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Clima Organizacional Anderson Freitas Toregean Clima Organizacional 2 Introdução Olá, caro(a) Aluno(a)! Abordaremos neste conteúdo a cultura organizacional e a sua influência na gestão do clima organizacional, que poderá contribuir para a motivação do funcionário e a permanência dele na organização. Na sequência, discorreremos acerca da qualidade de vida no trabalho, algo ansiado por muitos, mas nem sempre usufruído por todos. Veremos como a organização pode se estruturar, de forma que conduza o processo de qualidade de vida no trabalho, como um projeto viável e com métricas positivas, proporcionando resultados positivos para empresa e para o funcionário. Compreender o processo de compensação na empresa e tudo o que envolve cargos e salários é vital para que a empresa consiga proporcionar sustentabilidade para si e para seus funcionários e possa se organizar de forma a se tornar uma ferramenta motivadora e impulsionadora de pessoas e resultados. Por fim, salientaremos fatores de atenção para as empresas no que diz respeito às tendências para a gestão de pessoas, como a globalização e as novas tecnologias, que estão impulsionando e formatando a maneira como as organizações interagem e se estabelecem no mercado e, ainda, como a gestão de pessoas pode acompanhar e se preparar para as mudanças rápidas. Objetivamos que você possa compreender o papel e a responsabilidade, que é atuar com gestão de pessoas e que esteja apto(a) para se contextualizar ao momento atual, entendendo quais mudanças são necessárias no contexto em que você se encontra, tendo em vista as mudanças rápidas e inesperadas do mercado. Bom estudo! 3 Cultura Organizacional X Gestão do Clima e da Satisfação das Pessoas Caro(a) aluno(a), as organizações e as pessoas que nelas trabalham estão em constante mudança. Novos objetivos são estabelecidos, enquanto objetivos passados são revistos, reestruturações acontecem, pessoas novas entram e outras saem da organização, ocorrem mudanças e avanços tecnológicos, as pessoas se desenvolvem, modificam seus comportamentos, questões externas do macroambiente se modificam veloz ou mais lentamente. A verdade é que essas modificações são contínuas. No entanto, mesmo com esse movimento, é mudando a cultura que se torna possível mudar a empresa e seus sistemas, onde as pessoas desenvolvem suas atividades. Seguindo os pensamentos de Antonello (2011, p.31): Cultura organizacional se refere a um modo de vida, um sistema de crenças, expectativas e valores, uma forma de interação e de relacionamento típica de determinada organização. Cada organização é um sistema complexo e humano, com características próprias, com sua própria cultura e com um conjunto de valores. A análise contínua de todas as variáveis é importante para a manutenção da cultura organizacional, que, por sua vez, influencia o clima existente na organização. O que é, afinal, cultura organizacional? Significa o conjunto de valores, crenças, rituais e normas adotado por uma determinada organização. Os precursores desse conceito consideram, em seus estudos, que a cultura organizacional é um fenômeno complexo, formado por três elementos: • Pressupostos básicos; • Valores; • Artefatos. Sendo que, os pressupostos básicos são as crenças adquiridas, sobre a empresa e ao elemento humano, os valores seriam os princípios, as normas e os modelos considerados importantes para as atividades. Já, os artefatos seriam os resultados mensurados das ações que devem ser apoiados pelos valores da empresa. Valores são crenças e conceitos que moldam o contorno cultural de um grupo, estabelecendo padrões de comportamento, de avaliação e de imagem. Em uma organização, o sistema de valores equilibra e demonstra claramente quais as prioridades e os caminhos que a empresa 4 normalmente deseja seguir na busca dos seus objetivos. (MARRAS, 2016, p. 293) Veja alguns exemplos de valores adotados pelas organizações demonstrados no Quadro 1. VALORES ORGANIZACIONAIS Busca de inovação tecnológica Lucratividade Desenvolvimento de pessoas Honestidade, ética Cliente Qualidade Segurança Imagem da empresa Relacionamento interpessoal Responsabilidade social Compromisso Competência Quadro 1 - Valores organizacionais Fonte: Adaptado de Marras (2016, p. 292). Além dos valores, outro componente da cultura organizacional são os ritos, que são praticados com a finalidade de confirmarem, no dia a dia, os valores organizacionais e tornarem a cultura mais harmoniosa. Existem diversos tipos de ritos, dentre eles, podemos citar: 5 • o presidente ou dono da empresa convida, periodicamente, um