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7.1 Formas de tributação da pessoa jurídica Agora iremos abordar os tipos de tributação e falaremos sobre cada tributação utilizada nas empresas, além de destacar os tributos estaduais. Também iremos buscar o aprendizado sobre os impostos e taxas municipais, importantes para o nosso conhecimento e aplicação na área da contabilidade. Veja que abaixo temos um quadro com o significado de algumas siglas que, na grande maioria, são conhecidas em todo o Brasil. Siglas que serão bastante utilizadas no decorrer do curso. Tabela 1 - Significados das siglas SIGLAS SIGNIFICADO IRPJ Imposto de Renda da Pessoa Jurídica CSLL Contribuição Social sobre Lucro Líquido PIS Programa de Integração Social COFINS Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social IPI Imposto sobre Produtos Industrializados IRRF Imposto de Renda Retido na Fonte DAS Documento de Arrecadação do Simples Nacional ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços ISS Imposto Sobre Serviço DIPJ Declaração de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica DCTF Declaração de Contribuição e Tributos Federais DACON Declaração de Apuração de Contribuições Sociais DASN Declaração Anual do Simples Nacional DIRF Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte DPI Declaração Periódica de Informação SINTEGRA Sistema Integrado de Informações sobre Operações Interestaduais com Mercadorias e Serviço DMS Declaração Mensal de Serviço REST Relação de Serviços de Terceiros RFB Receita Federal do Brasil ME Microempresa EPP Empresa de Pequeno Porte LALUR Livro de Apuração do Lucro Real SEFAZ Secretaria da Fazenda Vamos conhecer agora as formas de tributação da pessoa jurídica. As pessoas jurídicas nem sempre podem optar pela forma de tributação desejada pela empresa, pois em algumas situações são obrigadas a praticar determinada tributação, isto porque é uma exigência da Receita Federal do Brasil. No decorrer deste curso, iremos identificar o que leva a Receita Federal a determinar que certas empresas apurem seus impostos em determinadas modalidades de tributação. Temos como forma de tributação da pessoa jurídica, as seguintes modalidades: o Lucro Real, o Lucro Presumido, o Lucro Arbitrado e o Simples Nacional. No Lucro Real, existem duas formas de apuração, na qual a primeira se refere ao Lucro Real Trimestral e, a segunda, ao Lucro Real Anual, que é feito através do Balanço de Redução ou Suspensão. A tributação pelo Lucro Real pode ser de forma opcional, ou seja, qualquer empresa poderá recolher seus impostos nesta modalidade de tributação. Mas existem casos que a empresa é obrigada a recolher nesta modalidade, e isto ocorre quando é feita uma exigência da Receita Federal do Brasil e também quando o faturamento do ano anterior ultrapassa o limite de outra tributação. A partir disso, fica obrigada a apurar nessa modalidade, situação que iremos abordar ainda neste curso. No Lucro Presumido e Arbitrado, apuramos o IRPJ e a CSLL trimestralmente, mas temos o PIS e COFINS cujo cálculo é mensal. Já o Simples Nacional é apurado mensalmente e é elaborado diretamente no site da Receita Federal, englobando os impostos das esferas federais, estaduais e municipais. Existem as empresas imunes e isentas. As imunes são as instituições que estão à disposição da população em geral, e temos como exemplo, os cultos religiosos, assistência social, dentre outros. Já as isentas são as criadas com fins específicos, tais como associações de médicos, dentistas e outras associações de profissionais. Vale ressaltar que para todos os regimes de tributações citadas acima existem prazos estabelecidos para cumprir com certas obrigações. O não cumprimento dentro deste prazo, que é divulgado pela Receita Federal do Brasil, culmina em multas pecuniárias. Exemplo: O prazo para a entrega da Declaração do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica – DIPJ é 30 de junho do ano posterior ao encerramento do exercício, ou seja, se a declaração é referente ao ano de 2009, temos até o dia 30 de junho de 2010 para efetuar e entrega. Para compreender melhor o Lucro Real e do Lucro Presumido, assista ao vídeo produzido pelo Sr. Robson Pezzini, onde ele detalha as diferenças entre essas modalidades: As empresas optantes pelo Lucro Real, Presumido e Arbitrado enviam praticamente as mesmas declarações. São elas: Declaração de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica – DIPJ Declaração de Apuração de Contribuições Sociais – DACON Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais – DCTF. Quanto às penalidades pela não entrega ou para correção, veremos quando tratarmos do assunto específico de cada tributação. Já as empresas que têm como forma de tributação o Simples Nacional estão dispensadas dessas declarações citadas acima, e entregam apenas uma declaração anual, que é Declaração Anual do Simples Nacional – DASN. Vale ressaltar que se houver algum tipo de retenção de impostos, tais como Imposto de Renda Retido na Fonte – IRRF, tanto de pessoa física ou jurídica, faz-se necessário também entregar a Declaração de Imposto de Renda Reti do na Fonte – DIRF. As entidades isentas e imunes estão obrigadas a entregar a DCTF e DIPJ, assim como as empresas do Lucro Real, Presumido e Arbitrado. Quanto à DACOM, só estará obrigado caso o montante de contribuições ultrapasse o valor de R$ 10.000,00 mensais. Agora iremos ver o significado de algumas palavras que são utilizadas no cotidiano da contabilidade. Tabela 2 - Significado de palavras relacionada à contabilidade PALAVRAS SIGNIFICADO Tributo Segundo o art. 3º do CTN, tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda, ou cujo valor nela se possa exprimir, ou seja, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. Imposto Segundo o art. 16º, imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independentemente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte. Taxas É a cobrança da União, Estado ou Município em troca de algum benefício. Contribuição de melhoria É cobrada quando, a construção de uma obra pública é responsável pelo desenvolvimento daquela região, então, a partir disso, exige-se a contribuição de melhoria. Obrigação Principal Segundo o art. 113º do CTN no § 1º, a obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador. Tem por objetivo o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue juntamente com o crédito dela decorrente. O art. 114º traz que fato gera- dor da obrigação principal é a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência. Obrigação Acessória Segundo o art. 113º do CTN no § 2º, a obrigação acessória decorrente da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. Já no § 3º, a obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte-se em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária. O art. 115º do CTN nos traz que fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação que, na forma da legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação principal. Contribuinte Segundo o Dicionário Aurélio, contribuinte é que ou quem contribui ou paga contribuição. Fato Gerador Segundo o art. 114º do CTN, fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência. PALAVRAS SIGNIFICADO Base de Cálculo É o valor no qual se aplica a alíquota, para assim encontrarmos o valor do imposto. O momento da escolha pela tributação é muito importante, pois é a partir disso que se definem quais os impostos que a empresa irá recolher no ano-calendário. Após a definição da tributação e o pagamento da primeira guia do imposto é que se dá a opção pelo regime. Após esse pagamento a escolhaserá irretratável, ou seja, não poderá existir mudança. Este é um momento de suma importância na empresa, pois podemos analisar a melhor forma tributária para o bom funcionamento da empresa e, consequentemente, uma menor carga tributária. Este material foi baseado em: SAMPAIO, Leonardo Marinho; SILVEIRA, Eliane Machado. Legislação Fisco Tributária e Legislação de Incentivos Fiscais. Cuiabá: Universidade Federal de Mato Grosso/Rede e-Tec, 2014. Última atualização: sexta, 26 nov 2021, 13:46 7.2 Simples nacional Animados para aprender sobre o Simples Nacional? Agora demonstraremos como se dá a opção por esse regime, a apuração do imposto e a entrega da declaração. Vamos começar relembrando! O Simples Nacional foi instituído pela Lei Complementar Nº 123, de 14 de dezembro de 2006, extinguindo o Simples Federal que contemplava apenas os impostos federais. Instituído o Estatuto da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, agora o Simples Nacional considera, além dos impostos federais, os impostos estaduais e municipais. Entende-se por Microempresa – ME as empresas cujo faturamento do ano anterior é igual ou inferior a 240.000,00 e a Empresa de Pequeno Porte – EPP é aquela que o faturamento do ano anterior fica entre 240.000,01 a 2.400.000,00, em se tratando da esfera Federal. Mas como optar pelo Simples Nacional? A escolha por esse regime de tributação é realizada mediante uma opção via internet no site da Receita Federal do Brasil, no portal do Simples Nacional, no mês de janeiro do referido ano – calendário em que a escolha for por essa modalidade de tributação, caso a empresa já esteja nesse regime no ano anterior, não será necessário fazer nova opção, assim permanecendo automaticamente de um ano para outro. Para as empresas que queiram se inscrever, a Receita Federal analisará o pedido em conjunto com a Secretaria da Fazenda Estadual e Prefeitura Municipal, verificando a situação (regularidade) da empresa perante todos esses órgãos. Feito isso e constatado que a empresa está regular nessas três esferas e que também não está incluída nas atividades não permitidas ao ingresso ao Simples Nacional, que consta na Lei Complementar Nº 123/2006, a empresa estará apta a recolher seus impostos na forma do Simples Nacional. Efetivada a inscrição, a Receita Federal do Brasil, disponibilizará no seu próprio site um código de acesso para habilitar a empresa para acessar o portal do Simples Nacional. Você pode estar se perguntando, só basta o código de acesso para ter acesso a esse portal? Não! Para acessar o Portal do Simples Nacional, além do código de acesso que é liberado pela Receita Federal, é necessário o número do Cadastro de Pessoa Física – CPF do responsável pela empresa e do Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica – CNPJ. Dos regimes No Simples Nacional, no início do ano calendário, pode-se realizar a escolha do regime de apuração, se ele vai ser feito no regime de caixa ou no regime de competência. No regime de caixa só se calcula o imposto quando é realizado um recebimento naquele mês de apuração. Já o regime de competência é calculado no mês em que for emitida a nota fiscal, não importando o seu recebimento. Podemos dizer que, no regime de caixa, o controle é mais complicado, porém é mais vantajoso, pois o pagamento do imposto só será realizado quando houver recebimento das vendas; assim, tendo condição de efetuar o pagamento dos impostos em dia. No regime de competência, caso não tenha recebido de nenhum cliente, mas tendo havido a venda, deve-se pagar o imposto, independentemente do recebimento. O controle é realizado mediante a emissão e escrituração das notas fiscais, para a determinação do Simples Nacional. Cálculo do Simples Nacional O Simples Nacional é calculado conforme tabela fornecida pela Receita Federal no Brasil. Essa tabela é dividida por atividades, sendo que, para cada ramo de atividade, existe uma tabela no site. Vejamos: A tabela 1 é utilizada para efetuar calculo das empresas do Comércio; a tabela 2 para as empresas da Indústria; a tabela 3 para alguns serviços e locação de bens móveis, e a 4 e 5 para outros tipos de prestação de serviço. Pode-se perceber que as tabelas 3, 4 e 5 são utilizadas para as empresas que exercem prestação de serviço, entretanto, não dá para escolher qual tabela se quer utilizar para realizar o cálculo do imposto, pois o fator determinante para verificar em qual tabela deve-se recolher o imposto é a atividade desenvolvida pela empresa que é definida pelo Código Nacional de Atividade Econômica – CNAE, que consta no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica – CNPJ de cada empresa. Cálculo do Simples Nacional em uma empresa industrial Suponhamos que a empresa LMS Ind. de Móvel Ltda iniciou suas atividades em janeiro de 2008 e seu regime de apuração do imposto é o de competência. Iremos agora calcular o Simples Nacional referente ao mês de fevereiro de 2010. Nesse caso, devemos utilizar como base o faturamento dos últimos 12 meses, para assim ser efetuado o cálculo, pois deve basear-se neste período para encontrarmos o valor do imposto e posteriormente recolhê-lo. Vejamos: Tabela 1 - Exemplo de faturamento ao longo de 12 meses MÊS FATURAMENTO FEVEREIRO/2009 R$ 120.000,00 MARÇO/2009 R$ 85.000,00 ABRIL/2009 R$ 45.250,00 MAIO/2009 R$ 48.987,00 JUNHO/2009 R$ 90.000,00 JULHO/2009 R$ 12.000,00 AGOSTO/2009 R$ 80.000,00 SETEMBRO/2009 R$ 98.000,00 OUTUBRO/2009 R$ 103.000,00 NOVEMBRO/2009 R$ 58.000,00 DEZEMBRO/2009 R$ 65.000,00 JANEIRO/2010 R$ 87.564,00 TOTAL FATURAMENTO R$ 892.801,00 Para fins de cálculo do Simples Nacional, essa empresa citada acima se enquadra no anexo II da Partilha do Simples Nacional – Indústria, cuja alíquota de cálculo segue abaixo. Tabela 2 - Planilha do Simples Nacional Receita Alíquota IRPJ CSLL COFINS PIS/PAS CPP ICMS IPI Até 120.000,00 4,50% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 2,75% 1,25% 0,50% De 120.000,00 a 240.000,00 5,97% 0,00% 0,00% 0,86% 0,00% 2,75% 1,86% 0,50% De 240.000,01 a 360.000,00 7,34% 0,27% 0,31% 0,95% 0,23% 2,75% 2,33% 0,50% Receita Alíquota IRPJ CSLL COFINS PIS/PAS CPP ICMS IPI De 360.000,01 a 480.000,00 8,04% 0,35% 0,35% 1,04% 0,25% 2,99% 2,56% 0,50% De 480.000,01 a 600.000,00 8,10% 0,35% 0,35% 1,05% 0,25% 3,02% 2,58% 0,50% De 600.000,01 a 720.000,00 8,78% 0,38% 0,38% 1,15% 0,27% 3,28% 2,82% 0,50% De 720.000,01 a 840.000,00 8,86% 0,39% 0,39% 1,16% 0,28% 3,30% 2,84% 0,50% De 840.000,01 a 960.000,00 8,95% 0,39% 0,39% 1,17% 0,28% 3,35% 2,87% 0,50% De 960.000,01 a 1.080.000,00 9,53% 0,42% 0,42% 1,25% 0,30% 3,57% 3,07% 0,50% De 1.080.000,01 a 1.200.000,00 9,62% 0,42% 0,42% 1,26% 0,30% 3,62% 3,10% 0,50% De 1.200.000,01 a 1.320.000,00 10,45% 0,46% 0,46% 1,38% 0,33% 3,94% 3,38% 0,50% De 1.320.000,01 a 1.400.000,00 10,54% 0,46% 0,46% 1,39% 0,33% 3,99% 3,41% 0,50% De 1.400.000,01 a 1.560.000,00 10,63% 0,47% 0,47% 1,40% 0,33% 4,01% 3,45% 0,50% De 1.560.000,01 a 1.680.000,00 10,73% 0,47% 0,47% 1,42% 0,34% 4,05% 3,48% 0,50% De 1.680.000,01 a 1.800.000,00 10,82% 0,48% 0,48% 1,43% 0,34% 4,08% 3,51% 0,50% De 1.800.000,01 a 1.920.000,00 11,73% 0,52% 0,52% 1,56% 0,37% 4,44% 3,82% 0,50% De 1.920.000,01 a 2.040.000,00 11,82% 0,52% 0,52% 1,57% 0,37% 4,49% 3,85% 0,50% De 2.040.000,01 a 2.160.000,00 11,92% 0,53% 0,53% 1,58% 0,38% 4,52% 3,88% 0,50% De 2.160.000,01 a 2.280.000,00 12,01% 0,53% 0,53% 1,60% 0,38% 4,56% 3,91% 0,50% De 2.280.000,01 a 2.400.000,00 12,11% 0,54% 0,54% 1,60% 0,38% 4,60% 3,95% 0,50% Com base nesta tabela, pode-se saber em qual alíquota a empresa irá recolher seus impostos naquele referido mês e, conforme o exemplo acima, a alíquota utilizada para o cálculo do Simples no mês de fevereiro será de 8,95%, pois o faturamento dos últimos 12 meses (892.801,00) se enquadra entre 840.000,01 e 960.000,00. Para efetuar o cálculo é precisosaber quais foram as vendas dessa empresa, então, iremos utilizar um faturamento em fevereiro de R$ 65.320,00. Vejamos o que deveria ser recolhido de Simples Nacional neste mês. Ficaria da seguinte forma: R$ 65.320,00 (Vendas da empresa) x 8,95% (alíquota do mês) = R$ 5.846,14 que é o total da guia do Simples Nacional, e seria distribuído da seguinte forma: Imposto de Renda da Pessoa Jurídica – IRPJ – 0,39% = R$ 254,75; Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL – 0,39% = R$ 254,75; Contribuição para Financiamento da Seguridade Social – COFINS – 1,17% = R$ 764,24; Programa de Integração Social – PIS – 0,28% = R$ 182,90; Contribuição Previdenciária Patronal – CPP – 3,35% = R$ 2.188,22; Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviço – ICMS – 2,87% = R$ 1.874,68; Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI – 0,50% = R$ 326,60; Da entrega da declaração No Simples Nacional, temos a Declaração Anual do Simples Nacional – DASN. Como o prazo final para a entrega da declaração é o último dia do mês posterior ao encerramento do exercício, então a entrega da declaração referente a março de 2009 se estende até março de 2010. A declaração é anual, e é conhecida como Declaração Nacional do Simples Nacional – DASN, que é preenchida diretamente no site da Receita Federal pelo portal do Simples Nacional. Essa declaração deve conter: Faturamento Anual; Total de Compras oriundas de outros estados; Vendas realizadas para outros estados; Devolução de Vendas; Devolução de Compras; Estoque de Mercadoria; Caixa Inicial e Final; Rendimento dos sócios; Participação do sócio, no capital social; Despesas realizadas no ano-calendário; Após a entrega da DASN, não poderá ser efetuada qualquer alteração nos cálculos do Simples Nacional, referentes ao período que abrange a declaração, pois o sistema irá realizar um bloqueio para que não seja efetuada qualquer alteração nesse período. Este material foi baseado em: SAMPAIO, Leonardo Marinho; SILVEIRA, Eliane Machado. Legislação Fisco Tributária e Legislação de Incentivos Fiscais. Cuiabá: Universidade Federal de Mato Grosso/Rede e-Tec, 2014. Última atualização: segunda, 22 nov 2021, 15:44 ◄ 7.1 Formas de tributação da pessoa jurídica 7.3 Lucro presumido A partir de agora continuaremos com a tributação da pessoa jurídica, na modalidade Lucro Presumido, um tipo de tributação bastante utilizada por muitas empresas. Lembramos também que é muito importante ter conhecimento da utilização dessa tributação, para assim sabermos comparar uma forma de tributação com outra, e realizar uma melhor escolha para as empresas, tentando, assim, reduzir a carga tributária. Você sabe por que essa tributação é chamada de Lucro Presumido? É chamada de Lucro Presumido pois se presume que a empresa tenha uma porcentagem de lucro sobre o valor das vendas realizadas (faturamento), independentemente do lucro real, encontrando assim a base de cálculo e, posteriormente, aplicando a alíquota, para que assim chegue ao valor dos impostos (como você verá no exemplo). A presunção é variável conforme a atividade exercida pela empresa. Veja abaixo um quadro com presunções de apenas algumas atividades, as quais foram definidas pela Lei Nº 9.249/95, e que você estudante, poderá, na íntegra, verificar todas as atividades que podem optar por esse regime de tributação e sua presunção de lucro. Tabela 1 - Quadro com presunções de atividades ATIVIDADES PORCENTAGEM DE PRESUNÇÃO Venda de produtos e revenda de mercadorias 8,00% Revenda para consumo de combustível derivado de petróleo, álcool etílico carburante e gás natural 1,60% Atividades rurais 8,00% Transporte de Cargas 8,00% ATIVIDADES PORCENTAGEM DE PRESUNÇÃO Transporte de Passageiros 8,00% Intermediação de Negócios, (inclusive representação comercial e corretagem de seguros e imóveis) 32,00% Da Alíquota A alíquota do IRPJ é única e de 15%. Caso o lucro no trimestre ultrapasse R$ 60.000,00, deve-se calcular um adicional de 10% sobre o valor ultrapassar. Já a alíquota da CSLL é de 9%, não contendo nenhum adicional. Da opção O Lucro Presumido dá como opção o pagamento da primeira guia do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica – IRPJ, cuja definição é por meio do código que aparece no Documento de Arrecadação da Receita Federal – DARF. O código indicado quando se opta por essa tributação é o “2089”. Depois de realizado o pagamento com esse código, a tributação para todo o ano-calendário estará definida. O IRPJ no Lucro Presumido é apurado trimestralmente e está disponível no site da Receita Federal. Junto a ele deve-se recolher a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL, que também é trimestral. Você pode se perguntar: só é necessário pagar os impostos/contribuições