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Inovação Era Digital, Planejamento Estratégico e Inovação na Gestão Pública Enap, 2022 Fundação Escola Nacional de Administração Pública Diretoria de Desenvolvimento Profissional SAIS - Área 2-A - 70610-900 — Brasília, DF Fundação Escola Nacional de Administração Pública Diretoria de Desenvolvimento Profissional Conteudista/s Michel Musulin Soeltl (Conteudista, 2021). Curso desenvolvido no âmbito da Diretoria de Desenvolvimento Profissional - DDPRO Sumário Módulo 1: As Revoluções Industriais, a Era Digital e as Características Socioemocionais da Força de Trabalho da Era Digital .........................................4 Unidade 1: Evoluções Industriais ........................................................................... 5 1.1 1ª Revolução Industrial .............................................................................................. 5 1.2 2ª Revolução Industrial .............................................................................................. 6 1.3 3ª Revolução Industrial .............................................................................................. 7 1.4 4ª Revolução Industrial .............................................................................................. 8 1.5 Mundo VUCA (Volatility; Uncertainty; Complexity; Ambiguity) .................................. 9 1.6 Mundo BANI (Brittle, Anxious, Nonlinear, Incomprehensible) ................................ 10 Unidade 2: Características da Força de Trabalho na Era Digital .....................13 2.1 Contextualização ...................................................................................................... 13 2.2 Baby Boomers ........................................................................................................... 13 2.3 Geração X .................................................................................................................. 14 2.4 Geração Y ................................................................................................................... 14 2.5 Geração Z................................................................................................................... 15 Módulo 2: A Importância dos Princípios de Gestão para o Planejamento Estratégico Público Eficiente ............................................................................... 17 Unidade 1: Sistema de Gestão da Qualidade ...................................................... 18 1.1 O que é Sistema de Gestão da Qualidade? ........................................................... 18 1.2 Ciclo PDCA e as Normas ISO ................................................................................... 20 1.3 Contexto da Organização ........................................................................................ 21 1.4 Entendendo as necessidades das partes Interessadas ....................................... 22 Unidade 2: Plano de Governo Estratégico ........................................................... 23 2.1 Contextualização da Visão do Executivo .............................................................. 23 2.2 Elaboração dos Objetivos Estratégicos .................................................................. 24 2.3 Preparação dos Planos de Ação pelos Grupos Técnicos ..................................... 25 2.4 Engajamento dos Candidatos a Vereador ............................................................. 25 2.5 Validação do Plano por meio de Consulta Popular .............................................. 28 Módulo 3: Metodologias de Inovação .................................................................. 29 Unidade 1: Design for Six Sigma ........................................................................... 30 1.1 O que é o DFSS? ........................................................................................................ 30 1.2 Ciclo IDDOV ............................................................................................................... 32 1Módulo As Revoluções Industriais, a Era Digital e as Características Socioemocionais da Força de Trabalho da Era Digital Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 5 1 Unidade Evoluções Industriais1 Ao final desta unidade, você será capaz de compreender a relação entre as Revoluções Industriais e a evolução do Mercado Produtivo. 1.1 1ª Revolução Industrial A 1ª Revolução Industrial compreendeu o período de 1760 a meados de 1850 surgindo na Inglaterra quando as primeiras atividades fabris, ainda a vapor, começaram a ser introduzidas na indústria de tecidos e locomoção. As atividades produtivas repetitivas deixaram de ser artesanais, ou seja, realizadas pelas pessoas e passaram a ser realizadas em larga escala pelas máquinas. Pouco a pouco, na medida em que o mundo passava do Sistema Feudal de Produção para o Sistema Produtivo em larga escala nas fábricas, ganhando produtividade e volume, outros países foram aderindo a este novo modo de vida e assim foi nascendo o modelo econômico capitalista que vivemos atualmente. A principal característica dessa fase é a mudança do processo produtivo. Anteriormente, o trabalho era feito por artesãos, mulheres, homens e crianças, que o desenvolviam em suas casas ou em oficinas. Com a Revolução Industrial, esse trabalho passou a ser desenvolvido em fábricas com a utilização de máquinas. Antes, a execução de trabalho que era feita manualmente demandava muito tempo, visto que os trabalhadores precisavam realizar todas as etapas do sistema produtivo. https://brasilescola.uol.com.br/geografia/primeira-revolucao-industrial.htm Objetivo de Aprendizagem https://brasilescola.uol.com.br/geografia/primeira-revolucao-industrial.htm 6Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 1.2 2ª Revolução Industrial O processo produtivo passou a implementar o modelo de divisão de tarefas, ou seja, cada pessoa era responsável por uma tarefa específica na linha de produção. Antes desse modelo, os artesãos eram responsáveis pela produção dos bens de consumo desde a compra da matéria-prima até a entrega do produto. No cenário de alto volume produtivo os lucros foram-se tornando cada vez maiores e o mercado começou a sua evolução tecnológica, tanto nos processos produtivos com a substituição da energia a vapor pela combustão, como pelo surgimento de novas Indústrias de bens de consumo como a automotiva, chegando-se no período da 2ª Revolução Industrial entre 1850 e 1945. Neste novo cenário foi possível ampliar as redes ferroviárias em toda a Europa fazendo com que os produtos produzidos em um país do Leste chegassem facilmente a outro do Oeste e vice-versa, plantando-se a semente do que mais tarde conheceríamos como fenômeno da Globalização. Com um mercado em expansão e com o surgimento de diversas indústrias no mesmo segmento, a eficiência (fazer mais com menos) e consequentemente os preços, passaram a ser fatores diferenciadores do sucesso ou fracasso nesse novo ambiente. Assim, novas técnicas que focavam na otimização dos processos como o Taylorismo e o Fordismo surgiram. O fordismo surgiu com o objetivo de sistematizar a produção em massa. Criado em janeiro de 1914, pelo norte-americano Henry Ford, o sistema foi um marco no mercado automobilístico da época, pois reduziu o tempo de produção e o custo dos veículos. Com mais pessoas tendo a possibilidade de comprar um automóvel, consequentemente houve um crescimento em diversos outros setores, como na construção de novas estradas de acesso, dando oportunidade para a abertura de outros polos comerciais. Até aquele momento os carros eram construídos artesanalmente, mas, para que sua teoria desse certo, Ford precisou realizar investimentos em máquinas e instalações para facilitar a produção. Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 7 Uma das características do fordismo era o formato em que o veículo era produzido. Cada profissional era responsável por uma área específicada montagem, feita em uma esteira rolante. Com isso, não era necessário haver uma qualificação específica para atuar na produção, bastava dominar o serviço. https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/historia/fordismo 1.3 3ª Revolução Industrial Após a Segunda Guerra Mundial (1939 a 1945) ingressamos na fase conhecida como Revolução Tecnológica, Científica e Informacional ou 3ª Revolução Industrial. A necessidade de responder rapidamente em um contexto de conflito bélico fez com que os países evoluíssem rapidamente suas tecnologias e “formas de fazer”, pois alguns minutos para liberar a produção de um avião de caça, por exemplo, poderiam ser a diferença entre a possibilidade de se defender de uma invasão aérea ou permitir o bombardeio de seu país gerando milhares de mortes. Os avanços exponenciais da tecnologia promoveram o desenvolvimento em todas as áreas e as indústrias que embarcaram previamente nesta jornada começaram a se sobressair em relação às outras. Por exemplo: A utilização dos robôs na cadeia produtiva foi uma evolução natural da automação das linhas de produção. Agora não apenas as atividades repetitivas eram realizadas por máquinas, mas uma certa inteligência era incorporada, fazendo com que os produtos ganhassem maior qualidade e agilidade em sua produção. A Revolução Técnico-Científica e Informacional também é caracterizada por uma profunda alteração nos modos de produção adotados pelas grandes corporações no mundo. Antes, o modelo Taylorista/ Fordista era predominante, caracterizado pela produção em massa das mercadorias. Atualmente, o que está em voga é o modelo Toyotista, em que a produção é flexibilizada de acordo com a demanda, o que exige uma melhor tecnologia e, obviamente, uma menor quantidade de trabalhadores que devem ser cada vez mais capacitados para operar sistemas de produção cada vez mais complexos e sofisticados. Outro aspecto importante é a descentralização https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/historia/fordismo 8Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública industrial. Isso acontece porque as inovações nas técnicas de comunicação e transporte (como a internet e o avião a jato) permitem que as indústrias migrem para qualquer região que lhes seja vantajosa, onde encontram matérias-primas abundantes, mão de obra mais barata, leis ambientais menos eficientes e um maior e mais amplo mercado consumidor. Isso caracteriza a base para a expansão das multinacionais, embora o surgimento dessas tenha ocorrido antes da Terceira Revolução Industrial. https://www.preparaenem.com/geografia/terceira-revolucao-industrial.htm 1.4 4ª Revolução Industrial O termo indústria 4.0 nasceu em 2011 na feira Industrial de Hannover, na Alemanha, com a então Chanceler Angela Merkel que pretendia modernizar ainda mais o parque fabril alemão já muito avançado, em relação aos demais países do mundo, criando fábricas inteligentes capazes de prevenir falhas produtivas automaticamente, sem a intervenção humana, adaptando-se a mudanças de requisitos da linha de produção de forma flexível. Os dados gerados durante o processo produtivo passam a ser analisados de forma ampla, gerando informações para tomadas de decisão que nesse modelo são realizadas pelas máquinas e sua inteligência artificial. Indústria 4.0 é um conceito de indústria proposto recentemente e que engloba as principais inovações tecnológicas dos campos de automação, controle e tecnologia da informação, aplicadas aos processos de manufatura. A partir de Sistemas Cyber- Físicos, Internet das Coisas e Internet dos Serviços, os processos de produção tendem a se tornar cada vez mais eficientes, autônomos e customizáveis. Inteligência artificial, robótica, nuvem e internet das coisas. Termos que há alguns anos não eram nada conhecidos, hoje já fazem parte do cotidiano de todos nós. São tecnologias que fazem parte de um conceito bem familiar no setor industrial: a Indústria 4.0. Batizado também de 4ª Revolução Industrial, esse fenômeno está mudando, em grande escala, a automação e troca de dados, bem como as etapas de produção e os modelos de negócios, por meio do uso de máquinas e computadores. Inovação, eficiência https://www.preparaenem.com/geografia/terceira-revolucao-industrial.htm Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 9 e customização são as palavras-chave para definir o conceito de Indústria 4.0. http://www.portaldaindustria.com.br/industria-de-a-z/industria-4-0/ Este novo contexto, com fábricas inteligentes e autônomas, vem causando impactos em diversos setores do mercado e aumentando o nível de especialização e preparo das pessoas inseridas no mercado produtivo. Também nesta nova realidade, os serviços de primeiro nível como atendimento ao cliente já vêm sendo realizados por Bots (Abreviatura de Robots - Robôs), como por exemplo: Agendamento de exames, Geração de Pedidos ou Solicitações de Serviço etc. estão ampliando muitas vezes para 24h/dia o tempo de atendimento e reduzindo drasticamente o custo de pessoal nas empresas. Exemplo de uma solução automatizada do pedido ao preparo e entrega do produto: https://www.youtube.com/watch?v=KbfYgYYqUNE (legendas disponíveis no botão “legendas/legendas ocultas (c)” na barra abaixo do vídeo). 1.5 Mundo VUCA (Volatility; Uncertainty; Complexity; Ambiguity) VUCA é um acrônimo das palavras inglesas Volatility, Uncertainty, Complexity e Ambiguity e foi empregado pelo U.S Army War College na década de 1990 para explicar o mundo no cenário pós-Guerra Fria e vem sendo utilizado desde então por empresas, organizações, governos e instituições de ensino para descrever de maneira geral diferentes cenários desafiadores e complexos. Nada mais propício para o mundo que vem se formando e mudando de forma rápida, e muitas vezes desordenada, alterando de um dia para o outro as formas de relação pessoal, profissional e institucional. Mundo Volátil (Volality) O alto volume de mudanças em tão pouco tempo vem tornando desafiador para as organizações acompanharem o mercado e as necessidades em constante evolução das pessoas. Somos cobrados por estarmos on-line o tempo inteiro, se recebemos uma mensagem temos que respondê-la em segundos, e o equilíbrio pessoal e profissional vem sendo diariamente posto à prova. Vídeo https://www.portaldaindustria.com.br/industria-de-a-z/industria-4-0/ https://www.youtube.com/watch?v=KbfYgYYqUNE&ab_channel=FernandoKimura 10Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Mundo Incerto (Uncertainty) O que é demanda hoje pode não ser amanhã. O que fazemos de um modo hoje pode ser alterado amanhã. Recentemente (informação de outubro 2021) o metrô do Estado de São Paulo informou que até Dezembro do mesmo ano não haveria mais guichês para compra de bilhetes, tudo seria eletrônico, por App ou Caixas Automáticos. (ref. https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2021/10/04/sp- vai-fechar-todas-as-bilheterias-do-metro-e-da-cptm-ate-final-de-2021.ghtml). O grande desafio neste cenário, para todos nós, é manter a resiliência e capacidade de recuperação diante das adversidades. As pessoas devem ter uma mentalidade flexível. Mundo Complexo (Complexity) A conectividade e a interdependência das informações dificultam nossa capacidade de agir pois os resultados e decisões de negócios devem levar em consideração inúmeras variáveis. Uma postura inadequada de um Gestor Municipal no interior de um Estado, por exemplo, pode gerar uma comoção nacional em todo o País. Nesse cenário, as pessoas devem desenvolver as suas habilidades de colaboração, compaixão e empatia. Um excelente método de realizar essa preparação e