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Psicologia do Desenvolvimento


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2ºAula
A Psicologia do Desenvolvimento:
o biológico e o cultural
Objetivos de aprendizagem
Ao término desta aula, vocês serão capazes de:
•	 refletir sobre as contribuições da Psicologia na área do desenvolvimento humano;
•	 refletir analiticamente sobre o papel da maturidade humana;
•	 refletir sobre os aspectos sócio culturais;
•	 analisar as raízes biológicas e herdadas.
Olá, nesta aula, iremos tratar das questões do desenvolvimento 
humano, como ocorre, qual a importância dos fatores biológicos e 
sociais e a sua importância para a educação e aprendizagem, enfim, 
todos os direcionamentos da Psicologia para esta área de estudo.
Sendo assim, bom estudo!
Bons estudos!
14Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem
1- A psicologia do desenvolvimento
2- A construção do desenvolvimento humano
3- Biológico x sócio cultural
4- O grupo social
5- Compreendendo a família: transformações históricas 
e sociais
6- Família como lugar de proteção e direito da criança 
e do adolescente, bem como sua função educativa a ser 
compartilhada com a escola
1- A psicologia do desenvolvimento
Para entender a criança, a psicologia da Educação se 
subdivide em algumas áreas, entre essas, a psicologia do 
desenvolvimento.
A psicologia do desenvolvimento é uma área 
fundamental no processo de educação e aprendizagem, pois 
busca compreender o nível de desenvolvimento em relação 
à aprendizagem, assim, devemos distinguir a psicologia do 
desenvolvimento para a psicologia da aprendizagem.
Psicologia do desenvolvimento é um aspecto da ciência 
que pretende explicar os eventos ocorridos durante a infância, 
adolescência e idade adulta. Pretende-se explicar como é que, a 
partir de um equipamento inicial (inato), a criança vai sofrendo 
uma série de transformações decorrentes de sua maturação 
(fisiológica, neurológica e psicológica) que, em contato as 
exigências e respostas do meio físico (físico e social), levam 
à emergência desses comportamentos. Em suma, pretende-
se descrever e explicar o processo de desenvolvimento da 
personalidade em termos de como e porque aparecem certos 
comportamentos.
Estudar o desenvolvimento humano significa 
conhecer as características comuns de uma 
faixa etária, permitindo-nos reconhecer 
as individualidades, o que nos torna mais 
aptos para a observação e interpretação dos 
comportamentos (Bock et al, 2008, p.81).
Segundo Áries (2012), fazendo referência à história, 
podemos perceber que, até pouco tempo, próximo século 
XIX, as crianças eram tratadas como pequenos adultos: 
Seções de estudo
participavam das mesmas atividades dos adultos, inclusive 
orgias, enforcamentos públicos, trabalhavam nos campos e 
vendiam seus produtos nos mercados.
Já no século XIX e início do século XX, há uma 
preocupação maior com o estudo da criança e com a 
necessidade de educação formal. Apesar disso, a disciplina 
era exercida de uma forma violenta e agressiva, com severos 
castigos, como por exemplo: a palmatória, ajoelhar-se no 
milho, espancamentos violentos e quartos escuros. Essas 
práticas foram abolidas das escolas, embora algumas dessas 
práticas continuem sendo utilizadas em nosso meio.
Mas essas atitudes começaram a se modificar a partir do 
estudo da criança.
No início do séc. XX, Freud chocava o mundo com suas 
descobertas a respeito do desenvolvimento da personalidade 
da criança com a constatação de que certos acontecimentos 
vivenciados na infância eram os determinantes principais de 
distúrbios de personalidade na idade adulta.
No estudo do desenvolvimento, há duas direções 
diferentes: o da influência do adulto sobre a criança em 
desenvolvimento e o da influência da criança sobre o adulto.
A primeira destas linhas de estudo preocupou-se com as 
práticas de criação infantil e os traços de personalidade dos 
pais associados com o desenvolvimento da personalidade da 
criança. Estes trabalhos utilizaram métodos de investigação 
de estudos clínicos e explorações da personalidade humana, 
entre os quais se destacam as entrevistas e os questionários.
A partir de 1945, além dos métodos correlacionais, 
um número crescente de pesquisadores preferiu observar 
diretamente a criança, usando para isso basicamente 
dois métodos: a observação naturalista sem manipulação 
experimental; ou o método situacional, que consiste no estudo 
de laboratório com manipulação e controle das variáveis.
Dessa forma, a psicologia do desenvolvimento é uma 
área da psicologia que estuda os detalhes do progresso da 
criança em direção à maturidade. Para quando adulto ele 
tenha capacidade de amar outra pessoa e derivar prazer 
pessoal profundo dos relacionamentos interpessoais. A 
pessoa madura deve ser capaz de deduzir conclusões e pensar 
logicamente a respeito de ideias abstratas.
Segundo Bock et al (1998), são quatro aspectos básicos 
do desenvolvimento humano:
•	 aspecto físico;
•	 aspecto intelectual;
•	 aspecto afetivo-emocional;
•	 aspecto social.
QUADRO 1 - ETAPAS DE CICLO VITAL
ETAPAS DE CICLO VITAL
Faixa etária Desenvolvimentos Físicos Desenvolvimentos Cognitivos Desenvolvimentos Psicossociais
Período Pré-
natal (concepção 
ao nascimento)
Ocorre a concepção. A dotação genética interage com 
as influências ambientais desde o início. Formam-se 
as estruturas e os órgãos corporais básicos. Inicia-se 
o crescimento cerebral. O crescimento físico é o mais 
rápido de todo o ciclo vital. O feto ouve e responde a 
estímulos sensórios. A vulnerabilidade a influências 
ambientais é grande.
As capacidades de aprender 
e lembrar estão presentes 
durante a etapa fetal.
O feto responde à voz da mãe e 
desenvolve uma preferência por 
ela.
15
Primeira 
Infância
(nascimento aos 3 
anos)
Todos os sentidos funcionam no nascimento em graus 
variados. O cérebro aumenta de complexidade e é 
altamente sensível à influência ambiental. O crescimento 
e o desenvolvimento físico das habilidades motoras são 
rápidos.
As capacidades de aprender 
e lembrar estão presentes, 
mesmo nas primeiras 
semanas. O uso de símbolos 
e a capacidade de resolver 
problemas desenvolvem-se 
ao final do segundo ano de 
vida. A compreensão e o uso 
da linguagem desenvolvem-se 
rapidamente.
