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1 APOSTILA HISTÓRIA DE PERNAMBUCO Ocupação e colonização | Contatos iniciais do europeu com o nativo local | Capitanias Hereditárias | Duarte Coelho. Ocupação e Colonização e o Contatos Iniciais com os Nativos Em 1498, uma expedição liderada pelo navegador português Duarte Pacheco Pereira zarpou de Portugal com o objetivo de explorar o litoral brasileiro. A missão tinha como propósito identificar os territórios atribuídos a Portugal e a Castela pelo Tratado de Tordesilhas, firmado em 1494. Pacheco Pereira, que desempenhou um papel nas negociações do tratado, buscava mapear as fronteiras estabelecidas pelo acordo. TOME NOTA: Apesar de Duarte Pacheco Pereira ter liderado essa expedição em 1498 para explorar o litoral brasileiro, um dos mais notáveis exploradores portugueses da época foi Pedro Álvares Cabral. Cabral, em sua expedição ao Brasil em 1500, acabou "descobrindo" oficialmente o país para Portugal. A expedição de Duarte Pacheco Pereira foi uma das primeiras tentativas de entender e delimitar os territórios conforme o Tratado de Tordesilhas, mas é a expedição de Cabral que muitas vezes é mais lembrada nos registros históricos. Duarte Pacheco Pereira. Em 26 de janeiro de 1500, outra expedição, sob o comando do espanhol Vicente Yáñez Pinzón, alcançou o Cabo de Santo Agostinho, situado no litoral sul de Pernambuco. Este evento contribuiu para a crescente exploração das terras recém-descobertas. Vicente Pinzón No início do mesmo ano, em 1500, Pedro Álvares Cabral liderou uma expedição que partiu de Portugal em direção ao Oriente, com o objetivo principal de fortalecer os laços comerciais com as Índias. Além disso, a expedição tinha o propósito de confirmar as vantagens estipuladas pelo Tratado de Tordesilhas. 2 Pedro Álvares Cabral Quando Cabral e sua esquadra chegaram a Porto Seguro, no litoral da terra que mais tarde seria chamada de Ilha de Vera Cruz e, posteriormente, Terra de Santa Cruz, os portugueses já possuíam considerável experiência em suas explorações marítimas. À véspera da chegada dos europeus à América em 1500, estima-se que o território que hoje compreende o Brasil (a costa oriental da América do Sul) era habitado por aproximadamente dois milhões de indígenas, desde o Norte até o sul. TOME NOTA: Antes da chegada de Pedro Álvares Cabral ao Brasil em 1500, as terras agora conhecidas como Brasil eram habitadas por diversos povos indígenas, com uma estimativa de aproximadamente dois milhões de habitantes. Essas comunidades indígenas tinham uma rica diversidade cultural, com diferentes línguas, costumes e formas de organização social. A chegada dos europeus marcou o início de um período de encontros e conflitos entre as culturas indígenas e os colonizadores, deixando um impacto duradouro na história e na sociedade brasileira. Grupos Indígenas Anterior a chegada de Cabral Quando os portugueses chegam aqui no Brasil em 1500, devido a uma consequência direta dos acontecimentos da Expansão Ultramarina, Pero Vaz de Caminha relata para o Rei de Portugal Dom Manoel, a não existência de metais preciosos ao rei, “aqui não tem nem ouro nem prata nem pedras preciosas, e ele diz que a tarefa mais árdua e mais honrosa que Portugal pudesse fazer seria salvar essa gente” sugerindo a catequização deles. O período de 1500 – 1530 não tivemos uma colonização sistemática, uma colonização de fé e fato, o que tivemos foi um período de reconhecimento do território brasileiro. É onde a coroa vai promover o primeiro contato com os indígenas. Portugal envia ao Brasil, expedições exploratórias que tinham como objetivos investigar os potenciais atividades econômicas que o território poderia ter, e é em uma dessas explorações que Gaspar de Lemos notifica que em boa parte do litoral brasileiro do Pau-Brasil que será a primeira atividade econômica desenvolvida pelos portugueses em terras brasileiras. 3 O pau-brasil se torna o principal produto que norteia a economia nesses 30 primeiros anos, uma atividade exploratória, uma atividade nômade, predatória que não promove o povoamento do território. A atividade funcionava através do Estanco: O monopólio que a coroa portuguesa possuía em relação a extração do pau-Brasil este que era usada para o tingimento de tecido na Europa. Extração do Pau-Brasil O trabalho do Pau-Brasil era realizado pela mão de obra indígena, através do Escambo, que seria uma troca natural os índios faziam o trabalho pesado e em troca ganhavam tecidos, objetos metálicos, tecidos, dentre outras coisas, objetos que eram desconhecidos pelos indígenas. Os Indígenas tendo contato com novos “materiais” em troca do Pau-Brasil TOME NOTA: O contato dos indígenas com os novos materiais resultantes do escambo durante a extração do Pau-Brasil não apenas introduziu elementos estranhos em suas vidas, mas também teve implicações culturais significativas. Muitos objetos metálicos e tecidos, até então desconhecidos pelos indígenas, tornaram-se parte de sua realidade cotidiana. Essa troca cultural influenciou não apenas a materialidade da vida indígena, mas também suas práticas e percepções. Além disso, o escambo estabeleceu um padrão de interação que, ao longo do tempo, moldaria as relações entre os colonizadores europeus e os povos indígenas. A dependência dos indígenas em relação aos objetos introduzidos pelos europeus criou dinâmicas complexas de poder e influência. Essa fase inicial de contato, marcada pelo intercâmbio de bens materiais, foi apenas o começo de uma história mais ampla de interações entre culturas distintas no Brasil colonial. Capitanias Hereditárias No início da colonização Portuguesa a coroa optou por dividir o território em capitanias hereditárias para a pequena nobreza de Portugal, dividindo em vários lotes de terras que por sua vez era chamado de capitanias hereditárias sistema esse que Portugal já havia experimentado nas ilhas oceânicas (Madeira, Açores e Cabo Verde). Portugal coloca na mão da 4 iniciativa privada a tarefa de colonizar o território português. Território brasileiro foi dividido em 15 lotes de terras, 14 capitanias que foi entregue a 12 donatários. Capitanias Hereditárias, e seus respectivos donatários. As capitanias hereditárias é uma descentralização administrativa colocando na mão da iniciativa privada a tarefa de promover a colonização da américa portuguesa, essa iniciativa privada seria responsável pela colonização portuguesa e pelos recolhimentos dos impostos destinando a metrópole portuguesa. Apenas duas capitanias terão resultados eficientes, duas delas terão êxitos que é: Pernambuco (Duarte Coelho) e São Vicente (Martim Afonso de Souza) essas duas capitanias prosperaram devido ao cultivo da cana de açúcar. Plantação de Cana de açúcar que será responsável pelo sucesso de Pernambuco e São Vicente. As outras capitanias não obtiveram êxitos, são inúmeros fatores que levaram ao declínio dessas capitanias hereditárias como: Ataques Indígenas, ataques de piratas principalmente franceses, a distância de uma capitania a outra, ausência de apoio financeiro por parte da coroa, falta de iniciativa dos donatários (alguns deles nunca chegaram a vim ao território doado a eles) Duarte Coelho Duarte Coelho, nasceu em 1485, Porto, Portugal Falecimento: 7 de agosto de 1554, Lisboa, Portugal Primeiro capitão-donatário da capitania de Pernambuco e Fundador de Olinda. 5 Comandou expedições para o brasil em 1501 e 1503. Chegou em Pernambuco no dia 9 de março de 1535, vinha acompanhado da mulher, Brites de Albuquerque, e do cunhado Jerônimo de Albuquerque, e alentada parentela, além de famílias do Norte de Portugal. Chegaram em Pernambuco para tentar a sorte na indústria canavieira (que já tinha uma certa experiência).TOME NOTA: Duarte Coelho é uma figura importante na história da colonização portuguesa no Brasil. Além de suas realizações como o primeiro capitão-donatário da capitania de Pernambuco e fundador de Olinda, ele desempenhou um papel significativo na introdução e desenvolvimento da indústria canavieira na região. A vinda de Duarte Coelho para Pernambuco em 1535, acompanhado de sua família e outras pessoas do Norte de Portugal, destaca o caráter empreendedor e a busca por oportunidades econômicas durante o período colonial. Sua contribuição para a indústria canavieira teve um impacto duradouro na economia da região, marcando o início de uma atividade que se tornaria crucial para a história econômica do Brasil. Dona Brites de Albuquerque Jerônimo de Albuquerque 6 Com ajuda de Vasco Fernandes de Lucena, que ali vivia com os tabajaras, em 1537 elevou à categoria de vila a povoação de Olinda, que havia surgido em 1535 no local da aldeia indígena de Marim dos Caetés. Muitas foram às lutas entre os índios, Duarte Coelho e os colonos. Seu cunhado Jerônimo de Albuquerque uniu-se com a índia filha do cacique Arcoverde dos tabajaras, batizada Maria do Espírito Santo Arcoverde, para criar um clima de paz entre eles e os índios. Duarte Coelho foi um dos principais exploradores e colonizadores do Brasil. Ele nasceu em Portugal, em 1505 chegou ao território brasileiro. Coelho foi responsável por estabelecer a cidade de Olinda em 1537, sendo considerado o fundador e primeiro governador. Sua atuação na região foi fundamental para o crescimento e consolidação das atividades econômicas, como a produção de açúcar, que se tornou uma das bases principais da economia colonial. Além de seu papel como líder político e administrativo, a biografia de Duarte Coelho também evidencia sua influência no campo cultural. Ele incentivou o desenvolvimento das artes e da educação em Olinda, promovendo a construção de