesse contexto, a tarefa do tutor consistia em assegurar o cumprimento dos objetivos, servindo de apoio ao programa. (LITWIN, 2001). Edith Litwin (2001, p. 99) destaca, ainda, que quem é um bom docente será também um bom tutor. Um bom docente “cria propostas de atividades para a refl exão, apóia sua resolução, sugere fontes de informação alternativas, oferece explicações, facilita os processos de compreensão; isto é, guia, orienta, apóia, e nisso consiste o seu ensino”. Da mesma forma, o bom tutor deve promover a realização de atividades e apoiar sua resolução, e não apenas mostrar a resposta correta; oferecer novas fontes de informação e favorecer sua compreensão. “Guiar, orientar, apoiar” devem se referir à promoção de uma compreensão profunda, e estes atos são de responsabilidade tanto do docente no ambiente presencial como do tutor na modalidade a distância. Não concordamos plenamente com a autora citada quando afi rma que certamente um bom docente será um bom tutor. Em mais de 10 anos atuando na EAD, principalmente comointegrante da equipe pedagógica de capacitação de tutores e como tutora em disciplinas de graduação e pós- graduação, além da docência no ensino presencial, a experiência mostra-nos que muitos professores, excelentes no ensino presencial, não são bons tutores na educação a distância, pois ambas modalidades apresentam características distintas. Dessa forma, o professor ao atuar na EAD precisa desenvolver algumas competências e atribuições distintas ou complementares àquelas necessárias no ensino presencial. O contrário também procede, ou seja, muitas vezes ótimos tutores, ao atuar no ensino presencial, não conseguem desenvolver um bom trabalho. O papel do tutor precisa ser repensado para que não se reproduzam nos atuais ambientes de educação a distância concepções tradicionais das fi guras do professor/aluno. É preciso superar a postura ainda existente do professor transmissor de conhecimentos. Muitos professores, excelentes no ensino presencial, não são bons tutores na educação a distância, pois ambas modalidades apresentam características distintas. Dessa forma, o professor ao atuar na EAD precisa desenvolver algumas competências e atribuições distintas ou complementares àquelas necessárias no ensino presencial. 16 Tutoria na educação a distância A seguir, você vai conhecer e compreender os diferentes tipos de modelos de tutoria, apresentadas na literatura especializada, na área, de acordo com autores e pesquisadores desta temática. Lembre-se de que você pode circular, rabiscar, sublinhar e escrever nas margens laterais suas refl exões e sínteses dos principais assuntos deste caderno de estudos! TipoS E moDEloS DE TuToria Na literatura podemos encontrar vários tipos e modelos de tutoria. Vamos apresentar neste item os principais tipos e modelos de tutoria baseados nas obras de Betancourt (1995), Peters (2003) e Landim (1997). Para estes autores, a tutoria pode dar-se na forma presencial ou na forma a distância. A tutoria a distância acontece quando as interações entre o professor tutor e os seus alunos se dão a partir da utilização de recursos intermediários. Assim, podemos identifi car as formas de tutoria a distância, enumerando os diferentes recursos a serem utilizados: correspondência; telefone; televisão; computador. a) Tutoria por Correspondência De acordo com Peters (2003), a cultura da correspondência tem uma longa tradição, desde a época de Platão, quando transmitiu seus pensamentos por meio deste recurso e o Apóstolo Paulo escreveu suas epístolas aos romanos, a fi m de divulgar a doutrina cristã. Este modelo é considerado um dos mais importantes porque tem a maior facilidade de alcance. Não envolve técnicas ou tecnologias sofi sticadas, permite atenção individual e pessoal e dá acesso exclusivo aos tons de familiaridade. (BETANCOURT, 1995). Nos meados do século XIX, este modelo se tornou a ponte entre muitos docentes e discentes e serviu como o primeiro modelo didático básico do ensino a distância. (PETERS, 2003). 17 O TUTOR NA EADCapítulo 1 Com este recurso, o aluno pode receber informações sobre os resultados obtidos; respostas às suas perguntas, orientações relacionadas à forma de estudar o conteúdo ou às fontes de consulta, bem como sobre a organização administrativa ou programa ou sistema de educação a distância. Naturalmente, a orientação também é utilizada para aconselhar o(a) estudante em assuntos de natureza estritamente pessoal. (BETANCOURT, 1995). De acordo com o autor citado, quando os tutores escrevem a seus alunos, aqueles deverão: • Demonstrar que leram todas as atividades dos alunos. • Escrever comentários compreensíveis e signifi cativos. • Indicar a relevância ou irrelevância dos conteúdos estudados, mas com exemplos específi cos. • Prestar apoio e encorajamento aos alunos. • Reconhecer os esforços desenvolvidos pelo aluno no desenvolvimento do trabalho. • Instruir os alunos para identifi car e corrigir seus erros. • Opinar sobre a qualidade dos resultados apresentados pelo aluno. De acordo com Landim (1997), quando o curso inicia, o aluno precisa receber uma correspondência com todas as informações e orientações preliminares. E o mesmo deve ocorrer quando houver alguma modifi cação do que foi acertado no início do curso. Podemos apontar ao menos três diferentes tipos e fi nalidades da tutoria postal. São elas: • Informativa: diz respeito a informações e comunicações gerais sobre o curso; informes gerais; cronogramas; agenda e planejamento de cada tutor etc. • Motivadora: esta tutoria deve ocorrer quando o tutor sente que o aluno está ausente, desestimulado e desmotivado. • Didática: por meio de trabalhos, avaliações e outras tarefas que este tipo de tutoria ocorre. O tutor aproveita a ocasião da correção das atividades para orientar os seus alunos nos estudos. (LANDIM, 1997). Diante das características e possibilidades da tutoria por correspondência, Betancourt (1995) nos apresenta algumas vantagens e limitações para o processo de ensino e aprendizagem. Acompanhe a seguir aquelas que entendemos ser as principais: 18 Tutoria na educação a distância Vantagens • A atenção fornecida aos alunos é individualizada. • A comunicação do tutor passa a ser uma avaliação na qual o aluno pode se apoiar. • Embora a escrita possa parecer fria, o tutor pode tornar a comunicação emocional e motivar os alunos a expressar as suas preocupações e expectativas com espontaneidade e segurança. Limitações • Requer habilidades especiais do tutor para se comunicar por escrito, de diversas formas. • O tempo que o aluno levará para obter uma resposta pode ser grande, ainda mais quando levamos em consideração países como o nosso, com uma imensa área. • A administração e logística da instituição, que deve organizar o manuseamento correto das correspondências. Este tipo de tutoria como principal recurso de comunicação entre alunos e a instituição ainda é muito utilizada em países pobres ou nos locais onde não há telefone ou internet à disposição dos alunos. b) Tutoria por Telefone A tutoria por telefone, diferentemente da tutoria por correspondência, como você já viu, permite um contato mais personalizado e pessoal entre alunos e tutores. Por este meio, o aluno