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TEORIA E PRÁTICA EM PSICOPEDAGOGIA Belo Horizonte Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 5 1 – NOÇÕES BÁSICAS EM PSICOPEDAGIA .......................................................... 7 1.1 – As origens e trajetória da Psicopedagogia ..................................................... 7 1.2 – Conceituações, influências e contribuições .................................................. 12 1.3 – Seu Campo de atuação ............................................................................... 16 1.4 – Suas divisões: clínica e institucional ............................................................ 17 1.5 – As relações com as demais disciplinas ........................................................ 27 1.6 – Os eixos norteadores da Psicopedagogia Institucional ................................ 29 2 – CÓDIGO DE ÉTICA DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA ................................................................................................ 33 REFERÊNCIAS CONSULTADAS E UTILIZADAS .................................................. 38 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 INTRODUÇÃO Sejam bem-vindos ao curso de Especialização em Psicopedagogia oferecido pelo Instituto Pedagógico de Minas Gerais. Nos esforçamos para oferecer um material condizente com a graduação daqueles que se candidataram a esta especialização, procurando referências atualizadas, embora saibamos que alguns clássicos como Sara Paín e Maria Lúcia L. Weiss são indispensáveis ao curso. As ideias aqui expostas, como não poderiam deixar de ser, não são neutras, afinal, opiniões e bases intelectuais fundamentam o trabalho dos diversos institutos educacionais, mas deixamos claro que não há intenção de fazer apologia a esta ou aquela vertente, estamos cientes e primamos pelo conhecimento científico, testado e provado pelos pesquisadores. Não obstante, o curso tenha objetivos claros, positivos e específicos, nos colocamos abertos para críticas e para opiniões, pois temos consciência que nada está pronto e acabado e com certeza críticas e opiniões só irão acrescentar e melhorar nosso trabalho. Como os cursos baseados na Metodologia da Educação a Distância, vocês são livres para estudar da melhor forma que possam organizar-se, lembrando que: aprender sempre, refletir sobre a própria experiência se somam e que a educação é demasiado importante para nossa formação e, por conseguinte, para a formação dos nossos/ seus alunos. Deste modo, o curso em questão tem como objetivo geral oferecer subsídios teórico-metodológicos para que os ingressantes na área de Psicopedagogia Institucional e Clínica possam atuar na prevenção e tratamento e, reforçar os conhecimentos daqueles que já atuam na área, pois sabemos que o mercado atual exige renovação da bagagem profissional, valorização das novas tendências na sua área de trabalho. Nesta apostila, o conteúdo passa por noções básicas em Psicopedagogia, o que inclui as suas origens, os campos de atuação, as suas divisões, as relações com as demais disciplinas e os eixos norteadores. Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Trata-se de uma reunião do pensamento de vários autores que entendemos serem os mais importantes para a disciplina. Para maior interação com o aluno deixamos de lado algumas regras de redação científica, mas nem por isso o trabalho deixa de ser científico. Desejamos a todos uma boa leitura e caso surjam algumas lacunas, ao final da apostila encontrarão nas referências consultadas e utilizadas aporte para sanar dúvidas e aprofundar os conhecimentos. Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 1 NOÇÕES BÁSICAS EM PSICOPEDAGOGIA Já vamos entrando no campo da Psicopedagogia levantando alguns questionamentos que perpassam pela ética, como por exemplo, o que o levou a cursar essa especialização? Qual papel exerce na sociedade? Quais seus objetivos? Onde quer chegar? Isto porque, queiramos ou não, a escolha de uma profissão vem sempre acompanhada de um código de ética direcionado ao exercício da atividade no meio ambiente social onde se vai atuar. Essas questões são de foro íntimo, não podemos responder por vocês, mas podemos trazer à tona algumas ideias que os levem a refletir e responder com toda sinceridade a que vieram. O campo da Psicopedagogia traz à tona o encontro com o prazer de trabalhar, de investigar, de aprender com os pacientes (alunos). Como diz Damasceno (s/d) é a busca criativa que nos leva a (des) aprisionar a inteligência, a tirar a criatividade do casulo, a desprender-se, deixar solto o pensamento, o conhecer e o crescer, porque desperta a crença no ser humano. Justifica-se a necessidade do Psicopedagogo dentro da escola, levando em consideração que a maioria delas ainda não possui, em sua equipe pedagógica, um profissional que possa auxiliar a comunidade escolar, instrumentalizando-a teórica e metodologicamente para atender a individualidade de cada educando no processo de construção de seus conhecimentos. Pois bem, vamos analisar a importância da Psicopedagogia, a qual tem por objeto central de estudo o processo de aprendizagem humana, seus padrões evolutivos normais e patológicos, bem como a influência do meio (família, escola, sociedade) e especificamente, tentaremos demonstrar que as dificuldades escolares não podem ser explicadas apenas por um fator, mas que podem situar-se na criança, no meio familiar ou mesmo no meio escolar. 1.1 – As origens e trajetória da Psicopedagogia Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 A psicopedagogia nasceu da necessidade de melhor compreensão do processo de aprendizagem e se tornou uma área de estudo específica que busca conhecimento em outros campos e cria seu próprio objeto de estudo, ocupando-se do processo de aprendizagem humana, seus padrões de desenvolvimento e a influência do meio nesse processo (FERREIRA, 2006). Na literatura francesa que sempre influenciou as ideias sobre psicopedagogia na Argentina (a qual, por sua vez, influenciou a práxis brasileira) – encontra-se, entre outros, os trabalhos de Janine Mery, a psicopedagoga francesa que apresenta algumas considerações sobre o termo psicopedagogia e sobre a origem dessas ideias na Europa, e os trabalhos de George Mauco, fundador do primeiro centro médico psicopedagógico na França, onde se percebeu as primeiras tentativas de articulação entre Medicina, Psicologia, Psicanálise e Pedagogia, na solução dos problemas de comportamento e de aprendizagem (BOSSA, 2000, p. 37). Esses centros tentavam readaptar crianças com comportamentos socialmente inadequados na escola ou no lar e atendiam crianças com dificuldades de aprendizagem apesar de serem inteligentes. Esperava-se através desta união Psicologia – Psicanálise – Pedagogia, conhecer a criança e o seu meio, para que fosse possível compreender o caso para determinar uma ação reeducadora, e, diferenciar os que não aprendiam, apesar de serem inteligentes, daqueles que apresentavam alguma deficiência mental, física ou sensorial era uma das preocupações da época. Observa-se que a psicopedagogia teve uma trajetória significativa tendo inicialmente um caráter médico-pedagógico dos quais faziam parte da equipe do Centro Psicopedagógico: médicos, psicólogos, psicanalistas e pedagogos. Ferreira (2006) nos conta que há alguns anos atrás, a falta de clarezaa respeito dos problemas de aprendizagem, fazia com que os alunos com dificuldades fossem encaminhados para profissionais de diversas áreas de atuação, sem uma resolução eficiente dos problemas. Em primeiro momento, no período de Medicalização dos problemas de aprendizagem, estas crianças eram encaminhadas ao médico: pediatra e depois ao neurologista. Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Em segundo momento, denominado Psicologização dos problemas de aprendizagem, onde eram encaminhadas ao psicólogo, submetendo a criança a uma bateria de testes. Frente a estas situações, não se chegava a uma explicação clara sobre as dificuldades da criança, foi-se criando a consciência da necessidade de formação de um único profissional apto a integrar conhecimentos e para atuar de maneira objetiva e eficaz, não só na resolução dos problemas escolares, mas também que atuasse na prevenção dos mesmos, facilitando o vínculo do aluno com o processo de aprendizagem e o resgate do prazer de aprender, melhorando assim, o desempenho escolar do aluno. Assim nasceu a Psicopedagogia, cujo termo apresenta-se hoje com uma característica especial. Devido a complexidade dos problemas de aprendizagem, a Psicopedagogia se apresenta com um caráter multidisciplinar, que busca conhecimento em diversas outras áreas de conhecimento, além da psicologia e da pedagogia. É necessário ter noções de: Linguística, para explicar como se dá o desenvolvimento da linguagem humana e sobre os processos de aquisição da linguagem oral e escrita. Conhecimentos sobre o desenvolvimento neurológico, sobre suas disfunções que acabam dificultando a aprendizagem; Conhecimentos filosóficos e sociológicos, que nos oferece o entendimento sobre a visão do homem, seus relacionamentos a cada momento histórico e sua correspondente concepção de aprendizagem (FERREIRA, 2006). Sobre a corrente europeia que influenciou significativamente a Argentina, Bossa (2000) citando estudos de Alícia Fernandez nos conta que a Psicopedagogia surgiu na Argentina há mais de 40 anos e foi em Buenos Aires, sua capital, a primeira cidade a oferecer o curso de Psicopedagogia, portanto, foram nos anos 1970 que surgiram por lá, os Centros de Saúde Mental, onde equipes de psicopedagogos atuavam fazendo diagnóstico e tratamento. Estes psicopedagogos perceberam um ano após o tratamento, que os pacientes resolviam seus problemas de aprendizagem, mas desenvolviam distúrbios de personalidade como deslocamento de sintoma. Resolveram então incluir o olhar e a escuta clínica psicanalítica, perfil atual do psicopedagogo argentino (BOSSA, 2000). Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Ao Brasil, a Psicopedagogia chegou na década de 1970, cujas dificuldades de aprendizagem nesta época eram associadas a uma disfunção neurológica denominada de Disfunção Cerebral Mínima (DCM) que virou moda neste período, servindo para camuflar problemas sócio-pedagógicos. Fora introduzida baseada nos modelos médicos de atuação e foi dentro desta concepção de problemas de aprendizagem que se iniciaram, a partir de 1970, cursos de formação de especialistas em Psicopedagogia na Clínica Médico-Pedagógica de Porto Alegre, com a duração de dois anos (BOSSA, 2000, p. 48-52). De acordo com Visca apud Bossa (2000, p. 21), a Psicopedagogia foi inicialmente uma ação subsidiada da Medicina e da Psicologia, perfilando-se posteriormente como um conhecimento independente e complementar, possuída de um objeto de estudo, denominado de processo de aprendizagem, e de recursos diagnósticos, corretores e preventivos próprios. Com esta visão de uma formação independente, porém complementar destas duas áreas, o Brasil recebeu contribuições para o desenvolvimento da área psicopedagógica, de profissionais argentinos tais como: Sara Paín, Jacob Feldmann, Ana Maria Muniz, Jorge Visca, dentre muitos outros. O professor argentino Jorge Visca, tido como um dos maiores contribuintes da difusão psicopedagógica no Brasil, foi o criador da Epistemologia Convergente, linha teórica que propõe um trabalho com a aprendizagem utilizando-se da integração de três linhas da Psicologia: 1. Escola de Genebra – Psicogenética de Piaget (já que ninguém pode aprender além do que sua estrutura cognitiva permite); 2. Escola Psicanalítica – Freud (já que dois sujeitos com igual nível cognitivo e distintos investimentos afetivos em relação a um objeto aprenderão de forma diferente); 3. Escola de Psicologia Social de Enrique Pichon Rivière (pois se ocorresse uma paridade do cognitivo e afetivo em dois sujeitos de distinta cultura, também suas aprendizagens em relação a um mesmo objeto seriam diferentes, devido às influências que sofreram por seus meios socioculturais). Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Assim, a análise do sujeito através de correntes distintas do pensamento psicológico concebeu uma proposta de diagnóstico, de processo corretor e de prevenção, dando origem ao método clínico psicopedagógico, que influencia os profissionais até o presente momento. [...] Quando se fala de psicopedagogia clínica, se está fazendo referência a um método com o qual se tenta conduzir à aprendizagem e não a uma corrente teórica ou escola. Em concordância com o método clínico podem-se utilizar diferentes enfoques teóricos. O que eu preconizo é o da epistemologia convergente (VISCA, 1987, p. 16 apud BOSSA, 2000). A psicopedagogia tem sofrido influências de diversas correntes teóricas ao longo de sua existência. A partir da década de 1950/1960, no seu início, tinha uma visão médica, enfocando o problema que acontecia com o sujeito com relação à aprendizagem. Esta visão partia de uma abordagem neuropsicológica, uma vez que existindo um problema de aprendizagem, este deveria ser sanado investigando-se qual dificuldade apresentada pelo sujeito, que ocasionava o fracasso escolar (SCHMID, 2006). Na década de 1960/1970, permeou-se pela visão behaviorista, ou seja, parou de abordar as falhas e começou a trabalhar os condicionamentos, avaliando o desempenho do sujeito. Na década de 1980, seu estudo começa a possuir uma visão social, dialética devido à influência da teoria de Vygotsky que considera relevante o meio social do sujeito para sua aprendizagem. Neste momento, surge o profissional psicopedagogo/educador interdisciplinar, que dá importância ao processo de aprendizagem. Começa-se a pensar porque este sujeito fracassa e não mais como ele fracassa, levando-se em conta o meio social do sujeito. Já na década de 1990 até hoje, sua visão passou a ser de interdisciplinaridade, sofrendo influência da Psicolinguística, neurociências e sociologia. Segundo a Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp, s/d) a Psicopedagogia no Brasil enquanto área de atuação é sustentada por referenciais teóricos, isto é uma práxis psicopedagógica. É reconhecida academicamente através das produções científicas materializadas em teses, publicações e reuniões científicas Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 organizadas pelo órgão de classe (ABPp) e por outros órgãos representados pelos profissionais e áreas afins. Diferentemente dos primórdios do movimento educacional preocupado em compreender as razões do insucesso das crianças na escola, buscando apenas no aluno as respostas, a tendência contemporânea é considerar o insucesso enquanto sintoma social e não apenas como uma patologia do aluno. Hoje é inegável o reconhecimento da contribuição social e científica da Psicopedagogia e dos Psicopedagogos na realidade brasileira. Embora nossa referência seja a Psicopedagogia, enquanto área de atuaçãopreocupada com a questão da aprendizagem humana, sabemos que muitos são os estilos dos psicopedagogos, pois cada um os constrói a partir de sua singularidade, a qual determina as diferentes opções pelos modelos e referenciais teóricos. Entende-se que existe uma profunda relação e entrelaçamento entre os aspectos teóricos, a formação e o modus operandi do profissional. Como não há uniformidade de modelos teóricos, não há uma única práxis psicopedagógica. O fundamental é desencadear a consciência do compromisso na formação profissional. É a formação continuada que fundamenta a práxis psicopedagógica. Para que o tripé modelo teóricos/ formação/ modus operandi se sustente, hoje é preciso fazer uma distinção entre legitimidade e legalização. A legitimidade da Psicopedagogia enquanto práxis e do Psicopedagogo enquanto profissional, já foi alcançada. É preciso agora legalizar/oficializar através de leis o que já está legitimado (ABPP, s/d). 1.2 – Conceituações, influências e contribuições A Psicopedagogia é um campo do conhecimento que se propõe a integrar, de modo coerente, conhecimentos e princípios de diferentes ciências humanas com a meta de adquirir uma ampla compreensão sobre os variados processos inerentes ao aprender humano (BEAUCLAIR, 2004). Enquanto área de conhecimento multidisciplinar interessa a Psicopedagogia, compreender como ocorrem os processos de aprendizagem e entender as possíveis dificuldades situadas neste movimento. Para tal, faz uso da integração e síntese de vários campos do conhecimento, tais com a Psicologia, a Psicanálise, a Filosofia, a Psicologia Transpessoal, a Pedagogia, a Neurologia, entre outros. Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 A Psicopedagogia é um corpo de conhecimentos estruturada de diferentes maneiras. A seguir destacamos algumas definições. De acordo com Alves e Bossa (2006) a Psicopedagogia é um campo no qual floresceu o conceito de sujeito autor, é uma área de estudo interdisciplinar que olha para o sujeito como um todo no contexto no qual está inserido, que estuda os caminhos do sujeito que aprende e apreende, adquire, elabora, saboreia e transforma em saber o conhecimento. A concepção de sujeito autor como aquele que constrói seu pensamento se faz presente através de um “corpo” que sente, existe, ama e proclama sua liberdade de ser, de estar e viver no eterno presente, no eterno agora. Para Bossa (2000) a Psicopedagogia é concebida com uma configuração clínica, ainda que sua prática se dê em um enfoque preventivo e, esse caráter clínico significa levar em conta a singularidade do processo a ser investigado, recorrendo tanto aos diagnósticos e intervenções que lhe são comuns no trabalho institucional e clínico. Para a autora, o termo distingue-se em três conotações: 1. Como uma prática; 2. Como um campo de investigação do ato de aprender e, 3. Como um saber científico. A Psicopedagogia é entendida como uma área de aplicação que antecede o status de área de estudos, a qual tem procurado sistematizar um corpo teórico próprio, definir o seu objeto de estudo e delimitar o seu campo de atuação. Segundo a mesma autora, a Psicopedagogia deve se ocupar do estudo da aprendizagem humana e, portanto, preocupar-se inicialmente com o processo de aprendizagem (como se aprende, como essa aprendizagem varia evolutivamente e está condicionada por diversos fatores, como se produzem as alterações na aprendizagem, como reconhecê-las, tratá-las e preveni-las). Seu objeto de estudo é, portanto, um sujeito a ser estudado por outro sujeito. Esse estudo pode ser através de um trabalho clínico ou preventivo. O primeiro se dá na relação entre um sujeito com sua história pessoal e sua modalidade de aprendizagem buscando compreender a mensagem de outro sujeito, Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 implícita no não aprender. Nesse processo, investigador e objeto-sujeito interagem constantemente. No segundo, a instituição (espaço físico e psíquico da aprendizagem) é objeto de estudos uma vez que são avaliados os processos didático-metodológicos e a dinâmica institucional que interferem no processo de aprendizagem. A psicopedagogia, hoje, é entendida num contexto de interdisciplinaridade, sem, contudo, perder de vista que „os diferentes níveis de realidade são acessíveis ao conhecimento humano graças à existência de diferentes níveis de percepção, que se acham em correspondência biunívoca com os níveis de realidade‟ [...] sem jamais difere-la completamente (RUBINSTEIN, 1996, p.23). A mesma autora (1999) nos dá uma boa pista quando ressalta que a Psicopedagogia deve ser compreendida como uma práxis dinâmica, tanto em seu contexto interno, isto é, no interior da relação terapêutica, no processo, nos recursos e necessidades do paciente, como no contexto externo, no sentido que as diferentes concepções teóricas que sustentam a prática estão muito relacionadas com o percurso acadêmico e com o contexto particular de formação pessoal do profissional que exerce a função. Deste modo, a psicopedagogia é uma ciência que abre espaço para descobertas, investigações, que cria condições e viabiliza espaços para a troca e consequente expansão do conhecimento, que permite o intercâmbio cultural das ciências que se reportam ao entendimento do sujeito, que permite ao ser humano ser autor de seu pensamento, e que permite, portanto, a viagem e a interação entre o velho e o novo, entre o tradicional e o moderno, entre o ideal e o real, entre o masculino e o feminino, entre o subjetivo e o objetivo. É uma ciência capaz de unir, integrar, viabilizar, promover, portanto, é a ciência que se reporta ao ser aprendente, ao que dá ao ser humano a condição de constituir-se na aprendizagem e esse processo se dá desde o seu nascimento e perpetua até sua morte. A psicopedagogia lida com o processo de aprendizagem e trabalha com a construção do ser cognoscente, capaz de construir seu próprio conhecimento, isto é, a psicopedagogia, ao longo dos tempos, passou a objetivar a reconstrução, integração Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 e expansão do sujeito na construção de sua autonomia e o eu cognoscente e sua relação com a aprendizagem (SCHMID, 2006). Pode auxiliar no enfrentamento da exclusão e na luta pela não exclusão através de pesquisas e produções científicas, orientação e ação pontual sobre as situações já existentes e prevenção tanto no grupo familiar, quanto escolar. Entre as possíveis ações, a Psicopedagogia pode: Propiciar a reflexão na escola, auxiliá-la a repensar seus valores e crenças com relação à diversidade e à igualdade; Auxiliar os pais a pensarem sobre as dificuldades de seus filhos e perceberem se a insistência a respeito da inclusão não está atrelada à negação da dificuldade; Auxiliar a escola a encontrar saídas metodológicas e avaliativas não exclusivas; Divulgar uma proposta de trabalho grupal, descentralizador do papel do professor; Divulgar o ensino pela pesquisa, para que todos possam participar, independentemente de suas dificuldades. Ela ainda possibilita uma nova reflexão sobre o contexto sociopolítico e sobre a diferença na sociedade, levando também a repensar sobre o papel do profissional da saúde e da educação na questão da inclusão. Junto à Educação tem como papel, instituir caminhos entre os opostos que ligam o saber e o não saber, o acesso ao conhecimento e a falta desse acesso, a facilidade e a dificuldade, a rapidez e a lentidão e outros opostos que possam se apresentar em um processo de aprendizagem. Segundo Barbosa (2006) o campo que se esboça é vasto; olhar a diferença sem perder a dimensão da igualdade é um dos maioresdesafios educacionais neste século. E enquanto uma das áreas responsáveis pela aprendizagem, a psicopedagogia tem muito a aprender e muito a contribuir. Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Segundo Moojen (1983), ao conceituarmos a Psicopedagogia, deveremos proceder com cautela, pois um conceito teórico deve atender a determinadas características, devendo ser: dinâmico, histórico, flexível e contextualizado. Diferentemente do que ocorre na conceitualização apresentada pelo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. Pois, segundo o dicionário, A Psicopedagogia é “a aplicação da psicologia experimental à Pedagogia”. E, segundo a autora, esta definição é restrita para a ação Psicopedagógica, mas, que foi originada como um reflexo das concepções iniciais da Psicopedagogia na década de 1950 e de 1960. Esclarecendo ainda que mesmo com a falta de nitidez conceitual e de identificação do corpo teórico psicopedagógico, encontra-se em nosso país, uma prática psicopedagógica bastante eficaz. 1.3 – Seu Campo de atuação Sabendo que, na verdade, a Psicopedagogia situa-se em um campo que, ao atuar de forma preventiva e terapêutica, posiciona-se para compreender os processos do desenvolvimento e das aprendizagens humanas, recorrendo a várias áreas e estratégias pedagógicas objetivando se ocupar dos problemas que podem surgir nos processos de transmissão e apropriação dos conhecimentos (possíveis dificuldades e transtornos), o papel essencial do psicopedagogo vem a ser o de mediador em todo esse movimento. Beauclair (2004) analisa que se for além da simples junção dos conhecimentos da Psicologia e da Pedagogia, o psicopedagogo pode atuar em diferentes campos de ação, situando-se tanto na Saúde como na Educação, já que seu fazer visa compreender as variadas dimensões da aprendizagem humana, que, afinal, ocorrem em todos os espaços e tempos sociais. A questão da aprendizagem é, então, uma questão central da psicopedagogia, existindo milhões de teorias para diferenciá-la, mas que nunca será explicada totalmente, porque todos fazem parte da aprendizagem. Ela é processo, é vida, não é finito, ou melhor, só se deixa de aprender quando morre, pois, é esta a última aprendizagem (BEAUCLAIR, 2004). Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Pensando assim, para Gasparian (2006), nenhuma teoria de aprendizagem será abrangente para se trabalhar, então trabalha-se parte deste todo que pode representar o todo, mas não é o todo, porque o todo é muito mais do que a soma de suas partes. Uma situação é certa, o psicopedagogo tem que trabalhar dentro das diferenças, entrar de cabeça dentro de um paradoxo que faz parte de nossa vida, por isso tem que ter muita reflexão. 1.4 – Suas divisões: clínica e institucional Partindo da premissa que a ciência Psicopedagogia apresenta um campo de atuação vasto, ao seu profissional cabe assumir com discernimento e compromisso sua complexa tarefa e ainda, construí-la sob base sólida de formações teóricopráticas. Antes de seguirmos para os campos mais conhecidos de sua atuação, vamos discorrer um pouco sobre esse profissional: o Psicopedagogo! Formado em cursos de pós-graduação ou especialização (curso regulamentado pelo MEC com carga horária mínima de 360 horas), esse profissional reúne conhecimento de várias áreas e estratégias pedagógicas e psicológicas que o possibilita voltar-se para o processo de desenvolvimento e aprendizagem, atuando numa linha preventiva e/ou terapêutica. Sua contribuição na dinâmica escolar é muito importante. Sua atividade caracteriza-se pelo aspecto interacional, ou seja, pode fazer parte de uma equipe interdisciplinar atuando nas questões de discussão de problemática docente, discente e administrativa. Contribuirá das diversas formas, tendo em vista que o profissional de Psicopedagogia tem bem claro como se processa a evolução do pensamento (LIMA, 2003). Algumas de suas atuações possíveis: Assessorar e esclarecer a escola a respeito de diversos aspectos do processo de ensino-aprendizagem; Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Esclarecer que as dificuldades de aprendizagem não têm como causas apenas deficiências do aluno, mas como consequências de problemas escolares advindos da organização da instituição, dos métodos de ensino; Ao trabalhar com conceitos e pré-requisitos para a aprendizagem, auxilia para que as situações de ensino sejam organizadas de acordo com o desenvolvimento; Auxilia a determinar prioridades com relação aos objetivos educacionais junto à equipe curricular. Ao considerar os problemas de aprendizagem do ponto de vista sistêmico, evidencia-se a relevância para que o indivíduo possa ser trabalhado no seu ambiente escolar, deixando assim que sejam encaminhados para serviços especiais os casos mais sérios, que necessitam de diagnóstico especializado e exames complementares. Nessa linha de pensamento atuará terapeuticamente na escola de modo a: Preparar o professor para realização de atendimentos pedagógicos individualizados, Auxiliar na compreensão de problemas na sala de aula, permitindo ao professor ver alternativas de ação e ver como as demais técnicas podem intervir, Participar no diagnóstico dos distúrbios específicos da aprendizagem; Atender pequenos grupos de alunos. O Psicopedagogo preocupa-se fundamentalmente, com que as experiências de aprendizagem sejam prazerosas para o indivíduo e, sobretudo, que sejam estruturalizantes, isto é, que promovam o desenvolvimento das capacidades de Ego para lidar com o meio ambiente, numa linha de evolução o mais natural possível (LIMA, 2003). Na sua função preventiva, cabe ao psicopedagogo: Detectar possíveis perturbações no processo de aprendizagem; Participar da dinâmica das relações da comunidade educativa afim de favorecer o processo de integração e troca; Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Promover orientações metodológicas de acordo com as características dos indivíduos e grupos; Realizar processo de orientação educacional, vocacional e ocupacional, tanto na forma individual quanto em grupo. Segundo Macedo (1992), o psicopedagogo no Brasil ocupa-se das seguintes atividades: Orientação de estudos: consiste em organizar a vida escolar da criança quando esta não sabe fazê-lo espontaneamente. Procura-se promover o melhor uso do tempo, a elaboração de uma agenda e tudo aquilo que é necessário ao “como estudar” (como ler um texto, como escrever, como estudar para prova, etc.). Apropriação dos conteúdos escolares: o psicopedagogo visa propiciar domínio de disciplinas escolares em que a criança não vem tendo um bom aproveitamento. Ele se diferencia do professor particular, pois o conteúdo escolar é usado apenas como uma estratégia para ajudar e fornecer ao aluno o domínio de si próprio e as condições necessárias ao desenvolvimento cognitivo. Desenvolvimento do raciocínio: trabalho feito com os processos de pensamento necessários ao ato de aprender. Os jogos são muito utilizados, pois são férteis no sentido de criarem um contexto de observação e diálogo sobre processos de pensar e de construir o conhecimento. Este procedimento pode promover um desenvolvimento cognitivo maior do que aquele que as escolas costumar conseguir. Atendimento de crianças: A psicopedagogia se presta a atender deficientes mentais, autistas ou com comprometimentos orgânicos mais graves, podendo até substituir o trabalho da escola. O campo de atuação passa basicamente pela clínica que envolve diagnóstico, avaliação e intervenção e pela prevenção. A distinção entre o trabalhoclínico e o preventivo é fundamental. O primeiro visa buscar os obstáculos e as causas para o problema de aprendizagem já instalado; e o segundo, estudar as condições evolutivas da aprendizagem apontando caminhos para um aprender mais eficiente. Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 As áreas de estudo se traduzem na observação de diferentes dimensões no processo de aprendizagem: orgânico, cognitivo, emocional, social e pedagógico (posteriormente em outra apostila veremos em detalhes cada dimensão). “A interligação desses aspectos ajudará a construir uma visão gestáltica da pluricausalidade deste fenômeno, possibilitando uma abordagem global do sujeito em suas múltiplas facetas” (WEISS, 1992, p. 22). Psicopedagogia Clínica enfocando a Hospitalar A Psicopedagogia Clínica tem como missão retirar as pessoas de sua condição inadequada de aprendizagem, dotando-as de sentimentos de alta autoestima, fazendo-se perceber suas potencialidades, recuperando desta forma, seus processos internos de apreensão de uma realidade, nos aspectos: cognitivo, afetivo emocional e de conteúdos acadêmicos. Segundo Schroeder e Macking (2006), cabe ao Psicopedagogo Clínico ou terapêutico as seguintes missões: Avaliar e diagnosticar as condições da aprendizagem, identificando as áreas de competência e de insucesso do aprendente; de acordo com Bossa (2000, p.102), em geral, no diagnóstico clínico, além de entrevistas e anamnese, utilizam-se provas psicomotoras, provas de linguagem, provas de nível mental, provas pedagógicas, provas de percepção, provas projetivas e outras, conforme o referencial teórico adotado pelo profissional. Realizar devolutivas para os pais ou responsáveis, para a escola e para o aprendente; Atender o aprendente, estabelecendo um processo corretor psicopedagógico com o objetivo de superar as dificuldades encontradas na avaliação; Orientar os pais quanto às suas atitudes para com seus filhos, bem como professores para com seus alunos; Pesquisar e conhecer a etiologia ou a patologia do aprendente, com profundidade. Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 O Psicopedagogo é um profissional que deverá ter conhecimentos multidisciplinares para usar na avaliação diagnóstica, uma vez que é preciso estabelecer e interpretar dados em várias áreas, tais como: auditiva e visual, motora, intelectual, cognitiva, acadêmica e emocional. Este conhecimento favorecerá também a escolha da metodologia mais adequada para ajudar o aprendente a superar suas inadequações. Deve ainda pautar seu trabalho clínico procurando escutar com sensibilidade, pois seu trabalho é de cunho investigatório, interventivo e contínuo, e assim, mobilizar ações que venham levantar hipóteses sobre as possíveis causas que estão intervindo no processo de construção da aprendizagem. Os instrumentos utilizados nesta modalidade são: entrevistas com a família, entrevistas com o sujeito, contato com a escola e com outros profissionais que venha complementar o diagnóstico e, por fim, a devolutiva, na qual o profissional solicitado irá fazer uma síntese do processo que foi realizado, durante o período terapêutico, pontuando a necessidade ou não de encaminhar o aluno para um outro especialista (SANTOS et al, 2002). É preciso falar ainda que dentro da psicopedagogia clínica, temos a modalidade hospitalar, local que também é uma instituição, pois o psicopedagogo poderá trabalhar com crianças hospitalizadas e seu processo de aprendizagem, poderá também estar trabalhando com a equipe multidisciplinar dessa instituição, tais como psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros e médicos. No ambiente hospitalar, o psicopedagogo busca compreender o modo como se dá a construção do conhecimento e que fatores podem facilitar ou intervir nesse processo dentro do hospital. A aprendizagem irá ocorrer, embora intuitivamente, com todos que mantenham alguma ligação com a instituição hospitalar, uma vez que ela se dá a partir das relações de uns com os outros e com o ambiente em que estão inseridos, onde as pessoas influenciam e são influenciadas ao mesmo tempo, numa troca constante de experiências e saberes. Assim, o trabalho do psicopedagogo no hospital não objetiva só o paciente, a criança ou adolescente em hospitalização, mas pode estender-se também às mães ou acompanhantes, aos funcionários, ao motorista da ambulância que vem do interior Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 do Estado, ao vendedor ambulante da calçada, enfim, qualquer pessoa que faça parte, de alguma forma, do dia-a-dia do hospital. O psicopedagogo será o profissional que buscará compreender como as pessoas constroem seu saber no ambiente hospitalar intervindo de forma a integrar o indivíduo ou o grupo a realidade da instituição e dela tirar algum proveito. Já Psicopedagogia em hospitalização, refere-se especificamente ao paciente. No momento em que ele entra em contato com a realidade do hospital, passa a se relacionar com pessoas, objetos, vocabulários e sentimentos novos, passando a fazer parte, interagir e se envolver com essa nova realidade, mesmo sem perceber. E se “aprender é estar completamente envolvido naquilo, é estar presente, ” como afirma Pedro Demo (2001, p. 50) em entrevista à revista NOVA ESCOLA, existe aí, sem dúvida alguma, um ambiente propício para a aprendizagem que, como sabemos, não se limita ao espaço escolar ou a um determinado período da vida da criança e muitos menos depende da sua condição física. Psicopedagogia Institucional enfocando a educacional Institucionalmente, no ambiente escolar, o psicopedagogo pode trabalhar prestando assessoria aos professores e demais educadores para que estes possam melhorar a qualidade de sua atuação, através de reflexões sobre questões pedagógicas e de novas alternativas de trabalho, propiciando a análise de como acontece o processo de ensino-aprendizagem, frisando sempre a importância dos fatores orgânicos, cognitivos, afetivos/sociais e pedagógicos, na construção do conhecimento pelos indivíduos cognoscentes. Além disso, a sua função também perpassa a instalação de um clima de cooperatividade entre todos os profissionais da escola, possibilitando a participação destes, na construção do Projeto Pedagógico, em discussões sobre situações e casos especiais ocorridos com os alunos. Segundo Gasparian (2006) deve ser parceiro da professora, entrar na classe, construir junto com ela, detectar os nichos das crianças rejeitadas, das crianças atentas, das desatentas, das que faltam, etc., enfim, construir um perfil da classe. Ainda falando sobre a atuação do psicopedagogo na escola, está também configura-se no atendimento aos alunos com problemas de aprendizagem já Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 instalados (realizando atividades com grupos) bem como, na prevenção dos mesmos, buscando realizar um trabalho global junto aos alunos, através do desenvolvimento do raciocínio e resgate da autoestima, a fim de despertar o prazer e a vontade de aprender (SANTOS et al, 2002). Enfim, ele atua sempre no campo clínico-preventivo porque está sempre interferindo no processo de ensino e aprendizagem, podendo trabalhar com formação continuada de professores, de reflexão sobre currículos e programas junto com a coordenação pedagógica, atuando junto com famílias e comunidade e com alunos com dificuldades de aprendizagem detectando fraturas neste processo. Caso o aluno precise de uma orientação mais específica ele deverá diferenciá- lo para um trabalho individual (clínico), mas depois de verificar se o aluno tem ou não um comprometimento cognitivo ou se é apenasdefasagem de conteúdo escolar. É um trabalho complexo e requer do profissional sensibilidade para detectar essas dificuldades e as reais necessidades da escola. Já nas empresas, sua atuação é pautada em ajudar nas relações entre as pessoas, e destas com a empresa, percebendo que esta é parceira e não rival, ajudando na construção e aplicação da ética, da moral e da criatividade humana. Enfim, o psicopedagogo vai trabalhar a pessoa do professor, do gerente, o que ele tem de melhor, o aqui e agora, é um trabalho bem gestáltico, é um trabalho de transformação, que segundo Gasparian (2006) fará com que o professor não veja o seu aluno como inimigo, que o gerente não veja que o seu subordinado quer pegar o seu lugar, mas que se vejam como parceiros, sempre um trabalho de parceria. Esse profissional pode trabalhar também com as classes de EJA. A partir da influência que exerce no âmbito da educação, o psicopedagogo, portanto, precisa utilizar seu papel articulador para auxiliar no enfrentamento das dificuldades que o processo de inclusão pode trazer. A escola regular ao oferecer o ensino fundamental tem como objetivo a educação da criança, esquecendo-se que o adulto não teve acesso à escola na idade certa e que se encontra à margem do conhecimento e do saber, necessitando, pois de apoio pedagógico e psicopedagógico. Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Hoje, a inclusão dos jovens e adultos nos projetos de alfabetização tem nascido basicamente da exigência do mercado de trabalho, onde o ensino fundamental não significa somente acesso ao mesmo, mas principalmente permanência, para isto é indispensável que os diversos setores da sociedade busquem inserir e possibilitar a permanência na escola, para que os cidadãos possam participar ativamente da sociedade, da vida cidadã, cultural e política do seu país. Para Fernández (1994), quem não conhece morre para a vida, não existindo o conhecimento não há lugar para a sexualidade humana, para o trabalho, para a procriação de filhos, de novos seres humanos que, reproduzindo os velhos, ressignificam a história. No momento em que o ser humano ressignifica sua aprendizagem no nível desejado, o papel da escola, do professor, do psicopedagogo e da sociedade, é fundamental principalmente por não ocultar ao aprendiz o caráter de sujeito pensante. Sobre sua metodologia de trabalho, sabe-se que ele se torna mais completo se a família estiver integrada às relações do aprendiz com a psicopedagoga, mas no caso do aprendiz-adulto, se torna mais difícil, uma vez que pode existir um bloqueio em sua aprendizagem. Segundo Tfouni (1995), '”para que ocorra o letramento e alfabetização, é necessário analisar a sociedade letrada'”, isto é, na instituição de ensino superior e mesmo nas escolas regulares, as práticas de leitura e escrita são práticas cotidianas, com grande estímulo visual, pois vive-se entre letras, símbolos e imagens, o que não ocorre, obviamente no ambiente comum das classes de EJA, assim, essas dificuldades de aprendizagem devem ser encaradas no mínimo com muita cautela e alguma desconfiança. Na mesma linha, temos Orlandi (1987) quando diz que os conhecimentos não são compartilhados homogeneamente, mas sim