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CONTABILIDADE DE PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO PROF. DR. NILTON FACCI Reitor: Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira Pró-Reitoria Acadêmica Maria Albertina Ferreira do Nascimento Diretoria EAD: Prof.a Dra. Gisele Caroline Novakowski PRODUÇÃO DE MATERIAIS Diagramação: Edson Dias Vieira Thiago Bruno Peraro Revisão Textual: Camila Cristiane Moreschi Danielly de Oliveira Nascimento Fernando Sachetti Bomfim Luana Luciano de Oliveira Patrícia Garcia Costa Renata Rafaela de Oliveira Produção Audiovisual: Adriano Vieira Marques Márcio Alexandre Júnior Lara Osmar da Conceição Calisto Gestão de Produção: Cristiane Alves © Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo (a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá. Primeiramente, deixo uma frase de Sócrates para reflexão: “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida.” Cada um de nós tem uma grande responsabilidade sobre as escolhas que fazemos, e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica e profissional, refletindo diretamente em nossa vida pessoal e em nossas relações com a sociedade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente e busca por tecnologia, informação e conhecimento advindos de profissionais que possuam novas habilidades para liderança e sobrevivência no mercado de trabalho. De fato, a tecnologia e a comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e nos proporcionando momentos inesquecíveis. Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino a Distância, a proporcionar um ensino de qualidade, capaz de formar cidadãos integrantes de uma sociedade justa, preparados para o mercado de trabalho, como planejadores e líderes atuantes. Que esta nova caminhada lhes traga muita experiência, conhecimento e sucesso. Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira REITOR 33WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 01 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................................4 1. O QUE É CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA? ...............................................................................................................5 2. O QUE É TRIBUTO? ..................................................................................................................................................5 3. TIPOS DE TRIBUTOS................................................................................................................................................6 3.1 TRIBUTOS CUMULATIVOS E NÃO CUMULATIVOS .............................................................................................. 7 4. INCIDÊNCIA, NÃO INCIDÊNCIA, IMUNIDADE, ISENÇÃO E ALÍQUOTA ZERO ................................................... 10 5. PERÍODO DE APURAÇÃO TRIBUTÁRIA ................................................................................................................. 11 6. LANÇAMENTO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO ........................................................................................................... 11 7. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO .............................................................................. 12 8. EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO .................................................................................................................. 13 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................................... 14 ASPECTOS BÁSICOS DE CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA PROF. DR. NILTON FACCI ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: CONTABILIDADE DE PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO 4WWW.UNINGA.BR CO NT AB IL ID AD E DE P LA NE JA M EN TO T RI BU TÁ RI O | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Nesta unidade, vamos discorrer sobre conceitos e características da legislação tributária brasileira. Esse conhecimento é básico para que procedimentos ligados à Contabilidade Tributária sejam executados corretamente. Quando abordamos a legislação tributária, o foco é conhecer quais são as direções que os contribuintes, no caso desta disciplina, são as empresas, devem observar. Portanto, nosso compromisso é com a forma operacional que deve ser adotada. Embora qualquer cidadão e qualquer empresa possam questionar quaisquer aspectos da legislação tributária, em nenhum momento, vamos comentar sobre qualquer opinião, positiva ou negativa, quanto à legislação tributária. Decorrente dessa forma de compreender a legislação tributária, cabe ao profissional contábil o pleno atendimento aos ditames das leis e outros instrumentos que têm como objetivo traçar os procedimentos quanto à identificação, à apuração do saldo e quanto, principalmente, às orientações aos contribuintes. Diante dos comentários expostos, a seguir, vamos conversar sobre conceitos e características básicas de tributos, de acordo com a legislação tributária brasileira. Em todas as unidades, vocês vão encontrar alguns comentários com o título “Saiba Mais”. Evidente que, neste tópico, estão comentários gerais que visam sugerir aspectos que são importantes na compreensão desta disciplina, assim como para a aprendizagem geral no curso. Também vão conhecer o “Reflita”. Nesse item estão aspectos que sugerem outras reflexões que podem ajudar a compreender, ainda melhor, os conteúdos cada unidade. As indicações de leitura e de vídeos não limitam, de forma alguma, as grandes possibilidades que vocês têm para compreender os assuntos tratados em todas as unidades. Todos poderão conhecer, ainda mais e melhor, aspectos relevantes no âmbito da Contabilidade e Planejamento Tributário. Não deixem, portanto, de conhecer as indicações, mas não se limitem a elas. O mundo é muito maior! 5WWW.UNINGA.BR CO NT AB IL ID AD E DE P LA NE JA M EN TO T RI BU TÁ RI O | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1. O QUE É CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA? Antes de apresentar o conceito de Contabilidade Tributária, precisamos iniciar com o conceito e os objetivos da Contabilidade. Conforme destacam Gelbcke et al. (2018, p. 30): A contabilidade é um ramo de conhecimento imprescindível para a formação de gestores da tomada de decisão dos mais diversos níveis. É o resultado da relação entre os acontecimentos econômico-financeiros em paralelo com seu desenvolvimento como ciência. Portanto, de acordo com Fabretti (2012, p.07): A Contabilidade é a ciência que estuda, registra e controla o patrimônio e as mutações que nele operam os atos e fatos administrativos, demonstrando no final de cada exercício social o resultado obtido e a situação econômico-financeira da entidade. É preciso ficar claro para todos que a Contabilidade é uma ciência social aplicada, que tem como principal objetivo gerar informações que sejam úteis ao processo decisório, para os objetivos desta disciplina, para os que ocorrem nas empresas. Conhecido o conceito geral e o principal objetivo da Contabilidade, já podemos conversar sobre Contabilidade Tributária. Podemos considerar que Contabilidade Tributária é um ramo da Contabilidade o qual objetiva estudar sobre os tributos incidentes nas operações patrimoniais e comerciais que ocorrem nas empresas. Com base neste estudo, a Contabilidade Tributária visa identificar os valores a serem pagos ao Estado, em completo atendimento às normas tributárias. Ao alcançar seus objetivos, a Contabilidade Tributária atende às necessidades informativas de seu principal usuário, que é o gestor empresarial. 2. O QUE É TRIBUTO? Antes de abordarmos efetivamente sobre tributo, é necessário ressaltar que não estão no foco desta disciplina apresentar aspectos detalhados sobre a legislação tributária. O objetivo é apresentar aspectos básicos que possam ser compreendidos para os fins desta disciplina. Portanto, caso alguém deseje maiores especificações quanto ao DireitoTributário, serão necessárias mais leituras e discussões objetivamente acerca deste conhecimento. Visto sobre o conceito e o objetivo da Contabilidade Tributária, podemos seguir para o conceito de Tributo. Segundo o Artigo 3º., da Lei 5.172/1966: Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. O conceito de tributo traz, em si, vários aspectos importantes. Vejamos: a. Prestação pecuniária compulsória: tributo é uma imposição derivada de lei, em que, ao ser promulgada, traz a obrigação, por parte dos contribuintes, de atender essa obrigação; b. Em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir: o pagamento de tributo só ocorre com a utilização de moeda. No Brasil, só com o Real; 6WWW.UNINGA.BR CO NT AB IL ID AD E DE P LA NE JA M EN TO T RI BU TÁ RI O | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA c. Não constitua sanção de ato ilícito: os fatos previstos na legislação tributária que constituam Fato Gerador é, por exemplo, a obtenção de renda. Mesmo que essa renda seja obtida por ato ilícito. A renda é o objeto tributável, não o fato em si; d. Instituída em lei: só existirá tributo se existir lei que a torne compulsória para a sociedade. e. Atividade administrativa plenamente vinculada: cabe ao Estado, após a promulgação de lei que torne o tributo compulsório, constituir estrutura física, recursos financeiros e de funcionários, para que as orientações, fiscalizações e cobrança dos tributos ocorram. Os tributos têm as seguintes funções: a) Fiscal: é aquela que coloca o Tributo como fonte principal na arrecadação de recursos financeiros para o Estado. Exemplos: ICMS, ISSQN, IPTU, IPVA, IPI e IR; b) Extrafiscal: é aquela que permite ao Estado utilizar determinados tributos como forma de influenciar determinadas operações comerciais. Exemplos: Imposto sobre Importação e Imposto sobre Exportação e o IOF; c) Parafiscal: são tributos utilizados para custear atividades estatais, tais como as contribuições ao SESI, SESC e SENAC. Um aspecto importante a respeito dos tributos é sobre vinculados e não vinculados. Vinculados são aqueles que têm relação direta com a atividade estatal. Por exemplo, as taxas cobradas pelo município. A prefeitura utiliza os recursos originários desse tributo para, por exemplo, construir prédios; asfaltar ruas; pagar folha de pagamento etc. Por sua vez, os tributos não vinculados são aqueles que não têm qualquer vinculação com qualquer das despesas. Por exemplo, os impostos. Quando o Estado recebe o IPVA, não existe qualquer obrigação que utilize os recursos oriundos desse tributo para a manutenção de estradas. Após vermos alguns conceitos básicos tributários, já podemos conhecer os tipos de tributos. 