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APOSTILA DE LITERATURA

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APOSTILA DE LITERATURA 
Colégio e Curso EducAção
Humanismo
.
O mundo medieval caracterizava-se por uma hierarquia muito rígida, com limites claros separando um classe social da outra. Essa rigidez vai ser abalada pelo surgimento de uma nova classe social: a burguesia, cujo nome deriva da palavra burgos (cidade) .
Os burgueses não pertenciam à nobreza ou à classe dos servos. Caracterizavam-se socialmente pelas atividades que exerciam, ligadas ao comércio e à pequena industria. Essas ocupações provocaram o crescimento ou o aparecimento das cidades onde novas formas de relacionamento social e novas leis faziam-se necessários, pois os hábitos e a rotina dos moradores da cidade opunham-se ao comportamento submisso e humilde do camponês medieval. Iniciava-se a decomposição do regime feudal. Status econômico tornou-se mais importante que os títulos da nobreza de sangue ou de origem. 
As grandes navegações, vinculadas à expansão ultramarina portuguesa, iniciadas neste período, ampliaram os limites do mundo, além de trazer ao homem uma confiança cada vez mais crescente nas suas próprias conquistas e capacidade de dominar a natureza e o desconhecido pelo esforço, a coragem e o saber.
Esse alargamento de horizontes físicos e intelectuais teve como conseqüência a desvalorização crescente da religiosidade medieval. Iniciava-se um longo processo de mudanças, que atingiria seu ponto culminante no renascimento. O teocentrismo começava a ruir à medida que ganhava forças uma concepção de mundo denominada antrocentrismo, em que o homem – e não mais Deus – ocupava o centro do universo.
A época que estamos estudando caracteriza-se como um período de transição, em que conviveram duas visões do mundo: a teocêntrica e a antropocêntrica. 
Na literatura portuguesa, o período denominado Humanismo estende-se de 1434 a 1527. A primeira data refere-se à nomeação de Fernão Lopes para o cargo de guarda – mor da Torre do Tombo, ou seja, encarregado do arquivo do Estado, o que corresponderia hoje à função de historiógrafo.
A escolha de Fernão Lopes é um índice da nova mentalidade que se instaurava em Portugal, pois esse cronista inaugurou uma nova maneira de registrar a história de seu país.
A data que encerra o período – 1527 – refere-se à volta do poeta Sá de Miranda a Portugal, após uma permanência de 6 anos na Itália, de onde trouxe novas idéias a respeito da arte em geral e em particular da literatura.
Examinado em seu conjunto a produção escrita do período que estamos estudando – para fins didáticos – a seguinte esquematização: 
I – Teatro 
II – Poesia 
III – Prosa
1- Não-ficção
a) Historiografia
b) Prosa doutrinaria 
2- Ficção – novela de cavalaria 
Teatro
Na Idade Média, as manifestações teatrais eram rudimentares e ocorriam à volta das igrejas e mosteiros. Foi com Gil Vicente que o teatro português realmente passou a adquirir importância. O teatro é manifestação literária em que fica mais claro o espírito da época.
Gil Vicente (1475? – 1537?)
Autor de mais de 40 peças, Gil Vicente é conhecido pela qualidade de sua obra. A estréia de Gil Vicente ocorreu em 1502 com o Monólogo do vaqueiro, feito em homenagem à rainha d. Maria e declamado nos aposentos da rainha pelo próprio autor, com a finalidade de divertir a soberana, quando ela deu a luz o futuro rei d. João Terceiro de Portugal. O auto foi composto em espanhol, língua corrente entre os nobres de Portugal na época.