distribuídos socialmente, contribuindo para uma desigualdade visível. Portanto, metodologicamente, um diagnóstico bem aplicado e analisado pelo psicopedagogo pode trazer uma situação presente, desde o real, como trampolim para investigar o lugar do paciente designado problema de aprendizagem, como Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 depositário da enfermidade de todo o grupo familiar, como signo de um conjunto de vínculos alterados, como porta-voz ou intérprete dos não ditos familiares, etc. (FERNÁNDEZ, 1991). Finalizando e baseando em Fernández (1994), que afirma ser a aprendizagem a apropriação, a reconstrução do conhecimento do outro, a partir do saber pessoal, as patologias na aprendizagem, tanto individual como social, correspondem a uma não coincidência entre o conhecimento e o saber, vindo, então o psicopedagogo tem a missão de analisar os fatores inconscientes, promovendo uma intervenção re (construtiva) sobre essas determinações inconscientes que permeiam o ensino- aprendizagem, abrindo espaços de liberdade humana, de pensar, de ser e de agir. O psicopedagogo atua de forma preventiva e terapêutica, posicionando-se para compreender os processos do desenvolvimento e das aprendizagens humanas, recorrendo a várias áreas e estratégias pedagógicas objetivando se ocupar dos problemas que podem surgir nos processos de transmissão e apropriação dos conhecimentos (possíveis dificuldades e transtornos) (BEAUCLAIR, 2004). De acordo com o Código Brasileiro de Ocupações (CBO) na ocupação de um Psicopedagogo são necessárias algumas habilidades e competências tais como: Implantar e executar, Avaliar e coordenar a (re)construção do projeto pedagógico de escolas de educação infantil, de ensino médio ou ensino profissionalizante com a equipe escolar. No desenvolvimento das atividades, viabilizar o trabalho pedagógico coletivo e facilitar o processo comunicativo da comunidade escolar e de associações a ela vinculadas. Atuar nas atividades de ensino nas esferas públicas e privadas. São estatutários ou empregados com carteira assinada; trabalham tanto individualmente como em equipe interdisciplinar, com supervisão ocasional, em ambientes fechados e em horário diurno e noturno. Em algumas atividades podem trabalhar sob pressão, levando-os à situação de estresse. O exercício dessas ocupações requer curso superior na área de educação ou áreas correlatas. O Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 desempenho pleno das atividades ocorre após três ou quatro anos de exercício profissional (CBO, 2002). Numa instituição visa a fortalecer a identidade, bem como buscar o resgate das raízes dessa instituição, ao mesmo tempo em que procura sintonizá-la com a realidade que está sendo vivenciada no momento histórico atual, buscando adequar essa escola às reais demandas da sociedade. Durante todo o processo educativo, procura investir numa concepção de ensino-aprendizagem que: Fomente interações interpessoais; Incentive os sujeitos da ação educativa a atuarem considerando integradamente as bagagens intelectual e moral; Estimule a postura transformadora de toda a comunidade educativa para, de fato, inovar a prática escolar; contextualizando-a; Enfatize o essencial: conceitos e conteúdos estruturantes, com significado relevante, de acordo com a demanda em questão; Oriente e interaja com o corpo docente no sentido de desenvolver mais o raciocínio do aluno, ajudando-o a aprender a pensar e a estabelecer relações entre os diversos conteúdos trabalhados; reforce a parceria entre escola e família; Lance as bases para a orientação do aluno na construção de seu projeto de vida, com clareza de raciocínio e equilíbrio; Incentive a implementação de projetos que estimulem a autonomia de professores e alunos; Atue junto ao corpo docente para que se conscientize de sua posição de “eterno aprendiz”, de sua importância e envolvimento no processo de aprendizagem, com ênfase na avaliação do aluno, evitando mecanismos menores de seleção, que dirigem apenas ao vestibular e não à vida (BEAUCLAIR, 2004). Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Nesse sentido, o material didático adotado, após criteriosa análise, deve ser utilizado como orientador do trabalho do professor e nunca como o único recurso de sua atuação docente. Com certeza, se o profissional almejar contribuirpara a evolução de um mundo que melhore as condições de vida da maioria da humanidade, os alunos precisam ser capazes de olhar esse mundo real em que vivemos, interpretá-lo, decifrá-lo e nele ter condições de interferir com segurança e competência. Para tanto, juntamente com toda a Equipe Escolar, o Psicopedagogo estará mobilizado na construção de um espaço concreto de ensino-aprendizagem, espaço este orientado pela visão de processo, através do qual todos os participantes se articulam e mobilizam na identificação dos pontos principais a serem intensificados e hierarquizados, para que não haja ruptura da ação, e sim continuidade crítica que impulsione a todos em direção ao saber que definem e lutam por alcançar (FERREIRA, 2006). Considerando a escola responsável por parcela significativa da formação do ser humano, o trabalho psicopedagógico na instituição escolar, chamada de psicopedagogia preventiva, cumpre a importante função de socializar os conhecimentos disponíveis, promover o desenvolvimento cognitivo e a construção de normas de conduta inseridas num mais amplo projeto social, procurando afastar, contrabalançar a necessidade de repressão. Assim, a escola, como mediadora no processo de socialização, vem a ser produto da sociedade em que o indivíduo vive e participa. Nela, o professor não apenas ensina, mas também aprende. Aprende conteúdos, aprende a ensinar, a dialogar e liderar; aprende a ser cada vez mais um cidadão do mundo, coerente com sua época e seu papel de ensinante, que é também aprendente. Agindo assim, a maioria das questões poderão ser tratadas de forma preventiva, antes que se tornem verdadeiros problemas (DI SANTO, 2007). 1.5 – As relações com as demais disciplinas Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 A Psicopedagogia se relaciona com as mais diversas disciplinas, aqui, no entanto, falar-se-á daquelas que causam alguma confusão em termos de limites dos seus espaços de atuação e que mais interessam a esta revisão de literatura. Portanto, quando se trabalha na área das ciências humanas, é preciso reconhecer que esta área é de extrema amplidão e complexidade. Em se tratando da Filosofia, ela está e sempre esteve por trás do trabalho psicopedagógico, pois não há como trabalhar o sujeito sem refletir sobre a condição humana, seja em seu âmbito particular, seja em seu âmbito genérico. Assim, ao trabalhar na área clínica, é preciso sempre pensar sobre quem é aquele sujeito que será atendido, quais são seus valores, quais são suas regras morais e éticas, quais são suas aspirações, para que assim o psicopedagogo possa tentar diferenciá-lo e, com isto, compreender seu modo de funcionamento e de absorção da realidade, da vida à sua volta. A filosofia é um campo de conhecimento que pode ser aplicado à psicopedagogia, desde que se trabalhe especificamente com ele. A associação da psicopedagogia com a filosofia enquanto forma de lidar com aspectos preventivos das dificuldades de aprendizagem é muito relativa; pois estão absolutamente entrelaçadas por princípio. O seu uso irá depender do Psicopedagogo que manusear este tipo de relação, dando maior ou menor ênfase aos conceitos que deseje anunciar, analisar, usar como estímulo à reflexão. Nada impede que dentro do campo de trabalho, o psicopedagogo pesquise um determinado autor/filósofo ou uma determinada linha de pensamento e associe tais pensamentos, conceitos e reflexões à prática psicopedagógica. Em se tratando da Psicologia Escolar, existem três maneiras de diferenciá-la da Psicopedagogia: 1. Quanto à origem histórica, pois a Psicologia Escolar surgiu para explicar o fracasso escolar, enquanto a Psicopedagogia surgiu como um trabalho clínico dedicado e voltado para aqueles que apresentavam dificuldades na aprendizagem por problemas específicos. 