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AULA 02
Tema: Casamento
D I R E I T O C I V I L I V - F A M Í L I A
EVOLUÇÃO HISTÓRICA
• Até o advento da República (1889) só existia o casamento religioso.
• O casamento civil só surgiu em 1891.
• O caráter sagrado do matrimônio foi “absorvido” pelo Direito, que trouxe o
conceito de família alinhado ao casamento, consagrando em todas as
Constituições Federais do Brasil.
• Quando adveio o CC de 1916, o único modo de constituição de família era
pelo casamento. No entanto, persistia a influência religiosa, pois o
matrimônio era tido como um sacramento (sagrado) e indissolúvel.
• O Estado não se admitia outras modalidades de família, e trazia a única
possibilidade de romper o casamento era o desquite, sendo posteriormente
evoluído para duas formas: separação e divórcio.
• Revolução social: CF/88 alargou o conceito de família para além do
casamento (união estável e família monoparental) – casamento deixa de ser
o único marco a identificar a existência de uma família. Embora o texto do
CC/02 não tenha modernizado sua linguagem.
• O viés sacralizado do casamento tende a esmaecer, o que fica constatado
pela possibilidade do divorcio extrajudicial, pelo fim da separação judicial e
desnecessidade de culpa ou decurso de prazo.
SUGESTÕES?
CONCEITO DE CASAMENTO
Conceitos doutrinários
de Casamento
• O casamento é uma instituição. Considerá-lo como um
contrato é equipará-lo a uma venda ou a uma sociedade,
colocando em segundo plano seus nobres fins.
(DINIZ, Maria Helena apud Lafayette Rodrigues Pereira). 
• O casamento constitui assim uma grande instituição
social, que, de fato, nasce da vontade dos contraentes,
mas que, da imutável autoridade da lei, recebe sua
forma, suas normas e seus efeitos. A vontade individual é
livre para fazer surgir a relação, mas não pode alterar a
disciplina estatuída pela lei”
(GONÇALVES, Carlos Roberto, apud, Washington de Barros Monteiro).
Conceitos doutrinários
de Casamento
Em sua obra, GONÇALVES, et. all (2023). faz referência a outros escritores,
segundo José Lamartine Corrêa de Oliveira, o casamento é: “o negócio
jurídico de Direito de Família por meio do qual um homem e uma mulher se
vinculam através de uma relação jurídica típica, que é a relação matrimonial.
Esta é uma relação personalíssima e permanente, que traduz ampla e
duradoura comunhão de vida”.
Já WASHINGTON DE BARROS MONTEIRO aduz que “a união permanente
entre o homem e a mulher, de acordo com a lei, a fim de se reproduzirem,
de se ajudarem mutuamente e de criarem os seus filhos”
E, para PONTES DE MIRANDA: “é contrato solene, pelo qual duas pessoas de
sexo diferente e capazes, conforme a lei, se unem com o intuito de conviver
toda a existência, legalizando por ele, a título de indissolubilidade do vínculo,
as suas relações sexuais, estabelecendo para seus bens, à sua escolha ou por
imposição legal, um dos regimes regulados pelo Código Civil, e
comprometendo-se a criar e a educar a prole que de ambos nascer”.
Evolução do conceito de 
Casamento
Há diversidade conceitual nas doutrina, embora
todas se remetam à instituição norteada por normas
legais e sob a proteção estatal, falta, em algumas das
definições apresentadas, a noção de contrato,
essencial ao conceito moderno e à forma igualitária
do casamento atual.
Inclusive, várias características outrora essenciais, já
não persistem.
DIVERSIDADE DE SEXO?
• Todas as definições apresentam o casamento
como união entre homem e mulher, ou seja,
entre duas pessoas de sexo diferente. Tal
requisito, todavia, foi afastado pelo Superior
Tribunal de Justiça, que reconheceu
expressamente a inexistência do óbice relativo à
igualdade de sexos (uniões homoafetivas).
• Inexiste essa condição de outrora.
VIDE: Resolução CNJ 175/2013.
NECESSIDADE DE PROLE?
• Afastou-se essa concepção. A concepção de
procriar não é mais um objetivo do matrimônio,
consoante os princípios já estudados (liberdade da
constituição familiar, planejamento familiar e afins).
• O Casamento já não é indissolúvel. Hoje já se
tem a existência e a facilidade de desfazimento
do vínculo por meio do divórcio.
PERMANENTEMENTE?
