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AGRAVO DE INSTRUMENTO - PROCESSO CIVIL

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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DESEMBARGADOR(A) RELATOR(A) 
DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO 
 
 
 
 
AUTOS DE REFERÊNCIA Nº: 
AGRAVANTE: WENDEL 
AGRAVADO: IGOR 
JUIZO DE ORIGEM: 10° VARA CIVEL DO TERMO JUDICIARIO DE SÃO LUIS/MA 
 
 
 
 
 
 
 
WENDEL, brasileiro, estado civil (ou existência de união estável) inscrito no 
CPF nº, portador de RG nº, residente e domiciliado em e com endereço eletrônico, 
vem, respeitosa e tempestivamente à presença de Vossa Excelência, através de 
seus advogados subscritos, por força do art. 1.015, I do CPC, interpor o seguinte 
 
 
 
 
AGRAVO DE INSTRUMENTO C/C EFEITO SUSPENSIVO 
 
 
 
 
em face da decisão interlocutória de ID de nº proferida no bojo do processo 
de nº, pelo juízo da 10ª Vara Cível do Termo Judiciário de São Luís/MA, nos autos da 
ação de despejo proposta por IGOR, pelas razões de fato e de direito a seguir 
expostos. 
 
 
 
I – PRELIMINARMENTE 
II.I – DA JUSTIÇA GRATUITA 
O requerente é (profissão) e não possui condições financeiras de arcar com as custas 
e honorários advocatícios. De acordo com o art.98 do Código de Processo Civil: 
ART.98.: A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de 
recurso para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários 
advocatícios têm direito à gratuidade da justiça na forma da lei. 
Dessa forma, deve ser deferido o benefício da justiça gratuita, pelos motivos já 
mencionados como forma de garantir o acesso ao Poder Judiciário, o que está 
fundamentado no art. 5°, LXXIV na Constituição Federal e no art. 98 do CPC. 
 
II.II – DA TEMPESTIVIDADE 
Deve-se destacar que, pelas disposições gerais que regem os recursos, o Agravo de 
Instrumento, segundo o Código de Processo Civil, em seu art. 1.003, §5º, deverá ser 
interposto no prazo de 15 (quinze) dias, contados a partir da intimação da decisão da qual 
se pretende recorrer. 
 
II – DOS FATOS 
O Agravante, Sr. Wendel alugou o imóvel do Sr. Igor, Agravado, em São Luís/MA, sendo 
celebrado um contrato de locação escrito com duração de 48 meses e com o valor 
estipulado de aluguel em R$ 3.000,00, sendo apresentado um fiador idôneo. Ademais, o 
contrato somente poderia ser usado para fins residenciais. 
Após um ano de cumprimento regular do contrato, o Agravante enfrentou 
dificuldades financeiras e deixou de pagar o aluguel por apenas quatro meses. 
Sendo assim, o Agravado entrou com ação de despejo e cobrança de aluguéis na 10ª 
Vara Cível do Termo Judiciário de São Luís/MA. No bojo da referida ação, o Agravado 
solicitou medida liminar para que o Agravante fosse despejado imediatamente, 
considerando que o Agravado queria alugar o imóvel para uma terceira pessoa, que se 
chama Lúcio. Nesse sentido, o juiz aceitou a petição inicial, contendo documentos e 
concedeu a liminar sem oitiva da outra parte, dando ao Agravante um prazo de 72 horas 
para desocupar o imóvel, sob pena de multa diária de R$ 2.000,00. 
Pela narrativa dos fartos ora descritos, percebe-se que o Agravado de imediato 
ingressou na justiça com pedido liminar. Contudo, o Agravado sabendo da delicada 
situação que o Agravante estava passando poderia ter feito um acordo com o mesmo, 
tendo em vista que durante um ano como já mencionado anteriormente pagou 
corretamente o aluguel e estava somente a quatro meses atrasado o aluguel. 
Desse modo, conforme se verificará nas razões do vertente recurso, não se mostrou 
correta, data vênia, a decisão do juízo a quo de deferir a medida liminar, dando um prazo 
de 72 horas para o Agravante desocupar o imóvel, senão vejamos: 
 
