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Licensed to Luana Cochlar Bento - luanacochlar@gmail.com SAÚDE E DSS CONCEITO AMPLIADO DE SAÚDE Reflete a conjuntura social, econômica, política e cultural. Não representa a mesma coisa para todas as pessoas: dependerá da época/ lugar/ classe social/ valores individuais/ concepções científicas, religiosas, filosóficas. MÁGICO-RELIGIOSA A doença resulta de forças alheias ao organismo que o faziam doente a partir de maldição, pecado ou demônios (punição divina) e só o Deus/deuses eram responsáveis pela cura MEDICINA GREGA Importante porque introduziu uma nova visão da doença, diferentes da concepções mágico-religiosas É nessa cultura que nasce o pai da medicina, Hipócrates, que estabeleceu um código racionalizado de condutas, explicando a doença sagrada é como qualquer outra, com causas naturais A doença é resultado de uma causa natural e saúde é o equilíbrio dos 4 humores Bile amarela Bile negra Fleuma Sangue A principal característica desse postulado dos 4 fluidos (humores) é o valor da observação empírica, refletindo uma visão epidemiológica do problema de saúde-enfermidade e reconhecendo um fator ecológico do processo Depois, Galeno revisou essa teoria e de modo que a doença seria causada por razões endógenas NO ORIENTE Concepção de saúde e doença análoga à hipocrática, com existência de forças vitais no corpo que se desequilibram e geram a doença. As medidas terapêuticas – acupuntura, ioga – restauram o fluxo normal de energia NA MODERNIDADE Descartes O desenvolvimento da mecânica influenciou as ideias de René Descartes, que postulou o duo mente-corpo, sendo o corpo uma máquina. Nesse mesmo tempo, havia o desenvolvimento da anatomia que afastou a concepção humoral da doença, a qual passou a ser localizada nos órgãos Descartes o corpo é uma máquina e a doença seria o mau funcionamento Pasteur Descobriu a existência dos microorganismos, possibilitando a introdução de soros e vacinas Então, a doença era causada por microorganismos OMS Ainda não havia um conceito universalmente aceito sobre saúde e para acontecer isso deveria haver um consenso entre as nações e quem ficou responsável por tal acontecimento foi a OMS na Carta de princípios de 7 de abril de 1948 ‘’saúde é o estado do mais completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de enfermidade‘’ Apesar de não negar a existência da doença, define um estado positivo da saúde (Descentralizou da doença) e dinâmico (sofre alterações ao longo da vida dos indivíduos, não sendo condição definida). Enfatiza que a saúde não é de responsabilidade exclusiva do setor da saúde , mas também de outros setores. Nocampo prático, envolve ações do Estado, mas também dos indivíduos. Gerou críticas: - Natureza técnica (a saúde seria algo ideal, inatingível; a definição não pode ser usada como objetivo pelos serviços de saúde). - Natureza política, libertária : o conceito permitiria abusos por parte do Estado, que interviria na vida dos cidadãos, sob o pretexto de promover a saúde. Outros consideram que a definição de saúde da OMS é um avanço em relação ao proposto nos modelos biomédicos. NO BRASIL O conceito amplo de saúde é ressaltado em 1986 no Relatório final da VIII conferência nacional de saúde: Licensed to Luana Cochlar Bento - luanacochlar@gmail.com SAÚDE E DSS Direito à saúde significa a garantia , pelo Estado, de condições dignas de vida e acesso universal e igualitário às ações e serviços de promoção, proteção e recuperação da saúde, em todos os seus níveis, a todos os habitantes do território nacional, levando ao desenvolvimento pleno do ser humano em sua individualidade. Artigo 196, Constituição Federal de 1988 – estabelece que a saúde é direito de todos e dever do Estado, sendo essa garantida por meio de políticas tanto sociais quanto econômicas que visem à redução do risco de doenças e agravos e por meio de ações e serviços para promoção, proteção e recuperação da saúde; DETERMINANTES SOCIAIS DA SAÚDE Em 2006 foi criado no Brasil e Comissão Nacional sobre Determinantes Sociais da Saúde (CNDSS), que define que os DSS são fatores sociais, econômicos, étnicos/raciais, psicológicos, comportamentais e culturais que influenciam a ocorrência de problemas de saude e seus fatores de risco na população MODELO DE DAHGREN E WHITEHEAD (D&W) Inclui os DSS em diferentes camadas, desde uma camada + próxima dos determinantes individuais até uma camada distal (macro determinantes). Não pretende explicar com detalhes as relações e mediações entre os diversos níveis e a gênese das iniquidades. Camada A = idade, sexo e fatores hereditários As características individuais exercem influência sobre seu potencial e suas condições de saúde Camada B = Estilo de vida dos indivíduos Aparecem o comportamento e os estilos de vida individuais, que dependem do livre arbítrio das pessoas. Dependem também de acesso à informação, influência da propaganda, acesso a alimentos saudáveis lazer etc (poder público) Camada C = Redes Sociais e comunitárias Destaca a influência das redes comunitárias e de apoio, contribuindo para a coesão social que é fundamental para a saúde da sociedade como um todo Para grupos + próximos do fim da escala social (pessoas que vivem em condições de extrema privação),os indicadores de organização comunitária registram uma disponibilidade menor de redes e sistemas de apoio, menos serviços sociais e lazer, e modelos de segurança mais frágeis. Camada D = Condições de vida e de trabalho As pessoas em desvantagem social correm um risco diferenciado criado por condições habitacionais mais humildes, exposição a condições mais perigosas ou estressantes de trabalho e acesso menor aos serviços Camada E = macrodeterminantes Relacionados com as condições econômicas, culturais e ambientais da sociedade que possuem grande influência sobre as outras camadas Dependem da atuação do poder público MODELO DE DIDERICHSEN E HALLQVIST Enfatiza a estratificação social gerada pelo contexto social, que confere aos indivíduos posições sociais distintas que provocam diferenciais de saúde O sistema educacional e o mercado de trabalho influenciam o modo como cada indivíduo se posiciona socialmente, o que Licensed to Luana Cochlar Bento - luanacochlar@gmail.com SAÚDE E DSS causa exposição a riscos e danos à saúde dependendo dessa posição. Uma vez contraída a doença, essa posição também vai determinar as consequências sociais da doença, seu impacto sobre a situação socioeconômica do indivíduo e da sua família PROMOÇÃO DA SAÚDE São medidas que não se dirigem especificamente a uma doença ou desordem, mas servem para aumentar a saúde e o bem-estar gerais O Projeto de Promoção da Saúde do Ministério da Saúde proporcionar à população condições para melhorar e exercer controle sobre sua saúde, envolvendo: educação, moradia, alimentação, renda e um ecossistema saudável, com justiça social e equidade. Esse projeto está estruturado em 4 áreas de atuação Estilo de vida saudáveis Reorganização das ações de saúde Municípios saudáveis Marketing social e apoio a projetos sociais na promoção da saúde, a ESF exerce um papel importante pois ela coloca em prática de acordo com as necessidades da sua própria região PREVENÇÃO DE DOENÇAS Na saúde, a prevenção exige uma ação antecipada, baseada no conhecimento da historia natural, a fim de tornar improvável o progresso posterior da doença Diferentemente da promoção da saúde, a prevenção de enfermidades objetiva a redução do risco de adquirir uma doença específica por reduzir a probabilidade dessa doença afetar o indivíduo. Existem 4 níveis: PREVENÇÃO PRIMÁRIA Remover causas e fatores de risco de um problema de saúde individual ou populacional Ação antes mesmo do desenvolvimento de uma condiçãoclínica Ex.: imunização, orientação de atividade física para diminuir chance de obesidade, educação para a saúde e saneamento ambiental PREVENÇÃO SECUNDÁRIA Detecta um problema de saúde em estágio inicial no indivíduo ou população Previne a evolução do processo patológico na tentativa, se possível, fazê-lo regredir Facilita o diagnóstico, o tratamento e reduz ou previne sua diminuição e os efeitos a longo prazo Ex.: rastreamento, diagnóstico precoce, aplicação de antibiótico em uma doença infecciosa, uso de aspirina em pacientes com infarto agudo do miocárdio com o objetivo de prevenir um segundo acontecimento etc PREVENÇÃO TERCIÁRIA Ação na fase final do processo Reduz em um indivíduo ou população os prejuízos funcionais consequentes de um problema agudo ou crônico Incluindo reabilitação Ex.: prevenir complicações do diabetes, reabilitar paciente pós- infarto ou AVC PREVENÇÃO QUATERNÁRIA Detecção de indivíduos em risco de intervenções, diagnósticos e/ou terapêuticas excessivas Protege de novas intervenções médicas inapropriadas Sugere alternativas eticamente aceitáveis Ex.: paciente que usa medicamento para evitar o colesterol alto, o médico pode retirar o medicamento (efeitos colaterais) e sugerir mudança de alimentação, de hábito e de estilo de vida CINCO NÍVEIS DE PREVENÇÃO As três fases citadas se desdobram em cinco níveis: Licensed to Luana Cochlar Bento - luanacochlar@gmail.com SAÚDE E DSS NÍVEL 1: PROMOÇÃO DA SAÚDE Ações destinadas a manter o bem-estar, sem visar nenhuma doença em particular NÍVEL 2: PROTEÇÃO ESPECÍFICA Medidas para impedir o aparecimento de uma determinada afecção, como a vacinação NÍVEL 3: DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO PRECOCE Identifica o processo patológico no seu início, antes do aparecimento de sintomas. Identificada a alteração nos seus primórdios, o tratamento imediato tem maior chance de dar certo NÍVEL 4: LIMITAÇÃO DO DANO Identificar a doença, limitar a extensão das lesões e retardar o aparecimento de complicações, se não der para evitá-las NÍVEL 5: REABILITAÇÃO Objetiva desenvolver o potencial residual do organismo, após haver sido afetado pela doença, de modo a contribuir para que a pessoa leve uma vida útil e produtiva É um trabalho de equipe para promover suporte físico, mental e social que favoreça a reintegração da pessoa na família, no trabalho e na sociedade PREVENÇÃO QUARTENÁRIA DA IATROGENIA A prática da medicina clínica é resultado do equilíbrio entre a gestão da incerteza diagnóstica e a limitação dos riscos terapêuticos e daí verifica-se muitas vezes um excesso de intervencionismo médico (curativo ou preventivo) Esse nível também se chama prevenção da iatrogenia que visa evitar ou atenuar o excesso de intervencionismo médico, associado a atos médicos desnecessários ou sem justificativa. Pretende-se capacitar os pacientes e fornecer a eles informação necessária e suficiente para poderem tomar decisões autônomas, sem falsas expectativas, conhecendo as vantagens e desvantagens dos métodos diagnósticos ou terapêuticos propostos Alguns autores consideram ela como sinônimo de prevenção do sofrimento, principalmente na oncologia que esse nível de prevenção se enquadra nos cuidados paliativos, cuja finalidade é melhorar a qualidade de vida dos doentes, prevenindo e aliviando o sofrimento deles e de seus familiares. MEDICALIZAÇÃO DOS FATORES DE RISCO Na última década, a aumento do número de fatores de risco em populações saudáveis e aos menores margens de normalidade nos exames diagnósticos e limiares de intervenção, faz com que os indivíduos saudáveis sejam