2. Quanto à formação, uma vez que a Psicologia Escolar é uma especialização do curso de graduação em Psicologia, enquanto o curso de Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Psicopedagogia é um curso de especialização, que recebe graduados em diversos cursos. 3. Quanto ao campo de atuação, onde encontra-se a diferença mais significativa. O trabalho da Psicologia Escolar se realiza nos limites da Psicologia, enquanto o trabalho Psicopedagógico se realiza na interface da Psicologia e da Pedagogia ou, mais recentemente, na interface da Psicanálise e da Pedagogia. Analisando sua relação com a psicanálise, esta relaciona-se à psicopedagogia enquanto teoria que abrange a compreensão da dinâmica do aparelho psíquico e, em especial, do desenvolvimento emocional do sujeito. Deste modo, nos auxilia a compreender melhor o sujeito com o qual trabalhamos em psicopedagogia, bem como as dificuldades que ele apresenta. A diferença existente entre Psicopedagogia e Psicanálise está em seu próprio objeto de trabalho: a Psicopedagogia trabalha com questões relacionadas à aprendizagem, tanto no que diz respeito ao processo quanto ao que diz respeito às dificuldades encontradas neste processo; tanto no que diz respeito ao sujeito quanto ao que diz respeito ao grupo ou à instituição. Para tanto, dispõe de uma série de técnicas e teorias próprias que lhe permitem analisar profundamente cada caso. A psicanálise, por sua vez, dispõe não apenas da teoria como também de sua técnica específica, a qual é bastante peculiar e muito diferente da psicopedagógica. Além disto, a aprendizagem não é o seu foco principal de estudo ou de trabalho. Deste modo, poderia inferir que a Psicopedagogia está no lugar dos três, onde um mais um é igual a três. Portanto, ela não é uma disciplina. Ela é interdisciplinar, ou seja, está inter-relacionada com duas ou mais disciplinas, que transcende o espaço da subjetividade para ir ao encontro de muitas subjetividades/disciplinas em diálogos que caminham na mesma direção. 1.6 – Os eixos norteadores da Psicopedagogia Institucional Para Coll (1989) citado por Ferreira (2006) o amplo conjunto de tarefas e funções realizadas pelos profissionais que prestam assessoramento psicopedagógico às escolas, apesar de sua diversidade, pode ser organizado em torno de quatro eixos. Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 1. O primeiro relativo à natureza dos objetivos da intervenção, cujos polos caracterizam respectivamente as tarefas que se centram, prioritariamente no sujeito e aquelas que têm como finalidade incidir no contexto educacional. Assim, as tarefas incluídas são tanto as que têm como objetivo prioritário o atendimento a um aluno, quanto as que aparecem vinculadas a aspectos curriculares e organizacionais. 2. O segundo eixo afeta as modalidades de intervenção, que podem ser consideradas como corretivas, ou preventivas e enriquecedoras. Qualquer intervenção realizada na escola pode ser caracterizada, em um determinado momento, embora, em um momento posterior, sua consideração se modifique. 3. O terceiro eixo diferencia modelos de intervenção. Embora tenha como objetivo final o aluno, pode ter diferenças consideráveis: enquanto alguns psicopedagogos trabalham diretamente com o aluno, orientam-no e, inclusive, manejam tratamentos educacionais individualizados, outros combinam momentos de intervenção direta com intervenções indiretas, (por exemplo, no caso de uma avaliação psicopedagógica), centradas nos agentes educacionais que interagem com ele (no próprio processo de avaliação psicopedagógica, na tomada de decisões sobre o plano de trabalho mais adequado para esse aluno). São frequentes as consultas formuladas por um professor ao psicopedagogo em relação a um aluno que não vai manter nenhum contato direto com esse profissional. 4. O quarto eixo indica o lugarpreferencial de intervenção, que entende- se como a diversidade de níveis e contextos, inclusive quando circunscrita ao marco educacional escolar. Este eixo inclui tanto as tarefas localizadas no nível de sala de aula, em algum subsistema dentro da escola, na instituição em seu conjunto, ano, série, assim como aquelas que se dirigem ao sistema familiar, à zona de influência, etc. O fato que se deve considerar, concordando com Ferreira (2006) é que as tarefas que aparecem englobadas nos eixos precedentes, objeto da intervenção psicopedagógica, não significa necessariamente que todos os psicopedagogos as executem em seu conjunto e, obviamente, não significa que as realizem da mesma forma. Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 O amplo conjunto de tarefas, funções e possibilidades ao alcance do psicopedagogo educacional deixa no ar a vontade de ter em cada escola, um profissional deste calibre. Infelizmente as escolas, principalmente as públicas não contam em seu quadro de funcionários, nem mesmo para algumas horas na semana, com um profissional de tantas habilidades como é o psicopedagogo. Pensamos que as escolas deveriam se empenhar na contratação deste profissional, uma vez que respeitando a forma e o ritmo próprio de cada educando, introduzindo propostas ricas e desafiadores, teriam neste profissional um suporte para transformar as dificuldades dos alunos em algo construtivo e produtivo. Contudo, a Psicopedagogia não é uma terapia para as dificuldades de aquisição dos códigos ou linguagens que permitem a produção do conhecimento. Conhecimento esse que é um processo contínuo, de acordo com a filosofia da ciência, mas precisamos situar a psicopedagogia num patamar mais alto e entendêla como uma área de estudos interdisciplinar, abrangendo diferentes outras áreas, além de perceber que seu campo de atuação está voltado para identificar as dificuldades do educando no processo ensino-aprendizagem. Esperamos que tenham percebido que a formação desse profissional tem alguns pontos que devem ser levantados: 1º - precisa ter formação acadêmica de nível superior, voltada para a área humana e direcionada para a educação; 2º - seu objeto de atuação é a escola e a criança em processo de aprendizagem; 3º - deve conhecer este objeto de atuação de uma forma ampla, através das teorias de desenvolvimento e de aprendizagem e suas dificuldades; 4º - precisa ter conhecimento sobre avaliação e recursos de atuação psicopedagógica, que possibilite ao profissional que trabalha na área, melhorar o desempenho acadêmico do aluno, como também, prevenir e remediar o fracasso escolar. Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Portanto, a regulamentação de sua profissão contribui para a percepção global do fato educativo, para a compreensão satisfatória dos objetivos da Educação e da finalidade da escola, possibilitando uma ação transformadora (ROCHA, 2002). Ainda, é preciso salientar que a ação desse profissional jamais pode ser isolada, mas integrada à ação da equipe escolar, buscando, em conjunto, vivenciar a escola, não só como espaço de aprendizagem de conteúdos educacionais, mas de convívio, de cultura, de valores, de pesquisa e experimentação, que possibilitem a flexibilização de atividades docentes e discentes. Segundo Weiss (s/d apud Scoz et al,1987, p.76), [...] muitas vezes existem dificuldades no ler, escrever, calcular que não interferem na vida do sujeito, só transformando em sintoma, face a uma exigência ambiental. [...] ao se instrumentalizar um diagnóstico, é necessário que o profissional atente para o significado do sintoma a nível familiar e escolar, e não o veja apenas em um recorte artificial, como uma deficiência do sujeito a ser por ele tratado. É essencial procurarmos o não dito, implícito existente no não aprender. Os profissionais da educação, precisam voltar seus olhares para a escola e ter uma visão íntegra da visão da aprendizagem e visão de mundo. E ao psicopedagogo institucional, através de uma profunda e clara observação das dimensões que envolvem o diagnóstico de aprendizagem, o qual envolve presença e ausência de saber, desenvolver seu papel. Finalmente, o diagnóstico, como veremos na última apostila do curso, do ponto de vista do psicopedagogo deve ser encarado como bússola que norteará sua intervenção junto à escola, ao aluno, ao seu histórico familiar atual e passado, o sociocultural, o educacional, à superação dos obstáculos surgidos e à construção de novos conhecimentos. Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 2 – CÓDIGO DE ÉTICA DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA Reformulado pelo Conselho Nacional e Nato do biênio 95/96 CAPÍTULO I - DOS PRINCÍPIOS Artigo 1º - A psicopedagogia é um campo de atuação em Saúde e Educação que lida com o processo de aprendizagem humana; seus padrões normais e patológicos, considerando a influência do meio _ família, escola e sociedade _ no seu desenvolvimento, utilizando procedimentos próprios da psicopedagogia. Parágrafo único - A intervenção psicopedagógica é sempre da ordem do conhecimento relacionado com o processo de aprendizagem Artigo 2º - A Psicopedagogia é de natureza interdisciplinar. Utiliza recursos das várias áreas do conhecimento humano para a compreensão do ato de aprender, no sentido ontogenético e filogenético, valendo-se de métodos e técnicas próprios. Artigo 3º - O trabalho psicopedagógico é de natureza clínica e institucional, de caráter preventivo e/ou remediativo. Artigo 4º - Estarão em condições de exercício da Psicopedagogia os profissionais graduados em 3º grau, portadores de certificados de curso de PósGraduação de Psicopedagogia, ministrado em estabelecimento de ensino oficial e/ou reconhecido, ou mediante direitos adquiridos, sendo indispensável submeter-se à supervisão e aconselhável trabalho de formação pessoal. Artigo 5º - O trabalho psicopedagógico tem como objetivo: (i) promover a aprendizagem, garantindo o bem-estar das pessoas em atendimento profissional, devendo valer-se dos recursos disponíveis, incluindo a relação interprofissional; (ii) realizar pesquisas científicas no campo da Psicopedagogia. Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 CAPÍTULO II - DAS RESPONSABILIDADES DOS PSICOPEDAGOGOS Artigo 6º - São deveres fundamentais dos psicopedagogos: A) Manter-se atualizado quanto aos conhecimentos científicos e técnicos que tratem o fenômeno da aprendizagem humana; B) Zelar pelo bom relacionamento com especialistas de outras áreas, mantendo uma atitude crítica, de abertura e respeito em relação às diferentes visões do mundo; C) Assumir somente as responsabilidades para as quais esteja preparado dentro dos limites da competência psicopedagógica; D) Colaborar com o progresso da Psicopedagogia; E) Difundir seus conhecimentos e prestar serviços nas agremiações de classe sempre que possível; F) Responsabilizar-se pelas avaliações feitas fornecendo ao cliente uma definição clara do seu diagnóstico; G) Preservar a identidade, parecer e/ou diagnóstico do cliente nos relatos e discussões feitos a título de exemplos e estudos de casos; H) Responsabilizar-se por crítica feita a colegas na ausência destes; I) Manter atitude de colaboração e solidariedade com colegas sem ser conivente ou acumpliciar-se, de qualquer forma, com o ato ilícito ou calúnia. O respeito e a dignidade na relação profissional são deveres fundamentais do psicopedagogo para a harmonia da classe e manutenção do conceito público. CAPÍTULO III - DAS RELAÇÕES COM OUTRAS PROFISSÕES Artigo 7º - O psicopedagogoprocurará manter e desenvolver boas relações com os componentes das diferentes categorias profissionais, observando, para este fim, o seguinte: A) Trabalhar nos estritos limites das atividades que lhes são reservadas; Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 B) Reconhecer os casos pertencentes aos demais campos de especialização; encaminhando-os a profissionais habilitados e qualificados para o atendimento; CAPÍTULO IV - DO SIGILO Artigo 8º - O psicopedagogo está obrigado a guardar segredo sobre fatos de que tenha conhecimento em decorrência do exercício de sua atividade. Parágrafo Único Não se entende como quebra de sigilo, informar sobre cliente a especialistas comprometidos com o atendimento. Artigo 9º - O psicopedagogo não revelará, como testemunha, fatos de que tenha conhecimento no exercício de seu trabalho, a menos que seja intimado a depor perante autoridade competente. Artigo 10 - Os resultados de avaliações só serão fornecidos a terceiros interessados, mediante concordância do próprio avaliado ou do seu representante legal. Artigo 11 - Os prontuários psicopedagógicos são documentos sigilosos e a eles não será franqueado o acesso a pessoas estranhas ao caso. CAPÍTULO V - DAS PUBLICAÇÕES CIENTÍFICAS Artigo 12 - Na publicação de trabalhos científicos, deverão ser observadas as seguintes normas: a) A discordância ou críticas deverão ser dirigidas à matéria e não ao autor; b) Em pesquisa ou trabalho em colaboração, deverá ser dada igual ênfase aos autores, sendo de boa norma dar prioridade na enumeração dos colaboradores àquele que mais contribuir para a realização do trabalho; Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 c) Em nenhum caso, o psicopedagogo se prevalecerá da posição hierarquia para fazer publicar em seu nome exclusivo, trabalhos executados sob sua orientação; d) Em todo trabalho científico deve ser indicada a fonte bibliográfica utilizada, bem como esclarecidas as ideias descobertas e ilustrações extraídas de cada autor. CAPÍTULO VI - DA PUBLICIDADE PROFISSIONAL Artigo 13 - O psicopedagogo ao promover publicamente a divulgação de seus serviços, deverá fazê-lo com exatidão e honestidade. Artigo 14 - O psicopedagogo poderá atuar como consultor científico em organizações que visem o lucro com venda de produtos, desde que busque sempre a qualidade dos mesmos. CAPÍTULO VII - DOS HONORÁRIOS Artigo 15 - Os honorários deverão ser fixados com cuidado, a fim de que representem justa retribuição aos serviços prestados e devem ser contratados previamente. CAPÍTULO VIII - DAS RELAÇÕES COM SAÚDE E EDUCAÇÃO Artigo 16 - O psicopedagogo deve participar e refletir com as autoridades competentes sobre a organização, implantação e execução de projetos de Educação e Saúde Pública relativo às questões psicopedagógicas. CAPÍTULO IX - DA OBSERVÂNCIA E CUMPRIMENTO DO CÓDIGO DE ÉTICA Artigo 17 - Cabe ao psicopedagogo, por direito, e não por obrigação, seguir este código. Artigo 18 - Cabe ao Conselho Nacional da ABPp orientar e zelar pela fiel observância dos princípios éticos da classe. Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Artigo 19 - O presente código só poderá ser alterado por proposta do Conselho da ABPp e aprovado em Assembleia Geral. CAPÍTULO X - DAS DISPOSIÇÕES GERAIS Artigo 20 - O presente código de ética entrou em vigor após sua aprovação em Assembleia Geral, realizada no V Encontro e II Congresso de Psicopedagogia da ABPp em 12/07/1992, e sofreu a 1ª alteração proposta pelo Congresso Nacional e Nato no biênio 95/96, sendo aprovado em 19/07/1996, na Assembleia Geral do III Congresso Brasileiro de Psicopedagogia da ABPp, da qual resultou a presente solução. FONTE: http://www.abpp.com.br/leis_regulamentacao_etica.htm Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 REFERÊNCIAS CONSULTADAS E UTILIZADAS ALVES, Maria Dolores Fortes; BOSSA, Nádia. Psicopedagogia: em busca do sujeito autor. Disponível em: <http://www.psicopedagogia.com.br/artigos/artigo.asp?entrID=809> Acesso em: 23 jul. 2010. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA. Código de ética da ABPp. Disponível em: <http://www.abpp.com.br/leis_regulamentacao_etica.htm> Acesso em: 24 jul. 2010. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA (ABPp). O que é psicopedagogia? Disponível em: <http://www.abpp.com.br/faq_oquee.htm#11> Acesso em: 29 jul. 2010. BARBOSA, Laura M. S. O papel da psicopedagogia na inclusão de pessoas com dificuldade de aprendizagem Disponível em <http://www.abpp.com.br/publicacoes.htm> Acesso em: 23 jul. 2010. CBO – Classificação Brasileira de Ocupações – 2002. Regulamentação e Legislação. Ministério do Trabalho e do Emprego. Disponível em: <http://www.mtecbo.gov.br>. Acessado em: 21 jul. 2010. DAMASCENO, Dagmar Fátima de Lima. A contribuição da psicopedagogia para a formação docente (2006). Tema de uma mesa redonda: Estilos de aprender e estilos de ensinar. Disponível em <http://www.abpp.com.br./artigos.htm.> Acesso em: 23 jul. 2010. DEMO, Pedro. É errando que a gente aprende. 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