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Apostila (6)

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AULA 6 
PSICOPATOLOGIA 
Prof. Alisson Siqueira 
 
 
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TEMA 1 – TRANSTORNOS DEPRESSIVOS 
Quando falamos de transtornos depressivos, precisamos caracterizá-los 
tendo como ponto de partida o humor triste e o desânimo. Nesse ponto, 
precisamos diferenciar o humor triste da tristeza. A tristeza tem como sua principal 
característica a relação direta com um fato que realmente produz um sofrimento 
e, com isso, possui uma condição temporal de remissão em alguns dias. Já o 
humor deprimido ocorre quando o sujeito mantém uma condição de observação 
da vida cotidiana sempre em baixa, sem expectativa ou esperança. 
O DSM-5 (APA, 2014) apresenta os sintomas dos transtornos depressivos, 
entre os quais: a presença de humor triste, vazio ou irritável; e que tende a estar 
acompanhado de alterações somáticas e cognitivas que afetam significativamente 
a capacidade de funcionamento do indivíduo. 
Sabemos que os transtornos depressivos são considerados pela 
Organização Mundial da Saúde (OMS) como um problema de saúde pública. A 
OMS apresenta um quadro estatístico em que mais de 300 milhões de pessoas 
de todas as idades no mundo possuem um diagnóstico de depressão. Essa 
condição, no Brasil, atinge 5,8% da população. 
Dalgalarrondo (2000) caracteriza os transtornos depressivos em grupos, de 
acordo com a sua apresentação sintomática: 
 Sintomas afetivos 
 Alterações da esfera instintiva e neurovegetativa 
 Alterações ideativas 
 Alterações cognitivas 
 Alterações da autovaloração 
 Alterações da volição e da psicomotricidade 
 Sintomas psicóticos 
O DSM-V, em sua nova formulação, apresenta uma seção completa sobre 
os transtornos depressivos. Nessa seção são apresentados: o transtorno 
disruptivo da desregulação do humor, o transtorno depressivo maior, o transtorno 
depressivo persistente (distimia), o transtorno disfórico pré-menstrual, o transtorno 
depressivo induzido por substância/medicamento, o transtorno depressivo devido 
a outra condição médica ou outro transtorno depressivo especificado e o 
transtorno depressivo não especificado (APA, 2014). 
 
 
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A principal característica que diferencia os transtornos depressivos são os 
aspectos de duração, momento ou etiologia presumida. O DSM-5, para uma 
melhor orientação diagnóstica, diferentemente do DSM-IV, retirou da seção de 
transtornos depressivos o transtorno bipolar (APA, 1995; 2014). 
Antes de apresentarmos os quadros depressivos, é importante salientar a 
observação de Dalgalarrondo (2000) referente à condição psicológica da 
depressão. Há uma relação muito próxima entre a condição depressiva e a perda, 
ou melhor, a experiência de perder. As síndromes e as reações depressivas 
surgem com muita frequência após perdas significativas: de pessoa muito querida, 
emprego, moradia, status socioeconômico ou algo puramente simbólico. 
1.1 Transtorno disruptivo da desregulação do humor 
O transtorno disruptivo da desregulação do humor é descrito pelo DSM-5 
(APA, 2014) com uma característica principal que é a irritabilidade crônica grave, 
cuja manifestação ocorre em forma de: 
 frequentes explosões de raiva; e 
 manifestação de irritabilidade grave, que consiste em humor 
persistentemente irritável ou zangado, que se faz presente entre as 
explosões de raiva. 
Segundo o DSM-5, o transtorno disruptivo da desregulação do humor é 
comum entre as crianças. A sua prevalência é de 2% a 5% em crianças de 6 
meses a 2 anos e em adolescentes. Ele ocorre mais em crianças do sexo 
masculino e em idade escolar do que nas do sexo feminino e em adolescentes. 
Tem seu início antes dos 10 anos de idade, todavia o diagnóstico é feito só depois 
dos 6 anos. 
É comum que crianças com transtorno disruptivo da desregulação do 
humor tenham sintomas de transtorno do déficit de atenção com hiperatividade 
(TDAH) e de transtorno de ansiedade. Como característica dos transtornos 
depressivos, é possível verificar-se comportamento agressivo e suicida. 
1.2 Transtorno depressivo maior 
O transtorno depressivo maior é conhecido também como depressão. 
Quando se verifica a condição do transtorno, o diagnóstico precisa considerar se 
 
