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Livro Eletrônico Aula 00 Vigilância em Saúde p/ VISA-DF - Auditor Professor: Poliana Gesteira Vigilância em Saúde Prof. Thiago Nascimento ʹ Aula 00 Prof. Thiago Nascimento www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 62 AULA 00: Vigilância em Saúde – histórico e conceitos SUMÁRIO PÁGINA Apresentação e Cronograma 2 1. Vigilância em Saúde – histórico e conceitos 7 2. Questões de Concursos 49 3. Gabarito 62 Observação importante: este curso é protegido por direitos autorais (copyright), nos termos da Lei 9.610/98, que altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras providências. Grupos de rateio e pirataria são clandestinos, violam a lei e prejudicam os professores que elaboram os cursos. Valorize o trabalho de nossa equipe adquirindo os cursos honestamente através do site Estratégia Concursos. Vigilância em Saúde Prof. Thiago Nascimento ʹ Aula 00 Prof. Thiago Nascimento www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 62 Apresentação e Cronograma: Olá amigos! Como é bom estar aqui! Espero que estejam todos muito bem! É com enorme satisfação que apresento a vocês o curso sobre Vigilância em Saúde... Essa temática compõe os editais de praticamente todos os concursos para a área de enfermagem (programas de residências, escolas militares, e concursos nas esferas federais, estaduais e municipais) dos mais diferentes cargos. Não é raro encontrarmos questões relativas a doenças e agravos transmissíveis de notificação, questões relacionadas à saúde ambiental e também sanitária, saúde do trabalhador. Por isso é proposto este Módulo de Vigilância em Saúde, a fim de habilitá-los para as diferentes questões dos mais diversos concursos. Inicialmente, permitam-me fazer uma breve apresentação de minha trajetória... Minha participação em concursos data ainda ao antigo ensino médio, quando realizei exame admissional para a tradicional Escola Preparatória de Cadetes do Exército (EsPCEx). Especialmente o ano de 2002 marca minha aprovação nos concursos da EsPCEx e do Curso de Formação de Oficiais da Polícia Militar de Minas Gerais (CFO-PMMG), além do vestibular para o curso de Enfermagem da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Por negligenciar uma famosa citação latina, derivada da Sátira X do poeta romano Juvenal - Mens sana in corpore sano ("uma mente sã num corpo são"), e priorizar mais o intelecto do que o preparo físico, fui Vigilância em Saúde Prof. Thiago Nascimento ʹ Aula 00 Prof. Thiago Nascimento www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 62 reprovado no exame físico da EsPCEx e mais tarde acabei desistindo do CFO-PMMG, por entender que não ficaria completamente satisfeito. Por não poder realizar novamente o concurso da EsPCEx, devido ao limite de idade, decidi então iniciar o Curso de Enfermagem da UFJF no ano de 2003, com a certeza de me dedicar ao máximo à minha escolha. Concluí minha graduação em julho de 2007 e logo em seguida iniciei meus estudos na pós-graduação, modalidade Stricto Sensu, em Saúde pela Faculdade de Medicina da UFJF. Em 2009 fui aprovado no Concurso para Enfermeiro de Clínica da Prefeitura Municipal de Juiz de Fora, mas esbarrando em questões administrativas, o município nomeou apenas os primeiros colocados, mantendo ainda os inúmeros cargos temporários que poderiam vir a serem substituídos pelos aprovados no concurso. Depois de concluído o mestrado, iniciei minha atividade docente em 2010, como Professor Substituto da disciplina de Microbiologia do Instituto de Ciências Biológicas da UFJF lecionando para os cursos de Biologia, Enfermagem, Farmácia, Medicina e Odontologia. Em 2011 ingressei no Doutorado em Saúde, também pela Faculdade de Medicina da UFJF, desenvolvendo atividade de pesquisa sobre a temática de infecção hospitalar e resistência bacteriana aos antimicrobianos. Durante os 39 meses desenvolvendo o doutorado, sendo os últimos 6, no Instituto de Microbiologia Paulo Góes da Universidade Federal do Rio de Janeiro, morando no Rio de Janeiro, amadureci a ideia de que ser professor de ensino superior era realmente o que queria para minha vida. Para quem desconhece, um concurso para professor de uma universidade brasileira é um pouco diferente dos tradicionais concursos das mais diversas carreiras que temos disponíveis. Salvo algumas diferenças institucionais, comumente temos uma prova dissertativa sobre a temática disponível no edital e que é sorteada no primeiro dia do concurso e, após Vigilância em Saúde Prof. Thiago Nascimento ʹ Aula 00 Prof. Thiago Nascimento www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 62 um período de consulta bibliográfica, temos um tempo determinado para dissertar sobre o mesmo. Após essa fase eliminatória, é sorteado outro tema para prepararmos uma aula, no tempo de 24h, que constituirá da prova didática na apresentação do dia seguinte. Os aprovados nesta fase, também eliminatória, passam por uma rigorosa análise curricular e às vezes até mesmo uma sabatina de entrevista. Com poucos concorrentes, mas altamente qualificados, devido ao nível de especialização que se exige no edital (doutorado), o concurso se dá durante uma exaustiva e tensa semana. E foi assim que, em menos de 30 dias após minha defesa de tese de doutorado em abril de 2014 obtive a aprovação no concurso público para o cargo de professor de magistério superior na Universidade Federal de Juiz de Fora, cargo que ocupo hoje no Departamento de Enfermagem Básica, da Faculdade de Enfermagem. No presente ano de 2015, ainda fui aprovado para o cargo de Enfermeiro de Vigilância para o Hospital Universitário de Juiz de Fora – EBSERH. Se quiserem mais informações deixo o link disponível do meu currículo on-line: http://lattes.cnpq.br/5562595995114431 E duas perguntas devem estar na mente de vocês neste momento: A primeira é Como será a dinâmica do curso? Primeiramente, os tópicos são de abordagem compatível com o que é cobrado pelas mais diversas bancas; Teremos aulas em pdf, com direito a fórum de dúvidas e todo conteúdo do concurso abordado em vídeo-aulas; Vigilância em Saúde Prof. Thiago Nascimento ʹ Aula 00 Prof. Thiago Nascimento www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 62 O curso oferece também suporte via fórum para tirar suas dúvidas em relação à teoria e resolução de exercícios; A proposta do curso é facilitar o seu trabalho e reunir toda a teoria e inúmeros exercícios, no que tange aos assuntos dos editais, em um só material. A segunda pergunta, Como será a dinâmica das aulas? Como dito anteriormente, vocês terão disponíveis aulas em pdf e também vídeo-aulas; Os conteúdos abordados nas aulas serão ilustrados por questões que já caíram em concursos relativos aos mesmos; Ao final de cada aula teremos um encerramento com mais questões com gabarito; Atenção ao aparecimento das corujinhas – elas sempre indicarão algo importante. Vigilância em Saúde Prof. Thiago Nascimento ʹ Aula 00 Prof. Thiago Nascimento www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 62 Buscando ser o mais completo e objetivo possível, serão 6 aulas (00 a 05), desenvolvidas da seguinte forma: AULA CONTEÚDO 00 PDF + videoaula Apresentação e Cronograma; 1. Vigilância em Saúde – histórico e conceitos; 01 PDF + videoaula 2. Sistema Nacional de Vigilância em Saúde; 3. Sistemas de Informações da Vigilância em Saúde; 02 PDF + videoaula 4. Vigilância epidemiológica das doenças transmissíveis; Parte 1e Parte 2 03 PDF + videoaula 5. Vigilância epidemiológica de doenças crônicas não- transmissíveis; 04 PDF + videoaula 6. Vigilância em saúde ambiental; 05 PDF + videoaula 7. Vigilância em saúde do trabalhador. "Você é do tamanho dos seus sonhos. Qual o limite para sonhar e realizar seus objetivos? Nenhum! O limite é imposto por nós mesmos. Você é a única pessoa que pode impor restrições aos seus desejos. Todas as realizações da humanidade aconteceram quando alguém resolveu chegar ao impossível. Para alcançar o seu sonho é preciso muita disposição. Resta saber o quanto feliz você deseja ser. Principalmente qual limite você estabeleceu para ele, lembrando sempre que não há limite para sonhar: O impossível é apenas alguma coisa que alguém ainda não realizou." Legrand Vigilância em Saúde Prof. Thiago Nascimento ʹ Aula 00 Prof. Thiago Nascimento www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 62 1. Vigilância e Saúde – histórico e conceitos: As referências às epidemias e ao seu impacto sobre as sociedades são bastante antigas, como a descrição da chamada Praga de Atenas, doença desconhecida que ocorreu entre 430 a 427 a.C e dizimou aproximadamente um terço da população daquela cidade. No Antigo Testamento, já existem referências à adoção de medidas de isolamento para separar os portadores de doenças, considerados impuros. As práticas de isolamento das pessoas doentes estendem-se por toda a Idade Média, utilizadas principalmente contra os leprosos e os acometidos pela peste. No Brasil, o registro mais antigo de ações de prevenção e controle de doenças é referente à adoção de medidas para conter uma