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curso-183564-aula-04-grifado-dcb8

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Sumário 
Considerações Iniciais ......................................................................................................................................... 4 
Lei n. 13.445/2017 (Lei de Migração) .............................................................................................................. 4 
1. Disposições Preliminares ............................................................................................................................. 4 
1.1. Disposições Gerais ............................................................................................................................... 4 
1.2. Dos Princípios e das Garantias ............................................................................................................ 5 
2. Da Situação Documental do Migrante e do Visitante ................................................................................. 7 
2.1. Dos Documentos de Viagem ................................................................................................................. 7 
2.2. Dos Vistos ............................................................................................................................................. 8 
2.3. Do Registro de Identificação Civil do Imigrante e dos Detentores de Vistos Diplomático, Oficial e de 
Cortesia ..................................................................................................................................................... 14 
3. Da Condição Jurídica do Migrante e do Visitante ................................................................................... 14 
3.1. Do Residente Fronteiriço .................................................................................................................... 14 
3.2. Da Proteção do Apátrida e da Redução da Apatridia .................................................................... 15 
3.3. Do Asilado ......................................................................................................................................... 16 
3.4. Da Autorização da Residência .......................................................................................................... 16 
3.5. Da Reunião Familiar ........................................................................................................................... 19 
4. Da Entrada e da Saída do Território Nacional ........................................................................................ 19 
4.1. Da Fiscalização Marítima, Aeroportuária e de Fronteira .................................................................. 19 
4.2. Do Impedimento de Ingresso .............................................................................................................. 20 
5. Das Medidas de Retirada Compulsória .................................................................................................... 21 
6. Da Opção de Nacionalidade e da Naturalização .................................................................................. 25 
6.1. Da Opção de Nacionalidade ............................................................................................................ 25 
6.2. Das Condições da Naturalização ...................................................................................................... 25 
 
 
 
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6.3. Dos Efeitos da Naturalização ............................................................................................................ 27 
6.4. Da Perda da Nacionalidade ............................................................................................................. 27 
6.5. Da Reaquisição da Nacionalidade .................................................................................................... 27 
7. Do Emigrante ............................................................................................................................................ 27 
7.1. Das Políticas Públicas para os Emigrantes ......................................................................................... 27 
7.2. Dos Direitos do Emigrante .................................................................................................................. 28 
8. Das Medidas de Cooperação .................................................................................................................. 28 
8.1. Da Extradição .................................................................................................................................... 28 
8.2. Da Transferência de Execução da Pena ............................................................................................ 37 
8.3. Da Transferência de Pessoa Condenada .......................................................................................... 37 
9. Das Infrações e das Penalidades Administrativas .................................................................................... 39 
10. Disposições Finais e Transitórias ............................................................................................................. 40 
Questões Comentadas ...................................................................................................................................... 42 
Lista de Questões .............................................................................................................................................. 59 
Gabarito ........................................................................................................................................................... 68 
Resumo .............................................................................................................................................................. 69 
 
 
 
 
 
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CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
Olá, caro amigo! 
Hoje estudaremos a Lei nº 13.445 de 2017 (Lei de Migração). Vamos lá!? 
Força! Bons estudos! 
LEI N. 13.445/2017 (LEI DE MIGRAÇÃO) 
1. Disposições Preliminares 
1.1. Disposições Gerais 
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre os direitos e os deveres do migrante e do visitante, regula a sua entrada e 
estada no País e estabelece princípios e diretrizes para as políticas públicas para o emigrante. 
A Lei n. 13.445/2017 trata basicamente das relações do Estado brasileiro com os estrangeiros. É nesta lei que 
encontraremos as regras sobre a entrada e saída de estrangeiros no Brasil, suas visitas e o procedimento 
para migração. Lembre-se de que a Lei de Migração substituiu o antigo Estatuto do Estrangeiro, que foi por 
ela inteiramente revogado. 
Além disso, é importante saber também que a Lei de Migração não prejudica a aplicação de normas internas 
e internacionais específicas sobre refugiados, asilados, agentes e pessoal diplomático ou consular, 
funcionários de organização internacional e seus familiares. 
Logo no início, a lei estabelece alguns conceitos básicos, que serão muito importantes para a nossa 
compreensão posterior dos dispositivos legais. 
LEI DE MIGRAÇÃO – CONCEITOS BÁSICOS 
IMIGRANTE Pessoa nacional de outro país ou apátrida que trabalha ou reside 
e se estabelece temporária ou definitivamente no Brasil. 
EMIGRANTE Brasileiro que se estabelece temporária ou definitivamente no 
exterior. 
RESIDENTE FRONTEIRIÇO Pessoa nacional de país limítrofe ou apátrida que conserva a sua 
residência habitual em município fronteiriço de país vizinho. 
VISITANTE Pessoa nacional de outro país ou apátrida que vem ao Brasil para 
estadas de curta duração, sem pretensão de se estabelecer 
temporária ou definitivamente no território nacional. 
APÁTRIDA Pessoa que não seja considerada como nacional por nenhum 
Estado, segundo a sua legislação, nos termos da Convenção 
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sobre o Estatuto dos Apátridas, de 1954, promulgada 
pelo Decreto nº 4.246, de 22 de maio de 2002, ou assim 
reconhecida pelo Estado brasileiro. 
1.2. Dos Princípios e das GarantiasNesta seção a Lei de Migração estabelece os princípios e diretrizes que devem ser observados na execução 
da política migratória brasileira, bem como os direitos garantidos ao migrante. 
O único detalhe que vale a pena mencionar aqui é que os direitos e garantias previstos na lei são exercidos 
independentemente da situação migratória. Isso significa que os direitos aqui mencionados devem ser 
assegurados mesmo a migrantes que estejam em situação irregular. 
Art. 3º A política migratória brasileira rege-se pelos seguintes princípios e diretrizes: 
I - universalidade, indivisibilidade e interdependência dos direitos humanos; 
II - repúdio e prevenção à xenofobia, ao racismo e a quaisquer formas de discriminação; 
III - não criminalização da migração; 
IV - não discriminação em razão dos critérios ou dos procedimentos pelos quais a pessoa foi admitida em 
território nacional; 
V - promoção de entrada regular e de regularização documental; 
VI - acolhida humanitária; 
VII - desenvolvimento econômico, turístico, social, cultural, esportivo, científico e tecnológico do Brasil; 
VIII - garantia do direito à reunião familiar; 
IX - igualdade de tratamento e de oportunidade ao migrante e a seus familiares; 
X - inclusão social, laboral e produtiva do migrante por meio de políticas públicas; 
XI - acesso igualitário e livre do migrante a serviços, programas e benefícios sociais, bens públicos, 
educação, assistência jurídica integral pública, trabalho, moradia, serviço bancário e seguridade social; 
XII - promoção e difusão de direitos, liberdades, garantias e obrigações do migrante; 
XIII - diálogo social na formulação, na execução e na avaliação de políticas migratórias e promoção da 
participação cidadã do migrante; 
XIV - fortalecimento da integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, 
mediante constituição de espaços de cidadania e de livre circulação de pessoas; 
XV - cooperação internacional com Estados de origem, de trânsito e de destino de movimentos migratórios, 
a fim de garantir efetiva proteção aos direitos humanos do migrante; 
XVI - integração e desenvolvimento das regiões de fronteira e articulação de políticas públicas regionais 
capazes de garantir efetividade aos direitos do residente fronteiriço; 
XVII - proteção integral e atenção ao superior interesse da criança e do adolescente migrante; 
XVIII - observância ao disposto em tratado; 
XIX - proteção ao brasileiro no exterior; 
XX - migração e desenvolvimento humano no local de origem, como direitos inalienáveis de todas as pessoas; 
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XXI - promoção do reconhecimento acadêmico e do exercício profissional no Brasil, nos termos da lei; e 
XXII - repúdio a práticas de expulsão ou de deportação coletivas. 
Art. 4º Ao migrante é garantida no território nacional, em condição de igualdade com os nacionais, a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, bem como são 
assegurados: 
I - direitos e liberdades civis, sociais, culturais e econômicos; 
II - direito à liberdade de circulação em território nacional; 
III - direito à reunião familiar do migrante com seu cônjuge ou companheiro e seus filhos, familiares e 
dependentes; 
IV - medidas de proteção a vítimas e testemunhas de crimes e de violações de direitos; 
V - direito de transferir recursos decorrentes de sua renda e economias pessoais a outro país, observada a 
legislação aplicável; 
VI - direito de reunião para fins pacíficos; 
VII - direito de associação, inclusive sindical, para fins lícitos; 
VIII - acesso a serviços públicos de saúde e de assistência social e à previdência social, nos termos da lei, 
sem discriminação em razão da nacionalidade e da condição migratória; 
IX - amplo acesso à justiça e à assistência jurídica integral gratuita aos que comprovarem insuficiência de 
recursos; 
X - direito à educação pública, vedada a discriminação em razão da nacionalidade e da condição 
migratória; 
XI - garantia de cumprimento de obrigações legais e contratuais trabalhistas e de aplicação das normas de 
proteção ao trabalhador, sem discriminação em razão da nacionalidade e da condição migratória; 
XII - isenção das taxas de que trata esta Lei, mediante declaração de hipossuficiência econômica, na forma 
de regulamento; 
XIII - direito de acesso à informação e garantia de confidencialidade quanto aos dados pessoais do migrante, 
nos termos da Lei no 12.527, de 18 de novembro de 2011; 
XIV - direito a abertura de conta bancária; 
XV - direito de sair, de permanecer e de reingressar em território nacional, mesmo enquanto pendente pedido 
de autorização de residência, de prorrogação de estada ou de transformação de visto em autorização de 
residência; e 
XVI - direito do imigrante de ser informado sobre as garantias que lhe são asseguradas para fins de 
regularização migratória. 
 
