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Professor Luiz Henrique Monqueiro Sistemas Fluidotérmicos AULA 1 Neste módulo serão abordados os seguintes tópicos: Classificação dos sistemas termodinâmicos; Considerações na análise dos ciclos de potência; O Ciclo de Carnot e seu valor na engenharia; Hipótese do Padrão a Ar; Visão Geral dos Motores Alternativos; Ciclo Otto – Ignição por centelha; Ciclo Diesel – Ignição por compressão; Ciclos Stirling e Ericsson; Conteúdo Programático Continuação: Ciclo Brayton – Ciclo Ideal das Turbinas a Gás; Ciclo Brayton com Regeneração; Ciclo Brayton com Resfriamento Intermediário, Reaquecimento e Regeneração; Conteúdo Programático Bibliografia Básica MORAN, M.J. e SHAPIRO, H.N. – Princípios da Termodinâmica para a Engenharia - Ed. LTC, 6ª Ed. 2009. ÇENGEL, Y.A. e BOLES, M.A. - Termodinâmica - Ed. McGraw-Hill, 2007. Ciclo Brayton com Regeneração; Bibliografia complementar : Wylen, G.J., Borgnakke, C. e Sonntag, R.E. – Fundamentos da Termodinâmica Clássica - Ed. Edgard Blucher 1997. ; Bibliografia Os ciclos termodinâmicos podem ser divididos em duas categorias gerais: os ciclos de potência e os ciclos de refrigeração; Os ciclos termodinâmicos também podem ser classificados baseados nos fluidos de trabalho. Sendo assim, se classificam como ciclo a gás ou a vapor; Podem, ainda, ser classificados como ciclo aberto ou fechado; As máquinas térmicas são classificadas também como: a combustão interna ou combustão externa Introdução Nos ciclos fechados, o fluido de trabalho volta ao estado inicial no final do ciclo e circula novamente; Nos ciclos aberto, o fluido de trabalho é renovado ao final de cada ciclo em vez de circular novamente; Nos motores dos automóveis, ocorre a exaustão e a substituição dos gases da combustão pela mistura de ar fresco e combustível, ao final de cada ciclo. Introdução Nos motores de automóveis ocorre um ciclo mecânico, mas o ciclo termodinâmico não se completa, pois o fluido de trabalho é rejeitado e, portanto, não retorna ao seu estado inicial; Nas máquinas térmicas a combustão externa (usinas de potência a vapor), o calor é fornecido por uma fonte externa à fronteira do sistema, tais como: fornalha, caldeira, reator nuclear, sol e etc. Introdução Maquinas Térmicas Combustão Externa Nos motores de combustão interna (motores de automóveis), a combustão é realizada dentro da fronteira do sistema (câmara de combustão) Combustão Interna Os ciclos encontrados em dispositivos reais são difíceis de se analisar devido ao atrito e a falta de tempo suficiente para se estabelecer as condições de equilíbrio. Sendo assim, para superar a complexidade do dispositivos reais são propostas algumas idealizações. Análise dos Ciclos de Potência Nesta análise despreza-se os efeitos da irreversibilidade (atrito por exemplo) e idealiza-se um sistema sem perdas e que possua processos internamente reversíveis. Ou seja, trata-se o sistema como um sistema ideal. Esta idealização permite os estudos dos principais parâmetros que dominam o ciclo e se aproximam dos modelos reais. É lógico que o modelo idealizado possui algumas imprecisões, mas serve de ponto de partida para estudos mais aprofundados Análise dos Ciclos de Potência A eficiência térmica do ciclo Otto ideal aumenta com o aumento da razão de compressão e isso também é válido para o ciclo Otto real Análise dos Ciclos de Potência As máquinas térmicas foram desenvolvidas para converter energia térmica (calor) em trabalho, e seu desempenho é expresso em termos da eficiência térmica: Máquinas Térmicas O ciclo não envolve atrito. Assim, o fluido de trabalho não sofre nenhuma queda de pressão ao escoar em tubos ou dispositivos como os trocadores de calor; Todos os processos de expansão e compressão ocorrem de forma quase estática; Os tubos que conectam os diversos componentes de um sistema são isolados e a transferência de calor ao longo deles é desprezível Ciclo idealizado As energias cinética e potencial podem ser consideradas desprezíveis em dispositivos como turbinas, bombas e compressores, pois a sua contribuição na equação de energia é pequena em relação aos outros termos; As variações de velocidades em caldeiras, condensadores e câmara de mistura são muito baixas o que torna a energia cinética desprezível; Em difusores e bocais as variações de velocidades são significativas e, portanto, a energia cinética não pode ser desprezada. Ciclo idealizado Nos diagramas P-v e T-s, a área delimitadas pelas curvas de processo de um ciclo representa o trabalho líquido produzido durante o ciclo, que também equivalente à transferência líquida de calor do ciclo Diagramas P-v e T-s Um ciclo de potência ideal não envolve nenhuma irreversibilidade interna, assim