amadurecimento é a Teoria U de Otto Schermer. Ver vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=mDAGaa6mHcg. Mundo Ambíguo (Ambiguity) Face às relações e interconexões do mundo atual, falta-nos clareza e concretude dificultando nossa capacidade de encontrar a relação de causa e efeito de um determinado acontecimento. Uma interpretação dúbia dosfatos prejudica a capacidade de encontrar uma solução para determinados fenômenos. Todos informam ter razão, todos têm seus pontos de vista, todos possuem seus argumentos. O que é certo e errado nos dias de hoje? 1.6 Mundo BANI (Brittle, Anxious, Nonlinear, Incomprehensible) O Mundo BANI (Brittle, Anxious, Nonlinear, Incomprehensible) foi criado pelo antropólogo Jamais Cascio e é considerado a evolução natural do mundo VUCA, pois reflete a realidade das sociedades após o início da pandemia. Vamos conhecer agora as características dessa nova realidade que o mundo conectado nos mostrou quando enfrentamos uma situação crítica como a pandemia do Coronavírus: Vídeo https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2021/10/04/sp-vai-fechar-todas-as-bilheterias-do-metro-e-da-cptm-ate-final-de-2021.ghtml https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2021/10/04/sp-vai-fechar-todas-as-bilheterias-do-metro-e-da-cptm-ate-final-de-2021.ghtml https://www.youtube.com/watch?v=mDAGaa6mHcg Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 11 Mundo Frágil (Brittle) A pandemia do Coronavírus demonstrou que a interconectividade, por um lado, traz inúmeras vantagens e benefícios, mas por outro nos torna vulneráveis e frágeis. O que ocorre com alguém em algum lugar do mundo rapidamente se alastra para todos em uma velocidade assustadora. Somos um ecossistema integrado e nossas individualizações e egoísmos não nos defendem ou isolam da realidade. Mundo Ansioso (Anxious) A consciência de quanto estamos frágeis e vulneráveis nos gerou ansiedade, uma das doenças mais comuns no mundo e que impacta pessoas e companhias. O que poderá nos acontecer e o fato de que não conseguiremos controlar os acontecimentos do mundo, tornam-nos ansiosos e isso acaba por refletir em um senso de urgência cada vez maior, gerando também stress. Não nos damos nem o tempo certo para ouvir uma mensagem no WhatsApp, por exemplo, acelerando os áudios quando recebemos. Mundo Não Linear (Nonlinear) Face ao alto nível de conectividade em que o mundo se encontra, já não temos uma situação ideal de causa e efeito linear. Em um mundo BANI podem haver atrasos na relação de causa e efeito, o que pode afetar diretamente a execução de planejamentos muito detalhados e de longo prazo. Vejamos o exemplo da Pandemia do Covid-19. Em novembro de 2019 começamos a ter os primeiros casos na China e, mesmo sendo um vírus de alta transmissibilidade, nossos governos demoraram muito para reagir, inclusive permitindo viagens internacionais neste período e mantendo o carnaval em 2020. O resultado de todo esse contexto foi o alto nível de contaminação e resultados catastróficos para inúmeras famílias que perderam seus entes queridos. “Estamos no meio de uma crise de não linearidade com a Covid-19. A escala e o escopo desta pandemia vão muito além da experiência cotidiana; a velocidade com que a infecção se espalhou nos primeiros meses foi impressionante. Embora alguns locais tenham obtido sucesso na redução da taxa de infecção, o aumento de casos em todo o mundo ainda tende para o exponencial. O conceito de 'achatar a curva' é inerentemente uma guerra contra a não-linearidade.” (https://cortex-intelligence. com/blog/inteligencia-de-mercado/o-que-e-mundo-bani/) Mundo Incompreensível (Incomprehensible) A facilidade de comunicação e interação face às conexões ilimitadas do mundo virtual também são meios de propagação de dados parciais, tendenciosos ou até falsos. Durante a pandemia quantas vezes não nos deparamos com informações diferentes sobre o número de internados, por exemplo? https://cortex-intelligence.com/blog/inteligencia-de-mercado/o-que-e-mundo-bani/ https://cortex-intelligence.com/blog/inteligencia-de-mercado/o-que-e-mundo-bani/ 12Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública “Diante de uma realidade com tantas mudanças e acontecimentos, é fácil perder a conexão com a realidade e ter dificuldade em compreender o mundo em que estamos vivendo. O avanço tecnológico também fez a sua contribuição em diversas áreas e a sensação que temos hoje é que já não é mais possível entender a forma como as coisas funcionam.” (https://www.ieepeducacao.com.br/mundo-bani/) Ponto de Reflexão: Você acredita que o Gestor Público de seu município se “importa” com o mundo em transformação em que vivemos (VUCA/BANI)? Direciona suas políticas públicas levando em consideração o ambiente digital em que vivemos? Apoia o desenvolvimento dos Servidores para estarem preparados para essa nova realidade? É transparente nos dados? https://www.ieepeducacao.com.br/mundo-bani/ Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 13 Características da Força de Trabalho na Era Digital2 Unidade Ao final desta unidade, você será capaz de conhecer as características socioemocionais da força de trabalho na Era Digital. 2.1 Contextualização As gerações podem ser consideradas grupos de pessoas que nasceram na mesma época e que possuem em geral as mesmas características de costume, de cultura e de valores, influenciadas pelo contexto social em que cresceram. É muito importante conhecer as características das gerações pois cada uma delas possui um modelo mental diferenciado e, portanto, “processam” as informações diferentemente e possuem motivações diferentes. Para compreender melhor este assunto, veja esta sequência de vídeos: https://www.youtube.com/watch?v=I65De0L971w (legendas disponíveis no botão “legendas/legendas ocultas (c)” na barra abaixo do vídeo). 2.2 Baby Boomers Após a Segunda Guerra Mundial, os soldados voltaram para suas casas e houve uma “explosão de nascimentos”. A estas pessoas que nasceram entre 1945 e 1964 dá-se o nome de Baby Boomers. Os Baby Boomers procuram estabilidade econômica e uma carreira que os realize. Preferem qualidade à quantidade e permanecem normalmente muito tempo em uma mesma empresa. Seu modelo mental foca na construção da família, na compra de uma casa, um carro e em um tempo para lazer. Dão preferência à segurança e previsibilidade e têm respeito para com os mais velhos, valorizando a experiência. Objetivo de Aprendizagem Vídeo https://www.youtube.com/watch?v=I65De0L971w 14Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 2.3 Geração X A geração X são os nascidos entre 1965 e 1984 e cresceram durante o período da Guerra Fria, em um mundo contextualizado pela polarização entre o capitalismo e o socialismo. Aprenderam com seus pais a respeitar hierarquia, a buscar uma ascensão segura em seus empregos e ter estabilidade. Durante o seu trabalho procuram entender os processos de negócio como um todo e ter visão completa da empresa. As pessoas da Geração X viram a tecnologia surgir e entrar em suas casas e empregos como, por exemplo, no caso do surgimento da Internet no Brasil no começo dos anos 2000. Essas pessoas são apegadas a cargos e títulos como sendo o mérito de seus esforços. Apesar de estarem sempre em busca do conhecimento e de terem como máxima o aprendizado a partir dos erros como melhor forma de chegar ao sucesso, face ao interesse pela estabilidade, muitos ingressaram nos Serviços Públicos ou estão na mesma empresa por décadas. Atualmente, grande parte dessa geração exerce cargos de liderança e a maioria dos servidores públicos nos municípios brasileiros são deste grupo. 