Desenvolve-se um apego a pais e 
a outras pessoas. Desenvolve-se 
a autoconsciência. Ocorre uma 
mudança da dependência para a 
autonomia. Aumenta o interesse por 
outras crianças.
Segunda Infância
(3 aos 6 anos)
O crescimento é constante; o corpo fica mais delgado 
e as proporções mais semelhantes às de um adulto. O 
apetite diminui, e os problemas de sono são comuns. 
A preferência pelo uso de uma das mãos aparece; as 
habilidades motoras finas e gerais e a força aumentam
O pensamento é um 
pouco egocêntrico, mas a 
compreensão do ponto de 
vista das outras pessoas 
aumenta. A imaturidade 
cognitiva leva a algumas ideias 
ilógicas sobre o mundo. A 
memória e a linguagem se 
aperfeiçoam. A inteligência 
torna-se mais previsível.
O autoconceito e a compreensão 
das emoções tornam-se mais 
complexos; a autoestima é global. 
Aumentam a independência. 
a iniciativa, o autocontrole e 
os cuidados consigo mesmo. 
Desenvolve-se a identidade de 
gênero. O brincar torna-se mais 
imaginativo, mais complexo e mais 
social. Altruísmo, agressão e temores 
são comuns. A família ainda é o foco 
da vida social, mas as outras crianças 
tornam-se mais importantes. 
Freqüentar a pré-escola é comum.
Terceira Infância
(6 aos 11 anos)
O crescimento diminui. Força e habilidades atléticas 
aumentam. Doenças respiratórias são comuns, mas a 
saúde geralmente é melhor do que em qualquer outro 
período do ciclo vital.
O egocentrismo diminui. 
As crianças começam a 
pensar com lógica, mas 
de maneira concreta. As 
habilidades de memória e 
linguagem aumentam. Os 
desenvolvimentos cognitivos 
permitem que as crianças 
beneficiem-se com a educação 
escolar. Algumas crianças 
apresentam necessidades 
e talentos educacionais 
especiais.
O autoconceito torna-se mais 
complexo, influenciando a 
autoestima. A co-regulação refletea transferência gradual de controle 
dos pais para a criança. Os amigos 
assumem importância central.
Adolescência
(II aos 
Aproximadamente 
20 anos)
O crescimento físico e outras mudanças são rápidas e 
profundas.
Ocorre maturidade reprodutiva. Questões 
comportamentais, como transtornos alimentares e 
abuso de drogas, trazem importantes riscos à saúde.
Desenvolve-se a capacidade 
de pensar em termos 
abstratos e utilizar o raciocínio 
científico.
O pensamento imaturo 
persiste em algumas atitudes 
e em alguns comportamentos. 
A educação se concentra na 
preparação para a faculdade 
ou para a vida profissional.
Busca de identidade, incluindo a 
identidade sexual, torna-se central. 
Relacionamentos com os pais são, 
em geral, bons. Os grupos de amigos 
ajudam a desenvolver e testar o 
autoconceito, mas também podem 
exercer uma influência anti-social.
Jovem Adulto
(20 aos 40 anos)
A condição física atinge o máximo, depois diminui 
ligeiramente. As escolhas de estilo de vida influenciam 
a saúde.
As capacidades cognitivas 
e os julgamentos 
morais assumem maior 
complexidade. Escolhas 
educacionais e profissionais 
são feitas.
Os traços e estilos de personalidade 
tornam-se relativamente estáveis, 
mas as mudanças na personalidade 
podem ser influenciadas pelas etapas 
e pelos eventos de vida. Tomam-se 
decisões sobre os relacionamentos 
íntimos e os estilos de vida pessoais. 
A maioria das pessoas casa-se e tem 
filhos.
16Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem
Meia-idade
(40 aos 65)
Pode ocorrer alguma deterioração das
capacidades sensórias, da saúde, do vigor
e da destreza. Para as mulheres, chega a menopausa.
A maioria das capacidades 
mentais atinge o máximo; 
a perícia e as capacidades 
de resolução de problemas 
práticos são acentuadas.
O rendimento criativo pode 
diminuir, mas melhorar em 
qualidade. Para alguns, o 
êxito na carreira e o sucesso 
financeiro alcançam o 
máximo; para outros, podem 
ocorrer esgotamento total ou 
mudança
profissional.
O senso de identidade continua se
desenvolvendo; pode ocorrer uma
transição de meia-idade
estressante. A dupla 
responsabilidade de cuidar dos 
filhos e dos pais idosos pode 
causar estresse.
A saída dos filhos deixa o ninho 
vazio.
Terceira
Idade
(65 anos em
diante)
A maioria das pessoas é saudável e ativa, embora a 
saúde e as capacidades físicas diminuam um pouco. O 
tempo de reação mais lento afeta alguns aspectos do 
funcionamento.
A maioria das pessoas é 
mentalmente alerta. Embora 
a inteligência e a memória 
possam se deteriorar em 
algumas áreas, a maioria das 
pessoas encontra formas de 
compensação
A aposentadoria pode oferecer 
novos opções para a utilização 
do tempo. As pessoas precisam 
enfrentar as perdas pessoais 
e a morte iminente. Os 
relacionamentos com a família 
e com os amigos íntimos pode 
oferecer apoio importante. A busca 
de significado na vida assume 
importância central.
Fonte: PAPÁLIA, Diane. et al Desenvolvimento humano. 8 ed. Porto Alegre: Artmed, 2006.
Sendo 4 os fatores que influenciam o desenvolvimento:
•	 a hereditariedade;
•	 o crescimento orgânico;
•	 a maturação neurofisiológica;
•	 o meio.
Alguns teóricos contemporâneos veem o 
desenvolvimento da criança como passivo e receptivo, 
respondendo às pressões ambientais na forma de recompensa 
e punições. Para outros, a criança se desenvolve por meio de 
um engajamento proposital e ativo no meio ambiente, 
organizando e interpretando suas experiências e tentando 
solucionar problemas. Em nossas próximas aulas, vamos 
estudar estas teorias sobre o desenvolvimento.
2- A construção do desenvolvimento 
humano
“DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM”: UMA ROSA COM OUTRO NOME 
- por Jan Hunt, Psicóloga Diretora do “The Natural Child Project” 
DE lUCA, A. Afetividade e Aprendizagem: o desafio para o novo milênio. 
In Atualidades em educação. Ano 17, nº 76, Instituto de Pesquisas 
Avançadas em Educação, 2000.
