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TECNOCULTURA INTRODUÇÃO Prezado aluno, O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distânciaexigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 1 CONCEITO DE TECNOLOGIA A palavra técnica em nossa linguagem cotidiana est relacionada ao fazer, às habilidades práticas adquiridas pelo hábito ou por um conhecimento específico e pontual. Aplicar uma técnica significa saber o que fazer, com o que fazer num determinado contexto para atingir uma necessidade imediata. Podemos elencar as seguintes definições de tcnica: • Parte material de uma arte. • Conjunto dos processos de uma arte. • Prática. Um dicionário, mais do que definições, apresenta alguns sinônimos, quase sempre inócuos se não conhecermos minimamente a situação em que a palavra empregada. Neste caso, vamos esmiuçar o que significaria a relação entre arte e técnica e entre prática e técnica (FERREIRA, 1999). Quando nos referimos técnica como parte material de uma arte ou conjunto dos processos de uma arte, percebe-se que o termo arte utilizado não numa acepção de produto estético, de relevância cultural para alguém ou alguma comunidade. Arte, nesse sentido, aparece na acepção como era atribuída pelos gregos palavra techne, que ficou para nós como técnica. Mas qual será a relacao entre o termo grego techne, o nosso termo tcnica e o sentido de arte empregado na definicao do dicionrio que estamos utilizando? 1.1 A arte associada a técnica Uma das formas para enfrentarmos essas questões nos darmos conta de que a arte associada ao termo tcnica nao remete ao que consideramos como o carter subjetivo e abstrato de um objeto artistico. Arte atrelada ideia de tcnica diz respeito a: • Preceitos para fazer ou dizer como devido; • Modo; artificio; • Habilidade; • Oficio. Ou seja, diz respeito prtica, ao fazer sem se conceber, obrigatoriamente, a criatividade, a espontaneidade e o pensamento. Mas refletindo um pouco sobre essa associacao, percebemos que as coisas são bem mais complexas e que por de trs de sinnimos e definicoes que estabelecem vínculos tão óbvios entre as palavras, h algo a desvendar conceitos de tecnologia e cultura. Para entender a associacao entre arte e tcnica necessrio compreender o sentido da palavra grega techne. Esta expressao se referia nao s finalidade do fazer humano, mas ao seu sentido. Os gregos, ao contrrio de ns, nao faziam uma distincao radical entre tcnica e arte. Para Herdoto, considerado o pai da Histria, o termo techne sgn fv m “sbr fzr d frm fz”. Pr Pltao, techne re- prsntv “rlzcao material e concreta de algo” (SILVA,1999). O homem, ao transformar o mundo natural para garantir sua sobrevivencia em convencoes, desenvolve um fazer imediatista e prtico. Para que isso seja possivel, deve obedecer a alguns padroes e regras. Os gregos, na Antiguidade, utilizavam as expressoes ars e techne em sentidos muito prximos para distinguir a acao humana marcada mais pelo raciocinio do que pela experiencia empirica. Para dar conta de um conhecimento de carter mais intelectual e terico, os gregos usavam a palavra episteme, que chegou para ns como ciencia, enquanto a techne e a ars referiam-se ao conhecimento prtico. Techne era a atividade dos artistas e dos artesaos. Comecamos a entrar num dominio que marca fortemente a civilizacao ocidental: a dualidade entre trabalho manual e trabalho intelectual. 1.2 Trabalho manual versus Trabalho intelectual Nao dificil perceber que, desde a Antiguidade, o trabalho manual identificado techne era considerado inferior ao trabalho intelectual, a episteme. E importante que não percamos de vista que essa divisão uma divisão socialmente construída e que permanece entre nós. Essa dualidade precisa ser problematizada e superada, mas para isso precisamos compreende-lá e verificar os seus limites. Desde a antiguidade o artista grego, passando pelos artesãos, at́ os atuais programadores de computadores, representa e aponta caminhos para essa dualidade, mostrando em suas variadas configurações históricas que fazer pensar (SENNET, 2009). Mas, comparando essa ideia ao cotidiano que vivemos, podemos dizer que estamos bem longe de associar técnica e pensamento enquanto atributo do homem. O trabalho manual, historicamente desprezado, uma das qualidades a serem desenvolvidas pelo cidadão e não somente pelo escravo, como se pensou durante milênios. Veja na figura 1. Figura 1- Arte egípcia Fonte: jeka84/Shutterstock.com 1.3 Tcnica passada de geração a geracao Ao longo do processo histrico, entre continuidades e rupturas, foi se separando a figura do artesao e do artista. O artesao como aquele que reproduz uma tcnica passada de geracao a geracao. O artista como aquele capaz de criar e recriar essa tradicao. Mas nao o que verificamos, por exemplo, na arte egipcia, cujas regras permaneceram praticamente inalteradas durante 3.000 anos (BOURDIEU, 1996). É evidente que a ideia de arte para os egipcios e para os gregos nao a mesma que temos hoje, assim como, olhando mais atentamente, a arte grega difere muito da arte egipcia no que concerne distincao entre artista e artesao. Quando observamos, por exemplo, a obra “O pugilista em repouso”, percebemos que, embora possamos falar de uma aproximacao entre artista e artesao na Antiguidade, avaliamos que essa aproximacao variava de cultura para cultura e mesmo para diferentes pocas em uma mesma cultura. Veja na figura 2. Figura 2- O pugilista em repouco Fonte: Pintereste.com O “pugilista em repouso” uma esttua de bronze originria da Grcia em seu período helenístico (sculo VI a.C.), atribuída escola de Lisipo. Atualmente, a estátua fica em exposição em Roma, no Museo Nazionale Romano. Detalhes da obra revelam ferimentos do lutador descansando de um combate, mas de alguma forma surpreendido. O realismo e o dinamismo dessa escultura contrastam com a ideia de uma arte que apenas seja reproducao de arqutipos, padroes consolidados. O mesmo se pode afirmar de uma br grg pstrr, “O atirador de disco” (Discbolo), atribuida a Myron, cerca de 455 a.C. e representa um atleta que est prestes a lancar um disco (BOURDIEU, 1996). Veja na figura 3. Figura 3 - Discóbolo Fonte: https://lendoahistoriadaarte.com Essa uma das obras mais reproduzidas ao longo da histria da arte. Atribui- se ao Museu Nazionale de Roma a exposição de uma das cpias mais fiis ao original. O corpo do jovem recolhido, concentrado. O artista teve grande Atenção aos detalhes, procurando retratar o recolhimento, a concentração, a preparação física e mental do atleta. Percebe-se que a técnica est a serviço de uma certa concepção da realidade, buscando expressar verossimilhanca com o mundo vivo (BATISTA,2014). Podemos afirmar que essas obras revelam essa associação entre arte e tcnica nao como o simplesfazer regrado e reproduzível, mas como expressão de um pensamento sobre a realidade. Ao contrário dos sentidos separados de techne e episteme, possível avaliar o importante conhecimento de anatomia que se fez necessário para a realização dessas obras. Para Aristteles, a techne est entre a experiencia e o raciocinio. Potencializa a experiencia ao lhe dar um sentido. E anterior ao raciocinio porque est mais ligada ao hbito que reflexao. De qualquer forma, a tcnica aparece assim como conhecimento corporal imprescindivel para uma apropriacao intelectual de qualquer objeto, ferramenta que, atravs do hbito, se torna uma extensao do prprio corpo. A limitacao intelectual nao estaria, portanto, na tcnica, mas no seu enrijecimento, na falta de desafios em que o corpo se amolda e se acomoda aos aparatos tcnicos. Essa uma questao social e politica e nao intrinseca tcnica (RODRIGUES, 2009). 1.4 O artista, o artesão, o artífice, o técnico Se quisermos conhecer a história da técnica precisamos pesquisar materiais e formas de utiliz-lós, mas, acima de tudo, saber quem era responsável pelas ações e conhecimentos técnicos. Assim, saberemos o lugar da técnica naquela sociedade e mesmo os sentidos múltiplos que a técnica adota em diferentes sociedades e épocas (RODRIGUES, 2009). Veja na figura 4. Figura 4 - O artifice, os musicos, os cientistas e os estudantes Fontes: wavebreakmedia/Shutterstock.com Anneka/Shutterstock.com MonkeyBusinessImages/Shutterstock.com Martin Good/Shutterstock.com Na cultura medieval, o termo em latim ars tinha o mesmo sentido da techne grega. Ao longo de todo o processo histórico que identificamos como Antiguidade at́ o mundo medieval, os artesãos se organizaram em confrarias, guildas e corporações. Essa foi uma forma também de transmitir o conhecimento técnico corporificado na pessoa do mestre, sendo a oficina o lugar privilegiado do ensino e aprendizagem desse conhecimento. Excelência técnica, esforço coletivo, desenvolvimento das habilidades norteavam as relações entre o mestre e seus aprendizes (SENNET, 2009). Estar na oficina significava estar na escola, na família e no trabalho, simultaneamente. A ourivesaria era uma oficina entendida como residência do artifice: um lugar em que convergiam familia e trabalho: o pai confiava ao mestre artifice os seus filhos como um pai substituto, dando-lhe o direito de castig-los quando agissem inadequadamente ou resistissem aos ensinamentos tcnicos, atitudes correlacionveis num ensino indissocivel da disciplina e de uma honra a ser perpetuada (SENNET, 2009). O desenvolvimento do talento passava muito longe do que hoje chamamos de autonomia. O talento dependia da observncia das regras estabelecidas. A formacao