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Desenvolvimento Urbano Sustentável

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55
Introdução aos Instrumentos para o desenvolvimento urbano sustentável 
CAPÍTULO 5 - CONCEITOS TÉCNICOS FUNDAMENTAIS 
DOS MEIOS NATURAL E CONSTRUÍDO
Este capítulo apresenta e contextualiza conceitos técnicos fundamentais do ambiente 
urbano. Destaca os elementos que compõem o meio natural e o meio construído, 
apresentando um breve resumo dos elementos da cidade e suas inter-relações. Aponta 
que os meios natural e construído são ao mesmo tempo suporte para o funcionamento 
das cidades e seu produto social. Além disso, destaca a importância de se integrar os 
meios para garantir padrões urbanos sustentáveis.
5.1 O ambiente urbano e seus 
componentes
O ambiente urbano é formado por dois sistemas 
fortemente inter-relacionados: o sistema natural e o 
sistema antrópico (MOTA, 1999).
O sistema natural (ambiente natural ou meio natural) 
é composto pelo meio físico (ambiente físico natural), 
formado por solo, água/recursos hídricos e relevo. 
Ele também é composto pelo meio biológico (meio 
biótico), constituído pela vegetação e animais (flora 
e fauna).
AULA 05
MÓDULO 1
Aula 05 - 
Conceitos técnicos 
fundamentais associados ao 
meios natural e construído.
O sistema antrópico é composto pelas pessoas e suas atividades, e pelo ambiente que 
constroem, ou seja, o ambiente construído. O sistema antrópico também inclui os 
componentes políticos, econômicos, sociais e culturais que organizam a sociedade. O 
ambiente urbano é reflexo das ações realizadas nele, ao mesmo tempo condicionando a 
sociedade e sendo objeto e produto de suas ações.
O fato do ambiente urbano ser composto por esses dois sistemas (sistema natural e 
sistema antrópico) mostra que eles se relacionam e se influenciam. Isso quer dizer que 
alterações no solo influenciam as mudanças nos recursos hídricos, por exemplo. Alterar 
um recurso hídrico pode ter impactos em outro recurso hídrico conectado a ele. Uma 
alteração em um recurso hídrico provocada pela ação humana pode interferir no sistema 
natural e no ambiente construído (sistema antrópico), causando danos à população.
Entender os elementos que formam os ambientes natural e construído é fundamental 
para se intervir no ambiente urbano. Ler o ambiente urbano é o ponto de partida para 
criar estratégias para o desenvolvimento urbano sustentável. 
56
Introdução aos Instrumentos para o desenvolvimento urbano sustentável 
Figura 3: Ambiente urbano e seus componentes 
Fonte: Elaborado pelos autores. Elaboração gráfica do LabHab (2022).
5.2 Meio natural
5.2.1 OS COMPONENTES DO MEIO NATURAL
O solo, o relevo, a hidrografia e a vegetação e fauna são os principais elementos do meio 
físico natural. 
5.2.1.1 SOLO
Os solos (pedologia) são o suporte para os ecossistemas e para as atividades humanas. Por 
essa razão, estudá-los é fundamental para o desenvolvimento urbano. Analisar os solos 
57
Introdução aos Instrumentos para o desenvolvimento urbano sustentável 
determina suas fragilidades e possibilidades de ocupação urbana, descobrindo 
quais áreas podem sofrer erosão e deslizamento, e quais são mais férteis e 
produtivas. Desse modo, entender o tipo de solo indica as áreas adequadas ou 
não para construção, seu potencial ou suas restrições de usos (SANTOS, 2004).
5.2.1.2 RELEVO
O relevo (características geomorfológicas) pode revelar muito sobre o 
ambiente urbano e é um importante aliado na leitura do território. Podemos 
perceber através dele as áreas planas ou as sujeitas a alagamento e inundação. 
Além de linhas de drenagem natural que não devem ser interrompidas ou 
ocupadas, e áreas com maior declividade que devem ter sua vegetação 
preservada para evitar erosão e deslizamentos.
O relevo se inter-relaciona com outros elementos do sistema natural, 
principalmente com o sistema hídrico. A leitura do relevo é uma importante 
ferramenta para se interpretar a dinâmica hídrica. Também apresenta inter-
relação com o sistema antrópico, na medida em que tem grande influência no 
processo de ocupação e no resultado do ambiente urbano. As características 
do relevo podem limitar a ocupação urbana ou favorecê-la.
