Buscar

Noções gerais do Direito de Família

Prévia do material em texto

Noções gerais do Direito de Família
Prof. Gilberto Fachetti Silvestre
Descrição
Abordagem conceitual e prática dos requisitos mais importantes das
relações de parentesco e amparo de pessoas incapazes civilmente.
Propósito
Essa é uma das principais matérias das quais resultam demandas
discutidas em ações judiciais, sendo, portanto, um assunto de grande
viés prático e operabilidade para o exercício das profissões jurídicas.
Preparação
Tenha o Código Civil atualizado em mãos, pois você precisará consultá-
lo para compreender como é a disciplina jurídica da matéria.
Objetivos
Módulo 1
Princípios do Direito de Família,
�liação e relações de parentesco
Reconhecer os conceitos básicos de parentesco.
Módulo 2
Reconhecimento dos �lhos, guarda,
tutela e curatela
Analisar o reconhecimento dos filhos, poder familiar, guarda, tutela,
curatela e tomada de decisão apoiada.
Módulo 3
Adoção
Identificar as consequências da adoção de uma pessoa como filho.
Introdução
A filiação e o parentesco são instituições de maior importância
porque estão na base das entidades familiares e, como família
que são, constituem a célula da sociedade. Daí a importância de
compreender em detalhes como se dá a constituição do vínculo
entre pais e filhos e entre parentes e, também, quais suas
características, pois as consequências sociais e jurídicas que
podem advir dessas situações servem de campo fértil para o
desenvolvimento profissional do aluno em formação.
A filiação também pode resultar da adoção. Por esse motivo, este
instituto foi trabalhado demonstrando a relação de pai e filho
entre adotado e adotante e o vínculo que se cria entre o filho
adotado e os parentes do adotante.

Paralelamente a isso, filiação e parentesco implicam uma
consequência prática e alguns conceitos próprios e peculiares
que permitem melhor compreender como funcionam essas
entidades familiares e como problemas deles decorrentes devem
ser resolvidos.
Por fim, será apresentado o regime jurídico dos elementos
essenciais da filiação, do parentesco, da adoção, da guarda, da
tutela, da curatela e da tomada de decisão apoiada, de modo a
resumir e sistematizar as principais regras sobre a matéria.
1 - Princípios do Direito de Família, �liação e
relações de parentesco
Ao �m deste módulo, você será capaz de reconhecer os conceitos básicos
de parentesco.
Conceito de família
O que é família?
O Direito de Família é um conjunto de normas jurídicas (regras e
princípios) que rege as relações familiares, ou seja, o vínculo (e suas as
consequências) entre pessoas de uma mesma família.
Entende-se por família um vínculo de vida comum, em que todos os
membros se relacionam afetivamente para alcançar objetivos comuns,
patrimoniais ou não. Assim, a família é vista como um ambiente de
convivência afetiva, fundada em relações consanguíneas ou de outros
tipos.
O Direito brasileiro reconhece a existência de três tipos de famílias:
Família matrimonial
Resultante do casamento.
Família convivencial
Resultante da união estável.
Família monoparental
Resultante do vínculo entre ascendente e descendente.
Casamento e união estável não se fundamentam mais na diversidade de
sexos, ou seja, não são exclusivos de um homem com uma mulher.
Admite-se a família homoafetiva, constituída a partir do casamento
entre pessoas do mesmo sexo.
Observe que a família, hoje, é definida para além do que
tradicionalmente foi considerada, fortalecendo o aspecto afetivo que
leva à sua formação e manutenção.
Princípios do Direito de
Família
Princípios do Direito de
Família na prática
Confira agora os princípios do Direito de Família, trazendo exemplos de
sua aplicação prática.
O Direito de Família se fundamenta nos seguintes valores essenciais:
É um princípio que rege toda e qualquer situação vivenciada por
uma pessoa, não sendo específico do Direito de Família. Esse
princípio exige que o respeito ao próximo quanto aos aspectos
essenciais de sua personalidade: físico, psicológico, espiritual,
moral e intelectual. Fala-se, assim, em um dever de
incolumidade, para que a pessoa não seja lesada nesses

Dignidade humana 
aspectos fundamentais. Por esse princípio, não só os familiares
devem respeitar a dignidade de seus parentes, mas também
terceiros (como o Estado) devem garantir a integridade das
pessoas de uma família. Assim, por exemplo: um idoso (avô) não
pode ser maltratado por seus parentes; um filho não pode ser
abandonado afetivamente pelo seu pai; os cônjuges devem se
respeitar mutuamente, sem agressões físicas e psicológicas; a
criança não pode ser submetida a castigos severos.
A família, hoje, não é mais vista como um núcleo produtivo
econômico, um ambiente de trabalho e crescimento patrimonial
ou uma relação para procriar. A família é um ambiente de afeto
em que os familiares colaboram mutuamente para a realização
dos objetivos lícitos de cada um. Pela afetividade, não
necessariamente se fala em amor, mas em empatia, boa
convivência, atenção e sinergia. Segundo o Superior Tribunal de
Justiça (STJ), a ausência desse elemento na relação entre pai e
filho é considerada “abandono afetivo”, o que é causa de dano
moral.
Como consequência da afetividade, os familiares devem ser
solidários entre si, ou seja, um colaborar para o bem e o
crescimento do outro. Observe que não é somente entre
cônjuges e companheiros, mas entre todos os familiares.
Significa que os familiares devem construir um ambiente de
reciprocidade e cooperação.
É uma exigência de que os familiares sejam honestos entre si
nos assuntos comuns da família, ou seja, os familiares devem
agir com lealdade.
Afetividade 
Solidariedade 
Boa-fé objetiva 
Função social da família 
Existe um interesse social sobre a família, pois ela é o primeiro
ambiente de formação da pessoa que se integrará à sociedade e
será um futuro cidadão. Por isso, se diz que a família é a “célula
da sociedade”, porque é o primeiro espaço de convivência da
pessoa, o que influenciará sobre como o sujeito conviverá na
sociedade. Assim, existem situações em que o Estado interfere
na família, visando justamente ajustar essa “célula da
sociedade”. Exemplos: obrigar os pais a matricular e enviar filhos
à escola; cuidado com idosos; medidas para coibir a violência
doméstica.
Sendo a família a “célula da sociedade”, os pais devem garantir a
melhor criação de seus filhos, para que sejam bons e
responsáveis futuros cidadãos.
Aqui, não intervenção não significa que o Estado não pode,
absolutamente, interferir nas famílias. A administração e as
relações familiares são livremente ajustadas entre os parentes,
mas se ilegalidades ocorrerem, o Estado pode sim intervir. Por
exemplo: os pais não têm a liberdade de não colocar seu filho na
escola; por isso, o Estado (por meio do Conselho Tutelar ou do
Ministério Público) poderá intervir para que tal criança seja posta
na escola. Então, a família é livre para administrar seu dia a dia,
desde que não descumpra normas essenciais.
A decisão de ter filhos e quantos compete aos cônjuges e aos
companheiros, sendo proibida a intromissão do Estado quanto a
estas decisões. O Estado também não pode gerir a vida
patrimonial do casal. Enfim, o Estado não pode decidir sobre
como será a vida familiar, exceto se verificar alguma ilegalidade
nas decisões dos cônjuges e dos companheiros.
Paternidade/maternidade responsável 
Liberdade (autonomia) ou não intervenção estatal 
Planejamento familiar 
Até antes da Constituição da República de 1988, somente se
considerava família aquela que resultasse do casamento, ou
seja, para que uma união entre homem e mulher e seus filhos
fosse considerada família, homem e mulher deviam se casar. As
outras uniões não eram consideradas famílias para fins jurídicos
e, por isso, não recebiam tutela estatal. Com a Constituição, não
só o casamento gerava uma família, mas também a união
estável e a relação monoparental. Com o reconhecimento da
união estável e docasamento homoafetivo houve um
fortalecimento da ideia de existência de vários tipos de família.
