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32 BRASIL A QUESTÃO DAS LEIS QUE NÃO PEGAM (1)

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PROENEM.COM.BR
REDAÇÃO
BRASIL: A QUESTÃO DAS LEIS QUE “NÃO PEGAM"
PROENEM.COM.BR1
REDAÇÃO BRASIL: A QUESTÃO DAS LEIS QUE “NÃO PEGAM"
IN
ST
R
U
ÇÃ
O A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos 
ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo na modalidade escrita 
formal da língua portuguesa sobre o tema “Brasil: a questão das leis que "não pegam"”, 
apresentando proposta de intervenção, que respeite os direitos humanos. Selecione, organize 
e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.
TEXTO 1
Por que as leis brasileiras são tão ruins e inaplicáveis?
Contrariando a consagrada frase “faça uma lei apenas se estiver disposto a morrer por ela”, o Brasil tem 
incríveis mais de 200 mil leis. No entanto, a aplicabilidade delas é reduzida, estimulando a criação de novas 
legislações: um levantamento apontou que, em média, são criadas 18 novas leis por dia no país. Muitas são 
inconstitucionais, outras “não pegam” e parcela considerável gera consequências perversas e destoantes 
das intenções iniciais. Mas, afinal, por que tantas leis e por que elas são tão ruins e “doidas”?
Inicialmente, vale dizer que a maioria dos Projetos de Lei (PL) é produzida sem se analisar se respeitam ou 
não os princípios constitucionais. Após sancionadas, cria-se uma problemática, pois passa a ser necessária uma 
análise do Judiciário para declarar sua inconstitucionalidade. Isso criou uma rotina em tribunais para descartá-
las, sendo mais um ingrediente dentro de um universo com mais de 100 milhões de processos em tramitação.
Muitas outras leis sancionadas não se encaixam à realidade social pela centralização de poder e pela 
distância dos legisladores do cotidiano das pessoas, contribuindo para a criação de “leis que não pegam”. 
Entre elas, temos a lei que obriga o uso de cinto de segurança em ônibus rodoviários, a lei que regulamenta 
os flanelinhas, que precisam se cadastrar no Ministério do Trabalho, ou a norma que obriga ciclistas a terem 
em suas bicicletas campainha, refletores e espelho retrovisor. Você, leitor, provavelmente não conhecia essas 
leis, justamente porque “elas não pegaram”. Igualmente comum é a criação de leis sem qualquer relevância, 
como as que tem finalidade de homenagear carreiras.
Entrementes, a culpa não é apenas dos políticos: nós também somos culpados, como aponta a Teoria da 
Escolha Pública. Há um senso comum entre os brasileiros de que quanto mais PLs apresentados e mais Leis 
aprovadas por um vereador ou um deputado, mais produtivo ele é. Rankings elaborados por mídias colocam 
isso como um indicador de produtividade, estimulando essa crença. Embora a quantidade de leis aprovadas 
possa ser um termômetro para medir o protagonismo do parlamentar (se ele consegue influenciar seus 
pares), não há relação entre muitas leis aprovadas e um bom mandato, até porque o legislador também tem 
função de fiscalizar o Poder Executivo.
A explicação está em nossas raízes: Bruno Garschagen, ao fazer uma análise histórica de nossa formação 
cultural, demonstrou que o estatismo brasileiro “não é um acaso, e sim uma obra de séculos”. E isso se 
reflete na opinião do eleitorado: se olharmos sites que pedem a opinião popular sobre proposições dos 
parlamentares, é comum que a maioria delas seja aprovada pelo público – e as redes sociais comprovam isso. 
Em suma, os legisladores ofertam o que o eleitorado demanda.
O professor da PUCPR Dean de Almeida colabora com esse entendimento: “muitas vezes o parlamentar 
sabe que o projeto é absurdo, mas, para não ‘passar em branco’ diante dos eleitores, propõe sugestões das 
mais descabidas”. Dessa forma, a associação entre aprovar inúmeras leis e ser um congressista eficiente tem 
sido tratada como absolutamente natural. Esse consenso do eleitorado acaba estimulando a produção delas, 
mesmo que inúteis, inconstitucionais, irresponsáveis fiscalmente, irrelevantes ou ruins.
Outro fator que estimula a indústria legislativa é a denominada legislação-álibi. Ela ocorre diante de 
certa insatisfação da sociedade perante algo, sendo uma resposta pronta e célere do ente governamental. 
Trata-se de uma aparente solução: transmite a mensagem de um Estado que responde normativamente aos 
problemas reais da sociedade, podendo, até mesmo, introduzir um sentimento de bem-estar nas pessoas, 
porém não costuma ter efeito prático naquilo que se propõe solucionar. Não se trata de uma exclusividade 
brasileira, porém podemos verificá-la com frequência por aqui.
PROENEM.COM.BR2
REDAÇÃO BRASIL: A QUESTÃO DAS LEIS QUE “NÃO PEGAM"
Além da quantidade, a qualidade das leis é outro ponto a ser considerado: a maioria é inconstitucional, 
principalmente na esfera estadual (estima-se incríveis 80%). Isso se deve à falta de assessoria qualificada 
(muitas vezes, políticos “premiam” seus melhores cabos eleitorais como assessores, não tendo em sua equipe 
bons profissionais do direito e economia, cruciais para elaborarem estudos consequencialistas de legislações).
