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1 CURSO_ESCRITA FISCAL2024A

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1.1 Conceito de pessoa física, jurídica e empresa
Pessoa física e jurídica
A pessoa jurídica nasce quando uma ou mais pessoas físicas se unem para formação de uma sociedade com vistas à realização de um determinado negócio. No entanto, a pessoa física se torna responsável perante as atitudes da pessoa jurídica, tornando, dessa forma, a grande interessada para que a última esteja sempre regular no que diz respeito às suas obrigações, seja ela na esfera federal, estadual ou municipal.
Tabela 1 - Pessoa física e jurídica
	Pessoa física 
	é todo indivíduo, não importando o sexo -- é uma pessoa natural. A personalidade civil da pessoa começa no nascimento e dura por toda a vida. Para efeito de exercer atividade econômica, a pessoa física pode atuar como autônomo(a) ou como sócio(a) da empresa ou sociedade simples (varia de caso para caso).
	Pessoa jurídica
	é a entidade abstrata (aquilo que não se pode tocar) com existência e responsabilidades jurídicas, por exemplo, uma empresa, uma associação ou companhia legalmente autorizada. Podemos compreender que, de uma maneira geral, todos nós somos pessoa física. Diferentemente, uma pessoa jurídica se refere a uma empresa.
Empresa
Como já diferenciamos a pessoa física da jurídica, agora iremos compreender a empresa, definida como uma organização com vistas a exercer uma atividade particular, pública ou de economia mista, que produz e oferece bens e/ou serviços, com o objetivo de atender alguém ou buscar soluções aos anseios da população. As empresas privadas têm como objetivo principal o lucro, que deve ser também uma consequência do processo produtivo.
Já as empresas de titularidade do poder público têm como finalidade obter o bem-estar social. Assim, as empresas podem ser individuais ou coletivas, dependendo do número de sócios que as compõem.
Para a empresa obter o sucesso esperado e, consequentemente, conseguir atingir o seu objetivo, que é o lucro (empresa privada), deve obedecer, segundo a Teoria Sistêmica, a alguns princípios administrativos, tais como: planejamento, organização, coordenação e controle:
· Planejamento – é o trabalho de preparação para qualquer empreendimento, segundo roteiro e métodos determinados; planificação. Elaboração por etapas, com bases técnicas (especialmente no campo socioeconômico), de planos e programas com objetivos definidos.
· Organização – ato ou efeito de organizar(-se). Como um ser vivo é organizado; conformação, estrutura. Modo pelo qual se organiza um sistema. Associação ou instituição com objetivos definidos.<
· Coordenação – ato ou efeito de coordenar (integrar atividades diferentes).
· Controle – ato ao poder de controlar; domínio, governo. Fiscalização exercida sobre as atividades de pessoas, órgãos, departamentos, ou sobre produtos, dentre outros, para que tais atividades ou produtos não se desviem das normas preestabelecidas (FERREIRA, 1989).
Os conceitos já mencionados nos trazem uma ideia do que é necessário para a constituição de uma empresa, com relação à parte administrativa. Só que antes de colocarmos em prática, devemos realizar uma pesquisa de mercado e organizá-la de forma clara e objetiva, definindo o que irá desenvolver, bem como as atividades que serão distribuídas dentro e fora dela, de forma que o responsável, no caso o sócio – ou para quem este transferir tal poder –, deverá ter o controle de cada situação criada.
Para abrir uma empresa, devemos observar todas as questões que envolvem sua estruturação, pois o custo dela é alto, a burocracia é grande e a responsabilidade, maior ainda.
Noções de direito tributário: contribuinte, tributos e fato gerador
De acordo com Dicionário Aurélio, contribuinte é quem contribui, ou paga contribuição (FERREIRA, 2006).
Exemplo 1: se você possui um veículo, estará sujeito ao pagamento do Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores - IPVA, portanto, você é um contribuinte desse imposto.
Exemplo 2: do mesmo modo, podemos citar uma pessoa que é proprietária de um imóvel (casa, apartamento dentre outros), ele deverá pagar o Imposto Predial Territorial Urbano - IPTU, tornando-se também, um contribuinte desse imposto.
Com base nos exemplos, podemos dizer que, se você paga um ou outro imposto, você é um contribuinte.
Mas, o que são tributos, você sabe? Pois é, então iremos aprender mais a respeito de tributos. Segundo o Código Tributário Nacional – CTN: “tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada” (BRASIL, 1966, art. 3º).