tcnica no mundo contemporneo nao ficou inclume a isso. A baixa consideracao pela formacao e pelo trabalho tcnico como pouco relacionados autonomia e criatividade revela isso. No periodo em que se conhece a degradacao das relacoes feudais, o desenvolvimento das cidades e da burguesia em ascensao passa-se a dar um sentido diferente atuacao desse artifice, que de mero artesao reprodutor de padroes previamente determinados passa a ganhar status de artista, de criador de sua prpria obra. As guildas sao exemplares nessa transicao que vai determinar o mercado da arte nos sculos seguintes. Estudos histricos constatam que as guildas eram associacoes igualitrias formadas por membros independentes, possuindo um carter mais de regulamentacao das especificacoes tcnicas e normas comerciais. Diferentemente das oficinas gre-co-romanas ou lojas medievais, esses membros mantinham sua individualidade durante o processo de execucao de seus trabalhos (BARRETO, 2007). Das guildas s academias de arte, em meio ao renascimento cientifico j surgem as primeiras iniciativas de um processo de formacao tcnica que considera a importncia dos estudos cientificos, fluindo-se as fronteiras entre arte e ciencia. Qual a natureza do trabalho de um Leonardo da Vinci: artistico ou cientifico? Certamente essa questao parece totalmente fora de lugar quando pensamos no carter hibrido de suas obras. O artista, entao, é um cientista. E por que nao o contrrio? Nao toa que, embora em novo formato de producao e consumo, os ideais clssicos sejam retomados na cultura renascentista. A ideia de artesanato difere da arte, entre outros aspectos, pelo carter mais ou menos autnomo do artifice. O termo artifice aqui entendido como o individuo centrado nas habilidades artesanais em diferentes pocas e situacoes. Mas o que se entende por habilidade artesanal? A habilidade artesanal designa um impulso humano básico e permanente que o desejo de um trabalho benfeito por si mesmo. Nesse aspecto se amplia para muito alm do simples, fazer manualmente. Diz respeito ao programa de computador, ao médico e ao artista, aos cuidados paternos ou ao exercício da cidadania (SENNET, 2009). Essa habilidade artesanal enquanto desejo e esforco de fazer algo benfeito ter diferentes graus de autonomia. Assim, Sennet (2009) ve o artifice na figura do carpinteiro, do técnico de laboratório, do maestro, do programador de computadores. O que se identifica nesse processo que chega at́ aos nossos dias a maneira pela qual o fazer humano, o engajamento que este fazer exige, domínio mesmo da tcnica, fazem com que pratica e instrumentalização dá pratica difiram. Parando para refletir: quando utilizamos o termo técnica num sentido diferente de instrumentalizacao? No próximo capitulo iremos falar sobre essas diferenças. É importante resaltar que no ritmo experimental da solução e da detecção de problemas faz com que o antigo oleiro e o moderno programador sejam membros da mesma tribo. Para esse autor, os técnicos do Linux também traduzem coletivamente a preocupação j existente na antiguidade clássica: encontrar maneiras de conciliar qualidade e acesso livre (SENNET, 2009). 2 TECNOLOGIA, CIENCIA E A SOCIEDADE É comum que associemos tecnologia a conjunto de instrumentos. Porém, percebe-se que essa uma visão instrumentalizadora da tecnologia. Pratica, conhecimento prático, ciências aplicadas não querem dizer, sempre e necessariamente, instrumentalização. Tecnologia não se reduz a instrumentos.” Tecnologia também um conjunto de produtos, serviços e processos. Todavia, relacionar-se com a tecnologia contemporânea instrumentalmente ou consider-lá como ferramenta prática corriqueira. 2.1 Estudo dos procedimentos técnicos O estudo dos procedimentos técnicos, seja em seus aspectos gerais ou específicos, uma tarefa que os modernos se impuseram. E ś na Idade Moderna que a técnica foi incorporada ao saber cientifico de maneira mais ostensiva por uma metodologia propriamente científica. Para que essa metodologia tivesse vigor e resultasse, efetivamente, em invenções e inovações próprias do desenvolvimento tecnológico que se conheceu a partir de então, foi necessário que se cristalizassem os seguintes princípios. (RODRIGUES, 2009). • A busca do conhecimento visando dominar a natureza em benefício do homem. • A aplicação do cálculo matemático ao objeto estudado. • Um mtodo a ser seguido sistematicamente. Esse encontro entre técnica, como simples fazer, e os procedimentos científicos o que chamamos de tecnologia. Mas uma questão que pode surgir a respeito das relações entre epistem e techne j́ na Grécia Antiga. Porm, na Modernidade que o que entendemos atualmente como controle sistemático e objetivo da metodologia científica surge como efetivo poder sobre a natureza e sobre os homens. 2.2 Projeto baconiano Conhecimento poder, afirmava Francis Bacon, matemático e filosofo do século XVI. Para que essa equação se efetivasse era necessário que se expurgasse todo o conhecimento dos ídolos, ilusões,superstições, crenças arraigadas (BACON, 1979). A metodologia científica, ao dar um sentido objetivo e sistemático às técnicas, engendraria o que hoje chamamos tecnologia enquanto acelerador histórico, enquanto válvula propulsora do progresso. E esse o mesmo propósito de Ren Descartes. A metodologia cientifica, com suas regras e passos objetivamente articulados, foi considerada a forma mais eficiente e eficaz para que o conhecimento daí decorrente fosse o mais neutro e sistemático possível. A ciência moderna caminhava a passos largos, estabelecendo as diretrizes fundamentais de uma metodologia que, em grande medida, permanece inalterada. Essa metodologia consiste em: a. Observação intencional de um problema percebido na realidade vivida. b. Coleta e organização de dados indutivamente. c. Formulação de hipóteses. d. Experimentação para testar as hipóteses, refutando-as ou confirmando-as. e. Formulação e/ou discussão de uma teoria a ser verificada pelos pares (MORIN, 2005). 2.3 Processo de industrialização tecnológica Dessa contextualização histórica, que teŕ sua afirmação mais eloquente no processo de industrialização, os padrões da produção cientifico-tecnolgica passaram a ser a eficiência e a eficácia sob a égide da produtividade e das alterações permanentes nos padrões de produção e consumo. A tecnologia passa a ser uma espécie de deus a ser idolatrado, pois venerada como além da ciência em si ao definir-se pela aplicabilidade e também acima da técnica, considerada o fazer sem pensamento reflexivo (MORIN, 2005). Porém, necessário ver essa situação um pouco mais de perto. Pensando sobre o que tecnologia, para tentar responder à questão sobre o que o profissional especializado em tecnologia, a tecnóloga, Lucilia Machado aponta para abordagens mais amplas. Parte de uma visao mais estrita e aceita pelo senso comum at́ chegar a uma relacao dialética entre ciência e tecnologia (MACHADO, 2008). Para essa autora, possível fazer um giro em torno do significado teórico- prático do termo tecnologia e pensar os seguintes aspectos: • A tecnologia o conjunto de princípios e processos de ação e de produção, instrumentos que decorrem da aplicação do conhecimento científico, de diversos saberes e da experiência acumulada dos homens • A tecnologia se constitui de formas mais ou menos sistemáticas de planejar, desenvolver e avaliar processos, produtos e serviços tendo por referência objetivos e expectativas de resultados. • A tecnologia reúne conjuntos de técnicas que servem para organizar de modo logico as coisas, as atividades e as funções de modo que possam ser sistematicamente observadas, compreendidas, transmitidas, utilizadas. A tecnologia uma ciência: ciência da atividade humana. Vejamos que apenas o começo quando definimos tecnologia como conjunto de técnicas ou conhecimento aplicado em oposição ao conhecimento científico que sr “pr”, não aplicável. A primeira abordagem ingênua. A segunda parece ignorar que as relações entre ciência e tecnologia se dão na sociedade e se constroem por uma sociedade que complexa, múltipla e dialtica. Ao negarmos essa complexidade, apenas reafirmamos a equação conhecimento = poder, nao importando que estágio de desenvolvimento tecnológico tenhamos alcançado. Ao negarmos essa complexidade, perpetuamos a dualidade e o abismo entre trabalho intelectual e trabalho manual, entre conhecimento e emancipação, entre fazer e pensar. A ingenuidade e a ignorância quanto ao sentido da tecnologia têm uma fundamentação histórica: as distorções que a institucionalização da ciência moderna impôs ao distinguir a ciência pura da ciência aplicada, facultando a esta última o uso benigno ou perverso do conhecimento. Baseada no mito da neutralidade cientifica, essa distinção nasce da ignorância de que a tecnologia, independentemente dos benefícios ou malefícios que acarreta, um processo de mudança da sociedade, criando um ambiente humano, mudando a própria sociedade (SILVA, 1998). Trata-se, não apenas das questões éticas relativas sobrevivência da espécie humana. São decisões políticas que inscrevem na sociedade o uso da tecnologia, determinando quem deve ou não viver, como se deve viver ou morrer. Ressalta-se que quanto mais tentarmos definir tecnologia, pensando a sua inserção na sociedade, nao podemos fazer uma análise que dissocie a tecnologia da ciência, da arte, da indústria, da sociedade, do pensar sobre a tcnica. E importante destacar pela tarefa teórica e prtica que desenvolvermos uma epistemologia da tecnologia e não a tecnologizacao da epistemologia, em que a tcnica, senhora de si, sujeito da história, determinaria os pressupostos e finalidades do conhecimento a ser produzido, aplicado e reinventado (MORIN, 2005). Tornar a tecnologia algo complexo nao abordar relacoes externamente, mas problematizar em que medida a sociedade, a ciencia, a tecnologia e a educacao se constroem nessas relações e nao a partir delas enquanto dimensoes que nao apenas se comunicam, mas se interdeterminam num processo cuja complexidade deve ser levada a sério. 