Buscar

Psicopedagogia-1

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 80 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 80 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 80 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

O que é Psicopedagogia? 3 
Diálogos possíveis com diferentes descrições da Psicopedagogia. 6 
A linguagem e a construção da identidade profissional. 10 
Cientificismo e o científico na Psicopedagogia. 13 
A ATUAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO NO CONTEXTO ESCOLAR: ESTUDO PAUTADO 
PELAS VOZES DOS PROFISSIONAIS 18 
Aspectos históricos da formação em Psicopedagogia na Argentina e no Brasil. 28 
A Psicopedagogia na Prática 41 
Diagnóstico Psicopedagógico Por Meio da Caixa Lúdica 43 
A Caixa Lúdica 44 
Ética Profissional 49 
Princípios da psicopedagogia 49 
A Psicopedagogia no Brasil: Uma Possível Leitura 53 
Aprendizagem e Psicopedagogia: Um Encontro Lúdico 61 
Como está a Regulamentação da Profissão de Psicopedagogo? 64 
REFERÊNCIAS 70 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O que é Psicopedagogia? 
 
 
Segundo Silvana Martines e Silvia Felizardo (1934) a ​psicopedagogia é o campo do 
saber que se constrói a partir de dois saberes e práticas: a pedagogia e a psicologia. O campo 
dessa mediação recebe também influências da psicanálise, da linguística, da semiótica, da 
neuropsicologia, da psicofisiologia, da filosofia humanista-existencial e da medicina. Existem 
dois tipos de Psicopedagogia: a Institucional e a Clínica. 
A linha da psicopedagogia Institucional promove uma relação entre os professores e o 
processo de ensino - aprendizagem, a fim de melhorar a instituição escolar e os problemas de 
aprendizagem na mesma. A psicopedagogia está intimamente ligada à psicologia educacional, 
da qual uma parte aplicada à prática. Ainda sobre Martines e Felizardo (1934) Ela diferencia-se 
da ​psicologia escolar​, também está uma subdisciplina da psicologia educacional, sob três 
aspectos. 
● Quanto à origem - a psicologia escolar surgiu para compreender as causas do 
fracasso de certas crianças no sistema escolar enquanto a psicopedagogia surgiu 
para o tratamento de determinadas dificuldades de ​aprendizagem​ específicas; 
● quanto à formação - a psicologia escolar é uma especialização na área de 
psicologia, enquanto a psicopedagogia é aberta a profissionais de diferentes áreas e 
● quanto à atuação - a psicologia escolar é uma área propriamente psicológica 
enquanto a psicopedagogia é uma área plenamente interdisciplinar, tanto psicológica 
como pedagógica. 
 
Concepção da Análise do Comportamento 
De acordo com a concepção da ​Análise do Comportamento​, o ​processo de 
aprendizagem acontece na relação entre o objeto de conhecimento e o aluno. O professor 
programa a forma como o objeto de conhecimento será organizado, respeitando as 
características individuais do aluno. O objetivo é que o aluno se interesse pelo processo de 
conhecimento e aja sobre o objeto de conhecimento. 
 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Aprendizagem
https://pt.wikipedia.org/wiki/An%C3%A1lise_do_Comportamento
https://pt.wikipedia.org/wiki/Processo_de_aprendizagem
https://pt.wikipedia.org/wiki/Processo_de_aprendizagem
Apesar do que alguns críticos erroneamente afirmam, para os analistas do 
comportamento o aluno não deve assumir uma posição passiva durante o aprendizado. Pelo 
contrário, responder a questões, formular questões e relacionar diferentes conteúdos é 
fundamental. Para que a aprendizagem seja mais efetiva, o professor deve investigar o nível de 
conhecimento do aluno, identificando seus pontos fortes e fracos e adaptando os conteúdos de 
forma a facilitar o ensino. 
 
 
 
 
Concepção Racionalista 
Na concepção racionalista, a ​aprendizagem é fruto da capacidade interna do aluno. Ele 
é, ou não, “inteligente” porque já nasceu com a capacidade, ou não, de aprender. 
Sua aprendizagem também estará relacionada à maturação biológica, só podendo 
aprender determinados conteúdos quando tiver a prontidão necessária para isso. O aluno já traz 
uma ​capacidade inata para aprender. Quando não aprende, é considerado incapaz; se aprende 
diz-se que tem um bom grau de quociente intelectual ou (​Q.I.​). 
Nesta concepção, o papel do professor é de organizador do conteúdo, levando em 
consideração a idade do indivíduo. De acordo com as pesquisas na área cognitiva de 
aprendizagem, quando uma pessoa apresenta uma deficiência de aprendizado em algum 
assunto específico, é provável que as ferramentas mentais como ​análise​, percepção, memória, 
analogia, ​imaginação e organização mental das informações não estarão desenvolvidas 
apropriadamente. 
É necessário preparar essas competências mentais para desenvolver o aprendizado 
mais sistêmico antes de aplicar o conteúdo em si no aluno. Essa "capacidade inata" de aprender 
é vista como variável, porque, dependendo do seu sistema mental, o indivíduo pode tê-lo 
desenvolvido muito bem ou não. Caso negativo, uma orientação especial é capaz de 
desenvolver esses pontos mais precários de aprendizagem. 
 
 
Concepção Construtivista 
 
 
A concepção ​construtivista define a aprendizagem como um processo de troca mútua 
entre o meio e o indivíduo, tendo o outro como mediador. 
 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Aprendizagem
https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Capacidade_inata&action=edit&redlink=1
https://pt.wikipedia.org/wiki/Q.I.
https://pt.wikipedia.org/wiki/An%C3%A1lise
https://pt.wikipedia.org/wiki/Imagina%C3%A7%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/wiki/Construtivista
O aluno é um elemento ativo que age e constrói sua aprendizagem. Cabe ao professor 
instigar o sujeito, desafiando, mobilizando, questionando e utilizando os “erros” de forma 
construtiva, garantindo assim uma reelaboração das hipóteses levantadas, favorecendo a 
construção do conhecimento. Nesta concepção o aluno não é apenas alguém que aprende, mas 
sim o que vivencia os dois processos, sendo ao mesmo tempo ensinante e aprendente. 
Alguns teóricos da Psicopedagogia defendem que “para que haja aprendizagem, 
intervêm o nível cognitivo e o desejante, além do organismo e do corpo” (Fernández, 1991, p. 
74), por isso aproxima-se dos referenciais teóricos do construtivismo, pois foca a ​s​u​bjetivação​, 
enfatizando o interacionismo; acredita no ato de aprender como uma interação, crença esta 
fundamentada nas ideias de ​Pichon Rivière e de Vygotsky; defende a importância da 
simbolização no processo de aprendizagem baseada nos estudos psicanalíticos, além da 
contribuição de Carl Gustav Jung pela psicologia analítica. 
É necessário que o psicopedagogo tenha um olhar abrangente sobre as causas das 
dificuldades de aprendizagem, indo além dos problemas biológicos, rompendo assim com a 
visão simplista dos problemas de aprendizagem, procurando compreender mais profundamente 
como ocorre este processo de aprender numa abordagem integrada, na qual não se toma 
apenas um aspecto da pessoa mas sua integralidade. 
Necessariamente, nas dificuldades de aprendizagem que apresenta um sujeito, está 
envolvido também o ensinante. Portanto, o problema de aprendizagem deve ser diagnosticado, 
prevenido e curado, a partir dos dois personagens e no vínculo. (Fernández, 1991, p. 99). 
Assim, cabe ao psicopedagogo voltar seu olhar para esses sujeitos, ensinante e aprendente, 
como para os vínculos e a circulação do saber entre eles. Como afirma Paín, uma tarefa 
primordial no diagnóstico é resgatar o amor. Em geral, os terapeutas tendem a carregar nas 
tintas sobre o desamor, sobre o que falta, e poucas vezes se evidencia o que se tem e onde o 
amor é resgatável. Sem dúvida, isto éo que nos importa no caminho da cura (Paín, 1989, p. 35). 
O psicopedagogo Reuven Feuerstein, criador das teorias da Experiência da 
Aprendizagem Mediada e da Modificabilidade cognitiva estrutural, defende a ideia de que a 
inteligência pode ser "exercitada" e "expandida". O método Feuerstein, de estímulo da 
inteligência, tem auxiliado indivíduos portadores de deficiências e considerados inaptos. 
Indivíduos, como o neto de Feuerstein (portador de síndrome de Down), apresentaram um 
grande desenvolvimento de inteligência, adquirindo a capacidade de aprender. 
 
Terminologia 
 
● Ensinante-aprendente: termo usado para indicar que todo sujeito exerce as duas 
funções simultaneamente. 
● Diagnóstico Psicopedagógico: trata-se da avaliação da situação e história individual 
baseado nos princípios psicopedagógicos, o que difere do diagnóstico psicológico ou 
da avaliação educacional. 
 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Subjetiva%C3%A7%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/wiki/Subjetiva%C3%A7%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Pichon_Rivi%C3%A8re&action=edit&redlink=1
https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Simboliza%C3%A7%C3%A3o&action=edit&redlink=1
● DIFAJ: termo cunhado por Alicia Fernández para descrever o modelo de 
atendimento psicopedagógico implementado pelo ​E.Psi.B.A​. É o acrônimo para 
"Diagnóstico Interdisciplinar Familiar de Aprendizagem em uma Jornada". 
● Inteligência ​atrapada​: estado de inibição cognitiva caracterizado pelo esquema 
mental de defesa ou fuga, desenvolvido pelo próprio sujeito que impede ou atrapalha 
a aprendizagem. 
● Queixa: termo que designa o problema vivenciado pelo sujeito, em geral criança ou 
adolescente, na visão dos pais ou de quem apresenta o caso ao profissional 
psicopedagogo (Ex: "Ele não consegue ler"; "Ela escreve de trás para frente"; "Ele 
troca as letras"; "Ele não sabe nada"). 
● Vínculo: relação mútua entre a criança ou adolescente e o outro (família, colegas, 
profissionais etc.). 
 