rotulados como ‘’estado de risco’’ e tenham necessidade de cuidados médicos Alguns autores chamam atenção para o ‘’patrocínio da doença’’ pela indústria farmacêutica através de campanhas dirigidas para o público, a indústria farmacêutica pretenderia vender a doença para chamar atenção para as terapêuticas mais recentes. Eles usariam uma estratégia chamada de marketing do medo, que é a sobrestimação (estimação exagerada) de situações clinicas e fatores de risco na população e pela medicalização de situações fisiológicas PREVENÇÃO X PROMOÇÃO REFERÊNCIAS Epidemiologia Teoria e prática – Maurício Gomes Pereira SCLIAR, M. (2007). História do Conceito de Saúde . Rev. Saúde Coletiva. Rio de Janeiro BUSS, P., PELLEGRINI, A. (2007). A saúde e seus Determinantes Sociais. Rev: Saúde Coletiva. Rio de Janeiro CZERESNIA, Dina. O Conceito de Saúde e a diferença entre Prevenção e Promoção . Caderno de Saúde Pública. RS, 2003. ALMEIDA, M., LÚCIO (2005). Da prevenção primordial à prevenção quaternária. Rastreamento caderno 29 de atenção primária Licensed to Luana Cochlar Bento - luanacochlar@gmail.com Esther Santos - 77 SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE ANTECEDENTES – SAÚDE ANTES DO SUS A adm portuguesa até a metade do séc 18 não se preocupou na organização do espaço social visando a um combate às causas da doença. O século 19 marca o início na transformação no campo da medicina, pois nasceu a medicina social: incorporou o meio urbano como alvo da reflexão e da prática médica e a situação da medicina como apoio cientifico ao Estado Somente no século 20 que se iniciam as políticas de saúde pra enfrentar o quadro sanitário no país A SAÚDE NA COLÔNIA E NO IMPÉRIO A vinda da corte para a colônia provocou mudanças na área da saúde, com o foco das ações sanitárias no RJ. Além disso, por ordem real foram fundadas academias médico-cirúrgicas que depois se transformaram nas duas primeiras escolas de medicina do país Em 1829 foi criada a Junta de Higiene Pública, que tinha o objetivo de cuidar da saúde da população, mas se mostrou pouco eficaz, porém, foi o momento em que os médicos assumiram o controle das medidas de higiene pública. Tinha como objetivo a inspeção da vacinação, o controle do exercício da medicina e a policia sanitária da terra A fase imperial se encerra novamente sem o Estado solucionar os problemas de saúde da coletividade. A SAÚDE NA REPÚBLICA A proclamação da República em 1989 trouxe junto a ideia de modernizar o brasil e isso iria ser feito pelo capital humano, reconhecendo que os trabalhadores seriam as fontes geradoras de riquezas das nações Nesse contexto, a Medicina assumiu o papel de guia do Estado para os assuntos sanitários, se comprometendo com a melhoria da saúde individual e coletiva, na mesma ideia de modernizar o país A constituição de 1891 trazia que era dever do Estado a ações de saúde, de saneamento e de educação, porém até então não havia um modelo sanitário para o país, o que deixava as cidades à mercê das epidemias. Tanto que no RJ do início do sec 20 tinha um estado sanitário caótico: varíola, malária, febre amarela e peste Esse quadro fez com que o Estado passasse a intervir nas questões relativas a saúde individual e coletiva, relevando a criação de uma ‘’política de saúde’’ e o médico Oswaldo Cruz se destacou para definir rumos para a saúde e a criação de instituições Assim, houve um movimento de reforma sanitária na 1ª república com a liderança de médicos higienistas que alcançou vários resultados: Criação do Departamento Nacional de Saúde Pública (DNSP) em 1920 Lei que regulamentou a criação das Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAPs) que é indicada como o momento inicial da responsabilização do Estado pela assistência médica Porém, as CAPs era de um sistema de empresas grandes públicas e privadas, então os benefícios dependiam das contribuições dos segurados, então basicamente era só para os trabalhadores (urbanos, rurais não) A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA SAÚDE PÚBLICA (VARGAS E REGIME MILITAR) Estado novo O primeiro governo de Vargas é considerado um marco nas políticas sociais do Brasil. Em 1939 é homologada a consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) . Em relaçãoà Previdência Social, as antigas CAPs são substituídas por Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAP) e agora os trabalhadores eram organizados por profissões e não por empresas e também é um componente de assistência médica. Em 1933 criou-se o primeiro Instituto de Aposentadoria e Pensões, o dos Marítimos (IAPM) que trazia benefícios aos associados assistência médica e hospitalar e socorros farmacêuticos Com a promulgação da constituição de 1946 houve marcos institucionais no que tange à Saúde Pública: Criação do Ministério de Saúde em 1953 Implementação da campanha nacional contra a lepra e campanhas no controle de erradicação de doenças, como a malária Governo militar O Sistema Nacional de Saúde no período militar tinha um predomínio financeiro das instituições previdenciárias e pela hegemonia de uma burocracia técnica que atuava no sentido da mercantilização crescente da saúde Nesse período, a Saúde pública foi deixada a segundo plano (por carência de recurso) e se tornou ineficiente com campanhas de baixa eficácia, o que gerou graves consequências para a saúde da população. Os habitantes metropolitanos dessa época viviam em péssimas condições e isso resultava em altas taxas de mortalidade Licensed to Luana Cochlar Bento - luanacochlar@gmail.com Esther Santos - 77 SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE Em 1975 o modelo de saúde previdenciário começa a mostrar suas mazelas (vergonha): Por ter priorizado a medicina curativa, o modelo proposto não solucionou os problemas de saúde coletiva, como as endemias, epidemias e indicadores de saúde Aumento constante dos custos da medicina curativa Diminuição do crescimento econômico, diminuindo as receitas pra esse modelo Incapacidade de atender uma população crescente de marginalizados, sem carteira assinada e contribuição previdenciária, que estavam excluídos do sistema Desvio de verba MOVIMENTO SANITÁRIO Os movimentos sociais da época do Regime Militar tornaram- se mais frequentes e as denúncias sobre as condições caóticas de saúde pública e dos serviços previdenciários de atenção médica eram feitas Nesse contexto, os Departamentos de Medicina Preventiva (DMPs) constituíram a base institucional que produziu conhecimentos sobre a saúde da população e organizou as práticas sanitárias, iniciando o movimento sanitário. Foi nesse período que as ideias da Medicina Social penetraram nos meios acadêmicos O estudo do processo de saúde-doença deixaria de ter foco no indivíduo e passaria para a coletividade (classes sociais e frações) e a distribuição demográfica de saúde e da doença E aí o movimento sanitário foi atuando sob forte pressão contra o regime autoritário, se tornando como uma força política que foi construída a partir de várias contestações ao regime e ele buscou principalmente o exercício das diretrizes que transformam o sistema de saúde Alguns desses projetos no movimento sanitário tornaram-se modelos de serviços oferecidos pelos sistema de saúde, entre eles o Projeto Montes Claros (MOC), que mais tarde iria servir para nortear a proposta do SUS Criação do Conselho Consultivo de Administração da Saúde Previdenciária (CONASP) Criada no contexto de agravamento da crise da Previdência Social, que contava com a diminuição dos benefícios dos aposentados e a diminuição na intervenção da assistência médica na previdência O CONASP então buscou organizar e racionalizar a assistência médica e instituir medicas na área da saúde, criando então as Ações Integradas de Saúde (AIS) que implementou avanços consistentes, como o fortalecimento da rede básica ambulatorial Conclusão Dessa forma, o movimento sanitário promoveu encontros cuja finalidade não se resumia a planejar políticas para a saúde, mas sim de influenciar a adoção dessas políticas NASCIMENTO DO SUS Contexto Em 1985 o Regime Militar chega ao fim e, com a Nova República, as lideranças do movimento sanitário assumem efetivamente posições em pontos-chave nas instituições responsáveis pela política de Saúde no país Nessa nova realidade, em 1986 foi convocada a 8ª Conferencia Nacional de Saúde, o momento mais significativo do movimento pela democratização da saúde em toda a sua história 8ª Conferência Nacional de Saúde Nessa reunião, foram lançados os princípios da Reforma Sanitária e consagrou uma concepção ampliada de saúde e o princípio da saúde como direito universal e como dever do Estado, esses atributos seriam mais tarde plenamente contemplados na CF de 88 Nessa conferência que foi aprovada a criação de um Sistema Único de Saúde, que iria se constituir como um novo arcabouço institucional, com a separação total da saúde em relação à Previdência Criação do SUDS – Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde O SUDS foi o antecedente mais imediato da criação do SUS e ele também tinha como principais diretrizes: o universalização e equidade no acesso aos serviços de saúde, o integralidade dos cuidados assistenciais, o descentralização das ações de saúde o implementação de distritos sanitários Foi um momento marcante porque pela 1ª vez o Governo Federal começou a destinar os recuros para os estados e municípios ampliarem suas redes de serviço, prenunciando a municipalização que viria com o SUS CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 Os assuntos discutidos na 8ª conferência conseguiram chegar até a Assembleia Nacional Constituinte com sua proposta discutida, legitimada e completa, do ponto de vista ideário do movimento sanitário Como resultado das diversas propostas para o campo de saúde apresentadas na Assembleia, a CF de 88 aprovou a Licensed to Luana Cochlar Bento - luanacochlar@gmail.com Esther Santos - 77 SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE criação do SUS, reconhecendo a saúde como um direito a ser assegurado pelo Estado e pautado em princípios: universalidade equidade integralidade descentralização hierarquização e com a participação da população ARCABOUÇO LEGAL DO SUS CONSTITUIÇÃO DE 1988 A constituição cidadã foi um marco na redefinição das prioridades da política de Estado na área de saúde pública Ela define o conceito de saúde que vai depender do acesso a uma série de conjunto de fatores: alimentação, moradia, emprego, lazer, educação etc Artigo 196 – define a universalidade da cobertura do SUS Cita que a saúde é dever do Estado, garantido mediante políticas públicas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos E também é garantido mediante ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para a sua promoção, proteção e recuperação Artigo 197 O SUS faz parte das ações como ‘’relevância pública’’ e vai ser atribuído ao poder público a sua regulamentação, fiscalização e controle das ações e dos serviços de saúde Artigo 198 Fala que o SUS é organizado de acordo com as seguintes diretrizes: descentralização, com direção única em cada esfera de governo atendimento integral participação da comunidade além disso, fala que o SUS será financiado com recursos do orçamento da seguridade social, da União, dos estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de