O teatro escrito por Gil Vicente pode ser dividido didaticamente em dois blocos: 
a) Autos – são peças teatrais de assunto predominantemente religioso, tratado de modo sério ou cômico. Os autos visavam divertir, moralizar o público ou difundir a fé cristã. Alto da alma e Trilogia das barcas ( compreendendo Alto da barca do inferno, Alto da barca da glória, Alto da barca do purgatório) são os mais importantes autos vicentinos.
b) Farsas – são peças cômicas curtas , de um só ato, poucas personagens e enredo extraído do cotidiano. Têm geralmente caráter cômico. Destacam-se Farsa de Inês Pereira, Farsa do velho da horta e Quem tem farelos? 
Para exemplificar, um trecho do Auto da barca do inferno:
 O diálogo entre o sapateiro e o diabo:
“Sapateiro: Quantas missas eu ouvi, 
 non me hão elas de prestar?
Diabo: Ouvir missa, então roubar – 
é caminho para aqui.” 
 Características do teatro de Gil Vicente
a) Quanto às personagens: as personagens não se distinguem como indivíduos: são tipos que ilustram as classes sócias da época. São identificados quase sempre pela ocupação que exercem ou por algum traço social. No conjunto, essas personagens compõem um painel da sociedade da época.
b) Quanto à concepção religiosa – apagando à tradição medieval, Gil Vicente parece lamentar a perda dos valores que considera mais importantes de sua época. Mas, ao mesmo tempo, prega um cristianismo mais humanizado.
c) Como se faz a critica social – a critica social do teatro vicentino é impiedosa. Não escapa qualquer comportamento que autor julga inadequado: o adultério, a falta de sentimento religioso, a hipocrisia, o excessivo apego aos bens materiais, a vaidade. Para o povo, o autor reservava a glória para a salvação eterna.
d) Os efeitos cômicos – para atingir comicidade, o autor explora principalmente a linguagem das personagens: incorpora trocadilhos, ditos populares, blasfêmias, grosserias, insultos e até obscenidades.
 Poesia.
Embora seja ainda conhecida como cantiga, a poesia do Humanismo apresenta diferenças em relação à cantiga medieval: 
a) O acompanhamento musical praticamente desaparece e a separação entre poesia e música trouxe conseqüências para a própria estrutura dos poemas: agora para conseguir ritmo e musicalidade importantes na poesia, o poeta conta apenas com os elementos da língua.
b) Produzida por poetas da corte e consumida em saraus nos palácios, a poesia do Humanismo é conheci9da como poesia palaciana.
c) A poesia lírico-amorosa do Cancioneiro geral é bem representativa do caráter de transição do período humanista. Ora se faz a exaltação do amor idealizado, ora do desejo físico; ora se trata da mundanidade mais concreta, ora da mais ardorosa fé religiosa.
 Prosa 
. Não – ficção
São obras reveladoras da nova mentalidade que aos poucos tomava conta da cultura portuguesa. Atendem sobretudo ao interesse do público burguês, extremamente pragmático, isto é , apegado ao valor prático das coisas. 
A historiografia e a prosa doutrinária englobam escritos destinados a informar e a instruir.
1- A historiografia – compreende as crônicas ou registros da vida de personagens e acontecimentos históricos. 
 Fernão Lopes foi o primeiro historiador a atribuir ao povo um papel importante nas mudanças da História; papel atribuído anteriormente apenas à nobreza.
2- a prosa doutrinaria – atendia mais imediatamente ao pragmatismo burguês. Apresenta finalidade pedagógica ou constitui-se em guias destinados à doutrina cavaleiresca, cortesã ou religiosa. 
.Ficção
As novelas de cavalaria da época medieval se fundavam na religiosidade e no misticismo. Já o Amadis de Gaula apresenta atmosfera de paixão, sensualidade e realização do amor mais carnal, com um herói mais humano. Enquanto na Demanda do Santo Graal o prêmio almejado por Galaaz é o cálice sagrado, no Amadis o herói aspira à posse da mulher amada.
Questões Propostas:
1- Por que se caracteriza o humanismo como período de transição?