 
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se trata de um episódio único ou se recorrente, a gravidade atual, se há a 
presença de características psicóticas e o estado de remissão. 
Segundo o DSM-5, os sintomas de transtorno depressivo maior devem 
estar presentes durante o período de duas semanas e representam uma mudança 
em relação ao funcionamento que, antes, o sujeito apresentava. É necessária a 
manifestação de humor deprimido e/ou perda de interesse ou prazer, para que 
aconteça esse diagnóstico (APA, 2014). 
Esses sintomas são relacionados como: 
1. Humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias, conforme 
indicado por relato subjetivo ou por observação feita por outras pessoas; 
2. Acentuada diminuição do interesse ou prazer em todas ou quase 
todas as atividades na maior parte do dia, quase todos os dias. 
3. Perda ou ganho significativo de peso sem estar fazendo ou redução 
ou aumento do apetite quase todos os dias. 
4. Insônia ou hipersonia quase todos os dias. 
5. Agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias. 
6. Fadiga ou perda de energia quase todos os dias. 
7. Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou quase todos os dias. 
8. Capacidade diminuída para pensar ou se concentrar, ou indecisão, 
quase todos os dias. 
9. Pensamentos recorrentes de morte, ideação suicida recorrente sem 
um plano específico, uma tentativa de suicídio ou plano específico para 
cometer suicídio (APA, 2014, p. 160-161). 
Para um diagnóstico preciso, os sintomas devem estar presentes quase 
todos os dias e o humor deprimido, na maior parte do dia, além de quase todos 
os dias do indivíduo. Uma característica importante em relação ao humor é a 
descrição que a pessoa faz de si como deprimida, triste, desesperançada, 
desencorajada ou “na fossa”. 
O transtorno depressivo maior está associado com alta mortalidade, pela 
sua relação direta com a estatística do suicídio. A sua prevalência em indivíduos 
de 18 a 29 anos é três vezes maior do que a sua prevalência em indivíduos acima 
dos 60 anos. O transtorno é três vezes mais frequente nos homens e tem seu 
início na adolescência (APA, 2014). 
1.3 Transtorno depressivo persistente (distimia) 
A distimia é também conhecida como mau humor crônico; e, muitas vezes, 
é mal compreendida e diagnosticada. Na maioria dos casos, é relacionada à 
condição do comportamento do sujeito. 
Todavia, a distimia é um transtorno depressivo persistente, em que o humor 
depressivo ocorre na maior parte do dia, na maioria dos dias, por pelo menos dois 
 
 
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anos em adultos ou por pelo menos um ano em crianças e adolescentes. A 
prevalência do transtorno é de 0,5% da população. A distimia pode apresentar um 
início precoce e insidioso. Isso pode vir a ocorrer antes dos 21 anos de um 
indivíduo. 
Entre as consequências iminentes do transtorno, está a direta interferência 
no funcionamento social e profissional do sujeito. É possível considerar como seu 
fator de risco, além das condições genéticas e fisiológicas, a condição ambiental 
relacionada à perda ou separação dos pais. 
1.4 Transtorno disfórico pré-menstrual 
Para o DSM-5, as características essenciais do transtorno disfórico pré-
menstrual ocorrem repetidamente durante a fase pré-menstrual do ciclo da mulher 
e remitem por volta do início da menstruação ou logo depois e são marcadas por: 
 expressão de labilidade do humor; 
 irritabilidade; 
 disforia; e 
 sintomas de ansiedade. 
Outras características importantes são: 
 o caráter recente das alterações, que normalmente ocorrem a partir do ano 
anterior ao do diagnóstico e acarretam efeito adverso no trabalho ou no 
funcionamento social da pessoa; 
 os sintomas têm pico próximo do início da menstruação; 
 ocorrem sintomas de humor e ansiedade e possivelmente sintomas 
comportamentais e somáticos.A prevalência do transtorno é de 1,8% para as mulheres que não têm 
prejuízo funcional e de 1,3% para as mulheres que apresentam prejuízo funcional. 
O início do transtorno pode ocorrer em qualquer tempo após a menarca e seus 
sintomas podem piorar quando se aproxima a menopausa, cessando depois seus 
efeitos. 
 
 
 
 
 
 
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1.5 Transtorno depressivo induzido por substância/medicamento 
Esse grupo de transtorno tem como características os sintomas de 
depressão que têm sua condição relacionada diretamente a uma substância ou 
medicamento. 
Para seu diagnóstico, devem haver evidências com base na história do 
indivíduo, no seu exame físico ou nos achados laboratoriais, de uso de substância, 
abuso, intoxicação ou abstinência antes do início do transtorno depressivo. O 
estado de abstinência de algumas substâncias pode ser relativamente retardado, 
e, dessa forma, sintomas depressivos intensos podem durar um longo período 
após a cessação do uso da substância. 
TEMA 2 – TRANSTORNOS RELACIONADOS A TRAUMAS E ESTRESSORES 
Esse grupo de transtornos está diretamente relacionado à condição 
recorrente da revivência de eventos que não foram compreendidos como 
amigáveis. O DSM-5 (APA, 2014) apresenta esses transtornos como aqueles com 
característica de exposição do indivíduo a um evento traumático ou estressante. 
A relação desse grupo de transtornos inclui: o transtorno de apego reativo, 
o transtorno de interação social desinibida, o transtorno de estresse pós-
traumático (Tept), o transtorno de estresse agudo e os transtornos de adaptação. 
Quando observada a característica principal dos transtornos, verifica-se a 
presença de condições relacionadas ao evento traumático ou estressante, que 
são: sofrimento psicológico subsequente à exposição; ansiedade ou medo; 
sintomas anedônicos e disfóricos; externalizações de raiva e agressividade ou 
sintomas dissociativos. 
2.1 Transtorno de apego reativo 
O transtorno de apego reativo é descrito pelo DSM-5 (APA, 2014) como um 
transtorno típico da infância. Possui um padrão de comportamentos de vínculos 
extremamente perturbados e inapropriados em termos do desenvolvimento 
infantil. É possível verificar que o comportamento esperado da criança passe a 
ser o de ausência ou um vínculo grosseiramente não desenvolvido com os 
supostos cuidadores adultos da criança. 
 
