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impresso_LLPT_Semantica-37

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Mais uma vez, há que se partir de um suposto acordo entre os interlocutores, 
quanto à mesma referência de deputado e homem. Diga-se o mesmo dos dêiticos, o 
que já foi comentado no exemplo anterior.
A terceira forma
De implicação diz respeito às escalas de quantidade e qualidade, como nos 
exemplos abaixo:
3a. A sopa está ótima .
3b. A sopa está boa.
4a. João bebeu um litro de vinho.
4b. João bebeu vinho.
A diferença entre (03)a e (03b) é de grau. Segundo Faria, a afirmação de que a sopa está ótima, implica 
a afirmação de que ela está boa. Do mesmo modo, se admite que João bebeu um litro de vinho, admite-se 
também que João bebeu vinho.
Concordamos quanto à relação de implicação quantitativa entre (04)a e (04)b, mas não quanto à 
relação qualitativa entre (03)a e (03)b. No uso efetivo da língua, a escalaridade qualitativa é estanque, tanto 
que se pode dizer (05).
(05) A sopa não está boa, está 
ótima.
Poderíamos, no entanto, estabelecer relações de implicação entre as frases abaixo? Cremos que sim, 
desde que se admita (06)a como verdadeira.
(06) a. João bebeu um litro de vinho.
b. João bebeu meio litro de vinho.
A implicação também está ligada ao fenômeno da sinonímia, quer no nível do léxico, quer no nível da 
frase: duas palavras ou duas frases sinônimas se baseiam nas mesmas condições de verdade.
Uma vez tendo-nos referido à implicação, resta falarmos de outro mecanismo lógico: a pressuposição, 
definida por Faria (1983) nos seguintes termos: 
diz-se que uma asserção A1 pressupõe outra asserção A2 se a verdade de A2 for 
uma condição necessária mas não suficiente da verdade de A1, i.e, a verdade de 
A2 não garante a verdade de A1. (1983, p. 166)
A autora dá como exemplos as frases reproduzidas em (07)a e (07)b.
(07) a. Todos os cães da quinta são 
mansos.
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