epidemia de febre amarela, no século XVII, no porto de Recife. A partir da transferência da Coroa Portuguesa, estrutura-se, em 1808, uma política sanitária que adota, entre outras medidas, a quarentena. Em 1889, é promulgada a primeira Regulamentação dos Serviços de Saúde dos Portos, para tentar, de maneira semelhante aos seus predecessores europeus, prevenir a chegada de epidemias e possibilitar um intercâmbio seguro de mercadorias. A partir de 1903, quando Oswaldo Cruz assume a Direção Geral de Saúde Pública (DGSP) do então Ministério da Justiça e Negócios Interiores, inicia-se um conjunto profundo de mudanças que se consubstancia, em 1904, com a reorganização dos serviços de higiene que confere ao Governo Federal a responsabilidade de coordenar as ações de prevenção e controle das doenças transmissíveis; cria o primeiro programa vertical, o Serviço de Profilaxia da Febre Amarela; e institui a obrigatoriedade de vacina antivariólica. Vigilância em Saúde Prof. Thiago Nascimento ʹ Aula 00 Prof. Thiago Nascimento www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 62 Durante a maior parte do século XX, o Estado brasileiro organizou as ações de vigilância, prevenção e controle das doenças transmissíveis como programas verticalizados, com a formulação, a coordenação e a execução das ações realizadas diretamente pelo Governo Federal. Esses programas, em 1941, organizaram-se como Serviços Nacionais encarregados de controlar as doenças mais prevalentes na época, como a malária, a febre amarela, a peste, a tuberculose e a lepra. Sua estrutura se dava sob a forma de campanhas, adaptando-se a uma época em que a população era majoritariamente rural, e com serviços de saúde escassos e concentrados, quase exclusivamente, nas áreas urbanas. 1. (AOCP – Enfermeiro – Vigilância - EBSERH/HU-UFJF - 2015) A saúde emergiu como efetiva prioridade de governo no Brasil no começo do século XX, com a implantação da economia exportadora de café, na região Sudeste. A melhoria das condições sanitárias era entendida então como dependente basicamente de: (A) ações intersetoriais de prevenção a doenças relacionadas à saúde do trabalhador. (B) saúde oferecida gratuitamente e exposta como um direito de todos e dever do Estado. Vigilância em Saúde Prof. Thiago Nascimento ʹ Aula 00 Prof. Thiago Nascimento www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 62 (C) centros de saúde dirigidos ao atendimento das equipes de saúde da família. (D) controle das endemias e do saneamento dos portos e do meio urbano. (E) redes de atendimento especializado em doenças crônicas não transmissíveis. Gabarito: D Comentários: Questão bastante comum abordando a política de saúde do governo brasileiro no início do século XX. Vocês não podem esquecer que a melhoria das condições sanitárias, entendida então como dependente basicamente do controle de endemias e do saneamento dos portos e do meio urbano, tornou- se uma efetiva política de Estado, embora essas ações estivessem bastante concentradas no eixo agrário-exportador e administrativo formados pelos estados do Rio de Janeiro e São Paulo. Portanto, letra D é a correta. 2. (AOCP – Enfermeiro – Vigilância - EBSERH/HU-UFGD - 2013) Os primeiros Centros de Saúde no Brasil foram criados em meados de 1920 e 1930. Neste período, as práticas de saúde estavam ligadas aos agravos transmissíveis, e, ao Enfermeiro, cabia um importante papel, a educação sanitária, que se pautava no Modelo: (A) Flexineriano. (B) Médico hegemônico. (C) Curativista. (D) Campanhista/policial. (E) de Medicina Comunitária. Gabarito: D Comentários: Note na pergunta o período em destaque e a questão das práticas ligadas aos agravos transmissíveis. Assim, não podemos esquecer do modelo campanhista – influenciado por Essa questão é clássica em vários concursos quando se aborda o histórico de vigilância em saúde!!!! Vigilância em Saúde Prof. Thiago Nascimento ʹ Aula 00 Prof. Thiago Nascimento www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 62 interesses agroexportadores no início do século XX – baseou-se em campanhas sanitárias para combater as epidemias de febre amarela, peste bubônica e varíola, implementando programas de vacinação obrigatória, às vezes até repressiva (daí o termo policial), desinfecção dos espaços públicos e domiciliares e outras ações de medicalização do espaço urbano, que atingiram, em sua maioria, as camadas menos favorecidas da população. Esse modelo predominou no cenário das políticas de saúde brasileiras até o início da década de 1960. Um consequência importante deste modelo, foi a Revolta da Vacina. A título de se esclarecer as outras alternativas, a partir da década de 50, com a industrialização e a migração do trabalhador do campo para a cidade, surge o modelo médico assistencial curativista conhecido também por seu aspecto hospitalocêntrico (centrado no hospital) fundada no paradigma flexneriano, caracterizado por uma concepção mecanicista do processo saúde-doença, pelo reducionismo da causalidade aos fatores biológicos e pelo foco da atenção sobre a doença e o indivíduo. É só a partir do ano de 1990 é que começa-se a pensar em uma medicina comunitária. Portanto, letra D Em 1968, foi criado o Centro de Investigações Epidemiológicas (CIE) na Fundação Serviços de Saúde Pública (FSESP) que aplica os conceitos e as práticas da moderna vigilância, nascida nos Estados Unidos, na década de 1950, no programa de erradicação da varíola. O CIE instituiu, a partir de 1969, o primeiro sistema de notificação regular para um conjunto de doenças com importância para monitoramento de sua situação epidemiológica, o qual se originava desde as unidades das Secretarias Estaduais de Saúde. A V Conferência Nacional de Saúde (CNS), realizada em 1975, propôs a criação de um sistema de Vigilância Epidemiológica no Vigilância em Saúde Prof. Thiago Nascimento ʹ Aula 00 Prof. Thiago Nascimento www.estrategiaconcursos.com.br11 de 62 país. Essa recomendação foi imediatamente operacionalizada, com o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SNVE), que se estruturou nesse mesmo ano, por meio da promulgação da Lei n. 6.259, regulamentada pelo Decreto Presidencial n. 78.231, no ano seguinte. Com base nesses instrumentos, o Ministério da Saúde, no mesmo ano de 1976, institui a “notificação compulsória de casos e/ou óbitos de 14 doenças para todo o território nacional”. O SNVE, coerente com o momento em que foi criado, era baseado no Ministério da Saúde e nas secretarias estaduais de saúde, excluindo os municípios que, naquela época, não exerciam o papel de gestores de sistema de saúde. Em resposta ao perfil epidemiológico do momento em que foi criado, o SNVE atuava exclusivamente sobre as doenças transmissíveis. Atualmente, a construção e a consolidação da Vigilância em Saúde são produtos vitoriosos herdados pela institucionalização do SUS, em 1988; pela criação do Centro Nacional de Epidemiologia (CENEPI), em 1990; pela estruturação do financiamento das ações de vigilância e controle de doenças e, mais recentemente, pela criação da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde – em 2003 –, que coordena o Sistema Nacional de Vigilância em Saúde em todo o território brasileiro. Não podemos esquecer da LEI Nº 8.080, DE 19 de setembro de 1990, que dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Vigilância em Saúde Prof. Thiago Nascimento ʹ Aula 00 Prof. Thiago Nascimento www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 62 A Lei Nº 8.080, segundo seu Capítulo I - Dos Objetivos e Atribuições relata em seu Art. 6º que estão incluídas ainda no campo de atuação do Sistema Único de Saúde (SUS): “I - a execução de ações: a) de vigilância sanitária; b) de vigilância epidemiológica; c) de saúde do trabalhador;...” Ainda no mesmo artigo.... “§ 1º Entende-se por vigilância sanitária um conjunto de ações capaz de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da saúde, abrangendo: I - o controle de bens de consumo que, direta ou indiretamente, se relacionem com a saúde, compreendidas todas as etapas e processos, da produção ao consumo; e II - o controle da prestação de serviços que se relacionam direta ou indiretamente com a saúde. § 2º Entende-se por vigilância epidemiológica um conjunto de ações que proporcionam o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos. § 3º Entende-se por saúde do trabalhador, para fins desta lei, um conjunto de atividades que se destina, através das ações de Vigilância em Saúde Prof. Thiago Nascimento ʹ Aula 00 Prof. Thiago Nascimento www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 62 vigilância epidemiológica e vigilância sanitária, à promoção e proteção da saúde dos trabalhadores, assim como visa à recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho, abrangendo: I - assistência ao trabalhador vítima de acidentes de trabalho ou portador de doença profissional e do trabalho; II - participação, no âmbito de competência do Sistema Único de Saúde (SUS), em estudos, pesquisas, avaliação e controle dos riscos e agravos potenciais à saúde existentes no processo de