______________________________________________________________________________________________________________________________________________
2- Na poesia, qual foi a grande novidade ocorrida no humanismo?
______________________________________________________________________________________________________________________________________________
3- Da série de dados seguintes, identifique os que apresentam relação com o trovadorismo e aquele que dizem respeito ao humanismo:
a) Gil Vicente e) Amadis deGaula
b) Cantiga de amigo f) vassalagem amorosa na poesia
c) Cancioneiro geral 
d) Prosa didática
CLASSICISMO
Foi o período de consolidação das mudanças iniciadas no Humanismo. O antropocentrismo marca definitivamente a sociedade, sobrepondo-se ao teocentrismo, marcando, assim, a confiança na capacidade do ser humano. A arte passou a ter uma importância admirável. A Mona Lisa, de Leonardo Da Vinci, e a Pietà, de Michelangelo, são as obras mais representativas desse período.
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Mona Lisa, Leonardo Da Vinci
Pietà, Michelangelo
O marco inicial do Classicismo em Portugal foi o ano de 1527, quando o poeta Sá de Miranda retornou da Itália com as novas formas literárias e artísticas que caracterizavam o Classicismo.
Obs.: Dá-se o nome de RENASCIMENTO ao período histórico como um todo, enquanto se reserva o termo CLASSICISMO para as suas manifestações artísticas.
Contexto Histórico
· Início do século XVI.
· Início da idade moderna (rompimento com o medievalismo).
· Reforma protestante, devido às inúmeras dissidências da Igreja Cristã na idade média.
· Inglaterra, Espanha e Portugal se estabelecem como reinos poderosos, enquanto a Itália ainda se divide em pequenas cidades, rivais entre si.
· A Itália se torna palco das revoluções filosóficas e artísticas, que depois se expandiu para a Europa.
· Em Portugal, as grandes navegações conquistavam riquezas, consolidando o poder real, absolutista.
Obs.: A viagem de Vasco da Gama às Índias inspirou Os lusíadas, obra mais importante do classicismo lusitano.
Características
· Visão racionalista do mundo (razão x emoção) - o homem deixa de aceitar com exclusividade o ponto de vista da religião para explicar as coisas do mundo.
· Equilíbrio entre a razão e imaginação, para que a arte se tornasse mais impessoal e universal.
· Inspiração nos padrões da Antigüidade clássica (daí o nome Classicismo), observados como modelos de perfeição. A imitação das obras greco-latinas, para os pintores, escultores e poetas, não era copiar, e sim, era tomar como modelo para as suas próprias obras.
· A mitologia como tema para a criação poética. Deuses com Júpiter, Vênus, Minerva, entre outras figuras o Olimpo (ninfas, sátiros, centauros etc) passam a fazer parte das obras literárias e artísticas.
· Valorização estética, representando a figura humana com traços exuberantes e bem definidos.
· O idealismo – para Platão, o mundo em que vivemos é a cópia imperfeita do mundo das idéias, onde se encontra a perfeição. Na literatura, a busca pelo mundo ideal é representada pelas iniciais maiúsculas nos vocábulos Beleza, Amor, Razão, tomados como ideal de perfeição.
Luis Vaz de Camões
Camões, Luís Vaz de (1524?-1580), o mais representativo poeta português. Nasceu provavelmente em Lisboa, cidade onde morreu. Sua obra Os Lusíadas, publicada em 1572 após passar pela censura da Inquisição, consolidou a língua portuguesa e é considerada o poema épico nacional lusitano. Além de Os Lusíadas (um canto de louvor ao descobrimento da rota marítima para as Índias), Camões só publicou, enquanto viveu, mais três poemas.
Pouco se sabe sobre a vida de Luís Vaz de Camões. Acredita-se que tenha estudado na Universidade de Coimbra, onde teria se formado em Artes. Apesar de não ser rica, sua família freqüentava a corte, o que lhe valeu a chance de aproximar-se de Dom João III. Porém, uma aventura amorosa com uma das damas-de-companhia da rainha Catarina de Ataíde levou-o ao desterro no Ribatejo. Estudiosos da obra de Camões acreditam que seus versos de amor foram inspirados nesta paixão tumultuada e perdida. 