federais trimestralmente? Não. Além dos impostos que são recolhidos de forma trimestral, temos o PIS e COFINS, cujo cálculo é realizado de forma mensal. No Lucro Presumido, a alíquota do PIS é de 0,65% e a alíquota da COFINS é de 3%. Os códigos que devem ser utilizados nas guias são de “8109” e “2172”, respectivamente. Vejamos o cálculo de um período de três meses e quais impostos devem ser recolhidos. Para efetuar esse cálculo, utilizaremos como exemplo uma empresa que realiza intermediação de negócio, sendo uma representação comercial. Suponha que as vendas realizadas são as seguintes: Tabela 2 - Exemplos de vendas MÊS FATURAMENTO 01/10 R$ 155.000,00 02/10 R$ 256.000,00 03/10 R$ 180.000,00 TOTAL FATURAMENTO R$ 591.000,00 Então, com base neste faturamento, podemos realizar os cálculos dos impostos/contribuições que deverão ser apurados nos meses de referência. No mês de janeiro realiza-se a apuração do PIS e COFINS, da seguinte maneira: Tabela 3 - Exemplo de apuração de PIS e COFINS IMPOSTO/ CONTRIBUIÇÃO FATURAMENTO ALÍQUOTA VALOR PIS R$ 155.000,00 0,65% R$ 1.007,50 COFINS R$ 155.000,00 3,00% R$ 4.650,00 No mês de fevereiro, o cálculo será da mesma forma, só o valor do faturamento será diferente. Tabela 4 - Exemplo de apuração de PIS e COFINS no mês de fevereiro IMPOSTO/ CONTRIBUIÇÃO FATURAMENTO ALÍQUOTA VALOR PIS R$ 256.000,00 0,65% R$ 1.664,00 COFINS R$ 256.000,00 3,00% R$ 7.680,00 No mês de março, recolhe-se o PIS, COFINS, CSLL e o IRPJ, pois neste momento encerra-se o primeiro trimestre. O encerramento acontece em 31/03, o segundo trimestre em 30/06, o terceiro em 30/09 e o último e quarto trimestre em 31/12, então no final de cada trimestre, deve-se calcular o IRPJ e CSLL. E o cálculo, neste mês, ficaria assim: Tabela 5 - Exemplo de cálculo para o mês de março IMPOSTO/ CONTRIBUIÇÃO FATURAMENTO ALÍQUOTA VALOR PIS R$ 180.000,00 0,65% R$ 1.170,00 COFINS R$ 180.000,00 3,00% R$ 5.400,00 Já para o IRPJ e CSLL, usamos como base o faturamento dos três meses, ou seja, janeiro, fevereiro e março, que totalizado, chegam ao valor de R$ 591.000,00. Tabela 6 - Exemplo de cálculo do IRPJ e CSLL com faturamento de três meses IMPOSTO/CONTRIBUIÇÃO FATURAMENTO ALÍQ. DE PRESUNÇÃO BASE DE CALCULO ALÍQ. DO IMPOSTO VALOR CSLL R$ 591.000,00 32,00% R$ 189.120,00 9,00% R$ 17.020,80 IRPJ R$ 591.000,00 32,00% R$ 189.120,00 15,00% R$ 28.368,00 Quanto ao IRPJ, temos que calcular o adicional de 10% sobre o que exceder 60.000,00, então se calcula da seguinte forma: R$ 189120,00 – 60.000,00 = 129.120,00 x 10% (adicional) = R$ 12.912,00 então o recolhimento do IRPJ será de 28.368,00 + 12.912,00 (adicional) = R$ 41.280,00. Você pode perceber que além dos impostos que foram recolhidos de forma mensal nos meses de janeiro e fevereiro, no mês de março, quando se encerra o trimestre, deve-se recolher o IRPJ e CSLL. Da entrega de declarações Temos no Lucro Presumido algumas declarações acessórias que são de exigência da Receita Federal do Brasil. São elas: DIPJ, DACON e DCTF. A DIPJ é entregue anualmente, já a DACON eDCTF são entregues mensalmente. Mas o que deve constar nestas declarações? A DIPJ contém informações referentes a toda movimentação anual da empresa, tais como faturamento, compras, despesas, valores pagos aos sócios, e outras. A DACON é uma declaração cuja obrigatoriedade de entrega é mensal e o que consta nesta declaração são informações relativas ao PIS e à COFINS. Nela deve ser informado o faturamento da empresa referente àquele mês em que está sendo preenchida a DACON. Nessa declaração existem vários campos em que se pode informar o faturamento. Se houver incidência de PIS e COFINS, há um campo específico para isso e, a partir disso, é automaticamente calculado o valor do imposto/contribuição. Temos também campos de isenção, tributação à alíquota zero, nas quais não geram valor dos impostos. A DCTF é outra declaração obrigatória, na qual se deve informar todos os débitos referentes ao mês em que a declaração está sendo realizada, tais como: IRPJ, CSLL, PIS, COFINS, IRRF e outros. Caso esses débitos estejam quitados, podemos informar o pagamento conforme o DARF utilizado para realizar a quitação deste débito. Multas A multa pela não entrega destas declarações é no mínimo de R$ 500,00 (quinhentos reais), porém esses valores podem ser maiores, pois é cobrado até 20% sobre o montante de contribuições informadas. Há a possibilidade de redução desta multa. No caso de declarações que forem entregues fora do prazo, porém de forma espontânea, a redução é de 50%, e se for feita após recebimento de intimação e dentro do prazo previsto nesta a redução, será de apenas 25%. Este material foi baseado em: SAMPAIO, Leonardo Marinho; SILVEIRA, Eliane Machado. Legislação Fisco Tributária e Legislação de Incentivos Fiscais. Cuiabá: Universidade Federal de Mato Grosso/Rede e-Tec, 2014. Última atualização: sexta, 26 nov 2021, 10:58 ◄ 7.2 Simples nacional 7.4 Lucro arbitrado Nessa aula continuaremos nossos estudos sobre Tributação da Pessoa Jurídica e, especificamente, sobre Lucro Arbitrado. Da opção A escolha pelo Lucro Arbitrado se dá pelo pagamento da primeira guia do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica – IRPJ. O código a ser utilizado no DARF, que identificará a opção por esse regime de Tributação, é o código “5625”. O Lucro Arbitrado é uma modalidade de recolhimento de impostos e contribuições federais previsto na Lei 8.981/1995, disponível no site da Receita Federal. A Receita Federal do Brasil pode exigir que a empresa realize o recolhimento de impostos com base nesta tributação quando esta deixar de apresentar documentos exigidos pela tributação no Lucro Presumido, Lucro Real ou até mesmo do Simples Nacional. Digamos que a empresa X é optante pelo Lucro Real e que a Receita Federal exigiu o Livro Diário, obrigatório nesta tributação, e esta empresa não apresentou este Livro. Neste caso, a Receita Federal poderá obrigar esta empresa a efetuar o recolhimento dos impostos com base no Lucro Arbitrado. A empresa poderá optar de forma espontânea pelo Lucro Arbitrado para que assim ela não necessite realizar alguns procedimentos que são obrigatórios por outras tributações. No Lucro Real, por exemplo, é necessário que a empresa tenha a Escrita Contábil. Já na hipótese de optar pelo Lucro Arbitrado, a Receita Federal já não exigirá os Livros que exigiria caso as empresas recolhessem seus tributos no Lucro Real. Diante disso, a empresa opta, diretamente, por recolher seus impostos com base no Lucro Arbitrado para ficar dispensada de certos procedimentos exigidos por outra tributação. Da Alíquota A alíquota para a apuração pelo Lucro Arbitrado é de 15% e terá o adicional de 10%, caso o lucro no trimestre ultrapasse 60.000,00, então estes 10% são o adicional sobre o que ultrapassar, uma média de 20.000,00 por mês. Base de cálculo A base de cálculo utilizada para a apuração no Lucro Arbitrado é 20% maior do que a utilizada no Lucro Presumido, exceto para as instituições financeiras. Segue abaixo a tabela, conforme atividades desenvolvidas pelas empresas. Vejamos: Tabela 1 - Exemplo de atividades desenvolvidas pelas empresa X Percentual de arbitramento ATIVIDADE PERCENTUAL DE ARBITRAMENTO Venda de produtos e revenda de mercadorias 9,60% Revenda para consumo de combustível derivado de petróleo, álcool etílico carburente e gás natural 1,92% Atividades rurais 9,60% Industrialização por encomenda 9,60% Transporte de cargas 9,60% Prestação de Serviços hospitalares 9,60% Transporte de Passageiros 19,20% Instituições Financeiras e equiparadas 45,00% Prestação de serviços pelas sociedades simples, relativos ao exercício de profissão legalmente regulamentado. 38,40% Intermediação de negócios (inclusive representação comercial e corretagem de seguros de imóveis). 38,40% Construção por administração ou empreitada unicamente de mão de obra 38,40% Factoring 38,40% Prestação de serviços em geral 38,40% Fonte: Apostila Tributação das Pessoas Jurídicas 2010, Floresta Treinamentos e Consultoria, págs. 95 e 96. Abaixo, demonstraremos os cálculos que serão realizados com base no Lucro Arbitrado, cuja atividade desenvolvida pela empresa é uma Representação Comercial. Para esse exemplo, o faturamento será o mesmo que foi utilizado pelo Lucro Presumido, para que você, estudante, possa realizar uma comparação entre essas tributações. Digamos que as vendas realizadas (faturamento) nos três primeiros meses ocorreram da seguinte forma: Tabela 2 - Exemplo de faturamento nos três primeiros meses MÊS FATURAMENTO JANEIRO/10 R$ 155.000,00 FEVEREIRO/10 R$ 256.000,00 MARÇO/10 R$ 180.000,00 TOTAL FATURAMENTO R$ 591.000,00 Então, com base nesse faturamento, pode-se realizar os cálculos dos impostos/contribuições federais que devem ser recolhidos durante esses meses. No mês de janeiro de 2010, será realizada a apuração do PIS e COFINS da seguinte maneira: Tabela 3 - Exemplo de apuração do PIS e COFINS IMPOSTO/ CONTRIBUIÇÃO FATURAMENTO ALÍQUOTA VALOR PIS R$ 155.000,00 0,65% R$ 1.007,50 COFINS R$ 155.000,00 3,00% R$ 4.650,00 No mês de fevereiro, a alíquota utilizada para o cálculo será a mesma, porém o valor do faturamento é diferente. Tabela 4 - Exemplo de diferença no valor do faturamento IMPOSTO/ CONTRIBUIÇÃO FATURAMENTO ALÍQUOTA VALOR PIS R$ 256.000,00 0,65% R$ 1.664,00 COFINS R$ 256.000,00 3,00% R$ 7.680,00 No mês de março, temos o PIS, COFINS, CSLL e o IRPJ, pois neste momento encerra-se o primeiro trimestre. O período de encerramento do primeiro trimestre é o mesmo em que se encerra o Lucro Presumido, ou seja, o primeiro em 31.03, o segundo em 30.06, o terceiro em 30/09 e o último e quarto trimestre em 31/12, então no final de cada trimestre, deve-se realizar os cálculo do IRPJ e da CSLL. Segue tabelas abaixo para ilustração dos cálculos do PIS, COFINS, CSLL E IRPJ: Tabela 5 - Ilustração dos cálculos do PIS e COFINS IMPOSTO/ CONTRIBUIÇÃO FATURAMENTO ALÍQUOTA VALOR PIS R$ 180.000,00 0,65% R$ 1.170,00 COFINS R$ 180.000,00 3,00% R$ 5.400,00 Já no cálculo do IRPJ e da CSLL, utiliza-se o faturamento dos três meses, correspondentes ao 1o trimestre, janeiro, fevereiro e março, que totalizado chega ao valor de R$ 591.000,00. Tabela 6 - Ilustração dos cálculos do CSLL e IRPJ IMPOS./CONTR. FATURAMENTO ALÍQ. DE ARBITRAMENTO BASE DE CÁLCULO ALÍQ. DO IMPOSTO VALOR CSLL R$ 591.000,00 32,00% R$ 189.120,00 9,00% R$ 17.020,80 IRPJ R$ 591.000,00 38,40% R$ 226.944,00 15,00% R$ 34.041,60 Ao realizarmos o cálculo do IRPJ, temos que calcular também o adicional de 10% sobre o que exceder 60.000,00, que se calcula da seguinte forma: R$ 226.944,00 – 60.000,00 = 166.944,00 x 10% (adicional) = R$ 16.694,40, então o recolhimento do IRPJ será de 34.041,60 + 16.694,40 (adicional) = R$ 50.736,00. Você pode retornar à aula anterior, onde abordamos sobre a tributação no Lucro Presumido, e verificar que os cálculos referentes aoPIS, COFINS e CSLL foram os mesmos do Lucro Arbitrado. Portanto, esses impostos permanecerão os mesmos, não importando se foram efetuados no Lucro Presumido ou no Lucro Arbitrado. No que diz respeito ao IRPJ, pode-se observar que houve alteração, porque o Lucro Arbitrado é mais oneroso do que o Lucro Presumido, portanto aumentou o Imposto a ser recolhido. Da Declaração No Lucro Arbitrado temos, como obrigatoriedade, declarações exigidas pela Receita Federal, são elas: DACON, DCTF e DIPJ. Nas duas primeiras, a periodicidade de entrega é mensal e as penalidades são idênticas às do Lucro Presumido, já a DIPJ é entregue anualmente. Este material foi baseado em: SAMPAIO, Leonardo Marinho; SILVEIRA, Eliane Machado. Legislação Fisco Tributária e Legislação de Incentivos Fiscais. Cuiabá: Universidade Federal de Mato Grosso/Rede e-Tec, 2014. Última atualização: sexta, 26 nov 2021, 10:59 ◄ 7.3 Lucro presumido 7.6 Lucro real A partir de agora iremos buscar o aprendizado de mais uma tributação, que é conhecida como Lucro Real. Nesse método de tributação existem duas formas de aplicação, que são Lucro Real Trimestral e Lucro Real Anual. Você verá a diferença entre os cálculos em cada modalidade. É importante saber que existe possibilidade de qualquer empresa realizar a opção pelo regime de tributação, no Lucro Real. Porém em alguns casos, é obrigatória a apuração dos impostos nesta modalidade de Tributação. Da Obrigatoriedade Você sabia que, segundo o artigo 14 da Lei Nº 9.718/1998, existem algumas características que obrigam determinadas empresas a apurar seus impostos com base no seu Lucro Real? Vamos analisar cada caso onde essa obrigatoriedade acontece. 1. Empresa cuja receita total, no ano-calendário anterior, seja superior ao limite de R$ 48.000.000,00 (quarenta e oito milhões de reais), ou proporcional ao número de meses do período, quando inferior a 12 (doze) meses; 2. Empresas cujas atividades sejam de bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras de títulos, valores mobiliários e câmbio, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, empresas de seguros privados e de capitalização e entidades de previdência privada aberta; 3. Que tiverem lucros, rendimentos ou ganhos de capital oriundos do exterior; 4. Que autorizadas pela legislação tributária, usufruam de benefícios fiscais relativos à isenção ou redução do imposto; 5. Que, no decorrer do ano-calendário, tenham efetuado pagamento mensal pelo regime de estimativa, na forma do art. 2° da Lei Nº 9.430 de 1996; 6. Que explorem as atividades de prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção e riscos, administração de contas a pagar e a receber, compras de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços (factoring); 7. Que explorem as atividades de securitização de créditos imobiliários (suporte para emissão de títulos ou valores imobiliários), financeiros e do agronegócio. (Incluído pela Medida Provisória nº 472, de 2009). Agora que você já tem conhecimento de quais atividades estão sujeitas ao Lucro Real, veremos a alíquota. Qual é a alíquota do IRPJ no Lucro Real? Podemos entender que a alíquota no Lucro Real é de 15% sobre o Lucro Apurado no período e estará sujeita ao adicional de 10% caso a empresa ultrapasse 20.000,00 por mês ou 60.000,00 por trimestre. Temos, também, a Dedução dos Impostos. A apostila de Liviel Floresta – Floresta Treinamentos e Consultoria – Tributação das Pessoas Jurídicas Regras para 2010, página 29, informa que, para efeito de determinação do saldo do imposto a ser pago ou a ser compensado, a pessoa jurídica poderá deduzir do imposto devido os valores: dos incentivos fiscais de dedução de impostos, observados os limites e prazos fixados na legislação vigente; dos incentivos fiscais de redução e isenção do imposto, calculados com base no lucro da exploração; do imposto de renda pago ou retido na fonte, incidente sobre receitas computadas na determinação do lucro real; do imposto de renda pago por estimativa; imposto de renda retido na fonte por órgão público; imposto pago incidente sobre ganho no mercado de renda variável; imposto pago no exterior sobre lucros disponibilizados, rendimentos e ganhos de capital. Incentivos Fiscais Temos vários incentivos fiscais, porém citaremos apenas alguns: O Programa de Alimentação do Trabalhador – PAT, doações aos fundos da criança e adolescente, atividades audiovisuais, dentre outras. Pode-se ressaltar que os incentivos ou doações realizadas nem sempre poderão ser compensadas no montante ou no valor total da doação, pois a compensação depende do valor do imposto a recolher. Exemplo: A dedução referente às doações aos Fundos da Criança e Adolescente é limitada a 1% do imposto devido. Não importa o valor que foi doado. Digamos que uma determinada instituição faça a doação de 5.000,00. Isto não significa que o valor integral da doação será abatido no imposto. Lucro Real Trimestral/Anual Como temos duas modalidades de apuração no Lucro Real, podemos fazer a escolha. No Lucro Real Trimestral a apuração do IRPJ e CSLL são realizadas trimestralmente, sendo que o primeiro trimestre encerra em 30/03, o segundo em 30/06, o terceiro em 30/09 e o quarto e último em 31/12. No Lucro Real Anual, o período de apuração é anual, porém é realizado o cálculo mensal do IRPJ e CSLL, podendo suspender ou reduzir os pagamentos através dos balanços ou balancetes intermediários. No Lucro Real Trimestral, caso tenha prejuízo anterior, este não poderá ser compensado de uma única vez, assim podendo ser compensado no máximo 30% sobre o lucro do trimestre que está em apuração. Já no Lucro Real Anual, a compensação total poderá ser realizada no próximo mês a ser apurado. Vejamos: Digamos, por exemplo, que uma empresa apura os impostos com base no Lucro Real Trimestral. No ano anterior ocorreu um prejuízo de 98.000,00, mas já no primeiro trimestre do ano seguinte (janeiro 40.000,00, fevereiro 35.000,00 e março 25.000,00) apurou um lucro de 100.000,00. Nesta modalidade de apuração ela não poderá compensar todo esse prejuízo de uma única vez. Veja: Tabela 1 - Exemplo de apuração Prejuízo Anterior R$ 98.000,00 Lucro no I Trimestre R$ 100.000,00 Compensar (100.000,00 x 30%) R$ 30.000,00 Lucro depois da compensação R$ 70.000,00 Restante de Prejuízo a Compensar R$ 68.000,00 Com base no exemplo acima, pode-se dizer que a empresa deve pagar os impostos sobre 70.000,00, mesmo tendo um prejuízo a compensar de 68.000,00. IRPJ: 70.000,00 x 15% = 10.500,00 + (adicional 70.000,00 – 60.000,00 = R$ 10.000,00 x 10% = 1.000,00) = 11.500,00 CSLL: 70.000,00 x 9% = 6.300,00 Utilizaremos o mesmo exemplo no Lucro Real Anual, mas fazendo este levantamento mensal. Vejamos o exemplo: Tabela 2 - Exemplo com o mês de janeiro sem recolhimento de IRPJ e CSLL Prejuízo Anterior R$ 98.000,00 Lucro em janeiro R$ 40.000,00 Compensar em janeiro R$ 40.000,00 Lucro depois da compensação R$ 0,00 Restante de Prejuízo a Compensar R$ 58.000,00 Com base no exemplo acima, no mês de janeiro não é necessário realizar recolhimento de IRPJ e CSLL. Tabela 3 - Exemplo com o mês de fevereiro sem recolhimento de IRPJ e CSLL Prejuízo Anterior R$ 98.000,00 Prejuízo Compensado R$ 40.000,00 Saldo de Prejuízo a Compensar R$ 58.000,00 Lucro em fevereiro R$ 35.000,00 Compensar em fevereiro R$ 35.000,00 Lucro depois da compensação R$ 0,00 Restante de Prejuízo a Compensar R$ 23.000,00 De acordo com a tabela acima, no mês de fevereiro, também não será necessário efetuar o recolhimento de IRPJ e CSLL. Tabela 4 - Exemplode pagamento do IRPJ e CSLL Prejuízo Anterior R$ 98.000,00 Prejuízo Compensado R$ 75.000,00 Saldo a Compensar do Prejuízo R$ 23.000,00 Lucro em março R$ 25.000,00 Compensação de Prejuízo em março R$ 23.000,00 Lucro depois da compensação R$ 2.000,00 Restante de Prejuízo a Compensar R$ 0,00 A tabela acima mostra que no mês de março a empresa deve pagar o IRPJ e CSLL sobre R$ 2.000,00, valor que, deduzido o prejuízo, restou de lucro. IRPJ : 2.000,00 x 15% = R$ 300,00 CSLL : 2.000,00 x 9% = R$ 180,00 Com base nesses valores, pode-se perceber que o Lucro Real Anual é mais vantajoso, pois a empresa pode aproveitar todo prejuízo de forma integral. Já no lucro trimestral, a compensação do prejuízo ocorre parcialmente, assim, a opção com base no Lucro Real Anual se torna mais vantajoso como pode ser comprovado através dos cálculos realizados acima. Referência: FLORESTA, Liviel. Apostila Tributação das Pessoas Jurídicas 2010, Floresta Treinamentos e Consultoria, pág. 95 e 96. Este material foi baseado em: SAMPAIO, Leonardo Marinho; SILVEIRA, Eliane Machado. Legislação Fisco Tributária e Legislação de Incentivos Fiscais. Cuiabá: Universidade Federal de Mato Grosso/Rede e-Tec, 2014. Última atualização: segunda, 22 nov 2021, 15:44 7.7 Regime de estimativa Neste regime de apuração do Lucro Real iremos calcular o IRPJ e CSLL de forma mensal, porém esses impostos devem ser recolhidos com base no Lucro. Exemplo: Digamos que no mês de janeiro houve um lucro de R$80.000,00, com recolhimento do imposto com base neste lucro. Já no mês de fevereiro, o lucro acumulado alterou, somando um lucro de R$60.000,00. Nesse caso não se deve recolher o imposto, pois o que já foi recolhido ultrapassa o lucro, assim, suspendendo o recolhimento. Perceba que, para cada cálculo mensal realizado na empresa, apresenta-se um