III – DO DIREITO 
 Em que pese a decisão proferida pelo juiz de despejo, a mesma não deve prosperar, 
pois é importante destacar que o prazo deveria ser de 15 dias para Wendel desocupar o 
imóvel. Tem-se, como decorrência a aplicação imediata do art. 59, § 1º, IX, ad verbum: 
Art. 59. Com as modificações constantes deste capítulo, as ações de despejo 
terão o rito ordinário. 
§ 1º Conceder - se - á liminar para desocupação em quinze dias, 
independentemente da audiência da parte contrária e desde que prestada a 
caução no valor equivalente a três meses de aluguel, nas ações que tiverem por 
fundamento exclusivo: 
IX – a falta de pagamento de aluguel e acessórios da locação no vencimento, 
estando o contrato desprovido de qualquer das garantias previstas no art. 37, por 
não ter sido contratada ou em caso de extinção ou pedido de exoneração dela, 
independentemente de motivo 
 Dito isso, é um agravante ao direito do locatário. Outrossim, a parte autora passou 
um ano cumprindo com o dever de pagar pontualmente o aluguel e os encargos da 
locação, como usufruir apenas para fins de moradia. 
 Apesar de estar passando por dificuldades financeiras, sempre fez o possível para 
cumprir com as obrigações, e trata-se de um descaso se retirar do imóvel para viver à 
encolha. Certo disso, o locatário tem o direito de permanecer no imóvel, pois é 
inadmissível a concessão da liminar, justificado no prazo de 72 horas. 
 
 III.I - DA NECESSIDADE DE PROVER O EFEITO SUSPENSIVO 
Diante do fato desagradável, sofrido pelo Agravante, ele terá que desocupar o local 
que mora no prazo de setenta e duas horas, caso contrário, arcará com multa diária no valor 
de R$ 2.000,00 (dois mil reais), o que é excessiva e o agravante não possui condições 
financeiras para pagar. 
Por essa razão, aclama-se a este Egrégio Tribunal para concessão do efeito 
suspensivo à decisão proferida em sede de 1º grau de jurisdição, o qual não observou que 
tal determinações encontra-se em desacordo com a Lei 8.245/91 que dispõe no artigo 59 
sobre as modificações constantes das ações de despejo. 
Deve-se levar em consideração que o Agravante, busca o cumprimento do prazo 
estipulado pela lei 8.245/91. 
Importante frisarmos que a multa diária estipulada terá que ser proporcional ao 
tempo do contrato, pois é uma regra cogente, ou seja, não admite estipulação contratual 
em contrário. 
A Lei 12.112/09 se deu no sentido de determinar que, em tais casos, a multa deve 
ser paga de forma proporcional ao período de cumprimento do contrato. 
Impera ainda afirmar, que se faz uso da boa-fé, quando pedimos o efeito 
suspensivo, pois o Agravante reconhece a dignidade da Justiça e sabe de suas obrigações, 
no entanto, encontra-se impossibilitado de cumpri-las. 
Nesse sentido, apresento a seguinte decisão favorável ao pedido: 
XXXXX20238130000-AGRAVO DE INSTRUMENTO-TJ-MG 
EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO-AÇÃO DE DESPEJO POR FALTA DE 
PAGAMENTO – LOCAÇÃO-LIMINAR DE DESOCUPAÇÃO -IMPOSSIBILIDADE-
REQUISITOS LEGAIS -NÃO PREENCHIMENTO-RECURSO PROVIDO. 1 Nas ações 
de despejo por falta de pagamento, o deferimento do pedido de liminar de despejo 
está condicionado ao preenchimento dos requisitos legais elencados no art. 
59,SS 1, da Lei 8.245/91.2-Considerando que o contrato de locação encontra-se 
garantido por caução de três meses aluguel, a medida liminar de despejo 
requerida na inicial deve ser indeferida. 
 
III. II - PURGAÇÃO DA MORA 
A purgação da mora é a possibilidade de Wendel regularizar a situação ao pagar os 
meses atrasados, dentro do prazo determinado. Entretanto, a liminar concedida 
determinou que o despejo ocorresse de maneira imediata, infringindo o dispositivo. 
Art. 59. Com as modificações constantes deste capítulo, as ações de despejo 
terão o rito ordinário. 
3o - No caso do inciso IX do § 1o deste artigo, poderá o locatário evitar a rescisão 
da locação e elidir a liminar de desocupação se, dentro dos 15 (quinze) dias 
concedidos para a desocupação do imóvel e independentemente de cálculo, 
efetuar depósito judicial que contemple a totalidade dos valores devidos, na 
forma prevista no inciso II do art. 62 
 Ora, Excelência, não houve tempo suficiente para a parte ré realizar o pagamento 
relativo aos meses atrasados. Portanto, deve ser dado o tempo determinado por lei para 
que haja o cumprimento da inadimplência, sem causar danos para réu. 
 