Os Lusíadas foi escrito em dez cantos de versos octassílabos. Entrelaçados com a história da viagem de Vasco da Gama, Camões louva a história portuguesa, as idéias cristãs e os sentimentos humanistas. Mas, ainda que exalte as façanhas dos lusitanos, Os Lusíadas também reflete a visão crítica e amarga de seu autor sobre a política colonialista de Portugal.
A fama de Luís Vaz de Camões também se deve a numerosos poemas publicados postumamente: 211 sonetos, 142 redondilhas, 15 canções, 13 odes, nove églogas, cinco oitavas, incontáveis cartas e três peças teatrais, duas das quais baseadas em modelos do teatro clássico. O tema principal da poesia de Camões é o conflito entre o amor apaixonado e sensual e a idéia neoplatônica de amor espiritual.
EXERCÍCIOS
Leia o (Soneto)
Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;
É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente; 
É cuidar que se ganha em se perder;
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor; 
É ter com quem nos mata lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade, 
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
(Luís de Camões)
1) Que sentimento é definido nesse soneto e que figura de linguagem é utilizada reiteradamente para defini-lo?
2) Por que se pode afirmar que esse soneto tem caráter universal?
3) (FUVEST-SP) 
“Alma minha gentil, que te partiste
tão cedo desta vida descontente,
repousa lá no céu eternamente, 
e viva eu cá na terra sempre triste.”
Existe uma forte oposição no interior da estrofe. Identifique-a e diga o que ela representa.
Leia os versos de 
Ao desconcerto do mundo
Os bons vi sempre passar
No mundo graves tormentos;
E para mais me espantar,
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos.
Cuidando alcançar assim
O bem tão mal ordenado,
Fui mau, mas fui castigado.
Assim que, só para mim
Anda o mundo concertado.
(Luís de Camões)
4) Identifique as antíteses por meio das quais o poeta mostra sua perplexidade com a falta de sentido do mundo.
5) Por que só para o eu-lírico “anda o mundo concertado”?
Marque V (verdadeiro) ou F (falso):
a) (
) O período histórico em que ocorreu o Classicismo é chamado de Renascimento.
b) (
) Não há relação entre o Classicismo e o Humanismo.
c) (
) Luís de Camões é o poeta que iniciou op Classicismo em Portugal.
d) (
) Os Lusíadas é uma narrativa épica que conta a saga ultramarina lusitana e tem como principal personagem Vasco da Gama.
e) (
) A mitologia greco-latina é presente na arte do classicismo.
6) Cite três características do Classicismo.
LITERATURA DE INFORMAÇÃO E DE CATEQUESE
 Representação da porção americana do planisfério, confeccionada pelo cartógrafo Pierre Descelier, em 1546
O Humanismo promoveu a revolução cultural, artística e literária, que atingiu o apogeu no Renascimento. Os navegantes, de outra forma, expandiam os limites territoriais, imprimindo em cada terra nova descoberta os seus costumes, religião, hábitos, sua língua e sua cultura.
As primeiras manifestações literárias sobre a América estão delimitadas pelo seu caráter informativo. Expressam, sem maiores intenções artísticas, os contatos do europeu com o novo mundo. São documentos a respeito das condições gerais da terra conquistada. Neles se descrevem os problemas, as prováveis riquezas, as lutas de dominação, a paisagem física e humana, etc.
Considera-se a Carta de Pero Vaz de Caminha como o marco inicial da literatura brasileira.
Contexto Histórico
· Grandes navegações, dilatando o império e a fé.
· Pedro Álvares Cabral chega ao Brasil.
· Início da colonização portuguesa no Brasil.