igrejas, escolas e outros espaços dedicados à cultura. Seu legado perdura até os dias de hoje, com a preservação de monumentos importantes e a valorização da história e identidade de Olinda. Outra figura notável na história de Olinda é Brites de Albuquerque. Nascida em Portugal, Brites era filha de Lopo de Albuquerque, Conde de Penamacor., um dos primeiros donatários da Capitania de Pernambuco. Ela se casou com Duarte Coelho, tornando-se uma figura importante na sociedade colonial. Sua biografia é lembrada por sua atuação na defesa da Capitania de Pernambuco contra invasões estrangeiras e conflitos internos. Brites de Albuquerque demonstrou liderança e coragem durante os confrontos com os invasores franceses e holandeses, que ameaçavam a soberania portuguesa na região. Ela participou ativamente da resistência, organizando defesas e liderando tropas, tornando-se uma figura respeitada e admirada por seu papel na proteção de Olinda. TOME NOTA: É fascinante observar como Duarte Coelho desempenhou um papel crucial não apenas na fundação e governança de Olinda, mas também na promoção do desenvolvimento cultural e econômico da região. Sua visão abrangente e comprometimento com o crescimento da cidade são evidenciados não apenas nas realizações tangíveis, como a construção de igrejas e escolas, mas também na forma como ele buscou estabelecer laços de paz com as comunidades indígenas locais. Além disso, a presença e contribuições de Brites de Albuquerque acrescentam uma dimensão interessante à história de Olinda. Sua atuação na defesa da Capitania de Pernambuco contra invasões estrangeiras destaca a importância das mulheres na resistência e na construção da história colonial brasileira. 7 Fixando o conteúdo 1. Pergunta: Qual era o objetivo da expedição liderada por Duarte Pacheco Pereira em 1498? 2. Quem comandou a expedição que alcançou o Cabo de Santo Agostinho em 1500? 3. Por que Pedro Álvares Cabral liderou uma expedição em 1500? 4. O que Pero Vaz de Caminha relatou sobre o território brasileiro em 1500? 5. Qual atividade predominou nos primeiros 30 anos após a chegada dos portugueses ao Brasil? 6. Como era realizada a extração do Pau-Brasil e qual era a moeda de troca com os indígenas? 7. O que eram as Capitanias Hereditárias no início da colonização portuguesa no Brasil? 8. Quais foram as duas Capitanias que prosperaram devido ao cultivo da cana de açúcar? 9. Por que algumas Capitanias Hereditárias não obtiveram êxito? 10. Quem foi Duarte Coelho e qual foi seu papel na colonização de Pernambuco? 8 11. Quem comandou a expedição que elevou a povoação de Olinda à categoria de vila em 1537? 12. Qual foi a contribuição cultural de Duarte Coelho em Olinda? 13. Quem foi Brites de Albuquerque e qual foi seu papel na história de Pernambuco? 14. Qual era a atividade principal da Capitania de Pernambuco sob o comando de Duarte Coelho? 15. O que Gaspar de Lemos notificou sobre o litoral brasileiro em suas explorações? 16. Qual era a principal moeda de troca entre os indígenas e os portugueses na extração do Pau-Brasil? 17. O que eram as Capitanias Hereditárias e qual era o objetivo ao dividi-las? 18. Por que Pernambuco e São Vicente se destacaram entre as Capitanias Hereditárias? 19. Quais foram os fatores que levaram ao declínio de algumas Capitanias Hereditárias? 20. O que Pero Vaz de Caminha relatou sobre o território brasileiro em sua carta ao Rei Dom Manoel? 9 Respostas 1. Explorar o litoral brasileiro para identificar os territórios atribuídos a Portugal e Castela pelo Tratado de Tordesilhas. 2. Vicente Yáñez Pinzón. 3. Fortalecer os laços comerciais com as Índias e confirmar as vantagens estipuladas pelo Tratado de Tordesilhas. 4. A ausência de metais preciosos, sugerindo a catequização dos indígenas. 5. A exploração do Pau-Brasil, usado para tingimento de tecidos na Europa. 6. Realizada pela mão de obra indígena através do escambo, trocando trabalho pesado por tecidos, objetos metálicos, entre outros. 7. Territórios divididos para a nobreza portuguesa colonizar, descentralizando a administração e arrecadação de impostos. 8. Pernambuco (Duarte Coelho) e São Vicente (Martim Afonso de Souza). 9. Ataques indígenas, ataques de piratas, distância entre capitanias, falta de apoio financeiro e iniciativa dos donatários. 10. Primeiro capitão-donatário, fundador de Olinda, promoveu crescimento econômico, especialmente na produção de açúcar. 11. Duarte Coelho, com a ajuda de Vasco Fernandes de Lucena. 12. Incentivou o desenvolvimento das artes e educação, construindo igrejas e espaços culturais. 13. Esposa de Duarte Coelho, atuou na defesa de Pernambuco contra invasões, demonstrando liderança e coragem. 14. Indústria canavieira, com experiência prévia na produção de açúcar. 15. Identificou a presença do Pau-Brasil, primeira atividade econômica dos portugueses no Brasil. 16. Escambo, troca por tecidos, objetos metálicos e outros desconhecidos pelos indígenas. 17. Territórios divididos para a nobreza portuguesa colonizar, descentralizando a administração e arrecadação de impostos. 18. Prosperaram devido ao cultivo bem-sucedido da cana de açúcar. 10 19. Ataques indígenas, ataques de piratas, distância entre capitanias, falta de apoio financeiro e iniciativa dos donatários. 20. A ausência de metais preciosos, sugerindo a catequização dos indígenas. 1 A IMPORTÂNCIA DO AÇÚCAR PARA A ECONOMIA LOCAL Produção de cana de açúcar A produção de açúcar é muito importante para Pernambuco, pois ajuda muito na economia da região. Isso acontece porque Pernambuco tem condições ideais para plantar cana de açúcar, como o solo bom e o clima úmido. Além disso, o açúcar é muito lucrativo na Europa, onde há muita demanda por esse produto.No Brasil, Pernambuco, São Vicente e Bahia são os lugares principais onde se cultiva cana de açúcar. Pernambuco se destacava como a capitania mais rica e poderosa no contexto colonial, sendo o principal polo produtor de açúcar do mundo. As grandes fazendas na região, conhecidas como "plantations", caracterizavam-se pela prática da monocultura, focando exclusivamente na produção açucareira destinada ao comércio exterior. Pernambuco, durante o período colonial, desempenhou um papel fundamental na produção de açúcar, tornando-se um dos principais polos produtores do mundo. O termo "plantations", mencionado no segundo trecho, refere-se a grandes fazendas dedicadas à monocultura, focando principalmente na produção de açúcar destinada à exportação. Essas plantações eram caracterizadas pela extensão territorial e pelo uso intensivo de mão de obra escrava. O açúcar era um produto altamente lucrativo na Europa, impulsionando a economia da região e contribuindo para a posição de destaque de Pernambuco no contexto colonial brasileiro. O pacto colonial estabelecia que tudo produzido na colônia deveria ser comercializado exclusivamente com a metrópole portuguesa. Esse arranjo garantia um monopólio comercial aos portugueses, permitindo-lhes negociar com outros países europeus e ficar com a maior parte dos lucros. Em resumo, a colônia produzia e entregava sua produção a preços baixos, enquanto adquiria escravos a preços elevados. Essa dinâmica favorecia Portugal, que se beneficiava substancialmente em todas as transações comerciais. O pacto colonial ilustra a política econômica mercantilista adotada por Portugal. Uma curiosidade adicional é que, embora esse sistema tenha beneficiado a metrópole, também contribuiu para o descontentamento nas colônias. A restrição imposta às colônias de comercializar apenas com a metrópole prejudicou o desenvolvimento econômico local, levando, em parte, a movimentos de independência no futuro, à medida que as colônias buscavam maior autonomia 2 econômica e política. Essa insatisfação foi um elemento chave nos processos que levaram às lutas pela independência em várias colônias americanas. Os escravos eram trazidos da África em navios negreiros, enfrentando péssimas condições, muitos chegavam doentes ou não sobreviviam à viagem. As condições climáticas favoráveis nas regiões dedicadas ao cultivo de cana proporcionavam facilidades para o transporte dessas pessoas. A brutalidade do transporte de escravos da África para as Américas, mencionada no trecho, destaca um aspecto sombrio da história. Uma curiosidade adicional é que a chamada "Travessia do Atlântico" era uma jornada extremamente difícil para os africanos escravizados. Muitos navios negreiros eram superlotados, proporcionando condições insalubres que contribuíam para a propagação de doenças. Além disso, as condições climáticas favoráveis nas regiões de destino, como as dedicadas ao cultivo de cana, facilitavam o transporte, mas a adaptação a esses ambientes muitas vezes representava mais desafios para os recém-chegados. Essa parte sombria da história destaca a desumanidade do comércio transatlântico de escravos e sua influência nas condições de vida dos africanos escravizados nas Américas. Para produzir açúcar a partir da cana, era necessária a casa da moenda, um cômodo construído mais baixo que a casa grande, geralmente próximo a um rio para facilitar o fluxo de água. Com duas portas, uma para a entrada da carroça e outra para a saída, a moenda, movimentada por força humana escrava, espremia a cana, fazendo com que o caldo escorresse por calhas até as caldeiras. As caldeiras, localizadas na parte mais quente e perigosa da produção, ferviam o caldo. Havia risco de queimaduras, uma vez que o caldo era fervido. Após o cozimento, o caldo ficava na casa de purgar por vários dias para eliminar impurezas até se transformar em açúcar. O processo de produção de açúcar descrito no trecho destaca a complexidade e os desafios enfrentados pelos trabalhadores, principalmente os escravizados, nas plantações de cana-de-açúcar. Uma curiosidade adicional é que, além dos riscos associados ao manuseio das caldeiras quentes, a "casa de purgar" desempenhava um papel crucial no refinamento do açúcar. Nessa fase, o caldo fervido passava por um processo de purificação que podia levar vários dias. Esse método permitia a eliminação de impurezas, resultando em um produto final mais refinado. A paciência e o conhecimento dos trabalhadores eram essenciais nessa etapa do processo de produção de açúcar, destacando a expertise necessária para transformar a matéria-prima em um produto comercializável. 