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LARVA Metâmeros ADULTO Asas Antena Olho Peças bucais Pernas CABEÇA TÓRAX ABDOME TAGMAS INSETO (gafanhoto) QUELICERADO (aranha) CRUSTÁCEO (camarão)CRUSTÁCEO (camarão) QUELICERADO (aranha) R ep ro d uç ão p ro ib id a. A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 399 C a p ít u lo 1 3 • A rt ró p o d e s Em alguns crustáceos, há fusão dos metâmeros anteriores e intermediários, originando um tagma denominado cefalotórax. Em alguns artrópodes, como nos quilópodes, ocorre fusão de metâmeros intermediários e posteriores, originando um tagma denominado tronco. Figura 13.2 Relação entre os tagmas da cabeça, do tórax e do abdome de um inseto adulto e os metâmeros da larva, a partir dos quais eles se originam. (Desenhos sem escala, cores-fantasia.) Fotos de larvas da mosca (em cima) e de uma mosca adulta (embaixo). Figura 13.3 Representações esquemáticas de apêndices de inseto, quelicerado e crustáceo. Os apêndices dos insetos e dos quelicerados são unirramosos (um único ramo), enquanto os dos crustáceos podem ser birramosos (bifurcados). (Imagens sem escala, cores-fantasia.) 1 Apêndices articulados Uma das “marcas registradas” dos artrópodes, que dá nome ao filo, é a presença de apêndices articulados, especializados em diversas funções: andar, nadar, obter alimento, perceber estímu- los químicos ou mecânicos, copular etc. Os artrópodes ancestrais provavelmente apresentavam um par de apêndices duplos em cada metâmero. Um dos ramos desses apêndices era utilizado para nadar, enquanto o outro formava uma brânquia, utilizada para respirar. Durante a evolução, alguns metâmeros deixaram de ter apêndices, enquanto outros tiveram seus apêndices modifi- cados, adaptando-se a novas funções. Por exemplo, certos apêndices da cabeça adaptaram-se à alimentação, originando diversos tipos de peças bucais (mandíbulas, maxilas, quelíceras etc.); outros apêndices da cabeça adquiriram funções sensoriais, originando as antenas. Apêndices das regiões torácica e abdominal originaram pernas ou nadadeiras de diferentes tipos, dependendo do grupo de artrópode. (Fig. 13.3) Conteúdo digital Moderna PLUS http://www.modernaplus.com.br Animação: Animais invertebrados, veja aba Artrópodes TA X A D E C R E S C IM E N T O Nascimento TEMPO Adulto Crescimento após muda Exoesqueleto rígido Exoesqueleto flexível Apêndice (perna) Músculos R ep ro d uç ão p ro ib id a. A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 400 U n id a d e D • A d iv e rs id a d e d o s a n im a is Devido à sua rigidez, o exoesqueleto não permite o crescimento do corpo; por isso, os artrópodes precisam trocá-lo periodicamente para poder crescer. A troca de exoesqueleto, denominada muda, ou ecdise, pode ocorrer várias vezes ao longo da vida do animal. Durante a muda, a epiderme secreta um novo exoesqueleto embaixo do antigo, que sofre uma rachadura dorsal e permite a saída do artrópode com seu novo exoesqueleto. Este, inicialmente, é muito flexível, distendendo-se à medida que o corpo do animal se expande, logo após a muda. Depois de alguns minutos ou algumas horas, dependendo da espécie, o novo exoesqueleto endurece e o artrópode para de crescer. Uma nova fase de crescimento somente será possível depois de outra muda de exoesqueleto. (Fig. 13.5) 2 Exoesqueleto, muda e crescimento corporal O corpo dos artrópodes é revestido externamente por uma armadura leve e resistente, o exoesqueleto (do grego exos, fora, exterior), constituído basicamente pelo polissacarídio nitro- genado quitina. Relembre a estrutura molecular da quitina no capítulo 5 deste livro, Fig. 5.2, na página 137. As longas moléculas de quitina formam uma malha rígida na maior parte do corpo e um pouco mais flexível nas articulações. Em muitos crustáceos, a malha quitinosa é impregna- da de carbonato de cálcio (CaCO3), constituindo uma couraça dura e espessa, como ocorre em caranguejos e lagostas. (Fig. 13.4) Figura 13.5 A. Foto de uma esperança emergindo de seu antigo exoesqueleto. B. Gráfico que mostra o crescimento descontínuo de um artrópode; há fases longas sem crescimento, intercaladas com fases curtas, logo após as mudas, em que há grande aumento de tamanho corporal. A B Músculo extensor Segmentos da perna Exoesqueleto DETALHE DO EXOESQUELETO IN TE R IO R D O C O R PO M EI O E X TE R N O a b c d e Figura 