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Função Social da Propriedade

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CENTRO UNIVERSITÁRIO FAMETRO - CAMPUS MARACANAÚ
FACULDADE DE DIREITO
DIREITO CIVIL IV
DOCENTE: MS. JANAÍNA RABELO
FRANCISCO HERMISON MONTEIRO DO VALEi - MATRÍCULA: 2021221271
ADALIA MENDES MARTINSii - MATRÍCULA: 2023229291
A FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE, O DIREITO À MORADIA E A LUTA DOS SEM-TETO:UMA ANÁLISE HISTÓRICA E SOCIAL RESUMIDA
MARACANAÚ-CE
ABRIL/2024
A questão da moradia digna no Brasil se apresenta como um drama social de proporçõescolossais, entrelaçado intrinsecamente com a função social da propriedade e a luta histórica dosmovimentos Sem-Teto. Para desvendar as nuances dessa problemática complexa e multifacetada,é fundamental realizar uma análise profunda e contextualizada, revisitando as raízes históricas dadesigualdade na distribuição de terras, os avanços conquistados com a Constituição de 1988 e aincansável luta dos movimentos sociais pela conquista do direito à moradia.
Raízes Históricas da Desigualdade
UM LEGADO DE INJUSTIÇAS E A LUTA PELA TERRA
As raízes da problemática da moradia no Brasil se afundam nas profundezas da históriacolonial, marcada pela escravidão, pelo latifúndio e pela concentração de terras nas mãos de umaminoria privilegiada. Esse modelo excludente de colonização, pautado na exploração desenfreadade recursos naturais e na subjugação dos povos originários, lançou as bases para a desigualdadesocial que persiste até hoje. Grandes extensões de terras férteis foram arrebatadas dos povosindígenas e distribuídas entre senhores de engenho e latifundiários, relegando a grande massa dapopulação à margem da propriedade e do acesso à terra.
O PERÍODO COLONIAL
A exploração do pau-brasil e a colonização portuguesa marcaram o início da concentraçãode terras nas mãos da elite colonial, através da doação de sesmarias e da escravidão indígena.
O IMPÉRIO
O café se tornou a principal cultura de exportação, impulsionando a expansão da fronteiraagrícola e a intensificação do latifúndio. A Lei de Terras de 1860, apesar de ter como objetivoregularizar a posse de terras, falhou em garantir o acesso à terra para a maioria da população.
A REPÚBLICA
A República Velha foi marcada pela perpetuação da estrutura latifundiária e pelaconcentração de terras nas mãos de oligarquias agroexportadoras. A questão social se intensificou,com o êxodo rural e o aumento da pobreza nas cidades.
A ERA VARGAS
O governo de Getúlio Vargas implementou algumas medidas para amenizar a questãosocial, como a criação do salário mínimo e a instituição do Código Eleitoral. No entanto, a reformaagrária não foi concretizada de forma abrangente.
A DITADURAMILITAR
A ditadura militar reprimiu os movimentos sociais e dificultou a luta pela reforma agrária.Apesar disso, algumas conquistas importantes foram alcançadas, como a criação do InstitutoNacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e a aprovação do Estatuto da Terra em 1964.
Essa herança histórica se perpetuou ao longo dos séculos, moldando um cenário socialmarcado pela carência de moradia digna para amplos segmentos da população. A migração campo-cidade, intensificada no século XX, impulsionada pela industrialização e pela busca por melhoresoportunidades, agravou ainda mais a situação, gerando a proliferação de favelas e áreas periféricasprecárias em grandes centros urbanos, moldando a realidade social e impulsionando movimentosde resistência pela reforma agrária e pelo acesso à terra.
A DEMOCRACIA
A redemocratização do país trouxe novas esperanças para a luta pela reforma agrária epelo acesso à terra. A promulgação da Constituição Federal de 1988 consagrou o direito àpropriedade urbana com função social e o direito à moradia digna.
A Constituição de 1988
UMMARCO HISTÓRICO NA REFORMA AGRÁRIA
Um marco na luta pela reforma agrária no Brasil, o artigo 186 da Constituição Federal de1988 estabeleceu os princípios e diretrizes para a desapropriação de terras improdutivas ousubutilizadas para fins de reforma agrária, mediante o pagamento de indenização justa. Essaconquista representou um importante passo para a construção de uma sociedade mais justa eigualitária, onde o acesso à terra se configura como um direito fundamental.
A FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE E ODIREITO ÀMORADIA: FUNDAMENTOS JURÍDICOS PARA A LUTA
A Constituição Federal de 1988 representou um importante avanço na luta pela moradiaao consagrar, em seu artigo 5º, inciso XXIII, a função social da propriedade. Esse princípioestabelece que a propriedade urbana deve cumprir uma função social, ou seja, contribuir para obem-estar da sociedade e atender às necessidades da população. O artigo 6º, por sua vez,consagra o direito à moradia digna como um direito social fundamental.
FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE URBANA
A propriedade urbana deve ser utilizada de forma produtiva, atender às necessidadeshabitacionais da população e contribuir para o desenvolvimento urbano. Terrenos ociosos ousubutilizados podem ser desapropriados pelo Estado para fins de reforma urbana ou para aconstrução de habitações populares.