 
7 
Pode ocorrer que crianças com transtorno de apego reativo tenham a 
capacidade de formar vínculos seletivos, mas há uma condição inicial em que se 
manifestam esses comportamentos de vínculos seletivos. 
O transtorno é compreendido pela ausência de conforto e de resposta a 
comportamentos reconfortantes. Isso tende a ser entendido como 
comportamentos diminutos que as crianças tenderiam a ter com seus cuidadores. 
As crianças costumam ter dificuldade em regular suas emoções. É comum 
observar episódios de emoções negativas de medo, tristeza ou irritabilidade, os 
quais não são bem explicados. 
A idade para o seu diagnóstico é após os 9 meses e antes dos 5 anos. Foi 
observado esse transtorno em crianças pequenas expostas a negligência grave 
antes de serem colocadas em lares adotivos temporários ou criadas em 
instituições. Todavia, a sua condição de incidência é de em menos de 10% das 
crianças. 
2.2 Transtorno de interação social desinibida 
Segundo o DSM-5 (APA, 2014), o transtorno de interação social desinibida 
representa uma conduta excessivamente familiar e culturalmente inapropriada 
com pessoas estranhas. Esses comportamentos tendem a violar os limites sociais 
da cultura em que o sujeito está inserido. O diagnóstico é feito a partir dos 9 meses 
de idade. 
Entre as comorbidades a serem verificadas no Transtorno de interação 
social desinibida, encontra-se a presença de atrasos no desenvolvimento, 
referenciados na cognição e na linguagem, e de estereotipias. É possível verificar, 
ainda, a presença de sinais de negligência grave, que incluem a desnutrição e os 
maus cuidados. 
Os sinais de negligência social são identificáveis a partir dos primeiros 
meses de vida das crianças. É comum verificar-se o diagnóstico sendo realizado 
meses ou anos depois do surgimento desses maus-tratos, mas há evidências de 
que a negligência antes dos 2 anos de idade esteja associada a manifestações 
do transtorno. O transtorno da interação social desinibida tende a ser notada a 
partir do segundo ano de vida e até a adolescência. 
 
 
 
 
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2.3 Transtorno de estresse pós-traumático (Tept) 
O Tept é um transtorno muito estudado, em razão dos seus efeitos no 
comportamento do sujeito. É conhecido também como o transtorno da guerra. O 
DSM-5 conceitua o Tept como um transtorno que apresenta sintomas 
característicos de exposição a um ou mais eventos traumáticos (APA, 2014). 
O DSM-5 estabelece alguns critérios para o diagnóstico do Tept, que são: 
1. Vivenciar diretamente o evento traumático. 
2. Testemunhar pessoalmente o evento traumático ocorrido com outras 
pessoas. 
3. Saber que o evento traumático ocorreu com familiar ou amigo próximo. 
Nos casos de episódio concreto ou ameaça de morte envolvendo um 
familiar ou amigo, é preciso que o evento tenha sido violento ou 
acidental. 
4. Ser exposto de forma repetida ou extrema a detalhes aversivos do 
evento traumático (APA, 2014, p. 271). 
O evento traumático pode ser revivenciado de diversas maneiras. É comum 
que a pessoa tenha lembranças recorrentes, involuntárias e intrusivas do evento. 
O DSM-5 apresenta esse revivenciar na forma de: 
1. Lembranças intrusivas angustiantes, recorrentes e involuntárias do 
evento traumático. 
2. Sonhos angustiantes recorrentes nos quais o conteúdo e/ou o 
sentimento do sonho estão relacionados ao evento traumático. 
3. Reações dissociativas nas quais o indivíduo sente ou age como se o 
evento traumático estivesse ocorrendo novamente. 
4. Sofrimento psicológico intenso ou prolongado ante a exposição a 
sinais internos ou externos que simbolizem ou se assemelhem a algum 
aspecto do evento traumático. 
5. Reações fisiológicas intensas a sinais internos ou externos que 
simbolizem ou se assemelhem a algum aspecto do evento traumático 
(APA, 2014, p. 271). 
O DSM-5 continua a descrição do Tept como associado a estímulos 
relacionados ao que se quer evitar de maneira persistente, com o seguinte padrão: 
1. Evitação ou esforços para evitar recordações, pensamentos ou 
sentimentos angustiantes acerca de ou associados de perto ao evento 
traumático. 
2. Evitação ou esforços para evitar lembranças externas que despertem 
recordações, pensamentos ou sentimentos angustiantes acerca de ou 
associados de perto ao evento traumático (APA, 2014, p. 271). 
O DSM-5 também apresenta como sintomas do Tept as alterações 
negativas em cognições ou no humor associadas ao evento, que surgem ou 
pioram depois da exposição a ele. E a condição em que indivíduos com Tept 
podem irritar-se facilmente e até mesmo adotar um comportamento físico e/ou 
verbal agressivo mesmo diante de pouca ou nenhuma provocação (APA, 2014). 
 