pode entrar em contato com o tutor para tirar dúvidas de conteúdo, metodológicas, acadêmicas, relativas a uma avaliação que deve ser encaminhada ou mesmo ter um contato mais pessoal com o docente. No início do curso, é importante que a instituição deixe claras algumas regras sobre este tipo de recurso e garanta que este meio não seja a única possibilidade de contato do aluno com o professor e vice-versa. É necessário avisar os alunos e deixar estabelecidas as regras sobre a utilização deste recurso logo no início do curso, como, por exemplo: os horários de atendimento do tutor na instituição; quantos dias por semana ocorrerá o atendimento; qual o custo da ligação e quais os objetivos deste meio e o que deve ser tratado e discutido por ele. Algumas instituições utilizam telefones gratuitos para o contato dos alunos, aqui no Brasil, por exemplo, os números 0800. Neste caso, o custo 19 O TUTOR NA EADCapítulo 1 da ligação fi ca a cargo da instituição. Outras instituições podem fazer parcerias com empresas telefônicas com o intuito de garantir um custo menor da ligação para o aluno. A instituição deve fazer um investimento em recursos tecnológicos para atender os alunos da melhor forma possível. Dependendo do número de alunos e do número de cursos ofertados, ocorrerá a necessidade de ter uma central para recebimento e fi ltragem das ligações, para, em seguida, ser distribuída aos ramais, por exemplo. O tempo de espera do aluno nesta transferência da ligação pode ser fator crucial para que siga adiante ou desista do contato. Betancourt (1995) sugere algumas orientações para a tutoria por telefone no contato entre tutore alunos. Acompanhe: • Identifi cação: consiste na apresentação tanto do tutor quanto do aluno. Nome, curso, número de matricula, cidade etc. Algumas instituições utilizam programas ou softwares para facilitar o contato com os alunos e o histórico dos contatos realizados. Por isso, é importante o aluno ter em mãos pelo menos o número de matrícula na instituição. • O aluno deve fazer a(s) pergunta(s), expor suas inquietudes e difi culdades. • O tutor deve verifi car junto ao aluno se este compreendeu a mensagem e, em seguida, deve responder uma pergunta de cada vez, com tranquilidade e por ordem, com o intuito de não confundi-lo. • Após certifi car-se de que o aluno entendeu e que não possui mais dúvidas, cabe ao tutor despedir-se e desejar-lhe sucesso e bons estudos. Complementamos as orientações com aquelas indicadas por Landim (1997, p. 133) quando afi rma que: [...] é importante interpretar os momentos de silêncio [do aluno]. O silêncio pode signifi car coisas distintas, como falta de compreensão de algum aspecto do que se está tratando, ou refl exão prévia do aluno sobre a comunicação. É necessário deixar-lhe, durante a conversação, tempo necessário para que analise, refl ita e assimile os esclarecimentos que lhe faz o tutor. Cabe ao tutor, no momento do atendimento ao aluno, ser objetivo em suas respostas, principalmente quando é o aluno que está arcando com os custos da ligação. Algumas instituições utilizam programas ou softwares para facilitar o contato com os alunos e o histórico dos contatos realizados. Por isso, é importante o aluno ter em mãos pelo menos o número de matrícula na instituição. Algumas instituições utilizam telefones gratuitos para o contato dos alunos, aqui no Brasil, por exemplo, os números 0800. Neste caso, o custo da ligação fi ca a cargo da instituição. Outras instituições podem fazer parcerias com empresas telefônicas com o intuito de garantir um custo menor da ligação para o aluno. 20 Tutoria na educação a distância Landim (1997) e Betancourt (1995) apresentam a seguir as vantagens e limitações sobre o uso do telefone como recurso de comunicação entre o aluno e a instituição: Vantagens • A comunicação é individualizada e personalizada. • Possibilita ao aluno discutir e tirar dúvidas que vão surgindo ao longo da discussão. • Redução de custo para o aluno, quando comparado com o deslocamento que deveria fazer para tirar suas dúvidas com o tutor. • Fomenta uma relação pessoal entre o tutor e os alunos e ajuda o aluno a superar difi culdades de comunicação, caso tenha difi culdade de falar em público. Limitações • Os problemas técnicos das linhas telefônicas, o número limitado de linhas/ ramais e pessoas para entender os alunos pode frustrar e desmotivar a comunicação. • O valor da chamada, tanto para o aluno quanto para a instituição, poderá ser alto se o tempo das ligações não for controlado. • O contato por telefone pressupõe que a comunicação deve ser sintética e objetiva, e nem sempre nossos alunos estão preparados para expor suas dúvidas de forma clara e objetiva. • Existem temas para os quais apenas a explicação oral não se mostra efi ciente, tendo o tutor que usar de outros recursos para que o aluno compreenda a mensagem. • Existem locais, principalmente nas zonas rurais, onde não há linhas telefônicas. • O aluno não poderá entrar em contato com a instituição no momento e horário que desejar, já que as instituições e os tutores tem horários pré-defi nidos para o atendimento. Apesar das desvantagens apontadas anteriormente sobre a tutoria por telefone, este tipo de recurso é bastante utilizado, principalmente em nosso país. No entanto, com a disseminação e utilização da internet e dos chamados AVAs – Ambientes Virtuais de Aprendizagem, a partir da década de 90 do século passado, a utilização do telefone passa a ser usada para a comunicação do aluno com setores como monitoria e secretaria acadêmica, por exemplo. 21 O TUTOR NA EADCapítulo 1 c) Tutoria por Televisão Devido ao seu grande poder de alcance, o uso da televisão se expandiu no período pós-guerra e, sobretudo, na década de 70, atingindo rapidamente grande parte da população, com sucesso entre as diversas camadas sociais, o que permitiu seu emprego também para a difusão do ensino. Uma das primeiras iniciativas de uso em nosso país da televisão na educação foi o Projeto SACI, implantado experimentalmente no Rio Grande do Norte, no fi nal da década de 60, partindo-se da ideia de que a televisão era fonte de informação e ponto focal para o desenvolvimento da comunidade. Este projeto trazia, entre suas práticas, a valorização do professor, o reconhecimento de sua importância como mediador e agente da informação e o entendimento da necessidade de qualifi cá-lo permanentemente. (ANDRADE, 1993). A tutoria por televisão é muito disseminada no Brasil, com a realização do Telecurso pela Fundação Roberto Marinho, por exemplo, e o TV Escola/Salto para o Futuro do MEC, veiculado para escolas públicas de todo o Brasil. Você pode assistir aos documentários e matérias realizados pela TV Escola no site: http:// portal.mec.gov.br/tvescola/. Betancourt (1995) sugere que, no campo da tutoria por televisão, o tutor poderá apresentar programas orientadores e que causam dúvidas nos alunos. Também é possível apresentar respostas sobre a metodologia do curso, difi culdades de estudos dos alunos ou para explicar alguma avaliação. Moore e Kearsley (2007) afi rmam que o vídeo é uma mídia poderosa para atrair e manter a atenção e para transmitir impressões. Os autores salientam que este recurso é efi caz para a transmissão de aspectos relacionados à atitude de uma disciplina. Vantagens • Depois da tutoria presencial, a tutoria por televisão é a mais motivadora para o aluno. • Este meio rompe com as barreiras de espaço, tempo e o aluno pode sentir a presença do tutor. Este meio combina imagem, som, tempo e espaço. Este é o meio audiovisual por excelência. • Os alunos, em muitas circunstâncias, também podem, através dos meios audiovisuais, contar suas experiências e estudos a seus companheiros. Moore e Kearsley (2007) afi rmam que o vídeo é uma mídia poderosa para atrair e manter a atenção e para transmitir impressões. Os autores salientam que este recurso é efi caz para a transmissão de aspectos relacionados à atitude de uma disciplina. 