trabalho; III - participação, no âmbito de competência do Sistema Único de Saúde (SUS), da normatização, fiscalização e controle das condições de produção, extração, armazenamento, transporte, distribuição e manuseio de substâncias, de produtos, de máquinas e de equipamentos que apresentam riscos à saúde do trabalhador; IV - avaliação do impacto que as tecnologias provocam à saúde; V - informação ao trabalhador e à sua respectiva entidade sindical e às empresas sobre os riscos de acidentes de trabalho, doença profissional e do trabalho, bem como os resultados de fiscalizações, avaliações ambientais e exames de saúde, de admissão, periódicos e de demissão, respeitados os preceitos da ética profissional; VI - participação na normatização, fiscalização e controle dos serviços de saúde do trabalhador nas instituições e empresas públicas e privadas; Vigilância em Saúde Prof. Thiago Nascimento ʹ Aula 00 Prof. Thiago Nascimento www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 62 VII - revisão periódica da listagem oficial de doenças originadas no processo de trabalho, tendo na sua elaboração a colaboração das entidades sindicais; e VIII - a garantia ao sindicato dos trabalhadores de requerer ao órgão competente a interdição de máquina, de setor de serviço ou de todo ambiente de trabalho, quando houver exposição a risco iminente para a vida ou saúde dos trabalhadores.” Em vários países, inclusive no Brasil, desde o início, ocorreu um processo de atuação mais integrada entre as ações típicas de vigilância com a execução dos programas de prevenção e controle de doenças. Mais recentemente, pode ser percebida a utilização de denominações que buscam sintetizar de maneira mais apropriada, essa necessidade de ampliação do objeto da vigilância. No Brasil, algumas Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, a partir de meados dos anos 1990, passaram a utilizar a denominação Vocês podem notar, meus caros, que até agora de acordo com a Lei Nº 8.080 tratamos do conceito de vigilância sanitária, vigilância epidemiológica e saúde do trabalhador... Além disso, desde que o conceito de vigilância foi empregado pela primeira vez, aos longo dos anos, o foco apresentado estava nas ações de vigilância sobre as doenças transmissíveis. Vigilância em Saúde Prof. Thiago Nascimento ʹ Aula 00 Prof. Thiago Nascimento www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 62 vigilância à saúde ou vigilância da saúde, para designar as novas unidades de suas estruturas organizacionais que promoveram a unificação administrativa entre a área de vigilância epidemiológica e as atividades a ela relacionadas, com a área de vigilância sanitária e de saúde do trabalhador. Em 2003, o Ministério da Saúde reorganizou a área de epidemiologia e controle de doenças, com a extinção do CENEPI e a criação da Secretaria de Vigilância em Saúde. Esta passou a reunir todas as atribuições do CENEPI e dos programas que integraram a extinta Secretaria de Políticas de Saúde: tuberculose, hanseníase, hepatites virais e as doenças sexualmente transmissíveis e aids. A alteração na denominação correspondeu a uma importante mudança institucional, de reunir todas as ações de vigilância, prevenção e controle de doenças numa mesma estrutura, e consolidar o processo de ampliação do objeto da vigilância. O objetivo é buscar responder melhor aos desafios colocados pelo perfil epidemiológico complexo que se apresenta na atualidade. A adoção do conceito de vigilância em saúde procurou simbolizar essa nova abordagem, mais ampla do que a tradicional prática de vigilância epidemiológica, tal como foi efetivamente construída no país, desde a década de 1970, incluindo: a) a vigilância das doenças transmissíveis; b) a vigilância das doenças e agravos não transmissíveis e seus fatores de risco; c) a vigilância ambientalem saúde; d) a vigilância da situação de saúde, correspondendo a uma das aplicações da área também denominada como análise de situação de saúde. Vigilância em Saúde Prof. Thiago Nascimento ʹ Aula 00 Prof. Thiago Nascimento www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 62 A Portaria GM/MS n. 1.172, de 15 de junho de 2004 (BRASIL, 2004), que atualizou a Portaria GM/MS n. 1.399/99, passou a utilizar a denominação de vigilância em saúde, em substituição a anterior epidemiologia e controle de doenças. Com essa mudança, ficou estabelecida uma maior coerência com a própria estrutura atual do Ministério da Saúde e com processos similares que estão ocorrendo também nas Secretarias Estaduais e Municipais. A definição ampliou-se, sendo que a Vigilância em Saúde é responsável por todas as ações de vigilância, prevenção e controle de agravos, prioritariamente com ações de promoção à saúde, com o monitoramento epidemiológico das doenças transmissíveis e não transmissíveis, de atividades sanitárias programáticas, de vigilância em saúde ambiental e saúde do trabalhador, elaboração e análise de perfis demográficos epidemiológicos e proposição de medidas de controle. A vigilância em saúde tem por objetivo a observação e análise permanentes da situação de saúde da população, articulando-se em um conjunto de ações destinadas a controlar determinantes, riscos e danos à saúde de populações que vivem em determinados territórios, garantindo- se a integralidade da atenção, o que inclui tanto a abordagem individual como coletiva dos problemas de saúde. Vigilância em saúde: do que estamos falando? Vamos então ao conceito de Vigilância em Saúde? Vigilância em Saúde Prof. Thiago Nascimento ʹ Aula 00 Prof. Thiago Nascimento www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 62 São as ações de vigilância, promoção, prevenção e controle de doenças e agravos à saúde, devendo-se constituir em espaço de articulação de conhecimentos e técnicas. O conceito de vigilância em saúde inclui: a vigilância e o controle das doenças transmissíveis; a vigilância das doenças e agravos não- transmissíveis; a vigilância da situação de saúde, vigilância ambiental em saúde, vigilância da saúde do trabalhador e a vigilância sanitária. 3. (AOCP – Vigilância Epidemiológica - EBSERH/Nacional - 2014) São os componentes da vigilância em saúde, EXCETO: (A) ações de vigilância. (B) hierarquização das ações. (C) controle de agravos à saúde. (D) promoção à saúde. (E) prevenção de doenças. Gabarito: B Comentários: Questão bem direta a respeito dos componentes de vigilância em saúde, que incluem: ações de vigilância, promoção, prevenção e controle de doenças e agravos à saúde, sem que as ações sejam hierarquizadas, portanto letra B. Quais são os componentes da vigilância em saúde? Vigilância em Saúde Prof. Thiago Nascimento ʹ Aula 00 Prof. Thiago Nascimento www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 62 A vigilância em saúde deve estar cotidianamente inserida em todos os níveis de atenção da saúde. A partir de suas específicas ferramentas as equipes de saúde da atenção primária podem desenvolver habilidades de programação e planejamento, de maneira a organizar os serviços com ações programadas de atenção à saúde das pessoas, aumentando-se o acesso da população a diferentes atividades e ações de saúde. A Vigilância em Saúde, visando a integralidade do cuidado, deve inserir-se na construção das redes de atenção à saúde, coordenadas pela Atenção Primária à Saúde. A integração entre a Vigilância em Saúde e a Atenção Primária à Saúde é condição obrigatória para a construção da integralidade na atenção e para o alcance dos resultados, com desenvolvimento de um processo de trabalho condizente com a realidade local, que preserve as especificidades dos setores e compartilhe suas tecnologias, tendo por diretrizes: I – compatibilização dos territórios de atuação das equipes, com a gradativa inserção das ações de vigilância em saúde nas práticas das equipes da Saúde da Família; II – planejamento e programação integrados das ações individuais e coletivas; Onde devem ser desenvolvidas as ações da vigilância em saúde? Como buscar a integralidade da vigilância com a atenção à saúde? Vigilância em Saúde Prof. Thiago Nascimento ʹ Aula 00 Prof. Thiago Nascimento www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 62 III – monitoramento e avaliação integrada; IV – reestruturação dos processos de trabalho com a utilização de dispositivos e metodologias que favoreçam a integração da vigilância, prevenção, proteção, promoção e atenção à saúde, tais como linhas de cuidado, clinica ampliada, apoio matricial, projetos terapêuticos e protocolos, entre outros; V – educação permanente dos profissionais de saúde, com abordagem integrada nos eixos da clínica, vigilância, promoção e gestão. As ações de Vigilância em Saúde, incluindo-se a promoção da saúde, devem estar inseridas no cotidiano das equipes de Atenção Primária – Saúde da Família, com atribuições e responsabilidades definidas em território único de atuação, integrando os processos de trabalho, planejamento, monitoramento e avaliação dessas ações. Uma das estratégias indutoras é a incorporação do agente de combate às endemias (ACE), ou dos agentes que desempenham essas atividades, mas com outras denominações, na atenção primária junto às equipes de saúde da família, sendo agregadas ações como controle ambiental, endemias, zoonoses e controle de riscos e danos à saúde. A incorporação do ACE nas equipes de saúde da família pressupõe a reorganização dos processos de trabalho, com integração das bases territoriais dos agentes comunitários de saúde e do agente de combate às endemias, com definição de papéis e responsabilidades, e a supervisão dos ACE pelos profissionais de nível superior da equipe de saúde da família. Como fortalecer as ações de vigilância em saúde junto às equipes de saúde da família? Vigilância em Saúde Prof. Thiago Nascimento ʹ Aula 00 Prof. Thiago Nascimento www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 62 A Portaria n° 1.007/GM/MS, de 4 de maio de 2010, define critérios para regulamentar a incorporação do Agente de Combate às Endemias – ACE ou dos agentes que desempenham essas atividades, mas com outras denominações, na atenção primária à saúde para fortalecer as ações de vigilância em saúde junto às equipes de Saúde da Família. 