3 Nesse sistema, além dos escravos, havia trabalhadores livres que recebiam salários e eram especialistas na produção do açúcar. O feitor-mor, um empregado de confiança do senhor de engenho, coordenava as tarefas e administrava a produção. Pequenos proprietários podiam plantar cana e vendê- la para os grandes senhores de engenho, mas acabavam dependendo desses grandes proprietários, pois não tinham os recursos necessários para produzir açúcar ou a mão de obra escrava. Alguns senhores, que possuíam escravos, vendiam a produção ou permitiam que outros plantassem em suas terras em troca de uma parte dos lucros. A dinâmica entre pequenos proprietários e grandes senhores de engenho, conforme descrito no trecho, revela uma faceta interessante da estrutura social e econômica da época. Uma curiosidade adicional é que a dependência dos pequenos proprietários em relação aos grandes senhores de engenho evidencia a desigualdade de recursos na sociedade colonial. Os pequenos proprietários, ao cultivarem e venderem cana, podiam garantir uma fonte de renda, mas muitas vezes enfrentavam desafios significativos devido à falta de recursos financeiros e à ausência de mão de obra escrava. A prática de alguns senhores de engenho permitirem que outros plantassem em suas terras em troca de uma parte dos lucros ilustra uma forma de cooperação econômica que, embora possa ter proporcionado oportunidades aos pequenos proprietários, também reforçava a dependência em relação aos grandes latifundiários. A partir do século XVII, a economia açucareira entrou em declínio devido à expulsão dos holandeses no norte do Brasil. Os holandeses, então, passaram a plantar e comercializar cana de açúcar em suas colônias nas Antilhas, criando forte concorrência com os europeus e diminuindo a preferência pelo açúcar brasileiro. Embora a produção não tenha parado, ela reduziu significativamente, levando os colonos a buscar outras culturas, e posteriormente, o ouro. O declínio da economia açucareira no Brasil, a partir do século XVII, devido à expulsão dos holandeses, destaca uma mudança significativa no cenário econômico. Uma curiosidade adicional é que essa situação levou os colonos a diversificar suas atividades econômicas. 4 Com a forte concorrência dos holandeses, que passaram a cultivar cana de açúcar em suas colônias nas Antilhas, os produtores brasileiros enfrentaram dificuldades e viram a demanda por seu açúcar diminuir. Essa pressão econômica impulsionou os colonos a buscar alternativas, resultando na transição para outras culturas e, posteriormente, na corrida pelo ouro, marcando uma mudança significativa nos padrões econômicos e de produção no Brasil colonial. Esse período de transição é representativo da adaptabilidade e resposta dos colonos às mudanças nas condições econômicas e comerciais. Nova Lusitânia Duarte Coelho foi o primeiro donatário da capitania de Pernambuco durante o período da Nova Lusitânia. O sistema de capitania hereditária, que ele representava, baseava-se em documentos importantes como a Carta de Doação e o Foral. A Carta de Doação era um documento assinado pelo Rei de Portugal, concedendo aoCapitão donatário o direito de explorar economicamente a região. Vale ressaltar que o capitão não era o proprietário, mas detinha uma concessão da coroa portuguesa para explorar o território. O Foral, por sua vez, era um documento que estabelecia as obrigações específicas que os donatários deveriam seguir rigorosamente, incluindo questões religiosas. Esses documentos eram fundamentais para a organização e exploração das capitanias hereditárias no contexto da colonização do Brasil. Fixando o conteúdo 1. Qual é a importância da produção de açúcar para Pernambuco? 2. Por que Pernambuco se destaca como a capitania mais rica e poderosa no contexto colonial? 3. O que caracterizava as grandes fazendas na região, conhecidas como "plantations"? 4. Qual era o objetivo do pacto colonial em relação ao comércio da colônia com a metrópole portuguesa? 5. De onde eram trazidos os escravos para trabalhar nas plantações de cana de açúcar? 6. Qual era o processo para produzir açúcar a partir da cana, envolvendo a casa da moenda? 7. Quem coordenava as tarefas e administrava a produção nas plantações de cana de açúcar? 8. Como pequenos proprietários podiam participar da economia açucareira? 9. O que contribuiu para o declínio da economia açucareira no Brasil a partir do século XVII? 10. Quem foi o primeiro donatário da capitania de Pernambuco durante o período da Nova Lusitânia? 11. Qual era a base do sistema de capitania hereditária representado por Duarte Coelho? 12. O que a Carta de Doação concedia ao Capitão donatário? 13. Qual era a função do documento conhecido como Foral no sistema de capitania hereditária? 14. Como eram estabelecidas as obrigações dos donatários no contexto da Nova Lusitânia? 15. O que era fundamental para a organização e exploração das capitanias hereditárias na colonização do Brasil? 5 Respostas 1. A produção de açúcar é crucial para a economia de Pernambuco devido às condições ideais para o cultivo de cana de açúcar e à demanda europeia pelo produto. 2. Pernambuco destaca-se como a capitania mais rica e poderosa devido à produção de açúcar em grandes fazendas voltadas para o comércio exterior. 3. As grandes fazendas na região, conhecidas como "plantations", caracterizavam-se pela prática da monocultura focada na produção açucareira. 4. O pacto colonial estabelecia que a colônia deveria comercializar exclusivamente com a metrópole portuguesa, garantindo um monopólio comercial aos portugueses. 5. Os escravos eram trazidos da África em navios negreiros. 6. Para produzir açúcar, a cana era espremida na casa da moenda, o caldo era fervido nas caldeiras, e, após o cozimento, transformava-se em açúcar na casa de purgar. 7. O feitor-mor, empregado de confiança do senhor de engenho, coordenava as tarefas e administrava a produção nas plantações de cana de açúcar. 8. Pequenos proprietários podiam plantar cana e vendê-la para grandes senhores de engenho, dependendo destes por recursos e mão de obra escrava. 9. O declínio da economia açucareira foi causado pela expulsão dos holandeses no norte do Brasil, levando os colonos a buscar outras culturas, como o ouro. 10. Duarte Coelho foi o primeiro donatário da capitania de Pernambuco durante a Nova Lusitânia. 11. O sistema de capitania hereditária baseava-se na exploração econômica concedida ao Capitão donatário pela Carta de Doação. 12. A Carta de Doação concedia ao Capitão donatário o direito de explorar economicamente a região. 13. O Foral estabelecia as obrigações específicas que os donatários deveriam seguir rigorosamente. 14. As obrigações dos donatários, incluindo questões religiosas, eram estabelecidas pelo Foral. 15. A Carta de Doação e o Foral eram fundamentais para a organização e exploração das capitanias hereditárias na colonização do Brasil. 1 FORMAÇÃO DE OLINDA E RECIFE Olinda e Recife são duas cidades históricas e muito importantes em Pernambuco, Brasil. Elas ficam bem pertinho uma da outra e têm uma história que remonta à época do descobrimento do Brasil. Olinda e Recife formam uma área de grande importância histórica e cultural em Pernambuco, Brasil. Uma curiosidade adicional é que essas cidades têm raízes que remontam ao período do descobrimento do Brasil, no século XVI. Olinda, fundada em 1535, foi a primeira capital de Pernambuco e destacou-se como um importante centro cultural e religioso durante o período colonial. Recife, por sua vez, surgiu como um núcleo comercial em torno dos arrecifes naturais que deram nome à cidade. Ao longo dos anos, essas cidades compartilharam eventos históricos, como a invasão holandesa no século XVII, que deixou marcas arquitetônicas e culturais. Hoje, Olinda e Recife são reconhecidas como Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO, e a região preserva um rico patrimônio arquitetônico, manifestações culturais e tradições que remontam aos primeiros períodos da colonização brasileira. Olinda foi a primeira capital de Pernambuco, lá pelos anos de 1535. Foi fundada pelos portugueses e, desde o início, já mostrava muita importância por ser um ponto estratégico para a defesa contra invasões. Por isso, muita gente acha que o nome "Olinda" tem a ver com olhos lindos, mas, na verdade, vem de uma expressão em português antigo que significa "Oh, linda situação!". Recife, por sua vez, foi ganhando destaque porque é um lugar com muitos rios e pontes. Essa configuração geográfica deu origem ao nome "Recife", que se refere aos recifes de coral presentes na região. A cidade cresceu bastante por causa do comércio marítimo e se tornou um importante centro econômico. As origens dos nomes de Olinda e Recife revelam aspectos interessantes da história e geografia da região. A curiosidade adicional é que enquanto Olinda tem sua origem em uma expressão que destaca sua importância estratégica, Recife tem seu nome derivado da configuração geográfica marcada por rios e recifes. 