5.2.1.3 HIDROGRAFIA
A hidrografia é composta pelas águas superficiais e subterrâneas disponíveis 
para uso: rios, córregos, ribeirões, lagos, ilhas, açudes, lagoas, zonas úmidas 
(mangues, brejos), canais e lençóis freáticos. Esses elementos formam uma 
rede hídrica.
A rede hídrica e seus componentes estão inter-relacionados com outros 
elementos do sistema natural. Ela interfere diretamente no clima e é habitat de 
espécies vegetais e animais (flora e fauna), por exemplo.
Identificar a rede hídrica e entender a sua dinâmica é fundamental para evitar 
alagamentos, enchentes, ondas de calor e eventos pluviométricos extremos. 
Especialmente no contexto atual de mudanças climáticas. A rede hídrica 
fornece água e alimento para o ser humano, além de melhorar a qualidade da 
paisagem do ambiente urbano e criar espaços mais bonitos e com conforto 
ambiental.
A bacia hidrográfica forma um sistema natural bem definido. Ele é composto 
por uma região drenada por um curso d’água principal e seus afluentes 
permanentes ou intermitentes, onde as interações físicas são integradas 
(SANTOS, 2004). A bacia hidrográfica é considerada uma importante unidade 
territorial de planejamento.
58
Introdução aos Instrumentos para o desenvolvimento urbano sustentável 
5.2.1.4 VEGETAÇÃO E FAUNA
A vegetação é composta por diversas espécies e comunidades. Estudar a vegetação 
permite conhecer as condições naturais do território e revela ao mesmo tempo a 
influência antrópica sobre ele (SANTOS, 2004). É importante identificar as comunidades 
vegetais mais preservadas e as que formam com outros elementos (solo, hidrografia, 
relevo e fauna) zonas mais sensíveis ou inadequadas à ocupação urbana.
A vegetação tem diversas funções no ambiente urbano e interfere diretamente nos 
outros elementos (solo, água e fauna). Ela contribui com a retenção e a estabilidade do 
solo, prevenindo a erosão, amortece a chuva e favorece a infiltração da água, diminuindo 
o escoamento superficial. A vegetação melhora a qualidade do ar, influencia o clima e 
melhora a qualidade da água, pois a vegetação na margem dos recursos hídricos filtra 
água pluvial e melhora a temperatura. Além de melhorar a qualidade da paisagem do 
ambiente urbano, criando espaços mais agradáveis esteticamente e com conforto 
ambiental para as pessoas. É o habitat natural de diversas espécies animais. 
A fauna é composta pela diversidade de espécies animais e um importante indicador de 
qualidade ambiental do meio natural (SANTOS, 2004). As espécies vegetais e animais e 
os micro-organismos formam a nossa diversidade biológica: a biodiversidade.
Figura 4: Componentes do meio natural 
Fonte: Elaborado pelos autores. Elaboração gráfica do LabHab (2022).
59
Introdução aos Instrumentos para o desenvolvimento urbano sustentável 
Neste capítulo vimos que o 
ambiente urbano é composto 
por elementos do meio natural. 
Busque no site da prefeitura da 
sua cidade informações sobre as 
características do relevo, os tipos 
de solo, os principais recursos 
hídricos, o tipo de vegetação 
e a fauna característica do seu 
município. 
ATIVIDADE 
PROGRAMADA
5.2.2 A CIDADE E O MEIO NATURAL
Muitas cidades foram construídas desconsiderando os processos naturais, ou seja, o que 
envolve o ambiente natural e os seus elementos. Citamos algumas ações predatórias em 
relação ao meio ambiente natural:
• ocupar áreas ambientais sensíveis ecologicamente e inadequadas para 
construção;
• aterrar, canalizar e desviar recursos hídricos;
• ocupar margens inundáveis dos recursos hídricos;
• desmatar a cobertura vegetal;
• devastar mangues, dunas e matas;
• impermeabilizar intensamente o solo;
• poluir o ar e a água;
• produzir resíduos em excesso e lançar resíduos no meio ambiente natural 
sem tratamento; e
• não aproveitar a possibilidade do ambiente natural para contribuir para uma 
forma urbana única, memorável e simbólica.
Como consequênciadessas ações, há cada vez mais enchentes, alagamentos, 
deslizamentos, aumento da temperatura, epidemias e eventos extremos. Esses 
fenômenos têm se agravado com as mudanças climáticas. 
Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, as mudanças 
climáticas se aproximando estão relacionadas fundamentalmente com o aumento das 
emissões e concentrações dos gases de efeito estufa. Esses gases são produzidos pelas 
atividades humanas. Regiões de todo o planeta estarão expostas ao aumento do nível 
do mar, da precipitação e da temperatura dos oceanos. Também sofrerão com mudanças 
60
Introdução aos Instrumentos para o desenvolvimento urbano sustentável 
na frequência e na intensidade de eventos 
extremos de chuva, desertificação e secas 
como resultado das mudanças climáticas 
em curso.
Cada um desses fatores é um risco à 
população humana urbana e rural. Portanto, 
é necessário adaptar os assentamentos 
humanos (PBMC, 2016; MAILHOT; 
DUCHESNE, 2010 apud MOURA, 2013). 
O custo por não cuidarmos da natureza 
se estende à qualidade de vida. Isso não 
apenas a torna pior, mas também ameaça a 
existência humana (SPIRN, 1995).
Caso queira se aprofundar mais no 
assunto, assista ao vídeo Entre Rios.
O vídeo mostra como os rios urbanos 
foram tratados durante a urbanização 
de São Paulo. Ele ilustra como as cidades 
foram construídas desconsiderando o 
meio natural e os seus processos.
Disponível em: https://www.youtube.
com/watch?v=Fwh-cZfWNIc
APROFUNDE-SE
Cidades marcadas por um processo desigual de urbanização potencializam a negação da 
natureza e contribuem com a destruição do meio ambiente. A urbanização desigual pode 
ser vista na grande diferença de acesso entre as classes sociais às condições materiais 
para viver, à moradia e à terra bem localizada. Além do acesso desigual às infraestruturas 
e aos serviços construídos socialmente, produzindo isolamento em diversos espaços e 
escalas das cidades (DENALDI; FERRARA; SILVA, 2016).
Destacamos duas características da urbanização desigual nas cidades brasileiras, 
principalmente aquelas grandes e médias:
• A urbanização espalhada e periférica, causada pela falta de terras e imóveis 
acessíveis para a classe de menor renda. Isso obriga essa população a se 
instalar na periferia, ou seja, em locais longe das áreas com mais infraestrutura 
e oportunidade de serviços, equipamentos e empregos. Dessa forma, os 
deslocamentos são mais demorados, custosos e consomem mais energia. 
Além de poluírem mais o ar, o solo e a água.
• A produção de assentamentos precários. A população de baixa renda se vê 
obrigada a ocupar os terrenos restantes da cidade pela falta de um mercado 
de habitação acessível. Principalmente áreas ambientalmente frágeis, 
protegidas por lei e interditadas à edificação. Essa população geralmente 
ocupa territórios impróprios, como áreas inundáveis, terrenos acidentados, 
áreas próximas a indústrias poluentes ou até mesmo áreas de servidão de 
eixos de transporte (margens de rodovias e ferrovias).
Esse padrão de urbanização é marcado pela destruição dos recursos naturais, 
principalmente dos recursos hídricos, mananciais e encostas. Além do risco ambiental que 
causam, como enchentes, deslizamentos, desmoronamentos e epidemias. Essa dinâmica 
é cada vez mais insustentável por causa do nível de comprometimento ambiental urbano 
(MARICATO, 2015).
https://www.youtube.com/watch?v=Fwh-cZfWNIc
https://www.youtube.com/watch?v=Fwh-cZfWNIc
61
Introdução aos Instrumentos para o desenvolvimento urbano sustentável 
Nosso processo de urbanização se baseia na desigualdade e na injustiça ambiental. 
Conforme Acselrad (2010, 2015), a desigualdade ambiental e a justiça ambiental 
permitem apontar que os danos e os riscos ambientais e urbanos causados pelas práticas 
espaciais dominantes na produção capitalista da cidade recaem principalmente sobre 
grupos sociais vulneráveis. Isso revela a concentração de poder e gera uma distribuição 
desigual dos benefícios e malefícios do desenvolvimento econômico (ACSELRAD, 2015; 
ALIER, 2017).
