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Literatura - Moderna Plus-928-930

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sem documento). O Brasil sugerido na letra da música é um 
país cheio de contrastes: as celebridades da época (Cláudia 
Cardinale, famosa atriz de cinema) dividem espaço nas 
bancas de jornais com as notícias de crimes e da resistência 
política (guerrilha). As várias imagens apresentadas revelam 
a agitação cultural e política do momento em que a música 
foi composta.
 Texto para análise 709 
 1 Possibilidades: “Pronome pessoal”, “intransferível”, 
“agora/presente”, “desferrolhado indecente”, “vidente”. 
> Podemos dizer que elas indicam que o eu lírico se 
define como alguém único (pronome pessoal e in-
transferível), que vive o agora (“agora / presente”), 
é livre (“desferrolhado”) e tem consciência do seu 
caminho (“vidente”). 
 2 Como uma constatação do eu lírico sobre si mesmo e 
também uma aceitação de quem ele é. Não há expli-
cações “metafísicas” sobre o indivíduo: ele é quem é, 
resultado do momento presente, das suas vivências e 
de suas escolhas. Não é o que gostariam que ele fosse, 
ou o que poderia ser, mas o que é.
 a) Com essa repetição, o eu lírico enfatiza a própria 
identidade e as características que o definem, sem 
que seja necessário explicá-las ou entendê-las: ele 
é como é, sem máscaras, sem segredos, alguém que 
tem consciência de si mesmo e se aceita assim. 
 b) Pela associação dos termos “agora” e “nesta hora”, 
que enfatizam a definição do eu lírico no presente, 
aos versos “sem grandes segredos dantes / sem 
novos secretos dentes”. Nesses versos, o eu lírico 
reforça a ideia de um homem que é construído pelo 
momento em que vive e não por fatos secretos do 
passado ou do futuro. 
 3 O termo “vidente”, normalmente, indica alguém capaz 
de “ver” o passado, profetizar o futuro, isto é, saber com 
antecedência aquilo que ainda não se realizou ou não 
aconteceu. 
 a) Poderíamos dizer que, no poema, o termo tem o 
mesmo significado. O eu lírico afirma, com essa 
expressão, sua capacidade de prever seu caminho, 
sua trajetória de vida. 
 b) A relação entre a palavra “vidente” e esses versos é 
a “visão” ou a consciência que o eu lírico tem de seu 
destino. Ao definir-se como “vidente” no momento 
presente, o eu lírico reforça o seu “conhecimento” 
sobre a fatalidade que marca a sua existência, a sua 
certeza sobre o seu fim. Poderíamos dizer, também, 
que ele aceita esse “destino” como consequência de 
suas opções de vida. Por isso, vive “tranquilamente 
todas as horas do fim”. 
 4 Possibilidade: a escolha de Torquato Neto pode indi-
car o desejo de contestar a tentativa de explicar ou 
comprovar racionalmente a vida, a existência, ou as 
pessoas. 
> Ao declarar que “é como é” repetidas vezes, o eu 
lírico afirma a sua existência sem apresentar razões 
lógicas ou coerentes para isso. Ele não é, nesse sen-
tido, fruto de uma reflexão sobre si mesmo ou não 
é definido pela sua capacidade de pensar. O que o 
define é a sua existência: “eu sou, logo existo”. O 
eu lírico tem consciência absoluta da própria exis-
tência e de que ela é determinada não pelo fato de 
“pensar”, mas de “vivenciar” o mundo à sua volta 
e “viver” o presente, com a certeza do seu fim. 
 5 O poema, ao tratar da definição do eu lírico como 
único e intransferível, revela o desejo de não se ater a 
moldes preconcebidos, de não aceitar rótulos sociais 
ou culturais. Nesse sentido, reflete a postura “revolu-
cionária” dessa geração, que queria a liberdade acima 
de tudo, a experimentação em todos os níveis, que 
buscava a ruptura com tudo aquilo que representasse 
o comum, o tradicional, e até mesmo as “heranças” 
do passado. Além disso, o verso final revela a ideia de 
que a existência deve ser vivida com a consciência de 
seus limites e também em seus limites, como fez o 
próprio Torquato. 
 Texto para análise 713 
 1 No plano da alucinação, Alaíde encontra-se com 
Madame Clessi e relata a ela como ficou sabendo da 
história da prostituta e como conseguiu o diário em 
que foram registrados os acontecimentos da vida 
dessa mulher. No plano da memória, lembra-se da 
conversa dos pais sobre Madame Clessi quando a 
família se mudou para a casa que pertencia a ela. 
 2 Madame Clessi é apresentada como uma mulher 
elegante do início do século (“elegância antiquada de 
1905”), espartilhada, usando chapéu de plumas. Foi 
assassinada e o crime foi muito noticiado na época. 