resultado diferente, assim, alterando o lucro. Quando esse lucro for maior, deve-se complementar o recolhimento, caso seja menor, não há recolhimento. O resultado é apurado conforme as receitas e despesas referentes àquele mês de apuração. Vejamos: Digamos que após todos os ajustes de lançamentos contábeis, inclusive o estoque que é fator determinante para o controle de Lucro, tenhamos o seguinte resultado no mês. O balancete ficaria assim: Balancete ref. janeiro/20xx Ativo – 852.000,00 Passivo – 812.000,00 Resultado- 40.000,00 (positivo). Isto significa que no mês de janeiro obteve-se lucro, portanto deve-se recolher o IRPJ e CSLL com base no resultado alcançado acima. O recolhimento ficaria da seguinte maneira: CSLL: 40.000,00 X 9% = R$ 3.600,00 IRPJ: 40.000,00 X 15% = R$ 6.000,00 + (adicional de 10% sobre o que ultrapassar R$ 20.000,00, ficando da seguinte maneira R$ 20.000,00 x 10% = R$ 2.000,00) = R$ 8.000,00 (total IRPJ). Lembre-se de que esses impostos são recolhidos sobre o Lucro independentemente do valor de venda efetuado naquele mês, portanto no nome Lucro Real. Iremos agora para o balancete do próximo mês, fevereiro/20xx, que é acumulativo, assim ficando o saldo dos dois meses janeiro e fevereiro. Nesse caso, iremos recolher os impostos com base no lucro no balancete de fevereiro. Ativo – 845.000,00 Passivo – 828.000,00 Resultado – 17.000,00 (positivo) Você pode observar que o resultado apurado em fevereiro foi menor de que o apurado em janeiro. Assim, neste referido mês, não foi necessária a realização do recolhimento do IRPJ e CSLL, pois já foi efetuado o recolhimento sobre um lucro de 40.000,00. Neste caso, acontece a suspensão do pagamento. Agora demonstraremos os saldos do balancete acumulado referente ao mês de março/20xx. Vejamos de que maneira ficará. Ativo – 958.000,00 Passivo – 915.000,00 Resultado – 43.000,00 (positivo). Esse valor é o lucro acumulado durante esses três meses. O resultado do mês de março é maior do que o apurado no mês de janeiro, por isso serão realizados os cálculos neste mês para verificar se há impostos a recolher. Veja abaixo. CSLL 43.000,00 x 9% = 3.870,00, sendo que no mês de janeiro já foi efetuado o recolhimento desses impostos no valor de R$3.600,00. Uma vez recolhido o imposto no mês anterior, deve-se recolher somente a diferença que é de (3.870,00 – 3.600,00) = R$ 270,00. IRPJ 43.000,00 x 15% = 6.450,00. Lembre-se de que neste mês não há o adicional de Imposto de Renda, pois a proporção do lucro nos três meses não superou 20.000,00. Neste caso, o valor que foi recolhido ultrapassou o que teria que recolher, não sendo necessário recolher o IRPJ neste mês. O não recolhimento nesse caso é chamado de suspensão. Lucro Real Trimestral Lucro Real Trimestral é uma forma de apuração do Lucro Real em que as empresas poderão recolher de forma definitiva o IRPJ e CSLL. Esta modalidade do Lucro Real é a maneira pela qual as empresas optam e pagam seus impostos trimestralmente. A escolha pelo regime trimestral é realizada no momento do pagamento referente ao primeiro trimestre do ano calendário e esse é realizado com base nos lucros apurados. Como demonstramos na aula anterior, descreveremos mais alguns exemplos, com os quais você, cursista, poderá fazer uma comparação, verificando a modalidade do Lucro Real mais vantajosa para recolher os tributos. O encerramento do 1º trimestre ocorre em março. Com base nisso, o cálculo é realizado de acordo com o saldo do balancete do referido mês, ficando da seguinte maneira: IRPJ: 43.000,00 x 15% = R$ 6.450,00 CSLL: 43.000,00 x 9% = R$ 3.870.00 Esses valores referentes ao 1º trimestre são definitivos e disponíveis do Governo Federal. Não há alteração nesses impostos, sem compensação em trimestres posteriores. Com base nisso, qual método de tributação é melhor? Apesar de a soma dos impostos trimestrais ter sido menor com o valor de R$10.320,00 e no recolhimento por estimativa ter acumulado um recolhimento de R$ 11.870,00, a opção por estimativa é considerada melhor devido ao fato de haver um período de nove meses em que o imposto será recolhido somente se houver um lucro superior ao valor recolhido. Já o trimestral, se o Lucro for inferior a R$ 43.000,00, no segundo trimestre deve-se recolher da mesma maneira, pois se refere a outro período. Digamos que no 2º trimestre o lucro acumulado no regime de estimativa seja de R$30.000,00. Nesse caso, não será necessário realizar o recolhimento, pois já foi efetuado um pagamento superior a esse lucro. Já no Trimestral, o recolhimento é devido por se tratar de outro período. IRPJ: R$ 30.000,00 x 15% = R$ 4.500,00 CSLL: R$ 30.000,00 x 9% = R$ 2.700,00 Veja agora sobre as declarações que são entregues neste regime de tributação. Declarações As empresas optantes pelo Lucro Real estão obrigadas a entregar a DACON e DCTF de forma mensal, sendo que a primeira contempla a apuração de PIS e COFINS, e a segunda é realizada para declarar para a Receita Federal do Brasil todos os débitos pertencentes à mesma nos quais podem constar: IRPJ, CSLL, PIS, COFINS, IRRF, dentre outros. A Dacon tem como prazo de entrega o 5º dia útil do segundo mês subsequente ao referido mês de entrega. Exemplo: a declaração do mês de janeiro deve ser entregue até o 5º dia útil de março. Já a DCTF, é entregue no 15º dia útil ao prazo do segundo mês subsequente ao referido mês de entrega. A DIPJ também é uma declaração que deve ser entregue, pelas empresas optantes pelo Lucro Real, devendo constar toda movimentação da empresa no referido ano. O prazo de entrega da declaração é o último dia útil do mês de junho do ano posterior ao encerramento do exercício, ou seja, em junho de 2010, deve ser entregue a declaração de 2009. Este material foi baseado em: SAMPAIO, Leonardo Marinho; SILVEIRA, Eliane Machado. Legislação Fisco Tributária e Legislação de Incentivos Fiscais. Cuiabá: Universidade Federal de Mato Grosso/Rede e-Tec, 2014. Última atualização: segunda, 22 nov 2021, 15:44 ◄ 7.6 Lucro real Seguir para...7.8 Tributos estaduais Na aula a seguir o nosso foco serão os Tributos Estaduais e também alguns tributos que são de competência do Estado. Tributos Estaduais Os tributos estaduais são compostos por impostos, taxas, contribuição de melhoria e contribuição previdenciária. O imposto é uma espécie de tributo. São impostos estaduais: Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação – ICMS; Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores – IPVA; Imposto sobre a Transmissão Causa Mortis e Doação de Quaisquer Bens ou Direitos – ITCD. É importante você saber que temos as taxas que são cobradas pelos serviços públicos e estas não constituem base de cálculo. Um exemplo é a iluminação pública que é cobrada em conjunto com a conta de energia. Podemos citar também as taxas de serviços judiciários, as quais são recolhidas por quem está movendo a ação. Outro tipo de tributo é a contribuição por melhoria que é cobrada por construção de alguma obra pública que beneficia imóveis situados naquela região, surgindo a contribuição de melhoria. Já a contribuição previdenciária é cobrada dos servidores do Estado para custeio do sistema de previdência e assistência social para a garantia de benefícios aos próprios servidores. Agora que você está conhecendo os tributos, iremos estudar as alíquotas dos impostos que foram citados acima. Alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviço – ICMS O ICMS é um imposto de competência estadual que é cobrado quando há circulação de mercadoria, bens ou serviço. Esse imposto é bastante conhecido, e pode ser observado nas notas fiscais, pois aparece em destaque em campo próprio. Sempre quando estamos realizando algum tipo de compra, isso resulta em circulação de mercadoria, assim gerando o ICMS. Portanto sempre que há exigência de nota fiscal, surge esse imposto, há não ser que essa mercadoria adquirida esteja em situação de isenção. A alíquota do ICMS varia de Estado para Estado e em alguns casos são concedidos benefícios. Mesmo quando a alíquota não sofre alteração, ocasiona uma diminuição nos impostos a serem recolhidos. Como exemplo, podemos citar os casos de redução de base de cálculo ou benefício de algum produto que fora determinado pelo governo. Da não incidência do ICMS A não incidência de ICMS refere-se à isenção de cobrança de ICMS sobre aquela operação (mercadoria) ou prestação (serviço) que é concedida pelo governo. No art. 37 do CTE existem vários exemplos de mercadorias que são contempladas com a não incidência, dentre os quais constam: 1. livros; 2. jornais; 3. obras de arte, quando comercializadas pelo próprio autor ou na primeira venda por intermediário especializado. Dos benefícios fiscais Os benefícios fiscais são incentivos concedidos pelo governo que beneficiam parte da mercadoria/prestação ou até mesmo o total dela. É um incentivo que pode ou não ter um prazo determinado. Os benefícios fiscais são: isenção, redução de base de cálculo, crédito outorgado, manutenção de crédito, devolução total ou parcial dos impostos. Agora que apresentamos um pouco mais do ICMS, iremos ver outro imposto estadual, que é o Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores – IPVA. Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores – IPVA O contribuinte do IPVA é quem possui um veículo automotor aéreo, aquático ou terrestre. Por se tratar de um imposto de competência estadual, o recolhimento do IPVA deve ser realizado no local que houver o emplacamento do veículo. Se o proprietário do veículo reside no Estado do Rio de Janeiro, mas seu veículo é emplacado em Goiás, então deve recolher o imposto em Goiás, pois deve ser destinado ao local em que consta o registro do veículo naquele momento. Assim como o ICMS, o IPVA também tem alíquotas diversificadas para alguns modelos de veículos, e você deve verificar o tipo de alíquota conforme cada Estado. No IPVA, temos também os benefícios de veículos que estão dispensados do pagamento deste imposto. Citaremos alguns exemplos (mas atente-se que esses benefícios são um exemplo, podem variar de Estado para Estado): 1. Veículos com 20 (vinte) anos ou mais tempo de uso; 2. Ônibus destinados a transporte de passageiro de turismo e escolar, desde que credenciado ao órgão competente. 3. Veículos adquiridos para portadores de deficiência física, visual, mental severa ou profunda, ou autistas (ou que sejam utilizados para o transporte dessas pessoas). O Estado é responsável pelo recebimento do IPVA e repassa ao município que o veículo estiver emplacado 50% do valor deste imposto. O IPVA prevê penalidades. As multas podem chegar a 200% do valor do imposto e podem ser imputadas se houver uso de documentos adulterados, falsos, dentre outros. Imposto sobre a Transmissão Causa Mortis e Doação de Quaisquer Bens ou Direitos - ITCD O ITCD é um imposto que é cobrado sobre a transmissão de causa mortis e doação de qualquer bem ou direito, ou seja, deve-se pagar sobre a doação ou herança. A base de cálculo para a apuração deste imposto é o valor venal, ou seja, o valor que o bem é avaliado, no qual se aplicará a alíquota para encontrar o valor do imposto. As alíquotas deste imposto variam conforme o Estado, por isso é importante que você busque saber no seu Estado qual é a alíquota praticada. Este material foi baseado em: SAMPAIO, Leonardo Marinho; SILVEIRA, Eliane Machado. Legislação Fisco Tributária e Legislação de Incentivos Fiscais. Cuiabá: Universidade Federal de Mato Grosso/Rede e-Tec, 2014. Última atualização: segunda, 22 nov 2021, 15:44 ◄ 7.7 Regime de estimativa Seguir para... 7.9 Como funciona o ICMS Olá, cursista! Na aula de hoje vamos aprender sobre o ICMS. O ICMS é o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços. Ele é um tributo, um percentual cobrado quando você vende uma mercadoria. Por exemplo: você faz uma venda de R$100,00 dentro do estado de São Paulo. Em São Paulo o ICMS é de 18%, logo, você pagará R$18,00 de imposto sobre esta venda. O ICMS é um imposto estadual, por isso, cada estado pode ter as suas regras. Por exemplo, em São Paulo o ICMS é de 18%, porém em Santa Catarina é 17%. Então cada estado tem autonomia para definir as suas regras de cálculo de ICMS e como arrecadá-lo. O ICMS funciona em duas operações: nas operações internas, que podem ser interestaduais, e quando ocorre nesta forma, pode variar entre 4%, 7% e 12%, quando as mercadorias forem consideradas importadas. Figura 1 - Valores de ICMS em transações interestaduais Descrição da imagem: Ilustração do mapa do Brasil, com os valores cobrados de ICMS em transações interestaduais. Os estados das regiões: Norte, Nordeste e Centro-Oeste estão pintados em cinza escuro. Região Sul e Sudeste está em verde claro. Os valores de ICMS: De cinza escuro para cinza escuro 12%. De cinza escuro para verde claro: 12%. De verde claro para verde claro 12%. De verde claro para cinza escuro 7%. O ICMS pode ser isento. Um exemplo são os preservativos, que após uma reunião entre os estados, decidiram fazer a isenção para ajudar a reduzir o preço do produto e torná-lo mais acessível. Há também o ICMS débito e crédito. Essa aplicação funciona da seguinte forma: o cidadão A vende para o B aquele item do primeiro exemplo, com o ICMS de R$18,00. O cidadão B ficará com crédito de R$18,00 e quando for vender para o cidadão C, ele não precisará pagar estes R$18,00. Existe a substituição tributária, que nada mais é que o ICMS sendo cobrado de forma diferente: ao invés de ser da indústria para o distribuidor, ou do distribuidor para a loja, ou da loja para o cliente, ele é cobrado somente em uma operação. Por exemplo, da indústria para o distribuidor. E a ideia é cobrar todo o imposto que seria fragmentado naquele processo de uma só vez. Por fim, temos também o DIFAL (Diferencialde Alíquota do ICMS). Essa aplicação ocorre quando uma empresa do Rio de Janeiro vai fazer uma venda para uma pessoa física de Minas Gerais, ou seja, o cliente é não contribuinte de ICMS, porém o ICMS do Rio de Janeiro é 12% e de Minas Gerais é 20%, logo, a empresa terá que pagar além dos 12%, um DIFAL de 8%. O ICMS é um imposto complexo, com muitas regras, por isso é importante que você continue estudando, para aprender a formar um preço de venda corretamente. O ICMS é um imposto impactante e pode chegar em uma carga tributária relevante ao longo do processo da venda. Referências: COELHO, Jiovanni. Como funciona o ICMS. 05 fev. 2018. 1 vídeo (6min39s). Publicado pelo canal SimTax. Disponível em: https://youtu.be/xCBJ5IU7F84 Acesso em: 28 set. 2021. COELHO, Jiovanni. ICMS – Um guia completo para você saber tudo sobre o imposto. Site SimTax. Disponível em: https://www.simtax.com.br/icms/. Acesso em: 28 set. 2021. Última atualização: sexta, 26 nov 2021, 11:00 ◄ 7.8 Tributos estaduais Seguir para... 7.10 Impostos e taxas municipais Agora vamos abordar a questão dos impostos e taxas municipais. Assim, você terá oportunidade de conhecer o IPTU, o ISSQN e o ITBI, siglas cujos significados serão apresentados no decorrer desta aula. Espero que o conteúdo tenha contribuído para a sua qualificação, e que seja útil para aplicação, tanto profissional quanto pessoal. Para dar início à aula de hoje, abordaremos o Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana – IPTU. O IPTU é um imposto cobrado sobre a propriedade de imóvel edificado, e o responsável pelo pagamento deste imposto é o proprietário do bem. A base de cálculo do IPTU é baseada no valor de venda do imóvel, e este valor venal é baseado na área construída do imóvel, de acordo com o estado de conservação, no valor do metro quadrado daquela região, e outros critérios de avaliação que são determinados pela Prefeitura Municipal. A base de cálculo do IPTU é definida através de um grupo de pessoas, encontrando assim o valor venal do bem. Para encontrar este valor, temos representantes de diversos órgãos, dentre eles representantes da Câmara Municipal, da Secretaria Municipal de Finanças e Sindicato de Corretores de Imóvel e outros. A alíquota aplicada do IPTU é estabelecida através da localização e uso do imóvel, assim diferenciando as alíquotas entre imóveis edificados de uso residencial ou não e também de imóveis vagos ou não edificados. Os imóveis edificados de uso residencial variam entre uma alíquota de 0,20% e 0,55%; para os imóveis edificados de uso não residencial, a alíquota fica entre 0,50% e 1%; já os imóveis vagos ou não edificados, a alíquota aplicada é de 1% a 4%. O pagamento do IPTU é realizado mediante prazos estabelecidos pela Secretaria Municipal de Finanças, e esse imposto pode ser dividido em até 12 parcelas. Se o contribuinte optar pelo pagamento em parcela única, terá um desconto de 10% sobre o valor total do imposto. No IPTU, temos imóveis que são isentos, dentre vários exemplos que temos no art. 11 do Código Tributário Municipal – CTM, do município de Goiânia, citaremos alguns: 1. Imóveis pertencentes ao próprio município; 2. Imóveis pertencentes ao Patrimônio do Governo Estrangeiro, utilizado para sede de seus consulados; 3. Imóveis pertencentes a associações representativas dos servidores municipais, dentre outros. Agora que você conhece o IPTU, partiremos para outro imposto da esfera municipal, o Imposto Sobre Serviço de Qualquer Natureza – ISSQN. Imposto Sobre Serviço de Qualquer Natureza O ISSQN, como é conhecido, é um imposto de competência Municipal, e o contribuinte deste imposto é o prestador de serviço. O prestador de serviço é uma empresa ou pessoa física que presta serviço, seja este para empresas ou para pessoa física. A prestação de serviço é cobrada no município do estabelecimento prestador ou caso este não possua o estabelecimento fixo, será considerado o local do domicílio do prestador. Em alguns casos o ISSQN será cobrado no local da prestação do serviço, ou seja, no local onde está sendo realizado determinado serviço. Exemplificaremos alguns dos que constam na Lei Complementar 116/2003. Veja: 1. instalação dos andaimes, palcos, coberturas; 2. edificações em geral, estradas, pontes; 3. execução da limpeza, manutenção e conservação de vias e logradouros públicos, imóveis, chaminés, piscinas, parques, jardins e congêneres; 4. florestamento, reflorestamento, semeadura, adubação e congêneres; 5. execução da decoração e jardinagem, do corte e poda de árvores. Na Lei Complementar Nº116/2003, temos uma relação de quais atividades são consideradas prestações de serviços. Citaremos algumas. Observe: 1. Serviços de informática e congêneres; 2. Análise e desenvolvimento de sistemas; 3. Elaboração de programas de computadores, inclusive de jogos eletrônicos; 4. Serviços de saúde, assistência médica e congênere; 5. Análises clínicas, patologia, eletricidade médica, radioterapia, quimioterapia, ultrassonografia, ressonância magnética, radiologia, tomografia e congêneres; 6. Enfermagem, inclusive serviços auxiliares; 7. Odontologia; 8. Psicologia; 9. Casas de repouso e de recuperação, creches, asilos e congêneres; 10. Hospitais, clínicas, ambulatórios, prontos-socorros e congêneres, na área veterinária; 11. Serviços de cuidados pessoais, estética, atividades físicas e congêneres; 12. Barbearia, cabeleireiros, manicuros, pedicuros e congêneres; 13. Engenharia, agronomia, agrimensura, arquitetura, geologia, urbanismo, paisagismo e congêneres; 14. Serviços de educação, ensino, orientação pedagógica e educacional, instrução, treinamento e avaliação pessoal de qualquer grau ou natureza; 15. Advocacia; 16. Contabilidade, inclusive serviços técnicos e auxiliares; 17. Planejamento, coordenação, programação ou organização técnica, financeira ou administrativa. Agora vamos assistir ao vídeo produzido pela professora Camila Sá, para compreender melhor o que é o Imposto Sobre Serviço de Qualquer Natureza – ISSQN: Da não incidência de ISSQN É importante você saber que no ISSQN também existe a não incidência, que é definida pelo município que concede o benefício. Como exemplo, podemos citar as exportações de serviços para o exterior. Da alíquota A alíquota do ISSQN é definida por cada município, sendo a mínima permitida de 2% e a máxima de 5%. Muitas vezes, as cidades do interior que aplicam uma alíquota menor do que a nos grandes centros recebem empresas que, na verdade, irão atuar no grande centro, mas o registro da empresa é feito nas pequenas cidades a fim de diminuir a carga tributária, pois a diferença do imposto é muito grande. Exemplo: Uma empresa presta serviço no valor de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais). Sendo que, no grande centro cobra-se 5% de ISSQN e nas cidades do interior 2%. Perceba que a diferença é muito grande. Veja. R$ 300.000,00 x 2% = R$ 6.000,00 R$ 300.000,00 x 5% = R$ 15.000,00 Nota-se que a diferença é enorme, passando dos 100%, e isso é o grande motivo de as empresas prestadoras de serviços migrarem de um município para outros a fim de economizarem nesses impostos. Da mesma forma que lhe demonstramos o ISSQN, veremos neste momento outro imposto municipal, o ITBI. Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis – ITBI Esse imposto é cobrado quando da transferência de um imóvel, ou seja, mudança de proprietário. São cobrados em transações que envolvem casas, apartamentos, dentre outros. O ITBI não é cobrado na transmissão, no caso de herança ou doação. Agora que você já está com diversas informações, vamos avançar um pouco e, para finalizar os tributos e taxas municipais, abordaremos algumas taxa municipais. Taxas Municipais Sobre as taxas municipais, abordaremos a taxa de licença para funcionamento, taxa de alvará sanitário e taxa de expediente, que são as mais conhecidas. As taxas de funcionamentosão recolhidas pela empresa com base na quantidade de empregados que existem na empresa e também de acordo com a atividade. Essa taxa é cobrada anualmente e é obrigatória para todos os contribuintes inscritos no município. A outra taxa é a de expediente. Ela é recolhida na emissão de guias de pagamento pela prefeitura e também quando da emissão de carnês do município. A taxa de Alvará Sanitário é emitida na renovação do Alvará da Vigilância Sanitária e tem como meta identificar a regularidade dos estabelecimentos quanto à higienização. Podemos citar como exemplo de uso do Alvará Sanitário os estabelecimentos de Saúde e Alimentação. Este material foi baseado em: SAMPAIO, Leonardo Marinho; SILVEIRA, Eliane Machado. Legislação Fisco Tributária e Legislação de Incentivos Fiscais. Cuiabá: Universidade Federal de Mato Grosso/Rede e-Tec, 2014. Última atualização: segunda, 29 nov 2021, 16:27 8.1 Introdução à gestão tributária Esta primeira aula tem a intenção de introduzir conceitos importantes para o estudo da Gestão Tributária. Não é possível falar em contabilidade de tributos ou de planejamento tributário sem entender o conceito de tributo e de todos os seus elementos fundamentais. O tema central nesta aula será o tributo. É preciso entender seu conceito, a razão de sua existência, como ele é cobrado, por quem é cobrado, quem deve pagá-lo e como esse pagamento é feito. Principalmente, é necessário para o estudo da gestão tributária, o entendimento do que representa o tributo como base da relação entre a sociedade e o Estado. Conceito de tributo O Estado para existir precisa arrecadar recursos junto à sociedade. A transferência de recursos da sociedade para o Estado acontece através da arrecadação de tributos. O Código Tributário Nacional (CTN) apresenta a definição de tributo em seu artigo 3º: “Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção por ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”. Vamos dividir este conceito em cinco partes e entender melhor seu significado. Primeira parte: ‘tributo é uma prestação pecuniária compulsória’. Aqui se estabelece um tom de obrigatoriedade, dado pela expressão compulsória. Já quando falamos em prestação pecuniária, fica definido que a obrigação deve ser cumprida em dinheiro. “Prestação pecuniária compulsória quer dizer o comportamento obrigatório de uma prestação em dinheiro [...]”(CARVALHO, 2013, p. 49-50). Segunda parte: ‘em moeda ou cujo valor nela possa se exprimir’. Nesta segunda parte do conceito há um registro desnecessário quando se fala em moeda, já que a parte anterior, como vimos, já falava em prestação pecuniária. O legislador vai além e ainda acrescenta “[...] ou cujo valor nela se possa exprimir”, ampliando sem motivo o âmbito da prestação tributária. Carvalho (2013, p. 50) concorda com estas opiniões: “Se já dissera que se trata de uma prestação pecuniária, para que insistir com alocução “em moeda?”. E vai além: “[...]ao agregar a cláusula “ou cujo o valor nela se possa exprimir”. [...] ampliou exageradamente o âmbito das prestações tributárias” (CARVALHO, 2013, p. 50). Terceira parte do conceito: ‘[...] que não constitua sanção de ato ilícito’. Aqui a afirmação é clara e garante que o nascimento da obrigação tributária se de sempre em um “ambiente” lícito. É importante, também, separar a relação jurídica do tributo da relação jurídica atinente às penalidades que são impostas ante o descumprimento dos deveres tributários legais. Mais uma vez Carvalho sustenta a tese apresentada: “traço sumamente relevante para a compreensão de “tributo” está objetivado nessa frase, em que se determina a feição de licitude para o fato que desencadeia o nascimento da obrigação tributária” (CARVALHO, 2013, p. 50). Na quarta parte do conceito, temos: ‘instituído em lei’. A intenção do legislador nesta quarta parte do conceito é evidenciar o caráter de legalidade que é condição imprescindível para o tributo. Carvalho (2013) une dois artigos da Constituição Federal para dar sustentação à característica legal do tributo, primeiro o art. 5o, inciso II que prevê que ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, senão em virtude de lei. Em segundo o art. 150, inciso I, no qual é vedado à União, aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios, sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, instituir ou aumentar tributos sem lei que o estabeleça. Na quinta parte da expressão, diz-se que: ‘e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada’. Esta é a última condição atribuída pelo legislador na conceituação de “tributo”. Carvalho (2013, p. 51) nos chama a atenção para o fato de que os atos mais importantes, referentes à arrecadação tributária, são vinculados, mas existem outros: Se é verdade que os atos importantes do procedimento de arrecadação tributária pertencem à classe dos vinculados, outro muitos existem, dentro da mesma atividade, em que o administrador está autorizado, pela lei, a integrar com sua vontade ou juízo a norma jurídica, diante do caso concreto, operando com critérios subjetivos próprios, a fim de dar satisfação aos objetivos consagrados no sistema legal. Referências: BRASIL. Lei nº 5.172 de 25 de outubro de 1966. Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios. Brasília, DF: Presidência da República, 1966. Disponível em: Acesso em: 3 nov. 2021. CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 25ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013. Este material foi baseado em: SANTOS, Francisco Rodrigues dos. Gestão Tributária. Instituto Federal do Mato Grosso/Rede e-Tec Brasil, Cuiabá: 2014. Última atualização: quinta, 18 nov 2021, 12:15 8.2 Espécies de tributo Impostos É o tributo que tem por característica básica uma não vinculação à atuação do Estado, ou seja, uma vez instituído por lei, é devido independentemente de qualquer atividade estatal em relação ao contribuinte. Esta definição é importante porque estudaremos a seguir que existem tributos em que este vínculo se faz necessário. Associar pagamento de tributo à prestação de serviços de abastecimento de água, proporcionado pelo Estado aos seus cidadãos, é um exemplo de como este vínculo pode ser estabelecido, o que não é o caso dos impostos. Imposto é assim definido pelo art. 16 do Código Tributário Nacional – CTN: “Art. 16. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade específica, relativa ao contribuinte”. Taxas Ao efetuar o pagamento de uma taxa, o cidadão recebe como contrapartida o oferecimento de uma ação do Estado. Diferente dos impostos, o pagamento deste tributo exige a prestação de um serviço por parte da entidade estatal. Definidas nos artigos 77 e 78 do Código Tributário Nacional - CTN, as taxas têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia ou a utilização efetiva ou potencial de serviço público específico e divisível, prestado ou colocado à disposição do contribuinte (FABRETTI, 2014). Como relatamos, duas são as espécies de taxas: 1 – taxas cobradas em razão do exercício do poder de polícia; 2 – taxas cobradas pela prestação de serviços públicos. Vamos entender melhor o significado de poder de polícia, o art. 78 do CTN assim o define: Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuaisou coletivos. Exemplo do poder de polícia: todo cidadão tem o livre poder de construir uma indústria, no entanto, não pode efetuar sua instalação em um bairro residencial. Assim, o poder do Estado de limitar o direito de instalação da indústria, em nome interesse público, relativo à segurança, à ordem, à higiene, aos costumes etc. chama-se poder de polícia. Pelo serviço prestado pelo Estado de verificador das condições do local para instalação da indústria e para emissão de sua autorização para o funcionamento da mesma, o poder público pode cobrar uma taxa (FABRETTI , 2014). Outra espécie de taxa é aquela cobrada por serviços públicos prestados pelo Estado. Estes serviços são assim descritos pelo art. 79 do CTN: Art. 79. Os serviços públicos a que se refere o artigo 77 consideram-se: I - utilizados pelo contribuinte: a) efetivamente, quando por ele usufruídos a qualquer título; b) potencialmente, quando, sendo de utilização compulsória, sejam postos à sua disposição mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento; II - específicos, quando possam ser destacados em unidades autônomas de intervenção, de utilidade, ou de necessidades públicas; III - divisíveis, quando suscetíveis de utilização, separadamente, por parte de cada um dos seus usuários. Contribuição de melhorias Quando o poder público efetua uma obra que provoca uma valorização imobiliária para o contribuinte, o Estado pode cobrar contribuições de melhoria junto aos proprietários dos imóveis beneficiados. A contribuição de melhoria está prevista nos arts. 81 e 82 do CTN: Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos estados, pelo Distrito Federal ou pelos municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado. Art. 82. A lei relativa à contribuição de melhoria observará os seguintes requisitos mínimos: I - publicação prévia dos seguintes elementos: a) memorial descritivo do projeto; b) orçamento do custo da obra; c) determinação da parcela do custo da obra a ser financiada pela contribuição; d) delimitação da zona beneficiada; e) determinação do fator de absorção do benefício da valorização para toda a zona ou para cada uma das áreas diferenciadas, nela contidas; II - fixação de prazo não inferior a 30 (trinta) dias, para impugnação pelos interessados, de qualquer dos elementos referidos no inciso anterior; III - regulamentação do processo administrativo de instrução e julgamento da impugnação a que se refere o inciso anterior, sem prejuízo da sua apreciação judicial. § 1o A contribuição relativa a cada imóvel será determinada pelo rateio da parcela do custo da obra a que se refere a alínea c, do inciso I, pelos imóveis situados na zona beneficiada em função dos respectivos fatores individuais de valorização. § 2o Por ocasião do respectivo lançamento, cada contribuinte deverá ser notificado do montante da contribuição, da forma e dos prazos de seu pagamento e dos elementos que integram o respectivo cálculo. Fabretti (2014) destaca que a contribuição de melhoria é um tributo raramente cobrado porque, nas poucas vezes em que se tem tentado arrecadá-la, ela o foi de forma ilegal, ou seja, sem atender os requisitos mínimos do art. 82. Contribuição As contribuições estão previstas na Constituição Federal em seu art. 149: Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6o, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo. Como vimos no art. 149 da CF, as contribuições se dividem em três subespécies: a) contribuições sociais: são aquelas destinadas ao custeio da seguridade social; b) contribuições de intervenção no domínio econômico (Cide): são instituídas com objetivo de regular determinado mercado para corrigir distorções (como a Cide sobre a importação de gasolina, diesel e gás); c) contribuições de interesse das categorias profissionais ou econômicas: são destinadas ao financiamento de categorias econômicas ou profissionais (OAB, Crea, Senac etc.). As contribuições só podem ser instituídas por lei complementar, é o que diz o art. 146, inciso III. Precisam atender o princípio da legalidade (art. 150, I) e respeitar o princípio da irretroatividade (art. 150, III, a), que veda a cobrança de tributo em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que o houver instituído. A doutrina vem-se esforçando para incluir as contribuições na categoria de tributo. No entanto, a Receita Federal insiste em afirmar que tributos são apenas os discriminados no Sistema Tributário Nacional (arts. 145 a 162 da CF): impostos, taxas e contribuições de melhoria (FABRETTI, 2014). Alguns autores sustentam que essas contribuições são uma espécie do gênero tributo, já que são prestações pecuniárias compulsórias e, portanto, atendem a definição de tributo definida no art. 3º do CTN. Carvalho (2013,p.63), concorda com essa tese: Não é de agora que advogamos a tese de que as chamadas contribuições têm natureza tributária. Vimo-las sempre como figuras de impostos ou de taxas, em estrita consonância com o critério constitucional consubstanciado naquilo que nominamos de tipologia tributária no Brasil. Fabretti (2014) chama a atenção para o fato de que a competência da União para instituir contribuições é dada, como já dissemos, pelo art. 149 da CF e, portanto, dentro do Capítulo I do Sistema Tributário Nacional, fato que reforça a ideia de considerar a contribuição como um tributo. Empréstimo compulsório A doutrina tributária considera o empréstimo compulsório como a tomada de recursos junto à sociedade, que é obrigada a fazê-lo a título de “empréstimo”, para que o valor seja devolvido após determinado lapso temporal. Este empréstimo, no entanto, só pode ser instituído pela União e precisa atender a situações excepcionais: a) para atender despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência; b) no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional. A matéria é tratada no art. 148 da CF: Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios: I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência; II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, "b". Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição. Assim, como no caso das contribuições, há uma discussão acerca do empréstimo compulsório ser ou não um tributo. Carvalho (2013) entende que empréstimo compulsório enquadra-se na categoria de tributo porque atende às cláusulas que compõem a redação do art. 3º do CTN.O fato de ser restituível não o descaracteriza como tributo, uma vez que o art. 3º do CTN não exige, como elemento do mesmo, a não restituição de sua arrecadação. Referências: BRASIL. CTN - Lei no 5.172 de 25 de outubro de 1966. Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios. FABRETTI, Láudio Camargo. Contabilidade Tributária.14.ed. São Paulo, Atlas, 2014. 8.3 Elementos fundamentais do tributo O CTN prevê em seu art. 97 que a lei que cria o tributo deve conter, entre outras exigências, a definição do seu fato gerador, a indicação do sujeito passivo da obrigação tributária,a fixação da alíquota e da base de cálculo do tributo, além da cominação das penalidades para as ações e omissões contrárias a seus dispositivos. Vamos detalhar um pouco mais estes elementos fundamentais do tributo. Fato gerador Fato gerador é a descrição de um fato da vida hipotético que, ao se tornar realidade, produz uma obrigação tributária. Para Fabretti (2014, p.128), “denomina-se fato gerador a concretização da hipótese de incidência tributária prevista em abstrato na lei, que gera (faz nascer) a obrigação tributária”. Podemos citar como exemplo de fato gerador a prestação de serviço, no caso de imposto sobre serviços (ISS), ou o recebimento de renda no caso do imposto de renda (IR). A concretização do fato gerador traz sempre uma obrigação principal, de natureza pecuniária, que nada mais é do que efetuar o pagamento do tributo, mas pode também, dependendo do caso, gerar uma obrigação acessória que é um dever administrativo, como, por exemplo, emitir notas fiscais, escriturar livros ficais, fazer inscrição no CNPJ, entre outras (FABRETTI, 2014). O fato gerador é definido nos arts. 114 e 115 do CTN: Art. 114. Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência. Art. 115. Fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação que, na forma da legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação principal. O contribuinte e o responsável pela obrigação tributária O contribuinte ou sujeito passivo da obrigação tributária, é aquele que tem por obrigação efetivar o pagamento do tributo. Fabretti (2014, pág. 129) assim o define: “denomina-se contribuinte o sujeito passivo da obrigação tributária que tem relação pessoal e direta com o fato gerador. Por exemplo: proprietário de um prédio – IPTU”. Responsável é aquele que a lei escolhe para responder pela obrigação tributária quando há dificuldade em se alcançar o contribuinte. Em verdade não é o responsável que arca com o pagamento do tributo, ele atua como uma espécie de arrecadador da Fiscalização, como seu depositário. É sua obrigação repassar ao Fisco as importâncias descontadas ou cobradas do contribuinte nos prazos estabelecidos em lei. Entre os exemplos podemos destacar o IR retido na fonte e a contribuição do INSS, ambos descontados na fonte dos empregados, mas que devem ser repassados para o Governo. A matéria é tratada pelo CTN em seu art. 121: Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária. Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz-se: I - contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador; II - responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei. Base de cálculo e alíquota Base de cálculo é o valor sobre o qual incide um percentual (alíquota) que indicará qual o valor a ser pago para quitar o tributo. Alíquota é, portanto, um fator definido em lei, que aplicado sobre a base de cálculo, estabelece o valor do imposto. Exemplo de base de cálculo do imposto de renda: montante real, presumido ou arbitrado da renda ou proventos de qualquer natureza. Exemplo de alíquota do imposto de renda – pessoa física: 15% e 27,5%. Referências: BRASIL. CTN - Lei no 5.172 de 25 de outubro de 1966. Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios. FABRETTI, Láudio Camargo. Contabilidade Tributária.14.ed. São Paulo, Atlas, 2014. Este material foi baseado em: SANTOS, Francisco Rodrigues dos. Gestão Tributária. Instituto Federal do Mato Grosso/Rede e-Tec Brasil, Cuiabá: 2014. Última atualização: quinta, 18 nov 2021, 12:15 8.4 Planejamento tributário O pagamento de tributos representa a forma como transferimos recursos financeiros da sociedade para o Estado. Todos devemos recolher tributos para financiar a máquina estatal e receber dela a contrapartida da prestação de serviços nas mais diversas áreas, como: educação, saúde, moradia, segurança, dentre outras. Ante a obrigação de transferir a prestação pecuniária que lhe é exigida pelo estado, há a possibilidade do contribuinte de se organizar para reduzir sua obrigação junto ao Fisco, desde que seja esta uma opção lícita. É sobre este assunto que vamos tratar nesta aula: planejamento tributário. A relação indivíduo/Estado e o conceito de planejamento tributário Todo o cidadão é um contribuinte. Qualquer pessoa que faça compras em um mercado já está pagando tributo, no caso o imposto sobre circulação de mercadorias e serviços, o ICMS. O Estado para se sustentar precisa arrecada recursos junto à sociedade, que é obrigada a pagá-los. O contribuinte tem por garantia constitucional o direto de organizar livremente seus negócios. Portanto, pode-se dizer que os tributos se encontram a meio caminho entre a liberdade do consumidor e a necessidade do Estado de recolher recursos junto á sociedade. Para mediar a relação entre a obrigação de pagar tributos e a liberdade de organizar seus negócios, é que surge, para o contribuinte, o planejamento tributário. No momento competitivo em que vivemos, com os mercados mundiais em franca globalização, possuir um preço competitivo passou a ser condição essencial para a disputa por espaço na economia mundial, e mesmo na economia nacional. Com a pesada carga tributária nacional, que, de acordo com Lukikc (2012), representou 33,58% do produto interno bruto – PIB em 2009, diminuir os custos com a redução do pagamento de impostos tornou-se uma condição necessária para a vida das empresas. Fica evidente aqui que a realização de planejamento tributário, antes de ser uma questão jurídica, tem uma influência econômica decisiva. Diminuir o pagamento de tributos é para as empresas reduzir seus custos de produção. O peso dos impostos para as empresas brasileiras ficou tão intenso que vem : [...] exigindo da equipe direcional das organizações empresariais um vultoso investimento de energia e recursos visando obter ideias e planos que possibilitem uma perfeita conciliação dos aspectos industriais, comerciais e fiscais, voltadas à anulação, redução ou adiamento do ônus tributário (BORGES, 2012, prefácio). É natural que, ante a possibilidade de economizar em pagamento de impostos, desde que baseados em prática legítimas e válidas, sob o ponto vista do ordenamento jurídico legal, as empresas procurem estruturar ações e planos voltados para a economia de tributos, procurando emprego de estruturas e formas jurídicas adequadas para o desempenho de suas atividades industriais, ou comerciais e de prestação de serviço. Antes de adentrarmos o conceito de planejamento tributário, é importante situarmos a relação que se estabeleceu entre o indivíduo e o Estado no processo de formação da sociedade capitalista. Em sua análise, Greco (2011) nos alerta que o indivíduo não existe sozinho e que seus direitos, mesmo o direito à propriedade, bem como outros direitos, precisa de um Estado que possa garanti-los. Aprofundando mais esta relação indivíduo/Estado, Greco (2011) nos lembra que, nas sociedades pré Revolução Francesa, o Estado se organizava em classes sociais bem definidas, como clero, nobreza e povo, por exemplo. Não havia mobilidade social e a legitimidade do poder se dava através, primeiro da força em sociedades primárias, e em segundo, de Deus, em sociedades um pouco mais avançadas. Com a formação insipiente do Estado, ficou evidente a necessidade de recursos financeiros para mantê-lo e, desta forma, a criação de tributos tornou-se inevitável. Com a evolução da sociedade pós Revolução Francesa, o Estado, segundo Greco (2011), estruturou-se “pluriclasses”, ou seja, os indivíduos passaram a ocupar classes sociais diferentes de acordo com o papel social em que estivesseminseridos, ora a pessoa se encontrando em uma situação de prestador de serviço, em outro momento aparecendo como consumidor ou investidor do mercado financeiro, isso sem deixar de ser a mesma pessoa e de viver na mesma sociedade. Assim, a estrutura social evoluiu para uma formação de rede, sem que fosse possível definir classes estanques, ou seja, ficou impossível imaginá-la como uma singela pirâmide. Neste momento, ficou claro que a “sustentação” do Estado deveria ser dividida por todos os cidadãos e não apenas por uma classe social determinada. Outra diferença importante em relação às sociedades antigas, é que o poder passou a ser legitimado pelo povo e não mais pela religião. A manifestação da vontade do povo passou a ser expressa junto ao parlamento que começou a editar leis para organizar a sociedade. Neste sentido, a criação de tributos passou a ser fruto de uma decisão, de uma escolha do povo, feita para uma finalidade específica. Todo esse “passeio”, na evolução das relações entre Estado e indivíduo serve para concluirmos que, por mais que os indivíduos ou as empresas não gostem, ou tenham uma tendência a evitar o pagamento de tributos, eles existem por obra e força da vontade popular e tem como finalidade financiar as ações do Estado em prol do coletivo. Contudo, organizar-se para pagar me nos tributos é uma prerrogativa das empresas, garantida pela Constituição, mais especificamente no tocante à livre concorrência (art. 170, IV CF/88), à liberdade de iniciativa (art. 1°, IV e 170 caput da CF/88) e nas liberdades expressas no art. 5º da Constituição, que tratam da liberdade do indivíduo organizar sua vida (direito à propriedade, princípio da legalidade, liberdade contratual) (LUKIC, 2012): Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos estados e municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: IV — os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: II — ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; XXII — é garantido o direito de propriedade; Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: IV — livre concorrência (Constituição, 1988). Feita esta importante introdução a respeito da relação entre indivíduo e Estado, é o momento de definirmos com mais rigor o significado de planejamento tributário. Greco o define como o “conjunto de condutas que o contribuinte pode realizar visando buscar a menor carga tributária legalmente possível” (GRECO apud LUKIC, 2012, p. 29). A execução deste planejamento envolve uma soma de conhecimentos, sobretudo, o jurídico e o contábil. Contábil porque é necessária uma detida análise sobre os “números” da empresa, ou seja, sobre o seu desempenho registrado nos livros de contabilidade. Jurídico, porque o código tributário brasileiro é complexo e, para efeito de uma gestão de tributos, é preciso identificar, em meio ao arcabouço jurídico, as oportunidades de redução da carga tributária. Para Chaves (2008), o planejamento tributário deve ser feito utilizando-se como ferramentas toda legislação tributária disponível (Constituição, Código Tributário Nacional – CTN etc.);bem como a documentação contábil da empresa, envolvendo seus livros contábeis e fiscais. Para Tôrres apud Abraham (2007), o planejamento tributário pode ser definido como “a técnica organizacional preventiva de negócios jurídicos, visando a uma lícita economia de tributos”. Aqui é importante deixar clara uma ressalva: qualquer contribuinte pode realizar seu planejamento tributário, quer seja ele pessoa física ou jurídica. No entanto, vamos dar ênfase neste caderno à gestão feita por empresas, que é o assunto que mais interessa ao nosso Curso de Finanças. Cientes do conceito de planejamento tributário e com a legislação e os livros contábeis “de baixo do braço”, passamos a refletir sobre a questão: como deve o contribuinte fazer a gestão de seus tributos afim de diminuir o peso da carga tributária sobre seus ombros? Ou seja, como fazer o planejamento tributário? É necessário um amplo estudo da vida fiscal, financeira e contábil da empresa. Chaves (2008) sugere que seja feito o seguinte: 1. fazer um levantamento histórico da empresa, identificando a origem de todas as transações efetuadas, e escolher a ação menos onerosa para os fatos futuros; 2. verificar a ocorrência de todos os fatos geradores dos tributos pagos e analisar se houve cobrança indevida ou recolhimento a maior; 3. verificar se houve ação fiscal sobre os fatos geradores decaídos, pois os créditos constituídos após cinco anos são indevidos; 4. analisar, anualmente, qual a melhor forma de tributação do Imposto de Renda e da contribuição sobre o lucro, calculando de que forma (real ou presumida) a empresa pagará menos tributos; 5. levantar o montante dos tributos pagos nos últimos dez anos, para identificar se existem créditos fiscais não aproveitados pela empresa; 6. analisar os casos de incentivos fiscais existentes, tais como isenções, redução de alíquota etc.; e 7. analisar qual a melhor forma de aproveitamento dos créditos existentes (compensação ou restituição). Referências: ABRAHAM, Marcus. O planejamento Tributário e o Direito Privado. São Paulo: QuartierLatin, 2007. BORGES, Humberto Bonavides. Planejamento Tributário: IPI, ICMS, ISS e IR. 12.ed. São Paulo: Atlas, 2012. CHAVES, Francisco Coutinho. Planejamento Tributário na Prática: gestão Tributária Aplicada. São Paulo: Editora Atlas, 2008. GRECO, Marco Aurélio. Planejamento Tributário. 3.ed. São Paulo: Dialética, 2011. LUKIC, Melina de Souza Rocha. Planejamento Tributário. Fundação Getúlio Vargas/FGV-DIREITO RIO, 2012. Este material foi baseado em: SANTOS, Francisco Rodrigues dos. Gestão Tributária. Instituto Federal do Mato Grosso/Rede e-Tec Brasil, Cuiabá: 2014. Última atualização: quinta, 18 nov 2021, 12:16 ◄ 8.3 Elementos fundamentais do tributo Seguir para... 8.5 Elisão e elusão fiscal Elisão fiscal Como já vimos, o pagamento de tributos ocorre nas sociedades modernas democráticas por obra e vontade do povo. A arrecadação de recursos financeiros junto ao Estado é fundamental para sustentar as políticas públicas advindas dele. O arcabouço jurídico que dá sustentação ao Estado para que ele obrigue a sociedade a lhe transferir recursos financeiros é criado pelo parlamento que, por sua vez, é eleito pela vontade popular. Entre a previsão legal para arrecadação dos tributos e sua arrecadação, de fato, aos cofres públicos, o contribuinte pode praticar uma série de atos para que o fato gerador do tributo não ocorra, a obrigação tributária não nasça e, por conseguinte, o tributo não seja pago. Adotar medidas para evitar ou diminuir o recolhimento de tributos está de acordo com o conceito de planejamento tributário que vimos até aqui. No entanto, nem todos os atos que têm a intenção de fugir do Fisco podem ser considerados planejamento tributário. Afim de delimitarmos melhor o campo de estudo do planejamento tributário, é necessário distingui-lo de outras figuras jurídicas que podem ter o mesmo objetivo, mas que se utilizam de outros caminhos para atingir seus intuitos. É pertinente, portanto, uma separação conceitual entre planejamento tributário, elisão, elusão e evasão fiscal. É importante ressaltar de início que não há um consenso doutrinário acerca da definição destas figuras. Aqui não é nosso objetivo adentrar nesta discussão conceitual e sim definir o ato e atribuir a eleuma palavra. Assim, toda vez que encontrarmos um ato análogo ou idêntico, ele receberá o mesmo nome. Começaremos por elisão, que Greco apud Lukic(2012, p. 28) define como “conduta lícita do contribuinte antes da ocorrência do fato gerador, que ele pratique sem que esteja revestido de nenhuma prática simulatória, com a qual ele obtenha uma menor carga tributária legalmente possível”. Greco (2011, p. 85/86) estabelece uma diferenciação sutil entre planejamento tributário e elisão fiscal: para o autor, quando se menciona planejamento, [ ] o foco de preocupação é a conduta de alguém (em geral, o contribuinte); por isso, a análise desta figura dá maior relevo para as qualidades de que se reveste tal conduta, bem como para os elementos: liberdade contratual, licitude da conduta, momento em que ela ocorre, outras qualidades de que se revista etc. Já no que diz respeito à elisão, “o foco da análise é o efeito da conduta em relação à incidência e cobrança do tributo; por isso sua análise envolve debate sobre os temas da capacidade contributiva, da isonomia etc.” (GRECO, 2011, p. 86). Segundo Lukic (2012), elisão e planejamento tributário são tratados correntemente como sinônimos. Elisão fiscal e evasão fiscal Como já estudamos, a elisão fiscal é a ação lícita do contribuinte, efetuada anteriormente ao fato gerador, que o faça obter uma menor carga tributária. Conforme nos explica Peixoto apud Abraham (2007, p. 234), o termo elisão origina-se do latim elisione, que significa o “ato ou efeito de elidir, eliminação ou supressão”. Esta definição está de acordo com os atos que contribuem para eliminação ou diminuição da carga tributária a ser paga pelo contribuinte. Comparando elisão com evasão fiscal, percebemos que evasão se origina de outro termo em latim, evasione, que ainda segundo Peixoto apud Abraham (2007, p. 234), significa “ato de evadir-se, fuga”. Aqui a diferença se estabelece em um ponto fundamental da conceituação de elisão: a evasão envolve ato ou ação ilícita. Para Abraham (2007, p. 234), evasão de tributos “é terminologia oriunda da ciência das finanças, que sob a perspectiva econômico-financeira ocorre quando o contribuinte não transfere ou deixa de pagar integralmente ao Fisco um tributo, considerado devido por força de determinação legal”. Podemos observar que a elisão se concentra nos meios lícitos, ao passo que evasão baseia-se nas formas ilícitas ou fraudulentas. Esta, porém, não é a única distinção entre os dois termos. Alguns tributaristas apontam a diferenciação temporal, como ponto principal de divergência entre os dois conceitos. Nesta diferenciação é importante a definição do momento em que ocorre o fato gerador, para, posteriormente, identificamos se a ação empreendida para diminuir ou evitar o pagamento do tributo ocorreu antes ou depois deste fato gerador. Se foi desenvolvida antes, podemos considerar que houve uma elisão, mas, se ocorreu depois, será constatada uma evasão fiscal até o limite da fraude. Dois pontos são importantes para a definição de elisão: a cronologia e a licitude. É o que afirma Lukic (2012, p.30), considerando, como já definimos, elisão e planejamento tributário como sinônimos: Na visão clássica do planejamento tributário, somente dois requisitos eram importantes para a sua configuração: o requisito cronológico e o critério da licitude. Pelo requisito cronológico, somente poderia ser considerado como planejamento tributário aqueles atos realizados antes da incidência do tributo, ou seja, antes da ocorrência do fato gerador. Já pelo critério da licitude, os atos e os efeitos dos atos praticados pelo contribuinte no sentido de reduzir ou excluir o ônus tributário deveriam ser lícitos. Elusão fiscal Após definidas as fronteiras conceituas dos termos elisão e evasão fiscal, temos agora que esclarecer o significado de elusão fiscal. Conforme Abraham (2007), elusão pode ser considerada como “[ ] efeito do uso de negócios jurídicos atípicos ou indiretos, organizados através de simulação ou fraude à lei, desprovidos de uma causa, no sentido de obter uma vantagem tributária”. Dito de uma outra forma, a elusão ocorre quando o contribuinte busca uma forma lícita para dissimular a ocorrência de um fato gerador, afim de evitar ou reduzir o pagamento de um tributo. De acordo com Machado apud Abraham (2007, pág. 238 e 239), “eludir, do latim eludere, significa evitar ou esquivar-se com destreza, furtar-se com habilidade ou astúcia ao poder ou influência de outrem”. Trata-se de uma forma ardilosa em que o sujeito passivo da obrigação tributária procura adotar uma forma jurídica lícita com objetivo de escapar de maneira artificiosa da tributação. Um exemplo de elusão: Pedro tem um imóvel de R$ 200 mil e quer vendê-lo para Márcia. Uma operação como esta geraria um recolhimento de imposto sobre transmissão de bens imóveis – ITBI, a ser feito junto ao Município. Afim de dissimular esta venda e não pagar o imposto, Pedro cria uma sociedade comercial com Márcia, integralizando o capital social com seu imóvel no valor de R$ 200 mil. Márcia integraliza em dinheiro a sua parte no valor de R$ 200 mil. Dias após a constituição da sociedade, ela é dissolvida, ficando a divisão do capital social feita da seguinte forma: Márcia fica com o imóvel de R$ 200 mil, e Pedro com os R$ 200 mil em espécie. Feito assim, e tendo em vista a imunidade ao ITBI descrita no art. 156, §2º, I, da CF, o imóvel tem sua propriedade transferida de Pedro para Márcia, em um ato dissimulado(teoricamente lícito), sem o pagamento do imposto. Tôrres apud Abraham (2007, pág. 241) nos apresenta da seguinte forma as diferenças entre evasão, elisão e elusão fiscais: [ ] quando alguém promove um negócio jurídico apenas com a finalidade de obter redução de carga tributária incidente, salvo o descumprimento frontal à lei (evasão), das duas uma: ou age com a liberdade garantida pelos princípios constitucionais que protegem a autonomia privada, no campo do planejamento tributário legítimo, visando à economia de tributos, constituindo negócios válidos e dotados de causa (elisão), sejam este típicos ou atípicos , indiretos ou fiduciários, formais ou não formais; ou organiza negócios querendo aparentar um negócio jurídico legítimo e válido, mas desprovidos de causa, organizados com pacto de simular, para retirar os efeitos da causa do negócio aparente, ou ordenados para evitar a incidência da lei imperativa, qualificados como fraudulentos , também estes carentes de “causa” (elusão). Referências: ABRAHAM, Marcus. O planejamento Tributário e o Direito Privado. São Paulo: QuartierLatin, 2007. GRECO, Marco Aurélio. Planejamento Tributário. 3.ed. São Paulo: Dialética, 2011. LUKIC, Melina de Souza Rocha. Planejamento Tributário. Fundação Getúlio Vargas/ FGV-DIREITO RIO, 2012. Este material foi baseado em: SANTOS, Francisco Rodrigues dos. Gestão Tributária. Instituto Federal do Mato Grosso/Rede e-Tec Brasil, Cuiabá: 2014. Última atualização: sexta, 26 nov 2021, 11:04 ◄ 8.4 Planejamento tributário Seguir para... 8.7 Considerações sobre o ICMS A Constituição Federal prevê que os impostos podem ser instituídos pela União, estados e Distrito Federal e pelos municípios. Coube, nesta divisão da Carta Magna, aos estados a instituição de um dos impostos mais complexos e também um dos mais rentáveis para os cofres do erário: o imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, o ICMS. Cabe-nos, na presente aula, a apresentação deste imposto, o seu significado, o seu funcionamento e a sua importância para a estrutura tributária brasileira. O assunto é instigante e também muito relevante para o estudante de finanças. Breve histórico sobre imposto de circulação de mercadorias no Brasil O ICMS tem sua origem no antigo IVC, imposto sobre vendas e consignações, tributo cumulativoque incidia sobre vendas de mercadorias em geral e que vigorou até o final dos anos 60. Em 1967, o IVC é substituído pelo ICM, imposto sobre circulação de mercadorias, que tinha como principal característica a adoção do método do valor adicionado para eliminar os efeitos negativos da cumulatividade sobre a economia. Inicialmente, o novo tributo trouxe protestos dos estados menos desenvolvidos do País que alegaram ser o novo imposto um motivador da transferência de renda das regiões mais pobres para as regiões mais ricas da nação, tendo em vista que o imposto era cobrado na origem e portanto pago pelo consumidor dos estados mais pobres (REZENDE, 2009). A mudança mais significativa do ICM ocorre com o advento da Constituição de 1988, que o transforma no ICMS, imposto sobre circulação de mercadorias e serviços, ampliando a base de incidência do tributo, incorporando a ela a produção de petróleo e derivados, o consumo de energia elétrica e os serviços de telecomunicações e de transporte interestadual, que até então faziam parte de um regime tributário próprio. Rezende (2009, pág. 8) destaca outra mudança significativa, principalmente para os estados: “outra mudança de grande significado para os estados foi autonomia que adquiriram para fixar alíquotas internas de seu principal imposto”. Esta última mudança propiciou uma disputa entre os estados, fato que abriu espaço para uma guerra fiscal entre eles. Definição de ICMS Feitas as considerações iniciais sobre o histórico do imposto, podemos agora buscar alguns elementos para conceituar o ICMS. Vamos partir do marco de transformação do antigo ICM, para o novo ICMS, que é a Constituição Federal de 1988. A Carta Magna prevê em seu artigo 155, inciso II, que compete aos estados e ao Distrito Federal a instituição de impostos sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre a prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação. Assim, ficou a cargo dos estados a instituição e cobrança dos impostos sobre circulação