3. TIPOS DE TRIBUTOS No Artigo 145 da Constituição Federal, estão delineados os tipos de tributos: impostos; taxas; contribuição de melhoria. Especialmente a União (Governo Federal) poderá instituir empréstimo compulsório, que não será foco de nosso estudo. Vamos focar nos seguintes tributos: impostos, taxas e contribuição de melhoria. De acordo com a explanação de Cassone (2018, p.81), a classificação dos tributos pode ser assim compreendida: a) Impostos: destinados a despesas gerais do Estado. Por exemplo, o pagamento das remunerações dos funcionários públicos; a construção de prédios; investimentos em rodovias; etc. b) Taxas: cobradas pelo exercício do poder de polícia; pela execução de determinados serviços públicos, por exemplo, o fornecimento de alvará de licença pela prefeitura; serviços potenciais de Bombeiros. c) Contribuição de Melhoria: cobrada pelas prefeituras quando, por exemplo, ocorrer o asfaltamento de ruas e que possam aumentar o valor econômico dos imóveis ao longo das ruas. d) Contribuições Sociais: cobradas pela União para gastos direcionados para a Previdência Social, Saúde Pública, Bolsa Família etc. e) Anualidades para autarquias públicas representativas de profissões liberais: CRC; CFA; OAB etc. 7WWW.UNINGA.BR CO NT AB IL ID AD E DE P LA NE JA M EN TO T RI BU TÁ RI O | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Esses tipos tributários estão delineados nos artigos 145 a 148 da Constituição Federal do Brasil. Conceitualmente, imposto está normatizado no Código Tributário Nacional, em seu Artigo 16: “Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independentemente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte”. Cassone (2018, p.81) esclarece que “a inexistência de contraprestação, por parte do Estado, em favor da pessoa obrigada ao pagamento do imposto, é o aspecto que distingue o imposto das outras espécies tributárias”. As taxas estão delineadas no Artigo 145, Inciso II, parágrafo segundo da Constituição Federal. A contribuição de melhoria está no Artigo 145, Inciso III. No Artigo 81 do CTN: [...] a contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado. As contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas estão definidas no Artigo 149 da Constituição Federal. 3.1 Tributos Cumulativos e Não Cumulativos De forma simples, tributos cumulativos são aqueles em que o valor a pagar é a aplicação do percentual, ou da taxa, sobre a base de cálculo. Mas, o que é percentual e taxa quando conversamos sobre tributos? Percentual e axa são as mesmas coisas. Por exemplo. Digamos que uma empresa obtém lucro de R$ 100.000,00. O percentual definido é de 15%. Para encontrar o Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), que incide sobre o lucro, que é a base de cálculo, basta aplicar 15% x R$ 100.000,00. Assim, a empresa terá que pagar R$ 15.000,00 de IRPJ. Já tributos não cumulativos são aqueles que o valor a ser pago decorre da relação entre débitos e créditos tributários. Um bom exemplo é o Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestação de Serviços de Transporte interestadual, intermunicipal e de comunicação (ICMS). Também estão contidos no conceito da não cumulatividade o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), o Programa Integração Social (PIS) e a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS). Então, agora ficou mais fácil saber o que é Base de Cálculo? A Base de Cálculo é o valor econômico, definido em moeda corrente do país, sobre a qual deve ser aplicado o percentual de qualquer tributo. O exemplo apresentado para o IRPJ também é útil para esse conceito. A Base de Cálculo muda de acordo com o tipo do tributo e a opção tributária dos sujeitos da obrigação. Pode ser total ou reduzida, são muitas possibilidades. Segundo Pêgas (2012, p. 46): A base de cálculo pode ser também uma unidade de medida, como acontece, por exemplo, com a Base de Cálculo da COFINS no setor de bebidas, que é o litro vendido. Na Cide-combustíveis, por exemplo, a base de cálculo é obtida na venda de cada mil litros de gasolina. 8WWW.UNINGA.BR CO NT AB IL ID AD E DE P LA NE JA M EN TO T RI BU TÁ RI O | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E o que é Fato Gerador? Pode-se considerar que é a ocorrência do fato econômico previsto na legislação de cada tributo, e que, passa, então, a ser exigido o tributo do contribuinte. Por exemplo: quanto ao ICMS, o Fato Gerador (FG) principal é a circulação de mercadorias. Na maioria das vezes, essa circulação é provocada pelo ato econômico da venda. No momento da emissão da Nota Fiscal, que configura a operação comercial da venda, ocorre esse Fato Gerador do ICMS. No CTN, em seu Artigo116, está definido o que constitui o Fato Gerador de tributos. Segundo Pêgas (2011, p. 45): [...] são exemplos de fato gerador: prestação de serviço de consultoria tributária: fato gerador do ISS; recebimento de salário mensal (obtenção de renda): fato gerador de IRPF; a importação de uma mercadoria do exterior: fato gerador do II, entre outros. Vejamos o que o CTN apresenta como aspectos definidores do Fato Gerador: Art. 114. Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência. Art. 115. Fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação que, na forma da legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação principal. Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, consideram-se ocorrido o fato gerador e existentes os seus efeitos: I – tratando-se de situação de fato, desde o momento em que se verifiquem as circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe são próprios; II – tratando-se de situação jurídica, desde o momento em que esteja definitivamente constituída, nos termos de direito aplicável. Parágrafo único – A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária (Parágrafo acrescentado pela LC no 102/2.001, que, todavia, não chega a desautorizar o planejamento tributário). Portanto, a lei define situações que, ao ocorrerem formalmente, provocam o nascimento da chamada Obrigação Tributária. As obrigações tributárias são duas: Obrigação Tributária Principal e a Obrigação Tributária Acessórias. As duas estão definidas nos artigos 114 e 115 do Código Tributário Nacional. Para a Obrigação Tributária Principal, o CTN define que “é a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência”. Para a Obrigação Tributária Acessória, o CTN define que “é qualquer situação que, na forma da legislação aplicável, e não só exclusivamente na lei, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação principal”. Traduzindo: Obrigação Tributária Principal é a exigência do pagamento do tributo. Obrigação Tributária Acessória é a exigência de que o contribuinte deve informar, da forma definida em legislação própria, os documentos e outros dados exigidos, para que o valor da Obrigação Tributária Principal seja comprovado. Por exemplo: o lucro tributável identificado nas empresas está definido na legislação do IRPJ. Para que o tributo seja confirmado em auditorias executadas pela Receita Federal do Brasil, são exigidos os livros contábeis; notas fiscais de vendas; comprovantes de custos e de despesas; e outros documentos que possam comprovar o valor identificado do IRPJ. Assim, podemos compreender que a partir da ocorrência do Fato Gerador, nasce, imediatamente, a Obrigação Tributária. Quando nasce a Obrigação Tributária, já estão definidos o Sujeito Ativo e o Sujeito Passivo da Obrigação Tributária. 9WWW.UNINGA.BR CO NT AB IL ID AD E DE P LA NE JA M EN TO T RI BU TÁ RI O | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Quem é o Sujeito Ativo da Obrigação Tributária? É o Estado que possui o poder de imposição do tributo. Quem é o Sujeito Passivo da Obrigação Tributária? É o contribuinte que provocou o Fato Gerador. Exemplo: digamos que a empresa realizou venda de mercadorias e emitiu Nota Fiscal em determinado dia. Por meio da elaboração da Nota Fiscal, nasceu o Fato Gerador do ICMS. Portanto, o Sujeito Ativo da Obrigação Tributária é o Estado em que a empresa está situada. Decorrente, a empresa é constituída como Sujeito Passivo da Obrigação Tributária. Vejamos o que está definido no CTN sobre esses sujeitos tributários. Art. 119. Sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica de direito público titular da competência para exigir o seu cumprimento. Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária. Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz-se: I – contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador; II – responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei. Art. 122. Sujeito passivo da obrigação acessória é a pessoa obrigada às prestações que constituam o seu objeto. Outros aspectos importantes que devem ser observados quanto ao Fato Gerador, comentados por Cassone (2018, p. 195): a) Temporal – determina o exato momento em que se considera ocorrido o fato gerador. Por exemplo, a legislação tributária diz que é fato gerador do ICMS a saída da mercadoria do estabelecimento comercial. Logo, o exato momento da saída é o aspecto temporal do fato gerador tributário. É o momento que o legislador escolheu para fazer nascer a obrigação tributária, momento em que se estabeleceu o vínculo jurídico entre o sujeito ativo e o sujeito passivo; b) Espacial – indica o lugar em que terá que ocorrer o fato gerador, que deverá situar-se dentro dos limites territoriais a que a Pessoa Política tem a competência tributária. Por exemplo, se for tributo da União, o elemento espacial, isto é, o local onde terá que ocorrer o fato gerador, será todo o território nacional. Se for tributo dos Estados, o fato gerador deverá ocorrer no território do Estado. Se for tributo municipal, o fato gerador deverá ocorrer nos limites do território do Município. Por exemplo, a Prefeitura de São Paulo só poderá exigir ISS quando o serviço for prestado dentro dos limites de seu território, aspecto ligado ao Princípio da Territorialidade tributária; c) Material – consiste na descrição que a lei faz do núcleo da (Hipótese de Incidência) HI. É o aspecto mais importante, pois determina o tipo tributário, e é comumente representado por um verbo e complemento. Exemplo: industrializar produtos, auferir rendas, exportar produtos nacionais, importar produtos estrangeiros, prestar serviços etc. É aspecto constitucional; e, d) Quantificativo – é composto pela base de cálculo e alíquota. Base de cálculo é a expressão de grandeza do aspecto material da HI escolhida pela lei dentre aquelas inerentes ao fato gerador, sobre a qual incidirá a alíquota. Redução de base de cálculo é espécie de isenção parcial. 10WWW.UNINGA.BR CO NT AB IL ID AD E DE P LA NE JA M EN TO T RI BU TÁ RI O | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 4. INCIDÊNCIA, NÃO INCIDÊNCIA, IMUNIDADE, ISENÇÃO E ALÍQUOTA ZERO São conceitos muito importante em Direito Tributário. Portanto, são importantes também para os profissionais da contabilidade. 1. Incidência: quando a legislação atribui a determinado fato econômico a imposição de algum tributo. Por exemplo: quando alguém é proprietário de veículo no dia 01.01 de cada ano, deverá pagar o Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA). Quando uma empresa realiza vendas de mercadorias, esta empresa deverá pagar o ICMS. Portanto, existe a incidência do IPVA para o proprietário de veículo, assim como existe a incidência do ICMS na operação comercial de vendas de mercadorias. 2. Não Incidência: quando não existe legislação que define a imposição de algum tributo sobre determinado fato econômico. Por exemplo: não existe qualquer tributo que seja cobrado quando alguém utiliza o estacionamento em universidades públicas. Outro exemplo é a não incidência de pedágio em várias rodovias brasileiras. 3. Imunidade: quando a própria Constituição Federal do Brasil define que não será imposto, em operações comerciais de exportação de mercadorias, os seguintes tributos: ICMS, IPI, PIS e a COFINS. Decorrente dessa definição, as legislações ordinárias posteriores, em sentido hierárquico inerente à legislação tributária, têm a obrigação de transcrever essaimunidade. Veja que existe a Incidência Tributária desses tributos, já que o Fato Gerador ocorreu. No entanto, a própria CF determina que os contribuintes que efetuarem o ato comercial da exportação não serão obrigados a pagar. 4. Isenção: quando existe a incidência tributária, mas o valor a ser pago é zero. Por exemplo: uma pessoa física obter rendimentos abaixo do limite estabelecido para retenção de Imposto de Renda da Pessoa Física. Veja que a incidência tributária existe, mas a legislação define que, abaixo de determinado valor, não haverá retenção do tributo. Outro exemplo: uma pessoa aposentada possui imóvel com pequena área útil total. O município não vai exigir o pagamento do IPTU por duas razões, normalmente existentes: a) o fato de que o proprietário é aposentado e que recebe o valor mínimo de rendas estabelecido pela legislação própria; e, b) a área útil do imóvel não atinge o mínimo estabelecido na legislação do IPTU. A isenção é concedida pelas leis ordinárias, podendo por essa ser revogada, e daí decorrem distinções absolutamente nítidas e inconfundíveis em relação à não incidência. Portanto, a Isenção pode ser anulada (revogada). Já a Imunidade só muda se mudar na Constituição Federal. 5. Alíquota zero: não é o mesmo que isenção, mesmo que o efeito financeiro para o contribuinte seja o mesmo. Existe a incidência tributária. Não está imune ou mesmo isento de determinado tributo. O que existe é que a alíquota a ser aplicada sobre a Base de Cálculo é zero. Portanto, o contribuinte não deverá pagar o tributo, pois o valor identificado é zero. 11WWW.UNINGA.BR CO NT AB IL ID AD E DE P LA NE JA M EN TO T RI BU TÁ RI O | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 5. PERÍODO DE APURAÇÃO TRIBUTÁRIA A legislação de cada tributo estabelece o período de apuração. O Sistema Tributário Nacional utiliza o chamado nas normas contábeis de Regime de Competência, conforme está estabelecido no Artigo 177 da Lei 6.404/76. Portanto, não permite a utilização do Regime de Caixa. Quanto ao aspecto temporal da hipótese de incidência da COFINS e da contribuição para o PIS, portanto, temos que o fato gerador da obrigação ocorre com o aperfeiçoamento do contrato de compra e venda (entrega do produto), e não com o recebimento do preço acordado. Caso ocorra o não recebimento de vendas a prazo, a legislação não permite que esse fato seja utilizado na redução do tributo a ser pago. Evidente que essa situação não é positiva para qualquer empresa que provoque o fato gerador de vários tributos. O que a legislação permite é a não consideração de vendas canceladas no âmbito do total de vendas que formarão a base de cálculo total no período considerado. O período tributário, em geral, é mensal. Os tributos que são apurados mensalmente: ICMS, IPI, PIS, a COFINS e o ISSQN. Já o IRPJ pode ser mensal, trimestral ou anual (na unidade a seguir, vamos conversar melhor sobre esse aspecto do IRPJ). Já o IRPF pode ser mensal ou anual. O IPVA é anual, sendo que o Fato Gerador ocorre, na maioria dos estados, no dia 01.01 de cada ano. Veja que não estamos falando da data de vencimento a ser cumprida pelo contribuinte. Essa data é bastante variável em cada tributo. 6. LANÇAMENTO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO Crédito Tributário corresponde aos valores que a legislação tributária define sobre o direito a receber de municípios, estados e governo federal, de cada um dos tributos. Quando ocorre o Fato Gerador, simultaneamente, nascem o Sujeito Ativo e o Sujeito Passivo da Obrigação Tributária. Conforme decorre o período de apuração do saldo a pagar dos tributos, nasce a data última para que o tributo seja pago. Conforme a legislação tributária define o período de apuração de cada tributo, assim como a data última para pagamento, ocorre o Lançamento do Crédito Tributário. De acordo com o Artigo 139 do CTN, o crédito tributário decorre e tem a mesma natureza da obrigação principal, ou seja, a obrigação de pagar o tributo ou pena pecuniária (multa e juros pelo não pagamento em data definida). Portanto, o Crédito Tributário, constituído pelo lançamento tributário, converte essa obrigação ilíquida (somente conhecido o valor) em líquida e certa (valor e data conhecidos), exigível na data ou no prazo da lei. Nos artigos 147 a 150 do CTN, estão delineadas as formas dos lançamentos dos créditos tributários. São eles: a. Lançamento por ofício ou direto (Artigo 149): Exemplo: O município lança o valor a ser pago pelo IPTU. O município possui todas as informações que são necessárias para a definição do valor a ser pago pelo contribuinte. Outro exemplo é quando ocorre auto de infração. É o Sujeito Ativo da Obrigação Tributária que executa o ato do lançamento do crédito tributário, sem a obrigatória participação do contribuinte. 12WWW.UNINGA.BR CO NT AB IL ID AD E DE P LA NE JA M EN TO T RI BU TÁ RI O | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA b. Lançamento por declaração ou misto (Artigo 147 e 148): Exemplo: O contribuinte informa ao fisco o fato. Com base nesse fato, o fisco define o valor do tributo a ser pago. O exemplo que pode ser utilizado é a taxa de bagagens em que são transportadas mercadorias importadas. O contribuinte informa quais são, valores e quantidades, e o fisco informa o valor dos tributos a serem pagos na importação, tais como: ICMS, IPI, PIS e COFINS. Veja que não é o contribuinte que faz os cálculos. Apenas informa o fato. c. Lançamento por homologação (Artigo 150). Nessa forma, os exemplos são mais numerosos. É o contribuinte que faz todos os processos para identificar o valor a ser pago, sem qualquer interferência, ou aprovação, do fisco. Em seguida, o contribuinte informa ao fisco sobre os procedimentos utilizados para identificação do valor a pagar, que já pode ter sido pago. O fisco, por seus próprios meios, faz análises sobre os procedimentos utilizados pelo contribuinte. Caso o fisco encontre algo que causa dúvidas, entra em contato com o contribuinte, para esclarecimentos. Como exemplos, podem ser citados o IPI, o ICMS, o PIS, a COFINS, IR e CSLL. 7. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO Após ocorrer o lançamento do crédito tributário, o Artigo 151 do CTN apresenta as hipóteses em que pode ocorrer a suspensão (deixar de cobrar) desse crédito. São as seguintes: a. Moratória: dilatação (aumento) do prazo de pagamento da dívida. Essa ação só pode ser efetuada em lei específica. Por exemplo: na pandemia, municípios, estados e governo federal aumentaram o prazo para pagamento de vários tributos. b. Depósito no valor do montante integral: é quando existe ação judicial promovida pelo contribuinte contra determinado Sujeito Ativo da Obrigação Tributária. Do valor contestado, o contribuinte poderá efetuar depósito bancário. Caso o contribuinte seja vitorioso na ação judicial, poderá solicitar a devolução do valor pago. Caso o Sujeito Ativo da Obrigação Tributária seja vitorioso, bastará requerer a transferência do valor depositado para sua conta corrente bancária. c. Recursos administrativos: o contribuinte poderá contestar a ação de cobrança efetuada pelo Sujeito Ativo da Obrigação Tributária por meio de recurso junto à estrutura administrativa de arrecadação tributária, com o objetivo de apresentar fatos e argumentos que possam anular a ação de cobrança do tributo. Caso o recurso seja atendido, a exigência do tributo é extinta. Caso o recurso não seja aceito, a ação de cobrança do tributo continua. d. Solicitação, por meio de ação promovida pela contribuinte, para que o juiz conceda mandado de segurança, com o objetivo de suspender a cobrança de determinado tributo, até que seja julgado o mérito das ações promovidas pelo fisco. e. Parcelamento: o contribuinte poderá optar pelo parcelamento da dívida tributária, de acordo com as normas específicas de cada tributo. Em vários momentos o próprio Sujeito Ativo da Obrigação Tributária promove alternativas para parcelamento de tributos, tais como o Programade Recuperação Fiscal (REFIS). 13WWW.UNINGA.BR CO NT AB IL ID AD E DE P LA NE JA M EN TO T RI BU TÁ RI O | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 8. EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO No Artigo 156 do CTN, estão delineadas as possibilidades de o contribuinte ter o crédito tributário extinto, isto é, que ele deixe de existir. São essas as possibilidades: a. Pagamento: com o pagamento, o crédito tributário deixa de existir. b. Compensação: é possível, por meios administrativos, que o contribuinte possa compensar créditos tributários exigidos pelo fisco, com valores a recuperar de tributos administrados pelo Sujeito Ativo da Obrigação Tributária (SAOT), também chamado popularmente de fisco. Na esfera federal, essa compensação ocorre com mais frequência. Por exemplo: a empresa possui obrigação tributária com o PIS e a COFINS. Por outro lado, existe Imposto de Renda Retido na Fonte. Nesse caso, poderá compensar esses tributos, de forma que seja possível a extinção do tributo a pagar. A legislação tributária compreende esse fato quando o Sujeito Passivo da Obrigação Tributária for credor e devedor ao mesmo tempo para o Sujeito Ativo da Obrigação Tributária. Portanto, não existe possibilidade de compensar tributos de Sujeitos Ativos diferentes. Por exemplo: o contribuinte não poderá utilizar valores a recuperar do ICMS para compensar saldo a pagar do IRPJ. c. Transação: um bom exemplo é quando o sujeito ativo poderá conceder desconto do valor da obrigação principal. Esse ato só poderá existir se a lei permitir. d. Remissão: Significa que o Sujeito Ativo da Obrigação Tributária poderá conceder perdão da dívida tributária. Também só poderá existir se a lei permitir. e. e) Decadência: é quando o Sujeito Ativo da Obrigação Tributária não executa, oficialmente, qualquer ação de cobrança do tributo. Em geral o SAOT terá até cinco anos para exercer esse direito. f. Prescrição: o SAOT identificou que o contribuinte não efetuou o pagamento de determinado tributo. No entanto, esse mesmo SAOT não executou nenhuma ação de cobrança. Caso essa não cobrança ultrapasse cinco anos, o SAOT perde o direito de cobrar judicialmente. g. Pagamento por antecipação: é quando o contribuinte efetua o pagamento do tributo, antes mesmo do fisco efetuar o lançamento por homologação. h. Decisão Administrativa ou Judicial: caso o contribuinte consiga alcançar seus objetivos por meio de recursos na esfera administrativa ou judicial, o crédito tributário será extinto. i. Dação em pagamento em bens imóveis: nesse caso, o contribuinte transfere para o fisco bens imóveis como forma de pagamento de tributos. Essa ação deve ser realizada de acordo com normas específicas para cada tributo. 14WWW.UNINGA.BR CO NT AB IL ID AD E DE P LA NE JA M EN TO T RI BU TÁ RI O | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade, iniciamos nossos estudos sobre Contabilidade e Planejamento Tributário. O foco principal foi apresentar, mesmo basicamente, conceitos específicos de Direito Tributário. Eles são necessários para que a compreensão dos conceitos e características tributárias que estarão presentes nas unidades II a IV sejam claramente compreendidos. Estudamos também sobre o conceito de tributo e aprendemos que ele não pode ser constituído como punição a qualquer ato promovido pelo contribuinte. O que a lei define é que, caso ocorra o Fato Gerador, nasce imediatamente o Sujeito Ativo e o Sujeito Passivo da Obrigação Tributária. Como consequência, é exigido o pagamento do tributo. Em seguida, apresentamos aspectos gerais sobre conceitos tributários, tais como: Fato Gerador; Base de Cálculo; Tipos de Tributos; Formas de Lançamento dos Créditos Tributários; Formas de Suspenção e de Extinção dos Créditos Tributários. Esses conceitos e características sempre da forma como o Código Tributário Nacional – CTN, estabelece. Junto com a Constituição Federal, o CTN é a fonte principal para conhecer conceitos e aspectos de tributos. Ressalte-se que, em todos os tributos, esses conceitos e características são direcionadores dos processos operacionais e práticas para identificar a incidência tributária nas diversas formas de operações comerciais realizadas pelas empresas. Portanto, esses conceitos e características apresentados formam a base de toda legislação tributária. Não podemos deixar de chamar a atenção para que o estudo do Direito Tributário exige maiores aprofundamentos conceituais sobre tributos. Esse aprofundamento, repetimos, não é nosso foco. Nossa preocupação é que os conceitos e aspectos específicos apresentados sejam úteis para nossas conversas nas unidades seguintes. Na unidade II, vamos conhecer aspectos mais detalhados sobre determinados tributos que possam incidir sobre operações comerciais realizadas pelas empresas. Veja o que temos como algumas curiosidades sobre tributos no Brasil. A fonte é o link https://super.abril.com.br/blog/ superlistas/7-fatos-para-entender-melhor-os-impostos-no- brasil/. 7 fatos para entender melhor os impostos no Brasil Já ouviu falar que tudo custa mais caro no Brasil? Você provavelmente não faz ideia da dimensão do problema. No ano passado, cada brasileiro desembolsou aproximadamente R$ 8 mil em tributos. A arrecadação total chegou à marca de R$ 1, 55 trilhão, segundo indicou o Impostômetro, o que representa um crescimento de cerca de 4% em relação ao ano anterior. É muito dinheiro: colocadas lado a lado, 1 trilhão de notas de 1 real dariam 3.493 voltas na Terra, e poderiam pagar mais de 1,5 bilhão de salários-mínimos ou fornecer medicamentos para toda a população do Brasil por 33 anos. Para entender melhor o caos que chamamos de Sistema Tributário, a SUPER conversou com especialistas e listou 7 fatos para você entender melhor os impostos no Brasil: https://super.abril.com.br/blog/superlistas/7-fatos-para-entender-melhor-os-impostos-no-brasil/ https://super.abril.com.br/blog/superlistas/7-fatos-para-entender-melhor-os-impostos-no-brasil/ https://super.abril.com.br/blog/superlistas/7-fatos-para-entender-melhor-os-impostos-no-brasil/ 15WWW.UNINGA.BR CO NT AB IL ID AD E DE P LA NE JA M EN TO T RI BU TÁ RI O | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA O Brasil é “líder” na cobrança de impostos e “lanterninha” no retorno à população Se o Brasil fosse membro da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), composta por 33 nações, ocuparia o 14º lugar no ranking geral dos países com o maior percentual de carga tributária – 34,5%, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) em 2010. E onde vai parar este tesouro? Para estimar o quanto do dinheiro dos impostos realmente volta para a população, o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) criou o Índice de Retorno de Bem-estar à Sociedade (Irbes). Adivinhe: entre os 30 países com os impostos mais altos, o Brasil é o que oferece o pior retorno da arrecadação em serviços para a população. Em parte, isso acontece porque, embora o Estado arrecade muito, tem despesas ainda maiores. De R$ 1 trilhão arrecadado em 2012, R$ 335 bilhões foram destinados para pagamento de aposentadorias do setor privado e benefícios sociais, R$ 209 bilhões para gastos administrativos e o custeio da máquina pública, R$ 198 bilhões de transferências para Estados e Municípios, R$ 134 bilhões para juros e encargos da dívida pública, R$ 123 bilhões para salários de servidores e R$ 81 bilhões para aposentadoria e pensão dos servidores federais. O valor vai minguando conforme se aproxima de itens como transporte (R$ 11 bilhões), educação (R$ 10 bilhões) e saúde (R$4 bilhões). Pagar IPTU e IPVA não garante que os buracos das ruas e estradas sejam tapados Existem cinco tipos de tributo no Brasil: impostos, taxas, contribuições de melhoria, empréstimos compulsórios (hoje em desuso) e contribuições sociais. As taxas, por exemplo, são um exemplo de tributo vinculado. Se pagarmosuma taxa relacionada ao fornecimento de água, o destino da receita arrecadada é claro: está vinculado ao recebimento esse serviço estatal. Já os impostos são tributos não-vinculados. Ou seja, o dinheiro do IPVA ou do IPTU não é destinado necessariamente ao recapeamento