outras fontes Artigo 199 Diz que a assistência à saúde é livre à iniciativa privada, ou seja, as instituições podem participar de forma complementar, tendo preferência às entidades filantrópicas e sem fins lucrativos Também veda todo tipo de comercialização em relação à remoção de órgãos, tecidos e substâncias humanas para fins de transplante, pesquisa, tratamento, coleta, processamento e transfusão de sangue e seus derivados Artigo 200 Traz algumas atribuições do SUS nos termos da lei: controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias executar ações de vigilância sanitária e epidemiológica e de saúde do trabalhador ordenar a formação de recursos humanos fiscalizar e inspecionar alimentospara o consumo humano colaborar na proteção do meio ambiente e etc LEI N. 8080 – LEI ORGÂNICA DA SAÚDE Essa lei regula em todo o território nacional as ações e os serviços de saúde executadas por pessoas naturais ou jurídicas, de direito público e privado, tratanto: da organização, da direção e da gestão do SUSa da definição das competências e atribuições das 3 esferas de governo ( União, estados e Distrito Federal e os municípios) do funcionamento e da participação complementar dos serviços privados de assistência à saúde da política de recursos humanos dos recursos financeiros, da gestão financeira, do planejamento e do orçamento LEI 8142 DE 28 DE DEZEMBRO DE 1990 Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do SUS e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde, entre outros. Ela ainda trata da alocação dos recursos do Fundo Nacional de Saúde, do repasse de forma regular a automática para os municípios, estados e DF O SUS conta em cada esfera de governo com as instancias colegiadas de participação da sociedade A Conferência de Saúde Ficou estabelecida nessa lei que deve haver a cada 4 anos uma Conferência Nacional de Saúde com a representação de vários segmentos sociais para avaliar a situação de saúde e propor diretrizes para formular novas políticas de saúde nos níveis correspondentes O Conselho de saúde Licensed to Luana Cochlar Bento - luanacochlar@gmail.com Esther Santos - 77 SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE Buscam participar da discussão das políticas de saúde, tendo uma atuação independente do Governo onde se manifestam os interesses de diferentes segmentos sociais, possibilitando a negociação de propostas e o direcionamento de recursos para diferentes prioridades A representação dos usuários deverá ser paritária (50%) em relação ao conjunto dos demais segmentos PRINCÍPIOS DOUTRINÁRIOS UNIVERSALIDADE Garantir a saúde para todo e qualquer cidadão, o qual pode ter acesso a todos os serviços públicos de saúde, assim como àqueles contratados pelo poder público EQUIDADE Todo cidadão é igual perante ao SUS e vai ser atendido conforme suas necessidades, até o limite do que o sistema puder oferecer para todos, ou seja, os serviços vão variar de acordo com a complexidade que cada caso requeira INTEGRALIDADE ‘’o homem é um ser integral, biopsicossocial, e deverá ser atendido com essa visão integral por um sistema de saúde que também é integral, voltado para promover, proteger e recuperar sua saúde’’ Ou seja, o cidadão, as ações de promoção proteção e recuperação e as unidades prestadoras de serviços são individíveis, formando um todo integral PRINCÍPIOS ORGANIZATIVOS REGIONALIZAÇÃO E HIERARQUIZAÇÃO Os serviços devem ser organizados em forma crescente de complexidade tecnológica em uma área geograficamente delimitada e com a definição da população a ser atendida Isso vai implicar na capacidade de poder oferecer os serviços para uma população em todas as modalidades de assistência, bem como o acesso a todo tipo de tecnologia disponível, possibilitando um maior grau de solução de problemas O acesso da população se deve dar pelo serviço de nível primário e os demais serão referenciados para os serviços de maior complexidade tecnológica Essa forma de serviço organizada de forma hierarquizada e regionalizada permite um maior conhecimento dos problemas de saúde de determinada população, favorecendo diversas ações em todos os níveis de complexidade vigilância, sanitária, controle de vetores etc RESOLUBILIDADE Quando uma pessoa busca atendimento ou quando tem um problema de impacto coletivo sobre a saúde, o serviço correspondente deve estar capacitado para enfrenta-lo e resolvê-lo até o nível da sua competência DESCENTRALIZAÇÃO Redistribui as responsabilidades entre os vários níveis de governo, pois quanto mais perto do fato a decisão for tomada, mais chance de acertar. O que é da abrangência dos cidadãos responsabilidade dos municípios Dos municípios responsabilidade do governo municipal Do estado ou uma região estadual governo estadual Abrangência nacional governo federal PARTICIPAÇÃO DOS CIDADÃOS É a garantia constitucional que a população, por entidades representativas, podem participar do processo de formulação das políticas de saúde e do controle da sua execução, em todos os níveis, desde o federal até o local Vai se dar nos conselhos de saúde e nas conferências de saúde MAIORES AVANÇOS DO SUS O Brasil é reconhecido internacionalmente como uma referência no setor da saúde, por causa das iniciativas do SUS. Esse setor ainda é um espaço de produção, desenvolvimento, criação de empregos e de riqueza para a nação. Dos muitos resultados, pode-se destacar os principais: Com as ESF conseguiu reduzir muito a mortalidade infantil, a ampliação de consultas do pré-natal, diminuição da desnutrição e ampliação da adesão à vacinação O SAMU (serviço de atendimento móvel) atende mais de 100 milhões de brasileiros e oferece uma resposta rápida à população Principal fornecedor de medicamento O Brasil é um dos mais bem-sucedidos no quesito de programa de imunização do mundo, se constituindo como uma poderosa ferramenta de controle de doenças transmissíveis imunopreveníveis Eliminou sarampo em 2007, interrompeu transmissão da cólera em 2005, da rubéola e transmissão vetorial de chagas Licensed to Luana Cochlar Bento - luanacochlar@gmail.com Esther Santos - 77 SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE MAIORES DESAFIOS DO SUS SUBFINANCIAMENTO São os recursos destinados à operacionalização e ao financiamento do SUS, que fica muito abaixo das necessidades Essa insuficiência é sentida pelos trabalhadores da ESF principalmente quando há a necessidade de se acessar os outros níveis de maior complexidade do sistema, cuja oferta sempre ficam abaixo das demandas AS INSUFICIÊNCIAS DA GESTÃO LOCAL DO SUS A gestão municipal é idealizada pelo projeto da Reforma Sanitária como a mais eficaz, porque estaria ‘’mais próxima dos cidadãos’’ e mais sensível aos seus anseios, porém o SUS sofre com essa falta de gestão A baixa resolutividade da rede básica de serviço é fruto dessa gestão desqualificada e tem havido muita dificuldade de produção de alternativas de cuidado ao modelo biomédico. E isso tem resultado de encaminhamentos desnecessários e excessivos as filas de espera Também há uma deficiência na formação dos profissionais da saúde, que ainda é muito centrada nas práticas curativas hospitalares e possuem dificuldade em trabalhar em equipe, implementar atividades de promoção e prevenção em saúde e ter uma postura mais ética com os usuários do SUS UNA-SUS UNIFESP CONASS 2011 – Coleção para entender a gestão do SUS CONASS 2003 – Legislação do SUS ABC do SUS, doutrinas e princípios, Ministério da Saúde 1990 Políticas públicas de saúde: Sistema Único de Saúde, UNA- SUS UNIFESP Licensed to Luana Cochlar Bento - luanacochlar@gmail.com Esther Santos - 77 ATENÇÃO INTEGRAL DA SAÚDE NÍVEIS DE COMPLEXIDADE O ministério da saúde, buscando organizar e hierarquizar o sistema por meio da implantação de redes assistenciais de saúde, estabeleceu critérios de classificação e hierarquização dos serviços em ordem crescente de complexidade e agregação tecnológica NÍVEL 1 – ATENÇÃO PRIMÁRIA De acordo com a Política Nacional de Atenção Básica, a atenção básica é um conjunto de ações de saúde, no campo individual ou coletivo, que abrange a promoção, a proteção de saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde A atenção primária é o primeiro nível de atenção à saúde no SUS, ou seja, o contato preferencial dos usuários que se orienta por todos os princípios, inclusive a integralidade, mas emprega tecnologia de baixa densidade: Como procedimentosmenos complexos, que são capazes de atender a maior parte dos problemas comuns de saúde da comunidade Infraestrutura necessária: equipe multiprofissional (médico, enfermeiro, cirurgião-dentista, auxiliar de consultório dentário/téc. Em higiene dental, auxiliar/téc. de enfermagem, agente comunitário da saúde etc Áreas de atuação: eliminação da hanseníase, controle da HAS, saúde da criança, da mulher, bucal, controle da tuberculose, controle de DM, eliminação da desnutrição infantil etc OBSERVAÇÕES Possui garantia de fluxos de referência e contrarreferência com os serviços especializados, de apoio diagnóstico, terapêutico, ambulatorial e hospitalar Cabe à gestão municipal e tem a Saúde da Família como principal estratégia NÍVEL 2 – MÉDIA COMPLEXIDADE É composta por ações e serviços para atender os proglemas e agravos de saúde, cuja complexidade da assistência na prática demande da disponibilidade de profissionais especializados e a utilização de recursos tecnológico para o apoio diagnóstico e tratamento Tem uma relação com o Sistema de Informações ambulatoriais (SIA) NÍVEL 3 – ALTA COMPLEXIDADE Os procedimentos irão envolver alta tecnologia e alto custo, fornecendo para a população o acesso a serviços qualificados e integrando eles aos demais níveis de atenção à saíde As principais áreas da alta complexidade estão organizadas em ‘’redes’’ Na maior parte da história esses serviços foram contratados/conveniados juntos aos serviços de saúde Licensed to Luana Cochlar Bento - luanacochlar@gmail.com Esther Santos - 77 ATENÇÃO INTEGRAL DA SAÚDE (privados com fins lucrativos, filantrópicos ou universitários) conforte a oferta dos pretadores Seu acesso para a população sempre dependeu da procura espontânea e voluntária dos pacientes, o que dificulta a alocação racional de serviços e equipamentos de saúde, criando desigualdades regionais que ainda não foram resolvidas DIFICULDADES Inexistência de determinados procedimentos em uma região Incapacidade de atender à demanda Insuficiência de recursos financeiros REGIONALIZAÇÃO É uma diretriz do SUS, deve orientar a descentralização das ações e serviços de saúde e os processos de negociação e pactuação entre gestores O SUS adotou a regionalização para estender os serviços de saúde a uma maior parcela da população, com vários níveis de atenção espalhados estrategicamente pelo território Dificuldade: integrar e coordenar os serviços em diferentes espaços geográficos (requer sistemas de informação) Contexto da adoção da regionalização Os investimentos para comprar e dar manutenção nos equipamentos e contratar mão de obra especializada são altos, por isso fica inviável que todos os municípios disponham de recursos capazes para atender toda a demanda de serviços de saúde da sua população, considerando os vários níveis de complexidade Para tentar diminuir esse problema, o SUS adotou a regionalização dos serviços de saúde como uma metodologia