de mercadorias, o ICMS. O ICMS é um imposto muito importante na estrutura do sistema tributário nacional, primeiro porque é um dos mais rentáveis para o erário, segundo porque seu funcionamento envolve uma complexa estrutura jurídica que, apesar de ter seu pilar ancorado na Constituição Federal, varia de estado para estado da Nação. O quadro a seguir demonstra o “peso” do ICMS na arrecadação tributária nacional. De toda receita de impostos do exercício de 2009, somando-se as três esferas de Governo (estadual, municipal e federal), a receita advinda da cobrança de ICMS representa cerca de 40% do total arrecadado. Tabela 1 – Impostos Governo Federal 2009 (Resultado Nominal) NATUREZA GOVERNO GERAL FEDERAL ESTADUAL MUNICIPAL Receita de Impostos 561.756.018 242.682.547 268.197.794 50.875.677 - IPI 28.086.369 28.086.369 0 0 - ICMS 225.337.152 0 225.337.152 0 - Imposto sobre Importação 15.967.905 15.967.905 0 0 - ISS 25.300.946 0 802.356 24.498.590 - IOF 19.293.431 19.293.431 0 0 - IPTU 14.061.439 0 364.849 13.696.590 - IPVA 20.071.088 0 20.071.088 0 - IR 178.795.785 178.795.785 0 0 - Outros impostos 34.841.902 539.057 21.622.348 12.680.496 Fonte: Adaptado de Lukic (2012, p. 07) De acordo com Lukic (2012, p.12), a tributação sobre consumo, que é a representada pelo ICMS, constitui “[...] a maior parte das receitas e da carga fiscal total”. Ainda conforme a mesma autora, “em 2008, estes impostos representaram 48,44% das receitas tributárias totais, o que corresponde a 17,32% do PIB”. No gráfico, podemos observar ainda melhor o significado dos impostos sobre o consumo na estrutura tributária brasileira, quando comparada com o todo das receitas fiscais. Figura 1 - Gráfico Estrutura da tributação em 2009 em relação ao todo das receitas fiscais Fonte: Lukic (2012, p. 12) Descrição da imagem: Gráfico em formato circular que apresenta a estrutura da tributação em 2009 em relação ao todo das receitas fiscais, esta dividido em 6 partes, com a maior parte esta o Consumo com 48,44%, em seguida a Previdência Social com 22,45%, a Renda possui 20,45% do espaço, Outros 3,44% , Propriedade 3,18% e por final as Operações Financeiras com 2,04%. Como já dissemos, há outro aspecto relevante do ICMS. Além do já citado significativo volume de recursos arrecadados através de sua cobrança, destaca-se a complexidade da estrutura jurídica que o sustenta. Objetivando tornar mais fácil o entendimento acerca deste imposto, vamos definir os conceitos mais importantes que envolvem a sua definição. Referências: LUKIC, Melina de Souza Rocha. Planejamento Tributário. Fundação Getúlio Vargas/FGV-DIREITO RIO, 2012. REZENDE, Fernando. ICMS: Como era, o que mudou ao longo do tempo, perspectivas e novas mudanças. In: Fórum Fiscal dos Estados Brasileiros & Fundação Getúlio Vargas. Caderno Fórum Fiscal no 10. Brasília, 2009. Este material foi baseado em: SANTOS, Francisco Rodrigues dos. Gestão Tributária. Instituto Federal do Mato Grosso/Rede e-Tec Brasil, Cuiabá: 2014. Última atualização: sexta, 26 nov 2021, 11:05 ◄ 8.6 Teste seus conhecimentos Seguir para... 8.8 Operações mercantis Como o ICMS diz respeito à tributação sobre operações relativas à circulação de mercadorias, vamos aprofundar um pouco mais o conhecimento que temos a respeito do que significam exatamente estes termos: circulação e mercadoria. Não é qualquer tipo de operação que será taxado pelo ICMS. É preciso identificar quais situações se enquadram como fato gerador do imposto, já que ele não se refere a simples mercadorias, nem a quaisquer espécies de circulação. O fato de possuir uma determinada mercadoria não é determinante para pagamento do imposto. O imposto incide sobre a transação de mercadorias, o que envolve a transmissão do direito de posse ou propriedade de uma mercadoria, através da sua compra, venda ou troca. Para a transação de mercadorias damos o nome de circulação que seria a passagem das mesmas de uma pessoa para outra através de um título jurídico, mesmo sendo irrelevante a mera circulação física ou econômica. O simples deslocamento de mercadorias não configura cobrança de ICMS. Por exemplo, a saída da mercadoria do estabelecimento comercial por si só não configura fato gerador do imposto. O mesmo se dá com mercadorias que são retiradas do estabelecimento durante um incêndio ou que são transportadas por motivode uma mudança de sede da empresa. Nenhuma destas hipóteses acarreta a cobrança do imposto. Para configurar fato gerador do imposto, é necessário a transferência da posse da mercadoria de uma pessoa para outra. Mercadoria pode ser definida como “[...] bem corpóreo da atividade profissional do produtor, industrial e comerciante, tendo por objeto a sua distribuição para consumo, compreendendo-se no estoque da empresa, distinguindo-se das coisas que tenham qualificação diversa, como é o caso do ativo permanente” (PAULSEN e MELO, 2013, p. 237/238). Podemos entender que mercadoria é o bem palpável, fruto de atividade comercial ou industrial, que tem por objetivo sua comercialização, ou seja, a transferência de propriedade deste bem. É importante ressaltar que o conceito de mercadoria com vistas à incidência de ICMS sofreu uma ampliação constitucional, quando incluiu a energia elétrica (coisa incorpórea) ao âmbito de incidência do ICMS. Os conceitos de circulação e mercadoria estão intimamente ligados, cabendo aos destinatários do imposto ficar atentos à sua concepção jurídica para efeito de caracterização ou não da incidência de ICMS. Prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal O ICMS fala das operações de circulação de mercadorias, mas também incide sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal. Neste caso, é preciso definir exatamente a qual extensão de serviços de transporte se refereo imposto. Para tanto, três aspectos precisam ser considerados. O primeiro é que o imposto se refere a serviços prestados em regime de direito privado, ou seja, que não se confundem com serviços públicos. O segundo é que apenas poderemos considerar a prestação de serviços quando existirem uma ou mais pessoas qualificadas como prestador e tomador do serviço, ou seja, não é possível caracterizar como prestação de serviço sua execução da pessoa para ela mesma. A empresa, por exemplo, que transporta bens de sua propriedade não produz fato gerador de ICMS, uma vez que inexiste relação contratual. O terceiro é que os serviços de transporte a que se refere o imposto são intermunicipais e interestaduais, não se sujeitando a ele os serviços de transporte realizados dentro do município, sujeitos exclusivamente ao ISS, e os serviços de transporte para o exterior. Para ficar mais claro o escopo de incidência do ICMS, no que se refere a serviços de transporte, Paulsen e Melo (2013, p. 239/240) configuram como fato gerador do imposto: a) o início da prestação dos serviços, por qualquer via, de pessoas, bens, mercadorias, e valores; ou a utilização por contribuinte de serviço, cuja prestação se tenha iniciado em outro Estado, e não seja vinculado a operação ou prestação subsequente; e b) o ato final do transporte iniciado no exterior, no caso de serviços prestados no exterior, ou cuja prestação se tenha iniciado no exterior. Prestação de serviços de comunicação Temos ainda que falar da prestação de serviços de comunicação. Comunicação, segundo o dicionário Aurélio, significa: “ação de comunicar; estar em comunicação com alguém. Aviso, mensagem, informação: comunicação de uma notícia” (FERREIRA, 2014). Esta comunicação necessita, segundo Paulsen e Melo (2013, p. 243) de “emissor, mensagem, canal e receptor”. Para efeito de fato gerador de ICMS estamos falando de serviços de comunicação, ou seja, da comunicação que envolve uma relação negocial entre duas ou mais partes, ou que represente uma prestação onerosa de serviços. No Brasil, este tipo de serviço é explorado diretamente pela própria União, ou mediante concessão ou permissão, destinados ao público em geral. Quando tratamos de fato gerador do ICMS, relativo à prestação de serviços de comunicação, nos referimos especificamente ao “imposto que incide sobre prestações onerosas de serviços de comunicação, por qualquer meio, inclusive a geração, a emissão, a recepção, a transmissão, a retransmissão, a repetição e a ampliação de comunicação de qualquer natureza (PALSEN E MOTA, 2013, p. 243)”. Base de cálculo e alíquota A base de cálculo do imposto está centrada em cima do valor da operação mercantil ou do preço do serviço de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação. Não há, na formação da base de cálculo, qualquer elemento estranho ao valor da operação ou do preço do serviço de transporte e comunicação. “Somente devem integrar a base de cálculo os valore inerentes às mercadorias e/ou serviços de transporte e de comunicação, bem como os reajustes e acréscimos intrinsecamente vinculados a tais valores” (PAULSEN E MELO, 2013, p. 269). A alíquota do ICMS se divide em alíquota interna e externa. Alíquota interna é a utilizada nas operações internas, ouseja, quando o vendedor e o comprador da mercadoria residem no mesmo estado. As alíquotas internas são fixadas por lei estadual. A alíquota externa é dividida entre alíquota interestadual (aplicadas quando o vendedor e o comprador se localizam em estados diferentes); e alíquotas de exportação (aplicáveis às exportações). Para as operações interestaduais, são utilizadas as alíquotas de 7% e 12%, conforme resolução do Senado Federal no 22/89. A utilização de uma alíquota ou outra depende da localização do estado de origem, onde se localiza o vendedor, eo estado de destino, onde se localiza o comprador. Em regra geral, a alíquota é de 12%, mas, nas vendas de mercadorias realizadas da região Sul do país, mais São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, para os estados do Norte, Nordeste, Centro-Oeste e mais o Espírito Santo, a alíquota cobrada é de 7%. No que se refere à alíquota, a Constituição Federal prevê em seu art. 155,§ 2º, incisosIV, V, VI e VII, o seguinte: Art. 155. § 2º. IV - resolução do Senado Federal, de iniciativa do Presidente da República ou de um terço dos Senadores, aprovada pela maioria absoluta de seus membros, estabelecerá as alíquotas aplicáveis às operações e prestações, interestaduais e de exportação; V - é facultado ao Senado Federal: a) estabelecer alíquotas mínimas nas operações internas, mediante resolução de iniciativa de um terço e aprovada pela maioria absoluta de seus membros; b) fixar alíquotas máximas nas mesmas operações para resolver conflito específico que envolva interesse de estados, mediante resolução de iniciativa da maioria absoluta e aprovada por dois terços de seus membros; VI - salvo deliberação em contrário dos Estados e do Distrito Federal, nos termos do disposto no inciso XII, "g", as alíquotas internas, nas operações relativas à circulação de mercadorias e nas prestações de serviços, não poderão ser inferiores às previstas para as operações interestaduais; VII - em relação às operações e prestações que destinem bens e serviços a consumidor final localizado em outro estado, adotar-se-á: a) a alíquota interestadual, quando o destinatário for contribuinte do imposto; b) a alíquota interna, quando o destinatário não for contribuinte dele; No inciso VII, do § 2º do art. 155, fala-se em contribuinte do imposto. Este contribuinte é definido, conforme o art. 4º da Lei Complementar no 87/96, como: Art. 4º Contribuinte é qualquer pessoa, física ou jurídica, que realize, com habitualidade ou em volume que caracterize intuito comercial, operações de circulação de mercadoria ou prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior. Não cumulatividade Um dos pilares da cobrança do ICMS é sua característica de não cumulatividade. Esta propriedade do tributo garante que o imposto não seja cobrado mais de uma vez sobre a mesma mercadoria ou o mesmo serviço em que já se tenha efetuado seu recolhimento do imposto. Nas palavras de Paulsen e Melo (2013, p. 288), o ICMS é não cumulativo porque é feita a compensação do que for: “[...] devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços de transporte interestadual, intermunicipal e de comunicação, com o montante incidente nas anteriores pelo mesmo ou por outro Estado”. Vamos pegar o exemplo de uma montadora de automóveis e de uma de suas fornecedoras, no caso uma fábrica de pneus. Quando um carro é fabricado, várias peças e componentes são utilizados até que se chegue ao produto final e uma dessas peças são os pneus. Quando a fábrica de pneus comercializa seus produtos para a montadora, uma nota fiscal é emitida indicando um ICMS a recolher que é registrado nos livros fiscais desta montadora como um crédito fiscal. Por sua vez, quando a montadora de automóveis for comercializar seus pro- dutos com o consumidor final, emitirá notas fiscais que indicarão o ICMS devido naquela operação. Ao final de cada período, geralmente um mês, é feita apuração do imposto a ser recolhido aos cofres estaduais pela montadora somando-se todos os débitos fiscais das operações de venda e diminuindo-se os créditos fiscais das operações de compra. Em outras palavras, é feito o somatório de todos os valores de ICMS que foram indicados nas notas fiscais de vendas dos automóveis e é subtraído deste valor todo o montante de ICMS indicado nas notas fiscais de compra de pneus e de todas as demais peças componentes do produto final. Conforme Paulsen e Melo (2013, p. 289): O cânone da não cumulatividade consiste na compensação dos valores creditados com os valores debitados em determinadoperíodo de tempo (geralmente mensal), não integrando a estrutura do ICMS e nem se confundindo com a base de cálculo, tendo operatividade em momento posterior à configuração da operação ou prestação realizada. Substituição tributária A substituição tributária é o regime em que se atribui a outro contribuinte a responsabilidade pelo ICMS devido em relação às operações ou prestações de serviços. A intenção da substituição tributária é facilitar a fiscalização do ICMS, já que este tributo tem por característica a incidência do imposto várias vezes no decorrer da cadeia de circulação de uma determinada mercadoria ou serviço. De acordo com Fabretti (2014, p. 173), a legislação pode atribuir [ ] a determinado contribuinte que integra uma determinada cadeia de produção e circulação de bens e serviços, a obrigação de recolher o ICMS devido pelo próximo contribuinte (operação subsequente), ou pelo anterior (operação antecedente), ou por ambos (operações concomitantes). Um exemplo ocorre quando uma fabrica de componentes eletrônicos recolhe o ICMS de sua operação e também o ICMS do ponto de venda que comprará seu produto, ou seja, que o sucederá na cadeia de produção. O fabricante será o substituto tributário (apenas relativo ao ICMS do ponto de venda) do ponto de venda que será o substituído. Para recolher o ICMS como substituto do ponto de vendas, o fabricante terá que estimar a margem de valor a ser agregado pela mercadoria no ponto de venda e recolher o ICMS calculado sobre esta margem. Naturalmente, este ICMS que o substituto irá recolher em nome do substituído será repassado a este último através de um acréscimo no valor da operação. Na prática, o ponto de venda pagará o ICMS antes de realizar o fato gerador do tributo, ou seja, antes de promover a saída da mercadoria de seu estabelecimento. Conforme Fabretti (2014), o objetivo da substituição tributária é antecipar o recolhimento do imposto e assegurar a arrecadação de receita por parte do Poder Público. Referências: FABRETTI, Láudio Camargo. Contabilidade Tributária.14.ed. São Paulo, Atlas, 2014. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário Aurélio Básico da Língua Portu guesa. LUKIC, Melina de Souza Rocha. Planejamento Tributário. Fundação Getúlio Vargas/FGV-DIREITO RIO, 2012. PAULSE, Leandro; MELO, José Eduardo Soares. Impostos Federais, Estaduais e Muni cipais .8.ed. Porto Alegre: Liv. do Advogado, 2013. REZENDE, Fernando. ICMS: Como era, o que mudou ao longo do tempo, perspectivas e novas mudanças. In: Fórum Fiscal dos Estados Brasileiros & Fundação Getúlio Vargas. Caderno Fórum Fiscal no 10. Brasília, 2009. Este material foi baseado em: SANTOS, Francisco Rodrigues dos. Gestão Tributária. Instituto Federal do Mato Grosso/Rede e-Tec Brasil, Cuiabá: 2014. Última atualização: quinta, 18 nov 2021, 12:16 ◄ 8.7 Considerações sobre o ICMS Seguir para... 8.9 Como funciona o ICMS Olá, cursista! Na aula de hoje vamos aprender sobre o ICMS. O ICMS é o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços. Ele é um tributo, é um percentual cobrado quando você vende uma mercadoria. Por exemplo: Você faz uma venda de R$100,00 dentro do estado de São Paulo. Em São Paulo o ICMS é de 18%, logo, você pagará R$18,00 de imposto sobre esta venda. O ICMS é um imposto estadual, por isso, cada estado pode ter as suas regras. Por exemplo, em São Paulo o ICMS é de 18%, porém em Santa Catarina é 17%. Então cada estado tem autonomia para definir as suas regras de cálculo de ICMS e como arrecadá-lo. O ICMS funciona em duas operações: Nas operações internas, que podem ser interestaduais, e quando ocorre nesta forma, pode variar entre 4%, 7% e 12%, quando as mercadorias forem consideradas importadas. Figura 1 - Valores de ICMS em transações interestaduais Descrição da imagem: Ilustração do mapa do Brasil, com os valores cobrados de ICMS em transações interestaduais. Os estados das regiões: Norte, Nordeste e Centro-Oeste estão pintados em cinza escuro. Região Sul e Sudeste está em verde claro. Os valores de ICMS: De cinza escuro para cinza escuro 12%. De cinza escuro para verde claro: 12%. De verde claro para verde claro 12%. De verde claro para cinza escuro 7%. O ICMS pode ser isento, um exemplo são os preservativos, que após uma reunião entre os estados, decidiram fazer a isenção para ajudar a reduzir o preço do produto e torná-lo mais acessível. Há também o ICMS débito e crédito, essa aplicação funciona da seguinte forma: O cidadão A vende para o B aquele item do primeiro exemplo, com o ICMS de R$18,00, o cidadão B ficará com crédito de R$18,00 e quando for vender para o cidadão C, ele não precisará pagar estes R$18,00. Existe a substituição tributária, nada mais é que o ICMS, sendo cobrado de forma diferente: Ao invés de ser da indústria para o distribuidor, do distribuidor para a loja, da loja para o cliente, ele é cobrado somente em uma operação, por exemplo da indústria para o distribuidor. E a ideia é cobrar todo o imposto que seria fragmentado naquele processo, de uma só vez. Por fim, temos também o DIFAL (Diferencial de Alíquota do ICMS), essa aplicação ocorre quando uma empresa do Rio de Janeiro vai fazer uma venda para uma pessoa física de Minas Gerais, ou seja, o cliente é não contribuinte de ICMS, porém o ICMS do Rio de Janeiro é 12% e de Minas Gerais é 20%, logo, a empresa terá que pagar além dos 12%, um DIFAL de 8%. O ICMS é um imposto complexo, com muitas regras, porém é importante que você cursista, continue estudando, para aprender a formar um preço de venda corretamente. O ICMS é um imposto impactante e pode chegar em uma carga tributária relevante ao longo do processo da venda. Referências: COELHO, Jiovanni. Como funciona o ICMS. 05 fev. 2018. 