2.4 O que tecnologia? Essa pergunta corre o risco de sequer ser formulada por uma sociedade ltmnt tnlgzd.Cm dzm ntg prvrb: “Nao se fala de forca em casa d nfrd”. A tnlg nqnt encia da tcnica e nao simplesmente ciencia aplicada em oposicao ciencia pura exige pesquisas, reflexão permanente e estudos contínuos sobre o pensamento que se produz a respeito dela. Ao discutirmos sobre o conceito de tecnologia na perspectiva da formação de tecnólogos, importante apontar para que ciencia e tecnologia nao podem ser polarizadas, ficando a ciencia do lado da teoria e a tecnologia do lado da prtica. (MACHADO, 2008). H que se superar a dicotomia entre pesquisa pura e pesquisa aplicada. Mais do que isso, seria preciso que a supremacia da ciencia sobre a tecnologia também fosse desfeita, desde o ensino fundamental. Um pensador como Gilbert Simondon, redescoberto recentemente, salienta que o mesmo esforço em ensinar o teorema de Pitágoras deveria ser empreendido para o aprendizado do funciona- mento de uma máquina. (SIMONDON,1989). H que se considerar que nao h necessariamente entre ciencia e tecnologia uma relacao de causa e efeito. O conhecimento tecnológico, multifacetado e abrangente, unifica-se no seu objeto: os meios técnicos e os modos operatórios de conceber, organizar, gerenciar e executar o trabalho nas mais diversas áreas profissionais ou mesmo de atividades lúdicas e de consumo próprio. Orienta-se para fins práticos e resolutórios e tem uma racionalidade intrínseca: a tecnológica, uma correlação entre techne (arte) e logos (saberes, ciencia, filosofia). (MACHADO, 2008). Concordamos com as consequências tiradas dessa discussão que nao mera- mente teórica, mas tem implicações teórico-práticas de extrema relevância, a saber: (MACHADO, 2008). • A tecnologia cumpre importante papel na reprodução da vida humana e na resolução dos problemas que afetam a existência natural e social. • O conhecimento da tecnologia também formalizado, tem sua linguagem e suas determinações sociais e políticas. • Sua orientação aplicada e predominantemente heteronômica em razão do caráter de classe da sociedade, requer que se relacione com ele com capacidade reflexiva e comportamento crítico e criativo. Os aparatos tecnológicos, se não são a tecnologia em si, são o seu arauto em diferentes épocas e regiões. Se hoje temos a representação social do computador como o ícone da inovação e do desenvolvimento, o trem, por exemplo, desempenhou papel similar no período chamado de Segunda Revolução Industrial, no final do século XIX. Quando se fala em Revolução Industrial comum associar esse termo ao século XVIII. Esse período, na verdade, a Primeira Revolução Industrial, cujo ícone de progresso foi a máquina a vapor (SEIXAS,1999). A revolução industrial, que se iniciou na Inglaterra em meados do século XVIII, foi um marco da transição do homem de sua posição de artífice para um mero operador de máquinas, mecânicas, hidráulicas e a vapor, que eram rápidas e baratas, e, mesmo produzindo produtos que em alguns casos eram de qualidade inferior, ainda assim eram uma grande fonte de lucro para os industriais. Com o surgimento dessas máquinas, o resultado de evolução gradativa dos meios de produção, exigiu-se maior agilidade no escoamento da produção, criando a necessidade de maior mobilidade para as pessoas. Dessa forma, os produtos e as pessoas nao podiam mais ser transportados por tração animal. O trem foi a grande solução para o escoamento da produção e o transporte de pessoas (SEIXAS,1999). (Veja na figura 1). Figura 1- Chegada do trem em Iju i – RS (inicio do sculo XX) Fonte: IJUÍ - MEMÓRIA VIRTUAL Inclusive o trem foi um tema para artistas como Claude Monet, atento importância dessa máquina na relacao velocidade e vida moderna. (Veja na figura 2). Figura 2 – A chegada de um trem na Gare Saint-Lazare, por Claude Monet Fonte: https://pt.artsdot.com Os aparatos tecnológicos têm sido objeto de idolatria ou de temor, como se fossem objetos independentes do processo histrico e da sua relacao social. J se fala em tecnofilia e tecnofobia, duas faces de uma mesma alienacao. O fato que reconhecemos os aparatos tecnológicos como prolongamento dos nossos corpos e das nossas mentes, fazendo-os parte de nossas fantasias e desejos. Os tecnofbicos acreditam que a familiarização com os novos avanços ruim e algo desagradável pode acontecer, não reconhecem a necessidade dessas novas tecnologias e ainda acreditam que esse um processo simplesmente de escravização do homem (SEIXAS,1999). (Veja na figura 3). Figura 3 - Tecnofilia Fonte: Marko Bradic/Shutterstock.com. Não se pode ignorar a contribuição dos novos aparatos tecnológicos audiovisuais para a democratização da produção e fruição de imagens, sendo eles parte de um processo mais amplo de revolução social, tecnológica e cultural. E preciso que estudemos como o surgimento das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDICs) revela a ressignificação da linguagem audiovisual, como fator de representatividade simbólica da realidade e, ao como mesmo tempo, contribui para esse processo ao influenciar os padrões culturais da sociedade. Qual a relevância das tecnologias portáteis para a democratização e o desenvolvimento de uma cultura local? Como o produto audiovisual se insere em um nicho amplamente dominado pela cultura da mobilidade caracterizada pelas tecnologias portáteis, tais como celulares, tablets, internet móvel etc. (SEIXAS,1999). 3 CONCEITO DE AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM Para começar, é importante compreendermos o ambiente virtual de aprendizagem como o sistema que gerencia os cursos online. É nele que os participantes do curso realizam suas tarefas, buscam seus materiais de leitura, interagem com os demais participantes, são acompanhados pela equipe docente, etc. De acordo com Pereira (2007), os AVAs consistem em mídias que utilizam o ciberespaço para veicular conteúdo e permitir interação entre os atores do processo educativo. Dessa forma, a qualidade do processo educativo depende do envolvimento do aprendiz, da proposta pedagógica, dos materiais veiculados, da estrutura e qualidade da equipe docente e técnica, assim como das ferramentas e dos recursos tecnológicos utilizados no ambiente. Para Oliveira et al. (2004), um ambiente de aprendizagem pode ser conceituado como os espaços das relações com o saber, o qual é o objeto maior do processo de aprendizagem. Já Santos (2003) afirma que todo ambiente virtual pode ser considerado um ambiente de aprendizagem desde que esta seja entendido como um processo sociotécnico em que os sujeitos lutam, poder, diferença e significação, espaço para construção de interagem na cultura e por meio dela, sendo está um campo de saberes e conhecimento. Então, para podermos participar de cursos de educação a distância mediados por computador, precisamos trabalhar em um nagement System, em inglês. Atualmente, existem vários sistemas, Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), ou LMS-Learning Mocomo Teleduc, Webct Blackboard, Moodle, Fronter entre outros. Para acessar um AVA por meio da internet é preciso utilizar navegadores como o Firefox, Explorer, Chrome, etc. Atualmente dispositivos móveis, como os tablets e os celulares. Existem também aplicativos para acesso dessas plataformas via O ambiente virtual de aprendizagem também é conhecido como sistema de gerenciamento de cursos ou sistema de gerenciamento de aprendizagem. Para nos familiarizarmos com as diferentes denominações, vejamos o Quadro 1, no qual estão descritas as siglas tanto em português como em inglês. Quadro 1 – Siglas referente às AVAs. Português Inglês Sigla Definição Sigla Definição SGC Sistema de gerenciamento de cursos CMS Course management system AVA Ambiente virtual de aprendizagem VLE Virtualleaming erwronment SGA Sistema de gerenciamento de aprendizagem LMS Learning management system Fonte: Adaptado de Moodie (2019). 