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Laís Mota Sena – 4º semestre – MedFTC epidemiologia O serviço de vigilância é a instância das Secretarias de Saúde que monitora de forma contínua o comportamento das doenças e agravos importantes para a Saúde Pública, bem como dos fatores que as condicionam, em uma área geográfica ou população definida. Para que a vigilância epidemiológica possa cumprir o seu propósito, é necessário que disponha de informação. Esta é gerada a partir da coleta, tratamento e interpretação de dados. A informação constitui-se em instrumento capaz de estabelecer um processo dinâmico para desencadeamento de medidas de controle pertinentes, planejamento, avaliação, manutenção e aprimoramento das intervenções públicas no âmbito da saúde. É importante lembrar que na idade antiga haviam explicações sobrenaturais sobre os eventos que aconteciam. Por exemplo, um povo acometido por uma epidemia de gripe poderia relacionar isso a ira de um deus por não ter feito sacrifícios da maneira adequada. Na Idade Média, veio a teoria miasmática que dizia que emanações vinda de locais úmidos (pântano, floresta tropical entre outros) trariam a doença. Embora tenha se provado que essa teoria não é verdadeira, ainda hoje usamos alguns conceitos vindos dessa época como o isolamento, a quarentena, bem como os asilos e leprosários. Um exemplo é que em Salvador, os navios vindos de fora deveriam ficar em Monte Serrat porque era afastado e um navio vindo de fora poderia estar infectado e trazer uma peste para a cidade. Da mesma maneira lá foi fundado o hospital de isolamento Couto Maia, localizado em um lugar alto arejado e bem ventilado (de acordo com a teoria miasmática). No século XX, temos a teoria microbiana com muita produção científica para embasar, tais quais os postulados de Koch e as descobertas Louis Pasteur. Nessa época os médicos pensavam que toda doença era provocada por algum patógeno, era questão de tempo até descobrir os microoganismos visto que eles sempre eram os causadores das doenças. Atualmente vivemos o tempo da teoria multicausal, na qual acredita-se que “a doença não é resultante apenas da ação de agentes nocivos ao homem, mas também determinadas pelas condições sociais em que vive e trabalha a população”. Nesse contexto, foi criada o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SNVE) que consiste em “um conjunto de ações que proporcionam o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos” segundo a lei 8080 de 1990. Instituído no Brasil, em 1975, por meio de legislação específica (Lei 6.259/75 e Decreto 78.231/76) que tornou obrigatória a notificação de doenças transmissíveis selecionadas, agravos inusitados à saúde e situações de calamidade pública. Desde então, o país passou a estruturar órgãos responsáveis pelo desenvolvimento do SNVE em todos os estados da Federação, capacitando-os a alimentar o sistema de notificações e desencadear ações para o controle de problemas de saúde sob sua responsabilidade. Com o passar do tempo a SNVE foi ficando responsável por muitas outras condições além das ISTs. Em suma, o modelo de atuação da VE vem sendo modificado para atender às necessidades dos sistemas locais de saúde e buscar articulação entre ações de promoção, prevenção, recuperação e reabilitação nas dimensões individual e coletiva com vistas à prestação de atenção integral à saúde da população. Na medida em que tem o propósito de fornecer orientação técnica permanente aos profissionais de saúde que têm a responsabilidade de decidir sobre execução de ações de prevenção e controle de doenças e agravos, a vigilância epidemiológica pode ser definida como atividade de informação-decisão-ação (informação para decisão/ ação). Laís Mota Sena – 4º semestre – MedFTC Um exemplo é a história da Mary Mallon, mais conhecida como Mary Tifóide. Coleta de dados e informações; Processamento, análise e interpretação dos dados coletados; Recomendar, fundamentada em bases objetivas e científicas as medidas de ação apropriadas (a curto, médio e longo prazo) para a prevenção, controle e/ou erradicação do problema; Promoção das ações de controle indicadas através da rede de serviços de saúde; Avaliação da eficiência e efetividade das medidas adotadas; Divulgação de informações pertinentes; São fatores que influenciam nessa mudança: Efeitos da globalização sobre as relações humanas: o Sars-Cov que se espalhou de maneira extraordinária pelo planeta mesmo com todas as medidas de isolamento, por exemplo. Mudanças de hábitos no mundo moderno; Explosão demográfica e ocupação desordenada do solo; Surgimentos de novos agentes patogênicos; Resistência microbiana (muito relacionado com o abuso de remédio e automedicação); Grandes desastres ecológicos; Exposição a agentes químicos, físicos e radioativos Notificação compulsória passiva; Bases de dados dos sistemas nacionais de informação: Sistema nacional de agravos de notificação (SINAN); Sistema nacional de mortalidade (SM); Sistema nacional de nascidos vivos (SINASC); Sistema de informações hospitalares (SIH-SUS); Sistema de informações ambulatoriais (SIA-SUS). Laboratórios; Investigação epidemiológica de campo; Imprensa e população. Ficha individual notificação (FIN); Segundo a professora Glória Teixeira, notificação “é a comunicação da ocorrência de determinada doença ou agravo à saúde, feita à autoridade sanitária por profissionais de saúde ou qualquer cidadão, para fins de adoção de medidas de intervenção pertinentes”. A lei 6259 é a responsável por organizar a VE, nela está escrita: Art 8º: É dever de todo cidadão comunicar à autoridade sanitária local a ocorrência de fato, comprovado ou presumível, de