4. (AOCP – Vigilância Epidemiológica - HE – UFSCAR - 2015) Uma das estratégias para fortalecer as ações de vigilância em saúde junto às equipes de saúde da família é a incorporação de qual dos profissionais listados a seguir? (A) Farmacêutico Bioquímico. (B) Técnico em Enfermagem. (C) Agente de Combate às Endemias (ACE). (D) Enfermeiro Assistencial. (E) Médico da Estratégia Saúde da Família. Gabarito: C Comentários: Questão bastante direta na qual o autor busca o profissional que foi incorporado às equipes de saúde da família para fortalecer ações vigilância em saúde. Temos que saber de forma clara a Portaria n° 1.007/GM/MS, de 4 de maio de 2010, que definiu critérios para regulamentar a incorporação do Agente de Combate às Endemias – ACE ou dos agentes que desempenham essas atividades, mas com outras denominações, na atenção primária à saúde para fortalecer as ações de vigilância em saúde junto às equipesde Saúde da Família. Resposta C. Vigilância em Saúde Prof. Thiago Nascimento ʹ Aula 00 Prof. Thiago Nascimento www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 62 A vigilância epidemiológica é um “conjunto de ações que proporciona o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes da saúde individual ou coletiva, com a finalidade de se recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos”. Seu propósito é fornecer orientação técnica permanente para os que têm a responsabilidade de decidir sobre a execução de ações de controle de doenças e agravos. Tem como funções, dentre outras: coleta e processamento de dados; análise e interpretação dos dados processados; divulgação das informações; investigação epidemiológica de casos e surtos; análise dos resultados obtidos; e recomendações e promoção das medidas de controle indicadas. A vigilância em saúde ambiental visa ao conhecimento e à detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes do ambiente que interferiram na saúde humana; recomendar e adotar medidas de prevenção e controle dos fatores de risco, relacionados às doenças e outros agravos à saúde, prioritariamente a vigilância da qualidade da água para consumo humano, ar e solo; Conseguiram compreender o conceito de Vigilância em Saúde e seu alcance? Vigilância em Saúde Prof. Thiago Nascimento ʹ Aula 00 Prof. Thiago Nascimento www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 62 desastres de origem natural, substâncias químicas, acidentes com produtos perigosos, fatores físicos, e ambiente de trabalho. Vigilância da situação de saúde: desenvolve ações de monitoramento contínuo do País, estado, região, município ou áreas de abrangência de equipes de atenção à saúde, por estudos e análises que identifiquem e expliquem problemas de saúde e o comportamento dos principais indicadores de saúde, contribuindo para um planejamento de saúde mais abrangente; A vigilância em saúde do trabalhador caracteriza-se por ser um conjunto de atividades destinadas à promoção e proteção, recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho. A vigilância sanitária é entendida como um conjunto de ações capazes de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, na produção e circulação de bens e na prestação de serviços de interesse da saúde. Abrange o controle de bens de consumo que, direta ou indiretamente, se relacionem com a saúde, compreendidas todas as etapas e processos, da produção ao consumo; e o controle da prestação de serviços que, direta ou indiretamente, se relacionam com a saúde. Outro aspecto fundamental da vigilância em saúde é o cuidado integral com a saúde das pessoas por meio da promoção da saúde. Essa política objetiva a promover a qualidade de vida, empoderando a população para reduzir a vulnerabilidade e os riscos à saúde relacionados aos seus determinantes e condicionantes – modos de viver, condições de trabalho, habitação, ambiente, educação, lazer, cultura e acesso a bens e serviços essenciais. Em outras palavras, é o conjunto de intervenções Vigilância em Saúde Prof. Thiago Nascimento ʹ Aula 00 Prof. Thiago Nascimento www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 62 individuais, coletivas e ambientais responsáveis pela atuação sobre os determinantes sociais da saúde As ações específicas são voltadas para: alimentação saudável, prática corporal/atividade física, prevenção e controle do tabagismo, redução da morbimortalidade em decorrência do uso de álcool e outras drogas, redução da morbimortalidade por acidentes de trânsito, prevenção da violência e estímulo à cultura da paz, além da promoção do desenvolvimento sustentável. 5. (FAUEL – Vigilância em Saúde - Pref. de Tijucas do Sul/PR- 2015) Controlar os bens de consumo que, direta ou indiretamente, se relacionem com a saúde, compreendidas todas as etapas e processos da produção ao consumo e controlar a prestação de serviços que se relacionam direta ou indiretamente com a saúde faz parte das ações da: a) Vigilância Sanitária. b) Vigilância Epidemiológica. c) Vigilância Ambiental. d) Saúde do Trabalhador. Gabarito: A Comentários: Questão estritamente conceitual. Fiquem atentos: ações de controle de bens de consumo e também de prestação de serviços relacionados a saúde sempre constitui ações de vigilância sanitária, portanto letra A. 6. (FAEPE-SUL – Vigilância em Saúde - Pref. Paranaguá/PR - 2015) A atuação da vigilância em saúde possui diversificados campos de atuação, tornando-se necessário reconhecer as prioridades de cada Vigilância em Saúde Prof. Thiago Nascimento ʹ Aula 00 Prof. Thiago Nascimento www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 62 subárea de atuação. Dessa forma, correlacione as atribuições listadas com sua respectiva área de atuação. I. Vigilância Sanitária. II. Vigilância em Saúde Ambiental. III. Vigilância Epidemiológica. IV. Vigilância a Saúde do Trabalhador. ( ) Conjunto de atividades que se destina a promoção e proteção da saúde, assim como visa a recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho. ( ) Deve atuar de forma continua, em uma área geográfica ou população determinada, para a execução de ações de controle e prevenção de agravos a saúde, integrada em todos níveis de atenção à saúde e contribuindo para o planejamento, a organização e a operacionalização dos serviços de saúde, como também para a normalização de atividades técnicas correlatas. ( ) Conjunto de ações que proporciona o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes do meio ambiente que interferem na saúde humana com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle dos riscos e das doenças ou agravos a saúde. ( ) Conjunto de ações capazes de eliminar, diminuir ou prevenir riscos a saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da saúde. A sequência CORRETA de cima para baixo está na alternativa: A) I, III, II, IV. B) IV, I, II, III. C) IV, III, I, II. Vigilância em Saúde Prof. Thiago Nascimento ʹ Aula 00 Prof. Thiago Nascimento www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 62 D) IV, III, II, I. E) I, IV, II, III. Gabarito: D Comentários: Questão muito boa e completa envolvendo os conceitos relacionados aos tipos de vigilância. Analisando as expressões, em relação a primeira, é importante destacar “reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho”, relacionado a vigilância da saúde do trabalhador - IV. Em relação a segunda expressão, destacamos “execução de ações de controle e prevenção de agravos a saúde, integrada em todos níveis de atenção à saúde”, conceito relacionado a vigilância epidemiológica – III. Na terceira expressão, destacamos “detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes do meio ambiente que interferem na saúde humana”, relacionado ao conceito de vigilância em saúde ambiental – II. Por fim, na última expressão, destaca-se “ações capazes de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente”, relacionado ao conceito de vigilância sanitária – I. Portantosequência correta IV-III-II-I, alternativa D. 7. (AOCP – Vigilância Epidemiológica - EBSERH/HE-UFSCAR – 2015) “Desenvolve ações de monitoramento contínuo do país/estado/região/município/território, por meio de estudos e análises que revelem o comportamento dos principais indicadores de saúde, priorizando questões relevantes e contribuindo para um planejamento de saúde mais abrangente”. O enunciado refere-se à: (A) Vigilância da situação de doença. (B) Vigilância da situação de saúde. (C) Vigilância da situação de risco. Vigilância em Saúde Prof. Thiago Nascimento ʹ Aula 00 Prof. Thiago Nascimento www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 62 (D) Vigilância da situação de morbidade. (E) Vigilância da situação de mortalidade. Gabarito: B Comentários: Questão simples e conceitual. Fiquem sempre atentos – quando as ações estiverem relacionadas ao monitoramento contínuo do país, estado, região, município e território – por meio de estudos do comportamento dos principais indicadores de saúde, estamos diante do conceito de vigilância em situação de saúde, portanto letra B. Fiquem tranquilos, retomaremos todos esses conceitos quando abordarmos os tipos de vigilância de forma isolada nas próximas aulas!!!! A partir de agora gostaria de abordar com vocês alguns conceitos fundamentais e básicos que poderão ser abordados ao longo do nosso módulo, e que facilitará seu entendimento quando este for mencionado. Ainda que não apareça no mesmo, invariavelmente sempre estão envolvidos em questões de concurso. Vigilância em Saúde Prof. Thiago Nascimento ʹ Aula 00 Prof. Thiago Nascimento www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 62 AGENTES – A definição varia segundo o modelo de entendimento da epidemiologia adotado: Agentes Etiológicos são “Os que agem na origem das doenças”. Os agentes são os causadores das doenças (ou patógenos); Agentes são “fatores que perturbam o ser diretamente em suas funções vitais produzindo a doença”. Ou o conceito extrapola o de agente ou fator etiológico clássico, onde um agente pode ser não só um microrganismo, mas um poluente químico, um gene, e outros que possam levar a agravo à saúde. Nos dois últimos conceitos, quando nos referimos a Agentes ou Fatores estamos falando em fatores ou agentes físicos (temperatura, radiação, etc), químicos (mercúrio), biológicos ou biopatogênicos Não nos esqueçamos da EPIDEMIOLOGIA que é a ciência que estuda a distribuição e os determinantes dos problemas de saúde (fenômenos e processos associados) em populações humanas ou que estuda a saúde, mas na prática principalmente pela ausência de saúde sob as formas de doenças e agravos, estes últimos definidos pelo diagnóstico clínico; e que seu objeto são as relações de ocorrência de saúde-doença em massa (em sociedades, coletividades, comunidades, classes sociais, grupos específicos, etc.). Vigilância em Saúde Prof. Thiago Nascimento ʹ Aula 00 Prof. Thiago Nascimento www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 62 (parasitas, bactérias, vírus, etc.), nutricionais (excesso de gorduras, ausência de proteínas), genéticos, etc. Os atributos dos Agentes Etiológicos, segundo sua relação com o hospedeiro, são fundamentais para o entendimento das doenças infecciosas e incluem infectividade, patogenicidade, virulência e imunogenicidade: Infectividade é a capacidade de certos organismos (agentes) de penetrar, se desenvolver e/ou se multiplicar em um outro (hospedeiro) ocasionando uma infecção. Exemplo: alta infectividade do vírus da gripe e a baixa infectividade dos fungos. Patogenicidade é a capacidade do agente, uma vez instalado, de produzir sintomas e sinais (doença). Ex: é alta no vírus do sarampo, Não confuda! Nem todo microrganismo é patogênico... Alguns microrganismos colonizam o hospedeiro sem causar doença! Como exemplo basta lembrar que, nós indivíduos sadios, temos uma infinidade de microrganismos em nossa pele, boca, intestino. Esses microrganismos até podem causar doença, por algum desequilíbrio – mas aí o microrganismo é dito potencialmente patogênico. Microrganismos patogênicos são aqueles, sempre que associados ao Homem, estarão causando doença – por exemplo, Clostridium tetani, causador do tétano. Vigilância em Saúde Prof. Thiago Nascimento ʹ Aula 00 Prof. Thiago Nascimento www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 62 onde a maioria dos infectados tem sintomas.E reduzida no vírus da pólio, onde poucos ficam doentes. Virulência é a capacidade do agente de produzir efeitos graves ou fatais, relaciona-se à capacidade de produzir toxinas, de se multiplicar ou é o grau de patogenicidade. Ex: baixa virulência do vírus da gripe e do sarampo em relação à alta virulência dos vírus da raiva e do HIV. 8. (Reis & Reis – Vigilância em Saúde - Pref. Santana do Jacaré/MG- 2015) É a capacidade do agente invasor em causar doença com suas manifestações clínicas entre os hospedeiros suscetíveis. a) Infectividade; b) Patogenicidade; c) Incidência; d) Virulência. Gabarito: B Comentários: Questão simples e conceitual. A “capacidade do agente invasor em causar doença com suas manifestações clínicas entre os hospedeiros suscetíveis”, diz respeito ao conceito de patogenicidade, portanto letra B. Imunogenicidade é a capacidade do agente de, após a infecção, induzir a imunidade no hospedeiro. Ex: alta nos vírus da rubéola, do sarampo, da caxumba que imunizam em geral por toda a vida, em relação à baixa imunogenicidade do vírus da gripe, da dengue, das salmonelas que só conferem imunidade relativa e temporária. Vigilância em Saúde Prof. Thiago Nascimento ʹ Aula 00 Prof. Thiago Nascimento www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 62 9. (NW-Classifica - Prefeitura Riqueza/SC - 2015) A Hanseníase é caracterizada como uma doença crônica granulamatosa, onde o agente causador tem a capacidade de infectar grande número de indivíduos (alta infectividade), no entanto poucos adoecem (baixa patogenicidade), propriedades estas que não são função apenas de suas características intrínsecas, mas que dependem, sobretudo, de sua relação com o hospedeiro e grau de endemicidade do meio. Sobre a hanseníase, qual é o agente etiológico? A) Salmonella typhi. B) Bacillus anthracis. C) Mycobacterium leprae. D) Neisseria meningitidis. E) Haemophilus influenzae. Gabarito: C Comentários: Novamente percebam uma questão direta, que apesar de todo contexto da pergunta em que se ilustra a Hanseníase, na verdade só se deseja saber seu agente etiológico, que é o Mycobacterium leprae, portanto letra C. Salmonella typhi é o agente etiológico da Febre Tifóide; Bacillus anthracis, do carbúnculo ou anthrax, Neisseria meningitidis, meningite e Haemophilus influenzae, meningite, otite, faringite, pneumonia e outras infecções. Agravo à Saúde – mal ou prejuízo à saúde de um ou mais indivíduos, de uma coletividade ou população. Percebam que é comum questões descrevendo a doença e pedindo o agente etiológico da mesma, portanto, é de suma importância saber os agentes etiológicos das principais doenças que serão abordadas nas próximas aulas. Vigilância em Saúde Prof. Thiago Nascimento ʹ Aula 00 Prof. Thiago Nascimento www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 62 Boas Práticas – conjunto de procedimentos necessários para garantir a qualidadesanitária dos produtos em um processo de trabalho (produção ou serviço). Caso: é uma pessoa ou animal infectado ou doente que apresenta características clínicas, laboratoriais e epidemiológicas específicas de uma doença ou agravo. Caso Suspeito: é a pessoa cuja história clínica, sintomas e possível exposição a uma fonte de infecção sugerem que o mesmo possa estar ou vir a desenvolver alguma doença infecciosa. O caso suspeito varia de acordo com cada doença ou agravo. Coeficiente: é a relação entre o número de casos de um evento e uma determinada população, num dado local e época. Comunicante: são todos aqueles (pessoa ou animal) que estiveram em contato com um reservatório (pessoa - caso clínico ou doente e portadores ou animal infectado) ou com ambiente contaminado, de forma a ter oportunidade de adquirir o agente etiológico de uma doença. Contaminação: é a presença do agente (infeccioso no modelo biomédico) ou fator de risco. Controle: quando relacionado a doenças significa operações ou programas desenvolvidos para eliminá-las ou para reduzir sua incidência ou prevalência; ou ainda atividades destinadas a reduzir um agravo até alcançar um determinado nível que não constitua mais problema de saúde pública. Dado: é uma descrição limitada da realidade, não chega a ser uma informação. Vigilância em Saúde Prof. Thiago Nascimento ʹ Aula 00 Prof. Thiago Nascimento www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 62 Dano: para nossa padronização de linguagem, consideraremos principalmente o termo “danos à saúde” que será correspondente ao termo “agravo à saúde”. Determinantes: são fatores contribuintes ou determinantes parciais, que em sua articulação e provável sinergia propiciam a atuação do estímulo patológico. Temos os determinantes econômicos (miséria, privações), determinantes culturais (defecar próximo a