2 A presença de muitos rios e pontes em Recife contribuiu para seu destaque, e o nome "Recife" está associado aos recifes de coral presentes na região. Essa configuração geográfica favorável, aliada ao comércio marítimo, impulsionou o crescimento econômico da cidade, transformando-a em um importante centro econômico ao longo do tempo. Dessa forma, as origens dos nomes dessas cidades estão intrinsecamente ligadas à sua história e características geográficas. Fundação de Olinda A fundação de Olinda está relacionada à necessidade de um local mais estratégico e defensivo para os colonizadores portugueses na região. Igarassu, que foi a primeira vila fundada pelos portugueses em Pernambuco, não era considerada ideal para fins defensivos. A localização geográfica de Igarassu não oferecia as condições desejadas para proteção contra possíveis invasões de povos estrangeiros, como os invasores europeus ou outros grupos que pudessem representar ameaças. A área apresentava limitações para a construção de estruturas defensivas, como fortificações, o que levou os colonizadores a procurarem um novo local mais propício. Assim, os portugueses decidiram fundar Olinda em uma posição mais elevada e estratégica, oferecendo vantagens naturais para a defesa do território. Além disso, a nova localização permitia uma melhor visibilidade da costa, facilitando a identificação de eventuais ameaças marítimas. A escolha de fundar Olinda não apenas visava aspectos defensivos, mas também levou em consideração a facilitação do comércio marítimo e o desenvolvimento econômico da região. Carta Foral ao Rei A Carta Foral de Olinda, escrita por Duarte Coelho para o Rei de Portugal, descreve características paisagísticas e destaca pontos importantes da região. Aqui está uma explicação sobre esses pontos: Alto da Sé: O Alto da Sé refere-se a uma área elevada em Olinda, oferecendo uma vista panorâmica da região aoredor. Essa parte elevada não apenas proporcionava uma visão estratégica para defesa contra possíveis invasões, mas também servia como local para a construção da Sé de Olinda, a principal igreja da cidade. 3 A igreja muitas vezes era um ponto central e simbólico nas cidades coloniais. Terras Férteis: Duarte Coelho destaca a fertilidade do solo na região. Terras férteis eram fundamentais para a agricultura e a produção de alimentos, sendo um recurso valioso para o sustento da população local e o desenvolvimento econômico da colônia. Lugar para Chegada das Embarcações: A carta menciona a presença de uma área propícia para a chegada e atracação de embarcações. Um local adequado para a chegada de embarcações facilitava o comércio marítimo, promovendo o intercâmbio comercial e fortalecendo a posição estratégica da cidade no contexto colonial. Através dessas descrições, a Carta Foral de Olinda apresenta não apenas as características físicas da região, mas também destaca elementos que eram cruciais para o desenvolvimento, segurança e prosperidade da cidade durante o período colonial brasileiro. Fundação de Recife A fundação de Recife está relacionada a vários fatores que moldaram o desenvolvimento da cidade. Vamos analisar Povoado Submetido ao Controle de Olinda: Inicialmente, Recife era um povoado submetido ao controle de Olinda, uma cidade próxima e de grande importância na época colonial. Olinda exercia influência sobre Recife, possivelmente devido à posição estratégica de Olinda no Alto da Sé e à sua relevância como centro religioso e administrativo. Com o tempo, Recife se tornou independente, mas a relação inicial com Olinda é um aspecto importante da história da região. Vida pelas Funções Portuárias: 4 Recife prosperou devido às suas funções portuárias. A localização geográfica de Recife, próxima ao oceano Atlântico, favoreceu o desenvolvimento de atividades portuárias. O porto de Recife se tornou um ponto estratégico para o comércio marítimo, impulsionando a economia local e atraindo comerciantes e colonizadores. Cercado pelo Mar e pela Cana: A geografia de Recife é caracterizada por estar cercada pelo mar e pela cana-de-açúcar. A proximidade com o mar facilitava as atividades portuárias e o comércio marítimo. Além disso, a presença de plantações de cana-de-açúcar nas redondezas contribuiu para a economia da região, pois o açúcar era um dos principais produtos de exportação durante o período colonial. Em resumo, Recife cresceu a partir de suas funções portuárias, inicialmente submetido a Olinda, e se tornou um centro econômico importante devido à sua posição estratégica, comércio marítimo e recursos naturais, como as plantações de cana-de-açúcar. Crescimento Econômico e Populacional: Recife experimentou um notável crescimento econômico e populacional ao longo de sua história. Devido à sua localização estratégica como porto, Recife se tornou um importante centro comercial durante o período colonial. O comércio de açúcar, entre outros produtos, impulsionou a economia local. Além disso, a cidade atraiu colonos, comerciantes e imigrantes, resultando em um aumento significativo da população. Centro Administrativo Holandês: Durante o período em que os holandeses estiveram no controle da região (1630-1654), Recife serviu como o centro administrativo deles. Os holandeses, liderados por Maurício de Nassau, estabeleceram sua administração em Recife. Durante esse período, a cidade passou por várias melhorias urbanas, como canais e pontes. A presença holandesa deixou uma marca na arquitetura e na cultura da região. 5 Destaque para o Crescimento Urbano: Recife teve um crescimento urbano notável ao longo de sua história. O desenvolvimento urbano de Recife foi influenciado por vários fatores, incluindo o comércio marítimo, a presença holandesa e a expansão econômica. A cidade se expandiu com a construção de infraestrutura, como pontes, estradas e edifícios públicos. O crescimento urbano contribuiu para a diversificação das atividades econômicas e culturais na região. Em resumo, o crescimento econômico e populacional de Recife, aliado ao período em que serviu como centro administrativo holandês, desempenhou um papel crucial em seu desenvolvimento urbano ao longo do tempo. Fixando o Conteúdo 1. Quais são as duas cidades históricas e importantes em Pernambuco abordadas no texto? 2. Qual foi a primeira capital de Pernambuco e em que ano foi fundada? 3. Por que Olinda era considerada estratégica desde o início? 4. De onde vem o nome "Olinda" e qual é a sua verdadeira origem? 5. Por que Recife ganhou destaque ao longo do tempo? 6. O que motivou a fundação de Olinda em uma posição mais elevada e estratégica? 7. O que a Carta Foral de Olinda destaca sobre o "Alto da Sé"? 8. Por que a fundação de Recife está relacionada ao controle de Olinda inicialmente? 9. O que impulsionou o crescimento econômico de Recife? 10. Qual foi o papel de Recife durante o domínio holandês na região? 11. O que contribuiu para o crescimento urbano de Recife ao longo de sua história? 6 Respostas 1. Olinda e Recife. 2. Olinda foi a primeira capital de Pernambuco, fundada por volta de 1535. 3. Olinda era considerada estratégica desde o início devido à sua posição defensiva contra invasões. 4. O nome "Olinda" não vem de "olhos lindos", mas de uma expressão em português antigo que significa "Oh, linda situação!". 5. Recife ganhou destaque devido à sua configuração geográfica com muitos rios e pontes, tornando-se um importante centro econômico. 6. A fundação de Olinda em uma posição mais elevada e estratégica estava relacionada à defesa do território e ao desenvolvimento econômico. 7. O "Alto da Sé" refere-se a uma área elevada em Olinda, oferecendo uma vista panorâmica e sendo o local para a construção da Sé de Olinda, a principal igreja. 8. A fundação de Recife está relacionada ao controle de Olinda inicialmente, pois era um povoado submetido à influência de Olinda. 9. O crescimento econômico de Recife foi impulsionado pelo comércio marítimo, especialmente o de açúcar, durante o período colonial. 10. Durante o domínio holandês (1630-1654), Recife serviu como centro administrativo dos holandeses, liderados por Maurício de Nassau. 11. O crescimento urbano de Recife foi influenciado pelo comércio marítimo, presença holandesa e expansão econômica, resultando na construção de infraestrutura e expansão da cidade. 