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Tentáculos Boca Metâmeros Ânus ÁGUA DO MAR Circulação de água no tubo Tubo Parápodes ventiladores Parápodes Boca Areia A B Cirros anais Parapódios com cerdas Metâmeros Cabeça C Palpos Boca Tentáculos Olhos Parápode Lobo respiratório Cerdas Figura 12.20 A. Representação esquemática de poliqueto tubícola do gênero Chaetopterus, que vive enterrado na areia. B. Representação esquemática do poliqueto marinho Palola viridis, o palolo, muito apreciado como alimento em certas ilhas do Pacífico. C. Representação esquemática de Nereis virens, poliqueto que lembra uma centopeia e pode medir até 40 cm de comprimento. No detalhe, parte anterior do nereis, mostrando órgãos sensoriais e um parápode. (Imagens sem escala, cores-fantasia.) R ep ro d uç ão p ro ib id a. A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 386 U n id a d e D • A d iv e rs id a d e d o s a n im a is Os poliquetos vivem no mar; algumas espécies, como Nereis virens (nereida), são predadoras e rastejam ativamente pelos fundos marinhos à procura de animais que lhes sirvam de alimento. Outros poliquetos, denominados tubícolas, vivem dentro de tubos que eles próprios constroem com grãos de areia cimentados ou com material calcário. A alimentação dos poliquetos tubí- colas consiste de organismos microscópicos como larvas e microcrustáceos filtrados da água do mar. (Fig. 12.20) Hirudinea Os hirudíneos são anelídeos que não têm cerdas nem parápodes e cujo corpo é ligeiramente achatado dorsoventralmente. Muitas espécies de hirudíneos vivem em água doce e no mar, mas há algumas que vivem em brejos e pântanos. Esses anelídeos são conhecidos popularmente como sanguessugas, pois a maioria se alimenta de sangue de animais vertebrados. As sanguessugas têm duas ventosas para fixação, uma ao redor da boca (ventosa oral ou anterior) e outra na extremidade oposta (ventosa posterior). Ao encontrar um hospedeiro, a san- guessuga fixa-se a ele com o auxílio das ventosas e perfura a pele sem provocar dor. Pela ação da musculatura da faringe, ela suga o sangue da vítima, que não coagula devido a uma substância anticoagulante produzida pelas glândulas salivares do animal. Boca e ventosa anterior Metâmeros Ventosa posterior B R ep ro d uç ão p ro ib id a. A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 387 C a p ít u lo 1 2 • M o lu sc o s e a n e líd e o s A Ventosa posterior Ventosa anterior Sentido da movimentação C Figura 12.21 A. Desenho de uma sanguessuga em vista dorsal. B. Sanguessugas, Hirudo medicinalis, aplicadas sobre hematomas pós-cirúrgicos. C. De cima para baixo, sequência de movimentos de uma sanguessuga. (Imagens A e C sem escala, cores-fantasia.) No passado, as sanguessugas da espécie Hirudo medicinalis, que medem entre 5 e 45 centí- metros de comprimento, foram muito utilizadas para fazer sangrias, técnicas terapêuticas que se baseavam na crença de que muitas doenças seriam eliminadas do corpo pela retirada de um pouco de sangue. Os avanços da medicina fizeram com que esse tipo de terapia fosse praticamente abandonado a partir de meados do século XIX. Atualmente, as sanguessugas estão voltando a ser usadas pelos médicos, principalmente para remover hematomas produzidos por ferimentos traumáticos ou por cirurgia. (Fig. 12.21) 2 Anatomia e fisiologia dos anelídeos Os anelídeos têm simetria bilateral, são triblásticos e têm sistema digestório completo. Como os moluscos, eles são também animais celomados. A novidade evolutiva que apresentam em relação aos filos estudados até aqui é a metameria, isto é, corpo dividido em segmentos ou metâmeros que se repetem ao longo do comprimento (relembre no capítulo 9). Revestimento corporal e sistema muscular Para estudar a organização e o funcionamento corporal de um anelídeo, usaremos como exemplo a espécie Pheretima hawayana facilmente encontrada em solos úmidos. O corpo da minhoca é revestido externamente por uma cutícula fina e