mananciais sem tratamento como fator de esquistossomose ou hábitos alimentares perigosos), determinantes ecológicos (desequilíbrios produzidos – poluição atmosférica - ou não pelo homem) ou determinantes psicossociais (stress como imunodepressor; agressividade e desemprego como fatores importantes nos homicídios) e biológicos. Doença ou Enfermidade: falta ou perturbação da saúde, moléstia, mal, enfermidade. Quanto às Formas das doenças: Forma Manifesta é aquela que apresenta sinais e/ou sintomas clássicos de determinada doença. Forma Inaparente ou Subclínica é aquela em que o indivíduo que não apresenta nenhum sinal ou sintoma (ou que apresenta muito poucos), apesar de estar com a doença presente. (Revelada às vezes somente através de exames laboratoriais). Forma Abortiva ou Frustra é aquela que desaparece rapidamente após poucos sinais ou sintomas. Forma Fulminante é aquela que leva rapidamente a óbito. Quanto ao processo de adoecimento e seus Períodos: Vigilância em Saúde Prof. Thiago Nascimento ʹ Aula 00 Prof. Thiago Nascimento www.estrategiaconcursos.com.br 33 de 62 Período de Incubação é o intervalo de tempo que decorre desde a penetração do agente etiológico no hospedeiro (indivíduo já está infectado), até o aparecimento dos sinais e sintomas da doença, variando de acordo com a doença considerada. Período de Transmissibilidade é aquele em que o indivíduo é capaz de transmitir a doença quer esteja ou não com sintomas. Quanto às causalidades do processo de adoecimento: Multicausalidade é o processo pelo qual as inúmeras presenças (Fatores, Agentes ou Determinantes), tendo acesso ao homem, interagem e podem provocar determinados agravos. Para que uma doença ou agravo tenha início, nenhum fator será por si só capaz de desencadear o processo patológico, esta multiplicidade é a multicausalidade. Como exemplo, temos uma infecção fúngica que para se estabelecer o hospedeiro precisa entrar em contato com um grande número de células, altamente virulentas e ainda, o indivíduo, precisa estar com um desequilíbrio na imunidade. Relação Causal: diz-se de numa associação estatística significativa, quando uma ocorrência pode ser atribuída a determinado fator ou fatores. Ex: associação entre o hábito de fumar e o câncer do pulmão. Relação não Causal: diz quando uma ocorrência não pode ser atribuída a determinado fator ou fatores apesar de ter numa associação estatística significativa. Ex: associação entre manchas escuras nos dedos (e ou dentes) e câncer de pulmão. Vigilância em Saúde Prof. Thiago Nascimento ʹ Aula 00 Prof. Thiago Nascimento www.estrategiaconcursos.com.br 34 de 62 Surto: acontece quando há o aumento repentino do número de casos de uma doença em uma região específica. Para ser considerado surto, o aumento de casos deve ser maior do que o esperado pelas autoridades. Epidemia: a epidemia se caracteriza quando um surto acontece em diversas regiões. Uma epidemia a nível municipal acontece quando diversos bairros apresentam uma doença, a epidemia a nível estadual acontece quando diversas cidades têm casos e a epidemia nacional acontece quando há casos em diversas regiões do país. Pandemia: em uma escala de gravidade, a pandemia é o pior dos cenários. Ela acontece quando uma epidemia se espalha por diversas regiões do planeta. Em 2009, a gripe A (ou gripe suína) passou de epidemia para pandemia quando a OMS começou a registrar casos nos seis continentes do mundo. A aids, apesar de estar diminuindo no mundo, também é considerada uma pandemia. Endemia: a endemia não está relacionada a uma questão quantitativa. Uma doença é classificada como endêmica (típica) de uma região quando acontece com muita frequência no local. As doenças endêmicas podem ser sazonais. A febre amarela, por exemplo, é considerada uma doença endêmica da região Norte do Brasil. Os próximos 4 conceitos, de epidemia, endemia, pandemia e surto sempre são alvos de dúvidas e muitas vezes fazem parte de questões de concurso. Vigilância em Saúde Prof. Thiago Nascimento ʹ Aula 00 Prof. Thiago Nascimento www.estrategiaconcursos.com.br 35 de 62 10. (IESES – Vigilância em Saúde - Pref. Biguaçu/SC- 2015) Os microrganismos são seres que, devido à sua alta taxa mutacional, rápido crescimento e facilidade de colonização dos mais variados meios, conseguiram se desenvolver abundantemente na água, no solo, no ar, no interior de plantas e animais, e também sobre a superfície corporal destes. A gravidade e o número de pessoas acometidas por uma determinada doença determinam a condição disseminadora do agente causador. Uma doença que acomete um número de pessoas constante, ou com pouca oscilação, durante décadas ou espaço de tempo superior, em uma determinada área geográfica, onde as mais comuns no Brasil são a malária, a doença de Chagas, o amarelão e a ascaridíase, pois os números de pessoas acometidas, em suas regiões de ocorrência, são constantes, ano após ano, são chamadas de: a) Epidemia. b) Endemia. c) Elimia. d) Pandemia. Gabarito: B Comentários: Novamente uma questão que apesar do tamanho é bastante direta. Temos que estar atentos ao trecho “Uma doença que acomete um número de pessoas constante, ou com pouca oscilação, durante décadas ou espaço de tempo superior, em uma determinada área geográfica, onde as mais comuns no Brasil são a malária, a doença de Chagas, o amarelão e a ascaridíase, pois os números de pessoas acometidas, em suas regiões de ocorrência, são constantes, ano após ano”, que é a definição de Endemia, portanto letra B. Vigilância em Saúde Prof. Thiago Nascimento ʹ Aula 00 Prof. Thiago Nascimento www.estrategiaconcursos.com.br36 de 62 Fatores de Risco: são os componentes (a depender do modelo) que podem levar à doença ou contribuir para o risco de adoecimento e manutenção dos agravos de saúde. Fonte de Infecção: de onde veio determinada infecção. O conceito confunde-se com o de um determinado reservatório específico. Hospedeiro: ser vivo que oferece, em condições naturais, subsistência ou alojamento a um agente infeccioso. Pode ser humano ou outro animal (inclusive aves e artrópodes). Hospedeiro primário ou definitivo é onde o agente atinge a maturidade ou passa sua fase sexuada; Hospedeiro intermediário ou secundário é aquele onde o parasita se encontra em forma assexuada ou larvária. No modelo sistêmico o Homem pode ser hospedeiro intermediário ou definitivo. Indicador de Saúde: indica, revela a situação de saúde (ou um aspecto dela) da população ou de um indivíduo; é montado a partir de dados referenciados no tempo e espaço e pela sua forma de organização e apresentação, facilitam a análise e o olhar com significância sobre a realidade, através de sua simples leitura ou através do acompanhamento dos dados no tempo. A Vigilância Sanitária utiliza muito, no seu dia a dia e em seu planejamento, “Indicadores de Saúde” e “Indicadores Ambientais” e por vezes “Indicadores de Produção”, “Indicadores Demográficos” e “Sócio- Econômicos”. Vigilância em Saúde Prof. Thiago Nascimento ʹ Aula 00 Prof. Thiago Nascimento www.estrategiaconcursos.com.br 37 de 62 Morbidade: é a variável característica das comunidades de seres vivos, refere-se ao conjunto dos indivíduos que adquirem doenças (ou determinadas doenças) num dado intervalo de tempo em uma determinada população. A morbidade mostra o comportamento das doenças e dos agravos à saúde na população. A morbidade é frequentemente estudada segundo quatro indicadores básicos: a incidência, a prevalência, a taxa de ataque e a distribuição proporcional. Incidência ou Coeficiente de Incidência (CI): A incidência de uma doença, em um determinado local e período, é o número de casos novos da doença que iniciaram no mesmo local e período. Traz a ideia de intensidade com que acontece uma doença numa população, mede a frequência ou probabilidade de ocorrência de casos novos de doença na população. Alta incidência significa alto risco coletivo de adoecer. CI = nº de casos novos de determinada doença em dado local e período x 10n na população do mesmo local e período Prevalência ou Coeficiente de Prevalência (CP): prevalecer significa ser mais, preponderar, predominar. A prevalência indica qualidade do que prevalece, prevalência implica em acontecer e permanecer existindo num momento considerado. Portanto, a prevalência é o número total de casos de uma doença, existentes num determinado local e período. CP = nº de casos de determinada doença em um dado local e período x 10n população do mesmo local e período Vigilância em Saúde Prof. Thiago Nascimento ʹ Aula 00 Prof. Thiago Nascimento www.estrategiaconcursos.com.br 38 de 62 O coeficiente de prevalência é mais utilizado para doenças crônicas de longa duração. Ex: hanseníase, tuberculose, AIDS, tracoma ou diabetes. Casos prevalentes são os que estão sendo tratados (casos antigos), mais aqueles que foram descobertos ou diagnosticados (casos novos). A prevalência, como ideia de acúmulo, de estoque, indica a força com que subsiste a doença na população. Taxa de Ataque (TA): Esta taxa, sempre expressa em percentagem, nada mais é do que uma forma especial de incidência. É usada quando se investiga um surto de uma determinada doença em um local onde há uma população bem definida como residência, creche, escola, quartel, colônia de férias, pessoas que participaram de um determinado evento como um almoço, etc. Essas pessoas formam uma população especial, exposta ao risco de adquirir a referida doença, em um período de tempo bem definido. TA = n.