1 A PRESENÇA HOLANDESA E O GOVERNO DE MAURÍCIO DE NASSAU A União Ibérica foi um período na história que marcou a união das coroas de Portugal e Espanha sob um mesmo monarca. Essa união ocorreu em 1580, quando o rei Filipe II da Espanha, também conhecido como Filipe I de Portugal, ascendeu ao trono português após a morte do rei Dom Sebastião na Batalha de Alcácer-Quibir. Durante a União Ibérica, que perdurou até 1640, Portugal e Espanha compartilharam o mesmo monarca, mas mantiveram estruturas políticas e administrativas separadas. Esse período foi marcado por uma série de transformações e conflitos, incluindo as guerras que Portugal travou para recuperar sua independência. O contexto da União Ibérica é essencial para compreender eventos posteriores, como a Insurreição Pernambucana. Durante esse período, Portugal foi integrado à administração espanhola, enfrentando mudanças em suas instituições e, por vezes, sendo envolvido em conflitos que não necessariamente representavam os interesses portugueses. A contextualização da União Ibérica nos fornece uma base histórica para entender a dinâmica política e social que influenciou eventos subsequentes, como a luta pela independência durante a Insurreição Pernambucana. Ocupação Holandesa em Pernambuco Para compreender a OcupaçãoHolandesa em Pernambuco, é fundamental revisitar as relações comerciais entre holandeses e portugueses. Durante muito tempo, os holandeses foram parceiros comerciais dos portugueses, especialmente no lucrativo comércio de açúcar, que teve grande destaque em Pernambuco. Essa parceria era vantajosa para ambos os lados. Os holandeses forneciam investimentos e expertise para impulsionar a produção açucareira, enquanto os portugueses, por sua vez, tinham acesso a recursos e mercados. No entanto, essa colaboração foi interrompida com a União Ibérica. A União Ibérica, iniciada em 1580, resultou na ascensão de Filipe II da Espanha ao trono português, unificando as coroas de Portugal e Espanha. Esse período de união trouxe consigo 2 mudanças significativas na dinâmica política e comercial. Durante essa união, os interesses portugueses muitas vezes eram subjugados aos interesses espanhóis. A interferência espanhola nas questões portuguesas levou a uma série de conflitos e, eventualmente, à Revolta Portuguesa de 1640, que resultou na restauração da independência de Portugal. No entanto, antes desse desfecho, Pernambuco se viu envolvido em uma ocupação holandesa que deixou marcas profundas em sua história. A Ocupação Holandesa em Pernambuco é um capítulo complexo e impactante, com eventos como as Batalhas dos Guararapes que se destacam como resistência à presença estrangeira. Durante a ocupação holandesa em Pernambuco, os holandeses não apenas se envolveram na administração colonial e na produção açucareira, mas também deixaram um legado marcante nas áreas urbanas. Maurício de Nassau, o líder da administração holandesa, promoveu uma série de melhorias urbanas em Recife. Um exemplo notável é o desenvolvimento do bairro de Santo Antônio, que foi projetado de acordo com padrões urbanos europeus da época. Nassau ordenou a drenagem de pântanos, a construção de canais e a implementação de ruas largas, proporcionando uma infraestrutura que contribuiu significativamente para a transformação da área. Essas mudanças urbanísticas introduzidas pelos holandeses ainda são visíveis em alguns aspectos da arquitetura e do layout de Santo Antônio, destacando a influência duradoura da ocupação holandesa na paisagem urbana de Recife. A União Ibérica A União Ibérica, ocorrida de 1580 a 1640, foi um período em que as coroas de Portugal e Espanha estiveram sob o domínio do mesmo monarca, Felipe II da Espanha. Essa união teve início devido a uma crise de sucessão em Portugal, após o desaparecimento de D. Sebastião na Batalha de Alcácer-Quibir, em 1578. A falta de herdeiros diretos levou à ascensão de Felipe II ao trono português. Essa união, no entanto, não foi pacífica e gerou diversas consequências. Uma delas foi a invasão holandesa no Nordeste do Brasil. A Espanha, inimiga dos Países Baixos (Holanda), excluiu os holandeses do processo açucareiro no Brasil, uma vez que agora o Brasil estava indiretamente sob domínio espanhol, já que o rei de Portugal também era o rei da Espanha. Os holandeses, visando garantir seu controle sobre a produção e comercialização do açúcar, decidiram atacar o Nordeste brasileiro, onde essa atividade econômica era intensa. Isso marca o início de um período de ocupação holandesa em partes do território brasileiro, especialmente em regiões como Pernambuco, que se tornou palco de conflitos e resistência durante esse episódio histórico. 3 Após uma tentativa frustrada de invasão em Salvador em 1624, os holandeses, liderados por Maurício de Nassau, organizaram-se para uma segunda investida. Desta vez, escolheram como alvo a principal capitania do Nordeste açucareiro, Pernambuco, devido aos altos lucros gerados pela produção de açúcar na região. A invasão holandesa em Pernambuco teve início em 1630 e perdurou por 24 anos. Maurício de Nassau, à frente da administração colonial holandesa, desempenhou um papel significativo nesse período, transformando Pernambuco na chamada "Nova Holanda". A presença holandesa na região gerou profundos impactos sociais, econômicos e culturais. A administração de Nassau foi marcada por uma política de tolerância religiosa, estímulo às artes e ciências, o que fez com que parte da população local aceitasse, em certa medida, a ocupação holandesa. Entretanto, a resistência contra os holandeses cresceu ao longo do tempo, culminando na Insurreição Pernambucana, que teve como objetivo expulsar os holandeses do território brasileiro. Para entender completamente esse movimento, é essencial estudar todo o contexto da presença holandesa no Brasil durante esse período. Durante a ocupação holandesa em Pernambuco, Maurício de Nassau promoveu uma administração que buscava, além do controle político e econômico, um estímulo às artes e ciências. Sua atuação incluiu a criação de uma coleção de plantas, animais e minerais, que resultou na elaboração de um atlas, conhecido como "Rerum per octennium in Brasilia et alibi nuper gestarum sub praefectura". Esse atlas, compilado por cientistas e artistas, registrava a biodiversidade e a paisagem brasileira, constituindo uma valiosa contribuição para o conhecimento da fauna e flora do Brasil naquele período. Essa iniciativa reflete a abordagem mais abrangente da administração holandesa durante a ocupação em Pernambuco, marcada pelo interesse não apenas nas questões políticas e econômicas, mas também no estímulo à produção de conhecimento científico. Nova Holanda A Nova Holanda refere-se ao período de domínio colonial holandês no Brasil, centrado inicialmente em Pernambuco, mas se expandindo para outras regiões como Bahia, Paraíba e Maranhão. A invasão holandesa tinha como principal objetivo controlar a lucrativa produção açucareira, o que envolvia, além da conquista de territórios no Brasil, incursões na África para garantir o controle do tráfico de escravos. A Companhia das Índias Ocidentais (WIC), financiada por banqueiros holandeses, desempenhou um papel crucial nesse processo. A WIC foi responsável por organizar ataques militares visando retomar o controle holandês sobre o açúcar brasileiro. A empresa era um exemplo de capital misto, recebendo investimentos tanto do setor privado quanto de estatais, sendo predominantemente financiada pelos banqueiros. 4 Para liderar o governo da Nova Holanda, a WIC nomeou João Maurício de Nassau, um nobre alemão. Nassau foi Governador do Brasil Holandês de 1637 a 1644, período durante o qual desempenhou um papel crucial na retomada e organização do território após aproximadamente sete anos de resistência dos pernambucanos à invasão holandesa. Sob o governo de Nassau, houve um aumento na produção açucareira, impulsionado pela concessão de empréstimos aos senhores de engenho. Além disso, Nassau promoveu o desenvolvimento urbano no Recife, melhorando a infraestrutura da cidade. O governo de Nassau trouxe uma fase de relativa estabilidade e prosperidade para a Nova Holanda, mas a resistência contra a ocupação holandesa persistiria, culminando na Insurreição Pernambucana, que visava expulsar os holandeses do território brasileiro. Durante o governo de João Maurício de Nassau na Nova Holanda, sua administração promoveu não apenas o desenvolvimento econômico, mas também o estímulo às artes e à cultura. Nassau trouxe consigo artistas e cientistas holandeses que registraram a sociedade, paisagens, fauna e flora da região. Frans Post, um dos pintores trazidos por Nassau, registrou em suas obras aspectos da Nova Holanda, proporcionando um valioso registro visual desse período histórico. Essas pinturas, que incluíam retratos de indígenas e da paisagem brasileira, tornaram-se não apenas um documento histórico, mas também uma expressão artística que refletia a interação entre a cultura europeia e a realidade brasileira durante a ocupação holandesa. Governo de Nassau O governode Maurício de Nassau na Nova Holanda foi marcado por uma abordagem mais conciliatória e pacificadora em relação aos senhores de engenho em Pernambuco. Nassau buscou estabelecer acordos e parcerias com os luso-brasileiros, incluindo os senhores de engenho. Essa estratégia visava obter o apoio local, consolidar o domínio holandês na região e, ao mesmo tempo, garantir a prosperidade econômica. Nassau implementou uma trégua com os senhores de engenho, oferecendo incentivos como empréstimos concedidos pela Companhia das Índias Ocidentais. Esses empréstimos eram destinados a organizar o território, comprar novos contingentes de escravos e financiar a produção açucareira. Ao obter o apoio desses senhores, Nassau buscava assegurar a estabilidade econômica e política da Nova Holanda. Além dos aspectos econômicos, o governo de Nassau também ficou conhecido por suas realizações urbanas e culturais. Ele promoveu grandes obras urbanas no Recife, contribuindo para o desenvolvimento e embelezamento da cidade. Além disso, Nassau incentivou atividades culturais, promovendo um ambiente mais tolerante e cosmopolita na Nova Holanda. 