Os direitos e as garantias previstos na Lei de Migração serão exercidos em observância ao 
disposto na Constituição Federal, independentemente da situação migratória, e não 
excluem outros decorrentes de tratado de que o Brasil seja parte. 
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2. Da Situação Documental do Migrante e do Visitante 
2.1. Dos Documentos de Viagem 
Art. 5º São documentos de viagem: 
I - passaporte; 
II - laissez-passer; 
III - autorização de retorno; 
IV - salvo-conduto; 
V - carteira de identidade de marítimo; 
VI - carteira de matrícula consular; 
VII - documento de identidade civil ou documento estrangeiro equivalente, quando admitidos em tratado; 
VIII - certificado de membro de tripulação de transporte aéreo; e 
IX - outros que vierem a ser reconhecidos pelo Estado brasileiro em regulamento. 
O documento de viagem mais conhecido certamente é o passaporte, mas existem vários outros. Se você já 
viajou a algum país com laços mais próximos do Brasil, como os países do Mercosul, por exemplo, sabe que 
é possível aos brasileiros visitar esses países apresentando apenas a carteira de identidade. Da mesma forma, 
em razão do princípio da reciprocidade, os nacionais desses países podem entrar no Brasil apresentando os 
mesmos documentos. 
Os documentos que estão marcados em azul, quando emitidos pelo Estado brasileiro, são de propriedade 
da União, cabendo a seu titular a posse direta e o uso regular. 
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2.2. Dos Vistos 
Art. 6º O visto é o documento que dá a seu titular expectativa de ingresso em território nacional. 
O visto é basicamente o documento que autoriza a entrada de um estrangeiro no país. Em regra, esses vistos 
são concedidos no exterior (por pressuposto lógico, já que o estrangeiro precisa dele para entrar!), mas os 
vistos diplomático, oficial e de cortesia podem ser excepcionalmente concedidos no Brasil. 
Em regra, os órgãos competentes para conceder vistos são as embaixadas, os consulados-gerais, consulados, 
vice-consulados e, quando habilitados pelo órgão competente do Poder Executivo, os escritórios comerciais 
e de representação do Brasil no exterior. 
Documentos de 
viagem
são de propriedade da União, 
cabendo a seu titular a posse 
direta e o uso regular
passaporte
laissez-passer
autorização de retorno
salvo-conduto
carteira de identidade de 
marítimo
carteira de matrícula consular
outros que vierem a ser 
reconhecidos pelo Estado 
brasileiro em regulamento
não são de propriedade da 
União
documento de identidade civil 
ou documento estrangeiro 
equivalente, quando 
admitidos em tratado
certificado de membro de 
tripulação de transporte aéreo
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A lei prevê expressamente também a possibilidade da cobrança de taxas e emolumentos consularespelo 
processamento do visto. 
 
Os vistos diplomático, oficial e de cortesia podem ser excepcionalmente concedidos no 
Brasil. 
Art. 10. Não se concederá visto: 
I - a quem não preencher os requisitos para o tipo de visto pleiteado; 
II - a quem comprovadamente ocultar condição impeditiva de concessão de visto ou de ingresso no País; ou 
III - a menor de 18 (dezoito) anos desacompanhado ou sem autorização de viagem por escrito dos 
responsáveis legais ou de autoridade competente. 
Art. 11. Poderá ser denegado visto a quem se enquadrar em pelo menos um dos casos de impedimento 
definidos nos incisos I, II, III, IV e IX do art. 45. 
Parágrafo único. A pessoa que tiver visto brasileiro denegado será impedida de ingressar no País enquanto 
permanecerem as condições que ensejaram a denegação. 
Nas situações descritas no art. 10 não poderá ser concedido o visto. A primeira hipótese é o não 
preenchimento dos requisitos, que dependem da modalidade de visto a ser concedido. 
Temos ainda a proibição de concessão de visto a quem ocupar condição impeditiva de concessão de visto ou 
de ingresso no país. Aqui devemos mencionar o art. 45. 
Art. 45. Poderá ser impedida de ingressar no País, após entrevista individual e mediante ato fundamentado, 
a pessoa: 
I - anteriormente expulsa do País, enquanto os efeitos da expulsão vigorarem; 
II - condenada ou respondendo a processo por ato de terrorismo ou por crime de genocídio, crime contra a 
humanidade, crime de guerra ou crime de agressão, nos termos definidos pelo Estatuto de Roma do Tribunal 
Penal Internacional, de 1998, promulgado pelo Decreto no 4.388, de 25 de setembro de 2002; 
III - condenada ou respondendo a processo em outro país por crime doloso passível de extradição segundo 
a lei brasileira; 
IV - que tenha o nome incluído em lista de restrições por ordem judicial ou por compromisso assumido pelo 
Brasil perante organismo internacional; 
V - que apresente documento de viagem que: 
a) não seja válido para o Brasil; 
b) esteja com o prazo de validade vencido; ou 
c) esteja com rasura ou indício de falsificação; 
VI - que não apresente documento de viagem ou documento de identidade, quando admitido; 
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VII - cuja razão da viagem não seja condizente com o visto ou com o motivo alegado para a isenção de 
visto; 
VIII - que tenha, comprovadamente, fraudado documentação ou prestado informação falsa por ocasião da 
solicitação de visto; ou 
IX - que tenha praticado ato contrário aos princípios e objetivos dispostos na Constituição Federal. 
Parágrafo único. Ninguém será impedido de ingressar no País por motivo de raça, religião, nacionalidade, 
pertinência a grupo social ou opinião política. 
Em terceiro lugar temos a proibição da concessão de visto para menor de 18 anos desacompanhado ou sem 
autorização de viagem por escrito dos responsáveis legais ou de autoridade competente. 
A lei prevê em seu art. 12 cinco modalidades diferentes de vistos. 
 