3.1 Ambientes virtuais de aprendizagem Moodle. No Brasil, um dos ambientes virtuais de aprendizagem utilizados é o Moodle (Modular Object-Oriented Dynamic Learning), criado em 2001 pelo educador e cientista Martin Dougiamas. Mas há outros ambientes virtuais de aprendizagem que podem ser encontrados nos cursos a distância. Vamos conhecer alguns. O WebCT foi desenvolvido na University of British Columbia pelo professor em ciência da computação Murray Goldberg. Em 1995, Goldberg começou a olhar para a aplicação de sistemas baseados na web para a educação. Sua pesquisa mostrou que a satisfação do estudante e o desempenho académico podiam ser melhorados por meio da utilização de um recurso educacional baseado na web ou ferramentas de cursos baseados na web. O Blackboard Learning é um software de gestão de cursos, disponibilizado pela primeira vez em 1998. O Blackboard fornece um sistema de aprendizagem direcionado ao aprendizado e também de gestão de matrículas, além de outros detalhes formais dos cursos para instituições (PEREIRA, 2007). O TelEduc é um ambiente para a criação, participação e administração de cursos na web. Ele foi concebido tendo como alvo o processo de formação de professores para informática educativa, baseado na metodologia de formação contextualizada desenvolvida por pesquisadores do Nied (Núcleo de Informática Aplicada à Educação) da Unicamp. O TelEduc foi desenvolvido de forma participativa, ou seja, todas as suas ferramentas foram idealizadas, projetadas e depuradas segundo necessidades relatadas por seus usuários. Além deles, há outros ambientes virtuais, como o Fronter, verdadeiras plataformas de aprendizagem e trazem diversas ferramentas de colaboração baseadas na web. O Fronter é um programa de fácil utilização, cuja interface é autoexplicativa. Trata-se de um módulo de administração sólido e flexível que pode servir a complexas estruturas organizacionais, proporcionando a personalização de interface com variedade de designs e suporte de administradores certificados (PEREIRA, 2007). Os ambientes virtuais de aprendizagem possuem algumas características comuns, como: • Possibilitar os processos de aprendizagem. • Os participantes do curso têm independência e flexibilidade para estruturar seus processos de aprendizagem, mas todos os AVAS possuem sistemas de monitoramento, por meio de registros do ambiente, para acompanhar o progresso dos participantes. • Utilizam, de forma integrada, sistemas interativose comunicativos para a educação, cujo objetivo é dar suporte às estratégias pedagógicas planejadas pela equipe docente. • Por meio de suas ferramentas pedagógicas, possibilitamo aprendizado tanto individual como coletivo. • É hipermidiático, pois permite, por meio de links, a visita a outros ambientes e materiais para conhecimentos mais aprofundados. Para Okada (2004), os AVAs podem ser divididos em três tipos de ambientes: Instrucional, interativo e cooperativo. O ambiente instrucional é centrado no conteúdo e no suporte ao cursista, feito por monitores que geralmente não são os autores. A interação é mínima e a participação online do estudante é praticamente individual. No ambiente interativo, a participação é essencial. Os materiais são desenvolvidos no decorrer do curso, a partir das opiniões e reflexões dos participantes. O desenvolvimento das atividades pode ser organizado de acordo com termas de interesse e profissionais externos podem ser convidados para conferências. Já o ambiente cooperativo é caracterizado pelo objetivo de trabalho na WEB colaborativo e participação online, há muita interação entre os participantes, construção de pesquisas, descobertas de novos desafios e soluções. Belloni (2007), afirma que o AVA é o principal instrumento mediador num sistema de EaD que combina possibilidades inéditas de interação mediatizada (equipe docente/cursista e cursista/cursista) e de interatividade com materiais de boa qualidade e grande variedade, utilizando diversas ferramentas, como: e-mails, listas e grupos de discussão, conferências, sites e blogs, nos quais textos, hipertextos, vídeos, sons e imagens estão presentes, reunindo até flexibilidade da interação humana com a independência no tempo e no espaço. 3.2 Ferramentas tecnológicas para pesquisas Os ambientes virtuais de aprendizagem (AVA) reúnem um conjunto de ferramentas tecnológicas utilizadas para que o participante consiga atingir os objetivos de aprendizagem propostos no curso. Cada uma das ferramentas tem suas características e utilidades próprias, pois foram criadas para finalidades diferentes. Para Ferreira (2001), os elementos presentes em um ambiente virtual de aprendizagem devem permitir uma interação grande do aprendiz com o objeto de estudo, integrando este à realidade do sujeito, para estimulá-lo e a desafiá-lo simultaneamente, em que permite e propicia o seu desenvolvimento intelectual. São diversas as ferramentas disponíveis para a aprendizagem significativa em AVAs, dentre as quais podemos citar: blogs, wikis, portfólios, fóruns, espaço de compartilhamento de imagens, simuladores de mundos virtuais, bibliotecas de vídeos e gráficos (algumas dessas ferramentas podem ser externas e ser integradas ao AVA). Outro desafioestá no design instrucional,ou seja, os elementosque estarão presentes na montagem da página do curso. Os cursos de educação a distância que utilizam ambientes virtuais de aprendizagem são organizados em "salas virtuais". São as salas virtuais do AVA que concentram todos os materiais de orientação sobre o curso, como textos, artigos, apresentação em slides, vídeos e outros documentos, oferecidos para informar (Ferreira, 2001). A equipe docente disponibiliza informações gerais, como alterações em materiais, mudança de datas de atividades, novos materiais, etc. As salas virtuais são também o espaço em que serão disponibilizadas ferramentas para interações e colaboração entre todos os participantes do curso (MILL, 2006). Muitos as chamam de sala de aula. A seguir, vamos apresentar um conjunto de ferramentas de interação e colaboração disponíveis nos diferentes AVAs. Vale ressaltar, porém, que a ferramenta pode receber nomes distintos conforme o desenvolvedor do AVA. 3.3 As interações no ambiente AVA As interações em AVA podem ocorrer de maneira síncrona ou assíncrona. Chamamos de comunicação síncrona aquela que se estabelece de modo simultâneo. Fórum é o espaço das conversas assíncronas. Isso quer dizer que um participante de determinado curso posta uma informação, dúvida ou questionamento, e isto fica registrado para possibilitar leituras e comentários posteriormente, ou seja, comentários e ideias postadas no fórum ficam visíveis para todos. É importante que o cursista participe de o fórum quantas vezes achar necessário para expor suas ideias, questionar, discordar, explicar (SANTOS, 2003). O fórum oferece um caráter dinâmico às atividades, pois permite que todos participem das discussões em diferentes horários e locais, e que tenham tempo para refletir, formular e reformular, se necessário, suas mensagens, tomando as discussões mais ricas. Todas as mensagens enviadas ao fórum são arquivadas, permitindo que qualquer um dos participantes do curso tenha uma visualização global da discussão, contribuindo para a formação crítica de opinião dos participantes. Além disso, alguns AVAS permitem que as mensagens contenham arquivos anexos, expandindo consideravelmente as possibilidades de uso da ferramenta (FERREIRA, 2001). Podemos dizer que o fórum é uma conversa que pode ocorrer durante todo o tempo em que este espaço online estiver disponível. Nos AVAs, frequentemente, os fóruns são de duas naturezas: Temáticos - permanecem acessíveis por tempo determinado pela organização das aulas (tópicos ou unidades). Livres - que todos podem levantar temáticas e deixar a conversa correr livremente. Há títulos bastante sugestivos para esses espaços: café Virtual, Ponto de Encontro, etc. 3.4 O funcionamento de cada um dos fóruns Depende da intencionalidade dada pelos criadores dos cursos, mas independentemente disso todos têm a função de propiciar a interação entre os pares para desenvolver uma aprendizagem significativa. A seguir, vamos conhecer um pouco de cada tipo de fórum. Em alguns cursos e/ou disciplinas a equipe docente cria os Fóruns de Dúvidas, que servem para apoiar o desenvolvimento das atividades propostas nas disciplinas e auxiliar na compreensão dos conteúdos estudados. É possível tirar dúvidas sobre os materiais estudados, sobre as atividades a serem resolvidas, etc. Nos Fóruns de Debates ou temáticos ocorre a discussão dos temas específicos, novos conceitos e confronto de opiniões, tendo em vista a construção colaborativa de conhecimentos. Para tanto, a equipe docente faz a mediação desses debates de modo a assegurar que os objetivos propostos para a atividade sejam atingidos (PEREIRA, 2017). Por fim, o Fórum Social ou Café Virtual é o espaço de socialização em que todos têm um meio informal de se conhecer e se integrar. O fórum pressupõe uma participação colaborativa em que as ideias expostas por cada participante podem ser complementadas por outros participantes. Dicas para interagir em fóruns Para interagir em um fórum é fundamental que o participante do curso se aproprie desse espaço corretamente, isto é, interaja segundo a temática sugerida nas aulas e organizadas nos tópicos. O cursista só deve abrir um novo tópico no fórum se houver necessidade e pertinência com o assunto discutido. Se quiser um bate-papo mais livre, deve utilizar o fórum criado para esse fim (Café Virtual/Ponto de Encontro). O participante do fórum deve iniciar e encerrar suas mensagens com a mesma atenção de uma conversa presencial, ou seja, deve manter sempre a chamada Netiqueta, que pode ser entendida como a etiqueta, a preocupação com a boa educação no diálogo em ambientes virtuais (PEREIRA, 2007). O cursista deve participar sempre, mas participação em fórum significa: ▪ Ter alguma coisa para dizer sobre a discussão. ▪ Ter lido o que os demais participantes escreveram. ▪ Deixar comentários ou perguntas para enriquecer a discussão e construir um conhecimento significativo para todos. Por ser uma ferramenta assíncrona, o cursista deve sempre ler e reler a sua postagemantes do envio, evitando assim problemas com a língua portuguesa, que podem inclusive dificultar a comunicação ou gerar ruídos. Chats ou salas de bate-papo Um chat ou bate-papo é uma ferramenta na qual