 
 
 
 
 Diálogos possíveis com diferentes descrições da 
Psicopedagogia. 
 
Muitas teorias psicológicas, a partir de uma tradição científica iluminista, 
moderna ainda compreendem o conceito de identidade a partir da concepção que o 
desenvolvimento humano se organiza e é organizado ao redor de uma identidade 
que progride na medida em que o indivíduo avança numa certa direção, em geral 
única . 
Nesse mesmo artigo, Moscheta, citando Hall (2006), lembra que o sujeito 
pós-moderno é aquele que não tem uma identidade essencial ou permanente, pois 
participa de diferentes sistemas culturais, assumindo em cada um deles contornos 
identitários diversos. A identidade é o resultado das experiências vividas pelo 
sujeito, sendo assim, a identidade é: histórica, transitória e contraditória. Na 
pós-modernidade, a partir da contribuição das áreas do conhecimento como a 
Psicanálise; Sociologia; Filosofia começa-se a questionar a noção de 
sujeito/indivíduo tal como compreendida no Iluminismo, pois se compreende o 
caráter relacional da identidade. Como afirma Melucci, 2004, p. 15:2 
 
 
 
https://web.archive.org/web/20080604015925/http://www.epsiba.com/index.htm
“O eu” não está mais solidamente fixo em uma identificação estável: joga, 
oscila e se multiplica: Há jogo é a expressão usada na linguagem mecânica para 
indicar que a engrenagem não está rigidamente presa em seu encaixe. Diante desta 
folga o eu pode sentir medo e perder-se. Ou, então aprender a jogar. 
 
 
A partir destas considerações releio meu caminho pessoal pela 
Psicopedagogia. Entro em contato com a minha história de vida pessoal e 
profissional, as quais se entrelaçam. 
Tive, e continuo tendo, oportunidades para fazer interlocuções com diferentes 
autores e formadores. Nesta caminhada pude traduzir para o meu estilo as 
contribuições teóricas que considero úteis, continuo fazendo leituras polifônicas, 
escuto as múltiplas vozes que me habitam. Apesar de traduzir para o meu 
dialeto/estilo, ainda percebo que continuo com mais perguntas, nem sempre 
respondidas, pois o “jogo na e da engrenagem” está presente. Nessa polifonia não 
há espaço para concepções totalmente fechadas e inquestionáveis. 
Este jogo, se por um lado angustia, por outro me mobiliza a continuar 
questionando e por isso mesmo continuar aprendendo e enriquecendo a disciplina 
Psicopedagogia. Na minha trajetória pessoal, inicialmente a prática esteve em 
evidência, porém logo senti necessidade da compreensão teórica e do trabalho 
pessoal (análise) para sustentar minha agência psicopedagógica. Suponho que a 
ânsia por do - minar ferramentas é uma demanda de quem inicia uma nova 
profissão, cuja origem acontece em cursos de especialização latu sensu. Eu vinha 
da prática institucional na coordenação como orientadora pedagógica. 
Minha atual formação, ainda em andamento, é fruto de uma semeadura 
originária do conjunto de experiências: análise pessoal; grupos de estudos; 
supervisões com psicanalistas; formação em Psicanálise; a escrita do mestrado; 
contato com a proposta de Feuerstein; formação na Terapia Familiar de base 
sistêmica e construcionista social; mais recentemente, participação no grupo de 
estudos em Análise Pragmática do Discurso, APD, com as terapeutas Neyde Araujo 
e Naira Morgado , cuja característica principal é compreender que a linguagem não 
é representacional, mas pragmática no sentido de como é usada singularmente. 
Através dessas visitas territoriais fui construindo um dialeto para meu estilo 
de agência psicopedagógica. Não é possível saber quem inicia o dialeto, pois o 
mesmo se constrói numa relação dialógica: criatura e criador entendidos como 
diferentes autores, disciplinas e profissionais que contribuem para o surgimento de 
um “dicionário psicopedagógico aberto”. 
Também leio e releio o caminhar da Psicopedagogia brasileira no artigo 
Rumos da Psicopedagogia Brasileira , publicado na revista da ABPp. Nesse artigo 
 
aponta-se o surgimento da Psicopedagogia inicialmente através da prática clínica 
para atender àqueles que por diferentes razões não respondiam à demanda da 
escolarização. 
Minha crença atual é que a Psicopedagogia também pode e deve intervir 
dentro dos muros da Escola. Justifico essa posição para dar conta de uma 
modalidade de escolarização: “escola para todos e cada um”. Dito de outra forma: o 
psicopedagogo está preparado como o especialista em aprendizagem para 
acompanhar a equipe pedagógica na adequação de programas, projetos, bem como 
atender às questões relacionais envolvidas no contexto escolar. O “professor tem a 
chave” na sala de aula, “o psicopedagogo tem a chave” para que a instituição 
Escola possa lidar melhor com a complexidade das questões envolvidas na rede 
composta pelos agentes envolvidos dentro e fora dos muros da instituição. 
Convivemos com divergências e questionamentos nas definições e concepções 
sobre nossas práxis, mas, como disse anteriormente na ementa, é preciso: 
 
 
“a construção de um corpus linguístico que, paradoxalmente, acolha os 
diferentes estilos/práxis, mas que também expresse um denominador linguístico 
comum que contribua para a identidade da categoria profissional.” 
 
 
Sublinho a necessidade de distinguir as instâncias: área de conhecimento, 
isto é a disciplina Psicopedagogia, do profissional Psicopedagogo que transita na 
área a partir da singularidade/ estilo/dialeto, efeito de sua identidadedinâmica. Para 
analisar e compreender a complexidade da aprendizagem humana, faz-se 
necessária a utilização de múltiplas lentes, isto, é disciplinas. 
Não há como negar a existência e a presença das instâncias/categorias que 
nos permitem transitar com e entre diferentes disciplinas e áreas de conhecimento. 
As instâncias: multidisciplinaridade; interdisciplinaridade e transdisciplinaridade 
favorecem o diálogo entre as disciplinas promovendo aproximações para a 
compreensão “mesmo que provisórias” das vicissitudes e complexidade do ser 
humano para conhecer e aprender. 
Embora o trânsito pelas diferentes disciplinas seja enriquecedor e útil, 
corre-se o risco de desviar o olhar do “viajante visitante”. Dito de outras formas: 
Como dialogar respeitando as escolhas pessoais, sem que as mesmas interfiram no 
que chamarei de “Integridade da Psicopedagogia”. 
A Associação Brasileira de Psicopedagogia vem nestes mais de 35 anos de 
existência se preocupando com a integridade da categoria profissional num espaço 
institucional que acolhe as diferentes praxis. Urge trabalhar para evitar 
 
quebras/cortes dentro de nosso território profissional devido aos desafios impostos. 
Não são as diferentes escolhas teóricas, mas, o radicalismo de “Verdade” única. 
Este sim interfere negativamente na integridade da categoria profissional. Como 
enfrentá-lo? Como dialogar com a pluralidade de verdades? Seria o diálogo sempre 
possível? Não há respostas prontas. 
Acredito que a ética pode ser uma forma de limite que viabilize diferentes 
práxis, ela pode ser a “medidora de conflito”. As ideias advindas do Construcionismo 
Social têm me ajudado a identificar, nomear e dialogar com diferentes formas 
discursivas com maior abertura. No texto Construcionismo social, um convite ao 
diálogo, (Gergen & Gergen, 2004) seus autores fazem distinção entre Verdade 
(única e indiscutível) e verdade (versão). Esta distinção pode, em parte, contribuir 
para pensar a ética como mediadora. 
 
 
“Os cientistas geralmente argumentam que, através de seus métodos, eles 
conseguem chegar cada vez mais perto do mundo como realmente ele é.... 
 
 
Nem todas as ideias construcionistas desvalorizam as iniciativas científicas, 
mas, certamente, desafiam a ideia de que a ciência revela a Verdade”. Gergen & 
Gergen (2004), grifo meu Estes autores construcionistas sociais referem-se às 
diferentes tradições de comunidades linguísticas (diferentes abordagens), as quais 
vão sendo criadas a partir da construção de crenças e valores e de identificações 
com diferentes compreensões teóricas. 
A ética neste contexto é a distinção entre Verdade e verdade. Relaciono esta 
distinção com o dito popular espanhol do poeta Campomar: “Nada es verdad, nada 
es mentira, todo es, segun el color del cristal con que se mira”. A Linguagem é um 
mediador universal, ela constrói mundos. Ela é constitutiva, pois somos constituídos 
pela linguagem e na linguagem. Como afirma Grandesso, 2014 
 
 
“Como seres humanos, estamos sempre envolvidos em gerar sentido para 
nossas vidas, e fazemos isso interpretando a nós mesmos e ao mundo a nossa 
volta, dentro de um sistema de linguagem e dos campos de sentido em que 
vivemos.” 
 
 
 
A linguagem e a construção da identidade 
profissional. 
 