· Apropriação, pelos portugueses, das terras indígenas.
· Introdução da cultura lusitana no Brasil: língua, costumes, religião, tradições.
· Exploração das riquezas naturais da colônia e exportação para a metrópole, com auxílio dos escravos (ainda escravos índios).
A crônica dos viajantes e dos jesuítas
Não se pode falar em uma literatura genuinamente brasileira durante primeiro século da colonização, pois os brasileiros alfabetizados não constituíam parcela considerável da população. Além disso, discute-seo fato de não haver uma produção de caráter literário, mas sim, de caráter informativo.
Os relatos de viagens e tratados sobre a nova terra eram escritos por viajantes europeu que estiveram aqui para descrever as paisagens exóticas e catalogar espécies de animais e vegetais encontrados. Quando voltavam para a metrópole, publicavam seus escritos, surgindo, assim, a literatura de informação.
Os jesuítas que aqui estiveram durante a colonização tinham o objetivo de catequizar os indígenas, convertendo-os à fé católica. A conversão exigiu livros que pudessem ser compreendidos pela população nativa. Esses textos compõe a literatura de catequese.
Obras de viajantes portugueses:
a) Tratado da terra do Brasil e História da Província Santa Cruz, de Pero de Magalhães Gândavo.
b) Tratado da terra e gente do Brasil, de Fernão Cardim.
c) Tratado Descritivo do Brasil, de Gabriel Soares de Sousa.
d) Diálogos das Grandezas do Brasil, de Ambrósio.
Padre José de Anchieta
Nascido nas Ilhas Canárias, José de Anchieta (1534-1597) entrou para Companhia de Jesus (fundada em 1540 por Santo Inácio de Loyola, com o objetivo de reconquistar para a fé católica as regiões atingidas pela reforma protestante) em 1551 e veio para o Brasil pouco depois dos 19 anos. Aprendeu a língua Tupi para tratar da conversão dos índios. Encenou peças de sua autoria, escritas especialmente para a catequese.
Obras: Poesias (escritas em Latim, Português e Castelhano); Teatro (Auto de São Lourenço, Na visitação de Santa Isabel e Na Aldeia de Guaraparim); Prosa (Arte da gramática da língua mais falada na costa do Brasil – conhecido, também, como gramática da língua Tupi).
EXERCÍCIOS
Leia o fragmento abaixo e responda.
Do Santíssimo Sacramento
Ó que pão, ó que comida, 
Ó que divino manjar
Se nos dá no santo altar cada dia!
Este dá vida imortal, 
Este mata toda a fome, 
Porque nele Deus e homem se contêm.
É fonte de todo bem,
Da qual quem bem se embebeda
Não tenha medo da queda do pecado.
Ó divino bocado,
Que tem todos os sabores!
Vinde, pobres pescadores, a comer!
(José de Anchieta)
1) Descreva o esquema métrico da primeira estrofe desse fragmento.
2) Que metáforas o poeta emprega para referir-se ao “Santíssimo Sacramento”?
3) Com base nesse poema, comente a característica fundamental do texto de catequese.
4) (MACK/SP) Desde seu descobrimento, escreveu-se sobre o Brasil. Alguns escritores, após tal evento, com​puseram textos com o propósito fundamental de retratar não só a terra recém-descoberta, como também as características de seus habitantes. Trata-se, pois, de uma literatura de teor informa​tivo, apesar de se encontrarem, às vezes, algu​mas passagens onde se mostram elementos ar​tísticos.
Aponte a alternativa em que se encontra o nome de um texto que não se encaixa nessa tendência.
a) Carta do descobrimento
b) Tratado da terra do Brasil
c) Tratado descritivo do Brasil
d) Sermão pelo bom sucesso das armas de Por​tugal contra as de Holanda
e) História da Província Santa Cruz, a que vul​garmente chamamos Brasil
BARROCO
A arte barroca confronta-se com o equilíbrio das formas clássicas. A exatidão e a harmonia não são observadas no Barroco. Assim, suas composições artísticas e literárias instauraram o excesso: de figuras de linguagem, de detalhes na pintura na escultura.