 
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O Tept possui uma prevalência de 0,5% a 1%, na América Latina. Sua 
manifestação é possível a partir do primeiro ano de vida. Os sintomas tendem a 
ser identificados, em uma relação próxima, nos primeiros três meses depois de 
ocorrido o trauma. 
O DSM-5 (APA, 2014) alerta para a condição de que o Tept está associado 
a ideação suicida e tentativas de suicídio, e a presença do transtorno pode indicar 
quais indivíduos com essa ideação acabem elaborando um plano de suicídio ou 
de fato tentem cometê-lo. 
2.4 Transtorno de estresse agudo 
O transtorno de estresse agudo às vezes é confundido com o Tept. É bem 
verdade que o Tept pode ser consequência do estresse agudo. Ao definir esse 
transtorno, apresentamos que ele deve ocorrer com o desenvolvimento de 
sintomas típicos que duram de três dias a um mês após a exposição a um ou mais 
eventos traumáticos. 
Nesse caso, segundo o DSM-5, é necessário atenderà condição de 
exposição a episódio concreto ou ameaça de morte, lesão grave ou violação 
sexual em uma das seguintes formas: 
1. Vivenciar diretamente o evento traumático. 
2. Testemunhar pessoalmente o evento ocorrido a outras pessoas. 
3. Saber que o evento ocorreu com familiar ou amigo próximo. Nota: Nos 
casos de morte ou ameaça de morte de um familiar ou amigo, é preciso 
que o evento tenha sido violento ou acidental. 
4. Ser exposto de forma repetida ou extrema a detalhes aversivos do 
evento traumático (APA, 2014, p. 280). 
O transtorno de estresse agudo compreende, em sua avaliação clínica, a 
condição de haver respostas de ansiedade que incluem alguma forma de 
revivência ou reatividade ao evento traumático. Segundo o DSM-5 (APA, 2014), o 
transtorno apresenta uma probabilidade alta de ocorrer quando há a intensidade 
e a proximidade física do indivíduo em relação ao estressor, de forma direta e 
proporcional. 
Algumas características são muito comuns no transtorno de estresse 
agudo, como: 
 problemas em iniciar e manter o sono 
 o indivíduo tende a se irritar facilmente e até mesmo envolver-se em 
comportamento verbal e/ou físico agressivo com pouca provocação. 
 hipersensibilidade a ameaças potenciais, incluindo as relacionadas à 
experiência traumática. 
 
 
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 dificuldades de concentração, incluindo dificuldade para lembrar de 
eventos cotidianos ou realizar tarefas que exigem. 
 os indivíduos são reativos a estímulos inesperados, exibindo uma 
resposta de sobressalto exagerada ou susto com barulhos altos ou 
movimentos inesperados (APA, 2014, p. 280). 
A prevalência do transtorno apresenta uma condição de identificação, em 
menos de 20% dos casos, após eventos traumáticos que não envolvem agressão 
interpessoal; de 13% a 21% em casos de acidentes automobilísticos; em 14% das 
lesões cerebrais traumáticas leves; em 19% dos furtos, em 10% das queimaduras 
graves e de 6% a 12% dos acidentes industriais. Taxas mais elevadas (isto é, de 
20% a 50%) são descritas após eventos traumáticos interpessoais, incluindo 
assalto, estupro e testemunho de tiroteio em lugar público (APA, 2014). 
O diagnóstico do transtorno, para ser feito, precisa que tenham decorridos 
pelo menos três dias de um evento traumático. Todavia, esse transtorno tende a 
se transformar em um Tept depois de um mês. É comum o diagnóstico de Tept 
após o diagnóstico de transtorno de estresse agudo. Segundo o DSM-5, os 
sintomas tendem a permanecer pelo fato de os estressores ainda estarem 
presentes na vida do sujeito ou deste relacioná-los com estressores de outros 
traumas. 
2.5 Transtornos de adaptação 
O DSM-5 (APA, 2014) apresenta o transtorno de adaptação como 
relacionado a condições novas de vida. Sendo assim, o seu diagnóstico necessita 
da presença de sintomas emocionais ou comportamentais que estejam ligados à 
resposta a um estressor. 
É comum que o diagnóstico seja feito em alguém após a morte de um seu 
ente querido. Isso ocorre em virtude das condições de intensidade, qualidade e 
persistência das reações de luto e pela forma excessiva como as reações se 
apresentam. 
O transtorno de adaptação possui um dado de prevalência de 
aproximadamente 5% a 20%, em diagnósticos ambulatoriais. Quando a 
prevalência é verificada em dados de hospitais psiquiátricos, essa condição chega 
a 50% dos diagnósticos. 
Os sintomas dos transtornos de adaptação tendem a ser observados com 
início depois de três meses da presença de um estressor. Sua duração é de no 
máximo seis meses depois que o estressor e suas consequências cederam. É 
 
 
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possível verificar situações em que casos agudos tenham seu início 
imediatamente à ocorrência do fato estressor. 
TEMA 3 – TRANSTORNOS DE PERSONALIDADE 
A personalidade é a condição-base da existência de um indivíduo. Uma 
alteração na personalidade interfere diretamente na existência do sujeito. 
Segundo o DSM-5, um transtorno da personalidade é um padrão persistente de 
experiência interna e comportamento que se desvia acentuadamente das 
expectativas da cultura do indivíduo, é difuso e inflexível, começa na adolescência 
ou no início da fase adulta, é estável ao longo do tempo e leva a sofrimento ou 
prejuízo (APA, 2014). 
O DSM-5 apresenta, em sua classificação, os seguintes transtornos da 
personalidade: 
 Transtorno da personalidade paranoide é um padrão de 
desconfiança e de suspeita tamanhas que as motivações dos outros 
são interpretadas como malévolas. 
 Transtorno da personalidade esquizoide é um padrão de 
distanciamento das relações sociais e uma faixa restrita de 
expressão emocional. 
 Transtorno da personalidade esquizotípica é um padrão de 
desconforto agudo nas relações íntimas, distorções cognitivas ou 
perceptivas e excentricidades do comportamento. 
 Transtorno da personalidade antissocial é um padrão de desrespeito 
e violação dos direitos dos outros. 
 Transtorno da personalidade borderline é um padrão de 
instabilidade nas relações interpessoais, na autoimagem e nos 
afetos, com impulsividade acentuada. 
 Transtorno da personalidade histriônica é um padrão de 
emocionalidade e busca de atenção em excesso. 
 Transtorno da personalidade narcisista é um padrão de 
grandiosidade, necessidade de admiração e falta de empatia. 
 Transtorno da personalidade evitativa é um padrão de inibição 
social, sentimentos de inadequação e hipersensibilidade a avaliação 
negativa. 
 Transtorno da personalidade dependente é um padrão de 
comportamento submisso e apegado relacionado a uma necessidade 
excessiva de ser cuidado. 
 Transtorno da personalidade obsessivo-compulsiva é um padrão 
de preocupação com ordem, perfeccionismo e controle. 
 Mudança de personalidade devido a outra condição médica é uma 
perturbação persistente da personalidade entendida como 
decorrente dos efeitos fisiológicos diretos de uma condição médica 
(p. ex., lesão no lobo frontal). 
 Outro transtorno da personalidade especificado e transtorno da 
personalidade não especificado [...] (APA, 2014, p. 645). 
O DSM-5 (APA, 2014) apresenta os transtornos da personalidade reunidos 
em três grupos, com base em semelhanças descritivas: 
 