grupo de funcionários para tomar café no seu gabinete, para conhecer melhor os funcionários e a empresa. • a apresentação de um novo funcionário aos departamentos da empresa. • a nomeação para um novo cargo. • uma comemoração anual que faz parte do calendário da empresa. Cada organização tem características únicas que são responsáveis pela construção da identidade organizacional, que podem coincidir com uma imagem positiva, revestindo a empresa de prestígio e reconhecimento. A formação de uma cultura organizacional surge quando são criadas e difundidas mensagens relativas à empresa e a sua identidade, por meios formais e informais. A cultura organizacional refletirá o clima organizacional, ou seja, se a cultura for positiva, isso ficará evidente no clima organizacional de uma forma geral, em que fica perceptível a satisfação dos funcionários. É válido lembrar que o clima organizacional, assim como o clima que se refere ao tempo, às condições climáticas de frio e calor, pode mudar de acordo com o momento da empresa, portanto, há necessidade de manutenção contínua, principalmente em momentos em que desafios novos surgem, mudanças acontecem, novos problemas desafiam a organização ou em momentos de mudanças. (EBOLI et al., 2010, p. 111) Para ajudar a regular e a manter um clima organizacional adequado, que traga pontos positivos para a empresa, veja, a seguir, como o cuidado com a qualidade de vida no trabalho pode impactar de forma positiva e auxiliar a gestão de pessoas nessa tarefa. Qualidade de Vida no Trabalho O que encontramos na realidade, nas relações entre empresas, funcionários e clientes, nem sempre são frutos virtuosos, muitas vezes um desses sofrem grandes desgastes. Desde os primórdios da Ciência da Administração sabemos que existem preocupações sobre a qualidade de vida no trabalho, mas nada parecido com o que temos nos dias de hoje. Muitos gestores e empresas passaram a dar mais importância para esse tema, pois passaram a ser cobrados não só pelos colaboradores, mas também pelos clientes diretos e indiretos. Não são apenas as condições físicas de trabalho que importam. É preciso algo mais. As condições sociais e psicológicas também fazem 6 parte do ambiente de trabalho. Pesquisas recentes demonstram que, para alcançar qualidade e produtividade, as organizações precisam ser dotadas de pessoas participantes e motivadas nos trabalhos que executam e recompensadas adequadamente pela sua contribuição. Assim, a competitividade organizacional passa, obrigatoriamente, pela qualidade de vida no trabalho. (CHIAVENATO, 2004, p. 349). Para conseguir satisfazer o cliente externo, as organizações precisam, antes, satisfazer o cliente interno, ou seja, seus funcionários, visto que são eles os responsáveis pelo produto ou serviço oferecido. A qualidade de vida no trabalho (QVT) representa o grau em que os membros da organização são capazes de satisfazer as suas necessidades pessoais com sua atividade na organização. A QVT envolve os aspectos intrínsecos e extrínsecos do cargo além de uma série de fatores, tais como: a satisfação com o trabalho executado, as possibilidades de futuro na organização, o reconhecimento pelos resultados alcançados, o salário percebido, os benefícios, o relacionamento humano dentro do grupo e da organização, o ambiente psicológico e físicode trabalho, a liberdade de decidir, as possibilidades de participar (CHIAVENATO, 2004, p. 367) A QVT afeta os modos de agir e reagir das pessoas, que são comportamentos importantes para a produtividade, influi na motivação, na criatividade, na capacidade de se adaptar, flexibilizar e inovar, frente às mudanças no ambiente de trabalho. As melhores empresas para se trabalhar Você sabia que, todo ano, a revista Exame faz uma pesquisa a respeito das melhores empresas para se trabalhar no país? Essa pesquisa é realizada com a metodologia de Robert Levering. Para entrar na lista, as empresas são analisadas a partir de dois aspectos: ambiente de trabalho, que contempla a credibilidade, o respeito, o orgulho de se trabalhar na empresa, dentre outros aspectos; perfil da empresa, em que são considerados o desenvolvimento do colaborador, a qualidade de vida no trabalho, a remuneração, os benefícios e outros aspectos. Disponível no link. Saiba mais Como uma organização pode implantar um programa de bem-estar? Observe alguns aspectos que fazem a diferença, no que diz respeito à QVT: https://sapientia.pucsp.br/bitstream/handle/5293/1/Lucia%20H%20Caetano.pdf 7 • faça continuamente um levantamento de riscos de saúde dos funcionários; • verifique em que se gasta mais dinheiro