22 Tutoria na educação a distância • Através deste meio é possível a utilização de muitos recursos integrados: conferências, fi lmes, simulações, demonstrações e mostrar aos alunos realidades, povos e culturas nunca vistos. • É um meio que traduz grande realismo de som, imagens e situações. Limitações • É um meio bastante caro e necessita de um aparato técnico e tecnológico considerável, além de profi ssionais da área. • Requer bastante planejamento e organização. • Necessita de uma grande qualifi cação e capacitação dos envolvidos, inclusive dos tutores. • Sua utilização se justifi ca apenas quando o publico é volumoso. • Há difi culdade de fazer com que os horários de tutoria sejam os mesmos que os horários de maior audiência. • A ausência de interatividade entre professor e estudantes, além da falta de controle da frequência e de uma avaliação sistemática do desempenho dos estudantes, pode ser considerada uma das principais limitações deste tipo de tutoria. A videoconferência e a teleconferência também podem gerar este tipo de tutoria, mas exigem que o aluno tenha acesso a salas adequadamente preparadas e que disponham da tecnologia necessária para a recepção do sinal gerado no local em que se encontra o professor tutor. Isto acarreta um aumento signifi cativo nos custos de um projeto, que é viabilizado, principalmente, com cursos corporativos, nos quais se utiliza uma estrutura que já foi montada pela empresa. d) Tutoria por Computador Podemos afirmar que a tutoria pelo computador, utilizando a internet como tecnologia e recurso para a comunicação, e a interação entre tutores e alunos é aquela que mais revolucionou a educação a distância. As possibilidades da tutoria por computador, com conexão a internet, são inúmeras, desde ferramentas síncronas, como o chat, a transmissão de áudio e vídeo em tempo real, bem como as ferramentas assíncronas, como os fóruns, as listas de discussões etc. 23 O TUTOR NA EADCapítulo 1 Você sabe o que signifi ca síncrono e assíncrono? Síncrono: ambiente em que alunos e professores estabelecem comunicação mediada por computadores de forma simultânea, ou seja, em tempo real. Assíncrono: ambiente em que as pessoas aprendem por meio de uma rede de computadores em qualquer hora e em qualquer lugar, sem a participação simultânea de todos os envolvidos no processo de ensino e aprendizagem. A maneira de entregar os conteúdos ao aluno também mudou com a internet. É possível fazer jogos, simulações, áudios, vídeos etc. A multimídia marca uma etapa importante na história da informática educativa. A gestão simultânea, sob a forma digital, da imagem fi xa e animada, do texto e do som feitos pelos computadores, abre novas perspectivas de utilização das tecnologias e, principalmente, para a utilização em educação a distância. De acordo com Landim (1997), o papel que o tutor desempenha nesta modalidade de tutoria vai além do especialista em conteúdo, passando a ser um animador do grupo virtual. Apesar de todas as potencialidades que a internet trouxe para a educação a distância, no que diz respeito à distribuição de conteúdos, ao design educacional, à utilização de multimídia, hipermídia, hipertexto e, principalmente, às ferramentas de comunicação e interação para alunos e tutores, ainda precisamos lembrar que nem todos os alunos têm acesso a esta tecnologia. O tipo de curso e o público-alvo geralmente defi nirão a tecnologia envolvida. No Brasil, ainda temos muitos cursos que utilizam mais de uma tecnologia em sua metodologia, geralmente material impresso e internet, os chamados ambiente virtuais de aprendizagem. Vamos conhecer e estudar mais sobre a atuação do tutor em ambientes virtuais de aprendizagem nos próximos capítulos! Apesar de todas as potencialidades que a internet trouxe para a educação a distância, no que diz respeito à distribuição de conteúdos, ao design educacional, à utilização de multimídia, hipermídia, hipertexto e, principalmente, às ferramentas de comunicação e interação para alunos e tutores, ainda precisamos lembrar que nem todos os alunos têm acesso a esta tecnologia. 24 Tutoria na educação a distância Atividade de Estudos: Você deve ter percebido, ao ler sobre os diversos modelos de tutoria, que não há um modelo único e que cada um deles apresenta suas vantagens e limitações. Agora chegou o momento de você fazer uma pesquisa nos sites de instituições que atuam na área da EAD. Procure identifi car pelo menos dois dos quatro modelos de tutoria apresentados. Complemente as características de cada um dos tipos de tutoria, conforme as informações que você obtiver. ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ FunçõES E aTribuiçõES Do TuTor As funções e atribuições do tutor estão diretamente ligadas ao modelo de educação a distância proposto pela instituição. Sabemos que há diferentes formas e modelos, que passam pelo perfi l dos alunos, das tecnologias envolvidas no processo, das mídias e materiais didáticos, do sistema de avaliação da aprendizagem, do número de alunos por tutor e da própria concepção de ensino e aprendizagem da instituição promotora dos cursos. No entanto, como defende Castro Neves (2005), é engano considerar que programas a distância podem dispensar o trabalho e a mediação do professor. Nos cursos a distância, os professores veem suas funções se expandirem. Os tutores são produtores quando elaboram suas propostas de cursos ou suas disciplinas e aulas on-line; conselheiros, quando acompanham os alunos; parceiros, quando constroem, com os especialistas em tecnologia, abordagens inovadoras de aprendizagem. 