 
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 Grupo A: pertencem a esse grupo os transtornos da personalidade 
paranoide, esquizoide ou esquizotípica. 
 Grupo B: pertencem a esse grupo os transtornos da personalidade 
antissocial, borderline, histriônica ou narcisista. 
 Grupo C: pertencem a esse grupo os transtornos da personalidade 
evitativa, dependente ou obsessivo-compulsiva. 
Para o diagnóstico de um transtorno de personalidade, o DSM-5 apresenta 
a condição de atenção aos seguintes critérios: 
A. Um padrão persistente de experiência interna e comportamento que 
se desvia acentuadamente das expectativas da cultura do indivíduo. 
Esse padrão manifesta-se em duas (ou mais) das seguintes áreas: 
1. Cognição (i.e., formas de perceber e interpretar a si mesmo, outras 
pessoas e eventos). 
2. Afetividade (i.e., variação, intensidade, labilidade e adequação da 
resposta emocional). 
3. Funcionamento interpessoal. 
4. Controle de impulsos. 
B. O padrão persistente é inflexível e abrange uma faixa ampla de 
situações pessoais e sociais. 
C. O padrão persistente provoca sofrimento clinicamente significativo e 
prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas 
importantes da vida do indivíduo. 
D. O padrão é estável e de longa duração, e seu surgimento ocorre pelo 
menos a partir da adolescência ou do início da fase adulta (APA, 2014, 
p. 646). 
É importante, em um diagnóstico, se considerar as alterações nos traços 
de personalidade do indivíduo que se mostrem padrões persistentes de 
percepção, de relacionamento com e de pensamento sobre o ambiente e si 
mesmo, que são exibidos em uma ampla gama de contextos sociais e pessoais. 
Essas alterações ocorrem quando os traços de personalidade são inflexíveis e 
mal adaptativos e causam prejuízo funcional ou sofrimento subjetivo significativoao sujeito. 
O diagnóstico de transtornos da personalidade exige avaliação dos padrões 
de funcionamento de longo prazo do indivíduo, e as características particulares 
da personalidade devem estar evidentes no começo da fase adulta. 
TEMA 4 – ESPECTRO DA ESQUIZOFRENIA 
Antes de adentrarmos o tema de forma específica, precisamos especificar 
algumas características do quadro psicótico. Os quadros psicóticos necessitam 
de uma forma característica, de possuírem sintomas que envolvam alucinações e 
 
 
13 
delírios, pensamento desorganizado e comportamento claramente bizarro, como 
falas e risos imotivados. 
Uma característica da esquizofrenia enfocada por muitos autores é a perda 
de contato com a realidade. Isso significa que o sujeito psicótico vive fora da 
realidade e em uma condição em que não é regido pelo princípio da realidade. 
Um dos prejuízos evidentes no sujeito psicótico são os seus insights prejudicados. 
O DSM-5 (APA, 2014), em sua nova classificação, apresenta uma 
configuração a qual denomina de espectro da esquizofrenia e outros transtornos 
psicóticos. Para uma condição diagnóstica mais específica, é necessário se 
verificar a condição de apresentação dos sintomas, que são distribuídos em cinco 
domínios: 
a. Delírios: os delírios são crenças fixas. São considerados bizarros, não 
tendo origem nas experiências comuns da vida. O conteúdo dos delírios 
tende a estar referenciado pelo seu nome, como: delírios persecutórios, 
delírios de referência, delírios de grandeza, delírios erotomaníacos, delírios 
niilistas e delírios somáticos. 
b. Alucinações: são experiências que possuem as características da 
percepção. São produzidas sem a ocorrência de um estímulo externo. São 
vívidas e claras. Possuem características da percepção normal, todavia 
não pertencem ao estado de controle voluntário do sujeito. As alucinações 
podem ocorrer em qualquer estrutura do sistema sensorial, podendo ser 
auditivas, olfativas, táteis, visuais, gustativas. 
c. Desorganização do pensamento (discurso): tende a ser percebida pelo 
discurso do sujeito, ou seja, pela sua fala. Nela podem estar presentes o 
descarrilamento ou afrouxamento das associações dos discursos, a 
tangencialidade nas respostas, a incoerência ou “salada de palavras” na 
fala. 
d. Comportamento motor grosseiramente desorganizado ou anormal: pode se 
manifestar de várias formas. Esse comportamento pode transitar entre a 
condição mais boba e até um comportamento com agitação imprevisível e 
com características não comuns ao sujeito. 
e. Sintomas negativos: os mais comuns na esquizofrenia são: 
 expressão emocional diminuída: redução na expressão de emoções pelo 
rosto, pelo contato visual, pela entonação da fala e pelos movimentos das 
mãos, da cabeça e da face; 
 