O Barroco, com resultado da tensão entre os valores materiais, acentuados pela arte e pela cultura renascentista, e os valores espirituais que a Contra-Reforma jurava recuperar, expressa-se essencialmente pela dualidade: teocentrismo x antropocentrismo, espiritualidade x sensualidade, desejo aos bens materiais x a salvação da alma para a vida eterna.
“A vós correndo vou, braços sagrados,
Nessa cruz sacrossanta descobertos,
Que, para receber-me, estais abertos
E, por não castigar-me, estais cravados.”
Expressa-se, também, pelo contraste entre a luz e a sombra, que são acentuados tanto na pintura como na literatura; pela temática do desengano, que tem substrato religioso porque está centrado na desvalorização da vida humana diante da morte e da eternidade, manifestando-se através de idéias como: a vida é sonho (caráter ilusório da existência terrena) – “Que é a vida? / Um frenesi. / Que é a vida? / Uma ilusão, / uma sombra, uma ficção”; e a vida é breve (breve trajetória do homem, viver é uma curta jornada).
Barroco em Portugal
O marco inicial do Barroco português é o ano da morte de Camões (1580) e a anexação de Portugal ao reino da Espanha. O Barroco fortaleceu durante o século XVII; com a intensificação do comércio internacional; com o desenvolvimento da ciência (Graças a Galileu Galilei e a Renè Descarte); com o enriquecimento da classe burguesa ao lado da nobreza e do clero; com o surgimento da inquisição e o fortalecimento da Cia. de Jesus, devido à Contra-Reforma.
Padre Antônio Vieira (1608 – 1697)
Nasceu em Portugal e logo mudou-se para o Brasil. Pela Companhia de Jesus, ordenou-se padre e retornou a Portugal, consagrando-se orador junto à Corte. 
Pregou contra a escravização de índios no Maranhão, atraindo a ira dos portugueses residentes na região. Foi preso e condenado; exilou-se em Roma, conseguindo finalmente reabilitar-se. Regressou ao Brasil, dedicando-se, em seus últimos anos de vida, a organizar a própria obra - escreveu grande número de sermões, que estão reunidos em 15 volumes. São os mais conhecidos: Sermão de Santo António (aos peixes); Sermão da Sexagésima; Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal contra as de Holanda. Escreveu profecias, reunidas em Clavis Prophetarum e Esperanças de Portugal, e também cartas.
Barroco no Brasil
Iniciou-se com a publicação de “Prosopopéia”, de Bento Teixeira, em 1601. Pequena obra épica, baseada em “Os Lusíadas”.
Contexto Histórico
O modelo de colonização imposto por Portugal visava à exploração, sem preocupação com benfeitorias para a Colônia. As atividades artísticas e literárias alcançavam pouquíssima repercussão, apenas em cidades como Salvador e Recife.
Características
No Brasil do século XVII, as escolas praticamente se limitavam a formar clérigos. Os poucos brasileiros que estudavam recebiam ou completavam formação na Metrópole. Assim, pouco diferem as características da literatura barroca desses dois países. A dualidade (a preocupação com a salvação da alma e o desejo de usufruir os bens materiais), a expressão rebuscada e a linguagem altamente elaborada também se manifestaram no especialmente nos poemas de Gregório de Matos Guerra, o maior Jesse período.
A literatura barroca no Brasil cultivou, ainda, um novo tema: a passagem do tempo. Os poetas consideram que, como a vida é breve, devemos aproveitá-la máximo (Carpe diem), e uma das formas de aproveitar a vida encontra-se no amor (opção propicia a criação de uma poesia lírica que enaltece a figura feminina). A mulher, no entanto, ora é tratada como figura angelical, que se contempla com amor e submissão, ora como figura diabólica, que provoca a tentação e a perdição da alma.