1 vídeo (6min39s). Publicado pelo canal SimTax. Disponível em: https://youtu.be/xCBJ5IU7F84 Acesso em: 28 set. 2021. COELHO, Jiovanni. ICMS – Um guia completo para você saber tudo sobre o imposto. Site SimTax. Disponível em: https://www.simtax.com.br/icms/. Acesso em: 28 set. 2021. Este material foi baseado em: SANTOS, Francisco Rodrigues dos. Gestão Tributária. Instituto Federal do Mato Grosso/Rede e-Tec Brasil, Cuiabá: 2014. Última atualização: quinta, 18 nov 2021, 12:16 ◄ 8.8 Operações mercantis Seguir para... 8.10 Simples nacional, lucro real e lucro presumido Ao iniciar o ano, o empresário precisa fazer uma definição importante do ponto de vista tributário referente à apuração do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL) e escolher, de acordo com as características de seu negócio, uma das três alternativas: lucro real, lucro presumido ou simples nacional. Faz-se a ressalva de que a opção pelo simples nacional é uma alternativa exclusiva para microempresa e empresa de pequeno porte e envolve outros impostos além dos já citados, como o ICMS por exemplo. Na presente aula, estudaremos essas três alternativas à disposição das pessoas jurídicas quando precisam recolher seus impostos. Boa aula! Simples Nacional O Simples Nacional é um regime tributário definido pela Lei Complementar no 123/06, marco normativo que instituiu o Estatuto Nacional da Microempresa (ME) e Empresa de Pequeno Porte (EPP). A lei estabelece normas gerais relacionadas a um tratamento específico dispensado às microempresas e às empresas de pequeno porte. Este tratamento permite a elas o recolhimento unificado de tributos federais, ISS e ICMS, simplificando o regime tributário e oferecendo alíquotas relativamente baixas. O Estatuto da ME e da EPP disponibiliza, como já ressaltamos, um tratamento privilegiado para pessoas jurídicas que se enquadram como tal. Eis que surge o questionamento: quais empresas podem ser enquadradas como ME e EPP? Conforme o artigo 3º da Lei no 123, consideram-se microempresas ou empresas de pequeno porte, a sociedade empresária, a sociedade simples, a empresa individualde responsabilidade limitada e o empresário, devidamente registrados no Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, desde que: I - no caso da microempresa, aufira, em cada ano- calendário, receita bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais); II - no caso da empresa de pequeno porte, aufira, em cada ano- calendário, receita bruta superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 3.600.000,00 (três milhões e seiscentos mil reais). Ao optar pelo simples nacional, a ME ou a EPP passam a ter o recolhimento dos impostos a seguir listados de modo mensal, mediante um único documento de arrecadação. Os impostos são os seguintes: Imposto de Renda da Pessoa Jurídica – IRPJ; Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI; Contribuição sobre o Lucro Líquido – CLSS; Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – Cofins; Contribuição para o PIS/Pasep; Contribuição Patronal Previdenciária – CPP; Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação – ICMS; e Imposto de Serviço de Qualquer Natureza – ISS. A alíquota para pagamento dos impostos inclusos no Estatuto da ME e da EPP será calculada com base no faturamento anual da empresa, ou seja, sua receita bruta acumulada nos doze meses anteriores ao do período de apuração, como preconiza o § 1º do art. 18 da Lei Complementar no 123. Art. 18. O valor devido mensalmente pela microempresa e empresa de pequeno porte comercial, optante pelo Simples Nacional, será determinado mediante aplicação da tabela do Anexo I desta Lei Complementar. § 1º Para efeito de determinação da alíquota, o sujeito passivo utilizará a receita bruta acumulada nos 12 (doze) meses anteriores ao do período de apuração. O recolhimento unificado dos impostos é uma das vantagens dispostas pela legislação, mas existem outras, como o acesso ao crédito e a preferência nas aquisições de bens e serviços junto aos poderes públicos. O artigo 1o da Lei Complementar no 123 estabelece os termos do tratamento diferenciado disponível para ME e EPP. Art. 1º Esta Lei Complementar estabelece normas gerais relativas ao tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado às microempresas e empresas de pequeno porte no âmbito dos Poderes da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, especialmente no que se refere: I - à apuração e recolhimento dos impostos e contribuições da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, mediante regime único de arrecadação, inclusive obrigações acessórias; II - ao cumprimento de obrigações trabalhistas e previdenciárias, inclusive obrigações acessórias; III - ao acesso a crédito e ao mercado, inclusive quanto à preferência nas aquisições de bens e serviços pelos Poderes Públicos, à tecnologia, ao associativismo e às regras de inclusão. Criado para, dentre outras vantagens, oferecer uma alternativa de regime tributário para ME e EPP, a Lei Complementar no 123, pode nem sempre ser a melhor opção para o empresário. Um dos pontos apresentados como desvantagem é que as empresas optantes pelo simples nacional não fazem destaque do ICMS e do IPI em suas notas ficais e, portanto, quem compra delas não tem direito ao crédito fiscal desses impostos. As empresas que operam com baixa margem de lucro, também precisam ficar atentas, pois podem recolher menos tributos se optarem pela modalidade do lucro real (modalidade que veremos a seguir). Isso acontece porque as alíquotas do Simples incidem sobre o faturamento, sem considerar a rentabilidade e, no Lucro Real, incidem sobre o resultado da operação. Lucro Real Entre os vários tributos a que estão sujeitas as empresas, encontram-se aqueles que incidem diretamente sobre o seu lucro. São eles o Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL). Cabe à empresa, anualmente, fazer uma avaliação sobre qual a melhor forma de tributar seu resultado, através do lucro real ou do lucro presumido. “ O lucro real é o resultado contábil (receitas menos os custos e despesas), ajustado pelas adições e exclusões” (CHAVES, 2008, p. 10). Isso quer dizer que o IRPJ e a CSLL serão calculados tendo por base o percentual de lucro real obtido pela empresa apontado nos livros contábeis. Para o recolhimento destes impostos, a base de cálculo é estabelecida através de um percentual (lucro real), calculado sobre a receita bruta da empresa. Para as empresas sujeitas ao regime de apuração pelo lucro real, é necessário fazer a manutenção de sua escrituração contábil. O Lucro Real é obrigatório para empresas que faturam acima de 78 milhões de reais ao ano, empresas que possuem benefícios fiscais ou que receberam algum investimento do exterior. Esse tipo de tributação é mais favorável para empresas que têm baixa margem de lucro, porque o tributo é calculado sobre o lucro real do período anterior ao pagamento (ABERTURA SIMPLES, 2018). Lucro Presumido Conforme a Receita Federal (BRASIL, 2014), o lucro presumido “é uma forma de tributação simplificada para determinação da base de cálculo do imposto de renda e da CSLL das pessoas jurídicas que não estiverem obrigadas, no ano- calendário, à apuração do lucro real”. Ainda segundo a Receita, “é uma forma de tributação em que se usa como base de cálculo do imposto o valor apurado mediante a aplicação de um determinado percentual sobre a receita bruta”. De acordo com Paulsen e Melo (2013, p. 84), Empresas com receita bruta total, no ano calendário anterior, até R$ 48.000.000,00 (quarenta e oito milhões de reais) e cujas as atividades não estejam obrigatoriamente sujeitas a apuração do lucro real, podem optar pelo regime de tributação com base no lucro presumido, nos termos do art. 13 da Lei 9.718/98, com redação da Lei 10.637/02. A diferença da opção pelo lucro presumido é que a base de cálculo do imposto, em cada mês, será determinada mediante a aplicação de um percentual presumido sobre a receita bruta auferida mensalmente, conforme o art.15 da Lei 9.249/95. A base de cálculo diz-se presumida porque é feita a apuração, o lucro pode ser maior ou menos que o percentual da receita apontado por lei. O valor dos impostos é calculado em cima do que se presume que a empresa vai lucrar. Nesse caso, o imposto é recolhido trimestralmente e a base de cálculo é estabelecida de acordo com a atividade exercida pela empresa. Em geral, é ideal para empresas com grande percentual de lucro. Não se enquadram bancos e corretoras de investimento (ABERTURA SIMPLES, 2018). Referências: ABERTURA SIMPLES. Simples Nacional, Real ou Presumido. [S. l.: s. n.], 29 out. 2018. 1 vídeo (3 min 36 s). Publicado pelo canal Abertura Simples. Disponível em: https://youtu.be/2jDUgSMs1r8. Acesso em: 11 out. 2021. CHAVES, Francisco Coutinho. Planejamento Tributário na Prática: gestão Tributária Aplicada. São Paulo: Editora Atlas, 2008. PAULSE, Leandro; MELO, José Eduardo Soares. Impostos Federais, Estaduais e Municipais .8.ed. Porto Alegre: Liv. do Advogado, 2013. Este material foi baseado em: SANTOS, Francisco Rodrigues dos. Gestão Tributária. Instituto Federal do Mato Grosso/Rede e-Tec Brasil, Cuiabá: 2014. Última atualização: quinta, 18 nov 2021, 12:16 ◄ 8.9 Como funciona o ICMS Seguir para... 8.11 Como funciona os razonetes Para continuarmos nossos estudos vamos antes entender como funciona os razonetes, uma maneira bem comum na contabilidade que facilita nosso entendimento de débito e crédito. Para começar vamos fazer um T, onde esse razonete vai representar um lançamento de cada conta. Por exemplo vamos efetuar um lançamento na conta caixa. Acima da linha horizontal do T vai o nome Caixa no lado esquerdo da linha vertical irão os valores em débito e no lado direito os valores em crédito. Vamos usar como exemploo João que vai abrir uma empresa e ira integralizar $30.000 em dinheiro no capital social. Se pensarmos em aplicações e origens, os débitos representam as aplicações e os créditos vão representar as origens. Assim João debitara no caixa e creditara no capital social. Observe a imagem para melhor compreensão. Figura 1 - Exemplo de lançamento no razonete Descrição da imagem: Dois razonetes (formato de um T) um do lado do outro, o primeiro Caixa apresenta apenas um valor no débito de (1) $ 30.000. Segundo razonete Capital Social apenas um valor no crédito de (1) $ 30.000. Vamos fazer mais um registro, João resolveu retirar $ 10.000 do caixa da empresa e depositar na conta corrente do banco. Então nossa aplicação será na conta corrente (débito) e esse recurso sairá do caixa (crédito). Figura 2 - Exemplo de lançamento no razonete Descrição da imagem: Três razonetes , o primeiro Caixa apresenta um valor no débito de (1) $ 30.000 e (2) $ 10.000 no crédito. O segundo razonete Capital Social apenas um valor no crédito de (1) $ 30.000. E no terceiro está o Banco C/C com apenas um valor no débito de (2)10.000. Usando os razonetes podemos entender e visualizar as operações de uma empresa ou organização e como são processadas pela contabilidade. Podemos contabilizar os tributos diretos e indiretos que será o conteúdo da nossa última aula. Referência: KALYNKA, Stephanie. Razonetes. [S. l.: s. n.], 13 de jul. 2020. 1 vídeo (9 min 02 s). Publicado pelo canal Stephanie Kalynka. Disponível em: youtube.com/watch?v=wyS5xDLzbvU&t=333s. Acesso em: 30 set. 2021. Este material foi baseado em: SANTOS, Francisco Rodrigues dos. Gestão Tributária. Instituto Federal do Mato Grosso/Rede e-Tec Brasil, Cuiabá: 2014. Última atualização: quinta, 18 nov 2021, 12:16 ◄ 8.10 Simples nacional, lucro real e lucro presumido Seguir para8.12 Contabilidade tributária Este é o momento de somar todos os conhecimentos adquiridos até agora para podermos entender como são contabilizados os tributos. A princípio, faremos uma introdução aos conceitos contábeis envolvendo o estudo do patrimônio. Vamos ficar atentos para este último esforço dentro desta disciplina, pois o assunto é de grande importância. Bons estudos! Conceito de contabilidade tributária Para formarmos um conceito de contabilidade tributária, precisamos primeiro entender melhor o que é contabilidade e o que é legislação tributária em separado. Vamos começar com o primeiro. A contabilidade é a ciência que faz o registro das atividades financeiras de uma determinada instituição. Pense nos primórdios das relações comerciais da humanidade, quando mal havíamos evoluído das relações de troca para a introdução da moeda como instrumento de compra e venda de produtos e serviços. Como este homem primitivo conseguia gerir seus negócios sem fazer anotações ou registros de quanto comprou, vendeu, lucrou, quais clientes lhe devem ou com quais fornecedores era necessário acertar as contas? Foi preciso criar um método para fazer a gestão do negócio, que começou com uma simples “caderneta” de registro diário de venda, mas que evoluiu muito com o progresso das relações comerciais, chegando até a contabilidade que conhecemos nos dias atuais. O conceito clássico de contabilidade, consagrado no I Congresso Brasileiro de Contabilidade, datado de setembro de 1924 diz o seguinte: “Contabilidade é a ciência que estuda e pratica as funções de orientação, controle e registro relativo aos atos e fatos da administração econômica”. Ao que Fabretti (2014) considera, apesar das grandes transformações políticas, sociais e econômicas registradas no período, em sua essência uma definição que continua válida. Relativamente ao conceito de legislação tributária, verificamos que ele está registrado no art. 96 do CTN: “Art. 96. A expressão "legislação tributária" compreende as leis, os tratados e as convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes”. O texto do CTN é claro ao afirmar que a legislação tributária trata de todo arcabouço jurídico relativo a tributos. Feitas estas duas conceituações temos melhores condições de traçar uma definição de contabilidade tributária. Temos, por um lado, a contabilidade como instrumento de registro dos fatos da administração econômica e, por outro, toda a ótica legal pela qual devemos enxergar os tributos. Somados os dois conceitos é possível extrair uma teoria conceitual sobre contabilidade tributária, que, conforme Fabretti (2014, p. 5), “é o ramo da contabilidade que tem por objetivo aplicar na prática conceitos, princípios e normas básicas da contabilidade e da legislação tributária, de forma simultânea e adequada”. Patrimônio Você estudante com certeza já pensou sobre qual o patrimônio tem, por exemplo, um jogador de futebol, ou um artista de televisão. Nosso senso comum nos indica que patrimônio são os bens pertencentes às pessoas ou às empresas. Realmente, patrimônio é isso mesmo, mas, para a contabilidade, ele tem um conceito um pouco mais sofisticado: “Patrimônio é o conjunto de bens, direitos e obrigações pertencentes a uma entidade” (FABRETTI, 2014, p.11). Aqui focaremos o patrimônio de pessoa jurídica e não física, não só bens e direitos, mas também as obrigações para com terceiros. Compõem o patrimônio o ativo e o passivo, ou seja, de um lado, o ativo que compreende o conjunto de bens, valores, créditos e direitos e, de outro, o passivo que corresponde ao saldo das obrigações devidas. Um exemplo de ativo é uma conta a receber e, de passivo, uma conta a pagar. O encontro das informações fornecidas pelo ativo, com as que constam no passivo, fazem a composição do patrimônio líquido da empresa. O patrimônio líquido representa os valores que os sócios ou acionistas têm na empresa em um determinado momento. Para calcular este patrimônio, é elaborado um balanço patrimonial, no qual será verificada a diferença entre o valor dos ativos e dos passivos. De uma forma geral, o patrimônio líquido representa o termômetro de sucesso ou insucesso de uma entidade empresarial, através do qual será constatado, a partir de um capital inicial, se a organização acumulou lucros ou prejuízos em sua atividade. “O patrimônio líquido representa o investimento feito como capital inicial da entidade e suas mutações, cujos resultados, se positivos, representam lucros, se negativos, prejuízos” (FABRETTI, 2014, p. 14). Quando o patrimônio líquido é negativo, dizemos que o passivo está a descoberto e estes casos acontecem quando os bens e direitos do ativo não são suficientes para pagar as obrigações do passivo, ou seja, não cobrem as dívidas contraídas pela empresa em suas operações. Abaixo, temos uma representação gráfica do patrimônio líquido: Tabela 1 - Representação do Patrimônio Líquido Ativo a) Bens (direitos reais) = Máquinas $ 300 Veículos $ 200 Mercadorias $ 400 Caixa $ 100 $ 1.000 b) Direitos (pessoais) = Depósitos bancários $ 300 Duplicatas a receber $ 700 $ 1.000 Total do Ativo = A + B = $ 2.000 Passivo + Patrimônio Líquido a)Passivo Real (obrigações) = Fornecedores $ 1.000 ICMS a pagar $ 500 $ 1.500 b)Patrimônio Líquido = Capital social $ 500 Total do Passivo = A + B = $ 2.000 Fonte: Fabretti (2014, p. 15,) adaptado pelo autor Mutações patrimoniais As relações entre as empresas acontecem através de atos e fatos administrativos. Para a contabilidade, os atos administrativos são aqueles que, embora necessários, não provocam alterações patrimoniais. Diferem de fatos administrativos que provocam modificação no patrimônio da entidade, sendo, por isso, objeto de contabilização. Quando praticados, os fatos administrativos, provocam uma alteração ou uma mutação do patrimônio das organizações, podendo alterar a quantidade de bens, direitos ou obrigaçõesdas empresas, ou ainda gerar receitas ou despesas. Os fatos administrativos podem ser: permutativos, modificativos ou mistos. Eles são definidos da seguinte forma, conforma Fabretti (2014): 1. Os fatos são permutativos quando alteram a estrutura do patrimônio sem, no entanto, alterar seu patrimônio líquido. É quando ocorre apenas a permuta de valores patrimoniais. Exemplo: uma empresa inicia suas atividades com $ 200 em dinheiro, posteriormente, faz uma aquisição de mercadoria a prazo de $ 50. Neste exemplo não houve alteração no patrimônio líquido e sim uma entrada de um bem no ativo (mercadoria) cujo valor é compensado pela obrigação (fornecedor) assumida junto ao passivo. Não há modificação do patrimônio líquido, ou seja, não é detectado lucro ou prejuízo, nem receita ou despesa. 2. Fatos modificativos, como o próprio nome diz, são aqueles em há uma modificação do patrimônio líquido para mais ou para menos. Ocorre quando há uma entrada ou saída de valores no patrimônio, sem que saiam ou entrem outros para compensá-los. Exemplo: quando uma empresa faz uma aplicação bancária de $ 100 e recebe no primeiro mês $ 10 de juros. Esses $ 10 vão somar um aumento no patrimônio líquido. 