Imagine por um instante que você está visitando um viveiro de plantas. 
você percebe uma agitação lá fora e vai investigar. você encontra um 
jovem assistente lutando contra uma roseira. Ele está tentado forçar as 
pétalas da rosa a se abrirem, e resmunga insatisfeito. você lhe pergunta 
o quê está fazendo e ele explica: “meu chefe quer que todas essas rosas 
floresçam essa semana, então na semana passada eu cortei todas as 
precoces e hoje estou abrindo as atrasadas”. Você protesta dizendo que 
cada rosa floresce a seu tempo, é absurdo tentar retardar ou apressar 
isso. não importa quando a rosa vai desabrochar - uma rosa sempre 
desabrocha no momento mais oportuno para ela. você olha novamente 
a rosa e percebe que ela está murchando, mas quando você o alerta, 
ele responde: “Ah, isso é mau, ela tem disdesabrochamento congênito. 
vamos ter que chamar um especialista”. você diz: “não, não! Foi você 
quem fez a rosa murchar! você só precisaria satisfazer as exigências de 
água e luz da planta e deixar o resto por conta da natureza!” você mal 
consegue acreditar no que está acontecendo. Por quê o chefe dele é tão 
mal informado e tem expectativas tão irreais em relação às rosas?
As necessidades básicas do ser humano envolvem desde 
a nutrição até o ambiente psicossocial; e, na infância, exercem 
influência significativa sobre o processo de desenvolvimento. 
Ao conceituar saúde como bem-estar biopsicossocial, 
a Organização Mundial de Saúde fornece as bases para as 
necessidades básicas do ser humano, que envolve desde a 
nutrição até o ambiente psicossocial; e, na infância, exercem 
influência significativa sobre o processo de desenvolvimento. 
Além disso, fornece as bases para uma abordagem 
transdisciplinar da atenção integral a criança.
A saúde da criança, portanto, deve abranger todas as 
condições para o seu pleno desenvolvimento, que inclui 
o crescimento físico, psicológico e social e a aquisição de 
habilidades, capacidades e comportamento humanos.
Acompanhar o desenvolvimento da criança configura-
se em mais do que consultar gráficos e tabelas para certificar 
sua saúde e desempenho, visto que também envolve observar 
o modo como a criança estabelece contato com o meio 
circundante, como percebe este meio, assimila a experiência 
cultural e se torna parte ativa do sistema de grupos sociais que 
constitui seu ambiente. Exige um olhar sobre a criança como 
sujeito e sobre o lugar que ela ocupa nas relações familiares e 
sociais.
17
Nesta perspectiva, é o básico compreender o modo de 
interagir da criança - com o seu próprio corpo, com o outro, 
com o objeto, com o meio físico e com o meio social - e as 
etapas do seu processo de desenvolvimento para percepção 
de desequilíbrios, suas causas e consequências, e também 
para a estimulação de processos de aprendizagem, por meio 
de estratégias de prevenção de distúrbios e maximização das 
potencialidades de cada criança individualmente.
O desenvolvimento é a história de como se constrói 
em novas atividades mentais, a maneira como a criança vai 
adquirindo gradualmente modos de interagir com o mundo, 
caracteristicamente humanos e “herdados” socialmente. 
A forma de cada indivíduo realizar esta construção é 
uma assimilação individual da experiência histórica, uma 
atualização das transformações acumuladas por sua espécie: 
o desenvolvimento de cada um é uma história peculiar, que o 
particulariza e a distingue dos outros humanos.
A construção do humano em cada indivíduo é o resultado 
do desenvolvimento da cognição, da capacidade de aprender 
a aprender, de decodificar o mundo, de adquirir estratégias 
para assegurar a sobrevivência, manter a saúde, o bem-estar. 
A estratégia cognitiva é o modo de interagir, no sentido de 
perceber e reagir ao meio circundante.
O que diferencia o homem do animal é a forma como 
orienta o seu desenvolvimento: aprende a transformar seu 
comportamento instintivo, herdado de recém-nascido, no 
comportamento do adulto, construído a partir de influências 
socioculturais.O complexo processo de adquirir um comportamento 
especificamente humano - culturalmente orientado, 
voluntário, dirigido a metas - é denominado desenvolvimento. 
O desenvolvimento é o resultado do entrelaçamento de dois 
processos fundamentais: maturação e aprendizagem.
A maturação condensa os processos biológicos 
elementares que, ao longo do tempo, vão funcionando de 
modo cada vez mais complexo e específico, orientados por 
um programa geneticamente determinado.
A aprendizagem diz respeito a processos psicológicos 
superiores, dependentes da fala na sua organização, e 
determinados pelas condições reais de vida de cada 
indivíduo. O processo de maturação prepara e possibilita 
uma determinada aprendizagem, enquanto o processo de 
aprendizagem estimula a maturação. Esta referenciação 
recíproca faz o desenvolvimento avançar.
No processo de desenvolvimento, a criança adquire 
formas socialmente organizadas de interagir. Para os 
humanos, as formas básicas de interação abarcam as relações 
que um indivíduo pode estabelecer com seu próprio corpo, 
com outro humano, com o objeto, com o conjunto dos 
objetos do meio físico e com sua sociedade. A todo instante, 
existe a possibilidade de interação nas diferentes esferas, mas, 
no curso do desenvolvimento, a cada etapa estão permeáveis 
canais específicos que se constroem no entrelaçamento da 
maturação com a aprendizagem.
Ao nascer, o bebê possui um tipo de comportamento 
predeterminado/biológico/inato/ genético/herdado, que é 
o conjunto dos reflexos incondicionais, respostas instintivas 
a situações definidas globalmente como biologicamente 
pertinentes: equilíbrio e desequilíbrio, prazer e desprazer. Este 
tipo de comportamento não permite que o filhote humano 
sobreviva sozinho precocemente, tornando-o dependente do 
adulto por vários anos, enquanto efetua a aquisição de novas 
formas de comportamento que lhe garantam a adaptação 
dinâmica às condições do meio externo.
A aquisição de habilidades, de novas respostas cada vez 
mais específicas, seletivas e precisas, acontece no processo de 
desenvolvimento e é organizada socialmente: a criança vai 
aprendendo com outro do seu grupo social o comportamento 
culturalmente adequado.