com cuidados médicos; • inclua membros da família e aposentados no programa de instruções sobre saúde; • proporcione assessoria nutricional por meio de um nutricionista; • inclua opções de baixa caloria e nutrientes adequados entre os cardápios nos restaurantes, quiosques e máquinas automáticas; • elimine o fumo no ambiente de trabalho; • negocie descontos em clubes de atletismo e academias para os funcionários; • implante um jornal sobre saúde e bem-estar físico; • focalize a redução de um ou mais fatores de alto risco de saúde entre os fun- cionários. Nesse sentido, como saber se a QVT, na sua empresa, está em alta? Faça uma pesquisa sobre qualidade de vida no trabalho e veja o que pode ser melhorado. No Quadro 2, apresentamos um modelo de pesquisa sobre QVT, confira. 8 Objetivos Fatores- chaves Indicadores Metas Posicionamento pessoal sobre QVT Condições de trabalho Limpeza, higiene, arrumação, proteção, segurança. Padrões de excelência Saúde Assistência funcionário/ família. Educação, conscientização, saúde ocupacional. Moral Identidade com a tarefa. Relações interpessoais. Reconhecimento e retroação. Orientação para as pessoas. Compensação Salários (equidade interna). Salários (equidade externa). Bônus, participação nos resultados. Benefícios sociais. Satisfação dos clientes internos e externos Participação Criatividade / expressão pessoal. Repercussão das ideias dadas. Programas de participação. Programas de capacitação. Comunicação Conhecimento de metas. Fluxo informacional. Veículos formais. Imagem da empresa Identificação com a empresa. Imagem interna e externa. Responsabilidade comunitária. Enfoque no cliente. Relação chefe / subordinado Apoio sócio emocional. Orientação técnica. Igualdade de tratamento. Gerenciamento pelo exemplo. Planejamento estratégico da qualidadeOrganização do trabalho Inovações. Grupos de trabalho. Variedade. Ritmo. Quadro 2 - Modelo de pesquisa sobre qualidade de vida no trabalho (QVT) Fonte: Adaptado pelo autor de Chiavenato (2000, p. 366). No Quadro 2, são apresentados nove fatores-chaves que devem ser observados quando se trata de QVT e, na sequência, exemplos de indicadores para cada fator. 9 Esses indicadores se apresentam como uma forma da empresa se auto analisar a respeito do que está fazendo ou incluir em seu planejamento estratégico, para que, gradualmente, consiga atingir todos os fatores. Pensar em qualidade de vida no trabalho é um fator que aumenta a satisfação no trabalho, consequentemente, contribui para melhorar o clima organizacional, a motivação interna e os resultados organizacionais. Para uma empresa que vai começar a implantar um programa de QVT, pensar em meios aparentemente simples pode ser um grande começo (GREENBERG, 2000). Por exemplo: Implementação do Programa de QVT • tornar os cargos mais divertidos - o ambiente mais divertido deixa as pessoas mais satisfeitas com o que fazem e elimina a rotina e a monotonia. • pagar com justiça, dar benefícios e oportunidade de promoção interna - salários bons, benefícios dentro das necessidades e justiça entre todos. • adequar as pessoas com os cargos, de acordo com seus interesses e habilidades - buscar pessoas certas para a organização, que se encaixe no modelo, no jeito de ser e esteja na função adequada para suas habilidades, competências, conhecimentos e expectativas. • desenhar cargos para torná-los desafiadores e satisfatórios - tornar as pessoas mais responsáveis e proporcionar maior variedade, identidade e autonomia. É importante notar que a preocupação da sociedade com a qualidade de vida das pessoas saiu do âmbito privado e alcançou o ambiente de trabalho, local onde as pessoas costumam passar uma boa parte do dia. Assim, a QVT assimila duas posições antagônicas: de um lado, a reivindicação dos funcionários quanto ao bem-estar e a satisfação no trabalho e, de outro, o interesse das organizações quanto aos efeitos potenciadores sobre a produtividade e qualidade. Vale ressaltar que as necessidades humanas variam conforme as pessoas e a cultura organizacional, sendo assim, a QVT não é determinada apenas pelas características individuais, como necessidades, valores, expectativas, estrutura organizacional, tecnologia, sistemas de recompensas, políticas internas, mas também pela atuação sistêmica das características individuais e organizacionais. 