Entre os cônjuges e os companheiros deve existir uma relação
tal de fidelidade em que é proibido que eles constituam uma
segunda família com possível amante. No casamento e na união
estável deve existir exclusividade de cônjuges e companheiros. É
proibida a constituição de duas ou mais famílias paralelas.
Cônjuges e companheiros são iguais em poderes para chefiar e
administrar a família, diferentemente do que ocorria antes da
Constituição da República de 1988, em que somente o marido-
pai tinha poderes de decisão, cabendo à esposa e aos filhos a
submissão à chefia marital.
Como consequência da primazia do homem na chefia do lar,
existia o chamado pátrio poder (pátrio de “pai”). Hoje em dia,
como consequência da igualdade jurídica dos cônjuges e
companheiros, fala-se em poder familiar, revelando que tal poder
de administração é comum a ambos os cônjuges e os
companheiros. Esse princípio significa, também, que ambos
Pluralismo familiar 
Monogamia 
Igualdade dos cônjuges e companheiros 
Igualdade na chefia familiar 
devem contribuir para o sustento do lar, dentro das suas
capacidades pessoais e patrimoniais.
Também antes da Constituição da República de 1988, os filhos
eram tratados de modo diferenciado e discriminado, inclusive no
momento de partilhar a herança. Eram filhos legítimos e
recebiam tratamento privilegiado aqueles que nasciam do
casamento. Filhos havidos fora do casamento ou de uma união
estável eram considerados “ilegítimos” (por vezes chamados de
“bastardos”, nomenclatura atualmente proibida) e recebiam um
tratamento excepcional e discriminatório. Também os filhos
adotivos recebiam tratamento diferenciado, inferior aos “filhos de
sangue” (legítimos). Atualmente, as diferenças de tratamento
não existem mais. Todos os filhos, decorrentes ou não de um
casamento, terão os mesmos direitos.
Filho menor é a criança e o adolescente, ou seja, os menores de
18 anos. Esse princípio impõe à família o dever de assegurar à
criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o
direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade
e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo
de toda forma de negligência, discriminação, exploração,
violência, crueldade e opressão (art. 227 da Constituição da
República).
Observe que a afetividade (cuidado recíproco) e o cuidado com os filhos
menores são um verdadeiro resumo de todos esses princípios.
Filiação
Filiação, na linguagem jurídica, é a relação de ascendência e
descendência direta entre duas pessoas. Significa que alguém é pai ou
mãe de um filho. Trata-se de uma relação, ou seja, um vínculo jurídico,
Igualdade dos filhos 
Melhor interesse do menor 
além de moral. Esse vínculo não necessariamente se baseia na
consanguinidade, pois pode decorrer de outros fatores, como a adoção
e a afetividade, conforme o art. 1.593 do Código Civil: “O parentesco é
natural ou civil, conforme resulte de consanguinidade ou outra origem”.
Desde a Constituição da República de 1988, não existe mais diferença
de tratamento entre os filhos havidos no casamento e os filhos havidos
fora do casamento ou adotados. Hoje, todos são iguais, têm os mesmos
direitos e recebem o mesmo tratamento.
No caso da maternidade, existe o princípio do mater semper certa est, ou
seja, a mãe é sempre a mulher que deu à luz, embora hoje as técnicas
de reprodução assistida tenham abalado tal conclusão.
Quanto à paternidade, existem duas maneiras de ser reconhecida:
Mesmo não havendo qualquer distinção entre filhos, existem tipos
diferentes quanto à origem da filiação. Assim, tem-se:
 Voluntariamente
O próprio pai reconhece que uma pessoa é seu
filho(a). Isso pode acontecer no ato de registro do
nascimento ou posteriormente, por meio de
escritura (pública ou particular) ou testamento.
 Judicialmente
Ocorre em uma ação de reconhecimento de
paternidade. Trata-se de uma investigação para
averiguar se existe ou não a consanguinidade entre
um possível pai e um passível filho. Se um exame
de DNA, por exemplo, comprovar a paternidade, o
juiz determinará que conste no registro no filho o
nome do pai.
 Filiação consanguínea
Quando existe o vínculo biológico entre pais e
filhos.
Relações de parentesco
O parentesco é uma relação jurídica baseada em um ancestral em
comum, ou seja, é um vínculo entre pessoas que descendem de um
mesmo tronco.
Existem duas linhas de parentesco:
Linha reta
De acordo com o art. 1.591 do Código Civil, são parentes em linha reta
as pessoas que estão umas para com as outras na relação de
ascendentes e descendentes. Assim, o parentesco em linha reta é
aquele entre ascendestes e descendentes. Exemplo: bisavô, avô, pai,
filho, neto, bisneto etc.
Linha colateral
De acordo com o art. 1.592 do Código Civil, são parentes, em linha
colateral ou transversal, as pessoas provenientes de um só tronco, sem
 Filiação civil ou adotiva
Quando os pais adotam alguém como filho. Não há,
necessariamente, exigências de idade (por
exemplo, que o adotado seja criança), bastando que
exista uma diferença de 16 anos entre adotante e
adotado.
 Filiação socioafetiva
Quando é constituído um forte vínculo afetivo entre
alguém e uma pessoa que criou este alguém.
Ocorre, na maioria das vezes, entre
padrastos/madrastas e enteados.
descenderem uma da outra. Aqui, o parentesco é determinado porque
esses parentes têm um ascendente comum. Exemplo: irmão, sobrinho,
tio, primo, “tio-avô” etc.
Se compararmos o parentesco a uma árvore, o tronco seria o
parentesco em linha reta e os galhos o parentesco na linha colateral.
De acordo com o art. 1.593, o parentesco é natural ou civil, conforme
resulte de consanguinidade ou outra origem. Logo, existem três tipos de
relações de parentesco:
Parentesco consanguíneo ou natural
Quando existe o vínculo biológico, ou seja, o parentesco baseado no
sangue. Aqui, os parentes descendem geneticamente de um ancestral
comum.
Parentesco por a�nidade
Quando se constitui um casamento ou uma união estável, o cônjuge e o
companheiro se tornam parentes dos parentes do seu cônjuge ou
companheiro. Exemplo: sogro, cunhado.
Parentesco civil
Chamado de “parentesco de outra origem” é todo vínculo que não é
parentesco consanguíneo ou por afinidade. Exemplos: adoção e
paternidade socioafetiva.
Dentro do parentesco, existem graus de proximidade e de distância
usados para determinar o número de gerações. Esse dado é relevante
para fins de fixação de alimentos e de sucessão legítima. Por exemplo,
no caso de herança: entre os descendentes, os em grau mais próximo
excluem os mais remotos; na classe dos ascendentes, o grau mais
próximo exclui o mais remoto; se não houver cônjuge sobrevivente,
serão chamados a suceder os colaterais até o 4º grau. Daí a importância
de saber qual o grau de proximidade entre os parentes.
Para calcular o grau de parentesco entre dois parentes, deve-se:
 Encontrar o ascendente comum
Veja o grau de parentesco entre pais e filhos: para descobrir qual o grau
de parentesco do filho para com seu pai:
Parentesco de 1º grau.
Veja, agora como determinar o grau de parentesco entre avós e netos.
Observe que entre avô e neto existe uma geração intermediária (o pai do
neto/filho do avô). Essa geração intermediária computará no cálculo do
grau:
Parentesco de 2º grau.