É preciso saber os detalhes sobre cada um deles? SIM! Acredito que este seja um dos principais pontos da 
nossa aula de hoje. Na tabela a seguir temos todas as informações que você precisa conhecer sobre cada 
modalidade. Por favor leia isso várias vezes, ok!? 
TIPOS DE VISTO 
Visto de visita - O visto de visita poderá ser concedido ao visitante que venha ao 
Brasil para estada de curta duração, sem intenção de estabelecer 
residência, nos seguintes casos: 
I - turismo; 
II - negócios; 
III - trânsito; 
IV - atividades artísticas ou desportivas; e 
Vistos
de visita
temporário
diplomático
oficial
de cortesia
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V - outras hipóteses definidas em regulamento. 
- É vedado ao beneficiário de visto de visita exercer atividade 
remunerada no Brasil. 
- O beneficiário de visto de visita poderá receber pagamento do 
governo, de empregador brasileiro ou de entidade privada a título 
de diária, ajuda de custo, cachê, pró-labore ou outras despesas 
com a viagem, bem como concorrer a prêmios, inclusive em 
dinheiro, em competições desportivas ou em concursos artísticos 
ou culturais. 
- O visto de visita não será exigido em caso de escala ou conexão 
em território nacional, desde que o visitante não deixe a área de 
trânsito internacional. 
Visto temporário - O visto temporário poderá ser concedido ao imigrante que 
venha ao Brasil com o intuito de estabelecer residência por 
tempo determinado e que se enquadre em pelo menos uma das 
seguintes hipóteses: 
I - o visto temporário tenha como finalidade: 
a) pesquisa, ensino ou extensão acadêmica; 
b) tratamento de saúde; 
c) acolhida humanitária; 
d) estudo; 
e) trabalho; 
f) férias-trabalho; 
g) prática de atividade religiosa ou serviço voluntário; 
h) realização de investimento ou de atividade com relevância 
econômica, social, científica, tecnológica ou cultural; 
i) reunião familiar; 
j) atividades artísticas ou desportivas com contrato por prazo 
determinado; 
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II - o imigrante seja beneficiário de tratado em matéria de vistos; 
III - outras hipóteses definidas em regulamento. 
- O visto temporário para pesquisa, ensino ou extensão acadêmica 
poderá ser concedido ao imigrante com ou sem vínculo 
empregatício com a instituição de pesquisa ou de ensino 
brasileira, exigida, na hipótese de vínculo, a comprovação de 
formação superior compatível ou equivalente reconhecimento 
científico. 
- O visto temporário para tratamento de saúde poderá ser 
concedido ao imigrante e a seu acompanhante, desde que o 
imigrante comprove possuir meios de subsistência suficientes. 
- O visto temporário para acolhida humanitária poderá ser 
concedido ao apátrida ou ao nacional de qualquer país em 
situação de grave ou iminente instabilidade institucional, de 
conflito armado, de calamidade de grande proporção, de desastre 
ambiental ou de grave violação de direitos humanos ou de direito 
internacional humanitário, ou em outras hipóteses, na forma de 
regulamento. 
- O visto temporário para estudo poderá ser concedido ao 
imigrante que pretenda vir ao Brasil para frequentar curso regular 
ou realizar estágio ou intercâmbio de estudo ou de pesquisa. 
- Observadas as hipóteses previstas em regulamento, o visto 
temporário para trabalho poderá ser concedido ao imigrante 
que venha exercer atividade laboral, com ou sem vínculo 
empregatício no Brasil, desde que comprove oferta de trabalho 
formalizada por pessoa jurídica em atividade no País, dispensada 
esta exigência se o imigrante comprovar titulação em curso de 
ensino superior ou equivalente. 
- O visto temporário para férias-trabalho poderá ser concedido ao 
imigrante maior de 16 (dezesseis) anos que seja nacional de país 
que conceda idêntico benefício ao nacional brasileiro, em termos 
definidos por comunicação diplomática. 
- Não se exigirá do marítimo que ingressar no Brasil em viagem de 
longo curso ou em cruzeiros marítimos pela costa brasileira o visto 
temporário para trabalho, bastando a apresentação da carteira 
internacional de marítimo, nos termos de regulamento. 
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- É reconhecida ao imigrante a quem se tenha concedido visto 
temporário para trabalho a possibilidade de modificação do local 
de exercício de sua atividade laboral. 
- O visto para realização de investimento poderá ser concedido ao 
imigrante que aporte recursos em projeto com potencial para 
geração de empregos ou de renda no País. 
Visto diplomático - Os vistos diplomático e oficial poderão ser transformados em 
autorização de residência, o que importará cessação de todas as 
prerrogativas, privilégios e imunidades decorrentes do respectivo 
visto. 
- Os vistos diplomático e oficial poderão ser concedidos a 
autoridades e funcionários estrangeirosque viajem ao Brasil em 
missão oficial de caráter transitório ou permanente, 
representando Estado estrangeiro ou organismo internacional 
reconhecido. 
- Não se aplica ao titular desses vistos o disposto na legislação 
trabalhista brasileira. 
- Os vistos diplomático e oficial poderão ser estendidos aos 
dependentes das autoridades beneficiadas pelo visto. 
- O titular de visto diplomático ou oficial somente poderá ser 
remunerado por Estado estrangeiro ou organismo internacional, 
ressalvado o disposto em tratado que contenha cláusula 
específica sobre o assunto. 
- O dependente de titular de visto diplomático ou oficial poderá 
exercer atividade remunerada no Brasil, sob o amparo da 
legislação trabalhista brasileira, desde que seja nacional de país 
que assegure reciprocidade de tratamento ao nacional brasileiro, 
por comunicação diplomática. 
Visto oficial 
Visto de cortesia - O empregado particular titular de visto de cortesia somente 
poderá exercer atividade remunerada para o titular de visto 
diplomático, oficial ou de cortesia ao qual esteja vinculado, sob o 
amparo da legislação trabalhista brasileira. 
- O titular de visto diplomático, oficial ou de cortesia será 
responsável pela saída de seu empregado do território nacional. 
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2.3. Do Registro de Identificação Civil do Imigrante e dos Detentores de 
Vistos Diplomático, Oficial e de Cortesia 
Art. 19. O registro consiste na identificação civil por dados biográficos e biométricos, e é obrigatório a 
todo imigrante detentor de visto temporário ou de autorização de residência. 
Todo imigrante que entre no país sob com visto temporário ou autorização de residência deverá ser 
registrado. Esse procedimento é de competência da Polícia Federal. O registro gerará número único de 
identificação que garantirá o pleno exercício dos atos da vida civil. O documento de identidade do imigrante 
então será expedido com base nesse número único de identificação. 
O problema é que esse documento de identificação frequentemente demora meses para ficar pronto. 
Enquanto não for expedida a identificação civil, o documento comprobatório de que o imigrante a solicitou 
à autoridade competente garantirá ao titular o acesso aos direitos disciplinados nesta Lei. 
A lei traz ainda disposições específicas acerca de situações excepcionais, como as de refúgio, asilo, apatridia 
e acolhimento humanitário. Nesses casos é importante flexibilizar alguns requisitos, já que essas pessoas 
estão em situação bastante vulnerável. 
Art. 20. A identificação civil de solicitante de refúgio, de asilo, de reconhecimento de apatridia e de 
acolhimento humanitário poderá ser realizada com a apresentação dos documentos de que o imigrante 
dispuser. 
3. Da Condição Jurídica do Migrante e do Visitante 
3.1. Do Residente Fronteiriço 
Art. 23. A fim de facilitar a sua livre circulação, poderá ser concedida ao residente fronteiriço, mediante 
requerimento, autorização para a realização de atos da vida civil. 
Parágrafo único. Condições específicas poderão ser estabelecidas em regulamento ou tratado. 
Você lembra quem é o residente fronteiriço? É a pessoa nacional de país limítrofe ou apátrida que conserva 
a sua residência habitual em município fronteiriço de país vizinho. 
Há alguns anos eu tive a oportunidade de morar em uma região de fronteira (Santana do Livramento-RS, 
fronteira com o Uruguai). Lá conheci vários fronteiriços. Eram brasileiros ou uruguaios que viviam entre os 
dois países. Nesses lugares é comum, por exemplo, que uma família tenha um cônjuge de uma nacionalidade, 
outro de outra, que morem de um lado da fronteira e os filhos vão para a escola no outro país, e por aí vai... 
A autorização para o fronteiriço, mencionada pelo art. 23, deverá indicar o município de fronteira no qual o 
residente estará autorizado a exercer os direitos a ele atribuídos pela lei. O espaço geográfico de abrangência 
e de validade da autorização será especificado no documento de residente fronteiriço. 
Por fim, o documento de residente fronteiriço será cancelado se o titular tiver feito algo descrito pelo art. 
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a) tiver fraudado documento ou utilizado documento falso para obtê-lo; 
b) obtiver outra condição migratória; 
c) sofrer condenação penal; ou 
d) exercer direito fora dos limites previstos na autorização. 
3.2. Da Proteção do Apátrida e da Redução da Apatridia 
Art. 26. Regulamento disporá sobre instituto protetivo especial do apátrida, consolidado em processo 
simplificado de naturalização. 
A lei concede proteção especial ao apátrida, prevendo que o regulamento trará um procedimento 
simplificado de naturalização. Lembro a você que o apátrida é a pessoa que não seja considerada como 
nacional por nenhum Estado. 
Aplicam-se ao apátrida residente todos os direitos atribuídos ao migrante. O processo de reconhecimento 
da condição de apátrida tem como objetivo verificar se o solicitante é considerado nacional pela legislação 
de algum Estado e, além disso, esse procedimento poderá considerar informações, documentos e 
declarações prestadas pelo próprio solicitante e por órgãos e organismos nacionais e internacionais. 
Uma vez reconhecida a condição de apátrida, o solicitante será consultado sobre o desejo de adquirir a 
nacionalidade brasileira. Caso ele opte pela naturalização, a decisão sobre o reconhecimento será 
encaminhada ao órgão competente do Poder Executivo para publicação dos atos necessários à naturalização 
no prazo de 30 dias. Por outro lado, o apátrida reconhecido que não opte pela naturalização imediata terá a 
autorização de residência outorgada em caráter definitivo. 
Se a condição de apátrida for negada, caberá recursos administrativo. Subsistindo a decisão negativa, a lei 
proíbe a devolução do indivíduo para algum país onde sua vida, integridade pessoal ou liberdade estejam 
em risco. 
Por fim, temos a previsão do § 12 do art. 26, que trata das situações que o beneficiado perderá a proteção 
conferida pela lei ao apátrida. 
§ 12. Implica perda da proteção conferida por esta Lei: 
I - a renúncia; 
II - a prova da falsidade dos fundamentos invocados para o reconhecimento da condição de apátrida; ou 
III - a existência de fatos que, se fossem conhecidos por ocasião do reconhecimento, teriam ensejado decisão 
negativa. 
 
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O apátrida, quando essa condição for reconhecida pelo Estado brasileiro, poderá optar por 
processo simplificado de naturalização (atos de naturalização publicados no prazo máximo 
de 30 dias) ou pela residência permanente. 
3.3. Do Asilado 
Art. 27. O asilo político, que constitui ato discricionário do Estado, poderá ser diplomático ou territorial e 
será outorgado como instrumento de proteção à pessoa. 
O asilo político é um instituto bastante complexo e estudado com muita profundidade pelo Direito 
Internacional. Nossa intenção aqui não é nos aprofundar nessa explicação, mas você deve saber que o asilo 
político é um ato discricionário do Estado, e que serve para proteger pessoas que estão em perigo. Os 
detalhes sobre a concessão e a manutenção de asilo pelo Brasil devem ser objeto de regulamento. 
Além disso, a lei determina que não se concederá asilo a quem tenha cometido crime de genocídio, crime 
contra a humanidade, crime de guerra ou crime de agressão. Por fim, se o asilado sair do País sem prévia 
comunicação, isso implicará em renúncia ao asilo. 
 