os participantes têm a possibilidade de se comunicar, em tempo real, ou seja, é uma forma de comunicação síncrona. A comunicação é feita por meio da escrita. Os usuários dos chats costumam usar apelidos, os chamados nicknames. Diferentemente do Fórum de Discussão, em que analisamos o tema, refletimos e postamos nossa opinião, o chat exige dúvidas e questionamentos imediatos, sem um aprofundamento, uma interação rápida. Isso o torna um veículo de expressão de mais complexo do assunto (MILL, 2006). Dicas para ajudar na interação com os participantes No chat pode ocorrer o que chamamos de "timidez virtual", em virtude do medo de escrever errado. A maioria das pessoas erra quando escreve em sessões de bate- papo, assim como também cometemos erros ao falar. Para que ninguém fique preocupado com isso, vale estabelecer um "contrato antecipado", no qual pode ser acordado que os erros de português podem ser corrigidos com a possibilidade de reescrita das frases ou termos durante o bate-papo. Nos chats são criadas regras para que participantes não "falem" ao mesmo tempo, criando uma confusão e prejudicando o aprendizado (MILL, 2006). Mensagens A mensagem é um método de comunicação online semelhante ao e-mail, exceto por ser normalmente mais rápida. As mensagens instantâneas envolvem uma conversa entre duas pessoas e são ferramentas assíncronas. Destaca-se, desse modo, que uma mensagem com uma pergunta ou dúvida não é respondida imediatamente, mas como se fosse uma resposta de e-mail. Ela levará certo tempo para chegar até o participante do curso (PEREIRA, 2007). Todos esses aspectos desenham, quando h intervenção da tecnologia educacional, a possibilidade de que diversas ideias pedagógicas sejam desenvolvidas no sistema, tais como: O aprender a aprender - Tida como uma técnica que orienta o aluno no sentido de conhecer a si próprio, a sua capacidade de aprender, a sua forma de adquirir conhecimento e a dar-se conta da importância do seu interesse com relação ao assunto estudado. Com essas informações, ele pode aproveitar suas características pessoais, utilizando-as em suas atividades de aprendizagem. O aprender pela pesquisa - Trata-se da superação dos desafios colocados aos alunos e professores, no sentido da criação de novas formas de trabalho nas atividades de ensino e aprendizagem nas salas de aula presenciais e eletrônicas. A proposta orienta que as atividades de ensino e aprendizagem incluam a utilização extensiva do desenvolvimento de pesquisas na internet. A aprendizagem em grupos - Tida como um recurso que pode ser utilizado no processo de ensino e aprendizagem, no qual a interação e o diálogo são importantes para que os grupos solucionem problemas de interesse comum. A sinergia criada pela responsabilidade compartilhada e traz como benefício o aumento do nível de participação de todos. A aprendizagem significativa - Parâmetro importante que considera vital, no desenvolvimento de atividades de estudo, a inclusão de temas relevantes, ligados, diretamente, ao campo de trabalho e prática profissional do aprendiz. E isso que d significado ao que o aluno aprende. O conceito trabalhado por Ausubel inclui o conhecimento anterior do aluno como elemento importante para uma maior participação. A aprendizagem pelo erro - Considerado uma das formas de colaboração com o processo de avaliação do aluno, sem a coerção e o medo. O aprender fazendo - Processo no qual a aplicação da prática est colocada como objetivo principal, por considerar que conhecimentos não aplicados acabam sendo esquecidos. Existe uma complexidade do que pode ser agora mais apropriadamente tratado como tecnologia educacional, no qual em uma extremidade entram alunos, professores, conteúdos, informações, hardware e software, ou seja, todo um conjunto de técnicas e métodos pertencentes ao universo da educação com as tecnologias. 4 ENSINO E APRENDIZAGEM INOVADORA COM TECNOLOGIA AUDIOVISUAIS E TELEMÁTICAS O termo “tlmát” refere-s “[...] njnt d srvcs nfrmts fornecidos através de uma rede de telecomunicação ou ainda o estudo da transmissão dstn d nfrmca mptdrzd” (TLMÁTICA, 2013). ss trm f utilizado por muitos anos para referir-se às tecnologias que poderiam ser conectadas à internet. Atualmente, a maioria das tecnologias utilizadas na Educação é conectável, pr ss, trm “tlmt” na ms tlzd m tnt frqen. Pr “dvsl” pd-se compreender todos os recursos que fazem uso integrado de áudio e vídeo. Por muito tempo, apenas o cinema e (mais adiante) a televisão eram exemplos, mas, hoje, com as possibilidades de produção facilitada por diversas tecnologias) como os dispositivos móveis), podemos encontrar muitos recursos audiovisuais na internet, por meio dos canais de transmissão de vídeo. Quando as tecnologias começaram a ser utilizadas na Educação, nas décadas de 1980 e 1990, não existia transmissão de áudio e vídeo on-line ou sua possibilidade de compartilhamento na internet. A transmissão ou disponibilidade de vídeo na internet é possível graças à integração de recursos audiovisuais e telemáticos. Chamamos essa integração de tecnologia streaming (Figura 01). Trata-s d “[...] m frm d trnsmssa nstntn d dds d d vídeo através de redes. Por meio do serviço, é possível assistir a filmes ou escutar música sem a necessidade de fazer download, o que torna mais rápido o acesso aos conteúdo online” (COUTINHO, 2013). ss rrs flt trnsmssa d dds e atingiu todas as áreas da sociedade. A Educação é favorecida em virtude da rapidez e da qualidade da conexão com a internet e as transmissões online que essa ferramenta oportuniza. Figura 01 – Smart TV com aplicativos de streaming de vídeo Fonte: Manuel Esteban/ Shutterstock 2018 4.1 A televisão como recurso audiovisual. No Brasil, o audiovisual começou a ser propagado com a entrada dos primeiros prlhs d tlvsa. “F m ds prmrs piss d mnd nstlr tlvsa mrl, m 1950, pr m n tv d Asss Chtbrnd” (RUBIM; RUBIM, 2004, p. 22). Hoje, esse equipamento está presente na maioria dos lares brasileiros. Em 2014, uma pesquisa do IBGE apontou que 97,1% dos domicílios tinham acesso à televisão (VILELA, 2016). É possível afirmar, então, que a maior parte dos alunos assistem à televisão. Essa informação não leva em consideração que muitos aparelhos de celular integram o recurso televisivo, o que permite à pessoa assistir à programação aberta de TV em qualquer lugar. De acordo com Moran (2006, p. 13). [...] a televisão desenvolve formas sof isticadas multidimensionais de comunicação sensorial, emocional e racional, superpondo linguagens e mensagens que facilitam a interação com o público. A TV fala primeiro do ‘sntmnt’ – q ve ‘snt’, na qe você conheceu; as ideias estão embutidas na roupagem sensorial, intuitiva e afetiva. As transmissões realizadas pela televisão direcionam suas mensagens para o mp “[...] ftv, d frt mpt mnl, q flt prdspo tr ms flmnt s mnsgns” (MORAN, 2006, p. 13). 4.2 O audiovisual e suas possíveis abordagens Conforme cada tecnologia é criada e incorporada nos espaços educacionais, características inovadoras começam a ser observadas. Rádio, televisão, computador, celular, netbooks, tablets e outros aparelhos foram inovadores em um momento da humanidade. Hoje, pensar em utilizar a televisão como recurso educacional pode ser uma atividade que muitos considerem ultrapassada. Sendo assim vamos refletir sobrealguns questionamentos sobre o avanço da tecnologia na atualidade. Mas introduzir a televisão nas aulas é algo inovador ou ultrapassado? Diversas são as mensagens transmitidas por esse equipamento todos os dias. Os temas abordados são inúmeros, sempre atuais e relevantes (COUTINHO, 2013). Será que comparar a mensagem audiovisual a uma mensagem textual produzida por um jornal impresso ou on-line não seria uma boa forma de trabalhar com a televisão e seus conteúdos na escola? Será que os professores conhecem as mensagens audiovisuais consumidas pelos seus estudantes diariamente? Veja na Figura 2 o recurso em sala de aula. Figura 2- Didática em sala de aula com tablet Fonte:Imagem do Freepik Uma estratégia para oportunizar que estudantes e professores desenvolvam o hábito de questionar a veracidade das informações e comparar as fontes de consulta pode ser construída a partir da análise do discurso e da análise das mensagens audiovisuais. Inovar a partir do uso da televisão ainda é possível, pois sua abordagem na escola não foi e não será esgotada enquanto esse meio de comunicação ocupar o lugar central na vida de muitas pessoas é um recurso que representa a única fonte de informação de muitos brasileiros. Por isso, é possível afirmar que muitas pessoas não se aprofundam em temáticas importantes, como questões sociais e políticas, em função de que tais temáticas não são abordadas pela mídia televisiva em grande profundidade (MORAN, 2006). Rbm Rbm (2004, p. 24) frmm q “[...] sm n vrslzca d domínio da leitura e da escrita propiciada em todos os países pela universalização de uma escola com o mínimo de qualidade o Brasil transitou, de modo acelerado, de uma cultura predominntmnt rl pr m ltr d hgmn dvsl”. A Figura 3 apresenta uma charge que ilustra a influência que a televisão exerce em seus telespectadores. Por ser tão central na vida das pessoas, é muito importante analisar seus conteúdos e contemplar as mensagens transmitidas para que sejam esclarecidas suas intenções e para estimular o senso crítico dos alunos (Rubim e Rubim,2004). Figura 3 - Charge que apresenta uma metáfora sobre a influência que a televisão exerce no comportamento humano Fonte: THE OFICIAL CRUMB SITE (2015). Você já ouviu falar em efeito placebo? Alecrim (2015, p. 2) afirma que [...] o chamado efeito placebo é um dos mistérios que permeiam a fisiologia humana. Um médico receita uma pílula e a pessoa se cura depois de algum tempo. O médico só não disse a ela que o medicamento é feito de açúcar, farinha ou qualquer outra substância sem ação farmacológica. No final das contas, ela se curou por acreditar que ficaria curada (ou por algum mecanismo relacionado a essa crença). Com a televisão ocorre o contrário, podemos dizer, inclusive, que a televisão exerce o efeito placebo ao contrário, uma vez que o espectador pensa que ao assistir determinado programa ou comercial televisivo, não está sofrendo nenhuma interferência com a mensagem emitida pela programação, mas esse programa ou comercial pode exercer alguma influência no comportamento do espectador. O mprtmnt “plb” se enquadra também no conceito de mensagem subliminar, em que a mensagem emitida atinge o nível inconsciente do indivíduo, que capta a mensagem e tende a reproduzir determinado comportamento em função do estímulo recebido, mas não percebido pelo meio de comunicação. As mensagens subliminares são muito utilizadas nas campanhas publicitárias com o intuito de exercer influência no comportamento do indivíduo, mas de forma inconsciente (MLODINOW, 2013). 