O desenvolvimento é uma construção, resulta do 
entrelaçamento de duas raízes, uma biológica e outra 
sociocultural. A raiz biológica corresponde à herança genética, 
consiste na atividade nervosa elementar, que se organiza por 
meio da maturação. A matriz deste processo está inscrita nos 
cromossomos, como um programa de funcionamento que é 
operado por meio de sinais concretos dos objetos do mundo 
físico.
A raiz sociocultural corresponde a heranças históricas, 
consiste na atividade nervosa superior, que se organiza por 
meio da aprendizagem de um programa de funcionamento 
que é operado por sinais simbólicos, o instrumento de 
comunicação criado pelo homem: a fala.
A estrutura sociocultural existe nas mentes 
(separadamente ou coletivamente) e se constitui dos artefatos, 
valores, costumes, instituições, mitos etc. de uma sociedade, 
inter-relacionados de diversas formas, ou seja, engloba as 
partes e as relações entre elas. Esta estrutura percebida pela 
consciência tem função reguladora, afeta os indivíduos, 
as famílias e os grupos, sendo continuamente criada pelas 
atividades dos indivíduos nas suas interações (Hinde, 1995).
Estas duas raízes (natural e cultural) e as duas atividades 
que as representam (atividade nervosa elementar e superior) 
se entrelaçam: desde que o bebê nasce, já está submetido às 
influências socioculturais. Isto faz do humano o produto da 
história individual marcado pela história da sua sociedade.
A construção do desenvolvimento pressupõe uma forte 
interação entre natureza (biológico) e cultura (sócio-histórico), 
entre maturação e aprendizagem. É necessária a maturação 
biológica de determinadas estruturas cerebrais para que 
ocorra uma aprendizagem onde estas estruturas biológicas 
sejam utilizadas na formação de novos sistemas funcionais. A 
maturação permite a aprendizagem e cada nova aprendizagem 
estimula o cérebro a interconectar novas áreas.
A base maturativa possibilita a aquisição de novas 
formas de operar o sistema nervoso central (SNC) na busca 
da sobrevivência. Esta aquisição resulta de um ato social, 
depende de um representante da cultura (adulto ou criança 
mais velha) que vai apresentar à criança novas estratégias de 
relação com o mundo.
O desenvolvimento é complexo porque possui muitos 
fatores que interferem em sua direção, velocidade e qualidade. 
É dialético porque do entrelaçamento entre o natural (a 
tese) e o cultural (a antítese) resulta uma síntese, ou seja, 
uma nova organização com traços de suas duas raízes, mas 
qualitativamente distinta delas. É também periódico porque 
tem fases, etapas, passagens de uma forma de funcionamento 
para outra.
Fatores internos e externos exercem influência sobre 
18Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem
o processo de desenvolvimento. Os fatores internos são 
ligados à herança genética que dá algumas direções ao 
desenvolvimento, como as relativas à estrutura, estrutura 
somática etc. Os fatores externos são aqueles decorrentes do 
meio ambiente onde o indivíduo vive e está inserido, tanto o 
meio físico quanto o meio social.
As funções desenvolvem-se irregularmente, dirigidas 
pela maturação: é o amadurecimento dos órgãos que 
vai determinar a evolução dos processos biológicos. Os 
diferentes órgãos vão entrando em funcionamento de 
forma inicialmente rudimentar, cada um com um tempo de 
maturação diferente e geneticamente determinado até chegar 
ao pleno funcionamento (maturação heterocrônica).
Na nossa próxima seção vamos entender a relação 
e influencia dos fatores biológicos e culturais para o 
desenvolvimento humano.
3- Biológico x sócio cultural
Enquanto o comportamento do recém-nascido tem 
como base respostas de herança biológica, o adulto se 
comporta a partir de condicionantes sócio-históricos, dos 
acontecimentos e aprendizados ao longo de sua vida. O recém- 
nascido organiza seu comportamento a partir da maturação, o 
adulto constrói seu comportamento pela aprendizagem.
A atividade nervosa é elementar no bebê e superior 
no adulto; regulando as funções da vida vegetativa desde o 
nascimento e as funções complexas da vida de relação ao final 
do desenvolvimento.
O princípio regulador do comportamento do recém- 
nascido é o princípio do prazer do qual vai abrindo mão ao 
longo do desenvolvimento, submetendo-se gradativamente 
ao domínio do princípio da realidade. A cada momento, o 
cérebro deve arbitrar os conflitos entre natureza e cultura, 
tentando atender ao princípio do prazer (que orienta a 
adequação biológica) e ao princípio da realidade (que norteia 
a adaptação social) para produzir um comportamento que 
assegure a sobrevivência do organismo.
O comportamento natural regulado pelos instintos dá 
lugar a um comportamento cultural organizado pelo conjunto 
de normas e limites que se impõe a cada indivíduo dentro 
de cada grupo social para garantir a coexistência pacífica. O 
humano, complexo ser biopsicossocial, carrega a marca do 
conflito entre prazer e realidade: como sobreviver em um 
meio circundante complexo e em constante transformação, 
submetendo o princípio do prazer ao princípio da realidade, é 
a grande questão da mente humana.
O tipo de respostas que o comportamento permite 
caracteriza-se por seletividade crescente: na criança, respostas 
involuntárias; no adulto, voluntárias.
O código dos estímulos que organiza o comportamento 
é de complexidade crescente. O recém-nascido trabalha com 
sinais do mundo essencialmente concretos, físicos, enquanto 
o adulto é capaz de operar com sinais simbólicos, os signos 
sob a forma de palavras que dão origem ao pensamento 
verbal lógico.
A forma como o cérebro produz comportamento se 
modifica ao longo do desenvolvimento com especificidade 
crescente, indo do pensamento de construção na criança,que se organiza pelas coisas, ao pensamento verbal lógico no 
adulto, que se organiza pelas representações das coisas.
A instância onde este comportamento humano se 
inscreve é a natureza para o recém-nascido e, para o adulto, é 
a cultura.
O meio físico e a estrutura sociocultural exercem 
influência sobre os diversos níveis de organização desde o 
comportamento individual até o comportamento social.
O sistema nervoso central (SNC), coordenando a 
atividade do organismo, produz um comportamento cujo 
objetivo é garantir a sobrevivência, adaptação ao meio 
externo natural e sociocultural. A adequação ao mundo 
concreto é organizada pelas leis físicas; a adaptação ao mundo 
simbólico é ordenada pelas leis sociais. Sendo intrinsecamente 
a antítese do natural, a cultura se impõe como um limite: as 
leis sociais interditam os reflexos inatos, submetendo-os a 
um condicionamento cultural, uma lei comum que orienta a 
convivência entre humanos. O comportamento, em última 
instância, é o resultado desta adequação do biológico ao 
sociocultural, do concreto ao simbólico, do prazer à realidade.