A lei determina que não se concederá asilo político a quem tenha cometido crime de 
genocídio, crime contra a humanidade, crime de guerra ou crime de agressão. Além disso, 
se o asilado sair do País sem prévia comunicação, isso implicará em renúncia ao asilo. 
3.4. Da Autorização da Residência 
A residência de imigrante no Brasil poderá ser autorizada, mediante registro(inclusive com o pagamento de 
taxas), em alguns casos específicos, descritos no art. 30. É muito importante que você leia esse dispositivo 
com muita atenção, ok!? 
Art. 30. A residência poderá ser autorizada, mediante registro, ao imigrante, ao residente fronteiriço ou 
ao visitante que se enquadre em uma das seguintes hipóteses: 
I - a residência tenha como finalidade: 
a) pesquisa, ensino ou extensão acadêmica; 
b) tratamento de saúde; 
c) acolhida humanitária; 
d) estudo; 
e) trabalho; 
f) férias-trabalho; 
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g) prática de atividade religiosa ou serviço voluntário; 
h) realização de investimento ou de atividade com relevância econômica, social, científica, tecnológica ou 
cultural; 
i) reunião familiar; 
II - a pessoa: 
a) seja beneficiária de tratado em matéria de residência e livre circulação; 
b) seja detentora de oferta de trabalho; 
c) já tenha possuído a nacionalidade brasileira e não deseje ou não reúna os requisitos para readquiri-la; 
d) (VETADO); 
e) seja beneficiária de refúgio, de asilo ou de proteção ao apátrida; 
f) seja menor nacional de outro país ou apátrida, desacompanhado ou abandonado, que se encontre nas 
fronteiras brasileiras ou em território nacional; 
g) tenha sido vítima de tráfico de pessoas, de trabalho escravo ou de violação de direito agravada por sua 
condição migratória; 
h) esteja em liberdade provisória ou em cumprimento de pena no Brasil; 
III - outras hipóteses definidas em regulamento. 
§ 1º Não se concederá a autorização de residência a pessoa condenada criminalmente no Brasil ou no 
exterior por sentença transitada em julgado, desde que a conduta esteja tipificada na legislação penal 
brasileira, ressalvados os casos em que: 
I - a conduta caracterize infração de menor potencial ofensivo; 
II - (VETADO); ou 
III - a pessoa se enquadre nas hipóteses previstas nas alíneas “b”, “c” e “i” do inciso I e na alínea “a” do 
inciso II do caput deste artigo. 
§ 2º O disposto no § 1o não obsta progressão de regime de cumprimento de pena, nos termos da Lei no 
7.210, de 11 de julho de 1984, ficando a pessoa autorizada a trabalhar quando assim exigido pelo novo 
regime de cumprimento de pena. 
§ 3º Nos procedimentos conducentes ao cancelamento de autorização de residência e no recurso contra a 
negativa de concessão de autorização de residência devem ser respeitados o contraditório e a ampla defesa. 
Perceba que temos requisitos relacionados ao que a pessoa pretende fazer no Brasil, e outros relacionados 
às condições do pretendente à autorização de residência. 
Além disso, temos situações em que a autorização não poderá ser concedida, relacionadas principalmente à 
pessoa condenada criminalmente no Brasil ou no exterior, mas com algumas ponderações. Essa vedação não 
será aplicada quando a conduta pela qual ele foi condenado caracterizar infração de menor potencial 
ofensivo (contravenção ou penal ou crime cuja pena máxima seja de até 2 anos), bem como nos casos de 
tratamento de saúde, acolhida humanitária, e reunião familiar. 
 
 
 
 
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A Lei de Migração prevê situações em que a autorização de residência não poderá ser 
concedida, relacionadas principalmente à pessoa condenada criminalmente no Brasil ou 
no exterior, mas com algumas ponderações. Essa vedação não será aplicada quando a 
conduta pela qual ele foi condenado caracterizar infração de menor potencial ofensivo 
(contravenção ou penal ou crime cuja pena máxima seja de até 2 anos), bem como nos 
casos de tratamento de saúde, acolhida humanitária, e reunião familiar. 
Art. 35. A posse ou a propriedade de bem no Brasil não confere o direito de obter visto ou autorização de 
residência em território nacional, sem prejuízo do disposto sobre visto para realização de investimento. 
Art. 36. O visto de visita ou de cortesia poderá ser transformado em autorização de residência, mediante 
requerimento e registro, desde que satisfeitos os requisitos previstos em regulamento. 
O fato de o migrante ter bens no Brasil não lhe facilita a obtenção de visto ou autorização de residência no 
Brasil. Esse é um ponto importante, e acredito que poderá ser cobrado em provas. 
Por fim, devemos falar sobre a negativa da autorização, conforme previsão do art. 34. Como o dispositivo faz 
menção ao art. 45, vamos relembrar esse dispositivo também. 
Art. 34. Poderá ser negada autorização de residência com fundamento nas hipóteses previstas nos incisos 
I, II, III, IV e IX do art. 45. 
[...] 
Art. 45. Poderá ser impedida de ingressar no País, após entrevista individual e mediante ato fundamentado, 
a pessoa: 
I - anteriormente expulsa do País, enquanto os efeitos da expulsão vigorarem; 
II - condenada ou respondendo a processo por ato de terrorismo ou por crime de genocídio, crime contra a 
humanidade, crime de guerra ou crime de agressão, nos termos definidos pelo Estatuto de Roma do Tribunal 
Penal Internacional, de 1998, promulgado pelo Decreto no 4.388, de 25 de setembro de 2002; 
III - condenada ou respondendo a processo em outro país por crime doloso passível de extradição segundo 
a lei brasileira; 
IV - que tenha o nome incluído em lista de restrições por ordem judicial ou por compromisso assumido pelo 
Brasil perante organismo internacional; 
V - que apresente documento de viagem que: 
a) não seja válido para o Brasil; 
b) esteja com o prazo de validade vencido; ou 
c) esteja com rasura ou indício de falsificação; 
VI - que não apresente documento de viagem ou documento de identidade, quando admitido; 
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VII - cuja razão da viagem não seja condizente com o visto ou com o motivo alegado para a isenção de 
visto; 
VIII - que tenha, comprovadamente, fraudado documentação ou prestado informação falsa por ocasião da 
solicitação de visto; ou 
IX - que tenha praticado ato contrário aos princípios e objetivos dispostos na Constituição Federal. 
Parágrafo único. Ninguém será impedido de ingressar no País por motivo de raça, religião, nacionalidade, 
pertinência a grupo social ou opinião política. 
3.5. Da Reunião Familiar 
Art. 37. O visto ou a autorização de residência para fins de reunião familiar será concedido ao imigrante: 
I - cônjuge ou companheiro, sem discriminação alguma; 
II - filho de imigrante beneficiário de autorização de residência, ou que tenha filho brasileiro ou imigrante 
beneficiário de autorização de residência; 
III - ascendente, descendente até o segundo grau ou irmão de brasileiro ou de imigrante beneficiário de 
autorização de residência; ou 
IV - que tenha brasileiro sob sua tutela ou guarda. 
O visto ou autorização de residência para reunião familiar basicamente serve para que uma família que, em 
parte, é formada por migrantes, fique reunida. A lei estabelece quais são os vínculos de parentesco que 
justificam a concessão do visto ou a autorização de residência nesses casos. 
4. Da Entrada e da Saída do Território Nacional 
4.1. Da Fiscalização Marítima, Aeroportuária e de Fronteira 
Art. 38. As funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteira serão realizadas pela Polícia Federal 
nos pontos de entrada e de saída do território nacional. 
Parágrafo único. É dispensável a fiscalização de passageiro, tripulante e estafe de navio em passagem 
inocente, exceto quando houver necessidade de descida de pessoa a terra ou de subida a bordo do navio. 
Se você já saiu do país, sabe que sempre precisamos passar pela Polícia Federal para um procedimento de 
registro. Isso acontece porque a Polícia Federal é competente para exercer as funções de polícia marítima, 
aeroportuária e de fronteira no Brasil. 
A lei estabelece ainda uma exceção a essa necessidade de fiscalização, dispensando o procedimento quanto 
ao passageiro, tripulante e estafe de navio em passagem inocente, não ser que essas pessoas precisem 
descer a terra ou subir a bordo. 
Até que seu documentode viagem tenha sido verificado, o viajante deverá permanecer na área de 
fiscalização, salvo nos casos especificamente previstos em lei. 
A lei também prevê a possibilidade de admissão excepcional no País de quem esteja em certas condições, 
conforme art. 40. 
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Art. 40. Poderá ser autorizada a admissão excepcional no País de pessoa que se encontre em uma das 
seguintes condições, desde que esteja de posse de documento de viagem válido: 
I - não possua visto; 
II - seja titular de visto emitido com erro ou omissão; 
III - tenha perdido a condição de residente por ter permanecido ausente do País na forma especificada em 
regulamento e detenha as condições objetivas para a concessão de nova autorização de residência; 
IV - (VETADO); ou 
V - seja criança ou adolescente desacompanhado de responsável legal e sem autorização expressa para 
viajar desacompanhado, independentemente do documento de viagem que portar, hipótese em que haverá 
imediato encaminhamento ao Conselho Tutelar ou, em caso de necessidade, a instituição indicada pela 
autoridade competente. 
Parágrafo único. Regulamento poderá dispor sobre outras hipóteses excepcionais de admissão, observados 
os princípios e as diretrizes desta Lei. 
Além das hipóteses do art. 40, temos a previsão de admissão no território nacional do tripulante ou 
passageiro que for obrigado a interromper a viagem. 
Art. 42. O tripulante ou o passageiro que, por motivo de força maior, for obrigado a interromper a viagem 
em território nacional poderá ter seu desembarque permitido mediante termo de responsabilidade pelas 
despesas decorrentes do transbordo. 
4.2. Do Impedimento de Ingresso 
Nesta seção temos o art. 45, que já mencionei nesta aula, e que prevê as situações em que a pessoa poderá 
ser impedida de entrar no país. 
Art. 45. Poderá ser impedida de ingressar no País, após entrevista individual e mediante ato fundamentado, 
a pessoa: 
I - anteriormente expulsa do País, enquanto os efeitos da expulsão vigorarem; 
II - condenada ou respondendo a processo por ato de terrorismo ou por crime de genocídio, crime contra a 
humanidade, crime de guerra ou crime de agressão, nos termos definidos pelo Estatuto de Roma do Tribunal 
Penal Internacional, de 1998, promulgado pelo Decreto no 4.388, de 25 de setembro de 2002; 
III - condenada ou respondendo a processo em outro país por crime doloso passível de extradição segundo 
a lei brasileira; 
IV - que tenha o nome incluído em lista de restrições por ordem judicial ou por compromisso assumido pelo 
Brasil perante organismo internacional; 
V - que apresente documento de viagem que: 
a) não seja válido para o Brasil; 
b) esteja com o prazo de validade vencido; ou 
c) esteja com rasura ou indício de falsificação; 
VI - que não apresente documento de viagem ou documento de identidade, quando admitido; 
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VII - cuja razão da viagem não seja condizente com o visto ou com o motivo alegado para a isenção de 
visto; 
VIII - que tenha, comprovadamente, fraudado documentação ou prestado informação falsa por ocasião da 
solicitação de visto; ou 
IX - que tenha praticado ato contrário aos princípios e objetivos dispostos na Constituição Federal. 
Parágrafo único. Ninguém será impedido de ingressar no País por motivo de raça, religião, nacionalidade, 
pertinência a grupo social ou opinião política. 
5. Das Medidas de Retirada Compulsória 
Art. 47. A repatriação, a deportação e a expulsão serão feitas para o país de nacionalidade ou de 
procedência do migrante ou do visitante, ou para outro que o aceite, em observância aos tratados dos quais 
o Brasil seja parte. 
A repatriação, a deportação e a expulsão são modalidades de retirada compulsória, que sempre levarão o 
migrante ou visitante ao seu país de nacionalidade ou de procedência ou, ainda, para outro que o aceite. 
No quadro a seguir temos os detalhes sobre cada uma dessas modalidades de retirada compulsória. 
 