º de casos da doença em um dado local e período x 100 população exposta ao risco Distribuição Proporcional (DP): A distribuição proporcional indica, do total de casos ou mortes ocorridas por uma determinada causa, quantos se distribuem, por exemplo, entre homens e quantos entre mulheres, quantos ocorrem nos diferentes grupos de idade. O resultado sempre é expresso em porcentagem. A distribuição proporcional não mede o risco de adoecer ou morrer (como no caso dos coeficientes), somente indica como se distribuem os casos entre as pessoas afetadas, por grupos etários, sexo, localidade e outras variáveis. DP = N.º parcial de casos x 100 N.º total de casos Vigilância em Saúde Prof. Thiago Nascimento ʹ Aula 00 Prof. Thiago Nascimento www.estrategiaconcursos.com.br 39 de 62 Mortalidade: é a variável característica das comunidades de seres vivos; refere-se ao conjunto dos indivíduos que morreram num dado intervalo do tempo. Representa o risco ou probabilidade que qualquer pessoa na população apresenta de poder vir a morrer ou de morrer em decorrência de uma determinada doença. Diversas vezes temos que medir a ocorrência de doenças numa população através da contagem de óbito e para estudá-las corretamente; estabelecemos uma relação com a população que está envolvida. É calculada pelas taxas ou coeficientes de mortalidade. Representam o “peso” que os óbitos apresentam numa certa população. Calcula-se principalmente os coeficientes ou taxas de mortalidade geral, mortalidade infantil, mortalidade por causa e a letalidade, apesar de haver muitos outros coeficientes de mortalidade bastante usados. Coeficiente de Mortalidade Geral (CMG) é a relação entre o total de óbitos de um determinado local pela população exposta ao risco de morrer. CMG = nº de óbitos em dado local e período x 103 população do mesmo local e período O coeficiente de mortalidade infantil (CMI) mede a proporção de crianças que morrem antes do primeiro ano de vida em relação aos nascidos vivos, em determinada área e período, isto é, o risco dessa criança morrer. Vigilância em Saúde Prof. Thiago Nascimento ʹ Aula 00 Prof. Thiago Nascimento www.estrategiaconcursos.com.br 40 de 62 CMI = nº de óbitos em menores de 1 ano em dado local e período x 103 nº de nascidos vivos no mesmo local e período Coeficiente de Mortalidade por Causa (CMC) permite conhecer os riscos de morrer por uma determinada causa e consequentemente orientar sua prevenção específica. Nas doenças transmissíveis é bom indicador para avaliar as ações de saneamento e a eficácia e o impacto de medidas de prevenção e controle adotadas. Relaciona o número de óbitos por uma determinada causa pela população exposta. CMC = n.º de óbitos por determinada doença em dado local e período x 10n população exposta ao risco Letalidade ou taxa ou coeficiente de letalidade (CL) relaciona o número de óbitos por determinada causa e o número de pessoas que foram acometidas por tal doença. Esta relação nos dá ideia da gravidade do agravo, pois indica o percentual de pessoas que morreram por tal doença e pode informar sobre a qualidade da assistência médica oferecida à população. CL = n.º de óbitos de determinada doença em dado local e período x 100 n.º de casos da doença no mesmo local e período Razão de Mortalidade Proporcional (RMP) ou Indicador de Swaroop- Uemura: Mede a proporção de óbitos de pessoas com 50 anos e mais em relação ao total de óbitos ocorridos em um dado local e período. RMP = n.º de óbitos em de 50 anos em dado local e período x 100total de óbitos no mesmo local e período Vigilância em Saúde Prof. Thiago Nascimento ʹ Aula 00 Prof. Thiago Nascimento www.estrategiaconcursos.com.br 41 de 62 11. (IDECAN – Vigilância em Saúde - Pref. Ubatuba-SP - 2015) Com o número de óbitos de uma determinada doença infecto-parasitária, dividido pelo número de doentes da mesma patologia em uma área, podeǦse configurar: A) a taxa de ataque. B) a taxa de prevalência. C) o coeficiente de letalidade. D) o coeficiente de mortalidade geral. Gabarito: C Comentários: Questão conceitual e direta onde o autor deseja saber “o número de óbitos de uma determinada doença, dividido pelo número de doentes da mesma patologia em uma área”, que é o conceito de letalidade, portanto letra C. 12. (AOCP– Vigilância em Saúde – EBSERH/Nacional - 2015) Enfermeira foi contratada para o Serviço de Controle de Infecção da Santa Casa. Ao analisar os dados sobre infecção hospitalar, identificou como um dos pontos críticos a falta de informações sobre a Taxa de Incidência das ISC, a partir das seguintes informações: total de colecistectomias realizadas no mês de novembro de 2014 = 25; diagnosticadas duas ISC superficiais, duas ISC profundas e uma ISC de órgão/cavidade. Considerando essa situação hipotética, assinale a alternativa que apresenta o valor correto da Taxa de Incidência. (A) 2%. (B) 16,6%. Vigilância em Saúde Prof. Thiago Nascimento ʹ Aula 00 Prof. Thiago Nascimento www.estrategiaconcursos.com.br 42 de 62 (C) 5%. (D) 20%. (E) 5,2% Gabarito: D Comentários: Questão de aplicação de fórmula. O autor deseja que se calcule a taxa de incidência das ISC (infecções de sítio cirúrgico) a partir de 25 colecistectomias realizadas sendo diagnosticadas o total de 5 ISC (2 superficiais, 2 profundas e 1 de órgão/cavidade). Portanto temos: CI= 5/25 =0,2 x 100 (taxa de incidência em porcentagem) = 20%, resposta letra D. 13. (UNIUV– Vigilância em Saúde – Pref. União da Vitória/PR- 2015) No Brasil em 2015, até a semana epidemiológica 12 (04/01/15 a 28/03/15), foram registrados 460.502 casos notificados de dengue e 2.552 casos autóctones suspeitos de febre de chikungunya. O número de casos novos de dengue/100 mil habitantes é denominado de: A ( ) Morbimortalidade; B ( ) Prevalência; C ( ) Morbidade; D ( ) Incidência; E ( ) Mortalidade por determinada doença. Gabarito: D Comentários: Novamente uma questão conceitual, na qual o autor deseja saber o que significa “o número de casos novos de dengue/100 mil habitantes”. Basta lembrar que, quando se menciona casos novos de determinada doença em relação a população local, é o conceito de Incidência, portanto letra D. Vigilância em Saúde Prof. Thiago Nascimento ʹ Aula 00 Prof. Thiago Nascimento www.estrategiaconcursos.com.br 43 de 62 14. (IMA – Vigilância em Saúde – Pref. Remanso/BA- 2015) Os Indicadores Epidemiológicos medem a magnitude ou transcendência (ou seja, o tamanho ou a gravidade) do problema de saúde. Por conseguinte, se referem à situação verificada na população ou no meio ambiente num momento dado ou num período determinado. Incidência pode ser definida da seguinte forma: A) A incidência de doenças é o conjunto de atividades sistemáticas de avaliação de uma doença com objetivo de detectar ou prever alterações de seu comportamento epidemiológico. B) A incidência de doenças é simplesmente o número de objetos ou eventos em um grupo. C) A incidência de doenças em uma população significa a ocorrência de casos novos relacionados à unidade de intervalo de tempo - dia, semana, mês ou ano. D) A incidência de doenças é a frequência absoluta dos casos de doenças, independente da época em que esta iniciou. E) A incidência de doenças é a medida pela frequência da doença ou pelo seu coeficiente durante um determinado período de tempo. Gabarito: C Comentários: Mais uma vez que uma questão conceitual na qual se deseja o conceito de Incidência, que segundo nosso aula “a incidência de uma doença, em um determinado local e período, é o número de casos novos da doença que iniciaram no mesmo local e período”, semelhante a alternativa C. 15. (FGV– Vigilância em Saúde – Câmara de Recife/PE - 2014) Uma determinada região registrou 100 novos casos de diabetes mellitus no ano de 2013 que foram somados aos 400 casos com acompanhamento em curso. Com base nesses dados, pode-se afirmar que: (A) a prevalência de diabetes em 2013 foi de 300 casos; Vigilância em Saúde Prof. Thiago Nascimento ʹ Aula 00 Prof. Thiago Nascimento www.estrategiaconcursos.com.br 44 de 62 (B) não é possível determinar a prevalência de diabetes; (C) a incidência de diabetes em 2013 foi de 100 casos; (D) a prevalência de diabetes foi menor que a incidência; (E) não é possível determinar a incidência de diabetes. Gabarito: C Comentários: Apesar de aparentemente se tratar de uma pegadinha, na verdade é uma questão estritamente conceitual na qual o concurseiro deva estar atento. Segundo o enunciado “uma região registrou 100 novos casos de diabetes mellitus em 2013”, que se somaria “aos 400 casos com acompanhamento em curso”. Pela informações conseguimos estimar que esse 100 novos casos constituem, a incidência de diabetes (do conceito, a incidência de uma doença é o número de casos novos da