10 Work-life Balance Já ouviu falar em work-life balance? Muitos executivos estão buscando um equilíbrio maior entre vida pessoal e trabalho. Com os adventos da tecnologia, tem ficado mais fácil usar essa tecnologia a favor e pensar em novos formatos de trabalho, que possibilitem uma qualidade de vida maior. Você acredita que seja possível, mesmo diante da atual competitividade, pensar em qualidade de vida? Reflita Com esse olhar, é possível compreender que o desempenho no cargo e o clima organizacional representam fatores importantes na determinação da QVT. Se a qualidade for ruim, trará insatisfação e diminuição de produtividade por parte do funcionário. Por outro lado, se a qualidade for boa, conduzirá a um clima de confiança e respeito mútuo, no qual o indivíduo tenderá a aumentar suas contribuições e a elevar suas oportunidades de crescimento e satisfação pessoal. As ocorrências em uma determinada atividade organizacional podem ser visualizadas como um processo de conversão de vários recursos em um sistema integrado, que proporcione saídas ou resultados. Neste processo de conversão são envolvidas uma combinação de entradas: como capital; tecnologia; matérias-primas; esforço humano; entre outros, e por outro lado, envolve um conjunto de trabalhos utilizados para produzir um resultado desejado, e o fator humano é uma das partes que integram essa atividade. Sendo assim, um dos aspectos mais importantes de uma organização é o que se relaciona com a política de salários. O nível de salários é o elemento essencial tanto na posição competitiva da organização no mercado de trabalho como nas relações da organização com seus próprios funcionários. (CHIAVENATO, 2003, p. 123) O salário propriamente dito tem um caráter multivariado. Você pode estar se perguntando como isso acontece. A compensação é a área que lida com a recompensa que o indivíduo recebe como retorno pela execução de tarefas organizacionais. Trata-se de uma relação de troca entre funcionários e organização. Cada funcionário transaciona com seu trabalho para obter recompensas financeiras e não financeiras. Sendo que a compensação financeira pode ser direta ou indireta. 11 Como parceiro da organização, cada funcionário está interessado em investir com trabalho, dedicação e esforço pessoalcom os seus conhecimentos e habilidades desde que receba uma remuneração adequada. As organizações estão interessadas em investir em recompensas para as pessoas desde que delas possam receber contribuições ao alcance de seus objetivos. (CHIAVENATO, 2004, p. 257) Vamos compreender melhor isso: a compensação financeira direta consiste na retribuição que cada colaborador tem direito, que pode ser na forma de: salário; bônus; prêmios; comissões; etc. Essa retribuição representa um elemento importante na relação entre empresa e colaborador e esta retribuição, comumente chamada de salário, pode ser direto ou indireto. Segundo Maximiano (2012), o salário direto é aquele equivalente ao número de horas ou ao período trabalhado, ou seja, o salário mensal. A compensação financeira indireta é o salário indireto decorrente de cláusulas da convenção coletiva do trabalho e do plano de benefícios e serviços sociais oferecido pela organização, que inclui: férias, gratificações, adicionais, participação nos resultados, horas extras e benefícios sociais oferecidos pela organização. A soma do salário direto e do salário indireto constitui a remuneração (MAXIMIANO, 2012, p. 204). Para Chiavenato (2004, p. 259), “a remuneração constitui tudo quanto o empregado aufere como consequência do trabalho que realiza em uma organização”. Então, a remuneração abrange tudo que o funcionário tem direito, direta ou indiretamente, por consequência do trabalho que ele desenvolveu em uma organização, a remuneração é a forma de retribuição sobre seus préstimos. Dessa forma, a compensação diz respeito ao sistema de incentivos e recompensas que a organização estabelece para remunerar e recompensar as pessoas que nela trabalham. A compensação é a principal causa pela qual pessoas buscam um emprego, é uma necessidade para sobrevivência em sociedade. Pagamento é o meio pelo qual uma pessoa proporciona satisfação de suas necessidades e de sua família. O importante é lembrar que, o trabalho pode ser mais do que um elemento que proporciona satisfação para as necessidades fisiológicas das pessoas. A compensação define o nível de importância de uma pessoa para sua organização (CHIAVENATO, 2008, p. 301). Podem existir, também, as recompensas não financeiras, que podem ou não serem esperadas pelos funcionários, que envolvem: autoestima, reconhecimento, segurança no trabalho, orgulho, dentre outras, e muitas vezes tem grande influência sobre 12 os grupos informais, dentro das organizações, e que podem fazer a diferença na contribuição do clima organizacional. Composto Salarial Fatores Internos Fatores Externos • Topologia