Veja, agora, como calcular o grau de parentesco entre primos: toma-se o
parente comum entre ambos, qual seja, o avô; colocam-se as gerações
intermediárias (pai e tio); colocam-se os primos em posição de
 Colocar as gerações entre o parente
comum e o parente que se quer
determinar o grau
 Contar as gerações; cada geração
corresponde a um grau
descendência na geração intermediária; conta-se a geração. Pronto:
primos são parentes de 4º grau. Inclusive, é possível perceberque entre
tios e sobrinhos o parentesco é de 3º grau. Veja a imagem:
Parentesco de 3º e 4º graus.
Veja, agora, o cálculo dos graus entre parentes distantes:
Vários graus de parentesco.
O parentesco na linha reta (ascendentes e descendentes) é infinito e
ilimitado; já na linha colateral, o parentesco irá somente até o 4º grau
(primos). Isso tem um efeito na herança, pois, de acordo com o art.
1.839, se não houver ascendestes, descendentes e cônjuge ou
companheiro sobrevivente, serão chamados a suceder os colaterais até
o 4º grau.
No caso do parentesco civil (adoção), aplicam-se as mesmas regras dos
graus de parentesco consanguíneo, afinal, a adoção incorpora a pessoa
à família como se fosse filho de sangue, sem discriminação. Já no caso
do parentesco por afinidade, quando cada cônjuge ou companheiro é
vinculado aos parentes do outro, ele se limita aos ascendentes, aos
descendentes e aos irmãos do cônjuge ou companheiro. Ou seja, não
atinge tios e primos.
Com o fim da união estável ou do casamento (por morte, dissolução ou
divórcio), o parentesco por afinidade na linha colateral (cunhados) é
extinto; na linha reta, porém, a afinidade não se extingue, ou seja, não
existe “ex-sogra” e “ex-enteado” (§ 2º do art. 1.595 do Código Civil).
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
É um princípio do Direito de Família:
Parabéns! A alternativa E está correta.
Hodiernamente, a família não é mais vista como núcleo de
produção econômica, ambiente de trabalho, criação hereditária ou
relações reprodutivas. A família é um ambiente afetivo no qual os
membros da família cooperam uns com os outros para alcançar
seus respectivos objetivos legítimos. Por meio da emoção não se
trata necessariamente de amor; trata-se de empatia, boa
convivência, atenção e sinergia.
Questão 2
João é filho de Maria, que é irmã de Pedro, que tem um neto
chamado José. Entre João e José existe um parentesco de:
A pluriparentalidade.
B poligamia.
C melhor interesse dos pais.
D pátrio poder.
E afetividade.
Parabéns! A alternativa C está correta.
Basta seguir a seguir a regra do ancestral comum: João – Maria –
Pai de Maria – Pedro (tio de João) – Filho de Pedro (pai de José) –
José. Cada travessão (“–”) é um grau de parentesco. Mas, lembre-
se: de acordo com o art. 1.592, são parentes em linha colateral ou
transversal, até o quarto grau. Assim, nesse exercício, juridicamente
falando, João e José não são parentes.
2 - Reconhecimento dos �lhos, guarda, tutela e
curatela
A 3º grau.
B 4º grau.
C 5º grau.
D 6º grau.
E 7º grau.
Ao �m deste módulo, você será capaz de analisar o reconhecimento dos
�lhos, poder familiar, guarda, tutela, curatela e tomada de decisão apoiada.
Reconhecimento dos �lhos
Reconhecimento dos �lhos e
suas espécies
Confira agora o que é o reconhecimento de filho, assim como sobre as
espécies de reconhecimento.
Reconhecimento de filho é o ato no qual um homem reconhece ser pai
de uma pessoa ou, então, uma mulher reconhece ser mãe de uma
pessoa. Geralmente, ocorre nos casos de nascimento de filhos fora do
casamento. É mais comum na hipótese de homem reconhecer
paternidade sobre um filho, mas também pode ocorrer com mães.
Existem quatro tipos de reconhecimento de filhos:

 Por registro do nascimento
Quando pai e mãe, voluntariamente, se dirigem ao
Cartório de Registro da Pessoa Natural para
declarar o nascimento do filho e se declaram pais
da criança para constar no registro.
 Por presunção
Existe a presunção mater semper certa est, pela
qual mãe é aquela que gestou a criança e deu à luz,
ã t i t l l õ
O reconhecimento de um filho pode ser feito nos seguintes momentos:
e a presunção pater is est, pela qual pressupõem-se
que o pai da criança é o marido ou o companheiro
da mãe.
 Por ato voluntário
Quando o pai ou mãe, por meio de um documento
(escritura pública, documento particular ou
testamento), declaram que reconhecem que
determinada pessoa é seu filho. Quanto a esta
hipótese, salienta-se que o filho havido fora do
casamento ou da união estável, reconhecido por
um dos cônjuges ou companheiros, não poderá
residir no lar do casal sem o consentimento do
outro cônjuge ou companheiro. Qualquer pessoa
que tenha um interesse legítimo pode,
judicialmente, tentar revogar este reconhecimento
paternidade ou maternidade.
 Por sentença judicial
Quando há resistência do pai ou da mãe em
reconhecer que alguém é seu filho e este propõe
uma ação judicial na qual, se houver prova do
vínculo genético, haverá a declaração em sentença
da existência do vínculo de filiação e paternidade.
Nesses casos, a sentença que julgar procedente a
ação de investigação produzirá os mesmos efeitos
do reconhecimento. Qualquer pessoa que tenha um
interesse legítimo pode contestar a ação de
investigação de paternidade ou maternidade. Em
exemplo: um filho havido no casamento pode
contestar a ação proposta por um suposto filho
originado de caso extraconjugal; neste caso, um
interesse que ele pode ter é quanto à herança.
antes do nascimento do filho;
durante a vida do filho;
posteriormente ao falecimento do filho, somente se ele deixar
descendentes.
E quanto ao filho reconhecido, qual seu papel nesse processo? Existem
duas respostas, dependendo da idade do filho:
Filho maior de idade
Não pode ser reconhecido sem o seu consentimento.
Filho menor de idade
Seu consentimento é irrelevante, porém pode rejeitar o
reconhecimento nos quatro anos que se seguirem à sua
maioridade ou à sua emancipação.
Quanto ao reconhecimento, prevalece o princípio da irrevogabilidade,
pelo qual o reconhecimento não pode ser revogado, nem mesmo por
testamento. Somente judicialmente é que se pode anular o
reconhecimento se comprovado erro, ou seja, que o filho reconhecido
não é filho biológico daquele que o reconheceu. Mas, veja,
irrevogabilidade é a proibição de voltar atrás no ato que reconheceu
alguém como filho. Isso não impede, porém, uma anulação do ato de
reconhecimento, caso se comprove que o pai que reconheceu foi
induzido ao erro ou praticou alguma fraude.
Poder familiar
Poder familiar é o poder-dever que os pais têm de gerir a vida dos filhos
menores de 18 anos. Fala-se em poder-dever porque os pais devem
exercer esse poder, nas melhores condições para a vida do menor. Daí
porque hoje a doutrina tem preferido se referir a este poder como
“autoridade parental”. Assim, os pais têm direito de gerir a vida dos
filhos menores, mas, ao mesmo tempo, têm o dever de exercer esses
direitos.
O poder familiar é exercido igualmente entre os pais, caso sejam ambos
vivos. Se um é morto, o outro genitor exercerá sozinho tal poder. Assim,
conforme o art. 1.631 do Código Civil, durante o casamento e a união
estável, compete o poder familiar aos pais; na falta ou impedimento de
um deles, o outro o exercerá com exclusividade.
Comentário
Não confunda poder familiar e guarda. O fato de um dos pais ter a
guarda não retira o poder familiar do outro genitor. Mesmo não tendo a
guarda, ele permanece tendo poderes de decidir a vida do filho,
obviamente que em conjunto com o outro genitor.
O art. 1.634 do Código Civil traz a abrangência do poder familiar, ou seja,
sobre quais circunstâncias da vida do menor incide o poder familiar.