de ruas, por exemplo. Depois da arrecadação dos impostos, é formado um caixa geral, e cabe ao Poder Executivo decidir onde o dinheiro será aplicado prioritariamente – uma medida que ocorre tanto no governo federal, quanto no estadual e municipal. Isso não é exatamente um defeito. “Se cada receita, oriunda de cada imposto, estiver afetada a uma finalidade previamente especificada, torna-se impossível ao Poder Executivo tomar decisões, daí resultando a ingovernabilidade”, explica o diretor da Associação Brasileira de Direito Tributário, Paulo Adyr Dias do Amaral. Esse é outro motivo para você prestar atenção na hora de votar: cabe ao governante elaborar um plano de ação que descreva o orçamento e estabeleça prioridades para a aplicação da receita. O lado ruim dessa desvinculação é que você perde o controle do gasto público – e a razão na hora de xingar as ruas esburacadas da cidade. Mais da metade dos impostos que você paga está nas coisas que você compra Há um motivo para tudo custar mais caro por aqui – mas, saiba, não é um bom motivo. Enquanto o padrão mundial é ter apenas um imposto para o consumo, por aqui contamos com cinco. Como explica o professor de Direito Tributário da UFMG, Dr. Paulo Coimbra, em mais de 160 países os tributos são cobrados na modalidade do IVA (imposto sobre valor agregado). Quando o Brasil “importou” esta forma de tributação, o imposto foi dividido em três: um para a União (o IPI, Imposto sobre Produtos Industrializados), um para os Estados (o ICMS, Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Serviços) e um para os Municípios (o ISS – Imposto sobre Serviços). http://www.ibpt.com.br/noticia/64/Retorno-de-impostos-no-Brasil-e-pior-que-no-Uruguai http://www.ibpt.com.br/noticia/64/Retorno-de-impostos-no-Brasil-e-pior-que-no-Uruguai http://www.ibpt.com.br/noticia/64/Retorno-de-impostos-no-Brasil-e-pior-que-no-Uruguai http://www.ibpt.com.br/noticia/64/Retorno-de-impostos-no-Brasil-e-pior-que-no-Uruguai http://www.ibpt.com.br/noticia/64/Retorno-de-impostos-no-Brasil-e-pior-que-no-Uruguai 16WWW.UNINGA.BR CO NT AB IL ID AD E DE P LA NE JA M EN TO T RI BU TÁ RI O | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Para piorar, as regras para o IPI e o ICMS variam de um produto para o outro e de um estado para o outro. É confusão que não acaba mais. Como se não bastasse, a União institui outras duas contribuições sobre o consumo, o PIS/Pasep (Contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público) e o Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social). Do total da arrecadação de tributos, apenas cerca de 3% resultam da tributação do patrimônio (impostos como o IPTU, por exemplo). Cerca de 20% resultam da tributação sobre a renda – um valor que poderia ser considerado justo, não fosse o baixo retorno dado à população. O restante cai no consumo – e pesa no seu bolso, é claro. Isso explica, em parte, porque quase metade do valor que pagamos em um carro é referente a tributos. Pagamos muito mais tributos do que percebemos Os olhos não veem, mas o bolso sente. O impacto de tamanha tributação não se manifesta apenas nos bens mais caros. A tributação sobre o consumo passa despercebida ao longo da cadeia de produção. Chamados de impostos indiretos, eles poderiam ser chamados de invisíveis: não sabemos que eles estão lá, mas o peso de todos os tributos é geralmente embutido nos produtos, sendo todo o encargo repassado para o consumidor. O resultado é o que você já sabe: tudo fica extremamente mais caro e o mercado interno menos competitivo. Impostos incidem sobre impostos Não bastasse o grande volume de tributos, outra distorção no Sistema Tributário brasileiro contribui para deixar tudo mais caro no país: os impostos em cascata. A (falta de) lógica sob a qual opera a chamada “multi-incidência tributária” chega a ser assustadora: ao se calcular o montante que deve ser recolhido de IPI, por exemplo, aplica-se a taxa sobre a base de cálculo que já inclui o valor pago de ICMS. Assim, o valor pago em tributos vai às alturas e… Quem recebe menos paga, proporcionalmente, mais Enquanto alguns tributos, como o Imposto de Renda, se baseiam no princípio da progressividade – quanto maior a renda do contribuinte, maior a taxa cobrada – o mesmo não acontece quando se tratam dos impostos indiretos, já embutidos nos preços de bens e serviços. Nestes, a taxa é fixa independentemente da situação econômica. “A carga tributária suportada pelas famílias brasileiras que ganham até dois salários-mínimos é de 48%. Para as famílias que ganham trinta salários- mínimos, a carga cai para 26%. Ou seja: quanto mais pobre é o contribuinte brasileiro, maior é o impacto da tributação que sobre ele recai”, explica Paulo Adyr. Por isso, se diz que a tributação indireta produz efeitos de regressividade. A transparência tributária, prevista na Lei, ainda está longe de ser atingida Está no parágrafo 5 do artigo 150 da Constituição de 1988: “A lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca dos impostos que incidam sobre mercadorias e serviço”. Apesar de estar no papel, esta medida só passará a valer este ano – e, ainda assim, só parcialmente. Entrará em vigor no dia 10 de junho de 2013 a Lei 12.741/12, que determina que os estabelecimentos sejam obrigados a divulgar, na nota fiscal, o valor de cada imposto pago e como isso influenciou no preço final do produto – um tipo de discriminação de tributos que já existe em outros países há anos. 17WWW.UNINGA.BR CO NT AB IL ID AD E DE P LA NE JA M EN TO T RI BU TÁ RI O | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA “A transparência tributária é, sem dúvida, o primeiro passo para uma reforma tributária justa e democrática”, diz o advogado André Garcia Leão Reis Valadares. Mas o caminho é longo. Apenas 8 dos 85 impostos brasileiros vão aparecer na nota fiscal: ICMS, ISS, IPI, IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), PIS/Pasep, Cofins e Cide (Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico). “Este é apenas o início de um processo de conscientização e transparência por qual deve passar o sistema tributário nacional”, diz Valadares, membro do Grupo de Estudos em Direito Tributário (GETRI). Consultoria: Paulo Adyr Dias do Amaral, pós-doutor em Direito pela Universidad Nacional de La Matanza e diretor da Associação Brasileira de Direito Tributário (ABRADT); Prof. Dr. Paulo Roberto Coimbra Silva, professor de Direito Tributário da UFMG e advogado sócio da Coimbra & Chaves Advogados; João Eloi Olenike, presidente do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT); André Garcia Leão Reis Valadares, graduado em Direito pela UFMG, pós-graduado em Direito Tributário e membro do Grupo de Estudos em Direito Tributário (GETRI). Você sabe como funciona, em termos financeiros, um condomínio? Digamos que no prédio existam 20 apartamentos. Quatro funcionários atuam na recepção. Outros quatro atuam na segurança. Também existem dois funcionários que cuidam da limpeza de espaços comuns (escadas, elevadores e manutenções em geral). De forma programada pelos fornecedores, os elevadores precisam de manutenções periódicas. Também, preferencialmente de forma programada, são necessárias manutenções em pinturas externas. Quem paga por esses gastos comuns? Sabemos que são os moradores no prédio. Para isso, esses moradores pagam o que chamamos de Taxa de Condomínio. Em geral, é realizado o seguinte cálculo: somam-se todos os gastos previstos para o mês seguinte. Divide-se pelos 20 apartamentos. Assim, chega-se ao valor que cada apartamento deverá pagar como taxa de condomínio. E caso, em reunião específica, seja aprovado mais algumgasto para atender necessidades comuns, por exemplo, a construção de nova portaria? Quem paga? Novamente, são os chamados condôminos. As pessoas que moram nos apartamentos. Assim, de forma análoga, é o Estado aqui entendido como a Prefeitura, o Estado e o Governo Federal. São os “moradores” que estão no Brasil que decidem quais os gastos comuns que esse “estado” deve pagar. Como sabem, esses “estados” não produzem moeda. Os recursos que utilizam são originados de transferências realizadas pelos “moradores”. Portanto, nessa simples analogia, podemos perceber que os tributos pagos por cada cidadão, denominados nesse sentido como contribuintes, é que pagam os serviços que eles mesmos exigem do Estado. Fica a dica para que possam pensar mais sobre o assunto. 18WWW.UNINGA.BR CO NT AB IL ID AD E DE P LA NE JA M EN TO T RI BU TÁ RI O | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Para maiores conhecimentos sobre conceitos básicos de tributos, indicamos o livro Direito Tributário, de autoria de Vitório Cassone. Editora Atlas. 2018. Para compreender os conceitos básicos de tributos, veja o vídeo indicado, entendo que será muito importante para todos os aspectos abordados nesta disciplina. O vídeo indicado está no link: https://www.youtube.com/watch?v=83JVlrvIoCU https://www.youtube.com/watch?v=83JVlrvIoCU 1919WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 02 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO .............................................................................................................................................................. 