 
Como mencionei anteriormente, a linguagem constrói mundos. A construção 
do termo PSICOPEDAGOGIA, que nomeia o campo de ação de uma categoria 
profissional, não surgiu repentinamente. Historicamente, outras denominações 
foram sendo utilizadas como: Pedagogia Terapêutica; Reeducação; Reeducação 
Psicopedagógica, até que finalmente os psicopedagogos admitiram e escolheram 
uma forma que expressasse a praxis e não apenas a prática. 
O grupo que fundou a Associação “gastou horas a fio” na escolha dos termos 
Psicopedagogia e Psicopedagogo que envolveu discussões fundadas nas nossas 
experiências pessoais, pois vínhamos de formações diferentes. Mas, apesar das 
diferenças, havia um querer dialogar “com” e “entre” diferenças para fundar 
inicialmente a Associação Estadual de Psicopedagogos de São Paulo e 
posteriormente a Associação Brasileira de Psicopedagogia. Nossas conversas 
giravam em torno do “Quem somos?”. Percebíamos que nossas visitas e o trânsito 
pelas outras áreas do conhecimento, como a Psicanálise; Sociologia, 
Psicolinguística; Neurologia; Psicomotricidade, entre outras, eram úteis para 
compreender a complexidade envolvida no aprender. O enriquecimento advindo da 
visita a outros territórios demandava tradução para o idioma psicopedagógico no 
território específico da Psicopedagogia. Estudar e compreender o ser aprendente a 
partir de diferentes áreas de conhecimento não nos faziam declinar de nosso objeto 
de estudo, a aprendizagem humana. 
Não nos tornávamos psicanalistas, sociólogos, linguistas, psicomotricistas. A 
Transdisciplinaridade serviu para enriquecimento da práxis a partir da leitura 
polifônica dos conteúdos das diferentes disciplinas. Passados tantos anos da 
fundação da Associação Brasileira de Psicopedagogia, que surgiu inicialmente 
como Associação Estadual de Psicopedagogos de São Paulo, podemos afirmar que 
essa disciplina, e área de trabalho, distingue-se como especializada em 
Aprendizagem Humana em diferentes contextos. 
Academicamente, a formação profissional acontece em curso de 
pós-graduação latu sensu, cuja finalidade é formar especialistas. Dentro da 
categoria de especialização latu sensu, o desafio é dar continuidade à formação 
pois, o curso é “ pontapé inicial do jogo”, é preciso muita experiência, técnica e 
conhecimento para ser um “bom jogador”. 
 
Questiono o uso dos termos híbridos neuro-aprendizagem; 
neuro-psicopedagogo; neuro-pedagogo; como expressão das escolhas teóricas do 
profissional cujo objeto de estudo é a aprendizagem humana. A linguagem não é 
inocente. Estas denominações ao privilegiar foco nos aspectos orgânicos, mais 
especificamente no cérebro, deixam de lado a visão do sujeito como um todo que se 
manifesta através da mente e de sua singularidade. 
Se a linguagem não é inocente, qual a utilidade e o sentido da inclusão do 
prefixo neuro? Como conversam entre si os conceitos de mente, cérebro, sujeito, 
subjetividade nesta concepção? Uma contribuição importante dentro da valorização 
da linguagem no contexto psicopedagógico é o conceito do pragmatismo linguístico 
in - troduzido por Wittgenstein, na década de 40, que foi sendo assimilada na 
Filosofia. Como apontam as terapeutas Araujo e Morgado: 
 
 
“As teorias pragmáticas da linguagem têm um extenso e longo percurso na 
história da filosofia americana. Aqui seguiremos a tradição iniciada por Wittgenstein 
e Austin e desenvolvida pelos filósofos contemporâneos Donald Davdson e Richard 
Rorty. O pragmatismo linguístico afirma que a linguagem é um conjunto de 
habilidades naturais formadas por sons e marcas articulados com sentido, intenção 
e força performativa (...) Com a linguagem somos capazes de criar ou inventar 
coisas e eventos novos e imprevisíveis, inclusive de reinventar-nos.” 
 
 
Como essa abordagem influi na identidade profissional e disciplinar? Se a 
linguagem faz mundo pela performatividade, há que se perguntar como está sendo 
construída essa identidade? Atualmente, a comunidade científica e o públicode 
modo geral estão familiarizados com termos Psicopedagogia e Psicopedagogo. A 
identidade do psicopedagogo é dinâmica no sentido de que ela se constrói a partir 
do conjunto de necessidades, crenças, compreensões teóricas e práticas. 
Esse conjunto complexo produz diferentes discursos que representam 
diferentes abordagens psicopedagógicas. Este é um fato incontestável e saudável. 
Nos cursos especialização e nas supervisões, a maioria dos alunos em formação 
formula duas perguntas recorrentes: 
1) O que nos diferencia de professores particulares? 
2) Como lidar com a expectativa de resultados pedagógicos imediatos? 
Estas perguntas me convidam a fazer outra: qual a diferença entre um 
Psicopedagogo e de um Neuropsicopedagogo? 
Entre Educação e Neuroeducação? 
Pedagogia e Neuropedagogia? 
 
A que vieram essas denominações? 
Continuando com a metáfora espacial: visitam-se territórios estrangeiros, 
mas, é necessário voltar para o TERRITÓRIO DA PSICOPEDAGOGIA. 
Este possui um idioma próprio, o qual se manifesta através de diferentes 
dialetos/estilos/ praxis que vão surgindo a partir das diferentes comunidades 
linguísticas que adotam determinadas tradições teóricas que por sua vez são 
atravessadas pelas contingências culturais; acasos; paradoxos, os quais são 
elementos enlaçados às biografias e identidades pessoais. Entendo que o eixo 
central da Psicopedagogia é a “aprendizagem humana com suas vicissitudes”. Este 
eixo é o objeto de estudo, pesquisa e fundamentalmente é o “órgão de 
sobrevivência humana” e também seu destino, pois “nascemos para aprender” 
(Trocmé, 2006). 
Saber e considerar essas características da aprendizagem faz toda a 
diferença na ação pedagógica e psicopedagógica. Mas, paradoxalmente, aprender 
não é fácil nem natural, consequentemente as vicissitudes do aprender são 
condições pertinentes . 
Isso não impede admitir a existência e a presença de dificuldades de 
aprendizagem que demandam cuidados específicos. Vale retomar os termos 
Reeducação e Psicopedagogia Dinâmica. Na Reeducação o foco/lente é a prática e 
a exercitação para educar novamente e resolver a questão com a mudança de 
comportamento. 
Quando a lente usada para compreensão do conflito/problema é 
Psicopedagogia Dinâmica, a mudança é uma consequência de deslocamentos não 
apenas do sujeito, mas das relações e nas relações do mesmo com o seu entorno. 
As mudanças discursivas decorrem de novas formas de lidar com o aprender, como 
também pelo conteúdo das narrativas usadas para se descrever o modo como o 
aprendente se relaciona com o conhecimento e o saber. 
Sara Paín foi quem primeiro nos apontou a necessidade de escutar o 
discurso dos adultos significativos para a descrição das hipóteses a respeito da 
origem das dificuldades. Sara também nos convida a olhar o todo através das 
quatro estruturas: corpo, organismo, estrutura simbólica/desejo e a 
cognição/inteligência. 
Poderíamos considerar essa concepção como pertinente ao corpus 
linguístico comum à categoria profissional? Quais seriam as consequências? Na 
prática significa considerar a subjetividade SEMPRE presente. A construção de uma 
linguagem comum que defina e delimite o campo profissional do psicopedagogo é 
complexa não somente devido às diferentes concepções de práxis, mas, sobretudo, 
devido também à ampliação do campo profissional. 
 
Hoje, psicopedagogos estão inseridos em diferentes setores que não lhe 
eram familiares inicialmente, tais como empresas; hospitais; abrigos, entre outros. 
Não há como se pensar numa identidade fixa e fechada, pois são as novas 
demandas da sociedade que desencadeiam novas formas discursivas para o fazer 
psicopedagógico. 
A mobilidade identitária, além de demandar formação continuada, requer 
especializações construídas em ação para atender novas demandas. Aceitar a 
existência de estilos/práxis/dialetos diferentes que descrevem um objeto comum, 
isto é, o ser que aprende, implica na construção de relações que envolvem ideais 
desafiadores como: acolhimento do diferente; disponibilidade para diálogo; 
curiosidade para conhecer diferentes pontos de vista; olhar para o diferente sem 
preconceitos. 
Não é suficiente a disponibilidade intelectual, cognitiva. A subjetividade está 
sempre presente na disponibilidade para negociar, confirmar, “calibrar o sentido” 
das diferenças nas descrições, nomeações e concepções dos termos usados. 
É útil lembrar o percurso da Psicologia e da Psicanálise, as quais se 
expressam através de inúmeras linhas teóricas e de múltiplas formas de praticá-las. 
Será efeito da maturidade para lidar com a diversidade? Volto à pergunta: Qual a 
necessidade da adoção de termos que expressam outras disciplinas? Hoje, após 
anos de discussão a respeito de quem somos, o nome Psicopedagogia, embora 
composto de Psi e Pedagogia, “não é fruto híbrido” resultante de uma mistura das 
duas disciplinas, ela é OUTRA ÁREA DE CONHECIMENTO. 
Tenho esperança de que a nossa Psicopedagogia com suas diferentes 
práxis/estilos/dialetos consiga também lidar com a diversidade sem necessidade de 
declinar de seu nome/identidade, construído ao longo do tempo e espaço. Enfatizo 
que a linguagem não é inocente. Cada ser humano tem um nome próprio resultado 
das escolhas parentais, as quais buscam um nome que faça sentido, também é o 
caso da Psicopedagogia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Cientificismo e o científico na Psicopedagogia. 
 