25 O TUTOR NA EADCapítulo 1 O papel e as responsabilidades assumidas pelo tutor estão relacionados à história das inovações tecnológicas e à própria questão da aprendizagem autônoma. Para Belloni (1999), a defi nição do papel, das funções e das tarefas docentes em EAD terá de ser necessariamente diferente daquelas do ensino presencial. Percebe-se que a tutoria é uma atividade pedagógica muito ampla e o seu papel, segundo Gonzalez (2005, p. 02): [...] extrapola os limites conceituais impostos na sua nomenclatura, já que ele, em sua missão precípua, é educador como os demais envolvidos no processo de gestão, acompanhamento e avaliação dos programas. É o tutor, o tênue fi o de ligação entre os extremos do sistema instituição- aluno. Segundo María Moliner (1997 apud LITWIN, 2001, p. 95), o tutor é o “guia, protetor ou defensor de alguém em qualquer aspecto”, enquanto que o professor é aquele que “ensina qualquer coisa, geralmente a respeito de quem recebe o ensino”. Com a educação on-line os papéis do professor se multiplicam, diferenciam-se e complementam-se, exigindo uma grande capacidade de adaptação e criatividade diante de novas situações, propostas, atividades. [...] O professor on-line está começando a aprender a trabalhar em situações muito diferentes: com poucos e muitos alunos, com mais ou menos encontros presenciais, com um processo personalizado (professor auto-gestor) ou mais despersonalizado (separação entre o autor e o gestor de aprendizagem). (MORAN, 2003, p. 41). Para Mediano (1988, p. 57), o trabalho do tutor consiste em [...] ver que o estudante tem trabalhado e tem organizado por si mesmo a disciplina, assegurando que entende o que tem escrito e pode argumentar com razões, clarear pontos escuros; fortalecer a leitura, pensamento e elaboração de trabalhos, corrigir ou ampliar a informação do estudante; relacionar a matéria com seu campo geral de conhecimento; dar normas sobre o conteúdo do trabalho da sessão seguinte, assim como facilitar a bibliografi a com comentários críticos. Como você percebeu, há inúmeros autores que explicam e expõem as funções e atribuições do tutor, no entanto, é importante que você compreenda que não há um modelo único de tutoria, pois ele estará em sintonia direta com a metodologia de educação a distância da instituição. Belloni (1999) classifi ca o tutor de acordo com as funções que este desempenha no âmbito da educação a distância, veja: 26 Tutoria na educação a distância • Professor formador: orienta o estudo e a aprendizagem, dá apoio psicossocial ao estudante, ensina a pesquisar, a processar a informação e a aprender; corresponde à função propriamente pedagógica do professor no ensino presencial. • Conceptor e realizador de cursos e materiais: prepara os planos de estudos, currículos e programas; seleciona conteúdos, elabora textos de base para unidades de cursos (disciplinas). Esta função corresponde à função didática, isto é, à transmissão do conhecimento realizada em sala de aula, geralmente através de aulas magistrais, pelo professor do ensino presencial. • Professor pesquisador: pesquisa e se atualiza, em sua disciplina específi ca, em teorias e metodologias de ensino e aprendizagem, refl ete sobre sua prática pedagógicae orienta e participa da pesquisa de seus alunos. • Professor tutor: orienta o aluno em seus estudos relativos à disciplina pela qual é responsável, esclarece dúvidas e explica questões relativas aos conteúdos da disciplina, em geral, participa das atividades de avaliação. • Tecnólogo educacional (designer ou pedagogo especialista em novas tecnologias, a função é nova, o que explica a difi culdade terminológica): é responsável pela organização pedagógica dos conteúdos e por sua adequação aos suportes técnicos a serem utilizados na produção dos materiais. Sua função é assegurar a qualidade pedagógica e comunicacional dos materiais do curso. Sua tarefa mais difícil é assegurar a integração das equipes pedagógicas e técnicas. • Professor ‘recurso’: assegura uma espécie de ‘balcão’ de respostas a dúvidas pontuais dos estudantes com relação aos conteúdos de uma disciplina ou a questões relativas à organização dos estudos ou às avaliações (muito solicitada na época que precede as avaliações, esta função é normalmente exercida pelo tutor, mas não necessariamente). • Monitor: muito importante em certos tipos específi cos de EAD, especialmente em ações de educação popular com atividades presenciais de exploração de materiais em grupos de estudo (“recepção organizada”). O monitor coordena e orienta esta exploração. Sua função se relaciona menos com o conhecimento dos conteúdos e mais com sua capacidade de liderança, sendo, em geral, uma pessoa da comunidade, formada para esta função, de caráter mais social do que pedagógico. Belloni (1999) continua sua explicação, dizendo que, de maneira institucional, os tutores podem ser agrupados em três grupos distintos: um responsável pela concepção e realização dos cursos e materiais; outro pelo planejamento e organização da distribuição de materiais e da administração acadêmica; e o terceiro, responsável pela atividade de tutoria e acompanhamento dos alunos. 27 O TUTOR NA EADCapítulo 1 Para fazer frente a estas novas formas de ensinar, o professor passará a ter a necessidade constante de atualização, tanto no que se refere ao seu conteúdo de ensino quanto em relação às novas metodologias de ensino e às novas tecnologias. Sobre este fato, Belloni (1999, p. 76) nos esclarece que a: [...] redefi nição do papel do professor é crucial para o sucesso dos processos educacionais presenciais ou a distância. Sua atuação tenderá a passar do monólogo sábio da sala de aula para o diálogo dinâmico dos laboratórios, salas de meios, e-mail, telefone e outros meios de interação mediatizadas; do monopólio do saber à construção coletiva do conhecimento, através da pesquisa; do isolamento individual aos trabalhos em equipe interdisciplinares e complexos; da autoridade à parceiro no processo de educação para a cidadania. Maria Cristina Tavares (2005) nos revela quais são as funções e atribuições do tutor no programa Proformação, acompanhe a seguir. O Proformação é um Programa da Secretaria de Educação a Distância, é um curso em nível médio, com habilitação para o magistério na modalidade Normal, realizado pelo MEC em parceria com os estados e municípios. Destina-se aos professores que, sem formação específi ca, encontram-se lecionando nas quatro séries iniciais, classes de alfabetização ou Educação de Jovens e Adultos – EJA das redes públicas de ensino do país. Fonte: http://proformacao.proinfo.mec.gov.br a) Ajudar o professor cursista a dominar os conteúdos das unidades • Explicando, com o auxílio dos professores formadores da AGF (Agência Formadora), conceitos difíceis neles contidos, às vezes até antecipando pontos a serem vistos e cuja difi culdade você já prevê. • Desfazendo enganos de conceitos e preconceitos. • Indicando recursos e materiais adicionais. • Corrigindo pontualmente os cadernos de verifi cação da aprendizagem e provendo, em conjunto com a AGF, atividades de recuperação. 28 Tutoria na educação a distância b) Ajudar o professor cursista a desenvolver habilidades de estudo • Procurando descobrir seus problemas específi cos de leitura ou de realização de atividades. • Auxiliando o cursista a planejar suas horas de estudo. • Propondo formas auxiliares de estudo. • Facilitando novos exercícios e práticas, individuais ou em grupo. • Comentando pontualmente acertos e falhas, ultrapassando observações vagas, como: “muito bom!”, “fraco”, “precisa melhorar”. c) Favorecer a troca de experiências e conhecimentos em atividades de grupo • Possibilitando com frequência o trabalho com outro(s). • Incentivando discussões, debates, criações coletivas. • Criando um ambiente descontraído, de confi ança e solidariedade. d) Encorajar o processo de aprendizagem do professor cursista • Valorizando o estudo e a experiência de cada um, procurando pontos positivos mesmo nos trabalhos insatisfatórios e nunca, se escritos, marcando os erros, reforçando-os, ou desencorajando o professor cursista. • Descobrindo o tom adequado para as observações feitas a cada um. • Relembrando sempre os objetivos a serem perseguidos e as etapas e o calendário a serem cumpridos. • Cumprindo você mesmo os prazos e nunca deixando sem comentário ou resposta os trabalhos e as perguntas do professor cursista. • Apresentando ao professor cursista com antecedência e discutindo com ele seu planejamento nos encontros coletivos. • Levando em consideração e comentando observações, sugestões e críticas (o que não quer dizer acatá-las sempre). • Enfatizando aspectos positivos do curso. • Tornando sua presença um ponto de apoio e segurança para todos. 