 
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 avolia: nada mais é do que ausência de vontade, uma redução da 
realização de atividades motivadas, ou seja, com significância de interesse. 
A pessoa pode apresentar comportamentos fixos como ficar sentada por 
períodos longos. Outra característica seria a demonstração de pouco 
interesse em participar de atividades profissionais ou sociais. 
4.1 Transtorno delirante 
Segundo o DSM-5 (APA, 2014), o transtorno delirante tem como principal 
característica a presença de um ou mais delírios que persistem por pelo menos 
um mês. Nesse caso, o sujeito necessita ser avaliado por sintomas que abranjam 
os domínios da cognição, depressão e mania, para que sejam feitas distinções 
importantes entre os vários transtornos do espectro da esquizofrenia e outros 
transtornos psicóticos. 
Os transtornos delirantes podem produzir problemas sociais, conjugais ou 
profissionais. É possível que o sujeito com esse transtorno possa fazer a descrição 
de como as outras pessoas veem suas crenças como irracionais, todavia são 
incapazes de aceitar tal posicionamento. Em muitos sujeitos com o transtorno o 
humor fica irritável ou disfórico. Eles podem apresentar características específicas 
a cada tipo de delírio e, com isso, sofrer diversos prejuízos. 
4.2 Transtorno psicótico breve 
O DSM-5 (APA, 2014) apresenta o transtorno psicótico breve com uma 
condição que consiste em uma perturbação que envolve o aparecimento repentino 
de pelo menos um dos seguintes sintomas psicóticos positivos: delírios, 
alucinações, discurso desorganizado ou comportamento psicomotor 
grosseiramente anormal, incluindo catatonia. É observado em situações em que 
o sujeito sai de forma súbita do não psicótico ao estado psicótico em um intervalo 
de duas semanas. A primeira apresentação do transtorno pode ser a de um 
episódio com duração de um dia, no mínimo. 
São verificados, no transtorno, como seus principais sintomas a turbulência 
emocional ou grande confusão e mudanças rápidas de um afeto intenso a outro. 
O transtorno psicótico breve possui uma prevalência que é de duas vezes mais 
comum no sexo feminino do que no masculino. 
 
 
 
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4.3 Transtorno esquizofreniforme 
O transtorno esquizofreniforme possui características idênticas às da 
esquizofrenia. A diferença está na sua duração, que é de pelo menos um mês, 
mas inferior a seis meses. Ele difere do transtorno psicótico breve pelo fato de 
durar mais de um dia e remitir em um mês. Outra característica é a falta de um 
critério que exija o funcionamento social e profissional prejudicado. 
É comum que o sujeito com diagnóstico de transtorno esquizofreniforme 
tenha uma recuperação em seis meses. Mesmo não havendo o critério de prejuízo 
social ou funcional, a maioria das pessoas acometidas por transtorno 
esquizofreniforme tem disfunção funcional diária, como na escola ou no trabalho, 
nas relações interpessoais ou no autocuidado. 
4.4 Esquizofrenia 
A esquizofrenia envolve uma gama de disfunções cognitivas, 
comportamentais e emocionais. O seu diagnóstico requer obrigatoriamente a 
presença do delírio ou de alucinações ou ainda de discurso desorganizado por 
pelo menos parte significativa do tempo em um mês ou mais. Também faz parte 
do diagnóstico o comportamento grosseiramente desorganizado ou catatônico e 
os sintomas negativos. 
A esquizofrenia envolve prejuízo em uma ou mais das principais áreas do 
funcionamento do sujeito. A disfunção persiste por período substancial durante o 
curso do transtorno e não parece ser um resultado direto de uma única 
característica. Os sintomas e episódios completos de alteração de humor são 
comuns na esquizofrenia e podem ocorrer concomitantemente com a 
sintomatologia da fase ativa (APA, 2014). 
O DSM-5 (APA, 2014) apresenta como algumas características da 
esquizofrenia: 
[...] afeto inadequado; humor disfórico que pode assumir a forma de 
depressão, ansiedade ou raiva; padrão de sono perturbado; 
despersonalização, desrealização e preocupações somáticas; déficits 
cognitivos e com isso diminuição na memória declarativa, na memória 
de trabalho, na função da linguagem e em outras funções executivas, 
bem como velocidade de processamento mais lenta; anormalidades no 
processamento sensorial e na capacidade inibitória; e redução na 
atenção (APA, 2014, p. 101). 
 
