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3 DPE I - lesao corporal grave art 129, parag 1o

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LESÃO CORPORAL DE NATUREZA GRAVE: parágrafo primeiro abrange tantos as lesões corporais graves e o parágrafo segundo as gravíssimas. O que não estiver estipulado entende-se como leve e a pena é a do caput.
O parágrafo primeiro diz:
I. SE RESULTAR INCAPACIDADE PARA AS OCUPAÇÕES HABITUAIS POR MAIS DE TRINTA DIAS.
Uma pessoa causa lesão corporal em outra e a deixa incapaz por mais de trinta dias. Veja que nesses casos de lesões corporais grave e gravíssimas todos os resultados não são queridos pelo agente. Analisando a palavra incapacidade ao pé da letra é efetiva impossibilidade de realizar suas ocupações habituais por mais de 30 dias. Se essa capacidade for apenas restringida, o que seria apenas uma debilidade, podendo fazer algumas coisas, não haveria essa qualificadora, pois deve ficar incapacitada.
· Sobre a ocupação habitual: veja que o legislador não se referiu especificamente ao trabalho, assim sendo qualquer atividade exercida pela vítima seja mental ou física e faça parte do cotidiano da vítima e esta não puder realiza-la, caberá aqui esta qualificadora. 
Ex: pentear cabelo, deixar de fazer caminhada também são ocupações habituais, seria então qualquer atividade em concreto. Necessariamente essa ocupação habitual tem que ser lícita (moral ou imoral)
Se quebra a perna de uma prostituta= incide a qualificadora. 
Se quebra a perna do ladrão= não há a qualificadora.
Não se pode se pode exigir que a vítima se sacrifique, ou seja ela ainda sente dor mas consegue pentear o cabelo= há a qualificadora. Essa incapacidade deve ser objetiva, que realmente impeça a pessoa de praticar o que antes praticava sem nenhum sacrifício.
PROVA DA MATERIALIDADE – mediante exame complementar. 
É um crime não-transeunte, ou seja que deixa vestígio, que é a própria lesão corporal e deve ser feito o exame de corpo delito. Só haverá a lesão grave se for por mais de 30 dias, se for menos será lesão corporal leve. 
Aqui há um exame de corpo de delito no momento da denúncia e, posteriormente, um exame complementar para provar a incapacidade da vítima. 
Por exigir a necessidade desse tempo para esta qualificadora, esse crime é também chamado CRIME DE PRAZO
O delegado fica esperando o exame complementar após o trigésimo dia para saber se a lesão foi grave ou leve. A depender do caso pode ser exigido mais de um exame complementar.
II. SE DA LESÃO CORPORAL RESULTAR PERIGO DE VIDA.
Aqui há uma ligação à possibilidade CONCRETA de morte.
Depende do diagnóstico dado por um médico. 
O delegado pergunta para o médico legista se da lesão resultou perigo de vida e dependendo da resposta do médico ele saberá se cabe ou não a qualificadora. Sem o parecer médico o delegado sozinho não pode estipular essa qualificadora. 
Esse perigo de vida pode decorrer da própria lesão ou de alguma patologia decorrente dela. 
Ex: uma pedrada na cabeça pode resultar algum outro problema que cause o perigo de vida. Ou se a lesão piora o estado de saúde da vítima.
A perícia médica deve ser fundamentada de forma precisa.
Alguns doutrinadores dizem que o resultado perigo de vida não pode ser querido pelo agente, ou seja não pode ser doloso, pois se for doloso será uma tentativa de homicídio. Só admite a forma culposa.
III. DEBILIDADE PERMANENTE DE MEMBRO, SENTIDO OU FUNÇÃO.
Debilidade é a diminuição da capacidade funcional.
Debilidade não se confunde com incapacidade. Ex: um corte na mão e a mão fica debilitada, ou seja, com a capacidade diminuída.
“Há de ser permanente” - A permanência que o legislador usou não significa perpetuidade e sim duradoura, mas para ele esse “duradoura” não há definição de prazo, ou seja, o tempo de recuperação é incerto. 
· Debilidade de sentido - redução da capacidade auditiva
· Debilidade de função – redução da capacidade respiratória
· Debilidade de membro – perda de um dedo
Outros exemplos são a diminuição da função renal por conta de um soco ou qualquer sentido.