No processo de desenvolvimento, ressaltam-se dois 
aspectos: 1) sua gênese, maturação x aprendizagem; e 2) 
seu resultado, o comportamento. O homem é resultado 
da interação dialética entre patrimônio biológico e meio 
sociocultural durante o desenvolvimento, quando realiza a 
aquisição de reflexos complexos, dentro de uma adaptação 
organizada socialmente. Em outras palavras, cada cultura 
imprime ao funcionamento cerebral dinâmicas específicas 
que se refletem como comportamentos diferenciados.
A fala é o fator que intervém produzindo e instaurando 
as mudanças qualitativas na operação do SNC que são a 
base para a aquisição do comportamento humano. É a fala, 
produto sócio-histórico, que vai dirigir a atividade mental e 
o comportamento. O indivíduo vai aprender articulando o 
biológico com o social, a encontrar as respostas mais adequadas 
à sobrevivência. Sobreviver no sentido biológico: preservar a 
vida. Sobreviver no sentido sociocultural: encontrar um lugar 
para ocupar em uma determinada sociedade, em uma certa 
cultura.
4- O grupo social
FIGURA 1 - GRUPO SOCIAL
Disponível em: http://goo.gl/6tTqPR. Acesso em: 12 mar. 2012.
19
Inicialmente, faz-se necessário entender o que é grupo 
social, a sua importância e contribuição na vida de uma pessoa, 
para posteriormente falarmos da importância e contribuição 
do grupo familiar para o desenvolvimento da criança.
Grupo Social, segundo Bock (1997), uma criança, ao 
nascer, entra em um cenário que é o mundo social, a realidade 
objetiva que se constitui de um modo de organização 
econômica, política e jurídica da sociedade, de uma cultura, 
de instituições, como a família, a igreja, a escola, os partidos 
políticos, etc. A preparação do indivíduo ocorrerá por meio 
da internalização da realidade objetiva e esta será constitutiva 
de sua formação psíquica, o que lhe possibilitará sua ação no 
mundo, isto é, contribuir na construção deste cenário social 
que está sempre inacabado. A história de vida do indivíduo é a 
história de pertencer a inúmeros grupos sociais.
FIGURA 2 – PROCESSO GRUPAL 
Disponível em: https://www.zrss.si/digitalnaknjiznica/Posodobitve%20
pouka%20v%20gimnazijski%20praksi%20GLASBA%20CD/4_SLOVENSKA%20
LJUDSKA%20GLASBA%20IN%20ETNOLOGIJA/LJUDSKA%20PLESNA%20IN%20
INSTRUMENTALNA%20GLASBA/ul-ljudska%20glasba%20in%20ples.pdf. Acesso 
em: 12 mar. 2012.
Segundo Bock (1997), o grupo social supõe um conjunto 
de pessoas em um processo de relação, organizado com a 
finalidade de atingir um objetivo imediato ou em longo prazo.
O processo grupal implica uma rede de relações que 
pode caracterizar-se por relações equilibradas de poder entre 
os participantes ou pela presença de um subgrupo que detém 
o poder e determina as normas que regulam a vida grupal.
Podemos observar que todo grupo tem uma história, 
e por meio dela podemos verificar as mudanças que nele 
ocorrem. Por exemplo, as normas podem alterar o 
sistema de punição aos transgressores, podendo tornar-se 
mais ou menos rígidos, o sentimento de solidariedade pode 
estabelecer-se como um importante fator de manutenção do 
grupo. Além disso, podem emergir conflitos com relação a 
valores, por exemplo, estudar ou não estudar, aqueles que não 
cumprem a determinadas normas ou uma determinada tarefa 
deve ser expulso do grupo.
A diversidade presente no grupo fica evidente, por 
exemplo, um membro do grupo faz parte de outros grupos: 
clube, trabalho, família. Cada participante traz para o grupo as 
vivências e experiências dos demais grupos ao longo de sua 
história de vida.
O conflito não leva, necessariamente, à dissolução do 
grupo e pode caracterizar-se como um momento de seu 
crescimento. Isso diz respeito a qualquer grupo, inclusive 
ao grupo familiar. Assim, a família é entendida tanto quanto 
grupo social, por ser a base cultural do ser humano, sendo 
ela que dá a ele as normas e valores, quanto instituição pois 
apesar de não ser estática e vem mudando com o tempo, ela 
regula a vida em sociedade em nossa cultura monogâmica.
Vamos entender um pouco mais sobre os grupos.
4.1 Socialização primária e 
secundária 
FIGURA 3 – SOCIALIZAÇÃO PRIMÁRIA 
 Disponível em: https://pt.slideshare.net/GabyMohr/parenting-session-2. Acesso 
em: 12 mar. 2012.
Bock (1997) afirma que a criança, ao nascer, entra em 
um mundo socialmente dado, organizado, mas não acabado, 
e que o modo de fazer parte deste mundo é por meio dos 
grupos sociais, onde participa e ao mesmo tempo prepara-se 
para níveis mais amplos de participação econômica e cultural.
Segundo a autora acima citada, a socialização é um 
processo de internalização como uma apropriação do mundo 
social, com suas normas, valores, modos de representar os 
objetos e situações que compõem a realidade objetiva; é o 
processo de constituição de uma realidade subjetiva. Essa 
20Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem
internalização tem grandes possibilidades de ocorrer porque 
a situação está se dando no grupo familiar que é um grupo 
muito significativo para criança, o que chamamos de um 
grupo carregado de afeto, por isso que tem essa influência na 
criança.
Deve-se ressaltar aqui que não apenas a família de origem, 
mas também a qualquer substituto desta, como a creche ou 
o orfanato, pois constitui o grupo de socialização primária. 
Conforme Bock (1997), a maioria das teorias psicológicas 
concorda com a importância desse primeiro grupo na 
formação do indivíduo.
A relevância, impossível de ser negada, atribuída a este 
grupo ou substituto, sustenta-se também nas características 
de dependência física e psíquica. A criança depende do adulto 
para sua sobrevivência e esta dependência torna os adultos, 
pessoas muito significativas ou importantes para a criança. 