o único efeito capaz de variar a entropia do fluido de trabalho durante um processo é a transferência de calor. Ciclo de Potencia Ideal Em um diagrama T-s, um processo de fornecimento de calor acontece na direção do aumento da entropia, um processo de rejeição de calor acontece na direção da diminuição da entropia e um processo isentrópico (internamente reversível e adiabático) acontece a uma entropia constante Diagrama T-s O Ciclo de Carnot é composto por quatro processos totalmente reversíveis: 1 – fornecimento isotérmico de calor (A→B) 2 – expansão adiabática (B→C) 3 – rejeição isotérmica de calor (C→D) 4 – compressão adiabática (D→A) Ciclo de Carnot O ciclo de Carnot pode ser executado em um sistema fechado (conjunto pistão-cilindro) ou em um sistema com escoamento em regime permanente (usina de potência), e o fluido de trabalho utilizado pode ser um gás ou um vapor; É o ciclo mais eficiente que pode ser executado entre uma fonte de calor a temperatura TQ (fonte quente) e um sumidouro à temperatura TF (fonte fria) Ciclo de Carnot A eficiência térmica do ciclo de Carnot é dada por: A transferência isotérmica reversível exige trocadores de calor muito grandes e muito tempo, que torna este ciclo inviável na prática; O ciclo ideal de Carnot é um padrão com relação ao qual os ciclos ideais e reais podem ser comparados. Ciclo de Carnot A eficiência térmica aumenta com o aumento da temperatura média com a qual o calor é fornecido ao sistema, ou com a diminuição da temperatura média com a qual o calor é rejeitado pelo sistema Ciclo de Carnot Mostre que a eficiência térmica de um ciclo que opera entre os limites de temperatura de TQ e TF é exclusivamente uma função dessas duas temperaturas e que é dada pela equação abaixo Exemplo 1 Resolução A eficiência térmica não depende do tipo de fluido de trabalho e nem se o ciclo opera em um sistema é aberto ou fechado, ou se opera em regime permanente Em ciclos de potência a gás, o fluido de trabalho mantém-se como um gás em todo o ciclo. Os motores de ignição por centelha, motores a diesel e as turbinas a gás convencionais são exemplos de dispositivos que operam em ciclos a gás. Nessas máquinas a energia é fornecida pela queima de um combustível dentro da fronteira do sistema (combustão interna) Hipótese do Padrão a AR A composição do fluido de trabalho, durante o ciclos dessas máquinas, muda de ar e combustível para produtos de combustão. O ar é, basicamente, composto por nitrogênio, que não sofre reação química na câmara de mistura, ou seja, o fluido de trabalho sempre se parece muito com o ar. Motores de combustão interna operam em ciclos mecânicos, mas o fluido de trabalho não passa por um ciclo termodinâmico. Hipótese do Padrão a AR Os motores de combustão interna tem como característica o fato de operarem em ciclos abertos. Os ciclos de potência a gás são bastante complexos. Para conduzir a análise em um nível de complexidade adequado, utiliza-se aproximações conhecidas como hipóteses do padrão de ar Hipótese do Padrãoa AR O fluido de trabalho é o ar, o qual circula continuamente em um circuito fechado, sempre se comportando como um gás ideal. Todos os processos que formam o ciclo são internamente reversíveis. O processo de combustão é substituído por um processo de fornecimento de calor a partir de uma fonte externa. O processo de exaustão é substituído por um processo de rejeição de calor que restaura o fluido de trabalho ao seu estado inicial. Hipótese do Padrão a AR Outra hipótese utilizada é a de que o ar tem calores específicos constantes, cujos valores são determinados à temperatura ambiente (25 ºC ou 77 ºF).Quando essa hipótese é utilizada, as hipóteses do padrão a ar são chamadas hipóteses do padrão ao ar frio. Um ciclo ao qual se aplicam as hipóteses do padrão a ar são chamados de ciclo padrão a ar. Hipótese do Padrão a AR As hipóteses do padrão a ar permitem uma simplificação considerável da análise sem desviá-la significativamente dos ciclos reais. Esse modelo simplificado permite estudar qualitativamente a influência dos principais parâmetros sobre o desempenho das máquinas reais. Hipótese do Padrão a AR O motor alternativo (basicamente um sistema pistão-cilindro) é muito versátil com uma ampla variedade de aplicações. É utilizado em automóveis, caminhões, aviões pequenos, navios, geradores de energia elétrica e etc. O pistão se alterna no cilindro entre duas posições fixas chamadas de ponto morto superior (PMS) – a posição quando ele forma o menor volume no cilindro, e o ponto morto inferior (PMI) – a posição do pistão quando ele forma o maior volume dentro do cilindro MOTORES ALTERNATIVOS Componentes A distância entre o PMS e o PMI é a maior distância que o pistão