III. III - DESCABIMENTO DA MEDIDALIMINAR 
 
Conforme já mencionado, o contrato locatício se encontra garantido por fiança. De 
outro modo, concernente à possibilidade da liminar de desocupação, por falta de 
pagamento, rege a Lei 8.245/91, ad verbum: 
Art. 59. Com as modificações constantes deste capítulo, as ações de despejo 
terão o rito ordinário. 
§ 1º Conceder -se - á liminar para desocupação em quinze dias, 
independentemente da audiência da parte contrária e desde que prestada a 
caução no valor equivalente a três meses de aluguel, nas ações que tiverem por 
fundamento exclusivo: 
IX – a falta de pagamento de aluguel e acessórios da locação no vencimento, 
estando o contrato desprovido de qualquer das garantias, previstas no art. 37, 
por não ter sido contratada ou em caso de extinção ou pedido de exoneração dela, 
independentemente de motivo. 
 
 Em tais casos os julgados dos Tribunais são uníssonos no sentido que são 
necessários o cumprimento de todos os requisitos para que seja concedida a liminar, logo, 
a desocupação do imóvel. 
 
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE DESPEJO COM COBRANÇA DE 
ALUGUÉIS E ENCARGOS. DEFERIMENTO DA LIMINAR DE DESOCUPAÇÃO DO 
IMÓVEL. RECURSO DO LOCATÁRIO. 1. PLEITEADA A REFORMA DO DECISUM 
QUE ORDENOU SUA SAÍDA DO BEM LOCADO. INSURGÊNCIA ACOLHIDA. 
CONTRATO DE ALUGUEL HÍBRIDO (RESIDENCIAL E COMERCIAL) FIRMADO 
COM PRESTAÇÃO MENSAL AO VALOR DE R$1.000,00. HIPÓTESE ALBERGADA 
PELO ASSENTADO NA ADPF 828. ADEMAIS, CONTORNOS DO CASO 
CONCRETO QUE DEMANDAM UMA ANÁLISE MAIS APROFUNDADA. IMPERIOSA 
APURAÇÃO DA EFETIVA EXISTÊNCIA DE BENFEITORIAS NECESSÁRIAS 
INTRODUZIDAS PELO LOCATÁRIO. 2. MANUTENÇÃO DO DEMANDADO NA 
POSSE DO BEM. 3. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. 
(TJSC, Agravo de Instrumento n. 5065459-83.2021.8.24.0000, do Tribunal de 
Justiça de Santa Catarina, rel. Raulino Jacó Bruning, Primeira Câmara de Direito 
Civil, j. Thu Jun 09 00:00:00 GMT-03:00 2022). 
 
 Portanto, requer-se, a Vossa Excelência o descabimento da medida liminar em 
razão do descumprimento do prazo pleiteado e da caução através do fiador idôneo, para 
que sejam garantido o direito do locatário, bem como para ser cumprido o art.59 do Código 
Civil, a fim de garantir o cumprimento adequado dos requisitos exigidos para a concessão 
da liminar. 
 
VI – DOS PEDIDOS 
Em razão do exposto, com fundamento no art. 1.019 e seguintes do Código de 
Processo Civil, requer: 
a. Seja o presente Agravo de Instrumento recebido e concedido in limine litis e 
inaudita altera para o efeito suspensivo postulado, de forma a suspender a liminar 
de despejo que sofre o Agravante, bem como a suspensão da multa diária aplicada. 
 
b. Seja intimado o Agravado para a presentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) 
dias, nos termos do art. 1019, II do CPC; 
 
c. Requer o conhecimento e o consequente provimento do presente recurso para 
reformar a decisão atacada e determinar a purgação da mora do valor total da 
dívida. 
 
d. Requer que seja reformada a decisão do julgador a quo concedendo assim o 
benefício da Assistência Judiciária Gratuita ao Agravante, que faz jus ao benefício 
de acordo com o artigo 98 do CPC. 
 
 
Por fim, dá-se valor da causa R$. 
 
 
 
Nestes termos, em que se pede deferimento. 
 
 
 
 
São Luís/MA, (data). 
 
 
 
 
Advogado 
OAB/MA nº 
 
 
Ciclo 3 – Prática Civil 
Prof. Danilo Mohana 
Turma - DIR08M1 
 
Alunas: 
Isadora Andrade Maciel 
R.A: 007980 
 
Kerley Silva Gomes Ramos. 
R.A.: 0098130 
 
Samara Diniz Rodrigues Lindoso 
R.A.: 014685 
 
Alexandra de O Pereira Nascimento 
R.A.: 027399 
 
Nicolle Belizia dos Santos Azevedo 
R.A.: 013148 
 
Ana Gabryelle da Costa Gomes 
R.A.: 003091

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