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Aluna: Leila Maria de Oliveira Resumo do Capítulo IV – RENASCENÇA E REFORMA – Capítulo II – O “Cinquecento” Referência CARPEAUX, Otto Maria. História da Literatura Ocidental. Brasília, DF: Senado Federal, 2011. Disponível em: https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/528992/000826279_Historia_Liter atura_Ocidental_vol.I.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 2 out. 2021. O texto começa indicando o significado de “Cinquecento” como sendo “século XVI”, mas acrescenta que o termo foi criado para indicar a suposta “idade áurea” da arte italiana, que teve Rafael e Miguel Ângelo como seus principais representantes. O artigo ainda analisa o início e fim do período, questionando se de fato o fim do “Quattrocento” teria ocorrido no final do século XV. E sobre isso, indica que os contemporâneos emparelham o fim do “Quattrocento” ao final da Renascença, em 1527, quando Roma foi saqueada pelos mercenários do imperador Carlos V. Ao analisar o fim do “Quattrocento” e o início do “Cinquecento”, nota-se que no sentido histórico, esse último configuraria como uma época de transição, entre o primeiro e o Barroco, não totalizando nem 50 anos. E ainda o texto destaca o período do “Cinquecento” como paralelo ao maneirismo das artes plásticas, representada por Giovanni da Bologna e Baroccio. O autor destaca que a literatura italiana do período analisado, era a maravilha da época, conhecida e admirada por toda a Europa, e que na atualidade a epopeia fantástica de Ariosto e a poesia de Miguel Ângelo ainda é reconhecida. E deduz que o “Cinquecento” revela as características de uma síntese definitiva, apontando como elementos para tanto, o culto da Antiguidade e o gênio nacional italiano. Ao discorrer sobre esse ponto, o autor adverte que contrária a interpretação convencional do “Cinquecento”, existem várias objeções, e cita entre outros exemplos, a poesia romântica de Ariosto, que se difere dos modelos antigos. Por outro lado, o texto destaca que o espírito antigo ainda prevalece em outros setores literários da época, que caem no esquecimento por ter estabelecido uma convenção que repugnou ao espírito italiano. Ao adentrar sobre a questão do humanismo, a obra lembra que houve discórdia entre “ciceronianos” e “erasmianos”, que culminou numa séria desavença entre humanistas, pagãos e paganizantes; entre representantes da Igreja e aliados à Reforma. E sobre a curta durabilidade das alianças realizadas no período, o texto cita a importância do concílio de Trento, que estabeleceu a ortodoxia à maneira espanhola e a própria dominação espanhola na Itália, marcando com isso, quase o fim da literatura nacional. Assim, a literatura do “Cinquecento”, em vez de apresentar um modelo de síntese equilibrada, acompanhou a tragédia nacional da Itália. Ao abordar o “Cinquecento” como classicista, o texto indica que o “Quattrocento” foi diferente, indicando que neste último, o classicismo estaria mais na literatura latina do que na italiana. Assim, o “Cinquecento” seria o meio século do classicismo em língua italiana, enquanto o “Quattrocento” representaria o século do classicismo em latim. E sobre o platonismo do “Cinquecento” teria a função da escolástica no “Trecento”, sendo definido, em geral, como síntese do humanismo e do “Trecento” ressuscitado, entendendo assim, o culto de Dante e Petrarca. E seguindo essa análise, a grande síntese do “Cinquecento” fracassara, iniciando uma retrospectiva sobre o período, entendendo que a mesma nasceu pela colaboração das “classes literárias” no classicismo. Assim, o texto indica que a aliança entre o Humanismo e Igreja significava, portanto, uma espécie de união nacional, na qual todos se reconheceram no classicismo. Ao abordar a questão da história do “Cinquecento”, entende-se que ela advém da dissolução daquela “união nacional”, resvalando num último ato, no qual a dissensão será completa, tendo o papel da aristocracia desempenhado pelos individualistas violentos. O texto discorre sobre o caso Savonarola, que produziu a aliança entre Igreja e Humanismo, e que na sequência modifica a situação com Júlio II, tornando Roma o maior centro do Humanismo. E em Roma tudo é grandioso e clássico, identificando-se com a Roma antiga. Porém, apesar da grandiosidade, sua civilização é essencialmente burguesa, propiciando o classicismo. Ludovido Ariosto (1474 – 1533), é citado por sua obra e representatividade no período entre o “Quattrocento” e o “Cinquecento”, tendo perscrutado os motivos pelos quais escreveu Orlando Furioso, o que revela o intuito do autor, e que o escrito representaria assim, o espelho perfeito da sociedade aristocrática da época. E ainda discorrendo sobre Ariosto, o texto indica que o autor era descrente em relação ao mundo e a vida real: a realidade não tinha importância para ele. No entanto, o texto corrige o cepticismo para