Tais circunstâncias da vida são:
criação e a educação;
exigir obediência, respeito e os serviços próprios de sua idade e
condição;
guarda (unilateral ou compartilhada);
conceder ou negar o consentimento para:
- casamento;
- viagem ao exterior;
- mudança de residência permanente para outro município;
nomear tutor por testamento ou documento autêntico (Obs.:
somente se o outro dos pais não lhe sobreviver, ou o sobrevivo não
puder exercer o poder familiar);
representação judicial e extrajudicialmente até os 16 (dezesseis)
anos, nos atos da vida civil;
assistência, dos 16 aos 18 anos, nos atos em que o menor for
parte, suprindo-lhe o consentimento;
reclamá-los de quemilegalmente os detenha.
Quando houver divergência entre os pais quanto às decisões inerentes
ao poder familiar, qualquer dos pais poderá recorrer ao juiz para a
solução do desacordo. Nesse caso, o juiz decidirá qual dos pais tem
razão (parágrafo único do art. 1.631 do Código Civil).
O poder familiar será extinto para os pais nas seguintes hipóteses:
morte de ambos os pais ou do filho;
emancipação do filho maior de 16 anos (parágrafo único do art. 5º
do Código Civil);
maioridade do filho (18 anos);
adoção (Obs.: aqui, será extinto o poder familiar para os pais
biológicos, mas será criado o poder familiar para os pais adotivos);
perda determinada por decisão judicial, nos casos de:
- castigo imoderado contra o filho;
- abandono;
- prática de atos contrários à moral e aos bons costumes;
- entrega irregular do filho a terceiros para fins de adoção;
- praticar contra o outro titular do poder familiar:
homicídio, feminicídio ou lesão corporal de natureza grave ou
seguida de morte; e
estupro ou outro crime contra a dignidade sexual;
- praticar contra filho, filha ou outro descendente:
homicídio, feminicídio ou lesão corporal de natureza grave ou
seguida de morte;
estupro, estupro de vulnerável ou outro crime contra a
dignidade sexual.
Existem, ainda, hipóteses de suspensão do poder familiar. As hipóteses
anteriores são de extinção de pleno direito. As seguintes hipóteses são
de suspensão, ou seja, o poder não se extingue, mas os pais não
poderão exercê-lo. Pode o juiz, posteriormente, revogar a suspensão e
os pais poderão voltar a exercê-lo, ou, então, o juiz pode determinar a
extinção definitiva do poder. O poder familiar será suspenso quando:
os pais faltarem com os deveres a eles inerentes;
abuso de autoridade pelo pai ou pela mãe ou por ambos;
os pais arruinarem os bens dos filhos, mal administrando o
patrimônio;
o pai ou a mãe são condenados com trânsito em julgado, por
crime cuja pena exceda a dois anos de prisão (Obs.: com a soltura,
o poder familiar é restaurado);
Guarda
Características gerais
A guarda tem a ver com a proteção da pessoa dos filhos, ou seja, é a
função que alguém exerce de cuidas de um menor de idade em seus
cuidados pessoais.
A guarda pode ser exercida por:
 Ambos os pais
 Um parente (por exemplo, um avô)
 Um dos genitores (o outro genitor
não existe ou existe, mas o juiz não
concedeu a guarda)
O genitor que não tem a guarda do filho terá o direito de visita, ou seja,
poderá visitá-lo e tê-lo em sua companhia, seguindo acordo feito com o
outro cônjuge ou segundo o que for fixado pelo juiz.
Esse direito de visita, contudo, também se estende aos avós, sejam
estes os pais do genitor que não tem a guarda, sejam os pais daquele
que tem a guarda. Ou seja, tanto os avós paternos quanto os maternos
têm esse direito, independentemente de qual dos genitores ou outra
pessoa esteja com a guarda. Veja o parágrafo único do art. 1.589 do
Código Civil: “O direito de visita estende-se a qualquer dos avós, a
critério do juiz, observados os interesses da criança ou do adolescente”.
O genitor que não tem a guarda também tem o direito de fiscalizar como
ocorre a criação e a educação do filho. Isso ocorre porque o genitor que
não tem a guarda mantém o poder familiar sobre o filho, ou seja,
continua tendo o direito de tomar decisões quanto ao filho e gerir a vida
do filho.
O pai que não tem a guarda tem o dever de
continuar a exercer seu poder familiar, exceto
se o perder ou o tiver suspenso
Assim, nesses casos, o pai ou a mãe que não tenham a guarda são
obrigados a supervisionar os interesses dos filhos. Para possibilitar tal
supervisão, qualquer dos genitores sempre será parte legítima para
solicitar informações e prestação de contas, objetivas ou subjetivas, em
assuntos ou situações que direta ou indiretamente afetem a saúde
física e psicológica e a educação de seus filhos.
Espécies de guarda
A guarda pode ser de dois tipos (art. 1.583 do Código Civil):
 O tutor (para casos de menores
cujos pais faleceram ou foram
destituídos do poder familiar)
 Guarda unilateral
A d d é t ib íd ó d
A guarda pode ser estabelecida:
A guarda do menor é atribuída a um só dos
genitores ou a alguém que o substitua. O substituto,
que pode ser outro parente ou um terceiro, faz-se
necessário quando o juiz verificar que o filho não
deve permanecer sob a guarda do pai ou da mãe.
Nesse caso, o juiz concederá a guarda a outra
pessoa, preferencialmente a quem revele
compatibilidade com o exercício da guarda,
considerados, de preferência, o grau de parentesco
e as relações de afinidade e afetividade.
 Guarda bilateral
A responsabilidade de criar o filho é conjunta do pai
e da mãe que não vivam sob o mesmo teto. Ambos
exercem os direitos e os deveres, concernentes à
criação dos filhos comuns. Portanto, o tempo de
convívio com os filhos deve ser dividido de forma
equilibrada com a mãe e com o pai, sempre tendo
em vista as condições fáticas e os interesses dos
filhos. A guarda compartilhada deve ser estimulada
pelo juiz em audiência, na ação que discute a
guarda. Assim, na audiência de conciliação, o juiz
informará aos genitores:
o significado da guarda compartilhada e a sua
importância;
a semelhança e a reciprocidade de deveres e
direitos atribuídos aos genitores;
as sanções pelo descumprimento das
cláusulas da guarda.
Esta modalidade de guarda é a regra, ou seja, deve-
se tentar de todos os modos.
 Consensualmente
Os genitores, voluntariamente, na ação de divórcio
ou de dissolução de união estável ou, ainda, em
did t l t d t ti
Comentário
É um mito achar que a mãe tem pleno direito à guarda quando de um
divórcio ou de uma dissolução de união estável. Essa preferência não
mais existe. O juiz defere a guarda em favor do genitor que tem
melhores condições de cuidar do filho, ou seja, o critério é o melhor
interesse do menor.
De acordo com o art. 1.588 do Código Civil, se o pai ou a mãe que tem a
guarda se casar novamente ou constituir nova união estável não perderá
o direito de ter os filhos consigo. Porém, poderá ser destituído da guarda
e ter o filho retirado do seu poder se for provado que o menor não é
tratado adequadamente. Neste caso, a perda somente ocorrerá por
ordem judicial.
Tutela, curatela e tomada de
decisão apoiada
A incapacidade e sua superação
medida cautelar, entram em acordo quanto ao tipo
de guarda que será exercida (unilateral ou bilateral)
ou quem terá a guarda unilateral. Contudo, esse
acordo precisa ser fiscalizado e homologado pelo
juiz, que pode desconsiderá-lo se perceber que o
acordo não atende ao melhor interesse do menor.
 Judicialmente
Cabe ao juiz fixar o tipo de guarda que será exercida
(unilateral ou bilateral) ou quem terá a guarda
unilateral. Essa decisão é tomada em uma ação de
guarda ou, então, na ação de divórcio ou de
dissolução de união estável ou, ainda, em medida
cautelar. O juiz decide de acordo com o que
considera ser o melhor para o filho,
independentemente da vontade dos pais.