 
16 
Segundo o DSM-5 (APA, 2014), a prevalência da esquizofrenia ao longo 
da vida parece ser de 0,3% a 0,7%. A esquizofrenia costuma surgir entre o fim da 
adolescência e meados dos 30 anos; seu início antes da adolescência é raro. A 
idade de pico do primeiro episódio psicótico é entre o início e a metade da faixa 
dos 20 anos para o sexo masculino e o fim dos 20 anos, para o feminino. O seu 
começo pode ser abrupto ou insidioso, mas a maioria dos indivíduos manifesta 
um desenvolvimento lento e gradativo de uma variedade de sinais e sintomas 
clinicamente importantes. 
Segundo o DSM-5 (APA, 2014), cerca de 5% a 6% dos indivíduos com 
esquizofrenia morrem por suicídio; sendo que, destes, em torno de 20% tentam 
suicídio em uma ou mais ocasiões antes de efetivamente consumá-lo. Um 
comportamento suicida ocorre por vezesem resposta ao comando das 
alucinações, para prejudicar a si mesmo ou a outros. 
4.5 Transtorno esquizoafetivo 
Esse é um transtorno cujo diagnóstico baseia-se em uma avaliação de um 
período ininterrupto da doença, durante o qual o indivíduo continua a exibir 
sintomas ativos ou residuais da doença psicótica. O fator diferencial desse 
transtorno em relação ao transtorno depressivo ou ao transtorno bipolar com 
características psicóticas é a presença de delírios ou alucinações durante pelo 
menos duas semanas, além da ausência de um episódio de humor em algum 
momento ao longo da duração da doença na vida. 
O sujeito diagnosticado com transtorno esquizoafetivo tende a ter o 
funcionamento profissional prejudicado. Apresenta também um contato social 
restrito e dificuldades com o autocuidado. 
A prevalência por toda a vida do transtorno esquizoafetivo é estimada em 
0,3%. A idade habitual de início do transtorno esquizoafetivo é no começo da fase 
adulta, embora possa ocorrer a qualquer momento da adolescência a até mais 
adiante no curso da vida. 
4.6 Transtorno psicótico induzido por substância/medicamento 
Segundo o DSM-5 (APA, 2014), o transtorno psicótico induzido por 
substância/medicamento apresenta delírios e/ou alucinações proeminentes 
 
 
17 
relacionados diretamente aos efeitos fisiológicos de uma 
substância/medicamento. 
É comum que o transtorno surja durante, ou logo após, exposição a um 
medicamento ou após intoxicação por substância ou em caso de abstinência, mas 
seus sintomas podem persistir por semanas. O que determina o início do 
transtorno é o uso da substância pelo sujeito que será acometido por ele, não 
sendo possível uma padronização desse início. 
O transtorno pode ter como caracterização o seu aparecimento antes do 
início do uso de substância/medicamento ou pode vir a ocorrer quando houver 
períodos de abstinência sustentada. Quando iniciados, os sintomas psicóticos 
podem continuar enquanto persistir o uso da substância/medicamento. 
TEMA 5 – TRANSTORNO BIPOLAR E TRANSTORNO OBSESSIVO-
COMPULSIVO (TOC) 
5.1 Transtorno bipolar 
Uma das grandes mudanças do DSM-5 foi a exclusão do transtorno bipolar 
do grupo dos transtornos depressivos e sua classificação em uma sessão à parte. 
Essa nova estrutura do DSM-5 abarca: transtorno bipolar tipo I, transtorno bipolar 
tipo II, transtorno ciclotímico, transtorno bipolar e transtorno relacionado induzido 
por substância/medicamento, transtorno bipolar e transtorno relacionado devido a 
outra condição médica, outro transtorno bipolar e transtorno relacionado 
especificado e transtorno bipolar e outro transtorno relacionado não especificado 
(APA, 2014). 
5.1.1 Transtorno bipolar tipo I 
A caracterização do transtorno bipolar tipo I requer a presença de episódio 
de mania caracterizado por um período distinto de humor anormal e 
persistentemente elevado, expansivo ou irritável e aumento anormal e persistente 
da atividade dirigida a objetivos ou da demonstração de energia, com duração 
mínima de uma semana e sintomas atuantes na maior parte do dia, quase todos 
os dias. 
Ele deve estar acompanhado de pelo menos três dos sintomas a seguir: 
1. Autoestima inflada ou grandiosidade. 
 
 
18 
2. Redução da necessidade de sono. 
3. Mais loquaz que o habitual ou pressão para continuar falando. 
4. Fuga de ideias ou experiência subjetiva de que os pensamentos estão 
acelerados. 
5. Distratibilidade, conforme relatado ou observado. 
6. Aumento da atividade dirigida a objetivos ou agitação psicomotora. 
7. Envolvimento excessivo em atividades com elevado potencial para 
consequências dolorosas (APA, 2014, p. 124). 
Pode ocorrer também episódio de hipomania, alternando-se com episódio 
de depressão. 
Durante um episódio maníaco, é comum os indivíduos não perceberem que 
estão doentes ou necessitando de tratamento, resistindo, com veemência, às 
tentativas de lhes imputar um tratamento. O transtorno gera mudanças muito 
abruptas na forma de o sujeito se vestir, no seu uso de maquiagem ou aparência 
pessoal. As consequências catastróficas de um episódio maníaco costumam 
resultar do juízo crítico prejudicado, da perda de insight e da hiperatividade. O 
humor pode mudar rapidamente, com acessos de raiva ou depressão. Podem 
ocorrer sintomas depressivos, durante um episódio maníaco, que, quando 
presentes, duram momentos, horas ou, mais raramente, dias. 
5.1.2 Transtorno bipolar tipo II 
A caracterização do transtorno bipolar tipo II requer a presença de episódio 
de hipomania caracterizado por um período distinto de humor anormal e 
persistentemente elevado, expansivo ou irritável e aumento anormal e persistente 
da atividade ou energia, com duração de pelo menos quatro dias consecutivos e 
sintomas atuantes na maior parte do dia, quase todos os dias. 
Segundo o DSM-5, o transtorno bipolar II precisa estar acompanhado de 
pelo menos três dos sintomas a seguir: 
1. Autoestima inflada ou grandiosidade. 
2. Redução da necessidade de sono. 
3. Mais loquaz que o habitual ou pressão para continuar falando. 
4. Fuga de ideias ou experiência subjetiva de que os pensamentos estão 
acelerados. 
5. Distratibilidade, conforme relatado ou observado. 
6. Aumento da atividade dirigida a objetivos ou agitação psicomotora. 
7. Envolvimento excessivo em atividades com elevado potencial para 
consequências dolorosas (APA, 2014, p. 133). 
Após a ocorrência do episódio de hipomania, temos o episódio de 
depressão. O episódio depressivo maior deve ter duração de pelo menos duas 
semanas e o hipomaníaco de, no mínimo, quatro dias. 
 