5 Apesar dessas medidas, a resistência à presença holandesa persistiu, e o período de relativa estabilidade durante o governo de Nassau não impediu o surgimento de conflitos posteriores, como a Insurreição Pernambucana, que buscou expulsar os holandeses do Brasil. O governo de Maurício de Nassau na Nova Holanda também deixou um legado arquitetônico significativo na região. Durante seu período de administração, Nassau supervisionou a realização de diversas obras urbanísticas no Recife, contribuindo para o desenvolvimento e embelezamento da cidade. Entre as construções notáveis estão a criação de canais, calçamentos e edificações que refletiam a influência europeia na arquitetura local. O Recife tornou-se uma cidade mais desenvolvida e cosmopolita durante o governo de Nassau, com uma infraestrutura urbana mais sólida. Essas mudanças não apenas beneficiaram a população local, mas também deixaram vestígios que, até hoje, contribuem para a riqueza histórica e cultural da região. Atuação Holandesa em Pernambuco A conquista holandesa na Nova Holanda não se limitou apenas a Pernambuco, estendendo-se a outros territórios nordestinos, como Paraíba, Maranhão, Ceará e Bahia. Recife, em Pernambuco, tornou-se a capital desse domínio colonial holandês. Uma característica notável do governo de Maurício de Nassau foi a promoção da tolerância religiosa. Apesar de os holandeses serem protestantes, seguidores do calvinismo, Nassau adotou uma postura de respeito e coexistência entre diferentes práticas religiosas, principalmente durante o seu governo. Sob essa tolerância religiosa, conviviam calvinistas, católicos e judeus na Nova Holanda. Pernambuco abrigou a primeira sinagoga das Américas, localizada em Recife. Essa abertura religiosa proporcionada por Nassau contribuiu para a diversidade cultural e étnica na região, marcando um contraste com a política de intolerância religiosa imposta por outros domínios coloniais da época. Durante o governo de Maurício de Nassau na Nova Holanda, Recife experimentou uma notável transformação urbanística e cultural. Nassau implementou diversas ações para melhorar a infraestrutura da cidade, incluindo a drenagem de pântanos, construção de estradas e calçamentos. Além disso, foram erguidas instituições culturais importantes, como bibliotecas e laboratórios astronômicos. Um aspecto marcante do período foi a tolerância religiosa, que permitiu a coexistência de calvinistas, católicos e judeus. Recife abrigou a primeira sinagoga das Américas, testemunhando a diversidade religiosa promovida por Nassau. 6 Recife, na época conhecida como Cidade Maurícia, tornou-se o centro do desenvolvimento no Brasil. A cidade recebeu influências significativas de artistas e cientistas holandeses, como Frans Post e Albert Eckhout. Esses pintores foram trazidos por Nassau para registrar a sociedade, paisagens, fauna, flora e os indígenas locais. Suas obras retratam detalhes preciosos da vida na Nova Holanda durante esse período de governança holandesa. Durante o governo de Maurício de Nassau na Nova Holanda, além das ações urbanísticas e culturais, a abertura para o intercâmbio artístico e científico contribuiu para um registro detalhado da sociedade e do ambiente local. Os pintores Frans Post e Albert Eckhout, trazidos por Nassau, foram fundamentais nesse processo. Frans Post, pintor neerlandês, foi responsável por retratar paisagens, fauna e flora da Nova Holanda. Suas obras oferecem um olhar valioso sobre a natureza e a vida cotidiana na região durante o período de domínio holandês. Os quadros de Post não apenas documentaram a paisagem exuberante, mas também evidenciaram o impacto da colonização europeia nesse ambiente. Albert Eckhout, por sua vez, produziu pinturas que retratavam os indígenas locais, oferecendo uma visão única das culturas e costumes da época. Suas obras capturaram a diversidade étnica da população, destacando as influências indígenas na sociedade da Nova Holanda. Esses registros artísticos não apenas enriqueceram a compreensão da história da região, mas também proporcionaram uma valiosa visão cultural e antropológica do Brasil no século XVII. As obras de Post e Eckhout são consideradas importantes testemunhos visuais desse capítulo específico da história brasileira. 7 Fixando o Conteúdo 1. O que foi a União Ibérica? 2. Quando ocorreu a União Ibérica? 3. O que marcou o período da União Ibérica? 4. Qual foi a consequência da União Ibérica para Portugal? 5. O que é essencial para compreender a Insurreição Pernambucana? 6. O que motivou a invasão holandesa no Nordeste do Brasil? 7. Quem liderou a administração holandesa durante a ocupação em Pernambuco? 8. O que a WIC (Companhia das Índias Ocidentais) fez durante a invasão holandesa? 9. Qual era o principal objetivo da Nova Holanda? 10. Quem foi nomeado Governador do Brasil Holandês pela WIC? 11. O que Nassau promoveu para melhorar a infraestrutura do Recife? 12. Quais foram as realizações culturais durante o governo de Nassau na Nova Holanda? 13. O que a Insurreição Pernambucana buscou? 14. Qual foi o legado arquitetônico deixado por Nassau em Recife? 15. Como Nassau buscou obter o apoio local durante seu governo? 16. O que marcou o governo de Nassau na Nova Holanda em termos econômicos? 17. Como Nassau contribuiu para a diversidade cultural na região? 18. Quais foram as ações urbanísticas implementadas por Nassau em Recife? 19. Quem foram os pintores trazidos por Nassau para registrar a Nova Holanda? 20. Qual foi o impacto das pinturas de Frans Post e Albert Eckhout? 8 Respostas 1. A União Ibérica foi a união das coroas de Portugal e Espanha sob um mesmo monarca. 2. A União Ibérica ocorreu de 1580 a 1640. 3. O período da União Ibérica foi marcado por transformações e conflitos entre Portugal e Espanha. 4. A consequência da União Ibérica para Portugal foi a integração à administração espanhola e mudanças nas instituições. 5. A contextualização da União Ibérica é essencial para entender a dinâmica política e social que influenciou eventos subsequentes, como a Insurreição Pernambucana. 6. A invasão holandesa no Nordeste do Brasil foi motivada pela exclusão dos holandeses do processo açucareiro devido à União Ibérica. 7. Maurício de Nassau liderou a administração holandesa durante a ocupação em Pernambuco. 8. A WIC organizou ataques militares para retomar o controle holandês sobre o açúcar brasileiro durante a invasão holandesa. 9. O principal objetivo da Nova Holanda era controlar a produção açucareira no Brasil. 10. João Maurício de Nassau foi nomeado Governador do Brasil Holandêspela WIC. 11. Nassau promoveu melhorias na infraestrutura do Recife, incluindo drenagem de pântanos e construção de estradas. 12. Durante o governo de Nassau, houve estímulo às artes e cultura na Nova Holanda. 13. A Insurreição Pernambucana buscou expulsar os holandeses do território brasileiro. 14. Nassau deixou um legado arquitetônico significativo em Recife, incluindo canais e edificações. 15. Nassau buscou obter apoio local através de acordos e incentivos econômicos. 16. O governo de Nassau na Nova Holanda impulsionou a produção açucareira e promoveu o desenvolvimento econômico. 17. Nassau contribuiu para a diversidade cultural ao promover a tolerância religiosa na Nova Holanda. 18. Nassau implementou ações urbanísticas em Recife, como drenagem de pântanos e construção de estradas. 19. Frans Post e Albert Eckhout foram os pintores trazidos por Nassau para registrar a Nova Holanda. 20. As pinturas de Frans Post e Albert Eckhout proporcionaram um valioso registro visual da sociedade e do ambiente na Nova Holanda. 1 FORMAÇÃO DE QUILOMBOS Durante o período colonial, os quilombos eram comunidades formadas por pessoas fugidas da escravidão, geralmente descendentes de africanos escravizados. Essas comunidades, conhecidas como quilombos, eram estabelecidas em áreas remotas e de difícil acesso, onde os membros buscavam autonomia e resistiam à opressão. O mais famoso quilombo foi o Quilombo dos Palmares, localizado na região nordeste do Brasil, que resistiu por muitos anos antes de ser destruído pelas forças coloniais. Cotidiano e Formas de Resistência escrava em Pernambuco A escravidão negra, que envolvia o trabalho forçado de africanos, foi a forma principal de emprego no Brasil por cerca de 300 anos, durante os períodos colonial e imperial. Sem dúvida, os africanos eram amplamente utilizados em várias atividades econômicas, como plantações de cana-de-açúcar, cultivo de algodão e tabaco. Existiam diferentes tipos de escravos. A escravidão negra no Brasil, ao longo de cerca de 300 anos, foi marcada por uma diversidade de atividades econômicas em que os africanos eram empregados. Uma curiosidade adicional é que dentro desse sistema, diferentes tipos de escravos desempenhavam papéis variados. Além do trabalho nas plantações de cana-de-açúcar, cultivo de algodão e tabaco, os escravizados africanos eram empregados em diversas outras áreas, como mineração, construção, serviços domésticos e comércio. Havia uma divisão de tarefas que refletia a complexidade e amplitude da economia brasileira na época. A resistência à escravidão também se manifestava de diferentes formas, desde pequenos atos cotidianos até rebeliões mais significativas, destacando a diversidade de experiências dentro da comunidade escravizada. Esses aspectos ressaltam a complexidade e a extensão do sistema escravista no Brasil. Os "escravos de eitos" eram aqueles mais diretamente envolvidos na produção. Eles realizavam trabalhos mais árduos e vigorosos, principalmente nas áreas rurais, enfrentando jornadas de trabalho que podiam chegar a dezoito horas diárias. Infelizmente, esses escravos tinham uma vida difícil, com expectativa de serviço variando entre 10 e 15 anos, muitas vezes sem uma alimentação adequada. 