Por último, e em decorrência das circunstâncias históricas, manifestou-se na colônia o sentimento nativista, que reflete o apego e o sentimento de amor à terra pelos indivíduos nascidos no Brasil. Assim, as primeiras gerações de brasileiros natos exaltavam as riquezas naturais do seu país.
Autores
Bento Teixeira
Bento Teixeira Pinto nasceu em Portugal na cidade de Porto em 1565, sua obra Prosopopéia é o marco inicial do barroco brasileiro em 1601. Trata-se de um poemeto épico, de imitação camoniana, tendo por assunto a exaltação dos feitos militares de Jorge Albuquerque Coelho, segundo donatário da Capitania de Pernambuco. Tem mais valor histórico que literário.
Gregório de Matos
Gregório de Matos Guerra (1633/36? – 1696) nasceu em Salvador, onde iniciou seus estudos. Cursou Direito em Coimbra e tornou-se juiz. Casou, ficou viúvo e retornou ao Brasil em 1681, para trabalhar na Bahia. 
Conhecido como Boca do Inferno, foi perseguido pelas autoridades que foram vítimas de suas sátiras. Foi, por isso, exilado em Angola e retornou ao Brasiljá no final de sua vida e morreu em Recife.
Obras de Gregório de Matos
Poesia religiosa
A oscilação da alma barroca entre o mundo terreno e a perspectiva da salvação eterna aguça-se em Gregório de Matos Guerra. Até meados do século XVIII, nenhum homem de letras pode fugir a uma educação contra-reformista, pois os jesuítas controlam todo o sistema de ensino. Desta forma, ilustrar-se só será possível dentro dos preceitos da Companhia de Jesus, o que acontece com o futuro poeta.
O exemplo mais conhecido de sua literatura sacra é o soneto A Jesus Cristo Nosso Senhor. Numa curiosa dialética, o poeta apela para a infinita capacidade de Cristo em redimir os piores pecadores, alegando que a ausência de perdão representaria o fim da glória divina. Trata-se, pois, de um poema simultaneamente contrito e desafiador, humilde e presunçoso. 
Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado, 
Da vossa alta clemência me despido;
Porque quanto mais tenho delinqüido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado. 
Se basta a vos irar tanto pecado,
A abrandar-vos sobeja* um só gemido:
Que a mesma culpa que vos há ofendido, 
Vos tem para o perdão lisonjeado. 
Se uma ovelha perdida e já cobrada
Glória tal e prazer tão repentino
Vos deu, como afirmais na sacra história, 
Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,
Cobrai-a; e não queirais, pastor divino,
Perder na vossa ovelha a vossa glória.
Poesia lírica
a) O amor elevado - Exemplo dessa perspectiva é um dos sonetos dedicados a D. Ângela, provável objeto da paixão do poeta e que o teria rejeitado por outro pretendente. Observe-se o jogo de aproximações entre as palavras anjo e flor para designar a amada. Observe-se também que, ao mesmo tempo tais vocábulos possuem um caráter contraditório (anjo = eternidade; flor = brevidade).
Anjo no nome, Angélica na cara!
Isso é ser flor, e Anjo juntamente:
Ser Angélica flor, e Anjo florente
Em quem, senão em vós, se uniformara?
Quem vira uma tal flor, que a não cortara,
De verde pé, da rama florescente?
A quem um Anjo vira tão luzente
Que por seu Deus o não idolatrara?
Se pois como Anjo sois dos meus altares,
Fôreis o meu custódio, e minha guarda,
Livrara eu de diabólicos azares.