A referência aos objetos pertencentes a ela e encon-
trados pelos pais de Alaíde (as ligas e o espartilho 
cor-de-rosa) sugere que ela era uma prostituta. A fala 
dessa personagem indica que ela teve fama e dinheiro.
 a) Espera-se que o aluno perceba que a atitude da 
Mãe é de preconceito. Quer queimar os pertences 
de Madame Clessi. Seu comentário é de leve indig-
nação, como se dissesse “Minhas filhas morando 
na casa de uma prostituta!”.
 b) Alaíde fica sabendo da história de Madame Clessi 
quando se muda, com seus pais, para a casa que 
fora dela. No sótão são encontrados os objetos que 
lhe pertenciam. Antes que os pais os queimem, a 
jovem resgata o diário de Madame Clessi e fica 
conhecendo detalhes de sua vida, que comple-
menta com os recortes de jornais da época lidos 
na Biblioteca. 
 c) O fato de Madame Clessi ter sido assassinada antes 
que Alaíde soubesse de sua existência. 
 d) O primeiro é denominado plano da alucinação, 
porque corresponde a fatos que não ocorreram na 
realidade: são projeções da mente de Alaíde em que 
ela se encontra com a prostituta do início do século 
que já está morta. O plano da memória refere-se 
às lembranças da vida de Alaíde, fragmentos de 
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conversas que ela presenciou (como o diálogo entre 
os pais sobre Madame Clessi) antes do acidente que 
a deixou em coma. 
 3 O trecho começa no plano da alucinação, com o encon-
tro entre Alaíde e Madame Clessi. Então, esse plano de-
saparece para dar lugar ao plano da memória, quando 
a jovem relembra a conversa dos pais; depois, o plano 
da alucinação retorna, com a retomada da conversa 
entre Alaíde e a prostituta. 
> A última fala de Alaíde, no primeiro momento em 
que o plano da alucinação é apresentado, sugere a 
mudança de plano (“Deixe eu me recordar como foi... 
Já sei!”). Associada a essa fala, ocorre a alteração da 
luz, indicada pelo trecho entre parênteses (as mar-
cações de cena): o plano da alucinação se apaga e o 
da memória se acende. Além disso, os pais entram 
em cena e a conversa entre eles indica que se trata 
de um momento passado. O mesmo ocorre depois 
de Alaíde se lembrar da conversa dos pais: nesse 
instante, apaga-se o plano da memória, a luz volta 
ao plano da alucinação. 
 4 a) Pelo questionamento de Alaíde sobre o motivo de 
estar ali, conversando com Madame Clessi, e pela 
afirmação da moça de que algo que tinha acontecido 
em sua vida a levara até ali.
 b) Ficamos sabendo como ela soube da existência de 
Madame Clessi e que é casada com um rapaz cha-
mado Pedro. Também tomamos conhecimento de 
uma moça chamada Lúcia, de quem a protagonista 
não se lembra, e da sensação de Alaíde de estar 
sendo ameaçada.
 c) O fato de Madame Clessi ser uma personagem do 
plano da alucinação já é um dos elementos que 
permitem perceber o caráter psicológico da peça. 
Além disso, esse plano e o da memória se passam 
no subconsciente de Alaíde, o que também revela 
esse caráter. 
 5 “Clessi (forte) — Quer ser como eu, quer? / Alaíde (veemen-
te) — Quero, sim. Quero. / Clessi (exaltada, gritando) — Ter a 
fama que eu tive. A vida. O dinheiro. E morrer assassina-
da?”. A figura de Madame Clessi, além de servir de apoiopara que Alaíde reconstrua seu passado no plano da me-
mória, também revela os desejos inconscientes da moça, 
que quer muito ser como a prostituta, viver uma vida como 
a dela, como se percebe pelo trecho. A própria “evocação” 
de Madame Clessi, no plano da alucinação, já revela esse 
desejo da moça, além da explicitação feita por ela.
 Conexões 715 
Até a data do fechamento deste livro, o DVD do docu-
mentário Só dez por cento é mentira: a desbiografia oficial de 
Manoel Bandeira não havia saído.
No filme Zuzu Angel, há algumas cenas que poderão cons-
tranger os alunos. Recomendamos assistir ao filme antes 
de exibi-lo à classe.
No filme A vida como ela é, há cenas de sexo e violência.
A poesia africana de língua portuguesa 722
 Texto para análise 741 
 1 Sim. O eu lírico, por meio desse vocativo, refere-se à 
sua pátria (mais especificamente, a Angola) para tratar 
do sofrimento dos filhos dessa “mãe”, isto é, discutir 
os efeitos negativos da colonização para o seu povo. 