Segundo Fabretti (2001), podemos resumir que tributo é um pagamento compulsório, geralmente em moeda, e representa uma forma normal de extinção da obrigação tributária. Se autorizado em lei, o pagamento pode ser feito em outro valor que possa ser expresso em moeda. Ainda segundo o autor, quando se diz que não constitui sanção de ato ilícito, refere-se ao pagamento compulsório de multa por infração fiscal, e não por tributo.
É importante evidenciar que o tributo só existirá se for exigido ou criado através de lei, ou seja, se não estiver regulamentado, não poderá existir. Os tributos podem ser classificados em: impostos, taxas, contribuição de melhoria, contribuições sociais e empréstimos compulsórios.
Também é importante entender o conceito de fato gerador: “fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como necessária e suficiente a sua ocorrência” (BRASIL, 1966, art. 114). Esclarecendo melhor esse artigo do CTN, podemos falar que, quando vamos até um determinado local ou estabelecimento para realizar uma compra, e esta seja concretizada, ou seja, há entrega do produto/mercadoria, dá-se a ocorrência do fato gerador do imposto.
Portanto, “fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação que, na forma da legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação principal” (BRASIL, 1966, art. 115).
A obrigação acessória (normatizada por lei do ente federado competente para instituir o tributo) está detalhada em decreto ou normas complementares que não podem exigir mais do que a lei obrigou. Exemplo: a entrega, ao Fisco, de uma declaração chamada DPI – Declaração Periódica de Informações, documento em que a Secretaria da Fazenda Estadual terá informações sobre a apuração do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços), caracteriza obrigação acessória.
Conforme o art. 119 do CTN, o sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica de direito público titular com competência para exigir o seu cumprimento.
Interpretando o artigo do CTN, podemos entender que o sujeito ativo é aquele que tem o direito de exigir a obrigação tributária imposta ao sujeito passivo, ou seja, o sujeito ativo é o Estado.
O sujeito passivo, conforme o art. 121 do CTN, é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária.
Assim, sujeito passivo é quem deve ao Estado. Nesse caso, poderemos dizer que, se eu devo, foi em função da ocorrência do fato gerador caracterizado após uma venda ou entrega de uma mercadoria. Nesse momento, o Estado passa a ser credor. 
Referências:
FABRETTI, Láudio Camargo. Código Tributário Nacional comentado. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2001.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Mini Aurélio: o dicionário da língua portuguesa. 6. ed. rev. e atual. Curitiba: Positivo, 2006.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Minidicionário Aurélio. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989.
Este material foi baseado em:
SAMPAIO, Leonardo Marinho; SILVEIRA, Eliane Machado. Escrita Fiscal. Cuiabá: Universidade Federal de Mato Grosso/Rede e-Tec, 2014.
1.2 Microempresa federal, estadual e municipal e seus tipos de tributação: lucro presumido e simples
Microempresa
Microempresa (ME) é diferente de empresa de pequeno porte (EPP). 
A Lei Complementar nº 139, de 10 de novembro de 2011, que altera dispositivos da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, considera que ME ou EPP é a sociedade empresária, a sociedade simples,a empresa individual de responsabilidade limitada e o empresário devidamente registrado no Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, desde que:
· I - no caso da microempresa, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais); 
· II - no caso da empresa de pequeno porte, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 3.600.000,00 (três milhões e seiscentos mil reais) (BRASIL, 2011).
Lembrando que, se a empresa iniciou suas atividades no decorrer do ano, essa receita será calculada proporcionalmente aos meses de funcionamento. Para compreender melhor o funcionamento da ME e da EPP, precisamos também entender o que é o Estatuto Nacional da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte - Simples Nacional, conforme detalhado abaixo.
Simples nacional
O nome Simples Nacional sugere algo fácil e muito simples de se entender. Pois, então: no decorrer da aula, você irá chegar à conclusão se é mesmo fácil de ser entendido ou se é apenas uma ideia sugerida pelo nome.
O Simples Nacional é conhecido como o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte. Essa designação veio por meio da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, que, por sinal, é nossa principal referência para a compreensão do uso do Simples Nacional na Escrita Fiscal. Junto a essa mesma lei foi instituído o Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuição.
Percebe-se que o artigo 1º da Lei Complementar nº 123 estabelece normas relativas ao tratamento diferenciado para as ME e EPP no âmbito dos Poderes da União, do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios, tais como apuração e recolhimento de imposto de forma unificada, algumas obrigações trabalhistas e previdenciárias, dentre outros.