Assim, Projetos de Lei não apresentam argumentos ou justificativas técnicas e são, na verdade, resultado 
de negociações partidárias e trocas de favores políticos. Mesmo bem intencionadas, políticas públicas podem 
gerar resultados contraditórios ao pretendido, daí a necessidade de estudos prévios e com metodologias 
adequadas. O que se vê no Brasil é que raramente há alguma análise sobre os impactos delas. Vejam: Um 
Novo Código Comercial foi proposto e está em tramitação no Congresso, mas um estudo mostrou que sua 
aprovação representaria prejuízo de 182 bilhões de reais. Até a divulgação da pesquisa, os parlamentares não 
faziam ideia do custo que isso poderia representar ao país.
Exemplos de leis sem estudos prévios de suas respectivas consequências são fartos: com a pretensão de 
coibir a violência, uma lei obrigou bares a fecharem mais cedo em Serra, um desastroso “chute legislativo”. O 
resultado foi que dezenas de estabelecimentos foram à falência, com cerca de 600 demissões, desestimulando 
empresários a empreenderem na cidade, ao passo que não houve resultados relevantes no sentido de 
diminuição da violência. Em menos de seis meses, a norma teve de ser repensada.
Um caso já clássico que muitos lembram foi a resolução do kit de primeiros socorros. Em 1999, os 
motoristas brasileiros foram obrigados a correr às lojas para adquirir um, conforme determinação do Contran. 
A norma foi revogada em poucas semanas, e os milhões de estojos perderam a utilidade. Caso houvesse um 
estudo precedente à publicação da norma, certamente a conclusão seria a de que ela não atendia à demanda 
provocada por um acidente.
E os exemplos não param: um Projeto de Lei que prevê castração química para estupradores é aclamado 
por muita gente, no entanto, especialistas afirmam que a proposta não é efetiva, tampouco eficiente. Outro 
PL, pretendendo diminuir acidentes de trânsitos, propõe a proibição de uma pessoa alcoolizada se sentar no 
banco do carona. Novamente, sem nenhuma análise preliminar: nem mesmo os autores da lei sabem precisar 
a eficácia dela. Em outras palavras, não se sabe qual o percentual de acidentes que ocorreu no ano anterior 
que teve como causa a perturbação provocada por caronas embriagados aos motoristas. Mas, mesmo assim, 
tal projeto de lei foi proposto e encontra-se em fase de tramitação no Congresso.
Sobre a problemática desse ordenamento jurídico maluco, o doutor em Direito Constitucional Ricardo Gueiros 
vai além: “o número de leis é diretamente proporcional à falta de eficácia delas. Quanto menor a eficácia da 
legislação, mais se tem a sensação de que uma nova lei solucionará o problema: tanto é que é comum o discurso 
de que nossas leis estão desatualizadas. Não é verdade: há vários países com leis extremamente antigas. Muda-
se apenas a interpretação. Não acredito que nossas leis são ruins. Apenas acho que não são aplicadas”.
Ou seja: não obstante os problemas no Poder Legislativo,eles estão presentes também no Judiciário. Na 
ansiedade de solucionar a falta de efetividade da legislação, mais leis são criadas. Exemplo claro e recente disso: 
o alvoroço acerca das suspensões do aplicativo Whatsapp por juízes inconsequentes conduziu à apresentação 
de um projeto para proibir a suspensão dele, mesmo que já haja entendimento do STF nesse sentido.
Consequências e conclusão:
Toda essa problemática aumenta consideravelmente os custos de transação e o Custo Brasil, porquanto as 
empresas são obrigadas a contratar escritórios jurídicos especializados, encarecendo seus serviços e produtos. 
O resultado é um estado de frequente insegurança jurídica, colaborando com o panorama brasileiro, que ocupa 
o 130º lugar no ranking de segurança jurídica elaborado pelo Banco Mundial.
É preciso mudar toda uma cultura, e isso perpassa por um eleitorado adverso à “indústria legislativa”, bem como 
pela reformulação de grades curriculares de cursos de Direito, a fim de estimular o estudo jurídico sob a perspectiva 
consequencialista da Análise Econômica do Direito, o que facilitaria a formação de melhores assessores de legisladores.
Vale ressaltar que políticos comprometidos em revogar leis ruins certamente seriam benéficos ao sistema, tal 
como fazê-los conhecer as políticas públicas que são consenso entre os economistas e as que realmente ajudam os 
pobres. Isso é essencial para evitar retrocessos legislativos ou, ainda, aventuras legislativas refutadas pela ciência 
jus econômica. Por conseguinte, as leis brasileiras são doidas por vários fatores, mas apenas colocar a culpa nos 
políticos é “enxugar gelo”. Uma sociedade com leis melhores é nossa responsabilidade individual também.
(Disponível em: http://mercadopopular.org/analise-economica-do-direito/por-que-as-leis-brasileiras-sao-tao-doidas/)
PROENEM.COM.BR3
REDAÇÃO BRASIL: A QUESTÃO DAS LEIS QUE “NÃO PEGAM"
TEXTO 2 
 
(Disponível em: https://blogdoedisonsilva.com.br/2019/10/mais-de-6-milhoes-de-leis-foram-criadas-nos-31-anos-da-constituicao-
brasileira-registra-o-site-migalhas/)
PROENEM.COM.BR4
REDAÇÃO BRASIL: A QUESTÃO DAS LEIS QUE “NÃO PEGAM"

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