2 Os "escravos de eitos" representavam uma categoria específica dentro da comunidade escravizada, desempenhando trabalhos mais árduos e vigorosos, principalmente em áreas rurais. Uma curiosidade adicional é que esses escravizados enfrentavam jornadas de trabalho exaustivas, que podiam estender-se por até dezoito horas diárias. A expectativa de serviço para esses escravos variava entre 10 e 15 anos, adicionando um aspecto temporal à sua condição difícil. Além disso, a falta de uma alimentação adequada agravava ainda mais as condições de vida desses indivíduos. Essa realidade destaca as duras condições enfrentadas pelos "escravos de eitos" e evidencia a crueldade do sistema escravista, que impunha uma carga pesada de trabalho e limitava significativamente a qualidade de vida desses indivíduos. Escravos domésticos desempenhavam diversas tarefas nas casas de seus senhores, como cozinhar, cuidar do jardim, amamentar crianças e realizar recados. Atuando tanto em áreas urbanas quanto rurais, esses escravos desfrutavam de uma rotina de trabalho diferente, com uma alimentação mais elaborada. Suas responsabilidades incluíam a arrumação da casa, cuidado com as crianças, preparo de refeições e execução de pequenos serviços designados pelos senhores. Os escravos domésticos desempenhavam papéis variados nas casas de seus senhores, tanto em áreas urbanas quanto rurais. Uma curiosidade adicional é que, em comparação com outros grupos de escravizados, sua rotina de trabalho muitas vezes envolvia tarefas diferentes e uma alimentação mais elaborada. Esses escravos tinham responsabilidades que iam desde a arrumação da casa até o cuidado com as crianças, preparo de refeições e execução de pequenos serviços designados pelos senhores. Sua presença era essencial para o funcionamento das casas e para o conforto de seus senhores. Essa dinâmica destaca a diversidade de funções dentro do sistema escravista, ressaltando as diferentes experiências e condições de vida enfrentadas pelos escravizados no Brasil colonial e imperial. 3 Escravos de ganho estavam envolvidos no comércio de rua e eram alugados por seus proprietários para realizar diversas funções (escravos urbanos). Eles ofereciam serviços como transporte de cargas, barbearia, lavagem de roupas ou fabricação de remédios. Os escravos de ganho representavam uma categoria específica de escravizados urbanos, envolvidos no comércio de rua. Uma curiosidade adicional é que esses escravizados eram alugados por seus proprietários para desempenhar diversas funções, contribuindo para a dinâmica econômica das áreas urbanas. Esses escravos ofereciam uma variedade de serviços, como transporte de cargas, trabalhos em barbearias, lavagem de roupas e até mesmo a fabricação de remédios. Essa prática demonstra a adaptabilidade e versatilidade dos escravizados, que, mesmo em meio a condições adversas, buscavam formas de gerar renda adicional para seus senhores. A presença dos escravos de ganho nas atividades comerciais urbanas ilustra a complexidade e diversidade de papéis desempenhados pelos escravizados nas sociedades coloniais e imperiais. Formas de Resistências Durante o período da escravidão, os afrodescendentes no Brasil empregaram diversas formas de resistência: Fugas individuais ou coletivas: Escravizados buscavam a liberdade fugindo, muitas vezes formando grupos para escapar em conjunto. Assassinatos de senhores e feitores: Alguns optavam pela violência, atacando seus senhores e supervisores em atos de resistência. Suicídio, Banzo e Aberto: Algumas formas extremas de protesto incluíam suicídio, banzo (tristeza profunda) e aberto (manifestação visível de descontentamento). Resistência e negligência no trabalho: Escravizados resistiam ao sistema de trabalho forçado através de atos de resistência diária e negligência nas tarefas. Formação de Quilombos: Comunidades independentes, como os quilombos, eram estabelecidas como refúgios para fugitivos, preservando a cultura africana. Insurreições (Revoltas dos Males): Ocorrências de rebelião e revolta, como a Revolta dos Malês, expressavam a insatisfação e a busca pela liberdade. Alianças indígenas e mestiços: Afrodescendentes buscavam apoio formando alianças com indígenas e mestiços para fortalecer suas posições. 4 Preservar a identidade cultural os quilombos eram locais onde a identidade cultural africana era preservada, representando modos de vida semelhantes aos da África. Fugas As fugas eram uma estratégia crucial utilizada pelos escravizados,podendo ser tanto individuais quanto coletivas. As fugas individuais eram desafiadoras, já que o sucesso dependia de sobreviver no mato. Muitos buscavam alcançar grandes quilombos já estabelecidos. No século XIX, as fugas individuais tornaram-se mais comuns, com escravizados se instalando em grandes cidades, como Salvador, e tentando passar por libertos. O fortalecimento do movimento abolicionista nas décadas de 1870 e 1880 motivou muitas fugas. Os escravizados sentiam-se encorajados a escapar, frequentemente incentivados por outros que já haviam fugido ou por membros de associações abolicionistas que apoiavam os que buscavam a liberdade. As fugas representaram uma estratégia significativa adotada pelos escravizados para buscar a liberdade. Uma curiosidade adicional é que as fugas individuais eram particularmente desafiadoras, exigindo habilidades de sobrevivência no ambiente natural. Durante o século XIX, as fugas individuais tornaram-se mais comuns, com alguns escravizados buscando refúgio em grandes cidades, como Salvador, tentando assumir uma nova identidade como libertos. O fortalecimento do movimento abolicionista nas décadas de 1870 e 1880 teve um impacto significativo, encorajando muitos escravizados a buscar a liberdade. A existência de quilombos já estabelecidos também representou uma opção para aqueles que buscavam escapar do sistema escravista. Essas fugas não apenas refletem a resiliência dos escravizados, mas também a influência do movimento abolicionista na conscientização e mobilização em prol da liberdade. 5 Formação de Quilombos O quilombo dos Palmares, formado no final do século XVI na região da capitania de Pernambuco, hoje localizada em Alagoas, foi o mais importante da história do Brasil. Surgiu com escravizados que fugiram dos engenhos em Pernambuco, estabelecendo-se na Serra da Barriga, zona da mata de Alagoas. Vistos pelos portugueses como agrupamentos de escravizados fugidos, os quilombos, incluindo Palmares, mantinham importantes relações comerciais entre si e com pessoas livres. Em 1694, o bandeirante Domingos Jorge Velho liderou uma expedição com milhares de homens e canhões, encerrando o quilombo, embora a resistência quilombola tenha persistido na região até meados do século XVIII. Apesar de considerado o fim de Palmares em 1694, a resistência continuou nos anos seguintes, com Zumbi resistindo até 1695, quando foi emboscado e morto pelos portugueses. Tropas portuguesas permaneceram na região para evitar o ressurgimento do quilombo. O quilombo dos Palmares, formado no final do século XVI, representa um capítulo marcante na história do Brasil colonial. Uma curiosidade adicional é que esse quilombo, localizado na Serra da Barriga, zona da mata de Alagoas, foi o mais significativo e duradouro. Apesar de vistos pelos portugueses como agrupamentos de escravizados fugidos, os quilombos, incluindo Palmares, não eram apenas refúgios, mas também estabeleciam importantes relações comerciais entre si e com pessoas livres. A resistência quilombola foi notável, resistindo até 1694 quando o bandeirante Domingos Jorge Velho liderou uma expedição para encerrar o quilombo. Mesmo após a tomada de Palmares em 1694, a resistência persistiu, com Zumbi resistindo até 1695, quando foi emboscado e morto pelos portugueses. A presença de tropas portuguesas na região por vários anos após o evento reflete a preocupação em evitar o ressurgimento do quilombo, destacando a importância simbólica e prática da resistência quilombola na história do Brasil. Quilombo do Catucá 6 O quilombo do Catucá é uma história resultante da busca pela liberdade pelos escravizados e das tumultuadas condições políticas em Pernambuco entre 1817 e o final da década de 1830. Localizado próximo ao Recife, os quilombolas, chamando-se mutuamente de malungos, desenvolveram estratégias de sobrevivência, incluindo cooperação com a população negra livre e escravizada de engenhos próximos. Situado nas matas próximas a Recife e Olinda, o quilombo do Catucá provavelmente se formou entre 1817 e 1818. Descoberto pelas tropas imperiais durante a repressão à Revolução Pernambucana, o primeiro registro de atividade data de novembro de 1818, com onze negros identificados na região. De acordo com relatos, eles haviam atacado a população local e causado mortes. O quilombo do Catucá, situado próximo ao Recife, destaca-se como parte da busca pela liberdade por parte dos escravizados em meio às tumultuadas condições políticas em Pernambuco entre 1817 e o final da década de 1830. Uma curiosidade adicional é que os quilombolas, chamando-se mutuamente de malungos, desenvolveram estratégias de sobrevivência que incluíam cooperação com a população negra livre e escravizada de engenhos próximos. Formado nas matas próximas a Recife e Olinda, o quilombo do Catucá provavelmente se estabeleceu entre 1817 e 1818. Descoberto durante a repressão à Revolução Pernambucana pelas tropas imperiais, o primeiro registro de atividade data de novembro de 1818, com relatos de ataques à população local. A história do quilombo do Catucá reflete a complexidade das relações sociais e as estratégias de resistência adotadas pelos escravizados em busca da liberdade em um contexto político desafiador. Outras formas de resistências Além das formas mencionadas no PDF, a resistência dos escravizados contra a escravidão incluía também suicídios, abortos (como meio de evitar que seus filhos fossem escravizados) e a simples desobediência. Fixando o Conteúdo 1. O que eram os quilombos durante o período colonial? 2. Onde estava localizado o Quilombo dos Palmares, o mais famoso quilombo? 3. Quais eram as principais atividades econômicas envolvendo escravos no Brasil colonial? 4. Quem eram os "escravos de eitos" e qual era sua principal função? 