A tutela e a curatela são formas de amparo às pessoas absoluta ou
relativamente incapazes (art. 3º e art. 4º do Código Civil).
A tomada de decisão apoiada, por sua vez, é um amparo às pessoas
com deficiência (especialmente aquelas com deficiência mental ou
intelectual), uma vez que o Estado da Pessoa com Deficiência
determinou que ninguém pode ser considerado relativa ou
absolutamente incapaz por causa de deficiência. As incapacidades,
após o Estatuto da Pessoa com Deficiência, são:
INCAPACIDADE
ABSOLUTA
INCAPACIDADES RELATIVAS
Art. 3º do Código Civil Art. 4º do Código Civil
• Menores de 16 anos
de idade.
• Os maiores de 16 anos e 18 anos
de idade;
• Os ébrios habituais (alcoolizados);
• Os viciados em tóxico;
• Aqueles que, por causa transitória
ou permanente, não puderem
exprimir sua vontade;
• Os pródigos.
Tabela: Incapacidades no Brasil.
Gilberto Fachetti Silvestre.
Para suprir essas incapacidades e representar ou assistiro incapaz,
existem as figuras da tutela e da curatela. Elas caberão nas seguintes
hipóteses:
Tutela
Se dá para menores de 18 anos que não têm pais, seja porque os pais
morreram, seja porque são desconhecidos, ou seja porque os pais foram
destituídos do poder familiar.
Curatela
Aplica-se para relativamente incapazes maiores de 18 anos, ou seja, que
foram interditados por causa de algumas das causas do art. 4º do
Código Civil.
Existe, ainda, no art. 84 do Estatuto da Pessoa com Deficiência, uma
curatela excepcional da pessoa com deficiência, especialmente aquela
com deficiência mental ou intelectual. Nessa curatela da pessoa com
deficiência, não há interdição por incapacidade absoluta ou relativa e o
modelo de proteção do curatelado é exclusivamente patrimonial e não
atinge a capacidade da pessoa com deficiência de decidir sobre
questões que envolvam os direitos existenciais (ex.: casar, constituir
união estável, divorciar, reconhecer filho etc.).
Assim, a curatela do art. 84 do Estatuto da Pessoa com Deficiência é
diferente da curatela tradicional dos arts. 1.767 a 1.783 do Código Civil e
dos arts. 747 a 763 do Código de Processo Civil.
Tutela
A tutela no Direito de Família
A tutela é um modo de amparar o menor de 18 anos que não está
submetido ao poder familiar. Assim, a tutela substitui o poder familiar.
Crianças e adolescentes cujos pais forem desconhecidos, falecidos ou
que tiverem sido suspensos ou destituídos do poder familiar terão, a
critério do juiz:
tutores nomeados pelo juiz; ou
serão incluídos em programa de colocação familiar previsto no
Estatuto da Criança e do Adolescente.
Os pais podem nomear um tutor para o filho por meio de testamento. Se
no testamento forem nomeados mais de um tutor, aquele cujo nome
aparece primeiro será o tutor, exceto se o testamento indicar uma ordem
de preferência. Se este falecer ou não puder exercer a tutela, o segundo
nome será o novo tutor. Se não houver um tutor nomeado, a tutela
caberá aos parentes consanguíneos do menor, na seguinte ordem:
Aos ascendentes,
preferindo o de grau
mais próximo ao mais
remoto. São
ascendentes os avós,
os bisavós, os trisavós.
Aos colaterais até o
terceiro grau, preferindo
os mais próximos aos
mais remotos, e, no
mesmo grau, os mais
velhos aos mais novos.
Para fins de tutela, o
ascendente de grau
mais próximo tem
preferência em relação
aos de grau mais
remoto. Por exemplo: o
avô tem preferência
para exercer a tutela em
relação ao bisavô e este
tem preferência em
relação ao trisavô.
Por exemplo: um irmão
tem preferência em
relação a um tio e um
irmão mais velho tem
preferência em relação
a um irmão mais novo.
Seja como for, o juiz deve escolher entre os parentes aquele que for o
mais apto a exercer a tutela em benefício do menor, conforme art. 1.737:
“Quem não for parente do menor não poderá ser obrigado a aceitar a
tutela, se houver no lugar parente idôneo, consanguíneo ou afim, em
condições de exercê-la”.
E se não houver tutor nomeado em testamento ou se o menor não tem
parentes que possam exercer a tutela? Nesse caso, o juiz deverá
nomear um terceiro para ser tutor.
Saiba mais
Em se tratando de irmãos menores que ficaram órfãos, deve-se nomear
o mesmo tutor para todos eles, para que não sejam criados
separadamente.
A tutela tem prazo de dois anos, mas pode o mesmo tutor continuar no
exercício da tutela após esse prazo, se o juiz julgar conveniente ao
menor.
É possível que a tutela seja atribuída a uma pessoa e a guarda do menor
a outra pessoa. Nesse caso, o guardião cuida da criação pessoal e cuida
da pessoa do menor, enquanto o tutor se responsabiliza por cuidar dos
assuntos patrimoniais do menor.
Não podem ser tutores:
pessoas que não podem administrar nem seus próprios bens (ex.:
pessoas interditadas);
aqueles que, no momento do deferimento da tutela:
têm obrigação para com o menor (ex.: devem pensão
alimentícia);
tiverem direitos contra o menor e precisam cobrar (ex.: o
menor tem dívidas para aquele que poderia ser tutor);

têm pais, filhos ou cônjuge com demanda contra o menor
(ex.: o filho daquele que seria tutor está processando o
menor);
inimigos do menor ou de seus pais, ou que tiverem sido por estes
expressamente excluídos da tutela;
condenados por crime de furto, roubo, estelionato, falsidade,
contra a família ou os costumes, tenham ou não cumprido pena;
pessoas de mau procedimento ou falhas em probidade;
pessoas culpadas de abuso em tutorias anteriores;
aqueles que exercerem função pública incompatível com a boa
administração da tutela (ex.: diplomata que deve habitar em outros
países).
Caso um tutor tenha sido nomeado e se enquadra ou passa a se
enquadrar nessas hipóteses de impedimento, deverá ser exonerado da
tutela.
A nomeação de parente para a tutela não pode ser recusada pelo tutor.
Existem, porém, exceções, em que o tutor nomeado pode, se desejar,
escusar-se da tutela. São as seguintes hipóteses:
mulher casada;
idoso, ou seja, os maiores de 60 anos;
aquele que tem mais de três filhos sob sua autoridade;
aquele que tem enfermidade que prejudica o exercício da tutela;
quem habitar longe do lugar onde deve ser exercida a tutela;
aquele que já exercer tutela ou curatela de outra pessoa;
militar em serviço.
A tutela será extinta nas seguintes hipóteses:
maioridade do tutelado;
emancipação do menor;
restabelecimento do poder familiar dos pais do menor;
adoção do tutelado;
reconhecimento de paternidade ou maternidade.
Atenção!
Não confunda extinção da tutela com extinção da condição de tutor. Na
primeira, não haverá mais tutela; e na segunda, a tutela continua, porém
com outro tutor.
Cessam as funções do tutor quando:
expirar o termo de tutela, ou seja, foi cumprido o prazo de dois
anos e não houve renovação da função;
sobrevir escusa legítima, isto é, passam a existir situações que o
impedem de ser tutor;
for removido ou destituído, o que acontece quando for negligente,
prevaricador ou incapaz.