Você saberia enquadrar uma empresa no regime simplificado? Veja como proceder para executar o enquadramento da empresa nele:
1. Certifique-se de que a empresa tenha inscrição federal, estadual e/ou municipal e esteja regular nessas esferas.
2. Verifique se a empresa não incorre em vedações (quando está impedida) para formalizar o seu desejo de enquadramento nos prazos estipulados pela Receita.
Para isso, existe o portal do Simples, no site da Receita Federal do Brasil. Lá, seu pedido será analisado e, posteriormente, a Receita informará se foi deferido (aceito) ou não. Agora, veremos algumas atividades e situações que não podem ser enquadradas no Simples Nacional.
Qualquer empresa poderá optar pelo Simples?
Teremos esta resposta, na íntegra, se consultarmos o art. 17 da Lei nº 123/2006. Mas adiantamos que nem todas as empresas podem se enquadrar no Simples. Vejamos a seguir algumas situações em que não é permitido o enquadramento.
Não poderão se enquadrar no Simples as empresas:
1. Que explore atividade de prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, gestão de crédito, seleção e riscos, administração de contas a pagar e a receber, gerenciamento de ativos, compras de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços (factoring);
2. Que tenham sócio domiciliado no exterior;
3. Cujo capital participe entidade da administração pública, direta ou indireta, federal, estadual ou municipal;
4. Que prestam serviço de transporte intermunicipal e interestadual de passageiros;
5. Que exercem atividade de importação ou fabricação de automóveis e motocicletas. (BRASIL, 2006, art. 17).
O Simples Nacional implica o recolhimento mensal, mediante documento único de arrecadação, dos seguintes impostos e contribuições:
1. Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica - IRPJ;
2. Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI, desde que não seja para importação de bens e serviços;
3. Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL;
4. Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - COFINS, desde que não seja para importação de bens e serviços;
5. Contribuição para o PIS/Pasep, desde que não seja para importação de bens e serviços;
6. Contribuição Patronal Previdenciária - CPP para a Seguridade Social, a cargo da pessoa jurídica, de que trata o art. 22 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, exceto no caso da microempresa e da empresa de pequeno porte que se dedique às atividades de prestação de serviços referidas no § 5º-C do art. 18 desta Lei Complementar;
7. Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação - ICMS;
8. Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS (BRASIL, 2006, art. 13, caput).
Agora abordaremos algumas curiosidades dentro do Simples Nacional. Vejamos:
Lucro presumido
Como você já adquiriu uma noção sobre o Simples Nacional e viu que ele não é complicado, passaremos para outro tipo de tributação, conhecido como lucro presumido. Ele também é muito fácil de ser compreendido:
O lucro presumido é uma forma de tributação simplificada, utilizada para determinação da base de cálculo do Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido das Pessoas Jurídicas que não estiverem obrigadas, no ano-calendário, à apuração do lucro real (FLORESTA, 2009, p.75).
O lucro presumido surge como opção a partir do pagamento da primeira ou da única quota do imposto. Caso a pessoa jurídica tenha iniciado sua atividade no decorrer do ano, a forma de opção também se dá no pagamento da quota que é referente ao trimestre que ela iniciou sua atividade. Explicando melhor: nas guias recolhidas, existe um código diferente para cada tipo de imposto. Para a opção da tributação sobre o lucro presumido deve-se usar o código 2089.
Todas as empresas que não estão obrigadas ao lucro real e seu faturamento no ano-calendário imediatamente anterior não tenha ultrapassado R$ 48.000.000,00 (quarenta e oito milhões de reais) ou R$ 4.000.000,00 (quatro milhões de reais) multiplicado pelo número de meses de atividade.
Regime de caixa e regime de competência
Perceba que, no lucro presumido, pode-se optar para pagar os impostos com base no regime de caixa, o que se concretizará somente quando você receber por esse serviço prestado ou pela venda da mercadoria. Já o regime de competência, independentemente do recebimento ou não, estabelece a obrigação de pagá-los.
Veja um exemplo de regime de caixa: você fez uma venda no mês de abril, porém, o seu recebimento será somente em junho. Apenas no período do recebimento, em junho, é que você irá apurar o imposto referente a essa venda.
No regime de competência, de acordo com o mesmo exemplo, a apuração deveria ocorrer no mês de abril, quando aconteceu a venda.
Veremos que a base de cálculo (valor em que é aplicada a alíquota) é variável, conforme a atividade exercida pela empresa. O percentual aplicado é de acordo com a Lei nº 9.249/95. Nesta, podemos consultar, na íntegra, cada atividade. A alíquota é única, independentemente da atividade prestada pela empresa, é 15% (quinze por cento) sobre a base de cálculo e estará sujeita a um adicional de 10% (dez por cento), caso o lucro do trimestre ultrapasse R$ 60.000,00 (sessenta mil reais), ou seja, R$ 20.000,00 (vinte mil reais) a cada mês. Assim, teremos que calcular esse percentual sobre o valor que ultrapassar o limite. Quanto ao prazo de pagamento, será o último dia útil do mês seguinte ao encerramento do trimestre (BRASIL, 1995).
