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JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA VII

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Jurisdição e Competência VI
DIREITO PROCESSUAL PENAL
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA VI
Na continência, haverá unidade de fato, ou seja, vários agentes praticam uma infração 
ou várias infrações são cometidas por um agente.
Exemplo: é caso de continência quando João e José se unem e praticam um furto.
Consoante o art. 77 do CPP:
A competência será determinada pela continência quando:
I – duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração;
II – no caso de infração cometida nas condições previstas nos arts. 51, § 1º, 53, segunda parte, e 
54 do Código Penal.
Inciso I: por cumulação subjetiva (art. 77, I, do CPP), quando há vários agentes que pra-
ticaram o mesmo crime. Há unidade de fato (um crime) e pluralidade de agentes.
Exemplo: três pessoas cometem um furto.
Inciso II: por cumulação objetiva (art. 77, II, do CPP), quando haverá a reunião, num só 
processo, de vários resultados, advindos do concurso formal de crimes (art. 70 do CP – o 
agente, mediante uma conduta, pratica dois ou mais crimes), da aberratio ictus (art. 73 do 
CP) e do aberratio criminis (art. 74 do CP).
Nessas três possibilidades, haverá mais de um resultado lesivo, mas advindo de uma 
só conduta.
Exemplo: João atira para matar José e atinge este e, também, Manoel, que estava ao lado 
– há uma conduta e dois resultados. Ambas as mortes serão julgadas no mesmo processo.
Consequências da Conexão e da Continência
Súmula n. 704 do STF: Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do 
devido processo legal a atração por continência ou conexão do processo do corréu ao foro 
por prerrogativa de função de um dos denunciados.
Vamos supor que, numa determinada hipótese, tenha dois agentes que praticaram o 
mesmo crime, porém um deles tem o foro de prerrogativa de função e essa infração foi prati-
cada durante o exercício de sua função. Como o caso dele está conexo com o outro agente, 
os dois serão julgados pelo foro de prerrogativa. 
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O foro por prerrogativa de função pode se estender aos corréus sem que isto implique em 
violação de princípios, ou seja, nada impede que os corréus que não possuam foro por prer-
rogativa de função sejam julgados no âmbito do foro por prerrogativa de função dos corréus 
que fazem jus a este foro.
Esta atração é possível, mas não é obrigatória, ficando a critério do tribunal no caso 
concreto, tendo em vista que se trata de uma das hipóteses de separação facultativa dos 
processos.
Mas qual juiz ficará responsável pelo caso conexo ou em continência? Vejamos o que diz 
o art. 78 do CPP:
CPP, art. 78. Na determinação da competência por conexão ou continência, serão observadas as 
seguintes regras:
I – no concurso entre a competência do júri e a de outro órgão da jurisdição comum, prevalecerá 
a competência do júri;
Por exemplo: um homicídio doloso com ocultação de cadáver. Existe uma conexão entre 
esses dois crimes, uma vez que a ocultação de cadáver veio em uma conexão consecutiva 
sequencial para tentar garantir a impunidade do homicídio.
Levando a termo, há o homicídio doloso de competência do Tribunal do Júri, mas também 
a ocultação de cadáver, que não é crime doloso contra a vida e ficaria na Vara Criminal. No 
entanto, como existe uma conexão objetiva consequencial, serão ambos julgados pelo Tribu-
nal do Júri – que sempre terá preferência, com exceção de crime eleitoral.
(No caso de conexão entre crime eleitoral e crime doloso contra a vida, haverá a separação dos 
processos)
Il – no concurso de jurisdições da mesma categoria:
a) preponderará a do lugar da infração, à qual for cominada a pena mais grave;
b) prevalecerá a do lugar em que houver ocorrido o maior número de infrações, se as respectivas 
penas forem de igual gravidade;
c) firmar-se-á a competência pela prevenção, nos outros casos;
Se os foros forem equivalentes, como duas Varas Criminais, por exemplo, o primeiro cri-
tério utilizado é o local onde está a infração mais grava. Caso a gravidade dos crimes envol-
vidos seja igual, entra o segundo critério: a quantidade de infrações. O último critério, por fim, 
é a prevenção. 
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III – no concurso de jurisdições de diversas categorias, predominará a de maior graduação;
IV – no concurso entre a jurisdição comum e a especial, prevalecerá esta.
(justiça eleitoral e justiça comum federal: vai tudo para a justiça eleitoral)
Separação obrigatória de processos:
CPP, art. 79. A conexão e a continência importarão unidade de processo e julgamento, salvo:
I – no concurso entre a jurisdição comum e a militar;
II – no concurso entre a jurisdição comum e a do juízo de menores.
Por exemplo: João, de 17 anos, praticou crime com José, de 20 anos. Eles não serão jul-
gados na mesma Vara Criminal (João será julgado pela Vara de Infância e Juventude).
§ 1º Cessará, em qualquer caso, a unidade do processo, se, em relação a algum corréu, sobrevier 
o caso previsto no art. 152. 
§ 2º A unidade do processo não importará a do julgamento, se houver corréu foragido que não 
possa ser julgado à revelia, ou ocorrer a hipótese do art. 461.
Caso seja deflagrado um incidente de insanidade mental, cessará, em qualquer situa-
ção, a unidade do processo.
No caso de réu citado por edital que não apresenta resposta, o juiz determinará a sus-
pensão do processo e consequentemente a suspensão do curso do prazo prescricional 
assim, haverá a separação dos processos, ou seja, em relação aos demais o processo irá 
seguir e em relação ao citado por edital haverá a suspensão.