 
19 
O transtorno bipolar tipo II apresenta como característica a impulsividade, 
que pode contribuir com tentativas de suicídio e transtornos por uso de substância. 
A satisfação que o indivíduo tem com a criatividade aumentada durante episódios 
hipomaníacos pode contribuir para uma ambivalência entre buscar tratamento ou 
prejudicar a adesão a ele. 
O transtorno bipolar I pode começar no fim da adolescência e durante a 
fase adulta, mas a idade média de início situa-se por volta dos 25 anos. 
Comparado ao início no adulto, o início do transtorno bipolar tipo II na infância ou 
na adolescência pode estar associado a um curso mais grave, ao longo da vida. 
5.1.3 Transtorno ciclotímico 
O DSM-5 (APA, 2014) apresenta o transtorno ciclotímico como possuindo 
características de cronicidade e de oscilação do humor. Isso significa que o 
transtorno é estável em seus sintomas, não em seus comportamentos. 
Por isso são verificados, na ciclotimia, vários períodos de sintomas 
hipomaníacos. Mas, esses períodos possuem uma curta duração. Caso contrário, 
seriam entendidos como de hipomania. Ocorrem também sintomas depressivos, 
em períodos distintos. A ciclotimia pode ser entendida como um transtorno bipolar 
com um curso sintomático muito menor e muito persistente. 
Quando da execução do diagnóstico, é necessário que seja verificado que 
os sintomas precisam ser persistentes no período inicial de dois anos, sem a 
presença de reduções de sintomas que durem mais que dois meses. O 
diagnóstico de transtorno ciclotímico precisa da exclusão da possibilidade de 
diagnóstico de quadros depressivo maior, maníaco ou hipomaníaco. 
O transtorno ciclotímico tem seu diagnóstico realizado normalmente na 
adolescência ou no começo da vida adulta e é caracterizado por um início de 
manifestação com muitos sintomas confusos e condições de persistência. Entre 
crianças com transtorno ciclotímico, a idade média do início dos sintomas é 6,5 
anos. 
5.2 Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) 
O TOC está arrolado em um grupo de transtornos do DSM-5 que inclui, 
ainda, o transtorno dismórfico corporal, o transtorno de acumulação, a 
 
 
20 
tricotilomania, o transtorno de escoriação e outros transtornos obsessivo-
compulsivos com causas específicas. 
A primeira grande diferenciação que precisamos fazer é o fato de que os 
TOCs diferemdas preocupações rituais típicas das diversas fases de 
desenvolvimento por serem excessivos e persistirem fora do padrão normal do 
desenvolvimento. 
A segunda é a distinção entre os agentes do TOC. Compreendem-se por 
obsessão os pensamentos, impulsos ou imagens recorrentes e persistentes que 
são vivenciados como intrusivos e indesejados. Já a compulsão são 
comportamentos repetitivos ou atos mentais que um indivíduo se sente compelido 
a executar em resposta a uma obsessão ou de acordo com regras que devem ser 
aplicadas rigidamente. 
O TOC se apresenta com a manifestação de obsessões e compulsões. Nas 
obsessões, verificam-se pensamentos repetitivos e persistentes, imagens ou 
impulsos. As obsessões são intrusivas e indesejadas e causam acentuado 
sofrimento ou ansiedade à maioria das pessoas. O sujeito não consegue ignorá-
las, suprimi-las ou neutralizá-las com outros pensamentos (APA, 2014). 
Nas compulsões, notam-se comportamentos repetitivos ou atos mentais 
que o sujeito é compelido a executar em resposta a uma obsessão ou de acordo 
com regras que devem ser aplicadas rigidamente. As ações respondentes do 
sujeito com TOC têm como objetivo reduzir o sofrimento desencadeado pelas 
obsessões ou evitar um evento temido. 
É importante salientar que as obsessões e compulsões devem tomar tempo 
ou causar sofrimentos ou prejuízos clinicamente significativos. A frequência e a 
gravidade das obsessões e compulsões variam entre os indivíduos, bem como o 
conteúdo. 
Segundo o DSM-5 (APA, 2014), é possível verificar-se uma prevalência em 
torno de 1,1% a 1,8% na população. A idade média de início do TOC é aos 19 
anos, mas é possível o seu início aos 14 anos, sendo mais frequente no sexo 
feminino. Já a condição após os 35 anos é considerada incomum. 
 
 
 
21 
REFERÊNCIAS 
APA – American Psychiatric Association. DSM-5: manual diagnóstico e estatístico 
de transtornos mentais. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. 
_____. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-IV. 
Porto Alegre: Artmed, 1995. 
DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. 
Rio de Janeiro: Artes Médicas, 2000. 
JASPERS, K. Psicopatologia geral: volumes 1 e 2. 8. ed. Rio de Janeiro: Editora 
Atheneu, 2006. 
SUDAK, D. M. Combinando terapia cognitivo-comportamental e 
medicamentos: uma abordagem baseada em evidências. Porto Alegre: Artmed, 
2012.

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