Um tutor tem os seguintes poderes e deveres em relação ao menor no
exercício da tutela:
defender o menor;
receber as rendas e pensões do menor;
receber as dívidas a que o menor tem direito;
alienar os bens do menor que devem ser vendidos;
prestar alimentos, conforme suas condições financeiras;
assistir o menor entre 16 anos e 18 anos nos atos em que for
parte;
representar o menor nos atos da vida civil até que complete 16
anos;
receber remuneração proporcional à importância dos bens
administrados;
indenizar os prejuízos que, por culpa (sem intenção) ou dolo (com
intenção), causar ao tutelado;
promover, mediante preço justo, o arrendamento de bens imóveis
(p. ex.: alugar imóveis do menor);
cumprir deveres que normalmente cabem aos pais (Obs.: neste
caso, deve ouvir a opinião do menor, se este já contar 12 anos de
idade);
vender os imóveis, com autorização do juiz, desde que não haja
prejuízo patrimonial para o menor; os imóveis pertencentes aos
menores sob tutela somente podem ser vendidos quando houver
manifesta vantagem, mediante prévia avaliação judicial e
aprovação do juiz;
dirigir a educação do menor;
cumprir seus deveres com zelo e boa-fé;
fazer as despesas de subsistência e educação;
pagar as dívidas do menor, com autorização do juiz;
corrigir o menor em suas falhas, com autorização judicial;
ser pago pelo que gastar dos recursos próprios no exercício da
tutela;
administrar os bens do tutelado em proveito deste, sob a inspeção
do juiz;
fazer as despesas de administração, conservação e
melhoramentos dos bens do menor;
vender os bens móveis, cuja conservação traz prejuízos ao menor,
desde que autorizado pelo juiz;
aceitar por ele heranças, legados ou doações, ainda que com
encargos, desde que previamente autorizado pelo juiz;
propor em juízo as ações, ou nelas assistir o menor, e promover
todas as diligências a bem deste, assim como defendê-lo nos
processos contra ele movidos;
Mesmo que haja autorização judicial, é proibidoao tutor:

Adquirir, por si ou por interposta pessoa (um “laranja”), bens móveis ou
imóveis pertencentes ao menor.

Dispor dos bens do menor a título gratuito, ou seja, não pode dispor de
bens do menor sem que haja retribuição pecuniária (ex.: doação, o tutor
não pode doar bens do menor).

Constituir-se cessionário de crédito ou de direito contra o menor, isto é,
não pode adquirir uma dívida que o menor tenha com outra pessoa, para
depois o tutor exigir pagar a si mesmo com os bens do menor.
Curatela
A curatela no Direito de Família
A curatela é um modo de amparar o maior de 18 anos interditado
porque se tornou:
pródigo;
ébrio habitual;
viciado em tóxico; ou
impossibilitado de exprimir sua vontade, seja por causa transitória,
seja por causa permanente.
Excepcionalmente, o nascituro poderá ter um curador, se o pai falecer
estando grávida a mulher e esta tiver sido destituída do poder familiar. O
cônjuge ou companheiro, desde que não separado, será o curador do
outro interditado. Na falta de cônjuge ou companheiro, será curador o
pai ou a mãe do interditado. Não existindo pais, será nomeado curador o
descendente do interditado que se demonstrar mais apto. (Obs.: entre
os descendentes, os mais próximos precedem aos mais remotos, ou
seja, filhos têm preferência em relação a netos e estes têm preferência
em relação a bisnetos).
Na falta de cônjuge, companheiro, pais e descentes, o juiz escolherá um
curador. A autoridade do curador se estende à pessoa e aos bens dos
filhos do curatelado.
De acordo com os arts. 1.774 1.781 do Código Civil, aplicam-se à
curatela as disposições concernentes à tutela. Assim, quando não há
regra específica na curatela sobre determinada situação, mas existe
uma regra na tutela, aplica-se esta última à curatela. Isso ocorre, por
exemplo, com os poderes e deveres do curador, que serão os mesmos
do tutor.
Tomada de decisão apoiada
Quanto à tomada de decisão apoiada, ela é um sistema de proteção das
pessoas com deficiência, especialmente aquelas com deficiência
mental ou intelectual.
O Estatuto da Pessoa com Deficiência atribuiu capacidade civil (o poder
de exercer por si mesmo os direitos e praticar atos da vida civil, como
casar, celebrar contratos, constituir família etc.) às pessoas com
deficiência mental ou intelectual. Assim, essas pessoas não mais se
submetem à curatela.
Mas essa decisão do Estatuto poderia causar um problema de
desamparo. Assim, a tomada de decisão apoiada se origina a partir da
atribuição da capacidade civil plena aos indivíduos com deficiência.
Surgiu para não os deixar desamparados. O Estatuto da Pessoa com
Deficiência, com vistas a garantir auxílio e proteção a essas pessoas
sem que sua autonomia fosse reduzida, introduziu a possibilidade de se
recorrer à tomada de decisão apoiada (art. 116 da Lei nº 13.146/2015
c/c art. 1.783-A do Código Civil). Esse instituto adentra ao ordenamento
jurídico brasileiro como instrumento de exercício da capacidade civil, na
medida em que faculta à pessoa com deficiência a possibilidade de ter
dois (ou mais) apoiadores que, nos limites do termo firmado, irão
auxiliá-lo na prática dos atos da vida civil, fornecendo ao apoiado
(pessoa com deficiência) as informações e elementos que
eventualmente venha a necessitar quando estiver praticando atos
jurídicos em sua vida civil, especialmente os negociais.
A tomada de decisão apoiada é caracterizada como
um negócio jurídico, na medida em que é um acordo de
vontades, cujos efeitos são planejados pelas partes
envolvidas, quais sejam, o apoiado (pessoa com
deficiência) de um lado e os apoiadores de outro.
A tomada de decisão apoiada recai apenas sobre os direitos
patrimoniais. Já sobre os direitos existenciais (ex.: casamento e cessão
da imagem) os apoiadores não podem exercer qualquer orientação e
influência.
Atenção!
A tomada de decisão apoiada se diferencia da tutela e da curatela na
medida em que não impõe limitações ou barreiras à manifestação de
vontade do apoiado. Diferentemente do tutor e do curador, o apoiador
não substitui a vontade do apoiado, que permanece tendo o poder de
decisão final.
A tomada de decisão apoiada é um ato de vontade da própria pessoa
com deficiência que será apoiada, sem diminuição de sua capacidade
durante a vigência deste processo de auxílio. Afinal, a pessoa tem seu
poder decisório mantido no decorrer de todo o tempo em que está sob
apoio.
Excepcionalmente, quando o negócio jurídico puder trazer risco ou
prejuízo à pessoa com deficiência e haja divergência entre o apoiado e
um de seus apoiadores, prevalecerá a decisão do juiz, de modo a se
relativizar a autonomia do apoiado, conforme o § 6º do art. 1.783-A do
Código Civil.
Contudo, os §§ 1º, 3º e 4º do art. 84 do Estatuto da Pessoa com
Deficiência também preveem, excepcionalmente, a possibilidade de se
submeter o sujeito a uma curatela especial, diferente da tradicional
curatela dos arts. 1.767 a 1.783 do Código Civil e dos arts. 747 a 763 do
Código de Processo Civil. Nessa curatela da pessoa com deficiência,
não há interdição por incapacidade absoluta ou relativa e o modelo de
proteção do interditado é exclusivamente patrimonial, ou seja, voltado
para interesses pecuniários, ficando preservada a aptidão da pessoa
com deficiência para decidir sobre questões que envolvam os direitos
existenciais.
Ocorre que, nessa curatela especial, não há interdição da pessoa com
deficiência, pois ela não perde ou tem limitada sua capacidade civil.