 
 
Nos cursos de especialização em Psicopedagogia, mestrados e doutorados 
em Psicologia e Educação docentes e alunos através de suas monografias, 
dissertações e teses vêm discutindo, problematizando e pesquisando temas 
relacionados às práticas psicopedagógicas em diferentes contextos. Alguns destes 
trabalhos têm sido publicados e são úteis para a divulgação de novos campos de 
ação psicopedagógica. 
As produções de escritas dentro de padrões acadêmicos contribuem para 
aproximação da Psicopedagogia com o científico, pois nesse contexto parte de 
questionamentos e fundamentação teórica para justificar o objeto de pesquisa. 
Estes trabalhos têm também contribuído para a implementação e ampliação da 
ação psicopedagógica. 
Quando as vicissitudes do aprender atingem maior intensidade, costumam 
ser denominadas de transtornos da aprendizagem, sendo descritas em códigos 
internacionais de doenças, organizados por médicos. 
Esses códigos/dicionários identificam características gerais e específicas 
para as “doenças da aprendizagem”. Os códigos se fundamentam nas pesquisas 
científicas quantitativas feitas pela categoria profissional da área da saúde, mais 
especificamente de determinadas comunidades linguísticas. 
São importantes e podem complementar análises feitas pelos especialistas 
na área da aprendizagem. Como venho apontando, as várias lentes enquanto 
disciplinas colaboram para a compreensão e intervenção psicopedagógica da 
dificuldade de aprendizagem. 
Dialogar com comunidades linguísticas identificadas com diagnósticos 
fechados e Verdade cientificamente incontestável, sustentadas pelos códigos 
internacionais é desafiador. 
As dificuldades não decorrem das diferenças entre verdades, mas pela 
crença de que as verdades determinadas por algumas comunidades linguísticas 
são: melhores, mais exatas e por isso mesmo credenciadas para identificar a origem 
dos Transtornos de Aprendizagem. 
Vale lembrar aqui a contribuiçãoproposta por Sara Pain , que inaugurou um 
modelo de análise para compreensão do aprender. O organismo sempre está 
 
presente no conjunto das quatro estruturas envolvidas na aprendizagem: organismo; 
corpo; estrutura simbólica e inteligência. 
Não seria míope a visão unicamente focada na organicista na análise dos 
ditos Transtornos de Aprendizagem? 
O sujeito da aprendizagem é apenas o resultado de seu organismo? Onde 
está a singularidade? 
Onde está o sujeito? 
Minha próxima questão relaciona-se com a prática: Por que alguns 
psicopedagogos, inspirados pelas descrições dos códigos internacionais de 
doenças, conduzem a intervenção focando primordialmente nos aspectos 
funcionais, como foi na Reeducação Psicopedagógica? 
Ora, se para aprender são necessárias as quatro estruturas, é quase 
impossível pensar em mudanças funcionais desconsiderando as relacionais. 
Há lugar para o “encontro terapêutico”? 
Quando me refiro ao “encontro terapêutico”, faço polifonia com um texto que 
chamo hoje de “fundador da psicopedagogia dinâmica” que li na década de 80, 
quando iniciava meu trabalho clínico ainda voltado para a reeducação 
psicopedagógica. 
Minha preocupação naquela época, quando iniciei meu trabalho, era “o 
domínio de métodos e técnicas que melhor contribuíssem para as mudanças 
específicas”. O texto em questão era a transcrição de uma conferência do Colóquio: 
“A Dislexia em questão”, realizado em 1970, em Paris, da autoria de Chassagny, da 
equipe médico-psicopedagógica. Ele, que inovou ao cunhar a expressão 
“Pedagogia Relacional da Linguagem”, afirmava: 
 
 
“Não temos a intenção de transformar a reeducação em psicoterapia 
analítica. Mas não vejo problema no fato de que nossa reeducação seja uma 
psicoterapia. No centro de uma relação, de um encontro com uma criança ao redor 
do objeto linguagem, encontramos a linguagem, a técnica do reeducador e também 
a relação terapêutica, porque, salvo que se esteja diante de um muro ou de um 
gravador, toda relação dual de pessoa a pessoa implica numa relação afetiva”. 
 
 
 
A preocupação com a priorização de mudanças funcionais não seria uma 
retomada histórica da Reeducação, quando o profissional que se dedicava à 
reabilitação o fazia sob orientação do médico? 
 
É imprescindível considerar a presença da organicidade na aprendizagem, 
porém como parte do todo e não isoladamente. Alguns profissionais de 
comunidades linguísticas identificados com a valorização de aspectos orgânicos e 
com as descrições dos códigos internacionais de doenças validam, qualificam e 
valorizam práticas fundadas unicamente em pesquisas científicas, especificamente 
na quantitativa. 
Na prática o discurso se manifesta através de ações como: diagnósticos 
fechados; ações cientificamente comprovadas e resultados previsíveis. Identificada 
com abordagem dinâmica na Psicopedagogia e do construcionismo social, entendo 
que o termo “diagnóstico psicopedagógico” expressa a visão essencialista, fechada. 
Há profissionais da área da Psicopedagogia que se preocupam em “fechar 
diagnósticos”. 
Considero a terminologia Avaliação Psicopedagógica mais adequada, ela é 
importante enquanto etapa que expressa e orienta a direção da intervenção. Os 
resultados apontados na avalição são provisórios e específicos, são como uma “foto 
datada”. Será a partir da continuidade da intervenção que serão melhor 
compreendidos os estilos de aprendizagem e as questões com a aprendizagem. O 
fracasso escolar e o desajuste para lidar com o “aprender a viver” inevitavelmente 
causam sofrimento e desgaste para o sistema de vida humano como um todo, pois 
atingem: família, escola, aprendente, sociedade. 
Alguns setores descrevem e qualificam como soluções “mágicas” as 
intervenções medicamentosas nas questões relacionadas à atenção e inquietação 
corporal. Volto a sublinhar que seria insensatez desconsiderar o organismo e os 
benefícios das substâncias que, em algumas situações, podem contribuir para o 
funcionamento mais harmônico do ser humano. Porém, é fundamental critérios para 
a escolha das intervenções que se balizam por solução “certeira e mágica”. 
Onde estão as equipes multidisciplinares disponíveis ao diálogo aberto entre 
as diferentes disciplinas com profissionais que por elas transitam? Como construir 
comunidades linguísticas abertas que admitam diferentes caminhos para a 
dissolução dos problemas de aprendizagem e suas diferentes causas? A 
dificuldade/impossibilidade para dialogar com comunidades linguísticas muito 
diferentes me remete ao poder do discurso social. 
Na Idade Média, o discurso era: o destino depende do divino. O Iluminismo 
inaugura outra explicação para o desafio existencial: o Homem através da 
inteligência e do conhecimento científico tem poder para controlar sua vida. O 
pensamento moderno, cartesiano introduz as bases para a supervalorização do 
científico. 
Este ainda está presente no discurso idealista da Educação que tem como 
objetivo desenvolver as competências do bom professor e as competências do bom 
 
aluno. Estes discursos valorizam a técnica e a metodologia como dispositivos 
fundamentais para atingir os objetivos. 
Mas, apesar da ênfase na capacidade de planejamento, nem sempre 
conseguem mobilizar seus alunos. 
Por outro lado, há docentes que surpreendem e se destacam pelos 
resultados alcançados com “alunos-problema” , pois se balizam por práticas 
diferenciadas das tradicionais. Na minha leitura, eles pertencem a uma “comunidade 
linguística” identificada com a visão da Psicopedagogia dinâmica: 
 
 
“Tendem a lutar contra o fracasso escolar de seus alunos, a praticar 
metodologias mais ativas e criativas e a respeitar seus alunos enquanto sujeitos 
particulares, detentores de uma singularidade a ser explorada em sala de aula, por 
trazerem necessidades muitas vezes contrárias àquelas definidas previamente 
pelos planos de curso e conteúdos programáticos” 
 
 
 
A educação é uma profissão impossível como afirma Freud, porém o 
impossível “não é sinônimo de irrealizável, mas indica que algo não pode ser 
integralmente alcançado” . 
Isto me faz relacionar a transmissão advinda da educação como algo 
incontrolável, marcado pela ignorância, isto é, não se sabe como cada uma no 
encontro pedagógico significa o conteúdo transmitido a partir de suas próprias 
afetações. O aluno que responde ao apelo de seu mestre, o faz por consideração ao 
mesmo, isto é, por amor ao outro. 
A aquisição do conhecimento depende estreitamente da relação do aluno 
com o professor, ou com o psicopedagogo. Qual é o resultado de uma intervenção 
psicopedagógica que valoriza primordialmente habilidade e funções 
desconsiderando “necessidades muitas vezes contrárias àquelas definidas 
previamente pelos planos de curso e conteúdos programáticos” ou pelos caminhos 
traçados a partir de diagnósticos fechados? 
Saindo da posição positivista e idealista da Educação e da Psicopedagogia, 
Pereira no artigo: “O relacional e seu avesso na ação do bom professor” apresenta 
reflexões de autores (Shön, Cifali, Perrenaud), que construíram alternativas para 
analisar a ação pedagógica a partir de situações problemáticas nas quais se 
apresentam conflitos, instabilidades, incertezas. Estas são entendidas como 
constitutivas, isto é, pertinentes. Isto não significa aceitação tácita das mesmas. 
Demanda reflexão como prática, afirma Perre naud: 
 
“ A reflexão sobre a própria prática éem si mesma um motor essencial de 
inovação”. Mas, avalia Pereira: quando Perrenaud, em seus estudos avalia o bom 
professor como aquele que em situações adversas: analisa o que sentiu e fez, 
pensou, o faz não para julgar, mas para analisar a sua própria prática identificando 
aspectos relacionais que poderiam ser melhor conduzidos . 
Estamos familiarizados com o conceito de clínico no sentido de debruçar-se, 
inclinar-se diante do paciente. Cifali, 1991, apud Pereira7 , oferece outra conotação 
para o conceito de clínico para a prática educacional, o qual visa trazer uma parte 
dos conhecimentos teóricos como respostas às situações vividas, o que obriga o 
professor a refletir sobre sua ação, compreender os fenômenos e a rever sua 
prática. Mas, é Perrenaud quem, ao reler Cifali, propõe: 
 