para estender esses serviços para mais pessoas Principalmente no Brasil, a gestão territorial deve levar em conta as grandes distâncias e problemas sociais decorrentes. Por isso, para a população carente, é importante que os serviços sejam ofertados numa distância que viabilize seu deslocamento pensando no risco da população não buscar esses serviços (recursos financeiros para o deslocamento) Principais instrumentos Os principais instrumentos de planejamento da regionalização são: - O Plano Diretor de Regionalização (PDR) estabelecido pelo NOAS/01 - o Plano Diretor de Investimentos (PDI) - Programação Pactuada e Integrada da Atenção à Saúde (PPI) instituído pelo NOB 01/96 e baseado no PDR NORMAS OPERACIONAIS BÁSICAS (NOB’s) Com a declaração da Lei Orgânica da Saúde outro desafio se apresentava: construir um caminho no sentido de padronizar ações típicas de um sistema único em um país continental com grande diversidade regional, para melhor implementar esse sistema Dessa forma, na década de 1990 o governo federal edita sucessivas NOB’s a fim de instruir e regular a nova organização do sistema, cujos conteúdos abrangem: Definir as formas de transferência de recursos Definir as modalidades de pagamento dos serviços de saúde Instruir o processo de descentralização e de construção de uma rede de serviços Definir os tipos de assistência (básica, média e alta complexidade) NOB 1993 Iniciou o processo de descentralização da gestão de saúde. Teve o objetivo de fortalecer o papel dos municípios, principalmente ao primeiro nível de atenção, mas teve pouca adesão NOB 1996 Acelerou o processo de descentralização, por meio da redefinição das responsabilidades dos municípios, estados, do DF e da União Além disso, nesse NOB houve a proposta da elaboração da PPI Houve uma tentativa de ‘’aperfeiçoamento da gestão dos serviços de saúde e na organização do sistema, visto que o município passou a ser responsável pelo atendimento das necessidades e das demandas de saúde de sua população, além das exigências de intervenções saneadoras em seu território Problema Porém, nesse momento não se conseguiu uma organização dos municípios em caráter complementar, devido a uma falha na norma que implantou o NOB 96 Licensed to Luana Cochlar Bento - luanacochlar@gmail.com Esther Santos - 77 ATENÇÃO INTEGRAL DA SAÚDE A falha foi porque a norma enfatizou a aplicação de um novo modelo de atenção baseada na atenção básica e na indução da descentralização, mas foi ineficiente na reorganização regional dos municípios NORMA OPERACIONAL DA ASSISTÊNCIA SAÚDE (NOAS-SUS) Em face aos problemas do NOB 96, houve um processo de discussão entre gestores, que resultou na publicação do NOAS NOAS 01/01 É a lei que efetivamente normatiza o sistema de regionalização Objetivo: promover maior equidade na destinação de recursos e no acesso da população às ações e serviços de saúde em todos os níveis Instituiu o PDR como instrumento de ordenamento da regionalização da assistência nos estados e no DF, baseado nos objetivos de definição de prioridades de intervenção coerentes com a necessidade da população e garantia de acesso dos cidadãos a todos os níveis de atenção à saúde NOAS 01/02 Assegura as diretrizes organizativas definidas pela NOAS 01/01 e procura oferecer alternativas necessárias à superação das dificuldades e impasses oriundos da dinâmica concreta de sua implementação Objetivo: os mesmos do NOAS 01/01, porém por meio de 3 grupos de estratégias articuladas: Regionalização e organização da assistência Fortalecimento da capacidade de gestão do SUS Revisão de critérios de habilitação de municípios e estados Esse NOAS estabelece o comando único sobre os prestadores de serviços de média e alta complexidade Também fortalece a gestão dos estados sobre as referências intermunicipais, para acompanhamento da população não residente que busca atendimento no município de referência PLANEJAMENTO REGIONAL O PDR e o PPI irão nortear a programação e a destinação dos recursos financeiros, a identificação e o reconhecimento das regiões de saúde, além dos recursos de investimentos necessários no processo de planejamento regional e estadual PLANO DIRETOR DE REGIONALIZAÇÃO (PDR) Estabelecido pelo NOAS 01, tem como função organiza de forma regionalizada e hierarquizada a assistência à saúde a elaboração deverá conter: Desenhos das redes regionalizadas de atenção em saúde Recursos de investimentos para atender as necessidades regionais Contemplar as necessidades da área da vigilância em saúde O PDR nasce da pactuação entre os gestores municipais e servirá como subsídio para a elaboração do PPI, que dará efetividade ao que foi pactuado OBJETIVOS DA REGIONALIZAÇÃO Garantir acesso, resolutividade e qualidade às ações e serviços de sapude Garantir o direito à saúde, reduzir as desigualdades sociais e territoriais e promover a equidade Garantir a integralidade na atenção à saúde, por meio da organização de redes de atenção à saúde integradas Licensed to Luana Cochlar Bento - luanacochlar@gmail.com Esther Santos - 77 ATENÇÃO INTEGRAL DA SAÚDE Potencializar o processo de descentralização, fortalecendo a gestão pelos estados e municípios, organizando as demandas nas diferentes regiões Racionalizar os gastos e otimizar os recursos CRITÉRIOS PARA CONSTITUIR REGIÕES Contiguidade intermunicipal Existência de identidade social/econômica/cultural entre esses municípios Existência de um transporte e de comunicação entre os municípios e as regiões Avaliar a disponibilidade de recursos humanos, físicos, equipamentos e insumos para cada região Após definir as regiões, deve-se estabelecer a abrangência das ações e serviços e a responsabilidade dos gestores do SUS. Dessa forma, o Pacto pela Saúde propõe: Território municipal desenvolva todas as ações e serviços de atenção primária à saúde e ações básicas de vigilância em saúde Microrregiões promova serviços especializados Macrorregião de saúde promova serviços especializados de maior densidade tecnológica MODELO DE REGIONALIZAÇÃO Para a adequação do modelo de regionalização às diretrizes preconizadas pelo Plano de Govero, em 2003 foi estabelecida uma divisão: MUNICÍPIO Base territorial de planejamento da atenção primária à saúde, sendo preferencialmente organizada e ofertada por meio de equipes de PSF MICRORREGIÃO DE SAÚDE Base territorial de planejamento da atenção secundária à saúde Possui capacidade de oferta de serviços ambulatoriais e hospitalares de média complexidade e alguns de alta complexidade Deve ser constituída por um conjunto de municípios adjacentes, com certa de 150 mil habitantes adscritos a um município de maior porte (município polo) com oferta mais ampla do elenco proposto para o nivel micro MACRORREGIÃO DE SAÚDE Base territorial de planejamento da atenção terciária à saúde que engloba microrregiões de saúde em função da possibilidade de oferta e acesso a serviços ambulatoriais e hospitalares de alta complexidade nos termos da Tabela do Ministério de Saúde A abrangência deve ser macrorregional, para uma população de 1,5 milhão de habitantes MUNICÍPIO POLO É aquele que exerce força de atração sobre os outros, por sua capacidade atual e potencial de equipamentos urbanos e fixação de recursos humanos especializados PROGRAMAÇÃO PACTUADA E INTEGRADA (PPI) Instituído pelo NOB - 01/96 Instrumento de gestão por meio do qual (baseado no PDR) se programam as ações que serão realizadas A PPI traduz as responsabilidades de cada ente gestor do sistema, com a garantia de acesso da população aos serviços de saúde (pela oferta no município ou pelo encaminhamento a municípios de referência), buscando a equidade da distribuição dos recursos e da organização da rede que deve ser regionalizada e resolutiva Cada município deve ter a sua programação das ações que irá executar pra depois negociar com os outros gestores a programação das ações que serão referenciadas, conforme o PDR Por isso, o gestor municipal deve conhecer as necessidades dos habitantes e quantidades de usuários que serão atendidos no município e aqueles que serão encaminhados para atendimento de referência, conhecendo as especialidades profissionais e recursos tecnológico demandados Licensed to Luana Cochlar Bento - luanacochlar@gmail.com Esther Santos - 77 ATENÇÃO INTEGRAL DA SAÚDE PRINCIPAIS OBJETIVOS: Estimular o processo de planejamento e programação integrada entre gestores municipais e estaduais Orientar a organização do sistema de saúde e das redes de referência, de acordo com as necessidades Explicitar os fluxos de referências intermunicipais, acordados entre os gestores Orientar a distribuição de recursos financeiros por necessidade de saúde e prioridades estabelecidas entre os gestores, superando a lógica de destino de recursos orientada pela oferta de serviços Orientar a alocação de recursos entre municípios para o custeio da assistência ambulatorial e hospitalar ATENÇÃO INTEGRAL A CF de 88, Art 198 ‘’atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais’’ e também definiu que a saúde é direito de todos e dever do Estado Sendo um dos princípios do SUS, o sistema deve estar preparado para compreender o ser humano em sua condição integral, ou seja: ouvir o usuário, entendê-lo inserido em seu contexto social e partir daí atender suas demandas e necessidades A integralidade como eixo prioritário de uma política de saúde, ou seja, ela que concretiza a saúde como questão de cidadania, significa compreender seu modo de operação por 2 movimentos recíprocos a serem desenvolvidos pelos sujeitos no processo organizativo: 1. A superação de obstáculos 2. Implantação de inovações no cotidiano dos serviços de saúde, nas relações entre os níveis de gestão do SUS e nas relações destes com a sociedade ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE É uma estratégia frente à necessidade de concepção de um novo modelo para a saúde, tendo como um dos segmentos fortes a atenção primária e a ênfase na medicina preventiva É necessário fortalecer e qualificar a atenção primária garantindo, assim, a promoção da saúde e a prevenção aos agravos evitáveis REFERÊNCIAS CONASS 2011: Assistência de Média e Alta complexidade Integralidade em saúde, Roseni Pinheiro. Fiocruz 2009 Ministério da Saúde 2002: Regionalização da assistência à saúde: aprofundando a descentralização com equidade no acesso Plano diretor de regionalização da saúde de Minas Gerais, Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, Belo Horizonte 2011 NOAS: Houve impacto para o SUS? Silvana Souza e Marcus Vinicius, Revista de Direito Sanitário 2004 Licensed to Luana Cochlar Bento - luanacochlar@gmail.com Esther Santos - 77 ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE E RAS CONCEITO DE ATENÇÃO PRIMÁRIA O CONASS define a APS como: Conjunto de intervenções de saúde no campo individual ou coletivo, envolvendo: promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação É o contato preferencial dos usuários com o sistema de saúde Essas intervenções são realizadas em territórios (território processo) bem delimitados, que são responsabilidade das equipes de saúde, as quais devem desenvolver práticas gerenciais, sanitárias, democráticas e participativas para a população A APS utiliza tecnologias de elevada complexidade e baixa densidade, que devem resolver os problemas de saúde mais importantes e que aparecem com maior frequência nas populações A APS deve considerar o sujeito em sua singularidade, complexidade, sociocultural, e buscar a promoção e prevenção de sua saúde, bem como o tratamento da doença e a redução dos danos associados a ela Para Bárbara Starfield, a APS é definida como: Nível de um sistema de serviços de saúde que: Oferece a entrada no sistema Fornece atenção sobre a pessoa, não direcionada para a enfermidade Coordena ou integra a atenção fornecida em outro lugar ou por terceiros CONTEXTO HISTÓRICO DA APS 1920, Grã-Bretanha Foi divulgado um ‘’texto oficial’’ que falava da organização do sistema de serviços de saúde, que distinguia 3 níveis principais: centros de saúde primários, secundários e hospitais-escola Essa formulação foi a base para o conceito de regionalização: organização do serviço para responder aos níveis de necessidade de saúde da população. 