Porém, essa dependência não pode ser entendida como sendo 
a criança absolutamente passiva no processo de socialização, 
e sim, ela também interfere no meio familiar, muda os hábitos 
da família, “ensina” a mãe a ser mãe, ou seja, mesmo a criança 
sendo dependente econômica, física e psiquicamente deste 
grupo familiar ela é ativa em seu processo de socialização.
Ainda, Bock (1997) diz que o período da dependência 
variará com certeza em função das condições objetivas de 
vida da família, da cultura. Na zona rural e nas populações de 
baixa renda as crianças vão muito cedo ajudar no sustento da 
família, nesses casos a independência da criança é reforçada 
pelo próprio adulto.
Neste momento inicial da vida do indivíduo, um 
importante instrumento de socialização que podemos 
destacar é a linguagem. A aquisição desse instrumento é, ao 
mesmo tempo produto da socialização anterior e facilitador da 
continuidade deste processo. Com a linguagem a criança pode 
trocar experiências com os adultos como também ampliar 
seu domínio sobre o mundo e seus símbolos e aumentar sua 
capacidade de interferir nele.
FIGURA 4 – SOCIALIZAÇÃO SECUNDÁRIADisponível em: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.
html?pagina=espaco/visualizar_aula&aula=57276&secao=espaco&request_
locale=es. Acesso em: 12 mar. 2012.
A socialização primária sucede a socialização secundária, 
que ocorre em todos os outros grupos sociais, ao longo de 
sua vida, essa socialização vai ocorrer na escola, no grupo de 
amigos. Sendo assim sempre vivemos em grupos sociais e, 
portanto, o processo de socialização é contínuo e não termina 
na idade adulta, na maturidade ou com a aposentadoria. Nesse 
processo de socialização, onde o sujeito produz um mundo e 
a si próprio, ocorre a formação da nossa identidade.
Até este momento, vimos a importância dos grupos 
sociais para a vida em sociedade, bem como o papel da família 
e dos grupos posteriores para a formação do individuo.
5- Compreendendo a família: 
transformações históricas e sociais
FIGURA 5 – FAMÍLIA BRASILEIRA 
 Disponível em: http://goo.gl/6tTqPR. Acesso em: 12 mar. 2012.
A história da família brasileira é marcada pela Revolução 
Industrial, que iniciou na Europa e só chegou ao Brasil no 
século XIX. Neste período, a família se transformou em 
nuclear (pai, mãe e filhos), constituindo o modelo familiar 
patriarcal, que se caracteriza basicamente pela importância do 
núcleo conjugal e autoridade do marido sobre esposa e filhos.
Considerando essas transformações, descreveremos a 
seguir as principais características constituintes da família 
patriarcal.
O pai era o chefe da família, cabendo-lhe a função de 
prover o sustento material dos membros, que lhe deviam 
obediência. Ele tinha acesso livre ao espaço público, vida 
social e mercado de trabalho. A mãe tinha acesso restrito ao 
espaço público, sendo que lhe cabia a responsabilidade pelas 
tarefas domésticas e educação dos filhos, atividades referentes 
ao espaço privado do lar.
Havia um controle sobre a sexualidade feminina, tendo 
como fim exclusivo a procriação para herança e sucessão, 
enquanto a sexualidade masculina era exercida livremente.
A virgindade feminina era muito valorizada, e o adultério 
cometido pela mulher era severamente punido. 
21
FIGURA 6 – FAMÍLIA PATRIARCAL 
 Disponível em: https://casamentoeeventosperfeitos.blogspot.com/2011/09/
manual-de-boas-maneiras-e-etiqueta.html. Acesso em: 12 mar. 2012.
Nesta época, os casamentos não eram necessariamente 
realizados por questões de afeto ou atração sexual, costumavam 
ser tratados como alianças entre grupos econômicos.
Contudo, esse cenário foi se transformando devido a 
alguns fatores, entre os quais:
•	 o avanço tecnológico dos métodos contraceptivos, 
trazendo mais liberdade para o exercício da 
sexualidade feminina;
•	 o ingresso da mulher no mercado de trabalho;
•	 o aumento no número de divórcios, enfraquecendo 
a ideia de casamento como laço indissolúvel;
•	 e o desenvolvimento do movimento feminista na 
defesa dos direitos da mulher em busca de igualdade 
e amenização da autoridade do marido sobre a 
esposa.
Com as transformações históricas, muitas concepções 
acerca da família foram se modificando, como podemos 
observar atualmente em nosso cotidiano.
Observem alguns exemplos:
Os casamentos passaram a ser realizados por interesses 
individuais, e o namoro passou a acontecer em espaços 
abertos.
Começou a haver mais intimidade entre pais e filhos, 
trazendo a concepção de uma educação mais liberal, 
diminuindo a prática de castigos corporais.
A concepção de pai como provedor foi enfraquecendo, e 
passou-se a exigir destes uma maior participação na educação 
dos filhos e no espaço privado do lar.
De acordo com o novo Código Civil, pais possuem 
chances iguais as das mães na obtenção da guarda de filhos 
em processos de divórcio, sendo que anteriormente a mãe 
possuía preferência.
Valores tradicionais e modernos passaram a coexistir na 
sociedade, caracterizando a família brasileira atual.
Na sociedade contemporânea, não há como falar da 
família brasileira de uma forma geral, pois existem várias 
estruturas coexistindo em nossa sociedade, e que possuem 
grande metrópole, a indígena, entre outras.
Além disso, com essas transformações várias 
configurações de famílias foram surgindo, como famílias de 
pais separados, chefiadas por mulher, a nuclear, a extensa, a 
homossexual, entre outras.
Mesmo com toda essa diversidade, de acordo com 
pesquisa realizada por Maria Cristina Aranha Bruschini 
(“Estrutura Familiar e Vida Cotidiana”), é possível citar 
algumas características que descrevem as famílias atuais, 
principalmente as famílias urbanas:
•	 tendência à nuclearização, o tamanho médio da 
família brasileira vem diminuindo;
•	 crescimento do número de famílias e diminuição do 
seu tamanho médio;
•	 diminuição de casamentos religiosos e aumento de 
uniões civis ou uniões “livres”;
•	 crescimento do número de mulheres chefes de 
família;
•	 os chefes de família tendem a ser ligeiramente mais 
velhos que os cônjuges (enquanto homens têm entre 
30 e 45 anos, as mulheres têm entre 25 e 45 anos);
•	 aumento da participação feminina no mercado de 
trabalho, sobretudo mulheres casadas e com filhos 
pequenos;
•	 participação de vários membros da família em 
atividades econômicas;
•	 quanto mais elevada a renda familiar, maior número 
de chefes que por ela se responsabilizam. Nas famílias 
mais pobres, os filhos contribuem significativamente 
na renda familiar.