Para Maria Berenice Dias:
CASAMENTO significa o ato de celebração como a
relação jurídica que dele se origina a relação
matrimonial. O melhor sentido da relação
patrimonial se expressa pela noção de comunhão
de vidas ou comunhão de afetos.
O ato do casamento cria um vínculo entre os
noivos, que passam a desfrutar do estado de
casados. A plena comunhão de vidas é o efeito por
excelência do casamento.
IMPORTANTE!
• A sociedade conjugal gera dois vínculos:
A) VÍNCULO CONJUGAL entre os cônjuges;
B) VÍNCULO DE PARENTESCO POR
AFINIDADE, ligando um dos cônjuges aos
parentes do outro.
EFEITOS DO CASAMENTO
• VÍNCULOS: matrimonial e de parentesco.
• Alteração do estado civil: os consortes adquirem a
condição de casados.
• Patrimônio: Antes do casamento, os noivos podem por
meio do pacto antenupcial (art. 1.639, CC), escolher o
regime jurídico que irá reger o patrimônio do casal.
• Possibilidade de alteração do sobrenome. (Antes a mulher
era obrigada a adotar o nome do marido, hoje a alteração é facultativa e
ambos podem adotar o sobrenome um do outro).
• Emancipação: pode provocar a emancipação de quem
casou antes de atingir a maioridade, mas atingiu a idade
núbil.
• Primário: Procriação e educação da prole?
• Secundário: mútua assistência e satisfação sexual?
• FINALIDADE PRINCIPAL: Comunhão plena de vida
art. 1.511, CC. O casamento estabelece comunhão
plena de vida, com base na igualdade de direitos e
deveres dos cônjuges.
FINALIDADE DO CASAMENTO
A SATISFAÇÃO SEXUAL 
NÃO É FINALIDADE DO 
CASAMENTO! NÃO HÁ NA 
LEI DEVER DE ORDEM 
SEXUAL
1. ato eminentemente solene;
2. Normas que regulam são de ordem pública;
3. Estabelece comunhão plena de vida, com base
na igualdade de direitos e de deveres dos
cônjuges;
4. Representa união permanente;
5. Exige diversidade de sexo;
6. Não comporta termo ou condição; (NJ puro e
simples);
7. Permite liberdade de escolha do nubente;
(direito da personalidade).
CARACTERÍSTICAS DO 
CASAMENTO
Já não é indissolúvel. 
(Para o Estado)
Não mais!
• CONTRATO OU INSTITUIÇÃO?
• CONCEPÇÃO CONTRATUAL (Individualista): vê como um
contrato civil, regido por normas comuns a todos os contratos,
aperfeiçoando com o consentimento dos noivos.
• CONCEPÇÃO INSTITUCIONALISTA: o casamento é tido como
uma grande instituição social, refletindo uma situação jurídica
que surge da vontade dos contraentes, com normas prescritas
em lei.
• CONCEPÇÃO MISTA (complexa): torna o casamento um ato
complexo, sendo cocomitantemente contrato (na formação) e
instituição (no conteúdo), sendo bem mais que um contrato.
NATUREZA JURÍDICA DO 
CASAMENTO
NATUREZA JURÍDICA DO 
CASAMENTO
• A discussão é relevante.
• MARIA BERENICE DIAS (apud VENOSA) aduz que:
CASAMENTO-ATO é um negócio jurídico e o CASAMENTO-
ESTADO é uma instituição.
• IDENTIDADES CONTRATUAIS:
- Embora não surjam apenas direitos e obrigações de caráter
patrimonial ou econômico, decorre do acordo de vontades.
- É negócio jurídico bilateral, regido pelo direito de família.
- Exige forma escrita (formalidade).
- Contrato sui generis (PAULO LOBO).
ESPÉCIES DE CASAMENTO
• O ESTADO admite duas formas de celebração do
casamento:
- CIVIL: realizado perante o oficial do Cartório de
Registro civil. É ato solene levado a efeito pelo
celebrante e na presença de testemunhas.
- RELIGIOSO COM EFEITOS CIVIS: basta o atendimento
dos requisitos legais (arts. 1.515 e 1.516) para o
matrimônio ter a mesma eficácia do casamento civil.
Está condicionada à habilitação e a inscrição no
registro civil das pessoas naturais.
- Por procuração: não é bem uma espécie, mas é uma
modalidade de casar. A procuração deve ser outorgada
por instrumento público e com poderes especiais para
o ato.
CÓDIGO CIVIL
Art. 1.512. O casamento é civil e gratuita a sua celebração.