a indiferença. A arte de Ariosto consiste na transformação desse arbítrio em lei do seu mundo fantástico, revela o artigo. Ludovico Ariosto é um clássico que usa a arte para dominar a realidade, um classicista que a adapta ao mundo. Sobre as múltiplas formas da literatura cinquecentista, o autor discorre que uma delas seria o fato de estar parte em latim e parte em italiano, enquanto no “Quattrocento”, o latim ainda era língua erudita. E o texto ainda discorre da importância da prosa latina, da qual Cícero foi seu maior representante, mas que só no “Cinquecento” que aparece a plêiade dos “ciceronianos” ortodoxos, que tem como expressivo representante Jacopo Sadoleto, o digno bispo de Carpentras. No entanto, o mais famoso dos ciceronianos é Pietro Bembo, o auto de Epistolarum familiarum l. VI, que também foi um dos primeiros que se passaram para a língua vulgar. E tais mudanças ligadas à língua estão relacionadas com a famosa briga entre ciceronianos e erasmianos em 1528: Erasmo, o chefe do humanismo cristão, lançou contra os ciceronianos o seu Ciceronianus, acusando-os de romanismo falsificado. Ao expender sobre os humanistas, o texto indica que para o grupo, Virgílio não era “pagão em advento”, e sim o poeta clássico dos classicistas. Sobre o século XVI, o artigo revela ser uma época de sensualidade descontrolada e de grosseria e brutalidade dos costumes. E autores como Rabelais e Leone Ebreo são citados, enquanto indicam expressões inesperadas na poesia de Ronsard. A idealização dos fatos reais não poderia ser explicada pelas teorias escolásticas, o que foi feito pelo platonismo do judeu espanhol Leone Ebreo, que influenciou profundamente outros autores como Bembo e Castiglione, entre outros citados no texto. A teoria do amor de Leone Ebreu deu ao “Cinquecento” latinizado a coragem de fazer poesia erótica em língua italiana. E o autor afirma que as formas dessa poesia não podiam ser outras senão as nacionais, as italianas: o soneto e a canzone. E com essas formas métricas introduziu-se vocabulário e a sintaxe de Petrarca, tornando o petrarquismo como lei rigorosa. O artigo apresenta que a poesia lírica italiana do “Cinquecento” não tem boa fama, revelando uma monotonia insuportável sobre a leitura de uma das grandes antologias. O autor decano Pietro Bembo é relembrado como teórico platônico nos Asolani, poeta convencional, imitador de Petrarca. E Francesco Maria Molza, autor de Ninfa Tiberina, é apontado como poeta difamado, devasso e licencioso. O Guidiccioni e Della Casa são indicados como os menos petrarquistas entre os classicistas do “Cinquecento” A tragédia na Renascença é tratada como um conceito elegíaco, adotado por Trissino ao escrever a Sofonisba (1515), a primeira tragédia “clássica” das literaturas europeias. O texto refere-se a comédia como o produto mais vivo da literatura classicista, mas sem sair da imitação de Plauto. E Ariosto seria um dos primeiros representantes da comédia Plautina, enquanto a obra-primado gênero é representada por Maquiavel. Sobre a literatura classicista do “Cinquecento”, o autor indica que o que se aplica, seria o fato de que a corrupção nunca está no assunto; todas as épocas são mais ou menos corrompidas, mas ela estaria sim, no autor, na falta de critério moral, revelada entre outros fatores, no caos de valores da época. O texto retoma a premissa ciceronista, ao indicar que o virgilianismo dos humanistas cristãos é a reação italiana contra o ciceronianismo oficial. O fato é que Virgílio fora sempre ídolo dos humanistas, mas basta comparar um humanista como Giovanni Rucellai com os virgilianos cristãos, os Sannazzaro e Vida, para sentir um outro espírito, onde a influência de Erasmo é inconfundível. Assim, no seio do virgilianismo dos humanistas cristãos nasceu o pastoral, a poesia bucólica. E Vida, já citado, é considerado o precursor poético da Contrarreforma. Sobre Castiglione, o texto indica que ele conheceu o esplendor do espírito, mas sabia de sua limitação; que embora soubesse escrever diálogos como Platão, não tinha a fé do filósofo na indestrutibilidade das ideias e dos ideais. Castiglione foi um antiutilitário e surpreendentemente contemporâneo de Maquiavel, e para ele a civilização era um ideal sem utilidade. Já Maquiavel era observador, tanto que como secretário de Estado brilhava menos pela ação diplomática do que pelos relatórios lúcidos. E durante seu exílio observou a ponto de compreender o grande problema da Itália: a simultaneidade de uma civilização extraordinária e de uma decadência, moral e política, completa. No entanto, quanto aos pormenores práticos, Maquiavel revelou-se burguês racionalista. Maquiavel também considerava a história romana como “história ideal”, e seu estilo era mais latino que italiano, mas sem retórica ciceroniana. E sobre sua obra “O Príncipe”, o programa político recomendado era a violência e a fraude; seus personagens não são