RETIRADA COMPULSÓRIA 
REPATRIAÇÃO - A repatriação consiste em medida administrativa de devolução de 
pessoa em situação de impedimento ao país de procedência ou de 
nacionalidade. 
- Será feita imediata comunicação do ato fundamentado de repatriação 
à empresa transportadora e à autoridade consular do país de 
procedência ou de nacionalidade do migrante ou do visitante, ou a quem 
o representa. 
- Condições específicas de repatriação podem ser definidas por 
regulamento ou tratado, observados os princípios e as garantias 
previstos nesta Lei. 
Retirada 
compulsória
Repatriação
Deportação
Expulsão
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- Não será aplicada medida de repatriação à pessoa em situação de 
refúgio ou de apatridia, de fato ou de direito, ao menor de 18 anos 
desacompanhado ou separado de sua família, exceto nos casos em que 
se demonstrar favorável para a garantia de seus direitos ou para a 
reintegração a sua família de origem, ou a quem necessite de 
acolhimento humanitário, nem, em qualquer caso, medida de 
devolução para país ou região que possa apresentar risco à vida, à 
integridade pessoal ou à liberdade da pessoa. 
DEPORTAÇÃO - A deportação é medida decorrente de procedimento administrativo 
que consiste na retirada compulsória de pessoa que se encontre em 
situação migratória irregular em território nacional. 
- A deportação será precedida de notificação pessoal ao deportando, da 
qual constem, expressamente, as irregularidades verificadas e prazo 
para a regularização não inferior a 60 dias, podendo ser prorrogado, por 
igual período, por despacho fundamentado e mediante compromisso de 
a pessoa manter atualizadas suas informações domiciliares. 
- A notificação prevista não impede a livre circulação em território 
nacional, devendo o deportando informar seu domicílio e suas 
atividades. Vencido esse prazo sem que se regularize a situação 
migratória, a deportação poderá ser executada. 
- A deportação não exclui eventuais direitos adquiridos em relações 
contratuais ou decorrentes da lei brasileira. 
- A saída voluntária de pessoa notificada para deixar o País equivale ao 
cumprimento da notificação de deportação para todos os fins. 
- O prazo previsto de 60 dias poderá ser reduzido nos casos em que a 
pessoa tenha praticado ato contrário aos princípios e objetivos dispostos 
na Constituição Federal. 
- Os procedimentos de deportação devem respeitar o contraditório e a 
ampla defesa e a garantia de recurso com efeito suspensivo. 
- A Defensoria Pública da União deverá ser notificada, preferencialmente 
por meio eletrônico, para prestação de assistência ao deportando em 
todos os procedimentos administrativos de deportação. 
- A ausência de manifestação da Defensoria Pública da União, desde que 
prévia e devidamente notificada, não impedirá a efetivação da medida 
de deportação. 
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- Em se tratando de apátrida, o procedimento de deportação dependerá 
de prévia autorização da autoridade competente. 
- Não se procederá à deportação se a medida configurar extradição não 
admitida pela legislação brasileira. 
EXPULSÃO - A expulsão consiste em medida administrativa de retirada 
compulsória de migrante ou visitante do território nacional, conjugada 
com o impedimento de reingresso por prazo determinado. 
- Poderá dar causa à expulsão a condenação com sentença transitada 
em julgado relativa à prática de: 
I - crime de genocídio, crime contra a humanidade, crime de guerra ou 
crime de agressão, nos termos definidos pelo Estatuto de Roma do 
Tribunal Penal Internacional, de 1998, promulgado pelo Decreto no 
4.388, de 25 de setembro de 2002; ou 
II - crime comum doloso passível de pena privativa de liberdade, 
consideradas a gravidade e as possibilidades de ressocialização em 
território nacional. 
- Caberá à autoridade competenteresolver sobre a expulsão, a duração 
do impedimento de reingresso e a suspensão ou a revogação dos efeitos 
da expulsão. 
- O processamento da expulsão em caso de crime comum não 
prejudicará a progressão de regime, o cumprimento da pena, a 
suspensão condicional do processo, a comutação da pena ou a 
concessão de pena alternativa, de indulto coletivo ou individual, de 
anistia ou de quaisquer benefícios concedidos em igualdade de 
condições ao nacional brasileiro. 
- O prazo de vigência da medida de impedimento vinculada aos efeitos 
da expulsão será proporcional ao prazo total da pena aplicada e nunca 
será superior ao dobro de seu tempo. 
- Não se procederá à expulsão quando: 
I - a medida configurar extradição inadmitida pela legislação brasileira; 
II - o expulsando: 
a) tiver filho brasileiro que esteja sob sua guarda ou dependência 
econômica ou socioafetiva ou tiver pessoa brasileira sob sua tutela; 
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b) tiver cônjuge ou companheiro residente no Brasil, sem discriminação 
alguma, reconhecido judicial ou legalmente; 
c) tiver ingressado no Brasil até os 12 anos de idade, residindo desde 
então no País; 
d) for pessoa com mais de 70 anos que resida no País há mais de 10 anos, 
considerados a gravidade e o fundamento da expulsão; ou 
- Regulamento definirá procedimentos para apresentação e 
processamento de pedidos de suspensão e de revogação dos efeitos das 
medidas de expulsão e de impedimento de ingresso e permanência em 
território nacional. 
- Regulamento disporá sobre condições especiais de autorização de 
residência para viabilizar medidas de ressocialização a migrante e a 
visitante em cumprimento de penas aplicadas ou executadas em 
território nacional. 
- No processo de expulsão serão garantidos o contraditório e a ampla 
defesa. 
- A Defensoria Pública da União será notificada da instauração de 
processo de expulsão, se não houver defensor constituído. 
- Caberá pedido de reconsideração da decisão sobre a expulsão no prazo 
de 10 dias, a contar da notificação pessoal do expulsando. 
- Será considerada regular a situação migratória do expulsando cujo 
processo esteja pendente de decisão. 
- A existência de processo de expulsão não impede a saída voluntária do 
expulsando do País. 
Art. 61. Não se procederá à repatriação, à deportação ou à expulsão coletivas. 
Nos termos da Lei de Migração, devemos entender por repatriação, deportação ou expulsão coletiva aquela 
que não individualiza a situação migratória irregular de cada pessoa. 
Além disso, a lei proíbe ainda a repatriação, deportação ou expulsão de nenhum indivíduo quando 
subsistirem razões para acreditar que a medida poderá colocar em risco a vida ou a integridade pessoal. 
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6. Da Opção de Nacionalidade e da Naturalização 
6.1. Da Opção de Nacionalidade 
Art. 63. O filho de pai ou de mãe brasileiro nascido no exterior e que não tenha sido registrado em 
repartição consular poderá, a qualquer tempo, promover ação de opção de nacionalidade. 
Essa opção de nacionalidade do filho de pai ou mãe brasileiro encontra previsão no art. 12, I, “c” da 
Constituição Federal. 
Art. 12. São brasileiros: 
I - natos: 
[...] 
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em 
repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer 
tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira; 
6.2. Das Condições da Naturalização 
A naturalização nada mais é do que a aquisição derivada da nacionalidade brasileira. Essa naturalização pode 
ocorrer em quatro modalidades diferentes. 
 