2.4 Geração Y A primeira geração considerada 100% digital são os nascidos entre 1985 e 1999, também conhecidos como Geração Y ou Millenials. Por se tratar da primeira geração que nasceu e cresceu em um mercado globalizado e com soluções tecnológicas disponíveis desde sua infância, as pessoas desta geração gostam de executar muitas tarefas ao mesmo tempo e de serem desafiadas sempre. Se estiverem em um ambiente de poucos desafios e possibilidades de criar, com certeza não hesitarão em trocar de emprego. Outra característica muito marcante dos Millenials é a necessidade de serem reconhecidos e se sentirem cuidados, pois valorizam adquirir conhecimentos e experiênciasem diferentes áreas da empresa ou em múltiplas empresas distintas, quebrando a visão de estabilidade de emprego e continuidade das gerações anteriores. Quanto ao uso da tecnologia, a Geração Y valoriza a possibilidade de compartilhar experiências, comparar informações, criar e implementar conteúdos, aspecto muito diferente do que hoje encontramos na Gestão Pública, com ambientes Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 15 hierarquizados, burocráticos e cheios de controle, onde “inovar é subverter”. Porém há um aspecto importante a ser valorizado nesta geração, que são as preocupações latentes na defesa dos menos favorecidos. São ativistas sociais que se engajam rapidamente em um mesmo propósito. Por possuírem um espírito empreendedor fora do comum, tendem a fugir dos empregos chamados tradicionais e querem a liberdade de escolha. Segundo apresentação realizada no Congresso de 2019 do SHRM (Society of Human Resources Management) em Las Vegas, cerca de 50% da Força de Trabalho atualmente no mundo é desta geração. Como os líderes dos Millenials os veem?Como os Millenials se veem? • “Despendemos um tempo significativo desenvolvendo-os e quando estão prontos, eles nos deixam”; • “Há sempre uma desculpa para chegar atrasado”; • “Desejam ser promovidos constantemente, sem sustentação” • “Falta de valorização da estrutura e respeito aos mais velhos”. • “Não gostamos de realizar as mesmas tarefas sempre”; • “Devemos ter o direito à voz onde trabalhamos”; • “Nós queremos controlar o que fazemos e entregamos”; • “Desejamos apenas direção, a execução é nossa responsabilidade”. Ponto de Reflexão: Considerando as características dos Millenials, você acredita que hoje o setor público é atrativo para eles? 2.5 Geração Z Por fim chegamos aos Centennials, a Geração Z, dos nascidos em 2000 em diante. Já vieram ao mundo com o dedo “indicador em riste” para tocar os smartphones e tablets em busca de informação. A rapidez com que realizam Multitarefas é surpreendente. São muito independentes e extremamente imediatistas. Acreditam que o mundo lhes dará respostas tão rápidas quanto o deslizar do dedo no celular. Ficar em um mesmo local de trabalho ou em uma mesma função é algo totalmente contrário ao que almejam, nesse sentido o desafio para as carreiras públicas é enorme. Como reestruturar os cargos públicos e as estruturas administrativas para 16Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública viabilizar job-rotations, para criar políticas de reconhecimento que estejam vinculadas a entregas e não mais a tempo de casa, prover planos de desenvolvimento individual e capacitação continuada aderente às novas tecnologias e soluções disponíveis, modernizar a forma de gerir as atividades públicas. Características da Geração Z • Realistas e práticos ao extremo; • Buscam constantemente satisfazer suas necessidades financeiras; • São materialistas; • Não gostam de ter rótulos; vivem quebrando estereótipos e não ligam para definições de gênero, idade ou classe; • Durante a elaboração e construção de um projeto, sabem dialogar, entender e agem colaborativamente, sendo avessos à polarização e compreendedores das diferenças. Essa última característica é muito importante para o mundo político e público pois a democracia só sobrevive e evolui com o diálogo. O desafio é tornar o ambiente de trabalho público moderno, engajador, conectado e ágil, para que possa atrair os jovens desta geração e propiciar a constante evolução para dar continuidade aos serviços públicos. Ponto de Reflexão: Considerando as características dos Centenials, você acredita que o setor público conseguirá se modernizar de forma ágil o suficiente para não carecer de falta de mão de obra daqui a 10 anos? A Importância dos Princípios de Gestão para o Planejamento Estratégico Público Eficiente 2Módulo 18Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Sistema de Gestão da Qualidade1 Unidade Ao final desta unidade, você será capaz de conhecer os Princípios do Sistema de Gestão da Qualidade ISO e sua importância para o Planejamento Estratégico Eficiente do Setor Público. 1.1 O que é Sistema de Gestão da Qualidade? A ISO (International Organization for Standardization) desenvolveu ao longo dos anos, uma série de normas para padronização de atividades, processos e resultados. Ao longo de sua história, foram publicados mais de 23 mil padrões, nas mais diversas áreas: • Serviços;Ciências Naturais;Meio Ambiente; • Mensurações e Metrologia; • Testes; • Engenharia de Manufatura; • Engenharia Elétrica; • Telecomunicações; • Tecnologia da Informação; • Desenvolvimento de Veículos; • Desenvolvimento de Aero e Espaçonaves; • Indústria Química; • Indústria Alimentícia; • Mineração; • Etc. ... Conceito de Norma Norma é uma fórmula que descreve a melhor maneira de se realizar algo (Fonte: iso.org) Os padrões documentados pela ISO refletem a consolidação de conhecimentos adquiridos e utilizados por diversos especialistas em cada um dos setores de atuação Objetivo de Aprendizagem Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 19 e com base nestes padrões e em seu ordenamento lógico, temos o Gerenciamento da Qualidade (Família ISO 9000), que colabora com a produção das atividades de maneira mais eficiente, com aumento da eficácia e atendimento às necessidades dos clientes. Diferença entre Eficácia e Eficiência Eficácia: é a capacidade de produzir exatamente o que foi pretendido; Eficiência: é a capacidade de produzir o que foi pretendido, com menos recursos do que planejado para a sua execução. Entre as normas ISO desenvolvidas ao longo dos anos elencamos algumas mais conhecidas: 1. ISO 9000:2015 – Fundamentos e Vocabulários do Sistema de Gerenciamento da Qualidade; 2. ISO 9001:2015 – Sistema de Gerenciamento da Qualidade; 3. ISO 10015:2020 – Guia para Gerenciamento de Competências de Desenvolvimento Humano; 4. ISO 14001: 2015 – Sistema de Gestão do Meio Ambiente; 5. ISO 45001: 2015 – Sistema de Gestão da Saúde e Segurança do Trabalho; 6. ISO 27001: 2005 – Sistema de Gestão da Segurança da Informação. A Importância da adoção de um Sistema de Gestão para o Setor Público A adoção de um sistema de gestão, baseado nos princípios da ISO 9001:2015, promoverá a criação de uma base sólida para a gestão pública melhorar seu desempenho e criar iniciativas de desenvolvimento sustentável. A consequência de sua utilização será a criação de condições que possibilitarão prover serviços de qualidade à população consistentemente, atendendo suas necessidades e criando um ambiente propício para aumentar sua satisfação como cliente. É importante para o Gestor Público realmente enxergar o cidadão como seu cliente pois todas as ações de governo devem ser estabelecidas colocando-o no centro de suas decisões. Além disso, o Executivo de qualquer pasta poderá realizar análise de riscos, identificando os fatores que podem levar a desvios no processo de trabalho e, com isso, prejudicar o nível de qualidade dos serviços entregues aos munícipes. 20Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 1.2 Ciclo PDCA e as Normas ISO A última versão da ISO (2015) incorporou a Mentalidade de Risco, ou seja, possuir visão de risco face ao mundo extremamente VUCA e BANI em que vivemos. A mentalidade de risco é essencial para se conseguir um sistema de gestão da qualidade eficaz. Nas versões anteriores este conceito estava implícito nas normas como, por exemplo, nas ações preventivas para eliminar não conformidades. Na versão 2015 deixa-se claro esta necessidade. Mas o que é Risco? Risco é o efeito da incerteza e qualquer incerteza pode ter um efeito positivo ou negativo. Um desvio positivo proveniente de um risco pode oferecer uma oportunidade, mas nem todos os riscos resultam em oportunidades. As normas de 4 a 10 da ISO 9001 2015 e suas relações podem ser ilustradas conforme: Imagem 1 – Ciclo PDCA e as Normas da ISO9001 Fonte: Elaboraçãoprópria. Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 21 Ao aplicar o conceito do PDCA (Plan - Do - Check - Act) ou Planejar - Fazer - Verificar e Agir em todos os processos do Serviço Público Municipal, os gestores poderão melhorar continuamente os serviços prestados, sempre entregando e monitorando o nível de satisfação dos clientes (munícipes). Para que isso seja viável, é condição sine qua non o Gestor Público ter a visão por processos, para permitir: 1. Identificar, controlar e melhorar as inter-relações e interdependências que afetam diretamente nos resultados pretendidos; 2. Eliminar os “feudos” com visão departamental; 3. Priorização dos Processos com maior valor agregado ao negócio; 4. Medição da eficácia; 5. PDCA: Melhoria da eficiência. Imagem 2 – Abordagem por Processo Fonte: Elaboração própria 1.3 Contexto da Organização A primeira etapa para se criar um Planejamento Estratégico eficiente é identificar quais questões internas e externas influenciam sua administração. Na gestão pública municipal seria: Questões Externas: • Cenário Econômico; • Arrecadação de Tributos; • Repasses Federais e Estaduais; • Cargos de Partido; • PPP’s (Parcerias Público-Privadas). Questões Internas: • Motivação dos Servidores; • Capacitação dos Servidores e Comissionados; • Apoio Câmara Legislativa. 22Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública A organização deve monitorar e analisar criticamente as informações sobre questões externas e internas e tomar ações para maximizar as oportunidades de melhoria da sua eficácia e eficiência. 1.4 Entendendo as necessidades das partes Interessadas Após o entendimento do contexto em que a administração pública do município está inserida, é importante realizar o mapeamento e entendimento das expectativas das partes interessadas. Para a Gestão Pública Municipal podemos elencar 3 partes principais: 1. Munícipe: Maior interessado e cliente dos serviços públicos municipais. Deveria ser o único ou pelo menos o mais importante na tomada de decisão nas prefeituras. Porém a realidade da grande maioria dos municípios brasileiros é outra. O cidadão está bem longe das prioridades do Poder Público, visto algumas características que são convergentes pelo Brasil quando analisamos a composição da Gestão Pública Municipal: • Quantidade de terceirizados acima das necessidades para se obter eficácia organizacional; • Secretarias compostas por pessoas na maioria sem background técnico na área; • Dezenas de cargos comissionados sem acompanhamento de resultado; • Acomodações políticas “incham” a máquina pública, fazendo com que novas taxas sejam criadas para a geração de receitas adicionais; • Servidores Públicos sem Plano de Desenvolvimento Individual e sem perspectiva de carreira, consequentemente há um reflexo negativo no nível de serviço prestado ao cidadão. 2. Partidos Políticos: Uma das particularidades na adoção do Sistema de Gestão no Setor Público é levar em consideração os interesses dos partidos políticos. Cada partido possui um DNA e valores específicos, que nortearão suas decisões e prioridades. O papel do Gestor Público Municipal é convergir estes interesses, primando sempre por proteger o Cidadão como o centro de suas decisões, porém, como dito anteriormente, a realidade é bem diferente em nosso país. O foco muitas vezes não é servir bem para servir sempre, é servir sempre de acordo com o bem dos partidos. Referências ABNT NBR ISO 9001:2015. Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 23 Módulo Plano de Governo Estratégico2 Unidade Ao final desta unidade, você será capaz de conhecer as etapas para a montagem de um Plano de Governo eficiente e que leve em consideração o contexto da Era Digital em que vivemos. 2.1 Contextualização da Visão do Executivo Se o candidato a prefeito(a) deseja colocar o munícipe de sua cidade no centro das decisões de seu governo, é importante que apoie a preparação do seu Plano de Governo já embasado nestes princípios. Conforme estabelecido pela norma ISO 9001/2015, a Alta Direção deve demonstrar comprometimento com relação ao Sistema de Gestão da Qualidade. Para o Setor Público, a Alta Direção é o Chefe do Executivo, o qual deveria seguir algumas premissas, como elencadas abaixo, para a base da construção do seu Plano de Governo; • Comprometer-se a prestar contas detalhadas e de fácil compreensão no Portal da Transparência de sua cidade; • Assegurar que os objetivos de cada uma das áreas (Secretarias) estejam compatíveis com o contexto, direção estratégica e visão que tem para a cidade; • Assegurar os recursos necessários para que os trabalhos sejam realizados; • Comunicar a Importância de uma gestão eficaz e estar conforme com os requisitos do Sistema de Gestão da Qualidade; • Assegurar que todas as funções públicas tenham seus papéis e responsabilidades claros, de modo a suportar uma gestão eficiente: Ex.: Cargo de Administrador de Redes da cidade de São Caetano do Sul - SP: Objetivo de Aprendizagem 24Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública AtribuiçõesLeiCargo/emprego Atuar em toda a rotina de administração de redes; planejar, orientar e controlar a rede de dados da Prefeitura Municipal, assegurando procedimentos para uso e senhas, solução de problemas e dificuldades de cunho técnico, manutenção preventiva no sentido da prevenção de paradas, manutenção corretiva, bem como garantir a segurança dos dados processados contra acessos indesejados, fraudes, bloqueios, invasões e demais riscos para a rede; executar outras atividades correlatas conforme determinação do seu superior imediato. Lei 5365/2015Administrador de Redes Além do comprometimento com uma gestão eficiente, o Gestor Público deve deixar claro em seu plano de governo qual a sua visão de cidade, onde deseja que sua cidade esteja após seu mandato de 4 anos. Exemplos: “Cidade X seja referência em educação inclusiva no país.” “Cidade X seja considerada o maior polo de inovação tecnológica no país.” 2.2 Elaboração dos Objetivos Estratégicos Com uma visão clara de cidade (onde deseja chegar em sua administração) e demonstrando comprometimento total com a transparência e a adoção dos princípios do sistema de gestão da qualidade na sua gestão, o(a) candidato(a) a Prefeito(a) deve “desdobrar” sua visão em objetivos estratégicos para que posteriormente crie- se grupos multifuncionais em cada um destes pilares para elaboração dos projetos do Plano de Governo. VISÃO: “Tenho como visão que nossa cidade seja considerada o maior polo de inovação tecnológica no país.” Candidato a Prefeito, Cidade X. OBJETIVOS ESTRATÉGICOS OBJETIVO 1: OFERECER SERVIÇOS PÚBLICOS DIGITAIS; OBJETIVO 2: CUIDAR DE SUA GENTE DE MANEIRA INTEGRADA; OBJETIVO 3: ATENDER AOS OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA ONU. https://odsbrasil.gov.br/ https://odsbrasil.gov.br/ Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 25 2.3 Preparação dos Planos de Ação pelos Grupos Técnicos Após estabelecer sua visão e decompô-la em objetivos estratégicos, o próximo passo é a geração de ideias paras os projetos do plano de governo. Uma maneira lógica e eficiente para conseguir com que os projetos estejam em linha com os objetivos e com a visão de cidade é nomear um(a) coordenador(a) para