21 1. OPÇÕES TRIBUTÁRIAS OU REGIMES TRIBUTÁRIOS ..........................................................................................22 2. PESSOAS JURÍDICAS OBRIGADAS AO LUCRO REAL ...........................................................................................22 3. LUCRO REAL – OPÇÃO – POSSIBILIDADE ............................................................................................................23 4. LUCRO ESTIMADO OU POR ESTIMATIVA ............................................................................................................23 5. LUCRO PRESUMIDO ...............................................................................................................................................25 6. TRIBUTOS FEDERAIS .............................................................................................................................................26 6.1 IMPOSTO DE RENDA DA PESSOA JURÍDICA - IRPJ ...........................................................................................26 6.2 CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO – CSLL ............................................................................27 CONCEITOS BÁSICOS DE TRIBUTOS NAS EMPRESAS PROF. DR. NILTON FACCI ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: CONTABILIDADE DE PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO 2020WWW.UNINGA.BR EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 6.3 PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO SOCIAL (PIS); PROGRAMA DE FORMAÇÃO DO PATRIMÔNIO DO SERVIDOR PÚBLICO (PASEP) E FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL (COFINS) .......................................................28 6.4 IMPOSTO SOBRE PRODUTOR INDUSTRIALIZADOS – IPI ................................................................................28 6.5 IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES RELATIVAS À CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SOBRE PRESTAÇÕES DE SERVIÇOS DE TRANSPORTE INTERESTADUAL, INTERMUNICIPAL E DE COMUNICAÇÃO – ICMS ..................29 6.6 IMPOSTO SOBRE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE QUALQUER NATUREZA – ISSQN ..................................... 31 6.7 SISTEMA SIMPLES NACIONAL ........................................................................................................................... 31 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................................................................................32 21WWW.UNINGA.BR CO NT AB IL ID AD E DE P LA NE JA M EN TO T RI BU TÁ RI O | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Nesta unidade, vamos abordar as opções tributárias que as empresas podem optar quanto à forma de identificação e de pagamento do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ). Destaca- se que a opção pelo IRPJ direciona a forma de identificação e de pagamento também para a Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL). Também vamos discorrer nesta unidade sobre tributos incidentes em receitas, tais como: IPI, ICMS, PIS, COFINS e ISSQN. Finalizo com a apresentação de aspectos gerais do Sistema Simples Nacional. Não estão apresentados os chamados Encargos Sociais: Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e a Contribuição sobre Previdência Social retida dos funcionários. Esses encargos sociais estarão descritos na unidade III. Esses tributos possuem vasta, isto é, numerosa e complexa, legislação. Evidente que toda a quantidade e as complexidades que existem na legislação tributária, especialmente nos tributos que vamos conversar nessa e noutras unidades, não serão apresentadas. Nosso foco é apresentar os procedimentos básicos de cada tributo. Para aprofundamentos em cada um dos tributos, sugiro leituras de literatura específica no âmbito do Direito Tributário. Na unidade II, vamos conversar sobre os tributos que, de forma geral, incidem sobre as operações comerciais realizadas pelas empresas. Na unidade III, vamos apresentar procedimentos práticos quanto aos cálculos dos tributos apresentados na unidade III. Também vamos comentar sobre os registros contábeis decorrentes dos fatos e das incidências tributárias. Na unidade IV, vamos comentar sobre vários impactos que os tributos provocam nos resultados contábeis e financeiros das empresas. Então, vamos lá... 22WWW.UNINGA.BR CO NT AB IL ID AD E DE P LA NE JA M EN TO T RI BU TÁ RI O | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1. OPÇÕES TRIBUTÁRIAS OU REGIMES TRIBUTÁRIOS A legislação específica sobre Imposto de Renda da Pessoa Jurídica permite diferentes formas de apuração dos tributos de acordo com as especificidades de cada entidade. As opções tributárias definidas na legislação são: Lucro Real, Lucro Presumido e o Simples Nacional. No CTN, Artigo 44, está a seguinte definição da Base de Cálculo do IRPJ: “A base de cálculo do imposto é o montante, real, arbitrado ou presumido, da renda ou dos proventos tributáveis.”. Nesta disciplina, não veremos aspectos específicos sobre Lucro Arbitrado. Em geral, essa forma de identificação do IRPJ e da CSLL é utilizada pelo fisco federal para situações que estão próximas aos conceitos e às características apresentadas na legislação que aborda sobre Crimes Contra a Ordem Tributária, conforme pressupostos transcritos na Lei 8.137/1990. O conceito de Lucro Real, conforme Artigo 6º., do Decreto-Lei 1.598/1977, é o “lucro líquido do período de apuração ajustado pelas adições, exclusões ou compensações prescritas ou autorizadas pelo Regulamento”. Quanto ao tal “lucro líquido”, o Artigo 37, no Parágrafo Primeiro da Lei 8.981/1995 define que “A determinação do lucro real será precedida da apuração do lucro líquido de cada período de apuração com observância das disposições das leis comerciais”. Continuando na identificação do “lucro líquido”, o Artigo 191 da Lei 6.404/1976, define que esse lucro é o identificado nas relações entre receitas, custos e despesas, conforme pressupõe a legislação comercial. Portanto, o tal “lucro líquido” é aquele identificado por meio dos processos contábeis. Dessa forma, já podemos observar uma grande relação entre a contabilidade e a legislação tributária, em especial para o IRPJ. 2. PESSOAS JURÍDICAS OBRIGADAS AO LUCRO REAL A partir de 1999, estão obrigadas à apuração do Lucro Real as pessoas jurídicas (Lei 9.718/1998, art. 14): I – cuja receita bruta total, no ano-calendário anterior, seja superior a R$ 78.000.000,00 (setenta e oito milhões de reais), ou a R$ 6.500.000,00 (seis milhões e quinhentos mil reais) multiplicado pelo número de mesesde atividade do ano- calendário anterior, quando inferior a 12 (doze) meses (limite fixado pela Lei 10.637/2002); II – cujas atividades sejam de bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras de títulos, valores mobiliários e câmbio, distribuidora de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, empresas de seguros privados e de capitalização e entidades de previdência privada aberta; III – que tiverem lucros, rendimentos ou ganhos de capital oriundos do exterior; IV – que, autorizadas pela legislação tributária, usufruam de benefícios fiscais relativos à isenção ou redução do imposto; V – que, no decorrer do ano-calendário, tenham efetuado pagamento mensal pelo regime de estimativa, na forma do art. 2 da Lei 9.430/1996; VI – que explorem as atividades de prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção e riscos, administração de contas a pagar e a receber, compras de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços (factoring). 23WWW.UNINGA.BR CO NT AB IL ID AD E DE P LA NE JA M EN TO T RI BU TÁ RI O | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3. LUCRO REAL – OPÇÃO – POSSIBILIDADE As pessoas jurídicas, mesmo se não obrigadas a tal opção, poderão apurar seus resultados tributáveis com base no Lucro Real. Assim, por exemplo, uma empresa que esteja com pequeno lucro ou mesmo prejuízo, não estando obrigada a apurar o Lucro Real, poderá fazê-lo, visando à economia tributária (planejamento fiscal). Nesse caso, a empresa deverá atender a todas as normas contábeis e tributárias relativas a essa opção, conforme pressupõe a Lei 9.430/1996 e o Decreto 9.580/2018. O período de apuração do Lucro Real pode ser trimestral ou anual. Em qualquer desses períodos, a empresa deverá elaborar relatórios contábeis que apresentem o resultado líquido antes da CSLL e do IRPJ. Esse resultado contábil será registrado no Livro de Apuração do Lucro Real (LALUR), para que os devidos ajustes sejam realizados (adições e /ou exclusões). Na opção Lucro Real Trimestral, os tributos incidentes sobre receitas serão considerados definitivos, isto é, com exceção de possíveis erros ou outras situações que possam ser identificadas posteriormente. Já na opção Lucro Real Anual, a empresa deverá realizar o pagamento antecipado em cada mês do ano, como forma de antecipação dos tributos CSLL e IRPJ. Essa antecipação é chamada de Lucro Estimado, ou por Estimativa. 4. LUCRO ESTIMADO OU POR ESTIMATIVA De acordo com o Artigo 219 do Decreto 9.580/2018, “A pessoa jurídica sujeita à tributação com base no lucro real poderá optar pelo pagamento do imposto sobre renda e do adicional, em cada mês, determinados sobre a base de cálculo estimada”. A empresa vai informar o fisco federal dessa opção por meio do pagamento, vida DARF, no código de pagamento, referente ao mês de janeiro, ou o de início de atividade. Para identificar o valor a ser pago de IRPJ e da CSLL na forma Estimada, o Artigo 220 do Decreto 9.580/2018 estabelece que: [...] a base de cálculo estimada do imposto sobre a renda, em cada mês, será determinada por meio da aplicação do percentual de oito por cento sobre a receita definida no art. 208 auferida mensalmente, deduzida das devoluções, das vendas canceladas e dos descontos incondicionais concedidos, observadas as disposições desta Subseção. 24WWW.UNINGA.BR CO NT AB IL ID AD E DE P LA NE JA M EN TO T RI BU TÁ RI O | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Os percentuais de presunção do lucro estão apresentados no Quadro 01 a seguir. Espécies de atividades Percentuais sobre a receita Revenda, para consumo, de combustível derivado de petróleo, álcool etílico carburante e gás natural. 