13.4 A. Representação esquemática do exoesqueleto de um segmento corporal de um artrópode. B. Representação esquemática da articulação de uma perna de crustáceo, mostrando os músculos responsáveis por sua movimentação. C. Representação esquemática da organização do exoesqueleto: (a) epiderme; (b) quitina não calcificada; (c) quitina calcificada; (d) camada pigmentada; (e) epicutícula. (Imagens sem escala, cores-fantasia.) A B C Músculo flexor R ep ro d uç ão p ro ib id a. A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 401 C a p ít u lo 1 3 • A rt ró p o d e s Seção 13.2 Classificação dos artrópodes O filo Arthropoda foi assim denominado em 1848 pelo zoólogo alemão Carl Theodor Ernst von Siebold (1804-1885) e, na época, incluía três classes: Crustacea, Arachnida e Insecta. Desde então têm surgido diversas propos- tas para a divisão do filo, baseadas em diferentes critérios. Adotaremos neste livro a classificação dos artrópodes em quatro grupos principais: Crustacea (camarões, siris, lagostas etc.), Chelicerata (aranhas, escor- piões, ácaros etc.), Hexapoda (insetos, colêmbolos etc.) e Myriapoda (lacraias, piolhos-de-cobra etc.). As características utilizadas nessa clas- sificação são, entre outras: a organização corporal; o número e os tipos de apêndices; a presença e o número de antenas. 1 Crustacea (crustáceos) Os crustáceos — camarões, lagostas, caranguejos, siris, cracas, tatuzi- nhos-de-jardim etc. — são animais bem conhecidos, mas sua classificação ainda é polêmica. Alguns sistemas classificam Crustacea como uma classe do filo Arthropoda; em outros esse clado é considerado um subfilo do filo Arthropoda. Adotaremos neste livro a classificação de Crustacea como um subfilo, dividido em cinco classes principais (Remipedia, Cephalocarida, Branchiopoda, Maxillopoda e Malacostraca). O número de espécies de crustáceos é estimado entre 30 mil e 40 mil. (Tab. 13.1) Tabela 13.1 Principais classes do subfilo Crustacea Classe Características principais Remipedia Corpo dividido em cabeça (5 segmentos) e tronco (32 segmentos). Vivem em cavernas marinhas. Ainda pouco conhecidos. Ex.: Nectiopoda sp. Cephalocarida Corpo dividido em cabeça (5 segmentos), tórax (8 segmentos) e abdome (11 segmentos). Vivem em fundos marinhos, alimentando-se de detritos. Há apenas 9 espécies conhecidas. Ex.: Lighittiela serendipita. Branchiopoda Corpo geralmente dividido em cabeça (5 segmentos) e tronco (até 32 segmentos). Maioria das espécies são de água doce; algumas são marinhas. Representantes mais conhecidos: Daphnia pulex, de água doce, popularmente chamada de “pulga-d’água”, e Artemia salina, de água hipersalina, utilizado como alimento para peixes de aquário. Maxillopoda Corpo dividido em cabeça (5 segmentos), tórax (6 segmentos) e abdome (4 segmentos). Espécies são de água doce, salgada e hipersalina. Alguns de seus representantes (copépodes) são componentes importantes do zooplâncton. Atualmente a classe inclui os cirripédios marinhos, popularmente chamados de cracas (ex.: Ballanus sp. e Lepas anatifera, uma craca pedunculada). Única classe com representantes parasitas (ex.: Argulus japonicus, ectoparasita de peixes). Malacostraca Corpo dividido em cabeça (5 ou 6 segmentos), tórax (8 segmentos) e abdome (6 ou 7 segmentos dependendo do grupo). A maioria vive no mar; há espécies de água doce e terra firme (ex.: Armadilliumsp. o tatuzinho-de-jardim). São os crustáceos mais conhecidos, com mais de 25 mil espécies. A ordem mais expressiva e conhecida é Decapoda, à qual pertencem camarões, siris, caranguejos, lagostas etc. A maioria dos crustáceos tem o corpo dividido em dois tagmas — cefa- lotórax e abdome — e apresenta dois pares de antenas. O exoesqueleto quitinoso é em geral impregnado de substâncias calcárias que o tornam rígido como uma armadura. Há geralmente apêndices locomotores no cefalotórax e no abdome. Objetivos❱❱❱❱ Caracterizar os CCCCCCC representantes dos seguintes grupos de artrópodes: crustáceos; quelicerados; miriápodes; hexápodes. Estar informado sobre CCCCCCC os principais aracnídeos peçonhentos brasileiros; conhecer os procedimentos básicos para evitar acidentes causados por esses animais e os cuidados a serem tomados caso eles ocorram. Termos e conceitos❱❱❱❱ crustáceo • cefalotórax• trilobite• onicóforo• quelicerado • quelícera• pedipalpo• miriápode• hexápode• inseto•