1977, 30ª reunião da Assembleia Mundial de Saúde Instituiu a declaração ‘’saúde para todos no ano 2000’’ que impactou o pensamento a respeito da atenção primária Os princípios foram enunciados na conferência de Alma Ata e trataram da atenção primáriaà saúde, que foi definida como: ‘’primeiro nível de contato dos indivíduos no sistema de saúde, baseado em tecnologia e métodos práticos, cientificamente comprovados e socialmente aceitáveis, universalmente acessível a indivíduos e famílias’’ Essa conferência especificou ainda mais que os componentes fundamentais da APS eram: Saúde, saneamento ambiental, programas de saúde materno-infantis, imunizações e planejamento familiar, prevenção de doenças endêmicas, medicamentos, promoção de boa nutrição etc PRÍNCIPIOS OU ATRIBUTOS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA De acordo com Starfield (2002), a APS deve ser orientada pelos seguintes princípios: 1º contato; longitudinalidade; integralidade; coordenação; abordagem familiar; enfoque comunitário PRIMEIRO CONTATO A APS deve ser a porta de entrada, isto é, o ponto de mais fácil acesso ao usuário para o sistema de serviços de saúde. Esse acesso é importante na redução da morbidade e mortalidade e pode ser classificado em: Sócio-organizacional São as barreiras que facilitam ou atrapalham os esforços dos cidadãos de chegarem ao atendimento Geográfico Envolve características relacionadas à distância e ao tempo para alcançar e obter os serviços A acessibilidade pode ser analisada através da Disponibilidade a obtenção da atenção necessária ao usuário e sua família Comodidade tempo de espera para o atendimento, a forma de agendar, o conforto do ambiente etc Aceitabilidade satisfação do usuário em relação a localização, aparência do serviço e os profissionais do atendimento A LONGITUDINALIDADE É a relação pessoal de longa duração entre os profissionais de saúde e os usuários nas suas unidades de saúde, independente do problema de saúde, se é que ele exista Traz diversos benefícios: menor uso dos serviços, melhor atenção preventiva, menos hospitalizações e custos menores INTEGRALIDADE DA ATENÇÃO Licensed to Luana Cochlar Bento - luanacochlar@gmail.com Esther Santos - 77 ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE E RAS Exige que a APS reconheça a necessidade da população e preste serviço a essas necessidades, que devem ser atendidas em outros pontos de atenção. É importante porque assegura que os serviços sejam ajustados às necessidades de saúde da população, para isso, é necessário: Diagnóstico adequado da população adscrita O atendimento pela UBS, prevenção de doenças e agravos, restauração e manutenção da saúde A organização das redes de atenção à saúde (RAS) para poder prestar atendimento para as outras necessidades que tiver COORDENAÇÃO É um desafio para os profissionais e equipes da APS pois nem sempre possuem acesso às informações dos atendimentos dos usuários realizados em outros pontos de atenção e, portanto, há a dificuldade de viabilizar a continuidade do cuidado Então precisa de informação sobre os problemas de saúde e os serviços prestados, os prontuários clínicos e eletrônicos e os sistemas informatizados ajudam nesse ponto A CENTRALIZAÇÃO NA FAMÍLIA A equipe de saúde tem que conhecer a situação de saúde e os problemas dos membros da família que estão adscritos, no caso, para o MS a família é todo mundo que vive sob o mesmo teto, ligadas por laço de parentesco, dependência doméstica ou normas de convivência (incluindo empregado doméstico, pensionista e agregados) As equipes são responsáveis pelo acompanhamento de um número definido de famílias, localizadas em uma área geográfica delimitada Permite a criação de um vínculo com o usuário e sua família, facilitando a aceitação da investigação e da intervenção, quando for necessário ORIENTAÇÃO COMUNITÁRIA Faz-se necessário No Brasil, os agentes comunitários de saúde reforçam a orientação comunitária e possibilitam um maior vinculo equipe- comunidade Também diz respeito ao envolvimento da comunidade na tomada de decisão em todos os níveis de atenção, feito por conselhos e conferências de saúde (lei 8142) PAPEL DA ESF NA CONSOLIDAÇÃO DA APS A APS, ao ser obrigatoriamente a porta de entrada para o sistema de assistência (pois é o primeiro atendimento), servirá ao mesmo tempo como um nível próprio de atendimento. A ESF (estratégia de saúde da família) representa a primeira tentativa de reformulação do modelo de APS. Ou seja, a ESF é um alargamento da APS, em direção a incorporação de práticas preventivas, educativas e curativas mais próximas do cotidiano da população O modelo de APS na ESF, pressupõe 4 embasamentos fundamentais: Globalidade, continuidade, longitudinalidade (maior conhecimento da população da área de abrangência) e o vínculo É importante que a ESF contribua para o desenvolvimento dos sistemas locais de saúde, promovendo a APS de boa qualidade. EQUIPE DA ATENÇÃO PRIMÁRIA Segundo a PNAB, deve haver equipes multiprofissionais (ESF) composta por, no mínimo Medico generalista, ou especialista em saúde da família, ou médico de família e comunidade Enfermeiro Auxiliar/tec. De enfermagem Agentes comunitários Podem ser acrescentados a essa composição os profissionais de saúde bucal: Cirurgião-dentista Auxiliar e/ou técnico em saúde bucal ATRIBUIÇÕES DO MÉDICO Licensed to Luana Cochlar Bento - luanacochlar@gmail.com Esther Santos - 77 ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE E RAS ATRIBUIÇÕES DO ENFERMEIRO ATRIBUIÇÕES DO AUXILIAR E DO TÉC. ENFERMAGEM ATRIBUIÇÕES DO AGENTE COMUNITÁRIO ATRIBUIÇÕES DO CIRURGIÃO DENTISTA Licensed to Luana Cochlar Bento - luanacochlar@gmail.com Esther Santos - 77 ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE E RAS ATRIBUIÇÕES DO TÉCNICO EM SAÚDE BUCAL (TSB) ATRIBUIÇÕES DO AUXILIAR EM SAÚDE BUCAL (ASB) REDES DE ATENÇÃO EM SAÚDE – CONCEITO É uma integração em todos os níveis de assistência, para observar os níveis de forma integrada e não de forma isolada. As redes foram definidas pelo MS em 2010 como: Arranjos organizativos de ações e serviços de saúde, de diferentes densidades tecnológicas, que integradas por sistema de apoio técnico, logístico e gestão, buscam garantir a integralidade do cuidado Os objetivos de uma RAS são melhorar a qualidade da atenção, a de vida dos usuários, os resultados sanitários, a eficiência na utilização dos recursos e a equidade em saúde Assim, as RAS possuem características principais, tais como: Organizadas de forma integral o Levando a ações de promoção de saúde e de prevenção, cura, cuidado, reabilitação ou paliação das doenças Formação de relações horizontais entre os pontos de atenção Ou seja, não há hierarquia entre os pontos de saúde, mas sim uma conformação em horizontal de pontos de atenção com Licensed to Luana Cochlar Bento - luanacochlar@gmail.com Esther Santos - 77 ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE E RAS diferentes densidades tecnológicas e seus sistemas de apoio, sem ordem e grau de importância entre eles Atenção básica como centro de comunicação o Centralidade nas necessidades de saúde da população o Responsabilização por uma atenção contínua e integral o Cuidado multiprofissional O compartilhamento de objetivos e de compromissos com resultados sanitários e econômicos No processo de implantação das RAS, é importante observar alguns aspectos: Definição clara da população e do território Diagnóstico situacional Articulação do público privado Criação de um sistema logístico e de suporte Investimento em pessoas/equipes Criação de um sistema de regulação e governança para o funcionamento da rede RELAÇÃO COM A ATENÇÃO BÁSICA A atenção básica deve cumprir algumas funções para contribuir com o funcionamento das RAS: Ser resolutiva, ser base, coordenar o cuidado e ordenar as redes RELAÇÃO COM A ATENÇÃO PRIMÁRIA Possuem a singularidade de seus centros de comunicação situarem-se na APS e constituiem-se de 3 elementos fundamentais: Uma população Uma estrutura operacional Modelo de atenção à saúde TEMÁTICAS PRIORIZADAS NAS RAS 1. Rede cegonha estruturada com o pré-natal, parto, nascimento e puerpério 2. Rede de Urgência e Emergência UBS, UPA, Samu e outros serviços 3. Rede de Atenção Psicossocial prioridade para o enfretamento do álcool, crack, e outras drogas 4. Rede de cuidado à pessoa com deficiência 5. Rede de atenção às doenças e condições crônicas PAPEL DA ESF NAS REDES DE ATENÇÃO À SAÚDE A integração das equipes de ESF na RAS é uma condição especial para que as equipes possam exercer seu papel de responsabilização sanitária mediante a população de um território-área Mesmo com a capacidade de resolubilidade da APS (85%), o fluxo dos usuários aos pontos de atenção dos outros níveis é imprescindível para o papel integrador da ESF e na continuidade do acompanhamento dos usuários É necessário que para isso, existam os sistemas logísticos, fortemente ancorados nas tecnologias de informação, que garantem: Organização racional dos fluxos e contrafluxos de informações Organização dos produtos e pessoas nas RAS, permitindo um sistema eficaz de referência e contrarreferência das pessoas ao longo dos pontos de atenção à saúde SISTEMAS DE REFERÊNCIA E CONTRARREFERÊNCIA O usuário atendido na UBS, quando necessário é referenciado (encaminhado) para uma unidade de maior complexidade, a fim de receber o atendimento que precisa. Quando o atendimento dessa necessidade é finalizado, o mesmo paciente deve ser contrarreferenciado, ou seja, o profissional deve encaminhar esse paciente para sua unidade de origem para que a continuidade do atendimento seja feita REFERÊNCIAS PNAB – Ministério da Saúde, Brasília DF 2012 Atenção primária: equilíbrio entre as necessidades de saúde, serviços e tecnologia. Bárbara Starfield 2002 Trabalho de conclusão de Curso - Contribuição da Estratégia de Saúde da Família para a consolidação do modelo assistencial preconizado pelo SUS, Elenice Pinheiro Santos 2011 As Redes de Atenção à Saúde, Eugenio Vilaça Mendes, Brasília DF 2011 Licensed to Luana Cochlar Bento - luanacochlar@gmail.com VIGILÂNCIA EM SAÚDE VIGILÂNCIA EM SAÚDE A vigilância é a observação contínua da distribuição e da tendência da incidência de doenças, mediante coleta de dados e avaliação de informes de morbidade e mortalidade Objetivo: observar e analisar permanentemente a situação de saúde da população, utilizando de ações destinadas a controlar os determinantes, riscos e danos à saúde de