pode percorrer em uma direção e é chamada de curso do motor ou curso do pistão. MOTORES ALTERNATIVOS O ar ou a mistura ar combustível entra pela válvula de admissão. Os produtos da combustão são rejeitados através da válvula de escapamento MOTORES ALTERNATIVOS O volume mínimo obtido quando o pistão atingiu o PMS é chamado de volume morto e é o volume da câmara de combustão. Há o volume que é deslocado quando o pistão se desloca do PMI para o PMS, que é chamado de volume deslocado (cilindrada) (CC) Taxa de compressão – relação entre o volume deslocado e o volume morto MOTORES ALTERNATIVOS Taxa de compressão ou razão de compressão (r) MOTORES ALTERNATIVOS Pressão Média Efetiva – é uma pressão fictícia que, se agisse sobre o pistão durante todo o curso (ou tempo) motor, produziria a mesma quantidade de trabalho líquido que a produzida durante um ciclo real. MOTORES ALTERNATIVOS Pressão Média Efetiva A pressão média efetiva pode ser usada como parâmetro para comparar o desempenho de motores alternativos de igual tamanho. O motor com maior PME produz mais trabalho líquido por ciclo e, portanto, tem melhor desempenho. Pressão Média Efetiva Nos motores de ignição por centelha, a combustão da mistura ar combustível é iniciada por uma vela de ignição. Motores a Ignição por Centelha Nos motores de ignição por compressão, a ignição da mistura ar e combustível é resultado da compressão da mistura acima da temperatura de auto-ignição. Ignição por Compressão Exemplo 1 Um ciclo Otto tendo uma razão de compressão de 9:1 usa ar como fluido de trabalho. Inicialmente P1 = 95 kPa, T1 = 17 ºC, e V1 = 3,8 litros. Durante o processo de adição de calor, é adicionado 7,5 kJ de calor. Determine todas as temperaturas, pressões, o rendimento térmico, a razão de trabalho de retorno (back work) e a pressão média efetiva. Dados: cv = 0,718 kJ/(kg.K) gama = K = 1,4 Aplicando a 1ª Lei da termodinâmica Mas qentra = Qentra/m e m = V1/v1 Exemplo 1 T1 = 17ºC r = 9 Exemplo 1 Usando a Lei do gás ideal (V3 = V2) Exemplo 1 Processo 4-1 é a volume constante. Então a primeira lei resulta em A 1ª Lei para ciclos fechados resulta em (U = 0) Exemplo 1 A eficiência térmica será: A Pressão Média Efetiva será: Exemplo 1 A razão de trabalho de retorno Exemplo 1 Exemplo 2 Um ciclo Otto ideal tem uma razão de compressão igual a 8. No início do processo de compressão, o ar está a 100 kPa e 17°C, e 800 kJ/kg de calor são transferidos para o ar durante o processo de fornecimento de calor a volume constante. Considerando a variação dos calores específicos do ar com a temperatura, determine: a) A temperatura e a pressão máximas que ocorrem durante o ciclo. b) O trabalho líquido produzido. c) A eficiência térmica. d) A pressão média efetiva do ciclo. Exemplo 2 a) Usando as tabelas de propriedades de gás ideal do ar para T1 = 290 K Processo 1-2: compressão isentrópica de um gás ideal u1 = 206,01 kJ/kg vr1 = 676,1 Exemplo 2 Usando as tabelas de propriedades de gás ideal do ar para v𝑟2 = 84,51 Por interpolação: T2 = 652,4 K u2 = 475,11 kJ/kg Da lei dos gases perfeitos temos: Exemplo 2 Processo 2-3: foram 800 kJ/kg de calor a volume constante. Logo: Usando as tabelas de propriedades de gás ideal do ar Por interpolação T3 = 1.575,1 K e vr3 = 6,108 Exemplo 2 Por interpolação T3 = 1.575,1 K e vr3 = 6,108 Da lei dos gases perfeitos e lembrando que v2 = v3, temos: Exemplo 2 b) Processo 3-4: expansão isentrópica em um gás ideal Usando as tabelas de propriedades de gás ideal do ar Por interpolação T4 = 795,6 K e u4 = 588,74 kJ/kg Exemplo 2 Processo 4-1: rejeição de calor específico a volume constante. Trabalho específico do ciclo Exemplo 2 c) A eficiência térmica. Exemplo 2 d) A pressão média efetiva do ciclo. DÚVIDAS??? Espero que tenham gostado Obrigado Até a próxima aula image1.png image2.gif image3.gif image4.png image5.png image6.png image7.jpeg image8.png image9.png image10.png image90.png image100.png image11.png image12.png image11.gif image14.png image15.png image16.png image17.png image12.jpeg image13.png image18.png image19.png image20.png image23.png image21.jpeg image25.png image26.png image27.png image22.png image223.png image230.png image23.gif image24.gif image222.png image250.png image260.png image221.png image28.png image280.png image32.png image33.png image29.png image30.png image31.png image36.png image37.png image38.png image370.png image220.png image39.png image40.png image34.png image35.png image420.png image41.png image45.png image46.png image47.png image48.png image42.png image50.png image51.png image52.png image43.png image54.png image44.png image56.png image57.png image58.png image59.png image60.png image61.png image62.png image63.png image49.png image53.png image54.jpeg