 
“O clínico é o que perante uma situação complexa, possui as regras e dispõe 
de meios teóricos e práticos para: a) avaliar a situação; b) pensar numa intervenção 
eficaz; c) pô-la em prática; d) avaliar sua eficácia aparente; e) corrigir a pontaria. 
Ensinar não consiste em aplicar cegamente uma teoria nem conformar-se com um 
modelo. É, antes de mais nada, resolver problemas, tomar decisões, agir em 
situações de incerteza e, muitas vezes, de emergência. Sem para tanto afundar no 
pragmatismo absoluto e em ações pontuais” 
 
 
 
Termino minha reflexão a respeito do científico e do cientificismo com a 
contribuição de Perrenaud, que coloca o educador/psicopedagogo/ terapeuta na 
posição de intelectual que sensivelmente e subjetivamente pode lidar com 
imprevistos, desequilíbrios, incertezas, como dispositivos pertinentes e presentes no 
ato pedagógico e no encontro psicopedagógico. Esta ação não se distancia do 
pensamento científico na medida em que a teoria e prática estão presentes, bem 
como a avaliação a posteriori que permite reformulação criteriosa. 
O que muda neste modelo? É a inclusão da relação entre os atores. Não é 
um protocolo enquanto script pré-determinado que conduz a cena na qual os atores 
e autores contracenam. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A ATUAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO NO 
CONTEXTO ESCOLAR: ESTUDO PAUTADO 
PELAS VOZES DOS PROFISSIONAIS 
 
 
Psicopedagogia: pressupostos e definições Buscando entender como surgiu 
a Psicopedagogia, reportamos a Fagali e Vale (2009), que destacam que a área 
supramencionada surgiu devido à necessidade de compreender os problemas de 
aprendizagens e sua relação com o desenvolvimento cognitivo, psicomotor e 
afetivo, implícitas nas situações de aprendizagem. 
Nesse enfoque, a Psicopedagogia ao longo da sua trajetória histórica busca a 
compreensão do ser que aprende, do processo de ensino/aprendizagem e das 
dificuldades e transtornos que podem emergir (BARBOSA, 2001). Complementando 
Portilho (2003,p.125) define: 
 
 
Psicopedagogia tem por objeto de estudo a aprendizagem do ser humano 
que na sua essência é social, emocional e cognitivo- o ser cognoscente, um sujeito 
que para aprender pensa, sente e age em uma atmosfera, que ao mesmo tempo é 
 
objetiva e subjetiva, individual e coletiva, de sensações e de conhecimentos, de ser 
e vir a ser, de não saber e de saber. Essa ciência estuda o sujeito na sua 
singularidade, a partir do seu contexto social e de todas as redes relacionais a que 
ele consegue pertencer [...] 
 
 
Corroborando, Ferreira (2008, p.141) explica que o psicopedagogo também 
"busca possibilitar o florescimento de novas necessidades, de modo a provocar o 
desejo de aprender e não somente uma melhora no rendimento escolar". Ainda com 
relação à Psicopedagogia, Ujiie (2016, p.13) destaca que: 
 
 
A Psicopedagogia é uma área de estudo que tem como objetivo a 
aprendizagem humana, que em sua natureza sistemática é ação social, cognitiva e 
emocional. Por esta via, a Psicopedagogia é uma ciência abrangente com duplo 
enfoque: clínico e institucional, ou seja, o atendimento individual e/ou coletivo de 
sujeitos aprendentes. 
 
 
Neves (1991) aponta que a psicopedagogia ao estudar o ato de aprender, 
considera as realidades externas e internas da aprendizagem, buscando 
compreender a construção de conhecimentos em toda a sua complexidade. 
Cada aluno aprende de maneira singular, apresenta habilidades, 
potencialidades diferenciadas, sendo importante conhecer cada um individualmente, 
avaliar, atender, orientar e diversificar as atividades e ações pedagógicas em prol da 
superação das dificuldades de aprendizagem. (CRUZ, 2014) 
Nascimento (2013) especifica que o Psicopedagogo é um profissional 
importante para assessorar e esclarecer à escola a respeito de diversos aspectos 
do processo de ensino-aprendizagem tendo uma atuação preventiva e interventiva. 
O Psicopedagogo tem o papel de “[...] analisar os fatores que favorecem, intervêm 
ou prejudicam uma boa aprendizagem em uma instituição.” (NASCIMENTO, 2013, 
p.1) 
Dentro da escola, o psicopedagogo pode atuar de várias maneiras e em 
diferentes enfoques, Pontes (2010, p. 418) relata que “a atuação psicopedagógica 
na escola implica num trabalho de caráter preventivo e de assessoramento no 
contexto educacional.”, ou seja, o psicopedagogo não trabalha somente no 
atendimento aos alunos que possuem alguma dificuldade de aprendizagem, mas 
também, dá suporte pedagógico aos profissionais que estão em contato diariamente 
com esses alunos e que influenciam o processo de ensino-aprendizagem. 
 
 
 
 
O trabalho na instituição escolar apresenta duas naturezas: O primeiro diz 
respeito a uma psicopedagogia voltada para o grupo de alunos que apresentam 
dificuldades na escola. O seu objetivo é reintegrar e readaptar o aluno à situação de 
sala de aula, possibilitando o respeito às necessidades e ritmos. Tendo como meta 
desenvolver as funções cognitivas integradas ao afetivo, desbloqueando e 
canalizando o aluno gradualmente para a aprendizagem dos conceitos conforme os 
objetivos da aprendizagem formal. O segundo tipo de trabalho refere-se à 
assessoria junto a pedagogos, orientadores e professores. Tem como objetivo 
trabalhar as questões pertinentes às relações vinculares professor-aluno e redefinir 
os procedimentos pedagógicos, integrando o afetivo e o cognitivo, através da 
aprendizagem dos conceitos e as diferentes áreas do conhecimento. (SANTOS, 
2016, p. 02) 
 
 
 
 
Concomitantemente, Barbosa (2001, p.74) afirma que “a ação 
psicopedagógica na instituição escolar pode se caracterizar como diagnóstica, de 
intervenção corretora ou preventiva.”. Nesse ínterim, Blaszko,Portilho e Ujiie (2016, 
p.146) destacam que no decorrer da ação psicopedagógica é importante que: 
 
 
O psicopedagogo necessita conhecer e valorizar as diferentes aprendizagens 
construídas ao longo da história de vida da pessoa, considerando que estas podem 
contribuir para enaltecer a aprendizagem ou favorecer o aparecimento de 
dificuldades. 
O olhar e a escuta para aquele que aprende, considerando suas 
experiências, conhecimentos, sentimentos, valores, habilidades, dificuldades e 
potencialidades é a atitude que se espera do psicopedagogo que trabalha 
considerando a totalidade da pessoa. 
 
 
 
Visto que o ser humano desde sua existência está em constante processo de 
aprendizado, o qual deve ser conhecido e considerado pelo profissional da área da 
 
psicopedagogia, pois podem trazer dados relevantes e contributivo ao processo de 
avaliação e intervenção psicopedagógica. 
Além de atuar em prol da solução ou prevenção dos problemas de 
aprendizagem, o psicopedagogo pode, e deve, pensar em maneirasdiferenciadas 
para melhorar a qualidade do ensino nas escolas (SCOZ, 1994). Barbosa e Souza 
(2010) explicam que ser psicopedagogo consiste em "ser incentivador e cuidador 
dos processos de construção de euscognoscentes; portanto, não se trata de ensinar 
e muito menos de psicoterapeutizar." 
Com relação ao ser psicopedagogo, devemos lembrar que é necessário uma 
formação profissional, a qual buscou-se esclarecer via consulta ao Código de Ética 
do Psicopedagogo (ABPp, 2011, p. 2.) o qual revela que: 
 
 
 
A formação do psicopedagogo se dá em curso de graduação e/ou em curso 
de pósgraduação – especialização “lato sensu” em Psicopedagogia, ministrados em 
estabelecimentos de ensino devidamente reconhecidos e autorizados por órgãos 
competentes, de acordo com a legislação em vigor. 
 
 
Além da formação exigida para atuação no campo da psicopedagogia, o 
Código de ética do Psicopedagogo no seu artigo 6º aponta que : 
 
 
Estarão em condições de exercícios da Psicopedagogia os profissionais 
graduados e/ou pós-graduados em Psicopedagogia - especialização "lato sensu" - e 
os profissionais com direitos adquiridos anteriormente à exigência de titulação 
acadêmica e reconhecidos pela ABPp. É indispensável submeter - se à supervisão 
psicopedagógica e recomendável processo terapêutico pessoal. 
 
 
Os critérios supramencionados são requisitos que devem ser atendidos e 
necessários para a atuação legal como profissional denominado Psicopedagogo. 
Ainda neste enfoque, Neves (2005) destaca que a prática psicopedagógica 
precisa partir de um pleno conhecimento do seu objeto de estudo, de seu papel e 
sua base epistemológica. Considerando os apontamentos, Ostietal (2005, p. 152) 
postula que: 
 
 
 
A psicopedagogia educacional objetiva que todos profissionais de educação, 
considerando diretores, professores e coordenadores pedagógicos repensem o 
papel da escola frente às dificuldades da criança e os vários fatores envolvidos 
numa situação de aprendizagem. Por outro lado, crianças com dificuldades de 
aprendizagem necessitam de atendimento especifico, o que evidencia que em 
certos casos a escola não consegue resolver todos os problemas desta ordem 
sozinha, necessitando de ajuda de um profissional especializado. 
 