de cargos na organização • Política salarial da empresa • Capacidade �nanceira da empresa • Desempenho geral da organização • Competitividade da empresa • Situação do mercado de trabalho • Conjuntura econômica (in�ação, recessão, custo de vida) • Poder dos sindicatos e negociações coletivas • Legislação trabalhista • Situação do mercado de clientes • Concorrência no mercado Figura 1 - Composto salarial Fonte: Chiavenato (2008, p. 302). Como pode ser observado na Figura 1, o composto salarial de uma organização é formado por fatores internos e externos, logo, o equilíbrio dos salários, entre tais fatores, faz a diferença, ou seja, o equilíbrio interno significa a consistência interna dos salários e é alcançado por meio de informações internas, obtidas pela avaliação e pela classificação de cargos, e de um prévio programa de descrição de análise de cargos. Já, o equilíbrio externo é obtido por meio de informações externas, mediante pesquisa de salários. Com as informações internas e externas, cada organização define sua política salarial, normalizando os procedimentos a respeito da remuneração de pessoal. Sendo assim, a política salarial representa um aspecto particular e específico das políticas gerais da organização. Nesse contexto, surge a Administração de salários, que pode ser definida como um conjunto de normas e procedimentos que visa estabelecer e/ou manter estruturas de salários equitativas e justas na organização (CHIAVENATO, 2000), em relação: • aos salários referentes aos demais cargos da própria organização, visando o equilíbrio interno; 13 • aos salários referentes aos mesmos cargos em outras empresas, que atuam no mercado de trabalho, visando o equilíbrio externo. Observe a figura 2 abaixo: Administração de salários implantação e/ou Manutenção de Estruturas Salariais Avaliação de Cargos Classi�cação de Cargos Pesquisa Salarial Políticas da Organização Política Salarial Retroação (Reciclagem) Figura 2 - Sistema de administração salarial Fonte: Chiavenato (2008, p. 303). Segundo Maximiano (2012, p. 203) "A Avaliação de cargos é uma atividade que deve ser aplicada em tempos estabelecidos, visto que estamos em um mundo em crescente transformação, as empresas mudam, as pessoas mudam e os cargos precisam ser reavaliados". Do que se trata essa avaliação? A avaliação de cargos é um meio de determinar o valor relativo de cada cargo dentro da estrutura organizacional e, portanto, a posição relativa de cada cargo dentro da estrutura de cargos da organização, ou seja, a avaliação de cargos procura determinar a posição relativa de cada cargo com os demais, por meio de comparação, buscando a justiça e a equidade de salários com todos. Veja, de forma prática, como pode ser realizada a análise do cargo para a avaliação, na Figura 3. 14 Figura 3 - Análise e avaliação do cargo Fonte: Adaptado de Maximiano (2012, p. 205). Em um mercado dinâmico, competitivo, globalizado e influenciado pela tecnologia da informação, novas formas de remuneração surgem, trazendo profundas transformações para esse meio. Nessa direção, as organizações não podem ou não devem continuar a corrigir ou aumentar, indefinidamente, os salários, em determinadas porcentagens, a cada ano, para acompanhar o aumento do custo de vida, sem um correspondente aumento de produtividade e desempenho. Por essa razão, muitas organizações estão migrando para sistemas de remuneração voltados para o desempenho e abandonando os tradicionais métodos fixos. As novas abordagens apresentam planos de remuneração flexível, por meio do alcance de metas e objetivos, e remuneração por equipes. A remuneração variável é a parcela da remuneração total creditada periodicamente (trimestral, semestral ou anual) para os funcionários. O fator preponderante nessa remuneração variável são os resultados alcançados pela empresa, pelo departamento ou pelo funcionário individual. Nessa proposta, o objetivo é fazer do funcionário um parceiro nos negócios da empresa, ou seja, o funcionário ou parceiro somente recebe mais dinheiro se a empresa tiver os ganhos de produtividade negociados no início do exercício. Dessa forma, a remuneração variável não pressiona os custos da empresa, é autofinanciada com o aumento da produtividade e com a redução de custos (CHIAVENATO, 2008, p. 304). 