Objetiva-se, tão-somente, a constituição de um assistente para dar
validade aos atos patrimoniais. Já na tomada de decisão apoiada,
distinguindo-se da curatela, o apoiado tem reconhecida sua capacidade
de se autodeterminar e exercer uma posição de protagonismo e
centralidade no ato da vida civil a ser realizado.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Sobre o poder familiar, assinale a alternativa correta:
A
O pai ou a mãe que contrai novas núpcias, ou
estabelece união estável, perde, quanto aos filhos
do relacionamento anterior, os direitos ao poder
familiar.
B
O pai ou a mãe que contrai novas núpcias, ou
estabelece união estável, não perde, quanto aos
filhos do relacionamento anterior, os direitos ao
poder familiar, passando a exercê-lo com a
participação do novo cônjuge ou companheiro.
C
Em se tratando de mãe solteira, o casamento cria
para seu cônjuge o poder familiar sobre o filho da
Parabéns! A alternativa E está correta.
Segundo o inciso V do art. 1638 do CC, entregar de forma irregular o
filho a terceiros para fins de adoção é causa de extinção do poder
familiar.
Questão 2
A nomeação de parente para a tutela não pode ser recusada pelo
tutor. Existem, porém, exceções, em que o tutor nomeado pode, se
desejar, escusar-se da tutela.
Marque a opção que autoriza a recusa do tutor.
primeira.
D
O pai que praticar atos contrários à moral e aos
bons costumes terá seu poder familiar suspenso.
E
Os pais que entregarem o filho de forma irregular a
terceiros, para fins de adoção, perderão o poder
familiar.
A Idoso, ou seja, os maiores de 60 anos.
B Aquele que tenha alguém sob sua autoridade.
C
Aquele que tem enfermidade que não prejudica o
exercício da tutela.
D
Aquele que já exerceu tutela ou curatela de outra
pessoa.
E Militar dispensado.
Parabéns! A alternativa A está correta.
A legislação, como maneira de proteção da saúde do idoso, é
expressa ao autorizar o idoso a recusar a nomeação da tutela.
3 - Adoção
Ao �m deste módulo, você será capaz de identi�car as consequências da
adoção de uma pessoa como �lho.
A adoção
De�nição
O que é adoção?
Confira agora o conceito de adoção e seus requisitos.

A adoção é um ato jurídico que cria um vínculo fictício de filiação para
suprir a ausência de vínculo de parentesco consanguíneo. Assim, a
adoção cria um vínculo de parentesco civil entre adotante e adotado e
entre adotado e os parentes do adotante.
A adoção torna o adotadoum filho do adotante. Ele terá os mesmos
direitos e deveres que filhos biológicos, inclusive direitos de herança e
de alimentos.
Pela adoção, o adotado é desligado de seu vínculo com os pais e
demais parentes biológicos, exceto nos casos de impedimentos
matrimoniais. Nesse sentido, o art. 41 do Estatuto da Criança e do
Adolescente diz o seguinte:
É recíproco o direito sucessório entre o adotado, seus descendentes, o
adotante, seus ascendentes, descendentes e colaterais até o 4º grau.
Requisitos da adoção
São requisitos para a adoção de um filho:
O adotante deve ter, no mínimo, 18 anos de idade;
O adotando deve ter, no máximo, 18 anos de idade,
excepcionalmente se admitindo a adoção de maiores de idade. Tal
possibilidade é admitida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ);
Diferença mínima de 16 anos de idade entre adotante e adotado;
Casamento ou união estável entre adotantes, para os casos de
adoção conjunta. Porém, casais divorciados ou separados (ex-
cônjuges) ou ex-companheiros poderão adotar um filho, desde que
obedeçam aos seguintes requisitos:
o estágio de convivência da criança com a família ocorreu
ainda enquanto estavam casados ou em união estável;
haja acordo entre os “ex” quanto à guarda e à visita do
adotando;
Concordância dos pais biológicos, exceto se:
o não se tratar de pessoa com pais desconhecidos; ou
o adotando com pais destituídos do poder familiar;
O adotante não pode já ser ascendente do adotado;
Adotante e adotado não podem ser irmãos;
A concordância do adotante, se este for maior de 12 anos;
Estágio de convivência prévio. Trata-se de colocação do adotando
na convivência do lar do(s) adotante(s). É uma guarda provisória.
Esse estágio é obrigatório, exceto se:
adotante tem a guarda do adotando; ou
adotante é o tutor do adotando;
Existe a adoção post mortem, que é a adoção de alguém após a
morte do adotante, desde que antes do falecimento:
já tenha ocorrido a convivência entre adotando e adotante;
o adotante manifestou inequivocamente sua vontade em
adotar aquele adotando;
Vantagens para o menor adotando;
Instauração de um processo judicial (“ação de adoção”);
Trânsito em julgado da sentença que defere a adoção.
Porém, não basta preencher requisitos formais para o deferimento da
adoção. A adoção será deferida quando apresentar reais vantagens para
o adotando e fundar-se em motivos legítimos, especialmente quando se
tratar de menor de 18 anos, por causa do princípio do Direito de Família
chamado “melhor interesse do menor”
Para a adoção, adotante e adotado devem ser pessoa natural (pessoa
física), pois não existe adoção por pessoa jurídica e nem de pessoa
jurídica.
Formas de adoção
Formas de adoção praticadas no Brasil
No Brasil, são reconhecidas as seguintes formas ou tipos sobre como
adotar uma pessoa:
Quando os adotantes são um homem e uma mulher, ou seja, a
pessoa adotada terá um pai e uma mãe. Assim, a adoção é
bilateral, ou seja, feita por duas pessoas. Em se tratando de
adoção conjunta, os adotantes devem ser casados ou constituir
união estável, conforme § 2º do art. 42 do Estatuto da Criança e
do Adolescente: “Para adoção conjunta, é indispensável que os
adotantes sejam casados civilmente ou mantenham união
estável, comprovada a estabilidade da família”.
Quando há somente um adotante, que pode ser só um homem
ou só uma mulher. Consequentemente, o adotado terá somente
pai ou mãe. Não há casal de adotantes, mas somente uma
pessoa que adota. Nesse caso, não se exige que o adotante seja
casado ou constitua união estável, bastando ser maior de 18
anos e ter uma diferença de idade de 16 anos em relação ao
adotando.
Nascituro é o gestando, ou seja, a pessoa que está sendo
formada no ventre materno e que está por nascer. Pode vir a
nascer vivo e se tornar pessoa ou, então, ser um natimorto. O
nascituro não é pessoa, conforme o art. 2º do Código Civil: “A
personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida;
mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do
nascituro”. Ou seja, o nascituro é a expectativa de vir a existir
uma pessoa. O mesmo se diga dos embriões, uma condição
inferior à do nascituro, pois são fecundados, porém se
encontram congelados, enquanto os nascituros já estão em fase
contínua de desenvolvimento e gestação. Um dos requisitos para
a adoção é que tanto o adotante quanto o adotado sejam
pessoas naturais (físicas). Ora, se nascituro (e o embrião) não é
pessoa, ainda, então, não pode ser adotado. Outrossim, no
Estatuto da Criança e do Adolescente, no Código Civil, na Lei nº
12.010/2009 e na Lei nº 13.509/2017 somente se fala em
adoção de crianças (entre 0 e 12 anos) e de adolescentes (entre
Adoção conjunta 
Adoção unilateral 
Adoção de nascituro e de embriões 
12 e 18 anos) ou de maiores de 18 anos (Código Civil). Não há
previsão de adoção de nascituro. Não há casos práticos para
serem exemplos e que confirmem essa possibilidade, pois o
processo é tão demorado, que dá tempo para a criança nascer.
No caso de embriões, porém, a situação é mais facilitada, pois
existe a possibilidade de fecundação heteróloga, feita com a
doação de gametas de terceiros (inciso V do art. 1.597 do
Código Civil e Resolução nº 2.168/2017 do Conselho Federal de
Medicina – CFM). Logo, não precisa adotar; basta obter uma
doação de material genético.