3. Fatos mistos são aqueles que produzem ao mesmo tempo uma permuta e uma modificação do patrimônio líquido para mais ou para menos. Exemplo: a venda efetuada por uma empresa de uma mercadoria com lucro. Ao efetuar uma venda de uma mercadoria que vale $ 200 por um valor de $ 250, a empresa fica com uma duplicata a receber de $ 250, tendo havido, portanto, uma permuta (mercadoria x duplicata) de $ 200 e um aumento do patrimônio líquido (receita) de $ 50 (FABRETTI, 2014). Registro das mutações patrimoniais No item anterior, observamos que existem fatos administrativos que ocorrem nas empresas. Estes fatos ocorrem centenas de vezes nas rotinas das empresas e é impossível registrá-los e interpretá-los sem uma metodologia. É para isso que existem os métodos contábeis, pois através deles é possível registar, interpretar, aplicar e demonstrar os fatos administrativos de forma segura e fácil. Através da aplicação dos métodos contábeis, a empresa pode analisar e controlar sua situação econômica e financeira permitindo seu gerenciamento. Existem várias maneiras de realizar a escrituração dos fatos administrativos e todas baseiam-se em dois métodos fundamentais: método das partidas simples e método das partidas dobradas. O método das partidas simples advém dos primórdios da contabilidade quando eram registrados nas antigas “cadernetas” as dívidas dos fregueses, os chamados popularmente de “fiados”, anotando o débito de cada um deles. Mais tarde, quando pagas as dívidas, era feito o registro da quitação. Este método encontra-se em desuso por ser incompleto e deficiente, nele sendo registrados apenas os débitos e créditos. O método das partidas dobradas foi elaborado pela primeira vez em 1494, na Itália, pelo frei Luca Paciolo no livro “Summa de Arithmetica, Geometria, Proportioni et Proportionalità” e consiste basicamente em uma equação constante entre débito e crédito (D = C) em que cada débito deve ter como contrapartida um crédito equivalente e vice-versa (FABRETTI, 2014). O termo dobrado está associado ao fato de cada transação conter duas entradas, sendo uma de crédito em uma conta e uma de débito em outra conta. Já que mencionamos o termo “conta”, está na hora defini-lo. “Conta é a representação gráfica em moeda de cada elemento de patrimônio e de suas mutações” (FABRETTI, 2014, p. 26). As contas são classificadas em: contas patrimoniais, e contas de resultado. Contas patrimoniais são aquelas que representam o patrimônio da empresa formado pelos bens, direitos, obrigações e pelo patrimônio líquido, ou seja, são as contas onde estão contidos o ativo, o passivo e o patrimônio líquido. Estas contas são apresentadas através do balanço patrimonial. As contas de resultado são aquelas em que se apresentam as receitas e as despesas do período, que devem ser encerradas ao final do exercício, apurando se houve lucro ou prejuízo para a empresa. Estas contas detectam a variação no patrimônio líquido. Para efetuar os registros das mutações patrimoniais em contas próprias, nos utilizamos de duas formas: débito e crédito. É preciso que fiquemos atentos ao seu significado porque, para a contabilidade, os termos debito e crédito têm um significado diferente do utilizado pela linguagem cotidiana, não sendo correto associá-los à subtração ou à adição do financeiro. Tabela 2 - Exemplos de como se realiza o débito e o crédito nas contas patrimoniais e de resultado. Contas Patrimoniais Direitos pessoais: Quando se adquire um direito. Exemplo: venda de mercadoria a prazo - debita-se a conta do devedor (duplicatas a receber); quando ele paga, registra-se a extinção desse direito por meio de um crédito em sua conta (duplicatas a receber), que anula o débito anterior Obrigações: quando se assume uma obrigação. Exemplo: compra de mercadoria a prazo - representa-se esse fato por um crédito na conta fornecedor; quando se paga, registra-se a extinção dessa obrigação por um débito na conta do fornecedor, que anula o crédito anterior Contas de Resultado Receita: Quando se realiza fato aumentativo. Exemplo: recebimento de juros - registra-se esta variação patrimonial positiva por meio de um crédito em conta de receita Despesa: Quando se realiza fato diminutivo. Exemplo: pagamento de aluguel - registra-se esta variação patrimonial negativa por meio de um débito em conta de despesa Fonte: Fabretti (2014, p. 15,) adaptado pelo autor Vamos fazer estes lançamentos na prática para termos uma ideia mais clara de como funcionam as movimentações das contas patrimonial e de resultado. O exemplo a seguir foi adaptado de Fabretti (2014). Exemplo: A empresa Y têm os seguintes lançamentos a fazer na sua contabilidade: Depósito bancário de $ 500 Saque do depósito bancário do valor acrescido de juros de $ 10 Primeiro vamos demonstrar o depósito: Tabela 3 - Lançamento da empresa depositante Contas Débito Crédito Depósito bancário (direto) Banco X $ 500 Caixa (saída / bem) $ 500 Tabela 4 - Lançamento do banco depositário Contas Débito Crédito Caixa (entrada / bem) $ 500 c/c contas correntes (obrigação) Empresa Y $ 500 Agora vamos realizar o saque, acrescido de juros de $ 10: Tabela 5 - Lançamento da empresa depositante Contas Débito Crédito Caixa (entrada / bem) $ 510 Depósitos bancários (extinção/direito) Banco X $ 500 Juros ativos (receita) $ 10 Tabela 6 - Lançamento do banco depositário Contas Débito Crédito c/c contas correntes (extinção / obrigação) Empresa Y $ 500 Juros pagos(despesa) $ 10 Caixa (saída/bem) $ 510 Podemos agora verificar como ficam os lançamentos no livro diário e no livro razão e posteriormente o balancete de verificação do razão. Os lançamentos significam o registro nas contas respectivas dos débitos e créditos referentes às operações da entidade. De acordo com Fabretti (2014), o lançamento deve conter os seguintes elementos: local e data, conta devedora, conta credora, histórico e valor. Passemos a um exemplo prático adaptado desse mesmo autor: Venda a prazo no valor de $ 400 Lançamento no livro diário: Data: 01/01/2014 Local: Cidade x Histórico: venda através de nota fiscal no xxxx Tabela 7 - Lançamento deve conter Conta Débito Crédito Caixa Vendas $ 400 $ 400 Vamos adicionar mais lançamentos ao nosso exemplo, ficando com várias contas devedoras e credoras ao mesmo tempo: Despesas de salários $ 100 Depósito bancário $ 200 Tabela 8 - Exemplo com mais lançamentos Conta Débito Crédito Receita de vendas $ 400 Despesas de salários $100 Bancos $ 200 Caixa $ 100 $ 400 $ 400 Para melhor entendimento, vamos fazer passo a passo os lançamentos nolivro razão, onde faremos os lançamentos em ordem cronológica, utilizando-se sempre a representação de um “T”. Venda a prazo de $ 400: debita caixa, credita receita de venda; Pagamento de salário de $ 100: debita despesas com salário, credita caixa; Depósito bancário $ 200: debita banco, credita caixa. Figura 1 - Lançamento no razonete Descrição da imagem : Quatro razonetes , o primeiro possui o nome de Receita de vendas, onde no débito(D) não possui nem um valor e no crédito (C) $ 400. Nas Despesas com salários que é o razonete do lado no débito possui $100 e no crédito nem um valor . O Caixa sendo o terceiro, no débito possui o valor de $400 e no crédito os valores $100 e $200, no final da linha que divide o débito e o crédito possui um traço na horizontal para o lado do débito que é o total sendo $100. O Banco, último razonete possui somente um valor de $200 no débito. Para finalizar, faremos a demonstração do balancete de verificações: Tabela 9 - Verificação Conta Débito Crédito Caixa $ 100 Bancos $ 200 Vendas $ 400 Salários $ 100 $ 400 $ 400 Referência: FABRETTI, Láudio Camargo. Contabilidade Tributária.14.ed. São Paulo, Atlas, 2014. Este material foi baseado em: SANTOS, Francisco Rodrigues dos. Gestão Tributária. Instituto Federal do Mato Grosso/Rede e-Tec Brasil, Cuiabá: 2014. Última atualização: quinta, 18 nov 2021, 12:16 ◄ 8.11 Como funciona os razonetes Seguir para... 8.13 Regimes contábeis e contabilização dos tributos indiretos8.14 Contabilização dos tributos diretos Tributos diretos são os que recaem sobre o contribuinte que está direta e pessoalmente ligado ao fato gerador. Incidem sobre o patrimônio e a renda. Exemplo: IPTU, IRPJ e IRPF e CSL. A legislação tributária impede que estes tributos sejam repassados para os preços ou para outra pessoa. Vamos analisar, através de um caso prático, como ocorre a contabilização do IRPJ. IRPJ Como vimos na aula 4, o imposto de renda tem como base de cálculo o montante real, presumido ou arbitrado. O lucro arbitrado não foi definido na aula 4 porque não esta incluído em nossa análise que se centrou no lucro real e presumido. O lucro arbitrado é uma faculdade do Fisco, prevista para os casos em que a pessoa jurídica não mantém atualizada a escrituração como recomendam as leis comerciais e fiscais e, portanto, deixa de elaborar as respectivas demonstrações financeiras. Quando isso ocorre, o Fisco pode arbitrar o lucro que servirá de base para o cálculo do imposto de renda (FRABRETTI, 2014). Continuaremos centrando nossa análise no lucro real e lucro presumido. Lucro real O lucro real é apurado a partir do resultado contábil do período-base, que pode ser positivo (lucro) ou negativo (prejuízo). Aqui é importante definir como apurar contabilmente o lucro. Os preceitos para apuração do lucro líquido estão expressos na Lei no 6.404/76 (Lei das Sociedades por Ações) em seu art. 87 e que estão demonstradas no quadro a seguir: Tabela 1 - Demonstrativo do resultado do exercício (art. 87) Exercício Receita bruta das vendas e serviços A ( - ) B Deduções das vendas, abatimentos e impostos Receita líquida das vendas e serviços C ( - ) D Custo das mercadorias e serviços vendidos Lucro bruto E ( - ) F Despesas com vendas, despesas financeiras deduzidas das receitas, despesas gerais e administrativas e outras despesas operacionais Lucro (ou prejuízo) operacional G + H ( - ) I (+ ou -) J Outras receitas Outras despesas Saldo da conta de correção monetária do ativo permanente e do patrimônio líquido (Revogada – Lei nº 9.249/95) Resultado do exercício antes do Imposto de Renda L Provisão para Imposto de Renda e CSL ( - ) M Participações de debêntures, empregados, administradores e partes beneficiárias (inclusive instrumentos financeiros) ( - ) N Contribuições para instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados (não classificadas como despesa) ( - ) O Lucro (ou prejuízo) líquido efetivo do exercício (R$.....por ação do capital social) ( + ou - ) P Fonte: FABRETTI, 2014, PÁG. 225 Após apurado o lucro líquido, ele é transportado para apuração do lucro real – Lalure ajustado mediante as adições, exclusões e compensações determinadas por lei, apurando-se o lucro real. Entende-se por adições, exclusões e compensações, o seguinte: Adições: referem-se às despesas contabilizadas pela PJ, mas que são limitadas ou não admitidas pela lei. Exemplo: multas por infração fiscal. Exclusões: são valores que a lei permite subtrair do lucro líquido (IR) para efeito fiscal. Exemplo: depreciação acelerada por incentivos fiscais, dividendos obtidos de investimentos em ações de outras empresas avaliadas pelo custo de aquisição etc. Compensações: podem ser compensados os prejuízos fiscais dos períodos-base anteriores (FRABRETTI, 2014, pág. 226). Feitas as adições, exclusões e compensações sobre o lucro líquido (IR), apuramos o lucro real. Vamos a um exemplo adaptado de Fabretti (2014): Exemplo: Supondo a apuração de um lucro real de $ 78.400 Sobre o valor apurado aplica-se a alíquota de 15% do IR Considerar um lucro líquido de $ 110.000 (saldo anterior da conta resultado do exercício). Ressaltamos que este montante do lucro líquido é que serviu de base para o cálculo do lucro real de $ 78.400. Temos: 15% de $ 78.400 = $ 11.760. Tabela 2 - Lançamento no diário em R$ Conta Débito Crédito Resultado do exercício (1) IR do período-base Provisões Imposto de renda (2) Idem $ 11.760 _________ $ 11.760 $ 11.760 $ 11.760 O total do IR devido (IR+ adicional) deve ser aprovisionado na contabilidade, abatendo-se seu valor do lucro por meio de débito na conta de resultado, tendo como contrapartida o crédito na conta de provisão para IRPJ, no grupo de Obrigações Fiscais do Passivo Circulante. Figura 1 - Lançamento no razonete Descrição da imagem: Dois razonetes um do lado do outro, o primeiro razonete representa o Resultado do exercício, no débito possui somente um valor de (1) $ 11.760 e no Credito está o Saldo ant. $ 110.00 e no final da coluna abaixo do traço o Saldo atual $ 98.240. No segundo razonete está a Provisão para IR que possui somente um valor no crédito de (2) $ 11.760. Como definimos anteriormente, a conta de resultado do exercício já tinha um saldo anterior de $ 110.000 (resultado contábil $ 110.000), que, deduzido o IR devido, demonstra um novo saldo do lucro líquido de $ 98.240 que ficará à disposição dos sócios e acionistas. A conta de provisão para o IR representa a obrigação de pagar $ 11.760 referente a este imposto. Lucro presumido Como já definimos, o lucro presumido tem o objetivo de facilitar o pagamento do imposto de renda sem necessariamente se utilizar da complexa apuração do lucro real. Os percentuais de presunção sobre a receita bruta são estabelecidos de acordo com a fonte da que originou a receita, como, por exemplo: 8% sobre a receita proveniente de vendas de mercadorias, 32 % sobre a receita proveniente das atividades de prestação de serviço em geral (excetuados os serviços hospitalares) etc. A base de cálculo do IR trimestral deve ser apurada da seguinte forma: 1. valor resultante da aplicação percentual (art. 518 do RIR) sobre receita bruta; 2. ganhos de capital na venda de ativo fixo; 3. rendimentos de aplicação financeira de renda fixa; 4. ganhos líquidos nas aplicações de renda variável; 5. juros sobre capital próprio pago por outras pessoas jurídicas; 6. ganhos líquidos de qualquer outra operação financeira. Nota 1ª: Pessoa jurídica que no ano-calendário anterior apurou o IR pelo lucro real deve adicionar à base de cálculo no lucro presumido: 1. valores recuperados deduzidos como despesa; 2. lucro inflacionário; 3. valores cujo tributo foi diferido, controlado na parte B do Lalur; 4. lucro nãorealizado (venda de bens do ativo fixo com prazo que ultrapassa o ano calendário seguinte ao da contratação). Nota 2ª: Apuração do ganho de capital – só é admitida a inclusão da reserva de reavaliação no custo, se esta tiver sido computada na base de cálculo do IR (FABRETTI, 2014, pág. 232). Exemplo retirado de Fabretti (2014, pág. 232/233): Figura 2 - Dados que a empresa X apresenta no trimestre Descrição da imagem: Dados da empresa em coluna com o valor do lado, a)Receita bruta mensal abaixo Vendas $ 200.000, Serviços de limpeza $ 100.000, Devoluções $ 5.000. b) Venda do ativo permanente, Venda de máquinas $ 50.000, Custo corrigido $ 48.000 abaixo um traço em horizontal que representa que abaixo foi subtraído os dois valores acima e o resultado foi de 2.000 que é o ganho de capital . c) Receita financeira, Juros de mora $ 250, Determinação da base de cálculo:, Venda $ 200.000, (-) devoluções $ 5.000, traço Venda líquida $ 195.000 x 8% = $ 15.600, Serviços $ 100.000 x 32% = $ 32.000, traço, (+) Ganho de capital $ 2.000, (+) Receita financeira (juros) $250, traço , Lucro presumido $ 49.850. Sobre a base de cálculo será aplicada a alíquota de 15% do IRPJ: IRPJ 15/100 = 0,15 xBC $ 49.850 = $ 7.478 (valor arredondado) Referência: FABRETTI, Láudio Camargo. Contabilidade Tributária.14.ed. São Paulo, Atlas, 2014. Este material foi baseado em: SANTOS, Francisco Rodrigues dos. Gestão Tributária. Instituto Federal do Mato Grosso/Rede e-Tec Brasil, Cuiabá: 2014. Última atualização: sexta, 26 nov 2021, 11:11 ◄ 8.13 Regimes contábeis e contabilização dos tributos indiretos Seguir para... Regimes contábeis O regime contábil é aquele que define se a contabilidade será feita considerando o período em que foram efetuadas ou o período em que foram realizadas (pagas ou recebidas) as operações contábeis. São dois, portanto, os regimes contábeis: o de caixa e o de competência. O regime de caixa é o regime que considera as saídas e entradas de caixa como o momento para o registro contábil da transação. Trata-se de um sistema utilizado em microempresas ou somente com objetivo gerencial. O regime de competência define que os resultados sejam considerados no mês da operação, independentemente da sua efetiva realização. Exemplo: uma compra de mercadorias a prazo que ocorreu no mês de janeiro com pagamento previsto para fevereiro deverá constar nos registros de janeiro embora o pagamento seja feito em fevereiro. Contabilização dos tributos indiretos Entre as diversas classificações de tributos, existe uma que os dividem em tributos diretos e indiretos. Os tributos indiretos são aqueles em que o seu valor é repassado para o preço final do produto, mercadoria ou serviço. Exemplos deste tipo de tributo são: ICMS, IPI e o ISS. Vamos exemplificar a seguir com casos práticos, adaptados de Fabretti (2014), como será a contabilização deste tipo de imposto. Vamos usar como exemplo o ICMS. ICMS Caso: Uma empresa X realiza compra de insumos efetuada a prazo no valor de $ 100.000. Suponhamos que esta compra representa o total das operações efetuadas no mês. Consideraremos para este caso a alíquota de 18%. Tabela 1 - Caso ICMS Conta Débito Crédito Insumos Compras ( 1 ) $100.000 ICMS ( 2 ) $ 18.000 Imposto a recuperar ICMS ( 3 ) $ 18.000 Contas a pagar ( 4 ) $ 100.000 $ 118.000 $ 118.000 Obs: Os números de ( 1 ) a ( 4 ) são para identificar os lançamentos nos razonetes a seguir. Figura 1 - Lançamento do exemplo nos razonetes Descrição da imagem: 3 razonetes, o Insumos primeiro razonete no débito possui (1)$ 100.000 e Saldo $82.000 e no crédito (2) $18.000 no razonete ao lado está os Impostos s recuperar que possui somente um valor de (3) $18.000 no débito e no ultimo razonete que está embaixo do primeiro possui somente um valor no crédito de (4) $100.000. Conclusão: O custo líquido dos insumos é de R$ 82.000. O imposto a recuperar representa o ICMS da entrada ($18.000) que será abatido do devido na venda. Contas a pagar representam a obrigação assumida como fornecedor. Nota-se que a apuração ainda é parcial. Vamos continuar o caso de forma simplificada. Anote este ICMS a recuperar porque o utilizaremos ainda na contabilização final. Nosso objetivo aqui é demonstrar contabilmente como o ICMS é repassado para o preço final das mercadorias, atendendo à sua característica de não cumulatividade. Faremos a demonstração do cálculo e a posterior contabilização do ICMS apartir da Receita Líquida de Vendas (RLV) e do Preço de Venda (PV), já que o imposto (ICMS) incide sobre o valor das operações ou sobre o preço dos serviços de transporte e comunicação. Iniciaremos com a composição dos custos formada pelos custos de insumos (matéria-prima), mais custo de mão-de-obra, mais despesas gerais de fabricação: Custo de matéria-prima: $ 82.000 Mão-de-obra: $ 42.253 Despesas gerais de fabricação: $ 25.747 Total: $ 150.000 – Custo de produção Custos de produção mais despesas operacionais (despesas com marketing, serviços de contabilidade, administrativos, pró-labore dos sócios, etc) nos fornecerão o custo comercial do produto: Custo de produção: $ 150.000 Despesas operacionais: $ 50.000 Total: $ 200.000 – Custo Comercial Para estimar o preço de venda, vamos supor que o empresário estabeleça um preço de venda pelo qual, após pagos os tributos incidentes sobre o faturamento, ainda resulte um valor que lhe proporcione um lucro operacional de 20%. Assim, temos: Custo comercial: $ 200.000 Margem de lucro de 20% $ 40.000 Total $ 240.000 – Receita Líquida de Vendas (RLV) Conhecendo esta RLV, vamos calcular o preço de venda, deduzindo os tributos incidentes sobre esta operação (ICMS, Cofins, PIS) que possuem as alíquotas nos seguintes percentuais: ICMS: 18% Cofins: 3% PIS: 0,65% Total: 21,65% Fazendo a fórmula de cálculo “por dentro”, ou seja “embutindo” esses tributos no preço, sendo: PV = Preço de Venda RLV = Receita Líquida de Venda TSV = Tributos sobre Venda Temos: RLV = 240.000 TSV = 21,65% Calculamos o Preço de Venda: 100%- 21,65% = 78,35% Fazendo a regra de três: 240.000 --------- 78,35% X --------- 100% Temos: X= $ 306.318 (valor arredondado) = Preço de Venda Assim obtemos em valores arredondados: - Preço de Venda $ 306.318 - (-) ICMS – 18% ($ 55.137) -Cofins 3% ($ 9.190) - PIS 0,65% ($ 1.991) Receita Líquida de Venda $ 240.000 ( - ) Custo do Produção (calculado anteriormente) $ 150.000 Lucro Bruto $ 90.000 ( - ) Despesas Operacionais (calculado anteriormente) $ 50.000 Lucro Operacional $ 40.000 Vamos observar como fica a contabilização desta empresa: Tabela 2 - Contabilização do exemplo Conta Débito Crédito Contas a receber ( 1 ) $ 306.318 Vendas ( 2 ) $ 306.318 Tributos sobre vendas / serviços ICMS $ 55.137 ( 3 ) Cofins $ 9.190 ( 4 ) PIS $ 1.991 ( 5 ) Obrigações fiscais ICMS a recolher $ 55.137 (6) Cofins a recolher $ 9.190 (7) PIS a recolher $ 1.991 (8) $ 372.636 $ 372.636 Tabela 3 - Dedução do ICMS da compra Obrigações Fiscais Débito Crédito ICMS a recolher (9) ICMS sobre a entrada Imposto a recuperar ICMS sobre entrada (10) $ 18.000 $ 18.000 $ 18.000 $ 18.000 Vamos aos razonetes: Valores em R$ Figura 2 - Exemplo razonete do ICMS Descrição da imagem: 4 razonetes, nas Contas a receber primeiro razoneteestá somente o valor de (1) $306.318 no crédito. Receita líquida de vendas no débito (3) $ 55.137, (4) 9.190, (5) 1.1991 no final da coluna embaixo de um traço o valor $ 66.318 representando o total do débito, no crédito $ 306.318 (2) e no final da coluna abaixo do traço o Saldo $ 240.00. O terceiro razonete representa as Obrigações fiscais no débito (9) ICMS - entrada $18.000 e no crédito os valores $55.137(6), $9.190(7), $ 1.991(8), no meio de dois traços horizontais o total de $ 66.318 e abaixo do traço Saldo $ 48.318. O último razonete apresenta os Impostos a recuperar no débito está o Saldo anterior $18.000 e no final Saldo $0 e no crédito $18.00(10). - Receita Líquida de Vendas deduzida dos tributos incidentes sobre vendas (ICMS, Cofins, PIS)= 240.000. Ressalta-se que a conta de Obrigações Fiscais representa o total desses tributos devidos ao Fisco, já deduzidos do crédito do ICMS pela entrada. Referência: FABRETTI, Láudio Camargo. Contabilidade Tributária.14.ed. São Paulo, Atlas, 2014. Este material foi baseado em: SANTOS, Francisco Rodrigues dos. Gestão Tributária. Instituto Federal do Mato Grosso/Rede e-Tec Brasil, Cuiabá: 2014. Última atualização: sexta, 26 nov 2021, 11:09