NATURALIZAÇÃO 
ORDINÁRIA - Será concedida a naturalização ordinária àquele que preencher as 
seguintes condições: 
I - ter capacidade civil, segundo a lei brasileira; 
II - ter residência em território nacional, pelo prazo mínimo de 4 anos; 
Naturalização
Ordinária
Extraordinária
Especial
Provisória
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III - comunicar-se em língua portuguesa, consideradas as condições do 
naturalizando; e 
IV - não possuir condenação penal ou estiver reabilitado, nos termos da 
lei. 
- O prazo mínimo de residência de 4 anos será reduzido para, no mínimo, 
1 ano se o naturalizando preencher quaisquer das seguintes condições: 
I - ter filho brasileiro; 
II - ter cônjuge ou companheiro brasileiro e não estar dele separado 
legalmente ou de fato no momento de concessão da naturalização; 
III - haver prestado ou poder prestar serviço relevante ao Brasil; ou 
IV - recomendar-se por sua capacidade profissional, científica ou artística. 
EXTRAORDINÁRIA - A naturalização extraordinária será concedida a pessoa de qualquer 
nacionalidade fixada no Brasil há mais de 15 anos ininterruptos e sem 
condenação penal, desde que requeira a nacionalidade brasileira. 
ESPECIAL - A naturalização especial poderá ser concedida ao estrangeiro que se 
encontre em uma das seguintes situações: 
I - seja cônjuge ou companheiro, há mais de 5 anos, de integrante do 
Serviço Exterior Brasileiro em atividade ou de pessoa a serviço do Estado 
brasileiro no exterior; ou 
II - seja ou tenha sido empregado em missão diplomática ou em repartição 
consular do Brasil por mais de 10 anos ininterruptos. 
- São requisitos para a concessão da naturalização especial: 
I - ter capacidade civil, segundo a lei brasileira; 
II - comunicar-se em língua portuguesa, consideradas as condições do 
naturalizando; e 
III - não possuir condenação penal ou estiver reabilitado, nos termos da 
lei. 
PROVISÓRIA - A naturalização provisória poderá ser concedida ao migrante criança ou 
adolescente que tenha fixado residência em território nacional antes de 
completar 10 anos de idade e deverá ser requerida por intermédio de seu 
representante legal. 
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- A naturalização provisória será convertida em definitiva se o 
naturalizando expressamente assim o requerer no prazo de 2 anos após 
atingir a maioridade. 
6.3. Dos Efeitos da Naturalização 
Art. 73. A naturalização produz efeitos após a publicação no Diário Oficial do ato de naturalização. 
Aqui temos um dispositivo de natureza puramente burocrática, determinando que a naturalização só produz 
efeitos com a publicação do ato pela imprensa oficial. 
6.4. Da Perda da Nacionalidade 
Art. 75. O naturalizado perderá a nacionalidade em razão de condenação transitada em julgado por 
atividade nociva ao interesse nacional, nos termos do inciso I do § 4o do art. 12 da Constituição Federal. 
A perda da nacionalidade do naturalizado pode dar-se por decisão judicial condenatória transitada em 
julgado, em razão de atividade nociva ao interesse nacional. 
Além disso, a lei determina ainda que seja levada em consideração eventual situação de apatridia que possa 
ser gerada pela perda da nacionalidade. 
6.5. Da Reaquisição da Nacionalidade 
Art. 76. O brasileiro que, em razão do previsto no inciso II do § 4º do art. 12 da Constituição Federal, 
houver perdido a nacionalidade, uma vez cessada a causa, poderá readquiri-la ou ter o ato que declarou a 
perda revogado, na forma definida pelo órgão competente do Poder Executivo. 
7. Do Emigrante 
7.1. Das Políticas Públicas para os Emigrantes 
Em primeiro lugar temos os princípios e diretrizes que devem orientar as políticas públicas para os 
emigrantes. Caso você não esteja familiarizado com o termo, lembre-se de que emigrante é o brasileiro que 
vai morar em outro país...!  
Art. 77. As políticas públicas para os emigrantes observarão os seguintes princípios e diretrizes: 
I - proteção e prestação de assistência consularpor meio das representações do Brasil no exterior; 
II - promoção de condições de vida digna, por meio, entre outros, da facilitação do registro consular e da 
prestação de serviços consulares relativos às áreas de educação, saúde, trabalho, previdência social e 
cultura; 
III - promoção de estudos e pesquisas sobre os emigrantes e as comunidades de brasileiros no exterior, a fim 
de subsidiar a formulação de políticas públicas; 
IV - atuação diplomática, nos âmbitos bilateral, regional e multilateral, em defesa dos direitos do emigrante 
brasileiro, conforme o direito internacional 
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V - ação governamental integrada, com a participação de órgãos do governo com atuação nas áreas 
temáticas mencionadas nos incisos I, II, III e IV, visando a assistir as comunidades brasileiras no exterior; e 
VI - esforço permanente de desburocratização, atualização e modernização do sistema de atendimento, com 
o objetivo de aprimorar a assistência ao emigrante. 
Esses princípios e diretrizes estão relacionados principalmente à proteção do brasileiro que mora no exterior. 
Esses nacionais precisam ter assistência especial, notadamente em situações que envolvam algum tipo de 
risco ou outras dificuldades. 
7.2. Dos Direitos do Emigrante 
Art. 78. Todo emigrante que decida retornar ao Brasil com ânimo de residência poderá introduzir no País, 
com isenção de direitos de importação e de taxas aduaneiras, os bens novos ou usados que um viajante, em 
compatibilidade com as circunstâncias de sua viagem, puder destinar para seu uso ou consumo pessoal e 
profissional, sempre que, por sua quantidade, natureza ou variedade, não permitam presumir importação 
ou exportação com fins comerciais ou industriais. 
Quando um brasileiro decide viver no exterior e depois retorna ao Brasil, ele poderá entrar no país com seus 
bens (a mudança), desde que não fique caracterizada a finalidade comercial ou industrial desses bens. Em 
outras palavras, a pessoa precisa ter bens em quantidade razoável para uso pessoal, e não pode trazer 
mercadorias para fins comerciais. 
Temos ainda a obrigação estabelecida para as representações brasileiras no exterior de prestar assistência 
ao emigrante em caso de ameaça à paz social e à ordem pública por grave ou iminente instabilidade 
institucional ou de calamidade natural de grande proporção. 
8. Das Medidas de Cooperação 
8.1. Da Extradição 
Atenção! Este é um dos temas mais importantes da Lei de Migração. A extradição frequentemente é cobrada 
em provas de concursos, principalmente na área de Direito Constitucional, e, além disso, é um tema que 
aparece na mídia com bastante frequência. 
Art. 81. A extradição é a medida de cooperação internacional entre o Estado brasileiro e outro Estado pela 
qual se concede ou solicita a entrega de pessoa sobre quem recaia condenação criminal definitiva ou para 
fins de instrução de processo penal em curso. 
A extradição é uma medida por meio da qual o Brasil entrega a outro país um indivíduo que cometeu um 
crime que é punido segundo as leis daquele país (e também do Brasil) a fim de que lá ele seja processado ou 
cumpra a pena por esse ilícito. 
Normalmente os países celebram tratados de extradição, que contêm todos os detalhes e trâmites, além de 
uma previsão mais específica das situações nas quais um indivíduo será extraditado. 
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“Professor, quer dizer então que se não houver tratado, não haverá extradição?” Não, caro aluno. É possível 
que a extradição ocorra mesmo sem um tratado prévio, e nesse caso o Brasil poderá entregar um estrangeiro 
a outro país se este lhe prometer que agirá da mesma forma quando o Brasil requerer a extradição de 
brasileiro que tenha cometido crime. 
A apreciação do caráter da infração caberá à autoridade judiciária, apesar de o processo ser conduzido pelo 
Poder Executivo. 
Art. 82. Não se concederá a extradição quando: 
I - o indivíduo cuja extradição é solicitada ao Brasil for brasileiro nato; 
II - o fato que motivar o pedido não for considerado crime no Brasil ou no Estado requerente; 
III - o Brasil for competente, segundo suas leis, para julgar o crime imputado ao extraditando; 
IV - a lei brasileira impuser ao crime pena de prisão inferior a 2 (dois) anos; 
V - o extraditando estiver respondendo a processo ou já houver sido condenado ou absolvido no Brasil pelo 
mesmo fato em que se fundar o pedido; 
VI - a punibilidade estiver extinta pela prescrição, segundo a lei brasileira ou a do Estado requerente; 
VII - o fato constituir crime político ou de opinião; 
VIII - o extraditando tiver de responder, no Estado requerente, perante tribunal ou juízo de exceção; ou 
IX - o extraditando for beneficiário de refúgio, nos termos da Lei no 9.474, de 22 de julho de 1997, ou de 
asilo territorial. 
As hipóteses de vedação à extradição mudaram um pouco com a edição da Lei de Migração, e por isso você 
precisa ficar atento a esse dispositivo. Para facilitar as coisas, coloquei as informações num quadro 
esquemático. A seguir você tem os dispositivos do lado direito, e alguns comentários na coluna da esquerda. 
 