caso de doença transmissível, sendo obrigatória a médicos e outros profissionais de saúde no exercício da profissão, bem como aos responsáveis por organizações e estabelecimentos públicos e particulares de saúde e ensino a notificação de casos suspeitos ou confirmados das doenças relacionadas em conformidade com o artigo 7º (notificação compulsória). Ficha de investigação epidemiológica (FIE); Registro de nascimento (DNV); Declaração de óbito (DO); Autorização de internação hospitalar (AIH); Outros Doenças transmissíveis; Doenças e agravos não transmissíveis: Câncer/Leucemias; Hipertensão arterial sistêmica; Diabetes Mellitus; Malformações congênitas; Acidentes e violências. Doenças emergentes (novas doenças) e reemergentes (que voltaram a aparecer, p.ex.: sarampo); Surtos e epidemias; Eventos inusitados à saúde Laís Mota Sena – 4º semestre – MedFTC Magnitude da doença (incidência, prevalência, mortalidade e anos potenciais de vida perdidos); Potencial de disseminação: Infectividade: é capacidade de o agente etiológico alojar-se e multiplicar-se no organismo do hospedeiro e transmitir-se deste para um novo hospedeiro. Patogenicidade: é capacidade de um agente biológico causar doença em um hospedeiro suscetível. Virulência: é o grau de patogenicidade de um agente infeccioso que se expressa pela gravidade da doença, especialmente pela letalidade e proporção de casos com sequelas. Imunogenicidade ou poder imunogênico: é a capacidade do agente biológico de estimular a resposta imune no hospedeiro. Uma doença que você, geralmente, só tem uma vez na vida tem elevada imunogenicidade, enquanto doenças como gripe tem baixo poder imunogênico. Transcendência (severidade, relevância social e econômica); Grupo em vulnerabilidade; Compromisso internacionais (Regulamento Sanitário Internacional); Epidemias, surtos e agravos inusitados Em relação aos profissionais de saúde: Desconhecimento da obrigação da notificação: Supõe que outra pessoa ou instituição fará a notificação; Desconhece quais doenças devem ser notificadas; Desconhece como e a quem deve notificar; Acredita que só deve notificar o caso confirmado; Acredita que é um procedimento meramente burocrático; Demanda tempo para preencher o formulário de notificação; Preocupação de que a notificação vá expor o paciente; Receio de quebra do sigilo profissional; Desconfiança de que o poder público vá realmente adotar medidas pertinentes Laís Mota Sena – 4º semestre – MedFTC epidemiologia No Brasil, a definição legal de Vigilância Sanitária é consentida pela Lei Federal nº 8.080 de 19 de setembro de 1990, artigo 6º, parágrafo 1º, que expressa as diretrizes e trata da execução das ações desta entidade no âmbito e competência do Sistema Único de Saúde (SUS): “Entende-se, por vigilância sanitária, um conjunto de ações capaz de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da saúde, abrangendo: o controle de bens de consumo que, direta ou indiretamente, se relacionem com a saúde, compreendidas todas as etapas e processos, da produção ao consumo; e o controle da prestação de serviços que se relacionam direta ou indiretamente com a saúde.” A vigilância Sanitária, no seu nível de competência estabelecido pela legislação vigente, atuará sobre: I. Alimentos, inclusive bebidas, águas envasadas, seus insumos, suas embalagens, aditivos alimentares, limites de contaminantes orgânicos, resíduos de agrotóxicos e de medicamentos veterinários; II. Medicamentos de uso humano, suas substâncias ativas e demais insumos, processos e tecnologias; cosméticos, produtos de higiene pessoal e perfumes; III. Saneantes destinados à higienização, desinfecção ou desinfestação em ambientes domiciliares, hospitalares e coletivos; IV. Conjuntos, reagentes e insumos destinados a diagnóstico; V. Equipamentos e materiais médico- hospitalares, odontológicos, hemoterápicos e de diagnóstico laboratorial e por imagem; VI. Imunobiológicos e suas substâncias ativas, sangue e hemoderivados; VII. Órgãos, tecidos humanos e veterinários para uso em transplantes ou reconstituições; VIII. Radioisótopos para uso diagnóstico in vivo, radiofármacos e produtos radioativos utilizados em diagnóstico e terapia; IX. Cigarros, cigarrilhas, charutos e qualquer outro produto fumígero, derivado ou não do tabaco; X. Quaisquer produtos que envolvam a possibilidade de risco à saúde, obtidos por engenharia genética, por outro procedimento ou ainda submetidos a fontes de radiação; XI. Serviços voltados para a atenção ambulatorial, seja de rotina ou de emergência, os realizados em regime de internação, os serviços de apoio diagnóstico e terapêutico, bem como aqueles que impliquem a incorporação de novas tecnologias; XII. Serviços de interesse da saúde, como: creches, asilos para idosos, presídios, cemitérios, salões de beleza, cantinas e refeitórios escolares, academia de ginástica, clubes e similares; XIII. Instalações físicas, equipamentos, tecnologias, ambientes e procedimentos envolvidos em todas as fases de seus processos de produção dos bens e produtos submetidos ao controle e fiscalização sanitária, incluindo a destinação dos respectivos resíduos. A seguir estão algumas reportagens que demonstram como é a atuação da vigilância sanitária: Laís Mota Sena – 4º semestre – MedFTC É o poder que tem a administração pública de limitar a liberdade e a propriedade do particular em benefício da coletividade. Nesse sentido, ela pode multar, interditar o local e fazer diligências. É aquele negócio né, eu sou livre contanto que minha liberdade não interfira na liberdade dos outros e a vigilância sanitária está aí para garantir isso.
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