Isso pode ser depreendido, no contexto do poema, 
por diversos elementos. Em primeiro lugar, o fato de a 
interlocutora ter a sua presença caracterizada como “o 
drama vivo de uma Raça”. Tal caracterização permite 
afirmar que o eu lírico se refere ao povo de um país, 
já que essa “Mãe” com que ele dialoga é o retrato do 
sofrimento de uma raça inteira. Além disso, ao fazer 
referência aos descendentes escravizados de sua in-
terlocutora e também aos filhos de “outras gentes” que 
foram embalados e “ninados” por essa “Mamã negra”, 
o leitor é levado a concluir que essa expressão é uma 
metáfora para um país africano cujo povo sofreu a dor 
e a crueldade da escravidão.
> Sim. Além da informação apresentada no olho, fazen-
do referência ao sofrimento do povo de Angola, há, tam-
bém, a identificação da nacionalidade do autor, apre-
sentada na referência sobre o poema. Ao sabermos 
que se trata de um autor angolano, podemos identificar 
mais especificamente a quem se dirige o eu lírico e 
constatar que ele “dialoga” com um país africano em 
especial, a quem chama de “minha Mãe”: a Angola.
 2 O eu lírico afirma que são os filhos de “outras gentes” 
e não os filhos dessa pátria. Pelo contexto apresenta-
do no poema, pode-se concluir que se trata de uma 
referência aos colonizadores portugueses e seus des-
cendentes, que foram alimentados e embalados por 
essa mãe, que representa, metaforicamente, o próprio 
país, vítima da exploração de seus “senhores”, que 
extraíram suas riquezas e foram “alimentados” por 
ela, e, também, todas as mulheres angolanas que, pela 
condição de inferioridade a que estavam submetidas 
no contexto da colonização, foram responsáveis por 
cuidar e alimentar os filhos de seus conquistadores.
> A referência a esses filhos revela a herança colonial 
de Angola e os efeitos dela para o povo desse país: 
a pátria foi explorada pela máquina colonial portu-
guesa e os filhos dela foram escravizados, durante 
muito tempo, por esses conquistadores. Por isso, o eu 
lírico afirma que essa “mãe” com quem ele dialoga 
embalou em seu colo e alimentou com seu leite os 
filhos de “outras gentes”. A Angola e seu povo, de 
fato, serviram de “alimento” para saciar o “apetite” 
voraz de seus colonizadores. Enquanto essa mãe 
ninava “santos poetas e sábios” de “outras gentes”, 
seus filhos sofriam com a crueldade da exploração 
gerada pelo processo de dominação.
 3 O eu lírico utiliza os seguintes termos para caracteri-
zar os filhos de Angola: alimárias, semoventes, filhos 
da desgraça.
> Ao caracterizar os filhos de Angola como “alimárias” 
e “filhos da desgraça” em razão da submissão que 
Seção 
especial
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lhes foi imposta pelo conquistador português, o eu 
lírico, mais uma vez, sugere o sofrimento desse povo 
durante os séculos de colonização e a exploração de 
que foi vítima durante esse processo. Enquanto os 
dominadores desfrutavam das riquezas do país, os 
filhos dessa pátria eram vistos como animais de carga 
que deveriam servir aos propósitos de seus senhores, 
trabalhando como escravos. Por isso, o eu lírico sugere 
que sua pátria é o retrato do “drama vivo de uma Raça/ 
drama de carne e sangue”, já que a trajetória desse 
povo foi marcada pela dominação portuguesa e pela 
luta (sangrenta) para conquistar sua independência.
 4 Embora os quatro primeiros versos da última estrofe 
ainda tratem do sofrimento vivido pelo povo angola-
no em razão do processo de colonização, a partir do 
quinto verso há uma mudança de tom: vislumbra-se a 
esperança para essa terra tão devastada pelos efeitos 
da exploração que sofreu. O eu lírico, por meio de uma 
metáfora (“mas vejo também que a luz roubada aos 
teus olhos, ora esplende”), diz perceber que um futuro 
melhor se anuncia nos “olhos” dessa “Mamã negra”. 
Apesar de ver, nos olhos dela, o passado de sofrimento, 
o eu lírico vê também que, pelas mãos dos filhos de 
Angola no presente (“em nós outros teus filhos”), surge 
a possibilidade de que essa nação possa novamente 
ser livre e independente, retomando, dessa forma, 
a “humanidade” de seu povo (“gerando, formando, 
anunciando/ — o dia da humanidade”), antes visto 
como alimária. É essa a mudança que se verifica no 
poema: após a descrição do passado de sofrimento e 
de desolação de Angola e de seu povo, o poema termina 
com um tom de esperança que revela a certeza de que 
esse país será novamente uma nação autônoma e livre.