 
Para Feldmann (2006) o psicopedagogo pode utilizar de várias estratégias na 
intervenção psicopedagógica,trabalhando inclusive em conjunto com toda a equipe 
escolar, a qual deve estar mobilizada para oportunizar condições adequadas em 
prol da construção de novas aprendizagem. Segundo Blaszko, Portilho e Ujiie( 
2016, p. 150) explicam que: 
 
 
 
Evidencia-se que o psicopedagogo trabalha de maneira multidisciplinar, o 
qual se efetiva na interação com os outros profissionais de outras áreas específicas 
que realizam atendimentos aos alunos: psicóloga, fonoaudióloga, assistente social, 
especialista da área da medicina entre outros profissionais de acordo com as 
necessidades do educando. 
 
 
 
Conforme as autoras, ressaltam também que é imprescindível a interação do 
psicopedagogo com outros profissionais especialistas e da área da educação,são 
ações que contribuem para a potencialização e acompanhamentos e atendimentos 
de alunos e de suas respectivas necessidades 
 
 
 
 
Análise e reflexões sobre a atuação psicopedagógica no 
contexto escolar 
 
 
Neste tópico, apresentaremos uma breve análise dos dados coletados 
mediante aplicação de questionário semi-estruturado contendo oito questões mistas 
entre objetivas e subjetivas, os quais foram aplicados entre os meses de fevereiro à 
março do ano de dois mil e dezessete mediante visita a três municípios do Sul 
Paranaense, momento que oportunizou contato com profissionais da área da 
psicopedagogia atuantes diretamente na escola. 
Com intuito de conhecer aspectos referentes a atuação do psicopedagogo no 
contexto escolar, aplicou-se um questionário semi-estruturado para três 
psicopedagogas de três municípios do Sul - Paranaense, a escolha de profissionais 
de regiões diferentes adveio da necessidade existente de conhecer 
posicionamentos e ações dos profissionais frentes as demandas da região. 
As psicopedagogas que participaram da pesquisa todas são do sexo feminino 
e serão denominadas como: p.1, p.2 e p.3, respeitando os princípios éticos desta 
pesquisa, que garantem sigilo e preservação da identidade e da privacidade dos 
participantes. 
 Com relação à formação profissional das psicopedagogas participantes da 
pesquisa, todas cursaram graduação em Pedagogia, no que tange pós-graduação 
p.1 e p.3 cursaram especialização em Psicopedagogia Institucional e Clínica e 
participante p.2 possui especialização somente em psicopedagogia institucional, 
ressalta-se que todas avaliam e realizam atendimentos aos alunos no contexto 
escolar. 
Considerando os dados acima, um dos aspectos da formação profissional 
que gera preocupação, consiste no fato de mesmo a profissional p.2 apresentar 
somente especialização na área institucional faltando parte da especialização na 
área clínica, a mesma realiza atendimentos, encaminhamentos e avaliações dos 
alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem. 
Em seguida, buscou-se conhecer a motivação das profissionais pela escolha 
da formação e atuação no campo da psicopedagogia, as quais relataram: 
 
 
Na verdade quando fui fazer o curso de pós graduação em Psicopedagogia, 
não era minha intenção atuar como psicopedagoga, pois já atuava em escola de Ed. 
Especial e a Psicopedagogia viria agregar à minha prática pedagógica com alunos 
especiais. Mais tarde fui convidada a atuar como psicopedagoga na SME. (p.1) A 
Psicopedagogia surgiu da necessidade de compreender o processo educacional de 
maneira interdisciplinar, conhecendo os mecanismos de aprendizagem procurando 
entender o sujeito ativo e protagonista do processo. Escolhi esta profissão para 
entender as questões que envolvem o processo ensino-aprendizagem e assim 
contribuir com intervenções para diminuir as dificuldades. Acredito que podemos 
 
“fazer a diferença”. (p.2) Por meio da graduação e da disciplina Introdução a 
Psicopedagogia, obtive contato com uma área de atuação profissional apaixonante 
a Psicopedagogia.bDurante os anos iniciais e finais do processo de escolarização 
obtive muitas dificuldades de aprendizagem bem como muitos dos meus colegas, 
diante disso sempre busco aprofundar os estudos voltados para atender melhor os 
alunos e demonstrar aos professores que devem ter um olhar positivo, sempre 
acreditando no potencial de seus alunos, desenvolvendo atividades diversificadas 
em prol da superação das dificuldades de aprendizagem e não considerando-os 
como fracassados. (p.3) 
 
 
Diante dos relatos, percebemos que todas as psicopedagogas tiveram 
diferentes motivações para seguir carreira na área da Psicopedagogia, a p.1, viu no 
curso de pós graduação em psicopedagogia, uma maneira de ampliar seus 
conhecimentos e melhorar sua prática pedagógica com os alunos portadores de 
necessidades especiais, que na época atendia, já a p.2, escolheu a profissão pois 
queria entender questões relacionadas com o processo de ensinoaprendizagem e 
p.3 teve como inspiração suas próprias experiências durante o processo de 
escolarização que motivaram os estudos visando contribuir para que outros 
profissionais acreditem no potencial de seus alunos e não os rotulem. 
Também as participantes foram questionadas se a formação a nível de 
graduação e pós-graduação ofereceram subsídios suficientes para atuar como 
psicopedagogos no contexto escolar, apontaram que: 
 
 
“A formação oferece a base, é a experiência do cotidiano que vai aclarar e 
tornar mais segura a prática do psicopedagogo” (p.1) “Ofereceramdirecionamento 
para atuar como psicopedagoga, porém (conhecimento (porém) enquanto 
profissional devemos buscar mais conhecimento, não podemos parar para que a 
prática possa ter qualidade” (p.2) "A formação a nível de graduação e 
pós-graduação ofereceram uma noção de conhecimentos necessários para atuar 
como psicopedagogos, porém foi necessário o constante aperfeiçoamento a busca 
por estágios supervisionados e cursos para maior qualificação e atuação com 
eficiência". (p.3) 
 
 
Constata-se que a formação a nível de graduação e especialização ofereceu 
somente subsídios e uma base para a atuação, sendo que os profissionais que 
 
desejam seguir carreira profissional nesta área devem buscar mais conhecimentos 
via cursos de aperfeiçoamentos e realização de estágios supervisionados. 
Este aspecto é preocupante, pois muitos profissionais não apresentam a 
consciência do contínuo aperfeiçoamento, caso a especialização não oportunize um 
conhecimento profícuo a atuação em contexto escolar apresenta defasagens 
refletindo inclusive no atendimento e avaliação de alunos que necessitam 
acompanhamento adequado. 
Em seguida, os profissionais relataram como desenvolvem o trabalho no 
contexto escolar, sendo da seguinte maneira: 
 
 
“Contato com a equipe pedagógica e professores, relatórios e observações 
em sala de aula.” (p.1) 
Levantamento dos alunos com dificuldades;Contato/conversa/orientações 
aos professores;-Avaliações psicopedagógicas;Encaminhamentos a outros 
profissionais se necessário;-Orientação à família;-Orientação e acompanhamento 
aos educandos (p.2) São realizadas observações, acompanhamentos, intervenções 
e avaliações dos alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem. Também 
quando houver necessidade são realizadas orientações e trabalhos em conjunto 
com os alunos e suas respectivas famílias, bem como com professores e demais 
profissionais que atendem a criança. Quando a criança é encaminhada para 
consulta com neurologista a psicopedagoga com a devida autorização dos 
familiares acompanha a criança na consulta, visando aproximar áreas em prol do 
maior desenvolvimento da criança.( p.30 
 
 
As respostas revelam algumas das etapas do trabalho psicopedagógico, a 
qual demonstra que a atuação envolve principalmente questões ligadas a 
aprendizagem dos alunos. 
Posteriormente , questionou-se as profissionais sobre as dificuldades 
encontradas ao realizar o trabalho psicopedagógico com os alunos nas escolas: 
 
 
“Colaboração e participação efetiva da família, resistência de alguns 
professores às mudanças sugeridas com relação as adaptações no trabalho com o 
aluno.” (p.1) “A colaboração da família. Precisa encaminhar e insistir para algumas 
famílias levar aos atendimentos mesmo sendo gratuito.” (p.2) "São duas as maiores 
dificuldades, sendo falta de colaboração da família em acompanhar o 
desenvolvimento escolar e nos demais encaminhamentos que se fizerem 
 
necessários. Também os professores do ensino regular apresentam resistência em 
atender as orientações indicadas pela psicopedagoga, como por exemplo realização 
de adaptações curriculares". (p.3) 
 
 
Percebe-se que são várias as dificuldades encontradas no âmbito do trabalho 
psicopedagógico, a falta de aceitação das famílias quanto ao problema de 
aprendizagem dos filhos, e também constata-se a dificuldades dos professores em 
acatar as sugestões dadas pelos psicopedagogos. 
Considerando a importância do atendimento psicopedagógico aos alunos que 
apresentam necessidades e dificuldades de aprendizagem, investigou-se via 
questionário, quais as ações, procedimentos e encaminhamentos realizados pelos 
profissionais, sendo: 
 