Ocorre quando um casal homoafetivo (homem + homem ou
mulher + mulher), em razão da impossibilidade de gerar filho
comum, interessa-se em adotar uma criança para ser o filho
comum. Porém, no Judiciário, vigora um entendimento de que
ninguém pode ser adotado por duas pessoas, salvo se forem
marido e mulher ou companheiros. Por isso, são raros e
minoritários os casos em que é deferida a adoção por casais do
mesmo sexo. Não confundir essa situação quando o casal
homoafetivo doa seu material genético para fecundação com
material genético de terceiro. Posteriormente, pode-se utilizar
uma “barriga de aluguel” para a gestação. Nesse caso, o filho é
biológico-heterólogo, e não adotivo.
Consiste na prática do crime tipificado no art. 242 do Código
Penal, qual seja, registrar como seu o filho de outrem: “Parto
suposto. Supressão ou alteração de direito inerente ao estado
civil de recém-nascido. Art. 242 – Dar parto alheio como próprio;
registrar como seu o filho de outrem; ocultar recém-nascido ou
substituí-lo, suprimindo ou alterando direito inerente ao estado
civil: Pena – reclusão, de dois a seis anos. Parágrafo único – Se
o crime é praticado por motivo de reconhecida nobreza: Pena –
detenção, de um a dois anos, podendo o juiz deixar de aplicar a
pena”. Essa adoção é caracterizada pela informalidade: os
adotantes, ao invés de passarem por todo o procedimento oficial
administrativo e judicial da adoção, simplesmente registram no
Cartório de Registro da Pessoal Natural uma criança como se ela
tivesse nascido dos adotantes. Esse registro (ou seja, esta
Adoção homoafetiva 
Adoção à brasileira 
“adoção”) pode ser cancelado a qualquer momento, pois é nulo.
Consequentemente, o vínculo de filiação deixará de existir. Uma
de suas formas é a chamada “adoção forjada”, na qual um casal
interessado em adotar acompanha a gestação de uma mãe que
deseja entregar o filho quando este nascer. A mãe biológica “dá o
filho” para outras pessoas. Estes interessados em adotar
registram a criança em seu nome ou, então, procuram oficializar
a adoção pelas vias administrativas e judiciais. Não irão
conseguir, porém, e terão a criança retirada de seu poder, pois, no
Brasil, é obrigatório respeitar a lista nacional de adoção.
É aquela deferida em favor de pessoa que reside em outro país e
está interessado em adotar uma criança brasileira. O interessado
em adotar poderá ser estrangeiro ou brasileiro que vive no
exterior. Nesse caso, os brasileiros residentes no exterior terão
preferência aos estrangeiros, nos casos de adoção internacional
de criança ou adolescente brasileiro. A criança brasileira será
levada paraconviver com a nova família no país dos novos pais.
De acordo com o § 1º do art. 51 do Estatuto da Criança e do
Adolescente, a adoção internacional é medida excepcional e
somente ocorrerá se:
a adoção por estrangeiro é a solução adequada ao caso
concreto;
foram esgotadas todas as possibilidades de colocação da
criança ou adolescente em família adotiva brasileira;
inexistência de adotantes habilitados residentes no Brasil
com perfil compatível com a criança ou adolescente;
em se tratando de adoção de adolescente, este foi
consultado.
Nos casos de enteado cujo pai o abandonou afetivamente, não o
registrou em seu nome ou é desconhecido, pode o cônjuge ou
companheiro do genitor do enteado adotá-lo para se tornar seu
filho. Esse é um tipo de adoção socioafetiva, baseada na relação
de afeto entre enteado e padrasto/madrasta (filiação de fato).
Adoção internacional 
Adoção dos filhos do outro cônjuge ou companheiro 
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Marque a opção que corresponda a um requisito para a adoção de
um filho.
Parabéns! A alternativa E está correta.
É preciso instaurar um processo judicial para efetivar a adoção.
Questão 2
Assinale a alternativa correta acerca da adoção:
A O adotante deve ter, no mínimo, 16 anos de idade.
B
Diferença mínima de 12 anos de idade entre
adotante e adotado.
C
A concordância do adotante, se este for maior de 10
anos.
D Vantagens para o adotante.
E Instauração de um processo judicial.
A
A adoção não pode modificar o prenome do
adotado.
B
O adotante há de ser, pelo menos, 16 anos mais
velho que o adotando.
Parabéns! A alternativa B está correta.
Como um requisito objetivo da adoção, o adotante há de ser, pelo
menos, 16 anos mais velho que o adotando, segundo o § 3º do art.
42 do Estatuto da Criança e do Adolescente.
Considerações �nais
Este conteúdo foi destinado a demonstrar como são os requisitos
essenciais da relação de parentesco, em especial a filiação, e seus
modos de constituição e suas consequências.
A partir daí, demonstrou-se como devem ser constituídas essas
entidades familiares e quais as consequências da sua constituição. A
abordagem realizada apresentou não somente aspectos teóricos, mas,
também e principalmente, os aspectos práticos.
É preciso ter em mente que os requisitos constituintes são matérias
discutidas em ações judiciais. Logo, é um campo fértil de atuação
profissional.
Podcast
C
Os nomes dos avós adotivos só constarão no novo
registro do adotado se eles autorizarem.
D
Podem adotar os maiores de 16 anos,
independentemente do estado civil.
E
O maior de 18 anos pode adotar, desde que seja
casado ou constitua união estável.

Ouça agora as questões fundamentais do Direito de Família.
Explore +
Para aprofundar-se no assunto, consulte os seguintes artigos,
disponíveis no site do Instituto Brasileiro de Direito de Família:
FLORENZANO, B. P. Princípio do melhor interesse da criança:
como definir a guarda dos filhos? 24 fev. 2021.
O artigo é importante porque expõe o princípio do melhor interesse da
criança com o recorte nos tipos de guarda regularizado pelo
ordenamento jurídico, demonstrando o conceito, fazendo a distinção
entre os tipos de guardas, seus efeitos e aplicação.
GAGLIANO, P. S.; BARRETTO, F. C. L. Responsabilidade civil pela
desistência na adoção. 27 jul. 2020.
Os autores defendem que a desistência que ocorre após o estágio de
convivência, durante período de guarda provisória e antes da sentença
transitada de adoção, pode se configurar abuso do direito (de desistir),
daí emergindo a responsabilidade civil.
ROSENVALD, N. A guarda de fato como terceira via entre a
curatela e a TDA. 28 out. 2019.
O autor trabalha com uma interpretação sistemática do art. 1.590 do
Código Civil para realizar um alargamento do conceito de guarda, no
trato das relações verticais entre ascendentes e descendentes, sejam os
vínculos biológicos, afetivos ou registrais.
TARTUCE, F. A lei 14.138-21 e o exame de DNA dos parentes na
ação de investigação de parentalidade. 28 abr. 2021.
O autor analisa a nova sistemática da produção de provas a partir do
exame de DNA.
Referências
BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto
da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Brasília, 1990.
DINIZ, M. H. Curso de Direito Civil Brasileiro. vol. 5 – Direito de Família.
34. ed. São Paulo: Saraiva, 2020.
FARIAS, C. C. de; ROSENVALD, N. Curso de Direito Civil. vol. 6 –
Famílias. 13. ed. Salvador: Juspodivm, 2021.
GONÇALVES, C. R. Direito Civil Brasileiro. vol. 6 – Direito de Família. 18.
ed. São Paulo: Saraiva, 2021.
ROMERO, L. D. Divórcio unilateral extrajudicial. Instituto Brasileiro de
Direito de Família. Publicado em: 11 nov. 2021.
Material para download
Clique no botão abaixo para fazer o download do
conteúdo completo em formato PDF.
Download material
O que você achou do conteúdo?
Relatar problema
javascript:CriaPDF()

Continue navegando