populações que vivem em determinados territórios também, garantindo a integralidade da atenção OBJETIVOS ESPECÍFICOS Identificar novos problemas de saúde pública e detectar epidemias Documentar a disseminação de doenças Estimar a magnitude da morbidade e mortalidade causados por determinados agravos Identificar fatores de riscos que envolvem a ocorrência de doenças Avaliar o impacto de medidas de intervenção por meio de coleta e análise de informações do agravo Como buscar a integralidade da vigilância com a atenção à saúde Visando a integralidade do cuidado, ela deve se inserir na construção das RAS, coordenadas pela atenção primária É obrigatório a integração entre a vigilância em saúde e a AP, com o desenvolvimento de um trabalho condizente com a realidade local, tendo por diretrizes: Além disso, outro aspecto fundamental é o cuidado integral com a saúde das pessoas por meio da promoção da saúde As ações são voltadas para a Alimentação saudável Prática de atividade física Controle do tabagismo Redução da morbimortalidade em decorrência do uso do álcool e etc Como fortalecer as ações de vigilância em saúde junto com as equipes de saúde da família Uma das estratégias é a incorporação do agente de combate às endemias (ACE) sendo agregadas ações como controle ambiental, endemias, zoonoses e controle de riscos e danos à saúde COMPONENTES DA VIGILÂNCIA EM SAÚDE A portaria n3252 / 2009 ampliou ações denominadas de vigilância em saúde, buscando a descentralização das ações: Vigilância epidemiológica É um conjunto de ações que proporciona o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes da saúde individual/coletiva, a fim de se recomentar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos Tem como funções: coleta de processamento de dados, análise e interpretação desses dados, divulgação de informações, recomendações e promoção das medidas de controle indicadas etc Promove a vigilância e controle das doenças transmissíveis, não transmissíveis e agravos Vigilância da situação de saúde Faz o monitoramento contínuo de determinado local, por meio de estudos e análises que revelem o comportamento dos principais indicadores de saúde, contribuindo para um planejamento em saúde mais abrangente Vigilância em saúde ambiental Visa conhecer, detectar ou prevenir qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes do ambiente que podem interferir na saúde Também recomenta a adoção de medidas de prevenção e controle dos fatores de risco, priorizando a vigilância da qualidade da água, ar e solo, desastre de origem natural, substâncias químicas, fatores físicos e ambiente de trabalho Vigilância em saúde do trabalhador São várias atividades destinadas à promoção e proteção, recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores que são submetidos aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho Licensed to Luana Cochlar Bento - luanacochlar@gmail.com VIGILÂNCIA EM SAÚDE Vigilância sanitária Várias ações que são capazes de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e intervir nos problemas sanitários do meio ambiente, a produção e circulação de bens e na prestação de serviços de interesse da saúde VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA O SUS incorporou o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SNVE) na lei 8080, que definiu ela como: ‘’conjunto de ações que proporciona o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes da saúde individual/coletiva, a fim de se recomentar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos’’ FUNÇÕES ESPECÍFICAS Propósito: fornecer orientação técnica permanente para os profissionais da saúde, que possuem a responsabilidade de decidir sobre a execução de ações de controle de doenças e agravos. Assim, VE torna disponíveis informações atualizadas sobre essas ações, assim como os fatores que as condicionam, numa área geográfica ou população definida A sua operacionalização compreende um ciclo de funções específicas e intercomplementares, que permitem conhecer o comportamento da doença ou agravo selecionado como alvo das ações, para que as medidas de intervenção possam ser desencadeadas com oportunidade e eficácia COLETA DE DADOS E INFORMAÇÕES Para se cumprir as funções da VE, vai depender da disponibilidade de dados que sirvam para ajudar no processo de produção de informação para a ação. A qualidade dessa informação vai depender principalmente da adequada coleta de dados gerado no local onde ocorre o evento sanitário A informação vai ser um instrumento poderoso capaz de auxiliar no planejamento, avaliação, manutenção e aprimoramento das ações TIPOS DE DADOS Os dados e informações que alimentam o SVE são: Todos esses dados devem ser reunidos, analisados e apresentados na forma de informes técnicos que serão distribuídos para pessoas que necessitem conhecer os resultados das atividades da vigilância, para fins de prevenção e controle de agravos importantes para a saúde pública BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO É uma publicação de caráter técnico-científico, formato eletrônico, mensal ou semanal para os casos de monitoramento e investigação de doenças específicas sazonais, e editado pela secretaria de vigilância emsaúde É um instrumento de vigilância para promover a disseminação de informações qualificadas, com potencial para contribuir com a orientação em saúde pública no país Licensed to Luana Cochlar Bento - luanacochlar@gmail.com VIGILÂNCIA EM SAÚDE NOTIFICAÇÃO É a comunicação da ocorrência de determinada doença ou agravo à saúde, feota à autoridade saitária por profissionais de saúde ou qualquer cidadão, para fins de adoção de medidas de intervenção pertinentes Historicamente, tem sido a principal fonte da vigilância sanitária, a partir da qual, na maioria das vezes, desencadeia o processo de informação-decisão-ação Os dados sobre as doenças de notificação compulsória são incluídos no sistema nacional de agravos notificáveis (SINAN). Só devem ser coletados dados para efetiva utilização no aprimoramento das ações de saúde, sem sobrecarregar os serviços com preenchimento desnecessário de formulários PARÂMETROS DE INCLUSÃO DE DOENÇAS E AGRAVOS A escolha das doenças obedece a alguns critérios, por isso essa lista é revisada constantemente, tanto em função da situação epidemiológica da doença, como pela emergência de novos agentes Além da notificação compulsória, o sistema de vigilância epidemiológica pode denifir doenças e agravos como de notificação simples. O SINAN é o principal instrumento de coleta dos dados de notificação compulsória CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES A partir da notificação compulsória à vigilância epidemiológica, os órgãos competentes tomam medidas importantes de promoção, prevenção, proteção e controle Um exemplo disso é a notificação de casos suspeitos e confirmados de SARS COV-2-COVID-19, com as informações que são gerados dados para entender o estado epidemiológico da doença e levantar medidas para contê-la A notificação é imprescindível para a saúde pública e está em consonância com o SUS, deixar de notificar, não só descumpre a lei como compromete a tomada de decisão para intervenções em saúde, prejudicando a garantia de saúde à população LISTA NACIONAL DE NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA Licensed to Luana Cochlar Bento - luanacochlar@gmail.com VIGILÂNCIA EM SAÚDE SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE AGRAVOS DE NOTIFICAÇÃO (SINAN) É o mais importante para a vigilância epidemiológica. Foi desenvolvido entre 1990-1993 para tentar sanar as dificuldades do sistema de notificação compulsória de doenças (SNCD) e substitui-lo, o SINAN é para ser operado a partir das Unidades de Saúde, considerando o objetivo de coletar e processar dados sobre agravos de notificação, em todo território nacional, desde o nível local É alimentado principalmente pela notificação e investigação de casos de doenças e agravos, que constam na lista nacional de notificação compulsória Além disso, a entrada de dados no SINAN é feita mediante a utilização de alguns formulários padronizados: Ficha individual de notificação (FIN) Preenchida para cada paciente, e é encaminhada pelas unidades assistenciais aos serviços responsáveis pela informação e/ou vigilância epidemiológica Este mesmo instrumento é utilizado para notificação negativa Notificação negativa É a notificação da não ocorrência de doenças de notificação compulsória, na área de abrangência da unidade de saúde. Indica que os profissionais e o sistema de vigilância da ária estão alertas, para a ocorrência de tais eventos Ficha individual de investigação (FII) É um roteiro de investigação, distinto para cada tipo de agravo, que deve ser usado de preferência pelos serviços municiais de vigilância ou unidades de saúde capacitadas para a investigação epidemiológica. Permite obter dados que possibilitam a identificação da fonte de infecção e mecanismos de transmissão da doença Outros Constam ainda nesse sistema planilha e boletim de acompanhamento de surtos (reproduzidos pelos municípios) e os boletins de acompanhamento de Hanseniase e tuberculose (emitidos pelo próprio sistema) OPERAÇÃO A partir da alimentação do banco de dados do SINAN, pode- se calcular a incidência, prevalência, letalidade e mortalidade, além de realizar análises de acordo com as características de pessoa, tempo e lugar, principalmente em relação às doenças transmissíveis de notificação obrigatória. VIGILÂNCIA SANITÁRIA De acordo com a Lei Orgânica da Saúde (lei 8080), a vigilância sanitária é: Função principal: reconhecer as interações que se estabelecem entre conjunto heterogêneo de coisas e o território, as implicações que trazem para o modo de vida e trabalho da sociedade e, sobretudo, identificar e avaliar os riscos para se antecipar à ocorrência de danos e fazer prevalecerem os interesses e o bem-estar da sociedade CRIAÇÃO DA ANVISA A lei n.9782/1999 define o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária e cria a ANVISA, criada para: CAMPOS DE ATUAÇÃO Podemos dividir o campo de atuação em 3 grandes áreas: Licensed to Luana Cochlar Bento - luanacochlar@gmail.com VIGILÂNCIA EM SAÚDE Produtos: alimentos, bebidas e águas minerais Medicamentos, cosméticos, agrotóxicos e produtos para a saúde Serviços de saúde e serviços de interesse da saúde AÇÕES DESENVOLVIDAS PELA VIGILÂNCIA SANITÁRIA Para cumprir seu objetivo de proteger a saúde da população, é necessário que a VS desenvolva um amplo conjunto de ações, usando diferentes instrumentos REFERÊNCIAS Diretrizes nacionais da vigilância em saúde – Ministério da Saúde, 2010 Vigilância em saúde parte 1 – CONASS 2011 Vigilância em saúde parte 2 – CONASS 2011 Guia de Vigilância Epidemiológica 7ª edição – Ministério da Saúde 2009 Licensed to Luana Cochlar Bento - luanacochlar@gmail.com Esther Santos - 77 MEDICINA E PESQUISA CONCEITO DE PESQUISA CIENTÍFICA É um procedimento reflexivo e sistemático, controlado e crítico, que permite descobrir novos fatos ou dados, relações ou leis, em qualquer campo do conhecimento É um procedimento formal, com método de pensamento reflexivo e se constitui como um caminho para conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais O desenvolvimento de um projeto de pesquisa compreende 6 passos: PREPARAÇÃO DA PESQUISA 1. DECISÃO Momento