maus ou bons, apenas fracos e ambiciosos. Maquiavel conheceu pessoalmente vários tiranos e tribunos, mas não encontrou nenhum “príncipe” entre eles, e certamente é o único grande teórico político que foi ao mesmo tempo um grande humorista. Retomando a premissa da literatura classicista, o texto indica que em seu meio há oposições. Já a interpretação do classicismo como conformismo literário, nomeou-o como representante de três classes, normalmente opositoras: os “clérigos” pobres, a pequena burguesia inculta e os camponeses. Como representante antipetrarquista, que domina supreendentemente a língua florentina, o artigo cita o parodista Francesco Berni, cuja fama foi de humorista, e que escreveu em língua florentina uma versão de Orlando innamorato riffato, de Boiardo. Berni trabalhava como “secretário” mal pago de grandes senhores e cardeais, tolerado porque provocava o riso; gostava de ser um Ariosto mais leve. Ele também ficou conhecido por seu um dos últimos descendentes dos artistas-realistas do “Quattroceno”, num século de classicistas, e dedicou sua vida ao quatrocentista Boiardo. Outro autor citado foi Pietro Aretino, um plebeu, oriundo da pequena burguesia provinciana, sem cultura clássica e inimigo feroz dos humanistas e petrarquistas, mesmo quando enriqueceu e conquistou a glória. Aretino enriqueceu como chantagista, pois foi o primeiro que utilizou a imprensa para aterrorizar a opinião pública. Eis a fonte de sua independência financeira, e a moral que se exprimiu na sua literatura pornográfica. Pietro destacou-se como grande prosador; só não foi poeta. O autor esclarece que Aretino não pode ser classificado como sintoma da corrupção da época, e sim como representante da vingança de um plebeu contra as ficções do humanismo, do petrarquismo, do moralismo, do classicismo e do cristianismo literário. Teofilo Folengo também é citado como o último e maior dos oposicionistas, que não usou o latim e nem o italiano em suas obras, mas um misto de ambas as línguas, que ficou conhecida como “língua macarrônica”. Sua vida foi marcada por entradas e saídas do convento. Já antes de ser monge, era poeta humorístico, escondendo-se sob o pseudônimo de Merlin Coccaio. A sátira de Folengo não tinha consideração pela aristocracia, ricos, prelados ou monges; só poupava os camponeses. Teófilo foi inimigo feroz da Renascença e da sua cultura artística, além de ser o humorista italiano que mais se aproximou de Dante. Através da brincadeira linguística, Folengo fala a voz da consciência do século. Ao retomar o drama da Renascença italiana, o texto expõe que ela terminou em agonia lenta e dolorosa. Na Itália, a Contrarreforma foi enérgica, mas não violenta, e não se acabou como na Espanha. A aristocracia só deixou de existir. E o espírito individualista sobrevive em alguns artistas, como Benvenuto Cellini, escultor de segunda categoria, artista e aventureiro, extremo escravo de suas paixões, que se tornou o quadro mais completo da Renascença. Sobre os heréticos na Itália, o texto discorre sobre o surgimento das reivindicações de reformas eclesiásticas, propostas pelos erasmianos, e de como tiveram alguma profundidade no tempo do Concílio de Trento. Entre os protestantes, estava o maior representante, o espanhol Juan de Valdés. Miguel Ângelo, já citado, é relembrado como um poeta “moderno”, no sentido do século XIX, mas que infelizmente só encontrou como meio de expressão os artifícios do petraquismo. No entanto, o que mais assustou os primeiros leitores das Rime – que constituem um diário poético que acompanha os seus trabalhos artísticos, e até os críticos mais recentes, foi a língua “trecentesca” de Miguel Ângelo em pleno “Cinquecento”. A poesia de Miguel é consequência de sua incompetência em realizar-se na escultura. Assim, já em sua velhice, os humanistas e anti-humanistas, já não pensavam em demandas da oposição, mas na sobrevivência individual. O classicismo degenerou em esteticismo. A literatura italiana perde a hegemonia na Europa, mas permanece a outra literatura, a pequena, do povo. E ali se encontraria o verdadeiro lugar de Folengo e de outro poeta macarrônico, o piemontês Alione. O Baldus, de Folengo, e o Orlandino de Arentino, constituem os representantes dessa “pequena” literatura. O maior representante da literatura popular, descrito pelo autor, foi Angelo Beolco, chamdo Il Ruzzante, conhecido por sua arte provinciana, extremamente simples, mas com grande repercussão na Europa. Da farsa do Ruzzante nasce a farsa improvisada, a “Commedia dell’arte”, e na sequência a ópera bufa. Ruzzante foi uma mistura entre Plauto e Pirandelo, e com ele a literatura italiana começa a retirar-se das alturas do Olimpo clássico para as aldeias do Vêneto, da Toscana e da Sicília. Desde então, existem duas literaturas na Itália: a sublime e eloquente dos cultos, e a cômica e “vivace” do povo. E assim, começa a época do Barroco hispânico.