29 O TUTOR NA EADCapítulo 1 e) Ajudar o professor cursista a alcançar autonomia na produção científi ca • Procurando desenvolver sua autoestima e motivação. • Dedicando atenção a todos igualmente. • Encorajando as iniciativas pessoais. • Promovendo a confi ança no material autoinstrucional e nas experiências do curso. Ufa! Você teve a impressão de que o tutor precisa ser um super- herói? Aguarde, pois ainda temos outros autores que complementam os exemplos acima citados. Eles são apresentamos a seguir por Oresti Preti (2009). Este autor situa a presença do tutor em três momentos: • Fase de planejamento O tutor participa e discute com o professor-especialista os conteúdos a serem trabalhados no curso, o material didático a ser utilizado e o sistema de acompanhamento e avaliação dos alunos junto à equipe pedagógica do centro. Receberá uma formação específi ca sobre a modalidade de EAD e conhecerá em detalhes todo o sistema que dará suporte ao cursista e serão defi nidas suas funções e competências. • Fase de desenvolvimento do curso O tutor tem a função primordial de estimular, motivar e orientar o cursista para acreditar em sua capacidade de organizar sua atividade acadêmica e de autoaprendizagem (funções orientadora e motivadora). O tutor, pois, deverá dar- lhe os suportes metacognitivo, afetivo e motivacional necessários para superar os problemas que for encontrando, ligados à sua compreensão e adaptação a esta modalidade de ensino para que não desanime e abandone o curso. Deverá, também, estar à disposição dos cursistas para tirar dúvidas quanto ao conteúdo da disciplina (função didática). Por isso, um dos critérios de seleção será sua qualifi cação e competência profi ssional naquela área do conhecimento. Nesta fase, também para Preti (2009, p.41), a tutoria pode se dar de duas formas: A distância: o cursista, individualmente, entrará em contato com o tutor, através de meios de comunicação estabelecidos, nos horários defi nidos anteriormente, Ufa! Você teve a impressão de que o tutor precisa ser um super- herói? Aguarde, pois ainda temos outros autores que complementam os exemplos acima citados. Eles são apresentamos a seguir por Oresti Preti (2009). 30 Tutoria na educação a distância ou em pequenos grupos de estudo, poderá formular algumas questões ou dúvidas e solicitar ao tutor que asesclareça, utilizando-se de um sistema interativo de comunicação. Presencialmente: o cursista, individualmente ou em pequenos grupos, se encontrará com o seu tutor muito mais para discutir e avaliar seu processo de aprendizagem, apresentar os resultados de suas leituras, atividades e trabalhos propostos nos materiais didáticos do que somente para tirar dúvidas. • Fase posterior ao desenvolvimento do curso O tutor fará um breve relato, avaliando a disciplina (quanto ao material escrito, à modalidade, à participação do professor / especialista, ao tipo de avaliações realizadas etc.) bem como o sistema posto à disposição para dar suporte ao processo de ensino e aprendizagem. Gutiérrez e Prieto (1994) nos fornecem outras características que o tutor deve possuir: ser capaz de uma boa comunicação; possuir uma clara concepção de aprendizagem; dominar bem o conteúdo; facilitar a construção de conhecimentos através de refl exão, intercâmbio de experiências e informações; estabelecer relações empáticas com o aluno; buscar as teorias fi losófi cas como uma base para o seu ato de educar; constituir uma forte instância de personalização; partir da realidade e fundamentar-se na prática social do estudante; promover atitudes críticas e criativas nos agentes do processo; abrir caminhos para a participação e a expressão; promover processos e obter resultados; fundamentar-se na produção de conhecimentos; ser lúdico e participativo; e, principalmente, desenvolver uma atitude de pesquisador. 31 O TUTOR NA EADCapítulo 1 Você percebeu, a partir das leituras realizadas até aqui, as diversas funções e atribuições que cada um dos autores pontua em relação ao trabalho e à atuação do tutor na EAD. É importante entender que não se espera que o tutor seja um super-herói e que cada instituição, de acordo com sua metodologia, concepções de ensino e aprendizagem, tecnologias envolvidas, recursos humanos, infraestrutura, tipos de cursos ofertados e perfi l dos alunos estabelece as atribuições dos tutores e qual seu papel e funções no processo de ensino e aprendizagem. Vale lembrar que é essencial a instituição pesquisar e discutir, junto ao seu corpo docente e demais pessoas envolvidas, as funções que o tutor vai desenvolver em cursos a distância. Ele é um agente importantíssimo em qualquer curso nesta modalidade, mas faz parte de um sistema mais complexo e que terá relação com a metodologia empregada pela instituição. Vamos conhecer e estudar mais detalhes sobre as competências e necessidades de formação do tutor no próximo Capítulo! Atividade de Estudos: Você foi convidado para atuar em uma instituição de nível superior que está defi nindo com integrantes da equipe pedagógica, corpo docente e direção as principais funções do tutor em seus cursos de pós-graduação. Tendo como panorama o fato de que a mídia principal será a internet como fonte de comunicação, interação e entrega dos conteúdos das disciplinas e lembrando o que você estudou até aqui, anote a seguir quais seriam as principais funções e atribuições deste tutor nos cursos de pós-graduação desta instituição. Aponte entre 10 e 12 funções/atribuições e justifi que suas escolhas. ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ É importante entender que não se espera que o tutor seja um super-herói e que cada instituição, de acordo com sua metodologia, concepções de ensino e aprendizagem, tecnologias envolvidas, recursos humanos, infraestrutura, tipos de cursos ofertados e perfi l dos alunos estabelece as atribuições dos tutores e qual seu papel e funções no processo de ensino e aprendizagem. 32 Tutoria na educação a distância ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ algumaS ConSiDEraçõES Chegamos ao fi nal do primeiro capítulo da disciplina de Tutoria na EAD. Neste capítulo, você estudou, conheceu e analisou, de forma detalhada, os principais conceitos, os diferentes tipos de tutoria e, ainda, as principais funções e atribuições dos tutores em cursos a distância. Como professora no ensino presencial e tutora em cursos a distância, penso que uma das principais atividades que um aluno deve fazer, seja no ensino básico, seja no ensino superior, é ler e escrever. Por isso, é você quem vai desenvolver a síntese e as conclusões do que leu e estudou até este momento em cada um dos capítulos deste caderno de estudos. Vamos lá? Relembre tudo o que você estudou e leu até este momento. Retome seus rascunhos, suas frases sublinhadas e seus comentários e resumos nas laterais deste caderno de estudos e, em seguida, pontue o que você considera mais importante em cada um dos três itens a seguir: Quem é o tutor? ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ 33 O TUTOR NA EADCapítulo 1 Tipos e modelos de tutoria: ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ Funções e atribuições do tutor: ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ Agora que você fi nalizou este capítulo e tendo em mente as principais características, funções e atribuições do tutor, chegou o momento de compreender e entenderas mudanças e novas competências que o professor precisa realizar para atuar na educação a distância. Você tem ideia de quais são? Vamos lá, arregace as mangas e mãos à obra! 34 Tutoria na educação a distância rEFErênCiaS ANDRADE, A. A. M. Novas tecnologias? Tecnologia Educacional, São Paulo, v. 22, p. 20-22, 1993. ARETIO, L. G. Educación a distacia hoy. Madrid: UEP, 1994. BELLONI, M. L. Educação a distância. Campinas, SP: Autores Associados, 1999. BETANCOURT, A. M. La educación a distancia y la función tutorial. UNESCO – SAN JOSE, 1995. 149p. Disponível em: <http://www.unesco.org/education/ pdf/53_21.pdf>. Acesso em: 22 abr. 2009. CASTILLO ARREDONDO, Santiago. Acción tutorial en los Centros Educativos: formación y práctica. Madrid: UNED, 1998. CASTRO NEVES, C. M. Tecnologias na educação de professores a distância. In: ALMEIDA, M. E. B. de; MORAN, J. M. (Org.). Integração das tecnologias na educação. Secretaria de Educação a Distância. Brasília: Ministério da Educação, SEED, 2005. Disponível em: <http://www.tvebrasil.com.br/salto/livro.htm>. Acesso em: 01 maio 2009. 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Acesso em: 01 maio 2009. 36 Tutoria na educação a distância CAPÍTULO 2 o DESEnvolvimEnTo DE novaS CompETênCiaS para EnSinar na EaD A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Diferenciar as competências do professor que atua na educação presencial e do tutor que atua na EAD. Entender o tutor como um orientador e mediador da aprendizagem. Compreender quais são as competências e saberes do tutor para atuar na EAD. 38 Tutoria na educação a distância 39 O DESENVOLVIMENTO DE NOVAS COMPETÊNCIAS PARA ENSINAR NA EADCapítulo 2 ConTEXTualização No capítulo anterior, você conheceu os principais conceitos apresentados na literatura sobre o tutor e quais as suas funções na modalidade a distância. Agora chegou o momento de conhecer e estudar sobre as principais competências e saberes necessários para atuar na EAD para este profi ssional que, muitas vezes, é também professor do ensino presencial. À medida que você for lendo cada uma das competências e saberes (apontados na literatura acadêmica) para o tutor atuar na EAD, compare cada uma delas com as competências dos seus professores da educação presencial. Perceba que muitas delas são também essenciais para o professor que atua no ensino presencial, mas com a EAD elas ganham ênfase. Não é raro conversarmos com um professor no ensino presencial e este comentar que depois da atuação e experiência com uma ou mais turmas na EAD ele acabou modifi cando sua forma de ensinar. Passa a exigir mais dos alunos, a realizar com maior frequência atividades em grupo, de pesquisa, e utiliza recursos tecnológicos como a TV, o vídeo e a internet em suas aulas. Acreditamos que isso seja um ganho e um salto de qualidade para a educação em geral. Neste capítulo, você vai estudar e conhecer como ocorre a transição do professor do ensino presencial para a tutoria, quais as diferenças e características na atuação de cada um deles e como se complementam. Você também vai conhecer as principais competências e saberes necessários ao tutor para atuar na EAD. Inicie agora os estudos deste capítulo. Não se esqueça de realizar todas as atividades e desafi os propostos ao longo desta unidade, sublinhe, rabisque e torne este material o mais agradável para seus estudos e refl exões. Preparado? Então vamos lá! DE rEpEnTE o proFESSor paSSa a SEr TuTor Para Aretio (2002), não existe um consenso entre os autores e as instituições quanto à denominação do professor que vai atuar na modalidade de educação a distância. Ele é chamado indistintamente de tutor, assessor, facilitador, conselheiro, orientador, consultor, docente, mediador, professor, caracterizando uma relação com as funções que desempenha. As denominações que o professor recebe variam em função da concepção de EAD de cada instituição. No entanto, há instituições que não diferenciam esta denominação, passando a chamar a todos como professor. Entretanto, na literatura, o termo mais utilizado é o de tutor. 40 Tutoria na educação a distância Geralmente, quem atua na EAD como tutor é o professor do ensino presencial, ou seja, é o professor que possui experiência com a modalidade presencial. Cabe a ele o desafi o de realizar o processo de ensino nesta nova modalidade. No entanto, partindo-se do pressuposto que a maioria dos professores universitários não possui formação pedagógica na área da educação, mas apenas em suas áreas de conhecimento, podemos concluir que boa parte deles não teve nenhuma formação para o uso das novas tecnologias, nem na sua formação inicial, nem na sua formação continuada. E sabemos que, quando esta temática permeava as discussões nos cursos de formação, elas foram, em sua maioria, descontextualizadas ou tiveram outro enfoque. (MERCADO, 1995). Perrenoud (apud CRUZ, 2001, p. 29) afi rma a respeito do professor universitário: [...] a questão da formação docente resume 3 pontos de vista: o de que a pedagogia não existe, já que para ensinar basta dominar o saber a ser transmitido; o que vale mesmo são as questões de talento ou personalidade; a competência didáticase adquire, mas a formação tem pouco peso em relação à experiência profi ssional, à aprendizagem concerta. Segundo o autor, os professores pensam que o saber-fazer pedagógico é uma questão de dom ou de experiência e não acreditam que pedagogos e outros especialistas possam dar- lhes qualquer ajuda. Seguindo este mesmo argumento, Vasconcelos (apud CRUZ, 2001) admite que ao docente universitário é permitido um amadorismo pedagógico, baseado na opinião, quase consensual de que, para ser bom professor, basta o conhecimento específi co, a prática profi ssional vivenciada e um certo dom para dar aulas. Para Masetto (1998), este fato é histórico, pois a universidade no Brasil foi criada com o objetivo de formar professores para serem competentes em uma área específi ca de conhecimento. Conforme o autor, até a década de 70, para ensinar nas universidades bastava possuir um bacharelado e ter certo dom para dar aula. Foi daí que surgiu a crença de que “quem sabe, automaticamente ensina”. Esta ideia é complementada por Cruz (2001), quando afi rma que a legislação específi ca que regulamenta o ensino superior não tem nenhuma preocupação com a formação pedagógica do professor para atuar no ensino superior. Belloni (1999, p. 76) afi rma que a [...] redefi nição do