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Tenreiro merece um capítulo à parte na literatura de seu país. A marca inconfundível de sua poesia é a da negritudei, que pode e deve ser encarada como tentativa de mediação "entre a "clandestinidade" e o ultramarinismo no limiar dum período em que as ideologias oficiais absorveriam a negritude (ela própria tão ideologicamente vulnerável) dentro do luso- tropicalismo" [HAMILTON. LALN II, p.251]. Alda Espírito Santo (n.1926. Em 2009 São Tomé festejou seus 83 anos com festas), que vinha de um percurso em publicações espaçadas de poemas, inclusive no Poesia Negra de Expressão Portuguesa, editata pela Casa dos Estudantes do Império, tem no volume É nosso o solo sagrado da Terra (1978) a reunião de seus poemas. Alda, tanto quanto Francisco José Tenreiro e Marcelo da Veiga, elabora uma obra que vem a constituir fundamento da literatura nacional tomé-princense. A propósito do livro de Alda escreveu Fernando Martinho: [...] é um longo itinerário de mais de trinta anos que nos permite seguir a exemplar trajetória traçada por um poeta que tem sabido sempre, nos seus melhores momentos, juntar a exigência da voz individual às exigências da voz coletiva, ou, por outras palavras, dar testemunho de um tempo que é seu, na interação dialética da exterioridade dos eventos e da interioridade das vivências. O arrebatado e impetuoso lirismo dessa poesia significa, entre outras coisas, o acentuar dessa marca individual da crença na capacidade transformadora que o sujeito joga numa História em permanente mutação.[in África, 1(3):356, jan.-mar. 1979]. São dela essas interpelações aos colonialistas: "- Que fizestes do meu povo?.../ - Que respondeis?.../ - Onde está o meu povo?..." [É Nosso o Solo Sagrado da Terra. Lisboa: Ulmeiro, 1978, pp.122-3]. Maria Manuela Margarido (1925-2007) põe-se ao lado de Alda, Tenreiro e Veiga, com a mesma direção ideológica e lírica. Autora de Alto Como o Silêncio (1957), volume integrante da coleção portuguesa intitulada "Novo Cancioneiro", sua poesia "cria a metáfora da esperança, não como mito ou utopia, mas como realidade sentida, física, vivida. [...] O verbo de Maria Manuela Margarido é essa realidade; daí a certeza inscrita no devir histórico: "No céu perpassa a angústia austera/ da revolta/ com suas garras suas ânsias suas certezas" ["Paisagem". In: MARGARIDO, A. (Org.) Poetas de São Tomé e Príncipe, 1963, p.81]. Fonte [2] 77
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