Referência:
FLORESTA, Liviel. Tributação das pessoas jurídicas: treinamento e consultoria. Goiânia: 2009.
Este material foi baseado em:
SAMPAIO, Leonardo Marinho; SILVEIRA, Eliane Machado. Escrita Fiscal. Cuiabá: Universidade Federal de Mato Grosso/Rede e-Tec, 2014.
1.3 Microempresa e tipos de tributação: lucro arbitrado e lucro real
Lucro arbitrado
Podemos entender que:
O arbitramento de lucro é uma forma de apuração da base de cálculo do imposto de renda utilizada pela autoridade tributária ou pelo contribuinte. É aplicável pela autoridade tributária quando a pessoa jurídica deixarde cumprir as obrigações acessórias relativas à determinação do lucro real ou presumido, conforme o caso (BRASIL, 2013).
A realização da apuração pelo lucro arbitrado pode ser também efetuada de forma espontânea pelo(a) contribuinte. Com base nisso, temos duas situações: uma, por meio de uma imposição da autoridade tributária, caso algum tipo de obrigação acessória determinada por outro tipo de tributação não tenha sido prestada; a outra, de forma espontânea.
Veja um exemplo em que a empresa deixou de apresentar os livros para fiscalização. É preciso lembrar que é obrigatório apresentá-los para a fiscalização e, posteriormente, para a tributação a que ela esteja enquadrada. Perceba que, se os livros não forem apresentados, diante do não cumprimento da norma, a empresa fica obrigada a optar pelo lucro arbitrado.
Quanto à opção de forma espontânea pelo(a) contribuinte, muitas vezes, percebe-se que este pensa poder ausentar-se/livrar-se de algumas obrigações, como a escrituração contábil (livro razão, diário).
Você sabe como optar pelo lucro arbitrado? Vejamos como proceder.
A opção se dá com o pagamento da primeira ou da única quota do imposto de renda. A definição será de acordo com o código utilizado no preenchimento da guia e, a partir do recolhimento, se dá a opção.
E a base de cálculo, como fica?
Existem várias bases de cálculo e elas podem ser utilizadas dependendo de qual seja a atividade exercida pela empresa. Essas bases variam entre 1,92% –revenda de combustíveis, a menor alíquota – e 45% – instituições financeiras, a maior alíquota.
Pode-se optar pelo regime de caixa nessa tributação? Não! Nessa modalidade, via de regra, deve-se apurar o imposto no regime de competência, exceto em alguns casos que poderão ser vistos na Instrução Normativa – IN  da Receita Federal do Brasil – RFB nº 93, de 1997 (art. 41, § 2º, e arts. 42 e 43).
E quanto à alíquota e ao prazo de pagamento? Se a alíquota for de 15% (quinze por cento), o prazo de pagamento será no último dia útil do mês seguinte ao encerramento do trimestre. Caso ultrapasse R$ 60.000,00 (sessenta mil reais) no trimestre, estará sujeita ao adicional de 10% (dez por cento).
Será que existe algum tipo de declaração acessória?
Primeiro, a declaração acessória é a declaração que acompanha a obrigação principal. Podemos dizer que o pagamento do Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviço – ICMS é uma obrigação principal. Assim, a escrituração no livro de apuração do ICMS é considerada uma declaração acessória.
Apesar de a empresa, em algumas situações, ser obrigada ao lucro arbitrado, ela também deverá cumprir suas obrigações acessórias.
Lucro real
Quando se fala em lucro real, temos como fonte de pesquisa o Regulamento do Imposto de Renda – RIR/99 (BRASIL, 1999).
Podemos dizer que lucro real é um regime de apuração no qual a base de cálculo do imposto é apurada segundo normas contábeis e fiscais, conforme legislação comercial e fiscal. Essa modalidade de tributação é mais utilizada nas grandes empresas, no entanto, isso não impede que empresas consideradas pequenas ou de menor porte possam fazer esta opção para sua tributação.
