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Olhos Verdes de Gonçalves Dias

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Olhos verdes
Neste poema, Gonçalves Dias trata dos sentimentos 
desencadeados no eu lírico ao contemplar 
os olhos verdes de uma mulher.
 O texto a seguir refere-se às questões de 6 a 8.
São uns olhos verdes, verdes, 
Uns olhos de verde-mar,
Quando o tempo vai bonança;
Uns olhos cor de esperança, 
Uns olhos por que morri;
Que ai de mi!
Nem já sei qual fiquei sendo
Depois que os vi!
Como duas esmeraldas, 
Iguais na forma e na cor, 
Têm luz mais branda e mais forte, 
Diz uma — vida, outra — morte;
Uma — loucura, outra — amor.
Mas ai de mi!
Nem já sei qual fiquei sendo
Depois que os vi!
São verdes da cor do prado, 
Exprimem qualquer paixão, 
Tão facilmente se inflamam, 
Tão meigamente derramam
Fogo e luz do coração;
Mas ai de mi!
Nem já sei qual fiquei sendo
Depois que os vi!
[...]
Dizei vós, ó meus amigos, 
Se vos perguntam por mi, 
Que eu vivo só da lembrança
De uns olhos cor de esperança, 
De uns olhos verdes que vi!
Que ai de mi!
Nem já sei qual fiquei sendo
Depois que os vi!
Dizei vós: Triste do bardo!
Deixou-se de amor finar!
Viu uns olhos verdes, verdes, 
Uns olhos da cor do mar:
Eram verdes sem esp’rança,
Davam amor sem amar!
Dizei-o vós, meus amigos, 
Que ai de mi!
Não pertenço mais à vida
Depois que os vi!
DIAS, Gonçalves. Últimos cantos. In: Poesia e prosa completas. 
Organização de Alexei Bueno. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1998. p. 409-410.
(Fragmento).
 5. O poema mostra um conflito entre duas formas de beleza feminina. 
Quais são elas e de que maneira cada uma é apresentada?
Percebe-se, no poema, a valorização de um certo padrão de beleza ff
em função do contexto cultural em que é ambientado. Explique.
Finar: morrer.
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 6. O eu lírico se apaixona por uma mulher depois de ver seus olhos 
verdes. Que efeitos esse fato tem sobre ele? Explique. 
 7. A referência à beleza da amada é feita com base na cor de seus olhos. 
Que recurso o poeta utiliza para caracterizá-los?
a) Que elementos do poema indicam que o sofrimento do eu lírico já 
estava anunciado nos olhos da amada? Explique por quê. 
b) Quem afirma no poema: “Eram verdes sem esp’rança” e por quê?
 8. Em todas as estrofes do poema há um mesmo refrão, com pequenas 
alterações. Transcreva-os no caderno.
a) A que tipo de poesia a presença do refrão nos remete?
b) O uso do refrão permite identificar uma certa influência literária 
na lírica de Gonçalves Dias que a distingue das outras obras desse 
autor. Que influência seria essa? Por que ela revela uma diferença 
em relação à produção indianista do autor? 
Jogo de ideias
Neste capítulo, você viu que a produção da primeira geração român-
tica se consagrou pela construção de um discurso da nacionalidade, 
exaltando os elementos constitutivos de nosso país. Nos textos desse 
período, a natureza e a figura do índio foram alçadas à condição de 
símbolos de uma nação que se consolidava. Também a nossa pátria foi 
cantada com a força de um sentimento poderoso: a saudade. Ao longo 
dos anos, muitas foram as visões do Brasil, apresentadas em prosa e 
verso, e, certamente, inúmeras delas são ecos desse momento inicial 
de “redescoberta” e constituição da pátria brasileira. Na atualidade, é 
possível encontrar textos e canções que revelam aspectos do nosso 
país que permitem identificar as diferentes formas como, hoje, alguns 
artistas veem o Brasil. 