papel do professor é crucial para o sucesso dos processos educacionais presenciais ou a distância. Sua atuação tenderá a passar do monólogo sábio da sala de aula para o diálogo dinâmico dos laboratórios, salas de meios, e-mail, telefone e outros meios de interação mediatizados; do 41 O DESENVOLVIMENTO DE NOVAS COMPETÊNCIAS PARA ENSINAR NA EADCapítulo 2 monopólio do saber à construção coletiva do conhecimento, através da pesquisa; do isolamento individual aos trabalhos em equipe interdisciplinares e complexas; da autoridade a parceiro no processo de educação para a cidadania. Apesar destes fatos, sabemos que é necessária e primordial a formação técnico-pedagógica do corpo docente que atua no ensino superior, pois, não podemos exigir que os professores assumam novas responsabilidades e papéis se não houver mudanças signifi cativas em sua formação, tanto inicial quanto continuada. (ESTEVE, 1995). Kenski (2003) diz que o professor que deseja melhorar suas competências profi ssionais e metodologias de ensino, além da própria refl exão e atualização sobre o conteúdo da matéria ensinada, precisa estar em estado permanente de aprendizagem. Paniagua e Gómez (2008) sugerem que a utilização da informática na educação e o advento da EAD, especialmente no ensino universitário, são oportunidades importantes para transformar as formas tradicionais e/ou a formação convencional prevalecentes até agora. No entanto, para que isso ocorra, é necessário desenvolver novas competências tecnológicas e de ensino pelos professores. Os caminhos para que alcancemos a verdadeira formação para os docentes do ensino superior é ainda um grande desafi o a alcançar, já que o processo é mais lento do que se espera. Alguns estão prontos para a mudança, outros não. Além disso, temos que mudar atitudes governamentais, das organizações, dos profi ssionais e de toda a sociedade. DiFErEnçaS EnTrE o proFESSor E o TuTor As diferenças entre o contexto educacional presencial e o virtual fazem com que o processo de transição de um meio para o outro não seja fácil para muitos professores. Feenberg (1987), por exemplo, destaca a difi culdade inicial sentida por muitos moderadores de conferências eletrônicas em transpor suas habilidades de liderança, desenvolvidas em contextos repletos de sinais sociais (tais como sorrisos e balançar de cabeça em sinal de aprovação ou franzir de testas para indicar surpresa ou discordância), para o ambiente de uma lista de discussão onde o próprio contexto de comunicação e construção de sentido precisa ser explicitamente apresentado e negociado. Os caminhos para que alcancemos a verdadeira formação para os docentes do ensino superior é ainda um grande desafi o a alcançar, já que o processo é mais lento do que se espera. Alguns estão prontos para a mudança, outros não. Além disso, temos que mudar atitudes governamentais, das organizações, dos profi ssionais e de toda a sociedade. 42 Tutoria na educação a distância Gunawardena (1992) relata que, ao decidir adotar para sua prática pedagógica on-line um modelo centrado no aluno, na interação e cooperação entre participantes, encontrou difi culdades em abrir mão do controle da sala de aula tradicional e percebeu que alguns alunos encontraram igual difi culdade em assumir responsabilidade pela sua própria aprendizagem e solicitaram apoio constante. Otto Perters (2003) vem ao encontro destas refl exões quando afi rma que qualquer professor universitário que decide atuar na EAD encontra difi culdades. Segundo ele, todos foram socializados e estudaram em escolas e universidades presenciais. Para o autor, “todos adquiriram e internalizaram as estratégias e habilidades convencionais do ensino face a face, a saber, o ensino expositivo e a aprendizagem receptiva”. (PETERS, 2003, p. 195). Estes professores acreditam que estas habilidades são as mais naturais do mundo, no entanto, com a atuação em espaços virtuais, mais e mais professores estão cientes de que essas práticas requerem novas abordagens de ensino. Para Moran (2003, p. 137): Muitas formas de ensinar hoje não se justifi cam mais. Perdemos tempo demais, aprendemos muito pouco, desmotivamo- nos continuamente. Tanto professores como alunos temos a clara sensação de que muitas aulas convencionais estão ultrapassadas. Mas para onde mudar? Como ensinar e aprender em uma sociedade mais interconectada? Libâneo (apud MUNHOZ, 2003) salienta que o novo professor precisa apresentar a capacidade de aprender a aprender, demonstrar habilidades tanto comunicativa quanto com os meios digitais e saber articular as suas aulas de forma a utilizar diversos materiais. Para este autor, as novas atitudes docentes caminhariam no sentido de: • Assumir o ensino como mediação. Aprendizagem ativa do aluno com a mediação pedagógica do professor. • Modifi car a ideia de uma escola e de uma prática pluridisciplinares, para uma escola, uma prática interdisciplinar. • Conhecer estratégias do ensinar a pensar, ensinar a aprender a aprender. • Persistir no empenho de auxiliar os alunos a buscarem uma perspectiva crítica dos conteúdos, a se habituarem a aprender as realidades enfocadas nos conteúdos escolares de forma crítico-refl exiva. • Assumir o trabalho de sala de aula como um processo comunicacional e desenvolver a capacidade comunicativa. 43 O DESENVOLVIMENTO DE NOVAS COMPETÊNCIAS PARA ENSINAR NA EADCapítulo 2 • Reconhecer o impacto das novas tecnologias da comunicação e da informação na sala de aula (televisão, vídeo, jogos, computador, internet, CD-ROM etc). • Atender a diversidade cultural e respeitar as diferenças no contexto da escola e da sala de aula. • Investir na atualização científi ca, técnica e cultural, como ingredientes do processo de formação continuada. • Integrar, no exercício da docência, a dimensão afetiva. • Desenvolver comportamento ético e saber orientar os alunos em valores e atitudes em relação à vida, ao ambiente, às relações humanas, a si próprios. Sabemos que cada vez mais os professores precisam adquirir e desenvolver novas competências para atuar na EAD e muitos autores traçam um paralelo indicando as diferenças entre o professor que atua no presencial e o tutor que atua na EAD. A classifi cação a seguir foi elaborada pelo colombiano William Mejía Botero (apud BETANCOURT, 1995, p. 63-66) e apresenta alguns aspectos para tal diferenciação. Quadro 3 - Diferenças entre o professor do ensino presencial e o professor do ensino a distância. PROFESSOR (Educação presencial) TUTOR (Educação a distância) Pode desenvolverseu trabalho com base em um conhecimento bastante geral em torno de seus alunos e suprir, com sua observação direta, o que ignora deles. Necessita, para efetuar seu trabalho, um bom conhecimento dos estudantes (idade, ocupação, nível socioeconô- mico, hábitos de estudo, expectativas, motivações para estudar etc.). É o centro (ou ao menos costuma ser) do processo ensino e aprendizagem. Expõe durante a maior parte do tempo (ou todo o tempo). Gira ao redor do aluno, que é o centro do processo ensino e aprendizagem. Atende as consultas do aluno, levando- -o a falar a maior parte do tempo. A fonte principal de informação, impres- sos, meios audiovisuais, laboratórios são um apoio para seu trabalho. Materiais impressos e audiovisuais são as fontes principais de informação. O tutor dirige, orienta e facilita sua utilização. 