cada Grupo Temático, que corresponde a cada uma das Secretarias Municipais, e este(a) criará um Grupo Técnico para discutir os problemas da cidade e propor ideias de projetos para resolvê-los. Como melhor prática, sugere-se que os Grupos Técnicos sejam compostos por cidadãos do município que não estejam ligados à Gestão Pública Municipal, mesmo se for para a atualização de um Plano de Governo para reeleição, e que mescle profissionais do setor com munícipes que utilizam na prática o serviço daquele Grupo. Com isso, irá se mesclar o requisito do cidadão com a expertise técnica para detalhar os requisitos de uma nova solução que solucione os problemas atuais. Se uma cidadepossui 16 secretarias, o(a) candidato(a) a prefeito(a) terá que ter minimamente 16 Grupos Temáticos, com a possibilidade de se adicionar mais quando se tem como premissa a criação de novas secretarias ou junção de duas ou mais áreas em uma nova. Como melhor prática recomenda-se que esses grupos sejam criados 12 meses antes das eleições municipais ou, em outras palavras, em outubro do ano anterior às eleições. Este trabalho pode demorar até 6 meses, de janeiro a junho do ano das eleições. É importante que o(a) candidato(a) a Prefeito(a) nomeie um Coordenador Geral da Construção do Plano de Governo, pois é ele que garantirá a conexão entre os projetos das diversas secretarias, bem como conduzirá as reuniões de Workshop com os pré-candidatos a vereador. 2.4 Engajamento dos Candidatos a Vereador Com os projetos do plano de governo escritos, como segundo passo da jornada de consolidação do Plano de Governo, deve-se engajar os pré-candidatos a vereador do município, pois quando se trata de projetos que demandam leis municipais, é através da Câmara Legislativa que essas ideias deverão ser aprovadas. Recomenda-se a realização de um Workshop de Plano de Governo com os pré- candidatos, 3 meses antes da eleição (Julho), setorizados por área (Saúde, Educação, Segurança etc.). 26Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Como boa prática e para não se tornar um evento muito longo e cansativo, é sugerível realizar 1 dia por tema, com uma reunião de no máximo 3 horas, seguindo-se as seguintes etapas: CONDUÇÃO DE WORKSHOP DE PLANO DE GOVERNO COM PRÉ-CANDIDATOS A VEREADOR 1. Dividir pessoas em grupos, com um flipchart, e dar 30 minutos para que cada um poste suas ideias no quadro: Imagem 3 - Exemplo de Workshop Foto: Michel Musulin Soeltl 2. A seguir, o Coordenador do Plano de Governo pede que cada participante explique sua ideia, em poucos segundos, e em cada Flipchart vá se agrupando por temas: Imagem 4 – Agrupamento de ideias por tema Foto: Michel Musulin Soeltl Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 27 3. Com o agrupamento das ideais por temas, o Coordenador do Plano de Governo reagrupa os participantes, por tema, e então estes novos grupos irão procurar descrever os projetos oriundos das ideias iniciais. Para esta fase, normalmente reserva-se 1 hora. Imagem 5 – Reagrupamento de participantes por tema Foto: Michel Musulin Soeltl 4. Por fim, cada grupo deve apresentar os projetos descritos, em até 3 minutos, para todos os atendentes da reunião e o Coordenador do Plano de Governo registrará todas as informações para posterior conferência junto aos projetos preparados pelas Equipes Técnicas, robustecendo e revisando o Plano de Governo escrito. Imagem 6 – Apresentação de projeto Foto: Michel Musulin Soeltl 28Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 2.5 Validação do Plano por meio de Consulta Popular A terceira e última etapa da Construção de um Plano de Governo que leve em consideração o conceito do Sistema de Gestão da Qualidade consiste em ouvir as partes interessadas, ou seja, é a consulta popular. Como estamos na idade da Era Digital, recomenda-se que se faça uma pesquisa on-line, por meio de site, no momento apropriado, consultando a população sobre suas reais necessidades em cada uma das áreas. Para que o processo de consolidação seja facilitado, deve-se procurar realizar uma pesquisa normatizando os bairros e as áreas, ou seja, com campos pré-definidos. Imagem 7 – Exemplo de formulário de pesquisa Fonte: Elaboração própria Referências ABNT NBR ISO 9001:2015. Metodologias de Inovação 3Módulo 30Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 1Design for Six Sigma Unidade Ao final desta unidade, você será capaz de conhecer os princípios gerais da Metodologia DFSS (Design for Six Sigma) 1.1 O que é o DFSS? DFSS é o acrônimo de Design for Six Sigma. É uma metodologia de desenvolvimento de produtos, processos ou serviços que tem por objetivo maximizar a qualidade e eficiência das entregas. A ideia principal por trás desta metodologia é entender os motivos que influenciam a eficiência dos produtos, processos e serviços e atacar as fontes de variação em suas origens. Fontes de variação: Tudo o que afeta o resultado esperado de forma “não controlável”. Exemplo: Os munícipes esperam que o tempo de espera para serem atendidos em uma UBS seja o menor possível. Os processos de atendimento devem ser ágeis e inteligentes o suficiente para manter o mesmo nível de serviço (tempo de atendimento baixo) mesmo em situações em que há acúmulo de pessoas para serem atendidas. Assim, neste exemplo, a fonte de variação é a quantidade de pacientes no mesmo dia de atendimento. A aplicação da Metodologia DFSS é realizada sempre no conceito de projetos e requer, como condição principal de sucesso, além da participação de todas as áreas que interagem em seu desenvolvimento, o comprometimento da Alta Direção, seja no setor público como privado. Nenhuma ação ou projeto consegue atingir sua implementação total sem o apoio dos tomadores de decisão principais. No caso da Gestão Pública Municipal estamos falando dos Prefeitos. Cada projeto tem um ou mais resultados esperados. Exemplos de Aplicação do DFSS: Produtos: Aumentar em 15% a durabilidade de um pneu reduzindo 5% do seu custo; Processos: Reduzir em 10% o tempo de atendimento nas UBSs; Objetivo de Aprendizagem Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 31 Serviços: Melhorar 20% o nível de satisfação do cliente no atendimento a chamados de suporte. Heading 1. Menor tempo de execução de um desenvolvimento; 2. Produtos/Processos alinhados com as necessidades dos clientes; 3. Diminuição dos custos de retrabalho; 4. Melhoria da confiabilidade/durabilidade; 5. Ganho de Eficiência; 6. Aumento da rentabilidade; 7. Aumento do nível de Satisfação do Cliente. Aqui apresentaremos como utilizar o DFSS na elaboração de processos eficientes para a Gestão Pública Municipal. Com processos eficientes, as prefeituras municipais conseguirão entregar ao cidadão serviços de qualidade de modo otimizado, sem aumento de estrutura, e consequentemente sem onerar ainda mais os cofres públicos. ESTRATÉGIA DE IMPLEMENTAÇÃO DO DFSS NA GESTÃO PÚBLICA Para que um projeto de DFSS atinja o resultado esperado e tenha relevância, é preciso que se leve em consideração 4 fundamentos: 1. Compromisso do Executivo (Prefeitos e Secretários Municipais) O primeiro passo é obter o engajamento pessoal dos Prefeitos e/ou Secretários Municipais. Ao verificar, por exemplo, que há um problema de demora excessiva no agendamento de exames de saúde nas UBSs de sua cidade, o Secretário de Saúde pode solicitar a criação de um Projeto de DFSS para otimizar os processos de Atendimento e Agendamento de exames, tornando-os mais eficientes para o munícipe. 2. Treinamento dos Membros da Equipe Há diversos papéis e funções em um projeto de DFSS e é necessário que cada um dos membros tenha a capacitação adequada para atuar da forma pertinente e que assim o sucesso do projeto possa ser alcançado. Para tanto, é importante que o Departamento de Recursos Humanos dos municípios tenha um Plano de Treinamento e Desenvolvimento, que leve em consideração os “gaps” (lacunas) de conhecimento dos servidores públicos, endereçando-os assim através de treinamentos específicos. 