4.3 Utilização de tecnologias inovadoras em espaços educacionais. Inovação significa introduzir novidades (TELEMÁTICA, 2013). Então, sempre que uma tecnologia é introduzida no processo educacional, estará havendo inovação. Sempre que forem utilizados métodos e estratégias não conhecidos pelos estudantes, haverá inovação. A Figura 4 apresenta os princípios para a inovação na escola. A inovação prevê que alguns elementos, profissionais e atitudes sejam inseridos ou mobilizados, por exemplo, o aluno no centro do processo educacional, como indivíduo que deve ser o protagonista de seu processo de conhecimento. Ao redor desse aluno protagonista existe o espaço educativo, a gestão, a cultura escolar mobilizada para que haja autonomia dos envolvidos, a tecnologia como ferramenta para busca e construção do conhecimento e o professor com o papel de orientador do processo de ensino e aprendizagem (TELEMÁTICA, 2013). Figura 4 - Representação dos atores e processos envolvidos para a educação inovadora Fonte: Bacich, Tanzi Neto e Trevisani (2015). Os vídeos, antes armazenáveis apenas em CDs e DVDs, podem ser compartilhados na internet por meio de sites de compartilhamento de conteúdo. O mais conhecido é o YouTube. Nele, você pode criar listas de vídeos, seguir pessoas que compartilham conteúdos de seu interesse, fazer comentários nos vídeos compartilhados, entre outras possibilidades. Você também pode publicar materiais de modo público ou privado e, assim, permitir que apenas algumas pessoas tenham acesso ao que você compartilhou (COUTINHO, 2017). A indústria da tecnologia apresenta inovações a todo o momento. Disquete, CD, DVD e pen drive, por exemplo, são recursos de armazenamento de informações. VHS, DVD e BLU-RAY também são recursos de armazenamento, mas direcionados para vídeos e filmes. O retroprojetor, o projetor multimídia e (mais recentemente) os projetores interativos são recursos de projeção. Projetores interativos e lousas interativas permitem a projeção e também a interação. A Educação e tecnologias pelos usuários diretamente na tela. A interação pode ser feita por meio de uma caneta interativa ou pela mão de quem estiver manuseando o recurso. Os arquivos de áudio foram armazenados, inicialmente, em fitas cassetes e, mais adiante, nos CDs e DVDs; hoje, podem ser armazenados em qualquer meio, desde o computador até o celular (TELEMÁTICA, 2013). 4.4 Práticas inovadoras na Educação Atualmente, é possível conhecer o trabalho dos professores nas escolas com maior agilidade em função da facilidade de compartilhamento das informações. Existem canais de comunicação específicos para que os professores possam fazer relatos de experiências, o que é muito interessante para que outros profissionais possam colaborar nos projetos ou até mesmo implementá-los em suas práticas. Esses canais são construídos por escolas, por organizações ou pelos próprios profissionais e estão disponíveis em blogs e redes sociais (TELEMÁTICA, 2013). Um recurso muito utilizado é a construção de vídeos e documentários. Esse tipo de produção foi facilitado pela chegada dos dispositivos móveis, como celulares e tablt’s, o que possibilita que vídeos, animações e até mesmo edições sejam feitas nos próprios dispositivos. A prática de produção de filmes exige que muitos conhecimentos sejam mobilizados, pois é preciso construir um roteiro, estudar a temática que será abordada e fazer as filmagens e as edições necessárias para que se tenha um produto com início, meio e fim. Outra prática que tem sido muito propagada é a reprodução de filmes nas escolas e a construção de debates sobre os vídeos. Essa prática tem sido muito reforçada por iniciativa dos professores e também em função da Lei nº 13.006/14, incorporada à Lei de Dirtrzs Bss Nns (LDB). Tl lgslcaprve q “[...] a exibição de filmes de produção nacional constituirá componente curricular complementar integrado à proposta pedagógica da escola, sendo a sua exibição obrigatória por, no mínimo, 2 (duas) hrs mnss” (BRASIL, 2014). Foi-se o tempo em que um bom nível de interação em sala de aula era quando o aluno fazia uma pergunta ao professor sobre o conteúdoque estava abordando. Este é um momento em que os alunos são apenas receptores de informações nada mais esperado. Atualmente, mesmo que não seja convidado a se expressar, a apresentar seu ponto de vista ou estimulado a erigir e compartilhar o novo, o aluno é um cidadão que vive na era digital (MORAN, 2006). Ao conviver com essa tecnologia, literalmente na palma da mão esse cidadão é constantemente estimulado a consultar conteúdos livremente, consumir informações, interagir com elas, compartilhá-las e até mesmo produzi-las. Nesse sentido, muitas escolas têm construído os Cinedebates, para os quais convida alunos e professores a discutirem as temáticas dos filmes transmitidos, fato que tem colaborado para que o cinema nacional seja mais bem reconhecido na cultura brasileira. Para a cientista social Maria Angélica dos Santos em entrevista ao Observatório dDvrsddC ltrl (2014,p. 2), “[...] nrqs dsnhm l vgrnd e, com o acesso dimensionado em duas horas mensais, implicará também em um significativo aumento de repertório para educadores e estudantes. A quantidade dvr mp lsnr dvrsdd , rtmnt, grntr qldd”. Figura 04 - Frame do filme central do Brasil Fonte: Blog Cultura genial. Direção fotográf ica de Walter Carvalho, 1998. Prêmios de destaque ❖ Indicação para o Oscar de melhor filme estrangeiro e melhor atriz para Fernanda Montenegro. ❖ Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro. ❖ Urso de Ouro de melhor filme. ❖ Urso de Prata de melhor atriz. O que foi dito sobre Central do Brasil, segundo às Palavras da professora e pesquisadora acadêmica Ivana Bentes, 2019: Cntrl d Brsl f lmd srta rmnt, d vlt dlzd “rgm”, ao realismo estetizado, e a elementos e cenários do Cinema Novo, e que sustenta uma aposta utópica sem reservas, daí o tom de fábula encantatória do f ilme. O sertão surge aí cm prjca dm “dgndd” prdd m a terra prometida de um inusitado êxodo, do litoral ao interior, uma espécie d “vlt” ds frssds dsrdds q na nsgrm sbrvvr nas grandes cidades. Não uma volta desejada ou politizada, mas uma volta afetiva, levada pelas circunstâncias. O sertão torna-se território de conciliação e apaziguamento social, para onde o menino retorna à cidadezinha urbanizada com suas casas populares para se integrar a uma família de carpinteiros (Ivana Bentes, 2019). 5 ORIGENS DA INTERNET Para Turner (2002) apud Morais (2016), a origem da internet ocorreu no ano de 1957. Quando a União Soviética lançou seu primeiro satélite na órbita da Terra. Em resposta o Departamento de Defesa dos Estados Unidos formou a Agência de Projetos e Pesquisas Avançada (ARPA) do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, com objetivo de pesquisar e desenvolver ideias e tecnologia avançada, com programas direcionados aos satélites e ao espaço. Em 1968, o apoio financeiro do governo norte-americano promovido por meio da ARPA impulsiona a implantação do Sistema de Informação em Rede. Os primeiros protocolos construídos foram o Telnet – ligação interativa de um terminal com um computador remoto – o FTP – (File Transfer Protocol) – transferência de arquivos entre dois computadores. A primeira rede de computadores foi construída entre a Universidade da Califórnia, em Los Angeles, a SRI (Stanford Research Institute), Universidade de Utah e Universidade da Califórnia, em Santa Bárbara. No dia 1º de dezembro de 1969, nasce a Arpanet. Surgiram então os primórdios da internet, diretamente vinculado ao trabalho de peritos militares norte-americanos que desenvolveram a Arpanet (Rede de Agência de Investigação de Projetos Avançados dos Estados Unidos), durante a disputa do poder mundial com a URSS. Em 1969, chegou o primeiro microprocessador na Universidade da Califórnia, em Los Angeles, tendo sido instalado e usado por Leonardo Kleinrock em seu laboratório, em dois anos a Arpanet era totalmente operacional. A base da comunicação era a mensagem de e-mail e nem todas as informações tratavam de assuntos de defesa. Ray Tomlinson