 
 
 
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Art. 82. Não se concederá a extradição quando: 
I - o indivíduo cuja extradição é solicitada ao 
Brasil for brasileiro nato; 
Na lei anterior havia vedação à extradição também de 
brasileiro naturalizado, salvo se a aquisição dessa 
nacionalidade tivesse ocorrido após o fato que 
motivar o pedido. 
Hoje a Lei de Migração diz que a extradição de 
brasileiro naturalizado é admitida nas hipóteses da 
Constituição Federal. 
II - o fato que motivar o pedido não for 
considerado crime no Brasil ou no Estado 
requerente 
O fato precisa ser considerado crime não só pelo país 
que requer a extradição, mas também pelo Brasil. 
III - o Brasil for competente, segundo suas leis, 
para julgar o crime imputado ao extraditando; 
Algumas vezes crimes cometidos no exterior podem 
ser julgados no Brasil. Nesses casos não haverá 
extradição. 
IV - a lei brasileira impuser ao crime pena de 
prisão inferior a 2 (dois) anos; 
Nesses crimes mais leves geralmente a pena de 
privação de liberdade é comutada em penas 
alternativas, como a prestação de serviços 
comunitários, por exemplo. Na lei anterior o limite da 
pena era de apenas 1 ano. 
V - o extraditando estiver respondendo a 
processo ou já houver sido condenado ou 
absolvido no Brasil pelo mesmo fato em que se 
fundar o pedido; 
Extraditar o estrangeiro nessa situação significaria 
permitir que ele fosse punido duas vezes pelo mesmo 
crime. 
VI - a punibilidade estiver extinta pela 
prescrição, segundo a lei brasileira ou a do 
Estado requerente; 
A lei dá um prazo para o Estado promover a punição 
do criminoso. Se o prazo previsto na lei brasileira já se 
tiver esgotado, não haverá extradição. 
VII - o fato constituir crime político ou de 
opinião; 
Crime político ou de opinião, no regime brasileiro, 
não é crime. Em países de regime totalitário essas 
condutas podem ser consideradas crimes. 
Essa previsão não impedirá a extradição quando o 
fato constituir, principalmente, infração à lei penal 
comum ou quando o crime comum, conexo ao delito 
político, constituir o fato principal. 
A Lei de Migração determina ainda que o Supremo 
Tribunal Federal poderá deixar de considerar crime 
político o atentado contra chefe de Estado ou 
quaisquer autoridades, bem como crime contra a 
humanidade, crime de guerra, crime de genocídio e 
terrorismo. 
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VIII - o extraditando tiver de responder, no 
Estado requerente, perante tribunal ou juízo 
de exceção; ou 
O tribunal ou juízo de exceção é aquele constituído 
apenas para aquele julgamento específico, e por isso 
não se podegarantir sua imparcialidade. 
IX - o extraditando for beneficiário de refúgio, 
nos termos da Lei no 9.474, de 22 de julho de 
1997, ou de asilo territorial. 
 
Art. 83. São condições para concessão da extradição: 
I - ter sido o crime cometido no território do Estado requerente ou serem aplicáveis ao extraditando as leis 
penais desse Estado; e 
II - estar o extraditando respondendo a processo investigatório ou a processo penal ou ter sido condenado 
pelas autoridades judiciárias do Estado requerente a pena privativa de liberdade. 
Para ser extraditado, o estrangeiro precisa ter cometido um crime. Perceba que esse é um fator que 
diferencia claramente a extradição da expulsão e da deportação, já que o deportado apenas entrou ou está 
no Brasil irregularmente, e o expulso cometeu algum ato que tornou sua presença inconveniente ou nociva, 
mas esse ato não é necessariamente um crime. 
Quer dizer então que se um estrangeiro cometer um crime no Brasil, ele será extraditado para o seu país de 
origem? Não necessariamente. Na realidade, a extradição serve para que um país que, na maioria das vezes, 
não tem nada a ver com o crime, entregue a outro país o estrangeiro para que lá seja julgado ou cumpra 
pena. 
Na maioria das vezes a extradição serve para corrigir a seguinte situação: o sujeito cometeu um crime em 
um país e fugiu para outro. Nada mais justo do que o país onde o crime foi cometido peça ao país que está 
abrigando o fugitivo que o entregue, não é mesmo 
No Brasil, tivemos um caso de pedido de extradição que se tornou histórico. Estou falando do britânico 
Ronald Biggs, que participou do famosíssimo assalto ao trem pagador, em 1963. Os ladrões, inclusive Biggs, 
foram presos em janeiro de 1964. Processado e condenado a 30 anos de prisão, Biggs foi para a penitenciária 
de Wandsworth (Londres), de onde conseguiu fugir 15 meses depois. 
Ele passou por cirurgias estéticas e viveu como foragido na Espanha, na Austrália e, principalmente, no Brasil, 
onde chegou na década de 1970. Ele teve até um filho com sua namorada Raimunda, Michael Biggs, que foi 
cantor do grupo infantil brasileiro Balão Mágico e hoje é empresário. 
Ao descobrir que o "ladrão do século" estava em solo brasileiro, o governo britânico iniciou uma batalha 
judicial para sua extradição. A questão, contudo, é que a legislação britânica não admite a formulação de 
pedido oficial de extradição a país com o qual não tenha tratado de extradição. O acordo entre o Brasil e o 
governo britânico só entrou em vigor em outubro de 1997 – 25 anos depois do assalto ao trem pagador. 
Você já pode imaginar o que aconteceu, não é mesmo? O julgamento do pedido de extradição pelo STF 
ocorreu 25 anos depois do crime, e, de acordo com as normas brasileiras relacionadas à prescrição, o 
audacioso assalto ao trem pagador havia prescrito há 5 anos. 
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Após meses de uma batalha judicial entre o governo britânico e a Justiça do Brasil, o STF arquivou 
oficialmente o pedido de extradição de Biggs em novembro de 1997. A prescrição do crime impediu o 
recebimento do pedido formulado pelo governo britânico, nos termos do inciso VI do art. 82. 
Art. 84. Em caso de urgência, o Estado interessado na extradição poderá, previamente ou conjuntamente 
com a formalização do pedido extradicional, requerer, por via diplomática ou por meio de autoridade 
central do Poder Executivo, prisão cautelar com o objetivo de assegurar a executoriedade da medida de 
extradição que, após exame da presença dos pressupostos formais de admissibilidade exigidos nesta Lei ou 
em tratado, deverá representar à autoridade judicial competente, ouvido previamente o Ministério Público 
Federal. 
Em caso de urgência, o Estado interessado poderá requerer, juntamente com o pedido de extradição ou 
antes, a prisão cautelar do extraditando, de forma a assegurar o cumprimento da extradição. 
O pedido de prisão cautelar deverá conter informação sobre o crime cometido e deverá ser fundamentado, 
podendo ser apresentado por correio, fax, mensagem eletrônica ou qualquer outro meio que assegure a 
comunicação por escrito. 
Esse pedido poderá ser transmitido à autoridade competente para extradição no Brasil por meio de canal 
estabelecido com o ponto focal da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol) no País, 
juntamente com a documentação que comprove a existência de ordem de prisão proferida por Estado 
estrangeiro, e, em caso de ausência de tratado, com a promessa de reciprocidade recebida por via 
diplomática. A reciprocidade significa que o Estado estrangeiro se compromete a, num caso semelhante em 
que o Brasil requeira a medida, atuará da mesma forma. 
Uma vez efetivada a prisão do extraditando, o pedido de extradição será encaminhado à autoridade judiciária 
competente. Na ausência de regra específica em tratado, o Estado estrangeiro deverá formalizar o pedido 
de extradição no prazo de 60 dias, contado da data em que tiver sido cientificado da prisão do extraditando. 
A prisão cautelar poderá ser prorrogada até o julgamento final da autoridade judiciária competente quanto 
à legalidade do pedido de extradição. 
Caso o pedido de extradição não seja apresentado no prazo previsto, o extraditando deverá ser posto em 
liberdade, não se admitindo novo pedido de prisão cautelar pelo mesmo fato sem que a extradição tenha 
sido devidamente requerida. 
 
Em caso de urgência, o Estado interessado poderá requerer, juntamente com o pedido de 
extradição ou antes, a prisão cautelar do extraditando, de forma a assegurar o 
cumprimento da extradição. 
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Uma vez efetivada a prisão do extraditando, o pedido de extradição será encaminhado à autoridade judiciária 
competente. Na ausência de regra específica em tratado, o Estado estrangeiro deverá formalizar o pedido 
de extradição no prazo de 60 dias, contado da data em que tiver sido cientificado da prisão do extraditando. 
A prisão cautelar poderá ser prorrogada até o julgamento final da autoridade judiciária competente quanto 
à legalidade do pedido de extradição. 
Ainda a respeito da prisão, é importante que você conheça os arts. 86 e 87, que trata da possibilidade de 
concessão de prisão domiciliar ou de liberdade ao extraditando. 
Art. 86. O Supremo Tribunal Federal, ouvido o Ministério Público, poderá autorizar prisão albergue ou 
domiciliar ou determinar que o extraditando responda ao processo de extradição em liberdade, com 
retenção do documento de viagem ou outras medidas cautelares necessárias, até o julgamento da extradição 
ou a entrega do extraditando, se pertinente, considerando a situação administrativa migratória, os 
antecedentes do extraditando e as circunstâncias do caso. 
Art. 87. O extraditando poderá entregar-se voluntariamente ao Estado requerente, desde que o declare 
expressamente, esteja assistido por advogado e seja advertido de que tem direito ao processo judicial de 
extradição e à proteção que tal direito encerra, caso em que o pedido será decidido pelo Supremo Tribunal 
Federal. 
 