doença que iniciaram no mesmo local e período) e os 400 já existentes (somados aos 100 novos, totalizando 500) a prevalência de diabetes na população (a prevalência é o número total de casos de uma doença, existentes num determinado local e período), portanto a alternativa correta é a C. 16. (AOCP – Vigilância em Saúde - EBSERH/Nacional - 2014) A Epidemiologia é o estudo da distribuição e dos determinantes de estados ou eventos relacionados à saúde em populações específicas, e a aplicação dos resultados para o controle de problemas de saúde (APECIH, 2000; p. 1). A razão entre o número de indivíduos mensuravelmente afetados ou doentes por um agente em uma população definida em um período particular, sem considerar quando o processo ou doença começou, refere- se à taxa de: (A) morbidade. (B) letalidade. (C) mortalidade. (D) densidade de incidência. Vigilância em Saúde Prof. Thiago Nascimento ʹ Aula 00 Prof. Thiago Nascimento www.estrategiaconcursos.com.br 45 de 62 (E) prevalência. Gabarito: E Comentários: Questão conceitual, na qual o autor pede o significado da “razão entre o número de indivíduos mensuravelmente afetados ou doentes por um agente em uma população definida em um período particular, sem considerar quando o processo ou doença começou”. Note que ao autor não faz menção a casos novos, portanto descartamos a incidência e concluímos se tratar da definição de prevalência, alternativa E. Reservatório de agentes infecciosos (reservatório de bioagentes): é o ser humano ou animal, artrópode, planta, solo ou matéria inanimada em que um agente normalmente vive, se multiplica ou sobrevive e do qual tem o poder de ser transmitido a um hospedeiro susceptível. Classificam-se as doenças segundo seu reservatório como: Antroponoses: são as doenças onde o homem é o único reservatório, único hospedeiro e único susceptível (gripes, DST, febre tifóide). Zoonoses: são infecções comuns aos homens e outros animais. Anfixenoses: onde homens e animais são reservatórios (leishmaniose). Fitenoses - as plantas são os reservatórios e o homem susceptível (blastomicose). Sazonalidade: é a propriedade de um fenômeno considerado periódico (cíclico) de repetir-se sempre na mesma estação (sazão) doano. As doenças são sujeitas à variação sazonal com aumentos Vigilância em Saúde Prof. Thiago Nascimento ʹ Aula 00 Prof. Thiago Nascimento www.estrategiaconcursos.com.br 46 de 62 periódicos em determinadas épocas do ano, geralmente relacionados ao seu modo de transmissão. Vetores: são seres vivos que veiculam o agente desde o reservatório até o hospedeiro potencial. Vetores mecânicos são os transportadores de agentes, geralmente insetos, que os carreiam nas patas, probóscides, asas ou trato gastrintestinal contaminados e onde não há multiplicação ou modificação do agente. Vetores biológicos são aqueles em que os agentes desenvolvem algum ciclo vital antes de serem disseminados ou inoculados no hospedeiro. 17. (AOCP – Vigilância Epidemiológica - EBSERH/Nacional - 2014) Qual das doenças a seguir é transmitida por vetores? (A) Sarampo. (B) Botulismo. (C) Tétano. (D) Coqueluche. (E) Raiva. Gabarito: E Comentários: Questão bastante simples, na qual, mais uma vez, é requisitado ao concurseiro que conheça a forma de transmissão das doenças e ainda, especificamente esta, o conceito de vetor – Vigilância em Saúde Prof. Thiago Nascimento ʹ Aula 00 Prof. Thiago Nascimento www.estrategiaconcursos.com.br 47 de 62 que são seres vivos que veiculam o agente desde o reservatório até o hospedeiro potencial. Por exclusão temos que Botulismo se adquire através de alimentos contaminado com a toxina bacteriana; Tétano, através acidente com materiais perfurocortantes; da Coqueluche e Sarampo, através de perdigotos expelidos pela tosse, fala ou respiração de um indivíduo doente. Considerando que a transmissão da raiva se dá pela saliva de um mamífero doente, portanto esse é o veículo transmissor, alternativa E. Veículos: são fontes secundárias, intermediárias entre o reservatório e o hospedeiro como objetos e materiais (alimentos, água, roupas, instrumentos cirúrgicos, etc.). ----//---- Referências: Brasil. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Vigilância em Saúde - Parte 1 / Conselho Nacional de Secretários de Saúde. – Brasília : CONASS, 2011. 320 p. (Coleção Para Entender a Gestão do SUS 2011, 5,I) Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Guia de Vigilância em Saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. – Brasília : Ministério da Saúde, 2014. 812 p Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância à Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Diretrizes Nacionais da Vigilância em Saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde. – Brasília: Ministério da Vigilância em Saúde Prof. Thiago Nascimento ʹ Aula 00 Prof. Thiago Nascimento www.estrategiaconcursos.com.br 48 de 62 Saúde, 2010. 108 p.: – (Série F. Comunicação e Educação em Saúde) (Série Pactos pela Saúde 2006; v. 13) Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Guia de vigilância epidemiológica / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica. – 7. ed. – Brasília : Ministério da Saúde, 2009. 816 p. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos) E aqui terminamos nossa aula! Espero que tenham gostado da abordagem e metodologia. Ainda segue ao final, as Questões de Concursos e em seguida a lista com o Gabarito. Na próxima aula trataremos do Sistema Nacional de Vigilância em Saúde e Sistemas de Informações da Vigilância em Saúde. Espero você lá! Forte abraço! Thiago Nascimento Vigilância em Saúde Prof. Thiago Nascimento ʹ Aula 00 Prof. Thiago Nascimento www.estrategiaconcursos.com.br 49 de 62 Agora você deve realizar essas questões retiradas de concursos anteriores para exercitar e fixar o conteúdo estudado nesta aula. Não deixe de conferir o gabarito ao final da aula Questões de Concursos: 1. (FUNADEPI - Seduc - 2010) Conjunto de ações que proporcionam o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos. A definição refere-se a: a) Vigilância em Saúde do Trabalhador; b) Vigilância Epidemiológica; c) Vigilância Sanitária; d) Vigilância em Saúde; e) Promoção da Saúde. 2. (AOCP - Vigilância Sanitária - EBSERH/ Concurso Nacional - 2014) São ações prioritárias de Vigilância em Saúde, EXCETO (A) notificação de doenças e agravos. (B) alimentação e manutenção de sistemas de informação. (C) vigilância ambiental. (D) controle social no SUS. (E) imunizações. Vigilância em Saúde Prof. Thiago Nascimento ʹ Aula 00 Prof. Thiago Nascimento www.estrategiaconcursos.com.br 50 de 62 3. (AOCP – Vigilância Epidemiológica - EBSERH/Nacional - 2014) São os componentes da vigilância em saúde, EXCETO: (A) ações de vigilância. (B) hierarquização das ações. (C) controle de agravos à saúde. (D) promoção à saúde. (E) prevenção de doenças. 4. (AOCP - Vigilância - EBSERH/HU-UFGD - 2013) A adoção do conceito de vigilância em saúde procurou simbolizar uma abordagem, mais ampla do que a tradicional prática de vigilância epidemiológica, incluindo as afirmativas a seguir, EXCETO (A) a vigilância das doenças transmissíveis. (B) a vigilância das doenças e agravos não transmissíveis e seus fatores de risco. (C) a vigilância ambiental em saúde. (D) a vigilância em saúde mental. (E) a vigilância da situação de saúde 5. (AOCP – Vigilância Epidemiológica - EBSERH/HE-UFSCAR - 2015) “Desenvolve ações de monitoramento contínuo do país/estado/região/município/território, por meio de estudos e análises que revelem o comportamento dos principais indicadores de saúde, priorizando questões relevantes e contribuindo para um planejamento de saúde mais abrangente”. O enunciado refere-se à: (A) Vigilância da situação de doença. (B) Vigilância da situação de saúde. (C) Vigilância da situação de risco. (D) Vigilância da situação de morbidade. Vigilância em Saúde Prof. Thiago Nascimento ʹ Aula 00 Prof. Thiago Nascimento www.estrategiaconcursos.com.br 51 de 62 (E) Vigilância da situação de mortalidade. 6. (AOCP – Vigilância Epidemiológica - EBSERH/Nacional - 2014) Qual das doenças a seguir é transmitida por vetores? (A) Sarampo. (B) Botulismo. (C) Tétano. (D) Coqueluche. (E) Raiva. 7. (AOCP – Vigilância Epidemiológica - EBSERH/Nacional – 2014) No Brasil, o registro mais antigo de ações de prevenção e controle de doenças é referente à adoção de medidas para conter qual epidemia, no século XVII, no porto de Recife? (A) Aids. (B) Dengue. (C) Malária. (D) Febre amarela. (E) Esquistossomose. 8. (Cope/UFAL - Vigilância Epidemiológica – UNCISAl -2015) A qualidade de um indicador depende das propriedades dos componentes utilizados em sua formulação (frequência de casos, tamanho da população em risco) e da precisão dos sistemas de informação empregados (registro, coleta, transmissão dos dados). Qual a taxa de incidência de dengue para um determinado município com população de 264.000 habitantes e 89 casos de dengue confirmados no ano de 2013? A) 23,90 B) 27,00 Vigilância em Saúde Prof. Thiago Nascimento ʹ Aula 00 Prof. Thiago Nascimento www.estrategiaconcursos.com.br 52 de 62 C) 33,71