3. Integração com o Plano de Governo Os projetos de DFSS devem estar integrados e atrelados à visão Estratégica do Plano de Governo. Por exemplo, se um dos pilares do Prefeito Municipal é a melhoria da Segurança Pública, consequentemente os Processos atrelados à Secretaria de Segurança são os mais adequados para serem priorizados. 32Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 4. Comunicação Em qualquer mudança que se deseje fazer, a comunicação é fundamental. COMPOSIÇÃO DA EQUIPE DE UM PROJETO DFSS O time de projeto é composto por 5 funções: a. Champion: provisiona os recursos para a conduçãodo projeto; b. Sponsor: conduz as etapas de aprovação do projeto; aprova o escopo e cronograma; monitora a implementação; orienta a solução de conflitos; c. Líder de Projeto: cria e monitora o plano de projeto; lidera as reuniões de time e consolida as informações para a revisão junto ao sponsor; mantém o time motivado; d. Coach: dá o suporte metodológico ao desenvolvimento do DFSS e análise de dados; e. Membros do Time: detêm o conhecimento técnico e executam o projeto. Pensando nesta composição de Equipe no Setor Público Municipal poderíamos fazer a seguinte correlação: Champion: Prefeito Municipal, responsável por garantir que os recursos financeiros para a execução deste projeto seja provisionados na LOA (Lei de Orçamento Anual); Sponsor: Secretário Municipal, responsável por acompanhar o desenvolvimento aprovando a evolução das etapas de desenvolvimento do projeto; Líder de Projeto: Responsável técnico pelo processo municipal que será otimizado para melhorar o nível de serviço para o cidadão; Coach: Referência técnica para orientar o desenvolvimento das atividades à luz dos conceitos e etapas da metodologia; Membros do Time: Qualquer servidor público que interaja no processo que será trabalhado e que pode colaborar com ideias e com seus conhecimentos sobre o tema. 1.2 Ciclo IDDOV IDENTIFICAR A OPORTUNIDADE A primeira etapa de um projeto de DFSS é identificar a oportunidade. Para que o gestor público municipal possa priorizar os projetos a serem trabalhados, é importante ouvir a voz do cliente, neste caso o cidadão. Para tanto, pode-se adotar pesquisas bairro a bairro para realizar este levantamento. No caso deste já ter sido realizado durante a confecção do plano de governo, não há necessidade de nova Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 33 pesquisa para iniciar o projeto (pode-se fazer uma posterior para reconfirmar as necessidades do cidadão): 1. Nome do Projeto: Título a ser usado para referenciar o projeto; 2. Oportunidade a ser trabalhada: Descrever as razões que justificam o início de um projeto DFSS; 3. Resultados Esperados: O que se espera ao se implementar o projeto. Ex.: Redução do tempo de atendimento nas UBS’s; maior agilidade no processo de solicitação de vagas em escola; SLA mais eficiente para atendimento de ordens de serviço de manutenção pública. (Obs.: Importante neste item definir indicadores SMART (Specific; Measurable; Actionable; Relevant; Time bound) que possam objetivamente medir o desempenho alcançado. • Específico (Specific): Resultado claro, sem ambiguidade; • Mensurável (Measurable): Impacto claro e mensurável; • Tangível (Actionable): Executável pelo time em prazo apropriado; • Relevante (Relevant): Impulsiona a Gestão Pública para atingir a satisfação dos munícipes; • Exequível (Time Bound): Possui uma data de conclusão factível. 4. Cronograma: Detalhar as etapas e ações para a conclusão do projeto. 5. Time de Projeto: Champion, Sponsor, Líder de Projeto, Coach, Membros do Time. 6. Prazo: Data limite de conclusão do projeto. DEFINIR OS REQUISITOS Depois de definir claramente o resultado do projeto a ser atingido, é necessário iniciar a análise dos requisitos técnicos que comporão as soluções propostas. Esta etapa busca correlacionar estes requisitos com cada uma das “vozes” dos clientes, ou suas demandas. Esta correlação pode ser compilada utilizando-se de uma ferramenta denominada Casa da Qualidade, parte integrante do desdobramento da função qualidade (QFD - Quality Function Deployment). Conheça melhor o assunto neste vídeo: https://www.youtube.com/ watch?v=gVypCOBIHnA. https://www.youtube.com/watch?v=gVypCOBIHnA https://www.youtube.com/watch?v=gVypCOBIHnA 34Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Imagem 8 – Casa da Qualidade Fonte: Elaboração própria 1. Definir as Vozes do Cliente a serem trabalhadas (Demandas dos Munícipes) Exemplo: Tomemos como exemplo um projeto que visa reduzir o tempo do atendimento na UBS fictícia “Thomas Wayne” da também fictícia cidade de “Gotham”. Durante a elaboração de seu Plano de Governo, o Prefeito eleito “Bruce” já havia realizado a pesquisa junto à população de “Gotham” e elencou as seguintes necessidades (Vozes do Cliente): • “Demora-se cerca de 30 minutos apenas para o cadastro inicial”. • “Esperamos quase 2 horas para ser atendidos pelo médico”. • “Quando voltamos nas consultas temos que falar tudo novamente para o médico que nos atende pois ele não tem nosso histórico de atendimento.” • “O ambiente de espera não é arejado e tem muita gente de pé”. Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 35 DICA: Normalmente, as Vozes ou Demandas do Cliente (no caso do setor público, os munícipes) virão na forma negativa, ou seja, como uma reclamação. Antes de passar a informação para a casa da Qualidade é necessário que se transforme a frase em um aspecto positivo: • Exemplo: “Demora-se cerca de 30 minutos apenas para o cadastro inicial” => “Deseja-se um atendimento rápido para o cadastro Inicial” ou “Cadastro Inicial Ágil”. Após traduzir a “Voz Negativa” para a “Voz Positiva”, enumera-se por ordem de importância, baseado na frequência e relevância das solicitações dos munícipes: Imagem 9 – Voz do Cliente Fonte: Elaboração própria 2. Traduzir as Vozes do Cliente em Requisitos Técnicos de Desempenho Se estivéssemos trabalhando no Projeto de DFSS de um produto, nesta etapa, seriam detalhados seus requisitos funcionais. Como estamos aplicando a metodologia DFSS em um processo, aqui iremos traduzir as vozes do cliente em requisitos de desempenho, que devem ser mensuráveis: Ex.: Tempo para Cadastro, medido em segundos. Assim temos os demais: Imagem 10 – Requisitos Técnicos de Desempenho. Fonte: Elaboração própria. 36Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Para cada Requisito Técnico de Desempenho, definimos a “direção” da melhoria. Exemplo: Tempo para Cadastro: Quanto Menor Melhor. Imagem 11 – Direção da Melhoria Fonte: Elaboração própria 3. Correlacionar as Vozes do Cliente e os Requisitos Técnicos de Desempenho Nesta etapa faz-se uma correlação entre as Necessidades dos Clientes e os Requisitos de Desempenho, ou seja, quanto o Requisito Técnico de Desempenho afeta diretamente aquela necessidade de cliente. Para isso utilizando a seguinte pontuação: Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 37 Imagem 12 – Correlação entre as Necessidades dos Clientes e os Requisitos de Desempenho Fonte: Elaboração própria 4. Análise da concorrência pelo cliente Nesta etapa utiliza-se dos dados da percepção dos clientes quando esses comparam o nível de serviço, processo ou qualidade do produto oferecido com outros fornecedores. Para o setor público, fica difícil realizar esta etapa pois o munícipe procurará o serviço ou processo de atendimento somente na cidade em que mora. Ele não percorrerá cidades para fazer um benchmarking de sua percepção de atendimento. No caso trabalhado neste exemplo, ele poderia ter uma comparação entre UBSs da mesma cidade, mas em linhas gerais, esta etapa não se aplica em casos do setor público. 38Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Imagem 13 – Análise da Concorrência pelo Cliente Fonte: Elaboração própria 5. Matriz de Correlação dos Requisitos Técnicos de Desempenho Correlacionar os Requisitos Técnicos é importante para que se tenha a dimensão correta da influência entre eles. Essa informação será de grande valia para a próxima Etapa do DFSS, a fase de Desenvolvimento de Conceitos ou Soluções pois permite identificar quais soluções podem interferir de maneira positiva ou negativa nas outras. Para tanto, utilizamos a seguinte simbologia: Imagem 14 – Simbologia Utilizada Fonte: Elaboração própria Correlações positivas (+): ocorrem quando a melhoria de um requisito contribui para a melhoria do outro requisito (ambos estão na “direção” desejada); Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 39 Correlaçõesnegativas (-): ocorrem quando a melhoria de um requisito influi para que outro requisito piore (um requisito está na “direção” desejada e o outro na “direção” contrária). Em nosso projeto de DFSS: - a maior quantidade de atendentes influenciaria fortemente no menor tempo de espera para cadastro inicial; - a quantidade de médicos influi diretamente no tempo de atendimento. Imagem 15 – Exemplo de Preenchimento da Direção da Melhoria Fonte: Elaboração própria 6. Benchmarking de Requisitos Técnicos Por fim, temos a etapa de Benchmarking dos Requisitos Técnicos. A prefeitura municipal pode comparar os valores encontrados na medição dos Requisitos Técnicos de sua cidade com os de prefeituras vizinhas ou semelhantes em tamanho, arrecadação etc. 40Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Exemplo: Ao medir por alguns dias o Tempo aguardado para Cadastro inicial, na UBSs em questão, chegou-se ao valor médio de 32 minutos. A cidade de “Gotham” tem como referências as cidades de “Smallville” e “Metropoles”. Solicitaram os dados para a Administração Pública daquelas cidades e tiveram os seguintes resultados: • Smallville: 35 minutos. • Metropoles: 30 minutos. Tendo os valores de benchmarking para cada um dos Requisitos Técnicos, é possível o Gestor Municipal definir o objetivo para cada um dos requisitos. Comparar o nível de serviço de cidades de porte e potencial semelhantes é muito importante para o gestor público que deseja perseguir níveis melhores para qualidade dos serviços de seu município. Com os dados, graficamente, demonstramos para cada um dos Requisitos o Benchmarking para futuras tomadas de decisão: Imagem 16 – Benchmarking para Futuras Tomadas de Decisão. Fonte: Elaboração própria. Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 41 DESENVOLVER CONCEITOS Com o mapeamento das necessidades dos munícipes (Voz do Cliente), suas correlações com os parâmetros de desempenho dos processos que estão sendo analisados, e tendo como referência o benchmarking destes parâmetros com outras cidades, é possível o time do projeto elaborar propostas de solução para o problema em questão. Cada solução deve ser discutida em times multifuncionais e analisada, comparando- se com a situação atual. Em nosso caso, uma quantidade “ilimitada” de atendentes e médicos reduziria o tempo de cadastro inicial bem como do atendimento aos pacientes, podendo este ser até “personalizado”, garantindo o acompanhamento individualizado de cada cidadão. Um local espaçoso, com muitas cadeiras de espera, comportaria todos os munícipes sentados enquanto esperam. Logicamente, o município tem limites de gasto e investimento e todas estas ações conjuntamente onerariam diretamente as finanças da cidade em questão. Assim deve-se pensar em estratégias viáveis de solução. Recomenda-se, portanto, criar uma matriz de decisão, capaz de compilar as diversas ideais de solução, comparando-as com a situação atual, como o exemplo a seguir: Solução 3Solução 2Solução 1ATUAL 2553 Quantidade de Atendentes Desenvol- vimento de sistema infor- matizado para cadastro e agendamento de consulta Manual, papel.Manual, papel.Manual, papel. Processo de Cadastro Inicial de Atendimento 42Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Solução 3Solução 2Solução 1ATUAL 2422Quantidade de médicos Integrar os prontuários de forma eletrôni- ca entre todos os postos de atendimento, realização de exame, para cadastro único e centralizado do histórico de atendimento. Cadastro infor- matizado ape- nas dentro da UBS. Sem in- tegrações com resultados de exames e consultas com especialistas. Cadastro infor- matizado ape- nas dentro da UBS. Sem in- tegrações com resultados de exames e consultas com especialistas. Cadastro infor- matizado ape- nas dentro da UBS. Sem in- tegrações com resultados de exames e consultas com especialistas. Histórico Médico 20121212 Quantidade de Cadeiras de Espera Investimentos no desenvol- vimento do sistema infor- matizado para cadastro e agendamento da consulta, integração do prontuário eletrônico e investimento em 8 novos locais para os pacientes aguardarem atendimento. Adição de 2 atendentes e 2 médicos com respectiva infraestrutura. Adição de 2 atendentes com respectiva infraestrutura. Já no orçamen- to municipal.Custo Poderíamos ter quantas sugestões fossem necessárias para tomar a melhor decisão. Neste exemplo concentramo-nos apenas em 3. Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 43 OTIMIZAR A partir da solução escolhida, iniciam-se as atividades de desenvolvimento e implementação. Vamos imaginar neste exemplo que a solução definida tenha sido a 3, com a redução de 1 atendente em contrapartida ao investimento necessário para se criar um sistema de agendamento eletrônico, manutenção do mesmo quadro de médicos com investimento no desenvolvimento de integração dos sistemas de prontuário e atendimento e a adição de 8 novos locais de espera. Na Gestão Pública poderemos ter necessidade de abertura de licitações (em caso de desenvolvimento de sistemas fora do âmbito organizacional) ou se for possível desenvolver junto ao departamento de TI da própria prefeitura, ganha-se tempo considerável e reduz-se custo pois as despesas dos funcionários de tecnologia já estão consideradas na folha salarial do quadro do município. Durante esta etapa é importante que se tenha a ótica da otimização, ou seja, no detalhamento das tarefas e prazos, o líder do projeto de DFSS mantém a gestão de modo a evitar gargalos, eliminar redundâncias e garantir ao mentor tempo de implementação. VERIFICAR Por fim, implementada a solução, chega-se ao momento de verificar sua efetividade. Assim, cada um dos parâmetros anteriormente definidos, que foram afetados pela solução adotada, começam a ser medidos: Parâmetros a serem medidos face à solução adotada: • Tempo para Cadastro: Com a sistematização, ocorrerá uma redução no tempo de agendamento; • Tempo para Atendimento: Monitorar em diversos dias o tempo de atendimento, considerando o novo contexto no qual o médico terá um sistema integrado e prontuário completo eletrônico com todo o histórico do paciente; • Tempo despendido para alinhamento do médico: O tempo para “anamnese” será menor, com a informatização das informações do paciente. Inicia-se então um ciclo de monitoramento e medição. Após a medição dos parâmetros e confirmação de melhora, recomenda-se ouvir novamente a Voz do Cliente, ou seja, realizar nova pesquisa com os cidadãos, para verificar se suas expectativas foram atendidas e se eles estão mais satisfeitos com o atendimento público. 44Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Esta prática deveria nortear todas as ações municipais, para se ter certeza da aplicação dos conceitos de melhoria contínua pela gestão pública municipal. Referências CHOWDHURY, Subir. Design for Six Sigma: The revolutionary process for achieving extraordinary profits. ASI. 2002.
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