> O poema transcrito reflete a necessidade dos poetas 
angolanos (apresentada na teoria referente a essa se-
ção), a partir de 1951, de fazer uma poesia que fizesse 
a denúncia do passado de sofrimento desse povo e 
combatesse, dessa forma, a alienação social. Além dis-
so, o tom do final do poema reforça uma característica 
importante da poesia africana e da poesia angolana, 
em especial: a necessidade, também, de despertar a 
consciência de seu povo e levá-lo a lutar, com esperan-
ça, para concretizar o sonho de reconquistar a própria 
identidade e, dessa forma, consolidar-se como uma 
nação livre, autônoma e independente.
 5 O interlocutor desse poema, um crioulo, é, segundo o 
eu lírico, o resultado dos aspectos e elementos que ca-
racterizam sua terra natal: a inquietação, a coragem e 
a resignação desse indivíduo são heranças da terra em 
que ele nasceu. A fome que ele tem foi-lhe dada pelas 
“estiagens dolorosas” de seu país; o passado de sofri-
mento e exploração deram ao interlocutor a dor que ele 
carrega e a “humildade que nasce do desengano”. Essa 
mesma terra deu também ao crioulo uma esperança 
desenganada e uma alegria contida pela espera de um 
novo tempo que não virá. Dessa forma, o interlocutor é 
apresentado como o retrato da própria pátria, na qual o 
sofrimento, a fome e a resignação com o próprio destino 
são as características mais marcantes.
 6 O tom dessa estrofe revela que, além das outras carac-
terísticas que definem o interlocutor, a terra em que 
ele nasceu deu-lhe, também, a crença esperançosa em 
um futuro melhor, distante da dor e do sofrimento que 
o caracterizam no presente. Mas, nesses versos, o eu 
lírico sugere que essa esperança é falsa (desenganada), 
já que os dias que virão não serão diferentes dos atuais 
e que não adianta o “crioulo” guardar sua alegria para 
um novo tempo, pois ele não chegará.
> Possibilidades: “esperança desenganada”; “alegria 
guardada”; (“manhã esperada”) “em vão...”
 7 Enquanto a última estrofe desse poema revela um 
tom de desesperança, de imutabilidade do destino do 
interlocutor, a do anterior tem um tom completamente 
oposto: o eu lírico sugere, de forma esperançosa,que 
os atuais descendentes da pátria mãe representam a 
possibilidade de que o futuro seja diferente do passado 
de dor e sofrimento da nação angolana e de seu povo.
 Conexões 741 
Os filmes indicados na seção não têm uma relação direta 
com a poesia africana de língua portuguesa. Foram selecio-
nados porque permitem que os alunos formem uma imagem 
mais atual sobre a vida nos países africanos lusófonos, ou 
porque abordam, de modo lírico, a dura realidade da vida 
na maior parte dos países africanos.
No filme Infância roubada, há cenas de violência e sexo 
que podem causar algum desconforto ou constrangimento.
O DVD Língua: vidas em português está esgotado, mas é 
possível encontrá-lo em locadoras.
A narrativa africana de língua portuguesa 744
 Texto para análise 759 
 1 Há vários elementos que revelam a origem africana do 
protagonista. Em primeiro lugar, o próprio título do texto 
refere-se ao local de nascimento de Julio: a Fenda da 
Tundavala, localizada na província de Huíla, no sul da 
Angola, indicando que o protagonista é angolano. Além 
disso, o uso de termos africanos (cubata, chitaca, chifuta) 
contribui para que o leitor perceba que os fatos narrados 
ocorrem na África. Também a diferença racial entre o pro-
tagonista e seus amigos de infância e o fato de os últimos 
não frequentarem a escola é, considerando o contexto 
apresentado no trecho transcrito, um forte indício de que 
a ação do romance se passa no continente africano.
> O protagonista parece lembrar de sua infância com 
saudade, alegria e carinho. Dos fatos que rememo-
ra, fica a sensação de leveza das brincadeiras de 
infância, da amizade sincera que ele e seus amigos 
tinham uns pelos outros, da inocência da meninice. 
Mesmo o trabalho de cuidar do gado e a responsabi-
lidade imposta pelos estudos não são descritos por 
Julio como momentos desagradáveis. 
 2 A diferença mais marcante é, sem dúvida alguma, o fato 
de Julio ser branco e seus amigos serem negros. Dela 
decorre o fato de eles não estudarem, diferentemente 
do protagonista. Isso fica sugerido, também, quando 
ele destaca não ter memória de garotos negros terem 
frequentado a escola com ele. Além disso, Julio revela 
que os pais de seus amigos trabalhavam como criados 
nas casas dos brancos ou “em chibatas maiores, tam-
bém dos brancos”.
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