Em relação aos órgãos duplos. Em caso dos olhos, quando se perde um só a função ficou debilitada e não incapacitada. O mesmo ocorre com os pulmões. Se perde os dois, configura lesão corporal gravíssima
Na perda de dentes, se a função mastigatória fica debilitada tem que ser avaliada quantos dentes tem pra ver o que vai fazer falta. Se tiver os 32 e perde um não fica, mas se só tiver 4...então é depende...
Em decorrência da lesão corporal fica com um rim debilitado e faz uma cirurgia que se restabelece, mas isso não exclui a qualificadora, pois não se pode obrigar a vítima a se submeter a tais procedimentos.
· A recuperação por meio de cirurgia não exclui a qualificadora, pois a vítima não é obrigada a se submeter a esses procedimentos
IV. ACELERAÇÃO DO PARTO.
Exige-se o conhecimento da gravidez pelo agente, para que se afaste a responsabilidade penal objetiva. O direito penal aplica a responsabilidade penal subjetiva. Logo, se o agente não souber que a mulher está grávida e causa alguma lesão que acelera o parto, ele vai responder por lesão leve se a criança nascer viva. 
Se a criança nascer morta será aborto e lesão corporal gravíssima. 
Se a criança nasce viva e depois morre e ficar provado que foi em decorrência da aceleração do parto. Há divergência:
Uma corrente doutrinária defendida por Hungria, se ficar provado que ela morreu em consequência de ter nascido antes do tempo, será lesão corporal gravíssima e aborto. Essa é a posição majoritária apesar de que aborto a criança não nasce viva.
A segunda corrente defendida por Mirabete não concorda por achar que não é aborto e a que mesmo que a criança morra depois será lesão corporal de natureza grave.
OBS – vimos que há 4 qualificadoras na lesão corporal grave. Mas e se ocorrer duas qualificadoras:
Havendo duas qualificadoras é possível? Já estudamos no homicídio, uma vamos usar para qualificar e a outra na dosimetria da pena como circunstâncias judiciais desfavoráveis.
LESÃO CORPORAL GRAVÍSSIMA: paragrafo 2º do art 129
I. Incapacidade permanente para o trabalho: atividade remunerada
Embora o legislador tenha descrito que a incapacidade seja permanente, não deve ser interpretada como perpétuo, basta que seja duradoura. Ex: o pianista que foi agredido e ele perde um dos seus dedos, haveria a incapacidade para o trabalho? A incapacidade permanente de um trabalho específico, esta incapacidade deve ser de forma genérica, pois a rigor sempre deverá um trabalho a ser exercido. Deve-se ter um consenso na hora de analisar. Alguns autores acham que um médico por exemplo se perder as mãos não poderá ser faxineiro.
II. Enfermidade incurável: 
A lesão deixa com uma doença para sempre ainda que essa enfermidade possa ser enfrentada por cirurgia complexa, ou dolorida demais, ou em caráter experimental, ainda assim haveria a qualificadora, pois a vítima não é obrigada a se submeter a este tratamento. Mas se for uma cirurgia simples e a vítima se negar fazer não vai haver a qualificadora. E caso surja um tratamento posteriormente, a qualificadora não deixará de existir, pois esse tratamento deve existir à época do fato.
III. Perda ou inutilização do membro, sentido ou função:
Além da perda do membro a perda da função reprodutora, ou seja a inutilização das funções. Uma pessoa foi vítima de uma porrada no ouvido e ficou surda, o ouvido continua mas há a inutilização daquela função. Perda de parte da mão será debilidade do membro, mas se perder a outa parte já será perda de capacidade e lesão corporal gravíssima. Se perder um dos olhos será visão debilitada. Prótese não retira a qualificadora. Se houver reimplante do membro e se o membro voltar a sua atividade normal aí se retiraria aquela qualificadora. Se ficasse somente comprometido seria grave. Se não desse jeito seria gravíssima.
Mudança de sexo, histerectomia e vasectomia são permitidos pelo Estado. Tipicidade conglobante diz se um dos ramos do direito permitir tal conduta então o direito penal não pode tipificá-la.
IV. Deformidade permanente:
Uma cicatriz no braço, queimadura...

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