Estuda-se o incidente de insanidade mental, e quando é feito o laudo pela perícia para 
falar da integridade mental daquele réu, será determinado se, à época da infração, ele era 
inimputável, semi-imputável, se sabia ou não o que estava fazendo, se a doença sobreveio à 
prática da infração. A depender desse resultado, o processo pode ter consequências, inclu-
sive casos em que o processo fica parado. Por isso, não há como unir processos em que um 
réu é inimputável e o outro, não.
Art. 81. Verificada a reunião dos processos por conexão ou continência, ainda que no processo da 
sua competência própria venha o juiz ou tribunal a proferir sentença absolutória ou que desclas-
sifique a infração para outra que não se inclua na sua competência, continuará competente em 
relação aos demais processos.
Parágrafo único. Reconhecida inicialmente ao júri a competência por conexão ou continência, o 
juiz, se vier a desclassificar a infração ou impronunciar ou absolver o acusado, de maneira que 
exclua a competência do júri, remeterá o processo ao juízo competente.
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Obs.: � é preciso tomar cuidado para determinar qual é a fase do júri, se é a primeira fase ou 
se está na segunda, a fase de plenário, pois haverá variações, conforme o exemplo 
mais abaixo (“quanto ao procedimento do júri”).
Art. 82. Se, não obstante a conexão ou continência, forem instaurados processos diferentes, a au-
toridade de jurisdição prevalente deverá avocar os processos que corram perante os outros juízes, 
salvo se já estiverem com sentença definitiva. Neste caso, a unidade dos processos só se dará, 
ulteriormente, para o efeito de soma ou de unificação das penas.
Quanto ao procedimento do júri (Bifásico):
a) Ao final da primeira fase (judicium accusationis), caso sobrevenha desclassificação do 
crime doloso contra a vida, absolvição sumária ou impronúncia,os delitos conexos ou conti-
nentes devem ser remetidos ao juízo competente, de acordo com a definição da respectiva 
lei de organização judiciária estadual. 
Exemplo da primeira fase: há um procedimento dizendo que João praticou m homicídio 
doloso contra a vítima A e uma lesão corporal grave contra a vítima B. Ambos os casos vão 
para o Tribunal do Júri, pois são crimes conexos e um deles é homicídio doloso. Ao final da 
primeira fase, não se manteve a imputação do homicídio doloso, pois o juiz desclassificou 
para lesão corporal grave, assim como o outro crime. Dessa forma, não tem como manter no 
Tribunal do Júri.
b) Na segunda fase (judicium causae), caso os jurados, na votação dos quesitos, absol-
vam o réu pelo delito doloso contra a vida, continuam competentes para apreciar os deli-
tos conexos. Se houver desclassificação do crime doloso contra a vida para outro que não 
possua esse status, o delito desclassificado, e os conexos, passam para alçada do juiz pre-
sidente do júri.
Exemplo da segunda fase: se o processo chegou à segunda fase, não tem mais como 
ser remetido à outra Vara. Digamos que, no processo anterior, o homicídio doloso se man-
teve e chegou, portanto, a esta fase do Tribunal do Júri, e o juiz presidente vai julgar o caso 
e proferir sentença.
Súmula n. 235 do STJ: a conexão não determina a reunião de processos, se um deles 
já foi julgado.
Tendo havido julgamento de um ou alguns dos processos conexos, antes da avocatória, 
a reunião só ocorrerá na fase da execução penal, para efeito de soma ou unificação das 
penas, notadamente pela aplicação das regras de concurso material, formal ou da continui-
dade delitiva.
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Compete ao juiz da execução a respectiva unificação (art. 66, III, a, da Lei de Execu-
ção Penal).
Prevenção:
Art. 83. Verificar-se-á a competência por prevenção toda vez que, concorrendo dois ou mais juízes 
igualmente competentes ou com jurisdição cumulativa, um deles tiver antecedido aos outros na 
prática de algum ato do processo ou de medida a este relativa, ainda que anterior ao oferecimento 
da denúncia ou da queixa (arts. 70, § 3º, 71, 72, § 2º, e 78, II, c). 
Prevenção vem de prevenire, que significa antecipar-se, chegar primeiro.
Juiz prevento é aquele que primeiro pratica um ato do processo, ou que ainda na fase 
investigativa adota medidas referentes ao futuro processo, notadamente as cautelares de 
natureza pessoal ou real, como prisão preventiva, temporária, busca e apreensão, intercep-
tação telefônica, dentre outras.
Existindo dois ou mais juízes igualmente competentes, isto é, com idêntica competência 
material e territorial, ou juízes com jurisdição cumulativa, é dizer, com mesma competên-
cia material e competência territorial distinta, será prevento aquele que primeiro atuar, 
tomando medidas inerentes ao processo já iniciado ou por se iniciar.
A competência pela prevenção ainda é firmada nas seguintes hipóteses:
a) Crime continuado ou permanente que se estendam por duas ou mais comarcas (art. 
71 do CPP);
b) Delito consumado na divisa entre duas ou mais comarcas, ou na incerteza dos limites 
entre elas (art. 70, § 3º, do CPP);
c) Quando desconhecido o local da consumação do delito, e o agente encontra-se numa 
destas situações (art. 72, §§ 1º e 2º, do CPP): c.1) tem mais de um domicílio ou residência; 
c.2) não possui residência certa; c.3) é desconhecido o seu paradeiro.
d) Nas hipóteses de delitos conexos ou continentes, de mesma gravidade e em igual 
quantidade, consumados em comarcas distintas. Ex.: furto simples consumado em Salvador, 
conexo com receptação consumada em Caxias do Sul. A competência para apreciar ambos 
os delitos será fixada pela prevenção.
e) Competência do delito de estelionato do art. 70, § 4º, quando há pluralidade de vítimas.
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��Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula 
preparada e ministrada pela professora Lorena Alves Ocampos. 
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo 
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.

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