5. Quais eram as responsabilidades dos escravos domésticos? 6. O que eram os escravos de ganho e qual era sua função? 7 7. Quais eram algumas formas de resistência dos afrodescendentes durante o período da escravidão? 8. Como eram as fugas individuais dos escravizados desafiadoras? 9. Qual foi o quilombo mais importante da história do Brasil, formado no final do século XVI? 10. Quem liderou a expedição que encerrou o Quilombo dos Palmares em 1694? 11. O que caracterizou o Quilombo do Catucá em Pernambuco? 12. Além das formas de resistência mencionadas, quais outras estratégias os escravizados utilizavam contra a escravidão? 8 Respostas 1. Os quilombos eram comunidades formadas por pessoas fugidas da escravidão, geralmente descendentes de africanos escravizados. 2. O Quilombo dos Palmares, o mais famoso, estava localizado na região nordeste do Brasil. 3. As principais atividades econômicas envolvendo escravos eram plantações de cana-de- açúcar, cultivo de algodão e tabaco. 4. Os "escravos de eitos" eram escravos mais diretamente envolvidos na produção, realizando trabalhos árduos nas áreas rurais. 5. Escravos domésticos eram responsáveis por tarefas nas casas de seus senhores, como cozinhar, cuidar do jardim e realizar recados. 6. Escravos de ganho estavam envolvidos no comércio de rua, oferecendo serviços como transporte de cargas e barbearia. 7. Algumas formas de resistência incluíam fugas, assassinatos de senhores, suicídio, banzo, resistência e negligência no trabalho, formação de quilombos, insurreições e alianças indígenas e mestiços. 8. As fugas individuais eram desafiadoras, dependendo do sucesso na sobrevivência no mato. 9. O Quilombo dos Palmares, formado no final do século XVI, foi o mais importante. 10. A expedição que encerrou o Quilombo dos Palmares foi liderada por Domingos Jorge Velho. 11. O Quilombo do Catucá, próximo ao Recife, desenvolveu estratégias de sobrevivênciae cooperação com a população negra livre e escravizada. 12. Além das formas mencionadas, os escravizados também utilizavam suicídios, abortos e desobediência contra a escravidão. 1 INSURREIÇÃO PERNAMBUCANA A Insurreição Pernambucana Na década de 1640, a Companhia das Índias Ocidentais precisava de dinheiro para financiar a guerra que estava acontecendo na Europa, especialmente contra a Inglaterra. Para conseguir esses recursos, a Companhia decidiu aumentar os impostos e cobrar de volta os empréstimos que havia concedido aos senhores de engenho em Pernambuco. Essas medidas desagradaram bastante os moradores locais. Maurício de Nassau, que era encarregado de administrar a região, também teve problemas com as decisões da Companhia e acabou sendo demitido em 1643. Os senhores de engenho, que eram os grandes produtores de açúcar e economicamente importantes, não gostaram nada dessas mudanças. Isso deu início à Insurreição Pernambucana, um movimento liderado pelos locais para expulsar os holandeses que estavam controlando a região. Essa revolta durou quase uma década, de 1645 a 1654. Durante esse período, ocorreram as batalhas dos Guararapes, onde houve uma notável união entre diferentes grupos étnicos brasileiros. Brancos, índios e negros escravizados se uniram para combater o inimigo comum: os holandeses. Essa união foi um aspecto significativo da resistência local contra a presença holandesa em Pernambuco. Características da Insurreição Pernambucana Entre as principais características da insurreição pernambucana está a liderança dos senhores de engenhos, a participação de diversas forças populares e a utilização de táticas de guerrilhas e emboscadas. 1. Liderança dos Senhores de Engenho: Os senhores de engenho, que eram proprietários de grandes plantações de açúcar e representavam uma parte significativa da elite local, desempenharam um papel central na liderança da insurreição. Eles estavam insatisfeitos com as políticas impostas pelos holandeses, especialmente os aumentos de impostos e as cobranças de empréstimos. 2 2. Participação de Forças Populares: Além da liderança dos senhores de engenho, a insurreição envolveu uma participação significativa de diversas camadas da sociedade. Isso incluía camponeses, índios, escravizados e outros grupos populares. A revolta não se limitou apenas à elite, mas contou com uma base ampla de apoio entre diferentes segmentos da população. 3. Táticas de Guerrilha e Emboscadas: Diante da disparidade de recursos e poder militar entre os rebeldes locais e os holandeses, as táticas de guerrilha e emboscadas tornaram-se estratégias-chave. Os insurgentes aproveitaram o terreno local, como as densas matas e áreas de difícil acesso, para realizar ataques surpresa contra as forças holandesas. Essas táticas permitiram que resistissem de maneira eficaz com recursos limitados. A união desses elementos contribuiu para a resistência prolongada durante a Insurreição Pernambucana, que culminou na expulsão dos holandeses da região em 1654. Desfecho O desfecho da Insurreição Pernambucana, com as vitórias nas Batalhas dos Guararapes em 1648 e 1649, resultou na expulsão dos holandeses do território brasileiro em 1654. Essas batalhas foram marcantes, pois as forças luso-brasileiras, formadas por uma coalizão de diferentes grupos sociais, conseguiram resistir e derrotar as tropas holandesas, garantindo assim a independência de Pernambuco. É interessante destacar que até 1650, a coroa portuguesa não estava diretamente envolvida no apoio militar a Pernambuco. Isso se deveu a um acordo assinado em 1640 entre Portugal e os Países Baixos, que estabelecia uma trégua de 10 anos. Essa trégua fazia parte de um contexto mais amplo, a Guerra da Restauração, que foi um conflito em que Portugal buscou recuperar sua independência do domínio espanhol. A participação direta da coroa portuguesa no apoio militar a Pernambuco a partir de 1650 foi influenciada pelo fim desse acordo e pelas mudanças nas alianças políticas da época. 3 Quanto à consequência econômica da expulsão dos holandeses, o declínio da produção açucareira em Pernambuco ocorreu devido à concorrência da produção de açúcar nas Antilhas. Com a Holanda saindo de Pernambuco e direcionando seus esforços para as Antilhas, onde podiam produzir açúcar de melhor qualidade a preços mais baixos, a produção açucareira pernambucana enfrentou dificuldades, perdendo sua competitividade no mercado internacional. Essa mudança econômica teve impactos duradouros na região. Fixando o Conteúdo 1. Qual era o motivo pelo qual a Companhia das Índias Ocidentais aumentou os impostos em Pernambuco na década de 1640? 2. Quem era o responsável por administrar a região de Pernambuco e foi demitido em 1643? 3. Quem liderou a Insurreição Pernambucana, um movimento para expulsar os holandeses da região? 4. Qual foi a duração da revolta conhecida como Insurreição Pernambucana? 5. O que aconteceu nas Batalhas dos Guararapes durante a Insurreição Pernambucana? 6. Além dos senhores de engenho, que outros grupos sociais participaram ativamente da insurreição? 7. Quais foram as principais táticas utilizadas pelos rebeldes locais contra os holandeses devido à disparidade de recursos? 8. O que contribuiu para a resistência prolongada durante a Insurreição Pernambucana? 9. Qual foi o desfecho da Insurreição Pernambucana em relação à presença holandesa? 10. Por que a coroa portuguesa não estava inicialmente envolvida militarmente em Pernambuco até 1650? 11. O que influenciou a participação direta da coroa portuguesa no apoio militar a Pernambuco a partir de 1650? 12. Qual foi a consequência econômica da expulsão dos holandeses para a produção açucareira em Pernambuco? 4 Respostas 1. A Companhia das Índias Ocidentais aumentou os impostos em Pernambuco na década de 1640 para financiar a guerra na Europa, especialmente contra a Inglaterra. 2. Maurício de Nassau era o responsável por administrar a região de Pernambuco e foi demitido em 1643. 3. A Insurreição Pernambucana foi liderada pelos senhores de engenho, os grandes produtores de açúcar na região. 4. A Insurreição Pernambucana durou quase uma década, de 1645 a 1654. 5. Nas Batalhas dos Guararapes, diferentes grupos étnicos brasileiros, incluindo brancos, índios e negros escravizados, uniram-se para combater os holandeses. 6. Além dos senhores de engenho, camponeses, índios, escravizados e outros grupos populares participaram ativamente da insurreição. 7. Diante da disparidade de recursos, os rebeldes locais utilizaram táticas de guerrilha e emboscadas contra os holandeses. 8. A liderança dos senhores de engenho, a participação de diversas camadas sociais e as táticas de guerrilha contribuíram para a resistência prolongada. 9. O desfecho da Insurreição Pernambucana foi a expulsão dos holandeses do território brasileiro em 1654, após as vitórias nas Batalhas dos Guararapes. 10. A coroa portuguesa não estava inicialmente envolvida militarmente em Pernambuco até 1650 devido a um acordo de trégua assinado em 1640 com os Países Baixos. 11. A participação direta da coroa portuguesa a partir de 1650 foi influenciada pelo fim do acordo de trégua e mudanças nas alianças políticas. 12. A consequência econômica da expulsão dos holandeses foi o declínio da produção açucareira em Pernambuco devido à concorrência das Antilhas, impactando a competitividade regional no mercado internacional. 1 GUERRA DOS MASCATES Contexto Histórico A Guerra dos Mascates foi um conflito ocorrido no contexto da decadência econômica de Olinda e do crescimento de Recife, ambos localizados em Pernambuco, Brasil. O período que antecedeu a guerra é marcado por eventos significativos: Crise da Economia Açucareira (1654): A decadência