transparente, secre- tada pela epiderme; embaixo dela encontra-se a musculatura do animal. Na P. hawayana adulta, o corpo é formado por 85 a 95 metâmeros. Se numerássemos os metâmeros a partir da região anterior, notaríamos que os de número 14, 15 e 16 são mais dilatados e mais claros que os do resto do corpo. Esses segmentos especiais formam o clitelo, estrutura importante na formação do casulo, dentro do qual ocorre a fecundação dos óvulos, como veremos mais adiante. A parede de cada metâmero apresenta uma camada de musculatura externa, com fibras contráteis dispostas circularmente ao corpo, e uma camada de musculatura interna, com fibras dispostas em sentido longitudinal. A contração da musculatura externa faz o segmento alongar-se, enquanto a contração da musculatura interna faz o segmento encurtar. Nos segmentos distendidos, as cerdas corporais se retraem; no segmento contraído, elas se eriçam. As cerdas eriçadas se apoiam no solo, seja no interior dos túneis, seja na superfície, atuando como minúsculas pernas. Devido à contração e à distensão coordenadas dos músculos de cada metâmero, as minhocas podem rastejar e penetrar em seus túneis com grande rapidez. R ep ro d uç ão p ro ib id a. A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 388 U n id a d e D • A d iv e rs id a d e d o s a n im a is Nervos Gânglios cerebrais Coração lateral Cordão nervoso ganglionar ventral Vaso sanguíneo dorsal Anel nervoso Sistema digestório As minhocas alimentam-se de detritos vegetais em decomposição, além de larvas, microrganis- mos e pequenos animais, vivos ou mortos, ingeridos juntamente com terra. P. hawayana, como todo anelídeo, tem sistema digestório completo. A boca localiza-se no primeiro metâmero, sob uma projeção musculosa equivalente a um lábio utilizado para cavar, o prostômio. Segue-se uma faringe curta, ligada a músculos que possibilitam sugar terra e alimento. Da faringe, o material ingerido segue pelo esôfago até o papo, uma região mais dilatada do tubo digestório, ligada a glândulas que lubrificam e umedecem o alimento. Em seguida, o alimento passa para a moela, porção também dilatada e musculosa do tubo digestório que atua como um triturador: suas contrações esmagam o alimento contra as partículas de terra, tornando-o finamente fragmentado, o que facilita a digestão. O alimento triturado pela moela passa para o intestino, um tubo reto que apresenta, na altura do 30o segmento corporal, duas expansões laterais denominadas cecos intestinais. Na região anterior aos cecos, o alimento mistura-se a enzimas secretadas por células da parede do tubo digestório e é digerido na cavidade intestinal (digestão exclusivamente extracelular). Na porção intestinal posterior aos cecos, a parte superior do intestino apresenta uma prega longitudinal chamada tiflossole. Acredita-se que a função dos cecos intestinais e do tiflossole é semelhante: aumentar a área intestinal de contato com os produtos da digestão e facilitar sua absorção. O material não aproveitado é eliminado pelo ânus, juntamente com a terra ingerida. As fezes das minhocas formam montículos retorcidos característicos, constituindo o húmus, material utilizado como adubo. (Fig. 12.22) Figura 12.22 A. Representação esquemática de uma minhoca dissecada mostrando seus principais órgãos internos. B. Representação esquemática de minhoca dissecada com o tubo digestório parcialmente deslocado para mostrar o sistema nervoso, localizado na região ventral do corpo. C. Representação esquemática de minhoca em corte transversal, mostrando músculos, cerdas e outros órgãos corporais. (Imagens sem escala, cores-fantasia.) Prostômio Faringe Gânglios cerebrais Papo Receptáculo seminal Ovário Glândula prostática Intestino Ceco intestinalMoela Vesícula seminal Clitelo A B Vaso sanguíneo dorsal Cutícula Epiderme Musculatura longitudinal Metanefrídio Cordão nervoso ventral Poro excretor Celoma Vaso sanguíneo ventral Cavidade intestinal Cerdas Musculatura circular Tiflossole C