Mas vejo que tão bela, e tão galharda,
Posto que os Anjos nunca dão pesares,
Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda.
b) Amor obsceno-satírico - Na poesia obscena-satírica, Gregório de Matos não apresenta qualquer requinte voluptuoso. Sua visão do amor físico é agressiva e galhofeira. Quer despertar o riso ou o comentário maldoso da platéia. Por isso, manifesta desprezo pela concepção cristã do amor que envolve a camada espiritual, conforme podemos verificar no texto abaixo: 
O amor é finalmente
um embaraço de pernas,
uma união de barrigas,
um breve tremor de artérias.
Uma confusão de bocas,
uma batalha de veias,
um reboliço de ancas,
quem diz outra coisa, é besta.
EXERCÍCIOS
Leia o poema e depois responda às questões.
Aos afetos e lágrimas derramadas na ausência da dama a quem queria bem
(Gregório de Matos)
Ardor em firme coração nascido;
Pranto por belos olhos derramado; 
Incêndio em mares de água disfarçado; 
Rio de neve em fogo convertido:
Tu, que em um peito abrasas escondido; 
Tu, que em um rosto corres desatado; 
Quando fogo, em cristais aprisionado; 
Quando cristal em chamas derretido.
Se és fogo, como passas brandamente? 
Se és neve, como queimas com porfia? 
Mas ai, que andou Amor em ti prudente!
Pois para temperar a tirania,
Como quis que aqui fosse a neve ardente,
Permitiu parecesse a chama fria.
1) Gregório de Matos emprega, nesse poema, uma forma criada no Classicismo e que se manteve no Barroco: o soneto. Comente os elementos que constituem o padrão formal desse soneto.
2) O eu-lírico dirige-se a alguém ou algo, empregando o vocativo. A quem ele se dirige?
3) A primeira oposição, entre "ardor" e "pranto", desdobra-se numa imagem de difícil compreensão, que, na verdade, não tem correspondente denotativo. Destaque e classifique essas figuras de linguagem.
4) Ênfase na dualidade e na contraposição entre elementos, bem como uso de figuras de linguagem, são características da poesia barroca. Observe tais manifestações no poema acima, em que os substantivos "ardor" e "pranto", nos dois primeiros versos, constituem os termos iniciais de uma série de contraposições. Essa antítese inicial ganha maior complexidade nos versos seguintes. Assim:
a. Identifique os mesmos sentimentos, transcrevendo os substantivos concretos que os expressam nessa mesma estrofe e na estrofe seguinte.
b. Na segunda estrofe, cada um desses substantivos concretos é qualificado por imagens difíceis de se visualizar. Que imagens são essas?
c. Surpreendentemente, na terceira estrofe cada um dos substantivos concretos é caracterizado por meio de elementos provenientes de seu oposto. Em que imagens ocorre essa transferência?
d) A última estrofe leva a antítese a um ponto culminante, em que as imagens só são possíveis apenas como linguagem. Quais são os termos dessa antítese e por que ela só é possível como linguagem?
5) (PUCC/SP) 
Que falta nesta cidade? Verdade. 
Que mais por sua desonra? Honra. 
Falta mais que se lhe ponha? Vergonha.
O demo a viver se exponha,
Por mais que a fama a exalta,
Numa cidade onde falta
Verdade, honra, vergonha.
Pode-se reconhecer nesses versos de Gregório de Matos:
a) o caráter de jogo verbal próprio do estilo barroco, a serviço de uma crítica, em tom de sátira, do perfil moral da cidade da Bahia.
b) o caráter de jogo verbal próprio da poesia religiosa do século XVI, sustentando piedosa lamentação pela falta de fé do gentio.
c) o estilo pedagógico da poesia neoclássica, por meio da qual o poeta se investe das funções de um autêntico moralizador.
d) o caráter de jogo verbal próprio do estilo barroco, a serviço da expressão lírica do arrependimento do poeta pecador.
e) o estilo pedagógico da poesia neo clássica, sustentando em tom lírico as reflexões do poeta sobre o perfil moral da cidade da Bahia.
LITERATURA
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