1,6% · Venda de mercadorias ou produtos; · Transporte de cargas; · Atividades de venda de imóveis, de acordo com o objeto social da empresa; · Construção por empreitada, quando houver emprego de materiais próprios; · Serviços hospitalares; · Serviços de auxílio diagnóstico e terapia, patologia clínica, imagenologia, anatomia patológica e citopatologia, medicina nuclear e análises e patologias clínicas, a par- tir de 01.01.2009 - ver nota 3; · Atividade Rural; · Industrialização com materiais fornecidos pelo encomendante; · Outras atividades não especificadas (exceto prestação de serviços). 8 % · Serviços de transporte (exceto o de cargas); · Bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras de títulos, valores mobiliários e câmbio, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercan- til, cooperativas de crédito, empresas de seguros privados e de capitalização e enti- dades de previdência privada aberta; · Serviços gerais com receita bruta até R$ 120.000/ano - ver nota 1. 16% · Serviços em geral - ver nota 2; · Serviços prestados pelas sociedades civis de profissão legalmente regulamentada · Intermediação de negócios - ver nota 2; · Administração, locação ou cessão de bens móveis/imóveis ou direitos - ver nota 2; · Construção por administração ou empreitada, quando houver emprego unicamente de mão de obra - ver nota 2; · Factoring - ver nota 2. 32% No caso de exploração de atividades diversificadas, será aplicado sobre a receita bruta de cada atividade o respectivo percentual. 1,6 a 32% Quadro 01 - Percentuais para presunção do lucro. Fonte: BRASIL (1995/1996). Na identificação do lucro a ser definido como base de cálculo do IRPJ, ainda é preciso verificar ocorrências de Ganho de Capital e outras receitas que possam advir de, por exemplo, aplicações financeiras e juros recebidos de clientes. Ao final do ano, a empresa deverá elaborar Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado do Exercício. Os pagamentos efetuados mensalmente são considerados antecipações. O valor final do IRPJ será aquele identificado no LALUR. Caso a empresa tenha recolhido valor a menor, bastará recolher a diferença. Caso tenha recolhido valor a maior, vai existir saldo a compensar com o IRPJ futuro. 25WWW.UNINGA.BR CO NT AB IL ID AD E DE P LA NE JA M EN TO T RI BU TÁ RI O | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA O mesmo ocorre para a CSLL. A presunção do lucro é identificada, conforme determina o Artigo 28 da Lei 9.430/1996, pelos seguintes percentuais: 12% para receitas originárias de comércio e indústria; 32% para receitas orientarias de atividades de prestação de serviços. Da mesma forma utilizada para o IRPJ, também na CSLL são consideradas as receitas originárias de Ganho de Capital e financeiras. Na opção Lucro Real Anual, a empresa poderá suspender ou reduzir o valor pago, somente se elaborar “balanços ou balancetes mensais” (Artigo 35, parágrafo segundo, e Artigo 1º. da Lei 9.065/1995). Essa permissão poderá ser realizada a qualquer mês do ano-calendário, desde que o imposto devido no período seja inferior ao calculado com base nas regras de estimativa. A alíquota a ser utilizada na CSLL para identificação do tributo é de 9% (nove por cento). Vistas as premissas gerais para o Lucro Real, a seguir, vamos abordar sobre o Lucro Presumido. 5. LUCRO PRESUMIDO O Lucro Presumido, como a própria expressão sugere, é realizado com base em uma estimativa de lucro realizada de acordo com as porcentagens previstas na legislação. A definição de Receita Bruta para fins tributários para o IRPJ e CSLL está apresentada no Artigo 12 do Decreto-Lei 1.598/1977 é “[…] I - o produto da venda de bens nas operações de conta própria; II - o preço da prestação de serviços em geral; III - o resultado auferido nas operações de conta alheia”, alémde “ […] IV - as receitas da atividade ou objeto principal da pessoa jurídica não compreendidas nos incisos I a III”. Para identificação da base de cálculo na forma do Lucro Presumido, o Artigo 15 da Lei nº 9.249/1995, diz que: “A base de cálculo do imposto, em cada mês, será determinada mediante a aplicação do percentual de 8% (oito por cento) sobre a receita bruta auferida mensalmente […]”, sendo deduzidos dessas as devoluções, vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos. A referida Lei, além do percentual de 8%, prevê outros percentuais com base em atividades específicas, como: § 1º Nas seguintes atividades, o percentual de que trata este artigo será de: I - um inteiro e seis décimos por cento, para a atividade de revenda, para consumo, de combustível derivado de petróleo, álcool etílico carburante e gás natural; II - dezesseis por cento: a) para a atividade de prestação de serviços de transporte, exceto o de carga, para o qual se aplicará o percentual previsto no caput deste artigo; b) para as pessoas jurídicas a que se refere o inciso III do art. 36 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, observado o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 29 da referida Lei; III - trinta e dois por cento, para as atividades de: a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares e de auxílio diagnóstico e terapia, patologia clínica, imagenologia, anatomia patológica e citopatologia, medicina nuclear e análises e patologias clínicas, desde que a prestadora destes serviços seja organizada sob a forma de sociedade empresária e atenda às normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa; b) intermediação de negócios; c) administração, locação ou cessão de bens imóveis, móveis e direitos de qualquer natureza; 26WWW.UNINGA.BR CO NT AB IL ID AD E DE P LA NE JA M EN TO T RI BU TÁ RI O | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA d) prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção de riscos, administração de contas a pagar e a receber, compra de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços (factoring). e) prestação de serviços de construção, recuperação, reforma, ampliação ou melhoramento de infraestrutura vinculados a contrato de concessão de serviço público. É devido destacar que o §3º do art. 587, disposto no Decreto-Lei nº 9.580/2018, menciona que “somente a pessoa jurídica que não esteja obrigada à tributação pelo lucro real poderá optar pela tributação com base no lucro presumido”. As empresas que optam pelo Lucro Presumido têm obrigações acessórias, conforme está apresentado no art. 600 do Decreto-Lei nº 9.580/2018, “A pessoa jurídica habilitada à opção pelo regime de tributação com base no lucro presumido deverá manter:” I - escrituração contábil nos termos da legislação comercial; II - Livro Registro de Inventário, do qual deverão constar registrados os estoques existentes no término do ano-calendário; e III - em boa guarda e ordem, enquanto não decorrido o prazo decadencial e não prescritas eventuais ações que lhes sejam pertinentes, os livros de escrituração obrigatórios por legislação fiscal específica e os documentos e os demais papéis que serviram de base para escrituração comercial e fiscal. Parágrafo único. O disposto no inciso I do caput não se aplica à pessoa jurídica que, no decorrer do ano-calendário, mantiver livro-caixa, no qual deverá estar escriturada toda a movimentação financeira, inclusive bancária Especialmente para a opção Lucro Presumido, é permitida a definição da Receita Bruta pelo Regime de Competência, ou Regime de Caixa. Dispostas as opções tributárias Lucro Real e Lucro Presumido, na sequência, vamos abordar sobre tributos federais. 6. TRIBUTOS FEDERAIS Iniciemos sobre o Imposto de Renda da Pessoa Jurídica – IRPJ – Apuração Trimestral. Na sequência, vamos comentar sobre a Contribuição Social sobre Lucro Líquido; o PIS, a COFINS, o IPI e o ICMS; e, finalmente, sobre o ISSQN. 6.1 Imposto de Renda da Pessoa Jurídica - IRPJ A escolha da forma de tributação do IRPJ trimestral, optante pelo regime tributário com base no Lucro Real, foi instituída pela Lei nº 9.430/1996, em seu art. 1º que diz: “[...] o imposto de renda das pessoas jurídicas será determinado com base no lucro real [...] por períodos de apuração trimestrais, encerrados nos dias 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro de cada ano-calendário [...]”, passando a vigorar no ano-calendário de 1997. No entanto, a pessoa jurídica que optar pela apuração do IRPJ trimestral não poderá retroagir quanto a essa preferência dentro do ano-calendário. Definida essa opção de apuração, o pagamento deverá ser efetuado até o último dia útil do mês subsequente ao de encerramento do período de apuração do resultado (LEI Nº 9.430/1996). 27WWW.UNINGA.BR CO NT AB IL ID AD E DE P LA NE JA M EN TO T RI BU TÁ RI O | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA A alíquota do IRPJ está estabelecida na Lei nº 9.249/1995, art. 3º, devendo ser aplicado o percentual de quinze por cento sobre a base de cálculo. Caso a base de cálculo, para o período mensal, seja maior que R$ 20.000,00, deverá ser aplicado a esse excesso o percentual de dez por cento. Esse valor de R$ 20.000,00 será multiplicado pelo número de meses. Assim, para o Lucro Real Anual, a base de cálculo será comparada com o valor de R$ 240.000,00, para identificar se haverá o adicional do imposto. Lembrem-se que a base de cálculo para o Lucro Real, seja trimestral ou anual, é aquela identificada no Livro de Apuração do Lucro Real (LALUR). O LALUR inicia com o resultado contábil identificado na Demonstração do Resultado do Exercício. Após, conforme define o art. 6º, §2º do Decreto-Lei nº 1.598/1977, serão adicionados ao lucro líquido em assenso com legislação tributária e que não sejam dedutíveis: “a) os custos, despesas, encargos, perdas, provisões, participações [...]” e quaisquer outros valores não dedutíveis; “b) os resultados, rendimentos, receitas e quaisquer outros valores não incluídos na apuração do lucro líquido que […] devam ser computados na determinação do lucro real”. Respetivamente, o § 3º do referido Decreto-Lei nº 1.598/1977, determina que serão excluídas na apuração do lucro líquido na opção do Lucro Real, em conformidade com a legislação tributária: “a) os valores cuja dedução seja autorizada pela legislação tributária e que não tenham sido computados na apuração do lucro líquido do exercício”, e “b) os resultados, rendimentos, receitas e quaisquer outros valores incluídos na apuração do lucro líquido que, de acordo com a legislação tributária, não sejam computados no lucro real”, além dos “c) [...] prejuízos de exercícios anteriores, observado o disposto no artigo 64”. 