Neste sentido, com tantas mudanças na estrutura e 
organização familiar, vamos buscar entender o papel da 
família para a criança e o adolescente.
6- Família como lugar de proteção e 
direito da criança e do adolescente, 
bem como sua função educativa a 
ser compartilhada com a escola
FIGURA 7 – DIREITO DE PROTEÇÃO DA 
CRIANÇA
 
Disponível em: https://www.digitalmoldes.com/es/infantil. Acesso em: 12 mar. 
2012.
22Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem
Como vimos anteriormente, a organização da família 
transforma-se no decorrer da história da humanidade, porém, 
em todos os tempos e culturas, a família desempenha funções 
educativas.
Ela transmite os valores que constituem a cultura, 
e fornece modelos de formação para o indivíduo viver 
socialmente e estabelecer suas relações.
A família é responsável pela sobrevivência física e 
psíquica das crianças, constituindo-se o primeiro grupo de 
mediação do indivíduo com o mundo social, onde acontecem 
os primeiros aprendizados dos hábitos, costumes da cultura e 
a socialização primária. Exemplo: o aprendizado da linguagem 
possibilita a criança apropriar-se do mundo a sua volta.
Na família, também se concretiza o exercício dos direitos 
da criança e do adolescente, que estão embasados no direito 
aos cuidados essenciais para possibilitar seu crescimento, 
desenvolvimento físico, psíquico e social. A função da família 
é tão importante que, do ponto de vista do indivíduo e da 
cultura, na sua ausência, dizemos que a criança ou adolescente 
precisa de uma “família substituta”, ou ser abrigados em 
instituição que cumpra as funções de cuidado, transmissão de 
valores culturais, condições para inserção social.
Antes do nascimento, a criança já ocupa um lugar na 
família, e o que a espera são hábitos da cultura desta família, 
que trará expectativas diferentes se o filho for menino ou 
menina. Isso devido às diferentes expectativas de conduta 
para cada gênero, devido às representações sociais atribuídas 
às diferenças biológicas. Por exemplo: espera-se que meninas 
gostem de cor-de-rosa e bonecas, o que já não se espera de 
meninos.
Os pais são para os filhos os modelos de como os adultos 
se comportam, ou seja, como resolvem conflitos, tratam as 
visitas, portam-se a mesa, o que pensam sobre acontecimentos 
do mundo etc. São os pais os primeiros modelos de como é 
ser homem e ser mulher, que se referem aos padrões culturais 
de conduta. A criança internalizará a cultura que a família 
reproduz em seu interior.
Em relação ao direito de ter uma família e a sua 
importância para a criança,expressa o artigo 6º da Declaração 
dos Direitos da Criança (20/11/1959):
Para o desenvolvimento completo e 
harmonioso de sua personalidade, a criança 
precisa de amor e compreensão. Criar- 
se-á, sempre que possível, aos cuidados 
e sob a responsabilidade dos pais e, em 
qualquer hipótese, num ambiente de 
afeto e de segurança moral e material; salvo 
circunstâncias excepcionais, a criança de tenra 
idade não será apartada da mãe. A sociedade 
e as autoridades públicas caberá de obrigação 
de propiciar cuidados especiais as crianças 
sem família e aquelas que carecem de meios 
adequados de subsistência. É desejável a 
prestação de ajuda oficial e de outra natureza 
em prol da manutenção dos filhos e de famílias 
numerosas.
No Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) 
- Lei 8.069, de 13/07/1990, que regulamenta os direitos da 
criança e do adolescente, traz no capítulo 3º: “Do Direito a 
Convivência Familiar e Comunitária”, e artigo 19:
Toda criança ou adolescente tem direito 
a ser criado e educado no seio de sua 
família e, excepcionalmente, em família 
substituta, assegurada a convivência familiar 
e comunitária, em ambiente livre da presença 
de pessoas dependentes de substâncias 
entorpecentes.
A lei incorpora na ordem jurídica mudanças históricas 
e culturais que se processam na sociedade e que refletem na 
família. De acordo com os direitos citados anteriormente, 
podemos verificar a valorização do convívio familiar no 
desenvolvimento da criança e do adolescente.
Devemos ter clareza de que, ao falar de família, não 
há como pensar apenas o modelo pai-mãe-prole, pois, 
atualmente, este se tornou um entre vários modelos possíveis 
de organização destes grupos sociais.
6.1 Família e escola: Uma relação 
conturbada
A família possui sua função educativa para crianças e 
adolescentes, a qual foi abordada anteriormente. Porém, esta 
função é compartilhada com instituições educacionais, dentre 
elas: creches, pré-escolas e escolas.
Em todas as classes sociais, as crianças estão se inserindo 
cada vez mais cedo nessas instituições, e os motivos são 
diversos, sendo que se destaca a entrada da mulher no 
mercado de trabalho.
A escola tornou-se uma das mais importantes instituições 
sociais, na função de mediar a relação entre indivíduo e 
sociedade. Essa função caracteriza-se pela transmissão 
cultural, de modelos sociais de comportamento, valores 
morais, propiciando a humanização, socialização, enfim, a 
educação.
A escola é uma instituição que trabalha a serviço da 
sociedade, ou seja, para responder as necessidades sociais, 
que lhe concede o papel de preparar as crianças para viver 
no mundo adulto. Estabelece uma mediação entre indivíduo 
e a sociedade que é técnica (aprendizado das técnicas de base, 
como leitura, escrita, cálculo, técnicas corporais, etc.) e social 
(aprendizado de valores, ideais e modelos de comportamento).
Ocupando grande parte da vida de seus alunos, a escola 
ensina técnicas, valores e ideais, e cada vez mais substitui as 
famílias na orientação sexual, profissional, ou seja, a vida 
como um todo.
A discussão encaminha-se, muitas vezes, para os 
seguintes questionamentos: Quem é o responsável pela 
educação de crianças e adolescentes? A escola? A família? 
Pais esperam ações dos professores e esses dizem não caber 
a eles tais tarefas. Professores, por sua vez, depositam nos 
pais expectativas que eles não têm condições - ou não sabem 
como - cumprir. No meio disso, estão os alunos, que, diante 
do fracasso escolar, transferem o ônus ao professor.