15 Com o sufoco da crise e da abertura de mercado, as empresas precisam economizar, reduzir e cortar custos altos, sendo assim, a remuneração flexível foi a saída, além de gerar uma motivação extra para funcionários, bem como incentivá-los a aumentarem a produtividade; no final, todo mundo ganha. Para Maximiano (2012, p. 207 ), a condição fundamental para a remuneração variável é a existência de uma estrutura de cargos e salários na empresa que possa servir de base para o sistema. Além disso, a remuneração variável requer quatro aspectos básicos: 1 a empresa deve estar orientada em seu planejamento estratégico para uma administração participativa e por objetivos. 2 processo simples e de compreensão e acompanhamento que permite a quantificação objetiva do desempenho da organização, das unidades e dos funcionários. 3 flexibilidade, de maneira que permita ajustes sempre que necessário. 4 transparência nos critérios de premiação, que devem ser negociados e aceitos por todos os funcionários envolvidos.Dentro do conceito de remuneração variável, há: • remuneração por habilidades. • remuneração por competências. Para Chiavenato (2004, p. 327-328), a remuneração por habilidades é a que paga salários com base no que os trabalhadores demonstraram saber e não com base nos cargos que ocupam. “As habilidades são diferentes tipos de capacitações requeridas para a realização de um trabalho”. Essas capacitações podem ser agrupadas em dois tipos: 1. Capacitação baseada no conhecimento - a remuneração é definida de acordo com a profundidade do conhecimento, relacionado a um cargo ou função de nível superior; para o colaborador evoluir na carreira e obter melhores rendi- mentos, ele tem que obter um upgrade em sua formação, se é graduado, por exemplo, deve fazer uma pós-graduação. 2. Capacitação baseada em multi-habilidades - para a remuneração do cola- borador é considerado a quantidade de diferentes cargos ou funções (am- plitude de conhecimentos) que o colaborador pode desempenhar, como em funções operacionais de produção e gestão de almoxarifado. O aumento sa- larial acontecerá com a aquisição de novos conhecimentos, que deverão ser voltados para um conjunto de tarefas inter-relacionadas. 16 Nessa perspectiva, conheça quais são os pontos positivos da remuneração por habilidades para o colaborador e para a empresa, para Ribeiro (2019, p.1), as 3 principais vantagens da remuneração por habilidades são: • Incentivo para o crescimento: muitos profissionais não têm motivação para fazer cursos e se capacitar mais, pois sabem que vão continuar ganhando o mesmo salário. Com a remuneração por habilidades, eles podem se sentir mais estimulados a buscarem mais conhecimento técnicos, emocionais e comportamentais por meios de cursos complementares e de coaching, por exemplo. Aqui já fica a super dica de que o método coaching é uma excelente forma de praticar o autoconhecimento, autodesenvolvimento e a inteligência emocional, essenciais para a vida profissional e pessoal. • Melhoria contínua: as empresas que adotam a melhoria contínua como parte da sua política interna têm muitos benefícios ao adotarem o salário por competência, pois esta é uma forma de incentivar a evolução continuada do seu capital humano. Todos passam a ficar engajados em melhorar, o que pode trazer ótimos resultados humanos e financeiros para a organização. • Competências que se tornam mais valorizadas: para muitos profissionais e empresa é excelente trabalhar no mesmo local por muito tempo. Porém, isso pode se tornar negativo, caso esses colaboradores sejam resistentes às mudanças. Com a remuneração por habilidades, o foco fica no desempenho de cada um e não no tempo de casa. Essa mudança de mindset faz com que apenas os trabalhadores que estejam dispostos a se aperfeiçoar cada vez mais permaneçam. (RIBEIRO, 2019, p.1). A remuneração baseada nas habilidades é semelhante à da estrutura tradicional, baseada em cargos e funções, ou seja, em vez da análise do cargo, o processo começa com a análise de habilidades. Isso constitui um processo sistemático de coleta de informações sobre o conhecimento, ou das capacitações, necessário para o desempenho de uma função dentro da organização. As habilidades devem ser derivadas do trabalho a ser realizado, focadas no desenvolvimento de um quadro de funcionários, em que exista flexibilidade e em que todos sejam compreendidos e aceitos pelos grupos de interesses envolvidos (CHIAVENATO, 2008). Não há uma forma dos funcionários poderem comprovar que são aptos para determinada habilidade; algumas empresas utilizam os diplomas dos funcionários como evidências de certificação, outras empresas utilizam a avaliação de desempenho, ou os testes de certificação, outras, ainda, têm uma comissão de certificação formada por executivos e funcionários, para avaliar e certificar habilidades. https://www.jrmcoaching.com.br/blog/o-que-e-motivacao-trabalho-e-motivacao-organizacional/ 17 CRITÉRIO