44 Tutoria na educação a distância O processo ensino e aprendizagem requer sua presença física em aula, no mesmo tempo e lugar em que está o estudante. Coincide somente algumas vezes com o estudante no mesmo tempo e lugar. O estudante pode prescindir de sua presença para aprender. Desempenha funções pouco dispersas, claramente ajustadas. Realiza múltiplas funções: docente, administrativa, orientadora, facilitadora. Basta um conhecimento superfi cial da instituição a qual presta seus serviços. Requer um bom conhecimento da instituição para poder conhecer o estudante e atender suas dúvidas e solicitações. Tem um estilo de ensino estabelecido. Está no processo de desenvolvimento um novo estilo de docente. É responsável por todos os aspectos do curso que ensina (desenho, conte- údo, organização, valorização-modelo e frequência-qualifi cações, supervisão do aluno). Tem pouca ou nenhuma infl uência sobre estes aspectos (ainda que com sua realimentação pode infl uir neles). A ênfase de seu trabalho se apóia em outras áreas. Desenvolve na aula a maior parte do processo ensino e aprendizagem. Atende o aluno quando este o solicita e só dá ajuda ao estudante quando necessita. Determina o ritmo de avanço de cada aula e do curso em geral. Segue o ritmo que impõe o aluno (den- tro de certos parâmetros acadêmicos). Mantém contato cara a cara com o alu- no (uma ou mais vezes por semana). Estabelece contato visual de forma esporádica, mas pode desenvolver contato frequente por escrito ou por telefone. Tem liberdade para fazer digressões ou introduzir temas novos, pois, fi xa ou modifi ca os objetivos de aprendizagem. Dirige um curso defi nido e desenhado por outros, com a fi nalidade de ajudar a obter objetivos sobre os quais não exerce controle. Assume que os estudantes sabem estudar e não efetua ações dirigidas a ensiná-los a estudar. Assume que os estudantes necessitam aprender a estudar por si mesmos, sós, e os ajuda nisso. Pode avaliar de acordo com sua per- cepção como anda o grupo de alunos. Avalia (se o compete fazer) de acor- do com parâmetros e procedimentos estabelecidos. Elabora, controla e corrige os exames. Administra exames elaborados por outros (ou por ele mesmo). 45 O DESENVOLVIMENTO DE NOVAS COMPETÊNCIAS PARA ENSINAR NA EADCapítulo 2 Dá realimentação imediata. Saúda informação de retorno deferida. Procura, em muitos casos, resolver as difi culdades dos estudantes. Orienta, em muitas ocasiões, a como solucionar os problemas. Encontra-se com alunos que, em geral, devem ir às aulas e aos quais deve pedir chamada. Encontra-se com alunos que assistem voluntariamente às tutorias presenciais. Entra em contato com um aluno que assiste às aulas, para ver o que é importante, toma anotações e logo as estuda. Atende a um aluno que se supõe que tenha estudado e que leva consultas para tirar o maior proveito à interação. Vai à sala de aula para ditar uma aula (mais ou menos dinâmica) que motive e ensine. Vai atender consultas e orientar o aluno para que tire o melhor proveito nos materiais de estudo. Considera-se bom se consegue su- perar com as atividades de ensino as difi culdades dos estudantes. É bom se consegue ensinar aos seus alunos a superar suas próprias difi cul- dades. Atende em horas de trabalho normais e quase exclusivamente em sala de aula. Atende também em horas diferentes às da jornada habitual, em lugares distintos (escritório, sala de aula, casa) e por diversos meios (por escrito, por telefone, por rádio). Fonte: Botero (apud BETANCOURT, 1995, p. 63-66). Perceba que “a diferença didática não está no uso ou não-uso das novas tecnologias, mas na compreensão das suas possibilidades. Mais ainda, na compreensão da lógica que permeia a movimentação entre os saberes no atual estágio da sociedade tecnológica.” (KENSKI, 2003, p. 49). Apresentamos a seguir outro quadro que também nos ajuda a entender e a relacionar as principais características e diferenças entre o professor e o tutor. Quadro 4 – Paralelo entre as funções do professor no ensino presencial e do tutor na EAD. EDUCAÇÃO PRESENCIAL EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Conduzida pelo professor. Acompanhada pelo tutor. Predomínio de exposições o tempo inteiro. Atendimento ao aluno, em consultas individualizadas ou em grupo, em situações em que o tutor mais ouve do que fala. Processo centrado no professor. Processo centrado no aluno. 46 Tutoria na educação a distância Processo como fonte central de infor- mação. Diversifi cadas fontes de informações (material impresso e multimeios). Convivência, em um mesmo ambien- te físico, de professores e alunos, o tempo inteiro. Interatividade entre aluno e tutor, sob outras formas, não descartada a oca- sião para os “momentos presenciais”. Ritmo de processo ditado pelo profes- sor. Ritmo determinado pelo aluno dentro de seus próprios parâmetros. Contato face a face entre professor e aluno. Múltiplas formas de contato, incluída a ocasional face a face. Elaboração, controle e correção das avaliações pelo professor. Avaliação de acordo com parâmetros defi nidos, em comum acordo, pelo tutor e pelo aluno. Atendimento, pelo professor, nos rígidos horários de orientação e sala de aula. Atendimento pelo tutor, com fl exíveis horários, lugares distintos e meios diversos. Fonte: Sá (1998, p. 47). Ao estudar as diferenças entre o professor e o tutor, acreditamos que você tenha percebido o quanto elas são diferentes e, muitas vezes, até contrárias. Por isso, é importante que o professor que atuar no ensino presencial e ao mesmo tempo na EAD desenvolva algumas competências e características para atuar nesta modalidade de ensino. Atividade de Estudos: Até aqui você estudou o conceito de tutor, os diferentes tipos de tutoria e as especifi cidades da atuação do tutor na EAD em comparação às competências do professor presencial. Percebeu que há muitas diferenças entre as funções destes dois atores tão importantes para a educação. Depois de esperar com ansiedade para o seu primeiro dia de aula como tutor de um curso de pós-graduação a distância em EAD, chegou o momento de você responder a primeira pergunta de um aluno: Prezado(a) tutora(o). Eu sei que a EAD tem características diferentes do ensino presencial. Mas o que mais me chama atenção são as possíveis diferenças entre o professor e o tutor. Gostaria que você explicasse quais são as principais diferenças e quais as mais difíceis para o tutor desenvolver. Fico aguardando e obrigada. 47 O DESENVOLVIMENTO DE NOVAS COMPETÊNCIAS PARA ENSINAR NA EADCapítulo 2 Utilize o quadro a seguir para responder ao aluno. PROFESSOR (Educação presencial) TUTOR (Educação a distância) CompETênCiaS E SabErES nECESSárioS para aTuar na EaD: aS mÚlTiplaS FunçõES Do TuTor As transformações acarretadas pela rápida obsolescência do conhecimento fazem com que as pessoas busquem uma formação permanente, uma atualização constante. A EAD pode ser uma saída para muitos daqueles que não podem se deslocar do local de trabalho, por exemplo, para ir até uma instituição com “paredes”. De acordo
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