que o pesquisador decide realizar a pesquisa, por interesse próprio, de alguém ou de alguma entidade, como o CNPq (conselho nacional de desenvolvimento científico e tecnológico) Exige dedicação, paciência, persistência etc 2. ESPECIFICAÇÃO DOS OBJETIVOS O objetivo deve ser determinado para saber o que se vai procurar e o que se pretende alcançar, claramente definido. Respondem às perguntas: Porque, pra que e pra quem 3. ELABORAÇÃO DE UM ESQUEMA Depois de decidir fazer uma pesquisa, deve-se pensar em um esquema que facilite sua viabilidade, auxiliando o pesquisador a conseguir uma abordagem mais objetiva, imprimindo uma ordem lógica do trabalho Planejar o estudo, a obtenção de recursos materiais, humanos e de tempo 4. CONSTITUIÇÃO DA EQUIPE DE TRABALHO Recrutar pessoas para distribuir tarefas, indicação de locais de trabalho e todo o equipamento necessário, porém a pesquisa pode ser realizada por 1 pessoa só também. Responde a pergunta ‘’quem’’ 5. LEVANTAMENTO DE RECURSOS E CRONOGRAMA Quando a pesquisa é solicitada por alguém ou vai ser patrocinada por alguma entidade, o pesquisador deve fazer uma previsão dos gastos, fazendo um orçamento necessário Também deve-se estipular um cronograma Responde as perguntas: quanto e quando FASES DA PESQUISA 1. ESCOLHA DO TEMA É selecionar um assunto de acordo com as inclinações, as possibilidades e as tendências de quem se propõe a elaborar um trabalho cientifico Licensed to Luana Cochlar Bento - luanacochlar@gmail.com Esther Santos - 77 MEDICINA E PESQUISA Deve ser executável e adequado para a pessoa, como a disponibilidade do tempo, o interesse, as qualificações pessoais (formação universitária)e etc Deve ser preciso, bem determinado e especifico Pergunta: o que será explorado 2. LEVANTAMENTO DE DADOS Podem ser utilizados Pesquisa bibliográfica apanhado geral sobre os principais trabalhos relacionados com o tema disponíveis na literatura Pesquisa documental Contatos diretos, pesquisa de campo ou de laboratório realizados com pessoas que fornecem dados que vão ser informações úteis 3. FORMULAÇÃO DO PROBLEMA Responde às perguntas o que e como Deve ser claro, conciso e objetivo para facilitar na construção da hipótese central É um processo contínuo de pensamento reflexivo e sua formulação requer conhecimentos prévios do assunto, aliado à imaginação Um problema mais delimitado, simplifica e facilita a investigação do que um problema muito amplo Antes de ser considerado apropriado, o problema deve ser analisado sob o aspecto de sua valoração: 4. DEFINIÇÃO DOS TERMOS O objetivo principal é tornar os termos claros, compreensivos e adequados, não podem ser ambíguos e nem causar dúvidas nem confusão de ideias O pesquisador está mais interessado no conceito que as palavras indicam do que elas em si mesmas 5. CONSTRUÇÃO DE HIPÓTESES É uma suposição que antecede a constatação dos fatos, correta ou errada, de acordo ou contrária ao senso comum, a hipótese sempre conduz uma verificação empírica A função dela na pesquisa é propor explicações para os certos fatos e ao mesmo tempo orientar a busca de outras informações É necessário que haja um embasamento teórico para que ela possa servir de guia na investigação Os resultados finais da pesquisa poderão comprovar ou rejeitar essas hipóteses e se isto acontecer, elas podem ser reformuladas e fazer outros testes para que ela seja comprovada 6. INDICAÇÃO DE VARIÁVEIS Todas as variáveis que podem interferir ou afetar o objeto em estudo, devem ser não só levadas em consideração como serem devidamente controladas, para impedir o comprometimento ou o risco de invalidar a pesquisa 7. DELIMITAÇÃO DA PESQUISA Ela pode ser delimitada em relação ao Assunto, à extensão e a uma série de fatores (meios humanos, econômicos e de escassez de prazo) Após escolher o assunto, o pesquisador pode decidir ou pelo estudo de todo o universo da pesquisa ou sobre uma amostra. A amostragem consiste em obter um juízo sobre o total (universo), mediante um exame de apenas uma parte, pois nem sempre dá para pesquisar todos os indivíduos do grupo por causa da escassez de recursos ou tempo 8. AMOSTRAGEM Uma parcela selecionada da população 9. SELEÇÃO DOS MÉTODOS E TÉCNICAS Diretamente relacionada com o problema a ser estudado e a escolha vai depender natureza dos fenômenos da pesquisa, o objeto da pesquisa, os recursos financeiros, a equipe humana e outros elementos Utiliza-se todos os métodos e técnicas que são viáveis, apropriados e necessários para o caso Licensed to Luana Cochlar Bento - luanacochlar@gmail.com Esther Santos - 77 MEDICINA E PESQUISA 10. ORGANIZAÇÃO DO INSTRUMENTAL DE PESQUISA As obras sobre pesquisa cientifica no geral oferecem esboços práticos que servem de orientação na montagem de formulários, questionários, roteiro de entrevistas, etc Também é necessário preparar não só os instrumentos de observação, mas também o dossier de documentação relativo à pesquisa pastas, cadernos, fichários etc 11. TESTE DE INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS Elaborados os instrumentos de pesquisa, deve-se testar eles sobre uma parte da amostra, antes de ser aplicado definitivamente, a fim de evitar que a pesquisa chegue a um resultado falso O objetivo é verificar em até que ponto os instrumentos conseguem garantir resultados sem erros Em geral, é suficiente realizar a mensutação em 5 ou 10% do tamanho da amostram dependendo do numero absoluto dos processos mensurados ETAPAS DE EXECUÇÃO DA PESQUISA 1. COLETA DE DADOS É a etapa em que aplica os instrumentos elaborados e técnicas que foram selecionadas, a fim de efetuar a coleta de dados previstos É fundamental que haja um rigoroso controle na aplicação dos instrumentos da pesquisa para evitar erros e defeitos resultantes de entrevistadores inexperientes ou de informantes tendenciosos 2. ELABORAÇÃO DOS DADOS Após a coleta de dados, eles são elaborados e classificados de forma sistemática. Aqui eles devem seguir os passos: Seleção verificação crítica dos dados, a fim de detectar falhas ou erros Codificação técnica operacional usada para categorizar os dados que se relacionam (transformar qualitativo em quantificativo) Tabulação disposição dos dados em tabela, facilitando a verificação das inter-relações entre eles (permite sintetizar os dados de observação e representar graficamente) 3. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS A análise (ou explicação) é a tentativa de evidenciar as relações existentes entre o fenômeno estudado e outros fatores é realizada em três níveis: interpretação, explicação e especificação Na análise o pesquisador entra em maiores detalhes sobre os dados estatísticos, para que ele consiga respostas às suas indagações Já a interpretação é a atividade intelectual que procura dar um significado mais amplo às respostas, vinculando-as a outros conhecimentos. Na interpretação pode ser feita a construção de tipos, modelos e esquemas ou uma ligação com a teoria 4. REPRESENTAÇÃO DOS DADOS: TABELAS, QUADROS E GRÁFICOS É bom pra auxiliar na apresentação dos fados, facilitando o leitor a compreender e interpretar os dados. Porém, o maior propósito é ajudar o investigador na distinção das diferenças, semelhanças e relações Quando mais simples for, mais claro e mais objetivo ficam as ideias Tabela construída usando dados obtidos pelo próprio pesquisador Quadro elaborado tendo por base dados secundários, obtidos de fontes como o IBGE, livros, revistas etc 5. CONCLUSÕES Explicita os resultados finais, considerados relevantes e elas devem estar vinculadas à hipótese de investigação, cujo conteúdo foi comprovado ou refutado Licensed to Luana Cochlar Bento - luanacochlar@gmail.com Esther Santos - 77 MEDICINA E PESQUISA Ao se redigirem as conclusões, os problemas que ficaram sem solução serão apontados, para que no futuro possam ser estudados pelo próprio autor ou por outros IMPORTÂNCIA DA PESQUISA CIENTÍFICA NA FORMAÇÃO E PRÁTICA MÉDICA Todos os alunos possuem acesso ao conhecimento geral, porém o destaque as melhores qualificações, devido ao progresso da medicina e ao montante de novas informações, são daqueles que buscam saber mais sobre o ser humano, podendo utilizar a pesquisa científica para obter tais informações A qualidade da graduação é diretamente proporcional à geração e ao domínio do conhecimento A produção cientifica é fundamental para a evolução da medicina, pois ela possibilita descobertas importantes no campo da saúde a constatação de melhores evidencias para se estabelecer diagnósticos e tratamentos mais precisos Destaca-se alguns benefícios em participar em projetos de IC Habilidade de trabalhar em grupo Capacidade de organizar e delegar tarefas Enriquecimento do próprio currículo Maturidade intelectual Essencial para uma futura prática clínica adequada de uma medicina baseada em evidencias, minimizando as chances de erros do profissional TIPOS OU DESENHOS DE ESTUDOS Os estudos epidemiológicos podem ser classificados em observacionais ou experimentais Estudos observacionais Permitem que a natureza determine o seu curso: o investigador mede, mas não intervém Por exemplo, um estudo observacional descritivo de 4 homens jovens com uma rara forma de pneumonia foi o primeiro entre vários estudos epidemiológicos sobre AIDS Estudos experimentais ou de intervenção Envolvem a tentativa de mudar os determinantes de uma doença, como uma exposição ou comportamento,ou até mesmo cessar o progresso de uma doença através de tratamento ESTUDOS OBSERVACIONAIS 1. ESTUDOS DESCRITIVOS Limita-se descrever a ocorrência de uma doença em uma população, sendo frequentemente o 1º passo de uma investigação epidemiológica É a simples descrição do estado de saúde de uma comunidade a partir de dados coletados rotineiramente (2º) ou diretamente por questionários específicos (1º) Ex: estudo que apresenta o padrão de mortalidade materna na suécia desde a metade do sec XVIII 2. ESTUDO ANALÍTICO Aborda com mais profundidade as relações entre o estado de saúde e as outras variáveis 3. ESTUDOS ECOLÓGICOS São uteis para gerar hipóteses, vão ser analisadas grupos de pessoas ao invés de indivíduos Podem ser feitos comparando-se populações em diferentes lugares ao mesmo tempo, ou comparando a mesma população em diferentes momentos Ex: foi encontrada uma associação entre a média de vendas de drogas antiasmáticas e a ocorrência de um número elevado de óbitos por asma em diferentes províncias da nova zelandia 4. ESTUDOS TRANSVERSAIS Medem prevalência da doença, a questão chave é saber se a exposição precede ou é consequência do efeito Licensed to Luana Cochlar Bento - luanacochlar@gmail.com Esther Santos - 77 MEDICINA E PESQUISA São baratos, fáceis de conduzir e úteis na investigação das exposições que são características individuais fixas (como grupo étnico e sanguíneo) Permitem avaliar as necessidades em saúde de uma população, sendo usado em planejamento em saúde 5. ESTUDOS DE CASOS E CONTROLE São frequentemente usados para tentar determinar as causas de uma doença, incluindo pessoas com a doença e um grupo controle (comparação) que são pessoas sem a doença Finalidade: quantificar fatores que ocorram com maior ou menos frequência nos casos do que nos controles Também são chamados de retrospectivos pois o investigador busca, no passado, uma determinada causa (exposição) para a doença ocorrida Ex: registros