Perceba que a apuração é feita na parte A do Livro de Apuração do Lucro Real – LALUR, e devem ser consideradas adições e exclusões ao lucro líquido do período de apuração do imposto e compensações de prejuízos fiscais previstos na legislação. De maneira geral e simples, podemos dizer que as adições são alguns gastos ou despesas deduzidas na apuração do lucro. Elas não estavam previstas na legislação, dessa forma, são adicionadas para que chegue ao valor correto do lucro. A respeito da exclusão, podemos dizer que poderão ser excluídos do lucro líquido os valores cuja dedução seja permitida e sejam mantidos os que não foram apurados. Além do mais, é importante saber que temos opções dentro do lucro real.
Veja que temos como opção o lucro real trimestral e o anual, sendo que a primeira modalidade será calculada ao final de cada trimestre (31/03, 30/06, 30/09 e 31/12) como sugere o próprio nome. A segunda modalidade permite que se faça com base em estimativa, por meio do balanço de redução ou suspensão e apuração do lucro anualmente.
Quanto à estimativa - podemos dizer que é um cálculo aproximado, portanto, o valor real do imposto será calculado mediante apuração do lucro real anual.
De acordo com o Regulamento do Imposto de Renda – RIR/99, o lucro real trimestral, quando ocorre prejuízo em determinado trimestre, esse só poderá ser compensado em 30% (trinta por cento) do lucro do(s) trimestre(s) seguinte(s), sendo que o prazo para o pagamento dos valores efetivamente apurados é o último dia útil do mês posterior ao encerramento.
O lucro real anual é calculado por estimativa ou ainda por meio do balanço de redução ou suspensão, sendo que o(a) contribuinte poderá compensar de forma integral os prejuízos dentro do próprio ano-calendário, além de compensar os valores que foram pagos a partir das estimativas realizadas mensalmente.
Apesar de a apuração ser realizada mês a mês, é considerada anual, porque no último dia do ano é feito um levantamento com intuito de apurar se o valor do imposto pago foi efetuado de maneira correta ou se ainda falta algum complemento. Podemos também suspender ou reduzir o pagamento do imposto devido, desde que demonstrado por meio de balanços e balancetes que o valor recolhido tenha ultrapassado o valor do imposto.
Outra informação importante e que nos ajudará bastante é a forma de preenchimento da guia, pois, ao efetuar o pagamento da primeira, existirá um código da Receita Federal do Brasil. Quando efetuado o recolhimento com esse código escolhido, dar-se-á como opção a escolha do regime de tributação que valerá durante todo o ano-calendário.
Você imagina qual a base de cálculo e a alíquota?
No lucro real, é importante saber que a base de cálculo acontece de acordo com a atividade desenvolvida e sua alíquota é de 15% (quinze por cento), sujeita ao mesmo adicional de 10% (dez por cento) do lucro presumido e arbitrado caso ultrapasse R$ 60.000,00 (sessenta mil reais) por trimestre.
Será que existe algum tipo de imposição para a participação no lucro real?
Na verdade, algumas situações são determinadas pela legislação, que estabelece a alguns segmentos a obrigatoriedade de recolhimento de impostos com base no lucro real. Outro aspecto observado é a questão do faturamento. A receita alcançada pela empresa no ano anterior que ultrapassar R$ 48.000.000, 00 (quarenta e oito milhões de reais) está obrigada ao recolhimento, na forma do lucro real.
E quanto à dedução de impostos? Ela existe?
Existe, mas devemos ficar atentos ao que determina o Regulamento do Imposto de Renda, sendo que a pessoa jurídica precisa atender a algumas condições para utilização desta dedução, como os limites estipulados em caso de doação, incentivos fiscais, dentre outros.
Agora que adquirimos uma noção sobre os tipos de tributação, podemos dizer que, sem estarmos obrigados a nenhum regime específico, seria viável realizar uma espécie de planejamento tributário. Poderíamos buscar dados relativos às expectativas da empresa, analisar cada caso e definir o que é mais vantajoso e menos oneroso, com intuito de economizar o imposto, não importando a esfera, se é federal, estadual ou municipal. Devemos observar o que é legal, porque, às vezes, como contribuinte, pagamos mais impostos do que deveríamos, por falta de conhecimento ou por não termos feito uma preparação ou planejamento.
Referências:
BRASIL. Ministério da Fazenda. Secretaria da Receita Federal. Regulamento do Imposto de Renda – RIR/1999. Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999. Disponível em: . Acesso em: 21 jun. 2010. 
BRASIL. Ministério da Fazenda. Receita Federal. Site do Ministério da Fazenda. Disponível em: . Acesso em: set. 2013.
Este material foi baseado em:
SAMPAIO, Leonardo Marinho; SILVEIRA, Eliane Machado. Escrita Fiscal. Cuiabá: Universidade Federal de Mato Grosso/Rede e-Tec, 2014.

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