Parágrafo único. A habilitação para o casamento, o registro e a primeira certidão serão isentos
de selos, emolumentose custas, para as pessoas cuja pobreza for declarada, sob as penas da
lei.
Art. 1.513. É defeso a qualquer pessoa, de direito público ou privado, interferir na comunhão
de vida instituída pela família.
Art. 1.514. O casamento se realiza no momento em que o homem e a mulher manifestam,
perante o juiz, a sua vontade de estabelecer vínculo conjugal, e o juiz os declara casados.
Art. 1.515. O casamento religioso, que atender às exigências da lei para a validade do
casamento civil, equipara-se a este, desde que registrado no registro próprio, produzindo
efeitos a partir da data de sua celebração.
Art. 1.516. O registro do casamento religioso submete-se aos mesmos requisitos exigidos
para o casamento civil.
§ 1 o O registro civil do casamento religioso deverá ser promovido dentro de noventa dias de
sua realização, mediante comunicação do celebrante ao ofício competente, ou por iniciativa
de qualquer interessado, desde que haja sido homologada previamente a habilitação regulada
neste Código. Após o referido prazo, o registro dependerá de nova habilitação.
§ 2 o O casamento religioso, celebrado sem as formalidades exigidas neste Código, terá
efeitos civis se, a requerimento do casal, for registrado, a qualquer tempo, no registro civil,
mediante prévia habilitação perante a autoridade competente e observado o prazo do art.
1.532.
§ 3 o Será nulo o registro civil do casamento religioso se, antes dele, qualquer dos
consorciados houver contraído com outrem casamento civil.
Outros:
•Casamento putativo;
•Casamento homoafetivo.
•Casamento consular
CASAMENTO PUTATIVO
• Considera-se putativo o casamento nulo ou anulável,
mas contraído de boa-fé por um ou ambos os cônjuges
(art. 1.561), ou seja, celebrado com a convicção de se
tratar de um casamento plenamente válido.
• De fato, o termo “putativo” deriva do latim putativus, que
significa “reputado ser o que não é” (no caso, reputado
ser válido, embora seja nulo ou anulável).
• Mesmo desconstituído o casamento, persiste o direito a
alimentos. Com relação aos filhos, os efeitos subsistem
sempre, independentemente da boa ou má-fé.
CASAMENTO HOMOAFETIVO
• Não há qualquer impedimento, quer constitucional, quer legal,
para o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Também não
consta entre os impedimentos para o casamento a diversidade
de sexo.
• O que obstaculizava a realização do casamento era somente o
preconceito.
• A Lei maria da penha (L. 11.340/06) alargou o conceito de família
para acolher as uniões homoafetivas. A partir da decisão do STF
que assegurou a essas uniões homoafetivas os mesmos direitos
e deveres da união estável, passou a ocorrer a conversão da
união estável em casamento. O STJ admitiu a habilitação para o
casamento e a resolução do CNJ impediu que fosse negado
acesso ao casamento entre pessoas do mesmo sexo.
CASAMENTO CONSULAR
• É o casamento de brasileiro realizado no estrangeiro,
perante a autoridade consular brasileira. O cidadão
brasileiro que reside no exterior tem a opção de casar
conforme a lei pátria, no consulado, caso não queira
sujeitar-se a legislação local.
• O casamento deve ser submetido a um registro, no prazo
de 180 dias, a contar da volta de um ou ambos os
cônjuges ao País. O registro é feito no cartório do
domicílio dos nubentes, ou, se não tiverem domicilio
certo, no 1º Oficio da Capital do Estado em que passarem
a residir. (art. 1.544 do CC).
CONVERSÃO DA UNIÃO 
ESTÁVEL EM CASAMENTO
• Assegurada constitucionalmente (art. 226, CF).
• Houve a equiparação da união estável ao
casamento.
• Persistem os dois institutos, inclusive a
possibilidade da conversão da união estável em
casamento.
• Pode ser realizado judicialmente ou diretamente
no cartório de registro civil.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso
de direito civil, volume 6: direito de família. 12. ed. ampliada e
atualizada. São Paulo: Saraiva Educação, 2022. [BIBLIOTECA
VIRTUAL]
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, volume 6:
direito de família. 20. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2023.
[BIBLIOTECA VIRTUAL].
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 11.ed.,
rev., atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016.
CONTATO
• VIA E-MAIL INSTITUCIONAL
ALYNNE.COSTA@UNINORTEAC.EDU.BR
mailto:ALYNNE.COSTA@UNINORTEAC.EDU.BR

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