Dearo (1941-2016) engenheiro americano criou o formato dos e-mls q sdt hj.m 1971, nvnt mdl d nsrr “@” sprnd os nomes no endereço. Assim, ficou mais fácil trocar mensagens em redes diferentes. “@”, m ngles, ld m “at” (q sgn f “m”), r-se o sentido de que a pessoa, qst mndndqlmnsgm,“st m lgmlgr”.Pr xmpl: nGmail, no Yahoo, no Outlook etc. (DEARO, 2016). Em julho de 1977, Vintor Cerf e Robert Kahn efetuaram uma apresentação do protocolo de comunicação TCP/IP, Transmission Control Protocol (TCP) – Protocolo de Controle de Transmissão e o Internet Protocol (IP) – Protocolo de Internet, utilizando três redes: Arpanet – RPNET – Statnet. Considera-se que foi nessa demonstração que nasceu a internet (RAAZ, 2010) No ano de 1980, a Arpanet foi dividida em duas redes. A Milnet (servia as necessidades militares), e a Arpanet que segurava a investigação. O Departamento de Defesa coordenava, controlava e financiava o desenvolvimento em ambas as redes. Em 1990, o Departamento de Defesa dos EUA desestruturou a Arpanet, sendo substituída pela rede NSF, rebatizada NSFNET que se tornou conhecida em todo o mundo, com a denominação internet. Para ampliação do uso da internet, foi definida a criação da www – world wide web (rede de alcance mundial) criada pelo laboratório do Cern (Organisation Européenne pour la Recherche Nucléaire) por intermédio dos cientistas: Robert Caillaiu e Tim Berners-Lee, do HTML (HyperText Markup Language) e dos browsers. O primeiro browser usado foi o LYNX, que permitia somente a transferência de textos. A história da internet envolve quatro aspectos distintos (MORAIS, 2016): • A evolução tecnológica, que começou com as primeiras pesquisas sobre trocas de pacotes e a Arpanet e suas tecnologias e onde a pesquisa atual continua a expandir os horizontes da infraestrutura em várias dimensões como escala, desempenho e funcionalidade do mais alto nível. • Os aspectos operacionais e gerenciais de uma infraestrutura operacional complexa e global. • O aspecto social que resultou numa larga comunidade de internautas trabalhando juntos para criar e evoluir com a tecnologia. • O aspecto de comercialização que resulta numa transição extremamente efetiva da pesquisa numa infraestrutura de informação disponível e utilizável. O sociólogo espanhol e estudioso da rede, Manuel Castells (2003) relata, conforme visto anteriormente, que a internet foi originalmente criada para fins militares, visando à obtenção de um meio de comunicação que pudesse sobreviver até mesmo a um ataque nuclear, proporcionando troca rápida de informações, em tempo real, em um período de tensão e de instabilidade política. Atualmente, a “ntrnt td d nsss vds. S tnlg d nfrmca hj q eletricidade foi na Era Industrial; em nossa época, a internet pode ser equiparada tanto a uma rede elétrica quanto ao motor elétrico, em razão da sua capacidade de distribuir frc d nfrmca pr td dmin d tvdd hmn” (2003, p. 7). Para esse autor, no final do século XX, três processos independentes se uniram, inaugurando uma nova estrutura social predominantemente baseada em redes: as exigências da economia por f lexibilidade administrativa e por globalização do capital, da produção e do comércio; as demandas da sociedade, em que os valores da liberdade individual e da comunicação aberta tornaram-se supremos; e os avanços extraordinários na computação e nas telecomunicações possibilitados pela revolução microeletrônica. Sob essas condições, a internet, uma tecnologia obscura sem muita aplicação além dos mundos isolados dos cientistas computacionais, dos hackerse das comunidades contraculturais, tornou-se a alavanca na transição para uma nova forma de sociedade – a sociedade de rede –, e com ela para uma nova economia. (CASTELLS 2003, p. 8). 5.1 Revolução digital. Considerado um dos pensadores mais representativos do debate acerca da revolução digital, o filósofo francês Pierre Lévy (1996) se mostra contra as teorias do virtual como oposição ao real e surge com o argumento de que a virtualidade, com suas infinitas e crescentes possibilidades de interação, tem apenas a adicionar a todas as instâncias da vida. Assim, de acordo com o autor, a internet é o conjunto de meios físicos (linhas digitais de alta capacidade, computadores, roteadores etc.) e de programas (protocolo TCP/IP) usados para o transporte das informações, enquanto a web (www) é apenas um dos diversos serviços disponíveis pela internet. No entanto, as duas palavras não têm o mesmo significado. Fazendo uma comparação simplificada, a internet seria o equivalente à rede telefônica, com seus cabos, sistemas de discagem e encaminhamento de chamadas, enquanto a web seria similar ao uso do telefone para comunicações de voz (LEVY, 2000). Diante do exposto e de conformidade com Castells (2003), podemos afirmar que a internet se revela como um instrumento sociotécnico, já que veio sendo construída à proporção que a sociedade necessitava de interação com ela e o seu desenvolvimento e a sua difusão foram realizados por empresários. Dessa forma, a partir dos anos 1990, o mndds ngsprb ptnlnmd ‘nv tnlg’, q fz m q l flrsss m vldd d m r. A associabilidade na internet foi vista pelo mercado como uma poderosa fonte de divulgação e de comercialização de produtos, dentre os quais, os próprios computadores. Porém, para a veiculação da propaganda e para as transações financeiras foram criados outros programas, a fim de atenderem a essas necessidades. Portanto, a internet não é apenas uma tecnologia, mas é uma produção cultural. Que existe como uma poderosa tecnologia inserida na prática social. Com efeitos importantes, por um lado, sobre a inovação e, portanto, a criação de riqueza e do nível econômico; e por outro lado, sobre o desenvolvimento de novas formas culturais, tanto no sentido lato, ou seja, formas de ser mentalmente da sociedade, como no sentido mais estrito, a criação cultural e artística (CASTELLS, 2002). m sm, ntrnt m plvr d rgm ngls, vm d ntr, “ntr”, ms nt rdca d plvr “ntwrk” (dspstvs lgds ntr s). Fz rfren m rede de computadores dispersos por todo o planeta que trocam dados e mensagens utilizando um protocolo comum, unindo usuários particulares, entidades de pesquisa, órgãos culturais, institutos militares, bibliotecas e empresas de toda envergadura, com uma significativa capacidade de transformação socioeconômica e cultural. A internet é um meio que oferece várias ferramentas que permitem a troca de informações (mensagens de texto, áudio, vídeo, imagens e/ou arquivos) entre duas ou mais pessoas que estejam em qualquer parte do mundo. Entre as principais ferramentas de comunicação oferecidas pela internet estão: • E-mail (correio eletrônico), ferramenta pela qual podemos nos comunicar com pessoas que estão em qualquer lugar do planeta através de um computador. Tem muitas vantagens, por exemplo, é um mecanismo que não requer a intervenção do transmissor e do receptor ao mesmo tempo; um usuário o envia quando considerar pertinente e o outro usuário o lê quando quiser, também não se limita a enviar apenas texto e é muito mais rápido do que enviar uma carta por meio do sistema postal. • Videoconferência, na sua forma mais básica, é a transmissão entre dois computadores separados fisicamente, a certa distância, com uma câmera e dispositivos de som, em cada computador. • Chat, a comunicação é feita em tempo real por meio de dois ou mais usuários onde eles podem compartilhar qualquer tipo de informação em questão de segundos. Uma das principais funções da internet, e a mais conhecida, é a busca de informações. A internet é usada como uma ferramenta para pesquisar e oferecer informações de todos os tipos: pode ser uma grande biblioteca universal, um meio para compartilhar todo tipo de informações, localizar endereços etc. Mas cuidado, não é bom acreditar em tudo que aparece na internet, qualquer pessoa pode incluir informações sobre qualquer assunto, independentemente da sua veracidade. Existem várias ferramentas para pesquisar informações na internet: • Motores de busca: por exemplo, Google, Yahoo, Bing etc.; • Motores de busca específicos: são os motores de busca que executam sua função somente em determinados tópicos. É o caso dos guias ou páginas amarelas, ou os motores de busca de restaurantes, teatros, notícias etc.; • Portais: são sites com uma infinidade de serviços (e-mail, notícias, grupos de discussão, ruas etc). O comércio eletrônico (e-commerce) é o conjunto de transações comerciais e financeiras realizadas por meio de processamento e transformação de informações, incluindo texto, som e imagem. Nessas negociações as partes envolvidas interagem eletronicamente e não como tradicionalmente o fazem, por meio de trocas físicas ou tratamento físico direto. Entre as vantagens mais importantes está a possibilidade de selecionar os melhores provedores sem se preocupar com a localização geográfica, podendo vender ou comprar globalmente um produto ou um serviço. O Entretenimento na internet tem crescido de uma forma surpreendente tornando-se a fonte de entretenimento favorita para milhões de pessoas ao redor do mundo. Há uma enorme quantidade de recursos oferecidos pela internet para recreação dos usuários: • Entretenimento musical: existe uma enorme variedade de sites que fornecem música on-line gratuita e venda de downloads de arquivos de música. • Vídeos: vídeos curtos ou filmes completos são a segunda forma mais comum de entretenimento na web. Há muitos sites que permitem que os usuários transfiram