 
“O atendimento é realizado em sessões, também com a troca de informações 
da equipe técnica, realizando quando necessário, encaminhamentos a outros 
profissionais para complementação como em neurologia.” (p.1) Sim. Os professores 
encaminham preenchendo formulário no Contexto escolar, identificando as 
necessidades educacionais e as defasagens de aprendizagem passando por 
avaliação psicopedagógica, se necessário, após são encaminhados a outros 
profissionais através de solicitações por escrito, e ou são encaminhados através de 
relatórios dos professores. (p.2) Os atendimentos psicopedagógicos são realizados 
por sessões que variam de acordo com as necessidades dos alunos, caso haja 
necessidade de encaminhamentos a outros especialistas o mesmo é realizado 
mediante relatório detalhado seguido de conversa presencial visando a troca de 
informações e conhecimentos visando desenvolver ações que estimulem novas 
aprendizagens dos alunos. (p.3) 
 
 
Mediante os relatos supracitados, observa-se que o professor realiza os 
primeiros encaminhamentos indicando possíveis defasagens de aprendizagem dos 
alunos, para que a equipe pedagógica acompanhe e caso haja necessidade 
encaminhe para avaliação e atendimento psicopedagógico, o qual geralmente é 
realizado por sessões seguidas de encaminhamentos quando for necessário a 
especialista como neurologistas, psicólogos, fonoaudiólogos entre outros. Por 
conseguinte, buscamos averiguar qual a visão que as psicopedagogas têm sobre a 
importância da atuação direta no contexto escolar: 
 
 
 
Contribuir significativamente para o processo ensino aprendizagem por meio 
da identificação e intervenção nas dificuldades apresentadas pelo aluno; 
orientações a equipe pedagógica e aos professores, também quanto a adaptação 
curricular e metodológica. (p.1) Ajuda a resgatar a auto estima e ajuda na motivação 
para a aprendizagem bem como fazer encaminhamentos necessários para ajudar 
os educandos sanar suas dificuldades. (p.2) Atuo diretamente na escola, a 
importância deste contato direto aumenta as relações e as parcerias com os 
professores, equipe pedagógica, alunos e familiares, oportuniza também maior 
número de observações, atendimentos e encaminhamentos mais profícuos. (p.3) 
 
 
Percebe-se que o trabalho do psicopedagogo diretamente no contexto 
escolar, surte resultados mais efetivos, pois possibilita contato direto e interativo 
com alunos , professores, equipe pedagógica e familiares , o que favorece melhores 
avaliações, encaminhamentos, orientações direcionados a aprendizagem dos 
discentes. Diante das demandas, questionou-se sobre o nível de participação dos 
profissionais em capacitações e cursos de formação continuada que envolvessem 
temáticas pertinentes a área da Psicopedagogia. As participantes da pesquisa 
apontaram que: 
 
 
“Sim. Quando se tem a oportunidade, seja presencial ou a distância, o 
aprendizado é constante e a troca de informações e experiências com outros 
profissionais sempre irá apresentar e ressignificar nossa prática.” (p.1) Não, no 
momento. Não tem cursos específicos no município e por questões particulares 
encontro dificuldade para sair em outra cidade. Porém estou procurando estudar na 
internet e livros porque vejo necessidade de estar em constante aperfeiçoamento, o 
Psicopedagogo precisa procurar se atualizar sempre, não pode parar. (p.2) A nível 
municipal durante os dez anos de atuação como psicopedagoga não participei de 
cursos visando o aperfeiçoamento profissional na área da psicopedagogia, devido 
não serem oferecidos cursos a nível local. Mas , destaco que sempre estou em 
aperfeiçoamento, buscando capacitações participando de eventos e cursos fora do 
município. (p.3) 
 
 
 
De acordo com os relatos supramencionados , percebemos que os 
municípios não oferecem capacitações para os profissionais da área da 
 
psicopedagogia, diante deste panorama , os profissionais quando possível buscam 
atualizar e se aperfeiçoar por meio da educação a distânciaou participando de 
cursos oferecidos em outras regiões. A busca por novos conhecimentos e por 
aperfeiçoamentos deve ser sempre constante, visto que as demandas são 
diferenciadas e exigem conhecimentos para avaliar, agir , intervir e desenvolver 
ações que possam contribuir para o progresso dos discentes. 
 
 
Considerações Finais 
 
A pesquisa desenvolvida conduziu a reflexões pertinentes englobando a área 
da Psicopedagogia e a atuação do psicopedagogo no contexto escolar. 
Ressalta-se que os psicopedagogos atuantes na escola, encontram 
dificuldades como falta de cursos de aperfeiçoamento a nível municipal, falta de 
aceitação dos familiares com relação aos filhos que necessitam desta modalidade 
de atendimento e resistência de alguns professores em seguir orientações 
propostas e de realizar adaptações curriculares, as quais são necessárias para que 
o aluno compreenda o conteúdo trabalhado e possam consecutivamente construir 
novas aprendizagens e ressignificar os saberes já construídos por meio de 
vivências, experiências e troca entre pares. 
Por este viés, conclui-se que, o psicopedagogo é um profissional que pode 
atuar de maneira preventiva e intervir em prol da aprendizagem das crianças, 
considerando as habilidades, potencialidades e dificuldades de maneira individual. A 
psicopedagogia constitui se um campo que necessita do aprofundamento constante 
de pesquisas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aspectos históricos da formação em 
Psicopedagogia na Argentina e no Brasil. 
 
 
Historicamente, segundo Bossa (2007) os primórdios da Psicopedagogia 
ocorreram na Europa, ainda no século XIX, sustentada pela preocupação com os 
problemas de aprendizagem na área médica. 
Os primeiros Centros Psicopedagógicos foram fundados na França, em 
1946, com o objetivo de desenvolver um trabalho voltado para crianças com 
problemas escolares ou comportamentais atendidos por uma equipe da área de 
Psicologia, Psicanálise e Pedagogia. 
Bossa (2007) apresenta que: 
 
 
A literatura francesa influencia as idéias sobre psicopedagogia na 
Argentina a qual, por sua vez, influencia a práxis brasileiras. 
A psicopedagogia francesa apresenta algumas considerações sobre o 
termo psicopedagogia e sobre a origem dessas idéias na Europa, e os 
trabalhos de George Mauco, fundador do primeiro centro médico 
psicopedagógico na França, em que se percebem as primeiras 
tentativas de articulação entre medicina, psicologia, psicanálise e 
pedagogia, na solução dos problemas de comportamento e de 
aprendizagem (p. 39) 
 
 
Observamos que a Psicopedagogia teve uma trajetória significativa 
tendo, inicialmente, um caráter médico-pedagógico já que a equipe de 
trabalho era composta por médicos, psicólogos, pedagogos, psicanalistas e 
reeducadores de psicomotricidade e da escrita. 
Ao final dos anos 60, na Argentina, o trabalho entre os psicopedagogos e 
 
a escola e sua relação com os psicólogos e os pedagogos influenciaram 
significativamente os profissionais argentinos na sua atuação psicopedagógica. 
Conforme Alicia Fernández, psicopedagoga Argentina, a graduação em 
Psicopedagogia passou a existir na Argentina há mais de 30 anos, criada na 
Universidade de Buenos Aires (UBA). Deste modo, Buenos Aires foi a primeira 
cidade argentina a oferecer o curso de Psicopedagogia. (apud BOSSA, 2007, 
p.42-43) 
Entretanto, na prática, a atividade psicopedagógica iniciou-se antes da 
criação do próprio curso. Profissionais que possuíam outra formação viram a 
necessidade de ocupar um espaço que não podia ser preenchido pelo psicólogo 
nem pelo pedagogo. 
Desta maneira, começaram fazendo reeducação, com o objetivo de resolver 
fracassos escolares. 
De acordo com Peres (1998) 
 
 
 
 
A Psicopedagogia passa a despertar a atenção de vários países que, 
preocupados com os altos índices de fracassos escolares passam a 
buscar novas alternativas de trabalho. Dentre estes países, na 
Argentina, a psicopedagogia tem recebido um enfoque especial, 
sendo considerada uma carreira profissional. (p.42) 
 
 
 
Inicialmente, a Psicopedagogia aparece como uma disciplina na Facultad del 
Psicología da Universidad del Salvador, Buenos Aires. 
Já em 1956, a Psicopedagogia constitui-se como curso de graduação de três 
anos, para formar professores com capacitação em psicologia escolar, na 
confluência da psicologia e pedagogia. 
Segundo Arias (2007), há uma estreita relação histórica entre a 
Psicopedagogia e a Pedagogia, porém 
 
 
El 2 de mayo de 1956, en la Universidad del salvador y desde el 
Instituto de Psicopedagogía, ingresa a la enseñanza oficial una nueva 
carrera de grado: la Psicopedagogía.(p.57) 
 
 
 
 
Müller (1995) aborda em seu artigo “Perspectivas de la psicopedagogia em el 
comienzo del milenio”, que as novas tendências do sistema educativo na Argentina, 
para melhor distribuição de recursos econômicos e humanos, atualmente organiza a 
estrutura do curso de Psicopedagogia em ciclos, propondo uma carreira de quatro 
anos. 
Portanto, estabelecendo uma grade curricular de dois anos de formação 
básica compartilhada com a carreira de Psicologia e fixando dois anos de formação 
psicopedagógica específica. Existem também os cursos de mestrados e doutorados, 
possibilitando especialização de um ano de duração, como formação acadêmica 
para a docência superior e pesquisa. 
Deste modo, como do interior da carreira de Psicologia se criou à carreira de 
Psicopedagogia, que no começo não tinha caráter universitário, mas, conforme 
adquiria significado mediante definições e aportes teóricos de especialistas, aos 
poucos, foi se construindo o seu objeto de estudo próprio: o sujeito em processo de 
ensino-aprendizagem. Em outras palavras, o sujeito como agente da sua própria 
aprendizagem. 
Com isso, a psicopedagogia argentina se origina como um conhecimento 
empírico, a partir da necessidade de atender as crianças com problemas de 
aprendizagem escolar. 
Para Visca (1987), 
 