AVALIAÇÃO DE CARGOS REMUNERAÇÃO POR HABILIDA- DES REMUNERA- ÇÃO POR COMPETÊN- CIAS Base de comparação Fatores de avaliação Blocos de habilidades Competências Quantificação Graduação e pesos para cada fator Níveis de habilidades Níveis de competência Conversão em pagamento Atribuição de pontos que refletem os critérios da estrutura de remuneração Certificação e valoração no mercado Certificação e valoração no mercado Vantagens Pagamento baseado no valor do trabalho realizado Flexibilidade. Redução do pessoal. Recompensa ao aprendizado contínuo. Flexibilidade Recompensa ao desenvolvimento Vantagens Burocratização potencial Inflexibilidade Homogeneização Pode tornar-se onerosa e/ou burocrática Pode tornar-se obsoleta. Indefinição Difícil de medir Pode tornar-se obsoleta. Quadro 3 - Tipos de remuneração Fonte: Adaptado de Chiavenato (2008, p. 329). Segundo Chiavenato (2008, p. 328). A remuneração por competências refere-se, principalmente, ao trabalho gerencial e profissional, enquanto as habilidades são utilizadas para avaliar funções técnicas e operacionais. As competências constituem os atributos básicos das pessoas que agregam valor à organização. A definição das competências refere-se às pessoas que ocupam o cargo; as habilidades, por sua vez, dizem respeito a funções técnicas e operacionais. No Quadro 3, há um comparativo com critérios específicos, incluindo as vantagens e as desvantagens das formas de remuneração: por cargos, por habilidades e por competências; cabe a cada organização avaliar e definir o melhor caminho a seguir, tendo em vista que, na era da competitividade, a remuneração fixa se tornou insuficiente para motivar e incentivar as pessoas, e promover o comportamento proativo na busca de resultados cada vez melhores. A partir disso, muitas empresas estão utilizando planos de incentivo. Os principais são descrito a seguir, de acordo com Chiavenato(2008, p. 340): 18 • Remuneração por competências ou habilidades: relacionada ao grau de informação, ao nível de capacitação de cada colaborador e às habilidades técnicas necessárias à organização. • Plano de bonificação anual: valor monetário oferecido ao final de cada ano para funcionários em função de sua contribuição no desempenho da organização, medido por meio de indicadores como lucratividade, produtividade, aumento na participação no mercado e outros, o que não integra o salário. • Distribuição no lucro aos funcionários: a participação nos lucros e resultados (PLR) é legalmente regulamentada e significa a distribuição anual de uma parcela dos lucros da organização entre seus funcionários. • Participação nos resultados alcançados: relacionada ao desempenho do colaborador no alcance de metas e resultados estabelecidos para determinado período de tempo. A participação nos resultados é uma porcentagem com que cada funcionário participa dos resultados da empresa, ou do departamento do qual faz parte, e contribui para o atingimento do resultado. • Distribuição de ações da organização aos funcionários: a distribuição gratuita de ações da empresa para determinados funcionários é uma forma de compensação por meio de papéis na empresa, em vez de dinheiro. • Opção de compra de ações da empresa: oferta de ações que são vendidas por preço subsidiado ou transferidas para funcionários de acordo com critérios estabelecidos, de forma que o funcionário se torne parceiro da empresa (CHIAVENATO, 2008, p. 340). Assim, observamos que, quando se trata de remuneração flexível, o principal objetivo das organizações é buscar aumento da produtividade, da qualidade, da frequência no trabalho, da satisfação dos funcionários, ou seja, buscar uma forma para que as pessoas possam agregar valor à organização. Tendências Para a Gestão de Pessoas No final do século XX com o processo de globalização, que impacta a todos no dia a dia, temos nos tornado seres humanos globais. Ela reúne conceitos novos e velhos, valores e cultura de diversos países, misturaformas de trabalhar e processos de trabalhos manuais com automatizados, abre todos canais de comunicação (eletrônica), nos quais todo e qualquer tipo de informação pode estar disponível 24 horas por dia, todos os dias da semana. 