Esse jogo de empurra gera uma série de equívocos 
23
e mitos sobre o relacionamento entre a família e a escola, 
prejudicando o estudante, que deveria ser a prioridade de 
todos.
Vários fatores influenciam o aproveitamento do 
aluno. Se a escola e a família buscam ações coordenadas, os 
problemas são enfrentados e resolvidos. Na nossa próxima 
aula vamos abordar as concepções teóricas da educação, 
que são importantes para conhecer o desenvolvimento e 
aprendizagem dos alunos.
Parece que estamos indo bem. Então, para encerrar 
esse tópico, vamos recordar:
Retomando a aula
1 – A Psicologia do Desenvolvimento
A Psicologia do Desenvolvimento é uma área 
fundamental no processo de educação e aprendizagem, pois 
busca compreender o nível de desenvolvimento da criança.
Dessa forma, a psicologia do desenvolvimento é uma 
área da psicologia que estuda os detalhes do progresso da 
criança em direção à maturidade, para que quando adulto ele 
tenha capacidade de amar uma outra pessoa e derivar prazer 
pessoal profundo dos relacionamentos interpessoais. A 
pessoa madura deve ser capaz de deduzir conclusões e pensar 
logicamente a respeito de ideias abstratas.
Segundo Bock et al. (1998), são 4 aspectos básicos do 
desenvolvimento humano: Aspecto físico; Aspecto intelectual; 
Aspecto afetivo-emocional; Aspecto social, sendo quatro os 
fatores que influenciam o desenvolvimento: a hereditariedade, 
o crescimento orgânico, a maturação neurofisiológica e o 
meio.
2 – A construção do desenvolvimento humano
As necessidades básicas do ser humano envolvem desde 
a nutrição até o ambiente psicossocial; e, na infância, exercem 
influência significativa sobre o processo de desenvolvimento.
O desenvolvimento é uma construção, resultado 
do entrelaçamento de duas raízes, uma biológica e outra 
sociocultural. A raiz biológica corresponde à herança genética, 
consiste na atividade nervosa elementar, que se organiza por 
meio da maturação.
A raiz sociocultural corresponde às heranças históricas, 
consiste na atividade nervosa superior, que se organiza por 
meio da aprendizagem de um programa de funcionamento 
que é operado por sinais simbólicos, o instrumento de 
comunicação criado pelo homem: a fala.
O desenvolvimento é complexo porque possui muitos 
fatores que interferem em sua direção, velocidade e qualidade. 
É dialético porque do entrelaçamento entre o natural (a 
tese) e o cultural (a antítese) resulta uma síntese, ou seja, 
uma nova organização com traços de suas duas raízes, mas 
qualitativamente distinta delas. É também periódico porque 
têm fases, etapas, passagens de uma forma de funcionamento 
para outra.
3 – Biológico x sócio cultural
Enquanto o comportamento do recém-nascido tem como 
base respostas de herança biológica, o adulto se comporta a 
partir de condicionantes sócio-históricas, dos acontecimentos 
e aprendizados ao longo de sua vida. O recém- nascido 
organiza seu comportamento a partir da maturação; o adulto 
constrói seu comportamento pela aprendizagem.
4- O grupo social
Segundo Bock (1997), o grupo social supõe um conjunto 
de pessoas em um processo de relação, organizado com a 
finalidade de atingir um objetivo imediato ou mais a longo 
prazo. O processo grupal implica uma rede de relações que 
pode caracterizar-se por relações equilibradas de poder entre 
os participantes ou pela presença de um subgrupo que detém 
o poder e determina as normas que regulam a vida grupal.
Bock (1997) afirma que a criança, ao nascer, entra em 
um mundo socialmente dado, organizado, mas não acabado, 
e que o modo de fazer parte deste mundo é por meio dos 
grupos sociais, onde participa e ao mesmo tempo prepara-se 
para níveis mais amplos de participação econômica e cultural.
A socialização é um processo de internalização como 
uma apropriação do mundo social, com suas normas, valores, 
modos de representar os objetos e situações que compõe a 
realidade objetiva;
A história da família brasileira é marcada pela Revolução 
Industrial, que iniciou na Europa e só chegou ao Brasil no 
século XIX. Neste período, a família se transformou em 
nuclear (pai, mãe e filhos), constituindo o modelo familiar 
patriarcal, que se caracteriza basicamente pela importância do 
núcleo conjugal e autoridade do marido sobre esposa e filhos.
5 - Compreendendo a família: transformações 
históricas e sociais
A história da família brasileira é marcada pela Revolução 
Industrial,que iniciou na Europa e só chegou ao Brasil no 
século XIX. Neste período, a família se transformou em 
nuclear (pai, mãe e filhos), constituindo o modelo familiar 
patriarcal, que se caracteriza basicamente pela importância do 
núcleo conjugal e autoridade do marido sobre esposa e filhos. 
O avanço tecnológico dos métodos contraceptivos; o ingresso 
da mulher no mercado de trabalho; o aumento no número de 
divórcios; e o desenvolvimento do movimento feminista.
Com as transformações históricas, muitas concepções 
acerca da família foram se modificando, como podemos 
observar atualmente em nosso cotidiano. Transformando as 
características das famílias urbanas.
6 - Família como lugar de proteção e direito 
da criança e do adolescente, bem como sua função 
educativa a ser compartilhada com a escola
24Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem
PINO, A. As marcas do humano: as origens da constituição 
cultural da criança na perspectiva de Lev S. Vigotski. São 
Paulo, SP: Cortez. 2005.
Vale a pena ler
Vale a pena
Filme As Chaves de Casa (2003).
Vale a pena assistir
A família é responsável pela sobrevivência física e 
psíquica das crianças, constituindo-se o primeiro grupo de 
mediação do indivíduo com o mundo social.
A escola, por sua vez, tornou-se uma das mais 
importantes instituições sociais, na função de mediar a relação 
entre indivíduo e sociedade. Essa função caracteriza-se pela 
transmissão cultural, de modelos sociais de comportamento, 
valores morais, propiciando a humanização, socialização, 
enfim, a educação.
Ocupando grande parte da vida de seus alunos, a escola 
ensina técnicas, valores e ideais, e cada vez mais substitui as 
famílias na orientação sexual, profissional, ou seja, a vida 
como um todo.
Disponível em: www.psicopedagogia.com.br.
Vale a pena acessar
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