 
A psicopedagogia nasceu como uma ocupação empírica pela 
necessidade de atender as crianças com dificuldades na 
aprendizagem, cujas causas eram estudadas pela medicina e 
psicologia. Com o decorrer do tempo, o que inicialmente foi uma ação 
subsidiária destas disciplinas, perfilou-se como um conhecimento 
independente e complementar, possuidor de um objeto de estudo (o 
processo de aprendizagem) e de recursos diagnósticos, corretores e 
preventivos próprios (p.33) 
 
 
 
O autor acima citado merece muita consideração neste trabalho, 
entendendo-se que a psicopedagogia nasceu na Argentina a partir dos seus 
estudos acerca da epistemologia da psicopedagogia, no que se chamou de 
 
epistemologia convergente Jorge Visca é considerado pela literatura dos 
profissionais da área, como “pai da psicopedagogia”. 
Estaremos assumindo aqui a definição, de vários autores, que consideram a 
Psicopedagogia como uma área de conhecimento que se dedica ao diagnóstico, 
tratamento e prevenção das dificuldades de aprendizagem escolar. 
Estaremos também considerando a Psicopedagogia como área que trabalha 
com a aprendizagem no seu sentido mais amplo, possibilitando a todos, 
principalmente a quem ensina, a oportunidades de lidar com seus próprios 
processos de aprendizagem como aprendizes. 
Na realidade, a Psicopedagogia é uma área do conhecimento que se apóia 
nas diferentes Ciências, tais como Pedagogia, Psicologia, Psicanálise, Neurologia, 
entre outras, integrandoseus conhecimentos e princípios coerentemente, tendo 
como finalidade adquirir uma melhor compreensão a respeito dos diversos 
processos inerentes a aprendizagem. 
De acordo com Fernández (1994), a partir do objeto de estudo da 
psicopedagogia – o processo de aprendizagem – ainda não foi possível construir 
uma teoria acerca dessa prática psicopedagógica. Ela menciona que: 
 
 
 
Estamos tentando construir nossa própria teoria, nosso específico 
enquadramento, os rasgos diferenciadores de nossa técnica e nosso 
lugar como especialistas em problemas de aprendizagem. (p.102) 
 
 
 
Como psicopedagogos nossa tarefa é ajudar as pessoas, quer sejam 
crianças ou jovens, até adultos, a se descobrirem como indivíduos criativos, livres, 
potencializando suas próprias soluções diante das dificuldades que encontramos. 
Do ponto de vista de Müller (1984), ao se referir sobre o objeto de estudo da 
psicopedagogia, deve-se levar em conta como se desenvolve a aprendizagem. É 
importante, para ela, considerar: 
 
 
Que leis regem estes processos; que dificuldades interferem ou 
impedem; de que maneira é possível favorecer as aprendizagens ou 
tratar suas alterações. (p.7-8) 
 
 
 
 
Para esta autora, a Psicopedagogia liga-se as características da 
aprendizagem, como se educa, como se ensina, como se aprende, como surgem os 
problemas da aprendizagem, quais as propostas para tratá-lo, que fazer para 
preveni-los e promover mudanças nos processos de aprendizagem. 
O transcurso da prática profissional desenvolvida durante vários anos, define 
um marco contextual teórico e elabora a pratica em Psicopedagogia, gerando novos 
enfoques conceituais no interior de si mesmas. Isto demanda realizar uma análise 
dos próprios pressupostos teóricos da Psicopedagogia, como por exemplo, a que se 
dedica um psicopedagogo, qual o campo atual da psicopedagogia na Argentina? 
A graduação em psicopedagogia surgiu há mais de 30 anos na Argentina, na 
Universidade de Buenos Aires (UBA). Entretanto, o curso passou por três instâncias 
em relação ao plano de estudo: nos anos de 1956, 1958 e 1961 a ênfase esteve na 
formação biológica e psicologica; evidenciava-se a formação instrumental do 
psicopedagogo nos anos de 1963, 1964 e 1969; 
Assim, com a criação da licenciatura, o enfoque passou a ser clínico e para a 
obtenção do título de psicopedagogo, a carreira de graduação passou de quatro 
para cinco anos de duração em 1978, tal como hoje em dia. 
Bossa (2007), afirma que: 
 
 
Acontece assim, em 1978, o terceiro momento do curso de 
psicopedagogia, com a criação da licenciatura na matéria, tal como 
existe atualmente, ou seja, uma carreira de graduação com duração 
de cinco anos. (p. 43) 
 
 
 
Durante os trinta anos que se passou desde o seu estabelecimento na 
Argentina, a Psicopedagogia tem ocupado um significado espaço no âmbito da 
educação/-8+3, e da saúde. Nesse processo evolutivo, é importante destacar um 
fato relevante que permitiu mudanças na abordagem da Psicopedagogia: da 
reeducação à clínica. 
Esse fato se relaciona a década de 70 em que surgiram, em Buenos Aires, os 
Centros de Saúde Mental, onde atuavam equipes de psicopedagogos que faziam 
diagnóstico e tratamento para os problemas relacionados à aprendizagem. 
Esses profissionais observavam que, depois de um ano de tratamento, 
quando os pacientes retornavam para controle, haviam resolvido os seus problemas 
de aprendizagem. Mas, surgiam graves distúrbios de personalidade, produzindo-se, 
 
pois, um deslocamento de sintoma. A partir daí ocorre uma grande mudança na 
abordagem psicopedagógica. Os psicopedagogos começam a incluir no seu 
trabalho a clínica da Psicanálise, resultando no atual perfil do psicopedagogo 
argentino. 
Em 17 de setembro de 1982 foi fundada a Federación Argentina de 
Psicopedagogos (FAP) por um Colegiado Profissional de Psicopedagogos. E esse 
dia se estabeleceu como o “Dia Nacional de Psicopedagogo”. 
Em 1983 foi criada a Asociación de Psicopedagogos de Capital Federal 
-PSP2 .Mas foi no ano de 1986 que PSP passou a reconhecida juridicamente. 
É uma instituição que vem trabalhando para o auxílio do psicopedagogo 
universitário, dos formados em nível de pós-graduação, defendendo o campo 
profissional, a ética profissional, preservando e enriquecendo o conceito humano de 
nossa profissão. 
De acordo com Lamarra (2007), a legislação referida a Educação Superior 
consagra a autonomia universitária: 
 
 
 
La Ley Feredal de educación No 
24.1953, sancionada en el año 1993 y la Ley de Educación no 24.521 
sancionada emn el año 1995, regulan el sitema educativo en su totalidad y el 
sistema de educación 
superior, en particular. La Ley de Educación superior es la primera ley 
que abarca, en su conjunto, la educación superior universitaria y no 
universitaria. Ademá, crea la Comisión Nacional de Evaculuación y 
Acreditación Universitaria (CONEAU) como organismo encargado de 
la evaculación externa y acreditación de las carreras de posgrado y 
de las de grado con “títulos correspondientes a profesiones regulares 
por el Estado”, fija las normas y las pautas para el reconocimiento de 
las universidades privadas y los regímenes de funcionamiento de las 
mismas, tanto provisorio como definitivo. (p. 47) 
 
 
 
Na Argentina, a especialização em Psicopedagogia tem sido oferecida de 
forma geral pelos institutos terciários que não contam com autorização do 
Ministério da Educação, CONEAU, para funcionamento e emissão de 
certificados com validade acadêmica. 
Lamarra (2007) argumenta que 
 
 
 
 
El Sistema de Educación Superior de Argentina es de 
carácter binario, es decir está integrado por dos tipos de instituciones: 
las universidades y los institutos universitarios y los institutos 
superiores no universitarios (llamados terciarios) que comprende a los 
institutos técnicos, de formación profesional, de formación docente, 
etc. 
Según información suministrada por la Comisión Nacional de 
Mejoramiento de la educación Superior (CONEDUS), al año 2001 
existían alrededor de 4.446 carreras universitarias de grado y de 
pregado (3514 carreras de grado y 932 carreras de pregado) y 6.960 
carreras no universitarias. Estas ultimas otorgan títulos como de 
psicopedagogo y además de las de profesor en las carreras de 
formación docente. (p. 20-21) 
 
 
 
A constituição nacional da Argentina consagra o respeito pelo direito a 
educação e a autonomia universitária. Porém, não são delegadas funções para o 
desenvolvimento da educação garantindo a qualidade do ensino. 
O sujeito-objeto da psicopedagogia é o ser humano em situação de 
aprendizagem, contextualizado. (Müller, 1984) 
Numa entrevista realizada por um site, Mônica K. de Rojas Silveyra, 
psicopedagoga e atual Vice-Presidente da Asociación de Psicopedagogos de 
Capital federal, argumenta sobre as questões legais acerca do exercício da 
profissão de psicopedagogo na Argentina: 
 
 
En este momento histórico de la Asociación estamos trabajando 
conjuntamente con la Federación Argentina de Psicopedagogos, 
institución de 2do. Grado que agrupa a todos los psicopedagogos 
universitarios del país, y con la Confederación de Profesionales 
Universiarios de la República Argentina (CGP) que agrupa a todos los 
profesionales (médicos, psicólogos, psicopedagogos, etc). Allí se 
discuten y se defienden en las distintas comisiones los temas 
relacionados ala problemáticas de cada profesión. En cuanto a la 
Legislatura de la Ciudad de Buenos Aires, se ha presentado un 
 
Anteproyecto

Continue navegando