19 A globalização se apresenta em nosso dia a dia de modos diferentes, por exemplo, na forma como nossos trabalhos são redesenhados, na criação de novos produtos, na interação com novas tecnologias, nas comunicações com pessoas de todas as partes do mundo, ou seja, é um mundo sem fronteiras. Em questão de minutos, recursos financeiros mudam de um país para outro, em busca de melhor retorno e maior estabilidade política e econômica, e é apenas um clique via internet que tem o poder de fazer tudo isso. O mercado se tornou único, integrado para recursos financeiros, materiais e humanos. Com esse processo de globalização, é comum que alguns países se tornem importantes, pela sua capacidade de investimento, de desenvolver novas tecnologias, novos produtos e metodologias de trabalho inovadoras. Outros países são importantes pela abundância de mão de obra barata ou de leis trabalhistas flexíveis. Outros países, ainda, ganham importância devido ao tamanho de seu mercado e de sua população, sendo que a capacidade de atração, de investimentos externos, é o que determinará o nível de integração desse país no processo de globalização ou a exclusão desse movimento, sem precedentes na história da sociedade e da economia mundial. Nas empresas, os negócios se globalizaram, no sentido de que querem crescer e, para isso, tendem a direcionar seus esforços para novos mercados ainda não explorados. As fusões e as aquisições estão criando megaempresas com melhores produtos, que buscam se especializar em suas áreas para serem melhores e oferecerem produtos e serviços customizados. Consequentemente, a vida das pessoas tem mudado dentro e fora das organizações. Isso se dá porque a maneira de realizar o mesmo trabalho pode ser mudada com frequência, com a utilização de novas tecnologias e processos gerenciais, o que faz com que as pessoas façam um esforço intenso para acompanharem essas mudanças e para se adaptarem a essas novas oportunidades e riscos. 20 Os Estagiários (2013) Para que o clima organizacional seja positivo e contagioso, é importante uma manutenção contínua por parte da liderança. No entanto, todos são corresponsáveis nesse processo. Então, convido você a assistir ao filme “Os estagiários" (2013), do diretor Shaw Levy, que conta a história de dois profissionais, em torno de 40 anos, totalmente desatualizados no mundo da tecnologia e que, após serem demitidos, resolvem começar um programa de estágio no Google. O filme apresenta um pouco da “vida no Google” e das novas tecnologias. Apesar de os profissionais entrarem sem saber nada, enfrentarem problemas e terem no comando jovens com 20 e poucos anos, eles conseguiram se readaptar, mostraram uma grande liderança e capacidade de manter um bom clima organizacional entre sua equipe de trabalho. Tente perceber as qualidades que demonstraram, apesar das dificuldades e limitações, e como isso foi impactante no resultado final do trabalho, bem como na manutenção do clima organizacional entre a equipe. Disponível no link. Fonte: Elaborado pelo autor. Saiba mais https://www.youtube.com/watch?v=iJNvxWemhI4&t=7s 21 Conclusão Nesse contexto, aumenta-se a necessidade de pessoas com habilidades multidisciplinares, flexíveis, adaptáveis às constantes mudanças implementadas. Em contrapartida, a busca contínua por melhoria e produtividade da qualidade e da inovação vai continuar, da mesma forma que o profissional precisa estar constantemente em movimento, na busca de aprendizado contínuo e de novos conhecimentos, para que possa manter a sua empregabilidade no mercado. A pergunta que desafiamos você a refletir, caro(a) aluno(a), é: quão preparado estamos para enfrentar esse momento e sobreviver às intempéries da globalização? Referências ANTONELLO, C. S.; GODOY, A. S. et al. Aprendizagem organizacional no Brasil. Porto Alegre: Bookman, 2011. CHIAVENATO, I. Introdução à administração de pessoal. 3. ed. São Paulo: Makron Books, 2000. CHIAVENATO, I. Remuneração, benefícios e relações de trabalho: como reter talentos na organização. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2003. CHIAVEATO, I. Gestão de pessoas: e o novo papel dos recursos humanos nas organizações. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. CHIAVENATO, I. Recursos Humanos. O capital Humano das Organizações. 8. ed. São Paulo: Atla, 2008. EBOLI, M. et al. Educação corporativa: fundamentos, evolução e implantação de projetos. São Paulo: Atlas, 2010. GREENBERG, J.; BARON, R. A. Behavior in organizations. Upper-Sadlle River: Prentice Hall, 2000. MRRAS, J. P. Administração de Recursos Humanos: Do operacional ao estratégico. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. MAXIMIANO, A. C. A. Introdução à Administração. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2012. RIBEIRO, P.. Remuneração por Habilidades: Vantagens e Desvantagens. GO: Blog do JRM. 2019. Disponível em: https://www.jrmcoaching.com.br/blog/remuneracao-por- habilidades-vantagens-e-desvantagens/. Acesso em: 17 jul. 2023.
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