médicos de pessoas com a doença são comparados com os de pessoas com características similares (idade e sexo) mas que não tenham a condição a ser investigada 6. ESTUDO DE COORTE Também chamados de longitudinais ou de incidência Objetivo: ver o surgimento de novos casos de doença (ou outro desfecho), que difere entre os grupos, conforme a presença ou não de exposição Fornecem informação sobre a etiologia das doenças e o risco de desenvolvê-la, são também usados para investigar efeitos crônicos ou tardios São prospectivos (coletam dados atuais) mas podem ser retrospectivos, quando recolhem exposições no passado Difere do caso-controle porque reúne 2 ou mais grupos de pessoas e os acompanha longitudinalmente no tempo, partindo da exposição e indo ao encontro do desfecho Ex: a coorte de pacientes com um numero importante de fatores de risco para doença cardiovascular é reunida ao mesmo tempo com uma coorte de pessoas controle que não tenham tais fatores. Ambos são acompanhados prospectivamente por um período de tempo antes que os resultados sejam determinados ESTUDOS EXPERIMENTAIS Envolvem a tentativa (intervenção) de mudar os determinantes de uma doença, como exposição ou comportamento ou cessar ela por um tratamento Os efeitos de uma intervenção são medidos através da comparação do desfecho nos grupos experimental e controle São sujeitos a uma serie de restrições pois envolvem intervenção na saúde das pessoas, sendo o consentimento informado dos pacientes obrigatório e a nenhum deles pode-se negar o tratamento apropriado 1. ENSAIO CLÍNICO RANDOMIZADO (ALEATORIZADOS) Ele estuda os efeitos de uma intervenção em particular Pessoas selecionadas aleatoriamente (por sorteio) são alocados para os grupos de intervenção e controle (o que garante comparabilidade) e os resultados são avaliados comparando-se os desfechos entre esses grupos Para a elaboração, deve-se estabelecer o duplo-cego (nem pacientes nem cuidadores devem saber a que estudo o paciente está submetido) ou triplo cego (quem avalia as estatísticas também não sabe) Licensed to Luana Cochlar Bento - luanacochlar@gmail.com Esther Santos - 77 MEDICINA E PESQUISA 2. ENSAIOS DE CAMPO Envolve pessoas que estão livres da doença (em contraste com os ensaios clínicos), mas sob risco de desenvolver ela, os dados são coletados ‘’no campo’’, usualmente entre pessoas da população geral não institucionalizadas Propósito: prevenir ocorrência de doenças mesmo entre populações que apresentam baixa frequência, e esses ensaios envolvem muitas pessoas, o que os tornam caro e logisticamente complicados Um dos maiores já realizados foi para testar a vacina Salk para prevenção da poliomielite, que envolveu mais de 1M de crianças Ex: teste para diferentes métodos para proteção a exposição de pesticida, medida de chumbo sérico em crianças etc 3. ENSAIOS COMUNITÁRIOS Os grupos de tratamento são comunidades ao invés de indivíduos, sendo apropriado para doenças que se originam a partir de condições sociais e que possam ser influenciadas por intervenções dirigidas ao comportamento Ex: doenças cardiovasculares, campanhas de prevenção de AIDS, fluoretação da água... estudo para avaliar impacto de programa de intervenção MEDICINA BASEADA EM EVIDÊNCIAS Um dos maiores desafios da prática da AP é manter-se adequadamente atualizada, considerando a quantidade cada vez maior de informações disponíveis A área da saúde não é uma ciência exata, por causa desse dinamismo há a necessidade do profissional da saúde e também dos laboratórios se manterem atualizados com o que há de melhor em termos de evidências científicas MBE é uma ferramenta muito usada na prática clínica atualmente, que se traduz no uso consciente das melhores evidencias disponíveis (na literatura) para tomada de decisão tanto na pratica clinica como para a implantação de políticas públicas de saúde É uma designação atribuída à atividade que avalia cientificamente a eficácia e a efetividade das intervenções de saúde É comum que os profissionais de saúde adotem práticas que julguem eficazes porque as aprenderam na faculdade ou com outro profissional, mas sem base cientifica comprovada, e é por isso que existem tantas condutas divergentes entre eles Exemplo: alguns serviços de saúde seguem utilizando lugol e ácido acético no rastreamento de câncer de colo de útero por meio do Papanicolau, porém ambos são desnecessários, visto que o padrão-outo é a avaliação citopatológica do material colhido O uso da BEM exige a compreensão dos seguintes pressupostos Os profissionais devem usar, quando possível, informações provenientes de estudos sistemáticos, de forma a aumentar a confiança no prognóstico, na eficácia da terapia e na utilidade dos testes diagnósticos A compreensão da fisiopatologia da doença é necessária, mas insuficiente para a prática clínica A compreensão de determinadas regras de evidência é necessária para avaliar e aplicar de forma efetiva a literatura médica, ou seja, saber avaliar um estudo IMPORTÂNCIA DA MEDICINA BASEADA EM EVIDÊNCIAS A principal vantagem está e proporcionar ao profissional da saúde a tomada de decisões de forma segura e que é embasada no que há de melhor em termos científicos do momento Isso em detrimento à intuição ou viés de comportamento, seja do profissional ou da instituição onde ele atua Licensed to Luana Cochlar Bento - luanacochlar@gmail.com Esther Santos - 77 MEDICINA E PESQUISA A chance de fracasso, de erros médicos, é reduzida se o profissional estiver embasado em trabalhos com poder epidemiológico e estatístico elevados EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS CONCEITO Uma evidência cientifica é o conjunto de elementos utilizados para apoiar ou refutar uma hipótese ou teoria científica Deve ser uma evidencia empírica obtida e interpretada de acordo com o método científico portanto,é passível de repetição por outros pesquisadores Os padrões das evidencias podem variar de acordo com o campo de pesquisa, mas a força de uma evidencia é geralmente baseada nos resultados das análises estatísticas e no controle científico COMO AVALIAR UM ESTUDO Para responder as dúvidas clínicas na APS, é necessário obter a melhor evidencia disponível, e idealmente, as respostas para essas duvidas deveriam ser respondidas por revisões sistemáticas e metaanálises, ou por ensaios clínicos de alta qualidade Diariamente, são publicados centenas e milhares de artigos científicos e o profissional da saúde deve saber escolher e ranquear os trabalhos com base no seu nível de evidência Os estudos experimentais, principalmente os ensaios clínicos controlados e randomizados (aleatorizados), são os mais apropriados para avaliar o quão adequada é uma intervenção Na tentativa de se uniformizar a avaliação dos estudos científicos sobre as intervenções, foram criadas escalas de qualidade desses estudos, conforme a classificação do Centro de Oxford para Medicina Baseada em evidências A qualidade das evidencias foi classificada em 5 niveis, então o nivel de evidencia pode variar de 1 (maior) e 5 (menor) Dentre os níveis, existe uma variação interna que vai de A-D, que reflete a credibilidade científica da pesquisa Por exemplo, se a pesquisa for categorizada no nível 1-A o estudo é bem adequado, se for nível 1-D, significa que o delineamento do estudo contém falhas e a confiança nos resultados deve ser questionada DESFECHOS Também é válido ressaltar que existem vários tipos de desfechos medidos pelos estudos e ensaios clínicos que Licensed to Luana Cochlar Bento - luanacochlar@gmail.com Esther Santos - 77 MEDICINA E PESQUISA podem gerar confusão, levando a práticas inapropriadas ou contraindicadas Para os profissionais da saúde, o que interessa é saber se os pacientes submetidos às intervenções vão viver mais e melhor Por isso, divide-se de maneira didática os estudos entre os que focam em desfechos intermediários e os desfechos finais DOE – DISEASE ORIENTED EVIDENCE Evidencia orientada à doença Abordam desfechos intermediários, como a redução do colesterol, da pressão, dos níveis de TSH, do controle de arritima etc São importantes principalmente no contexto da pesquisa e não deveriam influenciar a mudança na prática diária no sentido da tomada de decisões e adoção de novas tecnologias ou medicamentos Por isso, elas podem ser enganosas: níveis de TAGS não quer dizer um problema imediato POEM – PATIENT ORIENTED EVIDENCE THAT MATTERS Evidência de que tem importância para o paciente É importante para a prática médica e para o paciente, pois medem o impacto da intervenção em termos de redução de mortalidade, de custos para o paciente, de tempo de internação, de ganho em qualidade de vida etc São estudos que tentam responder a perguntas clínicas PROTOCOLOS CLÍNICOS Protocolos são instrumentos empregados pelos serviços diante de problemas a serem superados, ou diante da necessidade de se organizar melhor as ações. Eles orientam fluxos, condutas e procedimentos clínicos na área da saúde. Além disso, promovem uma padronização das condutas médicas, auxiliando na uniformização dos tipos de tratamento para determinado diagnostico Podem ser adotados pelas instituições hospitalares para a padronização de atendimentos Podem ser usados como material educativo para os profissionais da saúde, como auxilio administrativo para os gestores, como parâmetro de boas práticas assistenciais e como documento de garantia de direito aos usuários do SUS Os protocolos devem ser instrumentos claros e objetivos com orientações relevantes ao cuidado constituídos de recomendações baseadas em evidências de acordo com a realidade local, a fim de modificar o processo de trabalho das equipes de saúde Exemplos: Alguns que são adotados em hospitais brasileiros são os de o Pneumonia, cefaleia, infarto, ou aqueles voltados ao tratamento de pacientes que sofreram queda durante a internação PROTOCOLOS CLÍNICOS E DIRETRIZES TERAPÊUTICAS Além dos protocolos clínicos, existem os PCDT que são elaborados pelo ministério da saúde, eles são documentos que possuem como objetivo garantir melhor cuidado à saúde do paciente São feitos individualmente para cada tipo de doença e fornecem informações e dados seguros de como se proceder quanto ao diagnostico, tratamento, controle e acompanhamento dos pacientes São documentos oficiais do SUS que estabelecem: Critérios para o diagnóstico de uma doença ou agravo à saúde Tratamento preconizado, incluindo medicamentos e demais tecnologias apropriadas Posologias recomendadas Cuidados com a segurança dos doentes Mecanismos de controle clínico São sempre elaborados por equipes técnicas do MS e baseados em dados confiáveis com qualidade científica, o que permite nortear a equipe no atendimento médico Licensed to Luana Cochlar Bento - luanacochlar@gmail.com Esther Santos - 77 MEDICINA E PESQUISA REFERÊNCIAS Fundamentos da metodologia científia, Marina de Andrade Marconi e Eva Maria Lakatos – 5ª edição Epidemiologia básica, R. bonita, R. Beaglehole e T.Kjellstrom – 2ª edição A importância da iniciação científica na graduação de medicina – Pirola, Sarah, Padilha, Jadna et al – 2018 Caderno 29 da Atenção Primária – rastreamento – 2010 Trabalho de Conclusão de Curso: Construção, composição e implantação de protocolos clínicos nas ações de atenção primária – Jocely Márcia de Araújo 2011 Licensed to Luana Cochlar Bento - luanacochlar@gmail.com