DIREITO ÀMORADIA DIGNA
O direito à moradia digna implica em ter acesso a um lar seguro, higiênico, decente e cominfraestrutura adequada, além de estar localizado em local com acesso a serviços públicosessenciais. O Estado tem a obrigação de garantir esse direito, através da implementação depolíticas públicas habitacionais.
Movimentos Sociais e a Luta por Moradia:
RESISTÊNCIA E CONQUISTASATRAVÉS DAMOBILIZAÇÃO POPULAR
Ao longo da história, diversos movimentos sociais se organizaram para reivindicar o direitoà moradia e lutar contra a exclusão social. As ocupações de terras urbanas e rurais, asmanifestações públicas e a pressão sobre o poder público se tornaram ferramentas essenciais paraa conquista de políticas públicas e a construção de alternativas habitacionais.
A GUERRA DOS CANUDOS - 1896-1897:UM SÍMBOLO DE RESISTÊNCIA E LUTA PELA TERRA
Um dos episódios mais emblemáticos da luta pela terra no Brasil foi a Guerra dos Canudos,ocorrida no sertão da Bahia entre 1896 e 1897. Liderados por Antônio Conselheiro, milhares de
sertanejos, empobrecidos e marginalizados, se rebelaram contra a concentração de terras e aexploração por parte dos latifundiários. A violenta repressão do governo federal resultou na mortede cerca de 30 mil pessoas, mas a memória de Canudos permanece viva como símbolo da luta pelaterra e por uma sociedade mais justa.
A COLUNA PRESTES - 1925-1927:A MARCHA PELA REFORMA AGRÁRIA
Na década de 1920, a Coluna Prestes, liderada por Luís Carlos Prestes e Miguel Costa,percorreu o interior do Brasil por mais de dois anos, combatendo oligarquias locais e defendendoa reforma agrária. A Coluna Prestes se tornou um marco na história da luta pela terra no país,inspirando novas gerações de trabalhadores rurais e movimentos sociais.
MOVIMENTO DOS SEM-TETO - 1997:A LUTA URBANA PELO DIREITO ÀMORADIA
Fundado em 1997, o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) é um dos principaisatores na luta urbana pelo direito à moradia. Composto por trabalhadores e trabalhadoras que vivemem condições precárias, o MTST organiza ocupações de terrenos ociosos, denuncia irregularidadesna política habitacional e pressiona o poder público para a implementação de políticas públicas deconstrução de moradia popular. O MTST também desenvolve projetos sociais e culturais nascomunidades onde atua, promovendo a integração social e a cidadania.
Além do MTST, diversas outras organizações lutam pelo direito à moradia, como a Centralde Movimentos Populares (CMP), a União Nacional por Moradia Popular (UNMP) e o MovimentoNacional de Luta pela Moradia (MNLM). Essas organizações atuam localmente, regionalmente enacionalmente, construindo redes de solidariedade e fortalecendo a luta pela reforma urbana.
UM CHAMADO À AÇÃO PARA ACONSTRUÇÃO DE UM BRASILMAIS JUSTO E IGUALITÁRIO
Diante dos desafios estruturais e conjunturais que impedem a plena realização do direitoà moradia digna no Brasil, torna-se urgente a construção de um projeto de sociedade mais justo eigualitário. Esse projeto deve se basear na redistribuição da terra,
na promoção da função social dapropriedade, na implementação de políticas públicas habitacionais eficazes e no fortalecimento dosmovimentos sociais.
Para além dos desafios e perspectivas apresentados, cabe destacar alguns pontosimportantes para a reflexão:
A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO
A educação é fundamental para conscientizar a população sobre seus direitos e parafortalecer a participação social na luta pela moradia. Campanhas de informação, programaseducativos e a valorização da educação popular são ferramentas essenciais para a construção deuma cidadania ativa e engajada.
A NECESSIDADE DE UM DEBATE PÚBLICO AMPLO E INCLUSIVO
O debate sobre a função social da terra e sobre moradia deve ser amplo e inclusivo,reunindo diferentes setores da sociedade para discutir soluções conjuntas e construir um consensosobre as políticas públicas necessárias.
A IMPORTÂNCIA DA PESQUISA E DA PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO
i http://lattes.cnpq.br/8876247107820297
ii http://lattes.cnpq.br/1138423936975973
A pesquisa acadêmica e a produção de conhecimento sobre a temática da moradia sãoferramentas essenciais para subsidiar políticas públicas eficazes e para compreender as diferentesdimensões dessa complexa questão social.
A BUSCA POR ALTERNATIVAS SUSTENTÁVEIS
A construção de moradias deve levar em consideração critérios de sustentabilidadeambiental, social e econômica, promovendo a inclusão social, a preservação do meio ambiente ea utilização racional dos recursos naturais.
A luta pela moradia digna no Brasil é uma luta por justiça social, por dignidade humana epor um futuro mais promissor para todos. Através da ação conjunta e da construção de um projetode sociedade mais justo e equitativo, é possível garantir o direito à moradia para todos e construirum país mais justo, próspero e sustentável.
Referências Bibliográficas:
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