6.2 Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL A Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) foi instituída pela Lei nº 7.689/1988. De acordo com o art. 1º da referida lei, será destinada ao financiamento da seguridade social. Conforme respectivos art. 6 º e parágrafo único da mesma lei, compete à Secretaria da Receita Federal a administração e a fiscalização da CSLL e, além disso, “aplicam-se à contribuição social, no que couber, as disposições da legislação do imposto de renda referente à administração, ao lançamento, à consulta, à cobrança, às penalidades, às garantias e ao processo administrativo”. Portanto, todos os procedimentos que a legislação específica do IRPJ determinada quanto à identificação da base de cálculo e outros apresentados, quando conversamos sobre o IRPJ, serão também utilizados para a CSLL. Na opção pelo Lucro Presumido, a alíquota utilizada para identificação da base de cálculo será de 12% para empresas que obtêm receitas de operações comerciais promovidas pela revenda de mercadorias (comerciais) e por aquelas que produzem produtos (industriais). Para empresas queatuam na prestação de serviços, a alíquota é de 32%. Em qualquer das opções tributárias, Lucro Real ou Lucro Presumido, para identificar o valor a pagar da CSLL deverá ser utilizada a alíquota de 9%. 28WWW.UNINGA.BR CO NT AB IL ID AD E DE P LA NE JA M EN TO T RI BU TÁ RI O | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 6.3 Programa de Integração Social (PIS); Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PASEP) e Financiamento da Seguridade Social (COFINS) O PIS - Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público – PIS/PASEP, de que tratam o art. 239 da Constituição de 1988 e as Leis Complementares 7, de 07 de setembro de 1970, e 8, de 03 de dezembro de 1970. A COFINS – Contribuição para Financiamento da Seguridade Social, instituída pela Lei Complementar 70 de 30/12/1991. Os contribuintes do PIS e da COFINS são as pessoas jurídicas de direito privado. A base de cálculo é a receita bruta, da mesma forma que foi estabelecida para o IRPJ e a CSLL, na forma da opção tributária pelo Lucro Presumido. Esses dois tributos vigoram com base em dois tipos diferentes de regimes de apuração: Regime Cumulativo e Regime Não Cumulativo. No Regime Cumulativo, as regras estão definidas para o PIS estão na Lei 9.718/1998. Para identificar o valor a ser pago, a alíquota a ser aplicada é de 0,65% (zero virgula sessenta e cinco por cento) sobre a base de cálculo. Para a COFINS, as regras para esse regime estão estabelecidas na mesma lei. A alíquota a ser aplicada é de 3,0% (três por cento) sobre a base de cálculo. No Regime Não Cumulativo, as regras estão definidas para o PIS na Lei 10.637/2002. Diferentemente do Regime Cumulativo, no qual o valor a ser pago será o resultado do débito, encontrado por meio da aplicação de 1,65% (um virgula sessenta e cinco por cento) sobre a base de cálculo. Menos os créditos (deduções do débito, como está na legislação) permitidos nessa lei. Assim, temos que o valor a ser pago é: débitos menos créditos = saldo a pagar. Para identificar os créditos, a Lei 10.833/2003, em seu Artigo 3º., estabelece que as empresas poderão descontar créditos calculados em relação a vários tipos de gastos. Entre tantos relacionados nesse artigo, podemos destacar os seguintes: a) bens adquiridos para revenda legislação define vários gastos; b) bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda; c) energia elétrica e energia térmica, inclusive sob a forma de vapor, consumidas nos estabelecimentos da pessoa jurídica; d) aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa; e) depreciação do imobilizado; f) aluguéis pagos a pessoa jurídica; e, g) devoluções de vendas. Quanto aos débitos, tanto no regime cumulativo como no não cumulativo, a legislação permite deduções (Parágrafo Terceiro do Artigo 1º., da Lei 10.833/2003), tais como: a) receitas com isenção desses tributos; b) receitas oriundas de vendas de ativo imobilizado; c) vendas canceladas; d) IPI sobre receitas; e) ICMS Substituição Tributária cobrada nas vendas. A legislação pertinente a esses dois tributos é extensa. Existem várias situações diferentes das mencionadas, por exemplo: PIS e COFINS sobre Importação; Regime Monofásico; Substituição Tributária e Isenções. 6.4 Imposto sobre Produtor Industrializados – IPI O IPI está normatizado pelo Decreto 7.212/2010. As alíquotas aplicáveis estão delineadas na Tabela do IPI (TIPI). Na tabela, estão apresentadas as alíquotas por produto. Cada produto tem definido seu código de Nomenclatura do Mercosul (NCM). Esse imposto apresenta várias formas de benefícios fiscais, os quais não são foco desta disciplina. O fato gerador está definido para as seguintes situações: a) venda de produto industrializado; importação; arrematação em leilões promovidos pela Receita Federal do Brasil. 29WWW.UNINGA.BR CO NT AB IL ID AD E DE P LA NE JA M EN TO T RI BU TÁ RI O | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA A base de cálculo para o débito é o valor constante na Nota Fiscal de venda de produto industrializado. Esse imposto é “por fora”, isto é, o seu valor é decorrente da aplicação da alíquota disposta na TIPI, sobre o valor de venda do produto. Exemplo: Valor do Produto = R$ 1.000,00. Alíquota do IPI = 10%. Valor do IPI = R$ 100,00. Valor total da Nota Fiscal = R$ 1.100,00. Esse imposto é não cumulativo. Assim, o saldo a pagar decorre do cálculo entre débitos e créditos. Em geral, os créditos são os valores constantes em notas fiscais de aquisição de matérias primas, entre outros gastos, consumidos no processo industrial. Entre vários, está a permissão por créditos dos seguintes gastos: insumos utilizados no processo industrial e o consumo de energia elétrica. 6.5 Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual, Intermunicipal e de Comunicação – ICMS Esse imposto é regulamentado por cada estado. As normas estão apresentadas em Regulamento do ICMS. É imposto não cumulativo, da mesma forma que o IPI. Assim como o PIS e a COFINS não cumulativos. No Estado do Paraná, o ICMS está regulamentado pelo Decreto 7.871/2017. O ICMS incide sobre os seguintes fatos geradores: a) circulação de mercadorias, incluindo alimentação em restaurantes e bares; b) prestação de serviços de transporte, seja de alcance intermunicipal ou interestadual por qualquer via; c) prestações de serviços de comunicação que apresentem ônus (custos), independentemente do suporte; d) fornecimento de produtos que não façam parte dos quais os impostos incidentes são de caráter municipal ou até mesmo produtos que façam parte da arrecadação tributária municipal, mas que, por lei, também recebam taxas estaduais; e) entrada de mercadorias vindas do exterior, mesmo que sendo apenas bens de consumo; f) serviços prestados no exterior; entrada de petróleo no território nacional, com incidência também sobre seus derivados (gasolina, diesel e outros). Assim como no IPI, no ICMS, existem vários benefícios tributários que não são foco desta disciplina. O ICMS é um imposto “por dentro”, isto é, no valor que está registrado na nota fiscal de venda já está incluso o valor desse imposto. Vejamos o seguinte exemplo. Digamos que o valor de venda pretendido pela empresa é de R$ 300,00. A alíquota é de 18%. Para que a empresa vendedora defina o preço de venda final, deverá fazer o seguinte cálculo: 100,00% - 18,00% = 82,00%. Dividir o valor de R$ 300,00 por 0,8200. Assim terá o valor total de R$ 365,85. Ao aplicar o percentual de 18% sobre R$ 365,85, terá o débito de R$ 65,85. A receita líquida do imposto será de R$ 365,85 – R$ 65,85 = R$ 300,00. A seguir, está o Quadro 2 que apresenta as alíquotas interestaduais. Basta verificar a origem e o destino. Por exemplo: Estado de origem da venda: Bahia. Estado de destino: Acre. A alíquota interestadual que deverá aplicar será de 12%. Essas alíquotas são utilizadas nas operações comerciais entre empresas contribuintes do ICMS. Caso a venda seja para consumidor final, a alíquota a ser utilizada deve ser a específica, de acordo com as normas do estado de destino. 30WWW.UNINGA.BR CO NT AB IL ID AD E DE P LA NE JA M EN TO T RI BU TÁ RI O | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Quadro 2 – Alíquotas interestaduais. Fonte: O autor. Quanto aos créditos do ICMS, serão identificados por meio do valor constante nas notas fiscais de compras. Também existem outras formas de créditos do ICMS. Por exemplo, os gastos com Energia Elétrica utilizada em processo industrial. A organização que adquire mercadorias ou contrata a prestação de serviços interestadual ou intermunicipal pode utilizar o crédito destacado em nota fiscal para reduzir o seu ICMS a ser pago. Então, se o negócio do exemplo acima, que apurou R$ 65,85 de imposto, acumulasse R$ 35,00 de crédito em compras, pagaria
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