Art. 85. Quando mais de um Estado requerer a extradição da mesma pessoa, pelo mesmo fato, terá 
preferência o pedido daquele em cujo território a infração foi cometida. 
§ 1º Em caso de crimes diversos, terá preferência, sucessivamente: 
I - o Estado requerente em cujo território tenha sido cometido o crime mais grave, segundo a lei brasileira; 
II - o Estado que em primeiro lugar tenha pedido a entrega do extraditando, se a gravidade dos crimes for 
idêntica; 
III - o Estado de origem, ou, em sua falta, o domiciliar do extraditando, se os pedidos forem simultâneos. 
§ 2º Nos casos não previstos nesta Lei, o órgão competente do Poder Executivo decidirá sobre a preferência 
do pedido, priorizando o Estado requerente que mantiver tratado de extradição com o Brasil. 
§ 3º Havendo tratado com algum dos Estadosrequerentes, prevalecerão suas normas no que diz respeito à 
preferência de que trata este artigo. 
Preste bastante atenção para compreender bem qual é a situação descrita no art. 85: dois ou mais países 
requerem a extradição de uma mesma pessoa, em razão do mesmo crime. 
Você pode estar se perguntando como mais de um país pode requerer a extradição da mesma pessoa se ela 
cometeu apenas um crime, não é mesmo? Ou o crime foi cometido em um país, ou foi em outro, não é 
verdade? Na realidade, isso tudo dependerá das leis penais de cada país. 
Algumas vezes, as leis penais podem estabelecer a competência para julgar crimes que ocorrem em território 
estrangeiro. No Direito Penal brasileiro, por exemplo, o crime ocorrido a bordo de uma aeronave ou navio a 
serviço do governo brasileiro deve ser julgado pelo Poder Judiciário brasileiro, ainda que a embarcação ou 
aeronave esteja em território estrangeiro. 
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É perfeitamente possível que um outro país tenha regra estabelecendo como sua competência apurar crimes 
cometidos em seu território, ainda que a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras. 
Agora imagine comigo: um sujeito comete crime a bordo de uma embarcação brasileira que está em 
território espanhol, e em seguida foge para o Japão. Numa situação como essa, tanto Espanha quanto Brasil 
poderia requerer a extradição do criminoso, não é mesmo? 
Se essa situação ocorrer num requerimento de extradição dirigido ao Brasil feito por mais de um país, terá 
preferência aquele em cujo território ocorreu o crime. 
A regra fica um pouco mais complexa quando o estrangeiro cometeu dois ou mais crimes, em países 
diferentes. Nesse caso, primeiramente será avaliada a gravidade dos crimes, tendo preferência aquele país 
onde foi cometido o crime mais grave. 
Se todos os crimes forem de gravidade idêntica, terá preferência o país que primeiramente requereu a 
extradição. Se os pedidos tiverem sido feitos simultaneamente, terá preferência o país de origem do 
extraditando. Se nenhum dos países requerentes for o de origem, a preferência será do país de domicílio 
do extraditando. 
Art. 88. Todo pedido que possa originar processo de extradição em face de Estado estrangeiro deverá ser 
encaminhado ao órgão competente do Poder Executivo diretamente pelo órgão do Poder Judiciário 
responsável pela decisão ou pelo processo penal que a fundamenta. 
Na redação do antigo Estatuto do Estrangeiro, havia a necessidade de o Estado estrangeiro apresentar cópia 
da decisão do Poder Judiciário, mas a atual redação da Lei de Migração determina que o pedido seja 
transmitido ao órgão competente do Poder Executivo diretamente pelo Poder Judiciário. 
Compete ao órgão do Poder Executivo o papel de orientação, de informação e de avaliação dos elementos 
formais de admissibilidade dos processos preparatórios para encaminhamento ao Estado requerido. 
Além disso, compete aos órgãos do sistema de Justiça vinculados ao processo penal gerador de pedido de 
extradição a apresentação de todos os documentos, manifestações e demais elementos necessários para o 
processamento do pedido, inclusive suas traduções oficiais. 
O pedido deverá ser instruído com cópia autêntica ou com o original da sentença condenatória ou da decisão 
penal proferida, conterá indicações precisas sobre o local, a data, a natureza e as circunstâncias do fato 
criminoso e a identidade do extraditando e será acompanhado de cópia dos textos legais sobre o crime, a 
competência, a pena e a prescrição. 
Art. 89. O pedido de extradição originado de Estado estrangeiro será recebido pelo órgão competente do 
Poder Executivo e, após exame da presença dos pressupostos formais de admissibilidade exigidos nesta Lei 
ou em tratado, encaminhado à autoridade judiciária competente. 
Primeiramente o pedido é encaminhado ao órgão competente do Poder Executivo, que será responsável por 
analisar os requisitos formais de admissibilidade. Se esses requisitos não forem preenchidos, o pedido será 
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arquivado mediante decisão fundamentada, sem prejuízo da possibilidade de renovação do pedido, 
devidamente instruído, uma vez superado o óbice apontado. 
Art. 90. Nenhuma extradição será concedida sem prévio pronunciamento do Supremo Tribunal Federal sobre 
sua legalidade e procedência, não cabendo recurso da decisão. 
Posteriormente cabe ao Supremo Tribunal Federal apreciar a legalidade e a procedência do pedido de 
extradição. Perceba ainda que não há recurso previsto para essa decisão. 
Ao receber o pedido, o Relator (um dos Ministros do STF) designará dia e hora para o interrogatório do 
extraditando e, conforme o caso, nomeará curador ou advogado, se não o tiver. A partir do interrogatório, a 
defesa deverá ser apresentada no prazo de 10 dias. 
Se, após a apresentação da defesa, o processo ainda não estiver devidamente instruído, o STF poderá, a 
requerimento do Ministério Público Federal, ordenar diligência para suprir a falta no prazo improrrogável 
de 60 dias, decorridos os quais o pedido será julgado independentemente do resultado. 
Art. 92. Julgada procedente a extradição e autorizada a entrega pelo órgão competente do Poder 
Executivo, será o ato comunicado por via diplomática ao Estado requerente, que, no prazo de 60 (sessenta) 
dias da comunicação, deverá retirar o extraditando do território nacional. 
Aqui temos um aspecto importante a respeito da extradição. Pela leitura do art. 92, poderíamos entender 
que, uma vez concedida a extradição pelo STF, o estrangeiro deverá ser enviado ao país que a requereu, não 
é mesmo? A redação do Estatuto do Estrangeiro era ainda pior nesse sentido, pois sequer mencionava a 
atuação do Poder Executivo. 
O STF entendeu de forma diferente, no famoso julgamento do pedido de extradição do italiano Cesare 
Battisti, ocorrido em 2009. Em resumo, o STF entendeu que seu papel era apenas apreciar a legalidade da 
extradição, enquanto a decisão de efetivá-la seria competência discricionária do Presidente da República. 
Esse entendimento, à época, chegou a ser questionado pela Itália, mas em 2011 o STF confirmou seu 
posicionamento. O fim da história foi o seguinte: Battisti recebeu o status de asilado político no Brasil, e já 
lançou até um livro com suas memórias... 
Em 2017 a Lei de Migração foi aprovada, e agora o art. 92 prevê expressamente a intervenção do Poder 
Executivo, que será o responsável pela palavra final no processo de extradição. 
Se o Estado interessado não retirar o estrangeiro do Brasil no prazo de 60 dias, o extraditando será posto 
em liberdade, sem prejuízo de outras medidas aplicáveis. É possível, por exemplo, aplicar a ele a medida de 
expulsão, se cabível. 
 
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O pedido de extradição feito por Estado estrangeiro é examinado pelo STF. Autorizado o 
pleito pelo STF, cabe ao Poder Executivo decidir, de forma discricionária, sobre a entrega, 
ou não, do extraditando ao governo requerente. 
Por outro lado, se o STF negar a extradição, não se admitirá novo pedido baseado no mesmo fato. 
Art. 95. Quando o extraditando estiver sendo processado ou tiver sido condenado, no Brasil, por crime 
punível com pena privativa de liberdade, a extradição será executada somente depois da conclusão do 
processo ou do cumprimento da pena, ressalvadas as hipóteses de liberação antecipada pelo Poder Judiciário 
e de determinação da transferência da pessoa condenada. 
Nesse caso, estamos falando de um estrangeiro que cometeu um crime no Brasil, foi julgado e condenado, 
e está cumprindo pena privativa de liberdade. Posteriormente, outro país pede que ele seja extraditado em 
razão de um outro crime. Nesse caso, o estrangeiro somente poderá ser extraditado depois de cumprir a 
pena no Brasil. 
Para efetivação da extradição, é necessário ainda que o Estado requerente assuma alguns compromissos: 
a) não submeter o extraditando

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