todos os tipos de filmes a baixo custo ou de modo gratuito. Esses sites estão essencialmente orientados a usuários com redes de navegação relativamente rápidas, capazes de permitir o download de qualquer arquivo de filme disponível. Essa é uma das maiores fontes de entretenimento para milhões de pessoas ao redor do mundo. • Jogos on/off-line (precisam ou não estar conectados): os jogos de computador são outra fonte importante de entretenimento na internet. Há muitos sites dedicados a fornecer plataformas para que os usuários possam entrar em qualquer tipo de jogos, incluindo jogos de estratégia, desafios mentais etc. Para se divertir não existem apenas jogos. Muitos se divertem lendo. Várias empresas de e-commerce disponibilizam para leitura até dois capítulos dos livros que vendem em seus sites. Existem também os e-books ou livros virtuais, criados para o público que prefere ler na tela do computador. Sem contar nos jornais que já tem a edição on-line como um prolongamento de sua edição normal. A incorporação das TICs no campo educacional permitiu incorporar e desenvolver novos modelos de educação a distância para fins de desenvolvimento profissional e de formação permanente. A utilização combinada de métodos pedagógicos e materiais de autoaprendizagem com o uso de diferentes tecnologias possibilita processos educacionais e de comunicação que implicam uma importante interação entre os agentes envolvidos no processo de ensino-aprendizagem. A internet oferece uma variedade de elementos de apoio ao trabalho de professores e alunos entre os quais podemos mencionar: www, correio eletrônico, listas de interesse, publicações eletrônicas, fóruns de discussão, entre outros. 5.2 Características da internet De acordo com Raaz(2010), em continuação, apresentam-se algumas características que definem a internet. • Universal: A internet abrange o mundo todo. De qualquer país é possível ver as informações geradas em outros países, enviar e-mails, transferir arquivos, comprar etc. • Econômica: Quanto custaria ir a diversas bibliotecas e revisar vários livros, ou visitar várias lojas para encontrar um produto? • Livre: Hoje, qualquer um pode colocar informação na internet sem censura prévia. Isso permite expressar livremente opiniões e decidir o que se aproveitar da internet. As pessoas se sentem mais livres e têm mais capacidade de reagir aos poderes estabelecidos. No entanto, facilita o uso negativo da rede. Por exemplo, a criação e dispersão de vírus de computador, comportamentos antissociais etc. • Anônima: Na internet, esconder a identidade, tanto para ler e quanto para escrever, é bastante simples. Esse recurso está diretamente relacionado com o item anterior, e o anonimato pode facilitar o uso gratuito da rede com tudo o que isso implica. Entendido de forma positiva o anonimato facilita a intimidade e a expressão de opiniões. Embora também facilite ações criminosas. • Autorreguladora: Quem decide como funciona a internet? Algo que tem tanto poder como a internet e que lida com tanto dinheiro não tem um proprietário pessoal. Não há pessoa ou país dono da internet. Nesse sentido, pode-se afirmar que a internet possui autorregulação ou autogestão. Brandão et al. (2009) fazem referência a quatro importantes características da internet que unidas fazem parte de um meio de comunicação diferente dos demais: • Velocidade: A internet permite que determinadas tarefas possam ser realizadas em um tempo infinitamente menor do que na vida real. Um exemplo é a possibilidade de publicações de notícias de forma quase simultânea aos acontecimentos (o que não acontece, por exemplo, com um jornal impresso, pois ele é editado apenas uma vez ao dia, enquanto os jornais on -line podem ser atualizados a todo momento) e até mesmo a possibilidade de acessar com maior facilidade e velocidade o material antigo produzido pelo jornal. • Hipertextualidade: As navegabilidades pelas páginas da internet ocorrem por meio dos hiperlinks, que permitem que se possa ir de uma página a outra. Por exemplo, na leitura de livros também ocorre a hipertextualidade (textualidade que funciona por associação, e não mais por sequências fixas) com as citações de outros livros, mas ela é bem mais lenta e complexa, pois é preciso recorrer aos outros livros. Na internet, o hipertexto é apresentado de forma bem mais simples, por meio dos links. A maioria das páginas da internet remete seus visitantes a outras páginas, por intermédio dos links. O Google utiliza desses hiperlinks para ampliar sua gama de resultados nas pesquisas. • Multimídia: Como o próprio nome já diz, é possível unir texto, imagem, som e vídeo, causando uma conversão única de meios. Um exemplo de interações de mídia é o fotolog.net, há também a questão da troca de arquivos de áudio, como é o caso dos podcasts, mp3 etc., antes exclusividades do aparelho de som. • Interatividade: A internet possibilita interatividade em tempo real, as pessoas podem entrar em contato de forma (quase) instantânea. Além disso, é possível interagir com os sites de diversas formas, como a possibilidade de se fazer comentários em blogs (ou até mesmo a troca de mensagens instantâneas, o que também poderia ser um exemplo da questão da velocidade). As mídias tradicionais sempre tiveram algum tipo de interação, como nas seções de cartas de jornais e TVs e nos telefonemas para programas de rádio. Mas, é no webjornalismo que a interação atinge seu ponto máximo, já que o leitor pode escolher vários caminhos para ler notícias, comentar e ver seus comentários publicados e à disposição de outros leitores, entre outras opções. • Personalização: A personalização de conteúdo, também denominada individualização, é a adaptação de um produto aos desejos ou preferências do usuário do site. O Google, ferramenta de busca na internet, permite ao leitor determinar que notícias ele quer que apareçam no site, a quantidade listada na página principal e até a cor do site. 5.3 Internet ameaçada e os desafios Em comemoração ao 28º aniversário dessa data, Sir Tim Berners-Lee, diretor da World Wide Web Foundation, reconhecido como o pai da internet, publicou uma carta aberta para abordar os três problemas que ele considera uma ameaça ao verdadeiro potencial da web como uma plataforma equitativa, capaz de beneficiar toda a humanidade (BERNERS-LEE, 2017). Pela importância das colocações de Sir Berners-Lee, em continuação apresentam-se as suas preocupações: Perdemos o controle sobre nossos dados pessoais O modelo vigente de negócios em muitos websites contempla oferecer conteúdo gratuito em troca de dados pessoais. Muitos de nós concordamos, e não fazemos questão que algumas informações sejam coletadas em troca de serviços gratuitos. No entanto, não percebemos a armadilha por trás disso. Quando nossos dados são armazenados em espaços particulares, longe do nosso alcance, perdemos o controle sobre o uso deles. Além disso, muitas vezes não temos meios de contactar as empresas sobre os dados que não queremos compartilhar – especialmente com terceiros. A coleta de dados por empresas apresenta outros impactos. Em colaboração – ou coerção – com empresas, os governos passam a observar todos os nossos movimentos on-line, e aprovam leis que violam nossos direitos à privacidade. Mesmo nos países em que acreditamos que os governos trabalham em prol de seus cidadãos, vigiar a todos o tempo todo está indo longe demais. Está se criando um efeito inibidor da liberdade de expressão que impede que a web seja usada como um espaço para lidar com assuntos relevantes, como questões de saúde, sexualidade ou religião. É muito fácil difundir desinformação na web Atualmente, boa parte das pessoas acessa notícias e informações na web por meio de alguns sites de mídias sociais e ferramentas de busca. Esses sites ganham dinheiro a cada clique que damos nos links que eles nos mostram. Mais ainda: eles escolhem o que irão nos mostrar com base em algoritmos que aprendem com os nossos dados pessoais. O resultado é que esses sites nos mostram conteúdos que rdtm q ns vms qrr “lr”. Iss rs lt n rpd dssmnca d dsnfrmca “ntis flss” (fake news), atraindo com títulos surpreendentes, chocantes, criados para apelar aos nossos preconceitos. Assim, pessoas com más intenções podem utilizar o sistema para disseminar desinformação que tenham ganhos financeiros ou políticos. Propaganda política online precisa de transparência A propaganda política on-line se tornou uma indústria muito sofisticada. O fato é que a maioria das pessoas acessa informação em algumas poucas plataformas, e a crescente sofisticação dos algoritmos que atuam sobre as bases de dados pessoais significa que campanhas políticas estão criando anúncios individuais, que se dirigem diretamente aos usuários. Uma fonte sugere que nas eleições de 2016 nos Estados Unidos, mais de 50 mil variações de anúncios foram lançadas diariamente no Facebook, uma situação quase impossível de se monitorar. Suspeita-se que alguns anúncios políticos estão sendo usados de maneira antiética para conduzir eleitores para sites de notícias falsas ou para manter pessoas longe das pesquisas eleitorais. Isso é democrático? Esses são problemas complexos, e as soluções não serão simples. Precisamos trabalhar junto com empresas da web para estabelecer um equilíbrio que coloque o controle dos dados individuais de volta às mãos das pessoas, incluindo o dsnvlvmnt d nvs tnlgs m “pds d dds” (pr mntr segurança dos dados pessoais), se for necessário,