Para compreender melhor como os poetas românticos viram (e 
idealizaram) a nossa pátria e como, atualmente, o nosso país é visto 
por poetas e compositores, vocês deverão, em equipe, organizar um 
sarau cultural em que sejam lidos e interpretados textos e canções 
que apresentem diferentes visões do Brasil. Para cumprir essa tarefa, 
vocês deverão seguir os passos abaixo:
selecionar (em livros, antologias ou na internet) textos român-ff
ticos que retratem diferentes aspectos relacionados à nossa 
nacionalidade (a figura do índio, a natureza, a saudade da terra 
natal, etc.); 
selecionar textos e canções contemporâneos que retratem os ff
mesmos aspectos relacionados à nossa nacionalidade e que 
permitam a identificação de uma imagem clara do nosso país 
na atualidade; 
fazer a leitura dos textos e/ou a interpretação das canções selecio-ff
nadas para o público presente. Lembrem-se de que é necessário 
usar uma entonação adequada para garantir uma boa interpre-
tação dos textos e canções apresentados; 
apresentar, ao final da leitura de cada texto ou da interpretação de ff
uma canção, uma breve síntese e/ou explicação sobre a visão 
de Brasil presente nele(a).
Conteúdo digital 
Moderna PLUS
http://www.modernaplus.com.br
Tema animado: Romantismo 
no Brasil: primeira geração.
Material complementar Moderna PLUS http://www.modernaplus.com.br
Palavra de Mestre: Luiz Roncari.
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A tradição da
 
Canção do exílio
Minha terra tem macieiras da Califórnia
onde cantam gaturamos de Veneza.
[...]
Eu morro sufocado
em terra estrangeira.
Nossas flores são mais bonitas
nossas frutas mais gostosas
mas custam cem mil réis a dúzia.
Ai quem me dera chupar uma carambola de verdade
e ouvir um sabiá com certidão de idade!
 MENDES, Murilo. In: MORICONI, Italo (Org.). Os cem melhores 
poemas brasileiros do século. 
Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. p. 33. (Fragmento).
O exílio dentro 
da própria pátria
Muitos outros escritores brasileiros recriaram 
os versos da primeira “Canção do exílio”. Durante o 
Modernismo, a reflexão sobre a verdadeira identidade 
nacional motivará inúmeras releituras dos versos do 
poeta romântico. Dentre elas, destaca-se a de Murilo 
Mendes, que trata do sentimento de exílio dentro do 
primeira geração romântica: 
as canções do exílio
.
Canção do exílio
Oh! mon pays sera mes amours
Toujours.
 Chateubriand 
Eu nasci além dos mares:
 Os meus lares,
Meus amores ficam lá!
— Onde canta os retiros
 Seus suspiros,
Suspiros o sabiá! [...]
ABREU, Casimiro de. As primaveras. 
Organização e prefácio de Vagner Camilo. 
São Paulo: Martins Fontes, 2002. p. 15. (Fragmento).
Goethe: a inspiração
Fortemente influenciados pelo nacionalismo que 
caracteriza a estética romântica, os poetas passam 
a cantar as qualidades de sua terra natal e o amor à 
pátria, inspirados pelos versos de Goethe. A descrição 
que o escritor alemão faz de um país idealizado, para 
onde o eu lírico deseja ir, será a inspiração para o 
poema de Gonçalves Dias, que inaugura, na literatura 
brasileira, a tradição das canções do exílio.
Os ecos imediatos da 
primeira “Canção do exílio”
No momento em que nasce a literatura român-
tica brasileira, o poema de Gonçalves Dias será a 
referência literária do nacionalismo e do sentimen-
to de saudade que predomina entre os exilados. O 
impacto de seu poema será tão grande que poetas 
como Casimiro de Abreu, da segunda geração, se 
inspirarão nele.
 HEADE, M. Natureza morta com uma orquídea e um par de 
beija-flores. c. 1890s. Óleo sobre tela, 40,6 3 35,6 cm.
próprio país, dor que acomete os brasileiros sufoca-
dos pela influência estrangeira. Os versos de Murilo 
Mendes expressam o desejo pelo retorno da nação 
que se perdeu. 
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