Segundo Denaldi, Ferrara e Silva (2016), os efeitos do processo de urbanização atingem 
desigualmente as classes sociais, mesmo com a qualidade de vida na maioria das cidades 
brasileiras comprometida em seu conjunto. Os efeitos são mais fortes nos grupos sociais 
vulneráveis. Esse padrão de urbanização é marcado pela destruição dos recursos naturais 
e pela sobreposição de precariedade urbana e vulnerabilidade social e ambiental. Isso 
aumenta a probabilidade de desastres para os grupos mais vulneráveis. As precariedades 
urbanas desses assentamentos aumentam os riscos naturais e físicos. Nessas áreas, é 
comum a remoção da vegetação, a execução de cortes e aterros do solo instáveis para 
construir moradias e ruas. Além da disposição irregular de lixo, da falta de sistemas de 
drenagem de águas pluviais e coleta de esgotos, da grande concentração populacional e 
da fragilidade das moradias (BRASIL, 2006).
A condição de moradia nas cidades brasileiras é um tema central para debater as condições 
ambientais das cidades. A preocupação com a proteção e a qualidade ambiental, e a busca 
pelo desenvolvimento urbano sustentável não podem estar separadas do fornecimento 
de moradias adequadas à população mais pobre. Trata-se de um problema socioambiental 
(MARTINS, 2006; ATAÍDE; MELO, 2017).
Vimos neste subcapítulo que 
muitas cidades foram construídas 
desconsiderando o meio 
natural e os seus elementos. 
Tente identificar qual situação 
na sua cidade representa 
ações e intervenções que 
desconsideraram o meio natural, 
causando a sua destruição. 
ATIVIDADE 
PROGRAMADA
62
Introdução aos Instrumentos para o desenvolvimento urbano sustentável 
 
 
Figura 5: Assentamentos precários e a questão ambiental: 
diferentes ecossistemas, risco, degradação ambiental e precariedade urbana. 
 Foto 1 – Assentamento precário/comunidade Titanzinho em faixa litorânea, Fortaleza/CE. 
Fonte: Rérisson Máximo. Foto 2 – Ocupação de área de morro, Rio de Janeiro. Fonte: Acervo 
Projeto ANDUS. Foto 3 – Assentamentos precários em áreas de preservação de mananciais, 
sistema Billings-Guarapiranga, São Paulo. Fonte: Luciana Travassos.
63
Introdução aos Instrumentos para o desenvolvimento urbano sustentável 
5.3 Meio físico construído
5.3.1 OS COMPONENTES DO MEIO FÍSICO CONSTRUÍDO
Em linhas gerais, o ambiente construído é composto por espaços edificados, espaços 
livres e redes de infraestrutura (MASCARÓ; YOSHINAGA, 2005).
Figura 6: Componentes do ambiente construído.
Fonte: Elaborado pelos autores. Elaboração gráfica do LabHab (2022).
5.3.1.1 ESPAÇOS EDIFICADOS 
As edificações são as construções que abrigam as pessoas na cidade e no campo. São 
as casas, os prédios residenciais, os prédios comerciais ou de serviços, os shoppings, as 
escolas, os postos de saúde e hospitais, os centros culturais e esportivos, os teatros, as 
bibliotecas, as igrejas, os terminais de ônibus etc.
Elas podem ter função residencial, comercial, de serviço, educacional, de saúde, 
administrativa, cultural, religiosa, entre outras. Podem ter forma horizontal, vertical, 
pequeno porte e grande porte. São classificadas como pública ou privada, de acordo 
com o tipo de propriedade. Destacamos entre as edificações os equipamentos urbanos 
64
Introdução aos Instrumentos para o desenvolvimento urbano sustentável 
públicos, comunitários ou privados, e os de utilidade pública, destinados à prestação de 
serviços necessários ao funcionamento da cidade. 
5.3.1.2 ESPAÇOS LIVRES
Conforme definição clássica de Magnoli (1982), espaços livres seriam aqueles livres de 
edificações que envolvem o conjunto edificado. Em uma escala territorial, são as áreas 
livres de assentamentos (TARDIN, 2008).
O conceito de espaços livres inclui as áreas públicas e privadas, como parques, praças, 
quintais, jardins, rios, praias, florestas, mangues, dunas ou simples terrenos vazios sem 
uso ou função. As vias de circulação (passeios, avenidas, ruas, ciclovias)que formam a 
rede de infraestrutura também são espaços livres.
Os espaços livres podem ter funções ambientais, perceptíveis (características cênicas 
e simbólicas da identidade do espaço urbano) e sociais (espaço de encontro, lazer, de 
passagem, econômica, cultural). O reconhecimento do valor ambiental, perceptível 
e social dos espaços livres no ambiente urbano é uma contribuição importante para o 
desenvolvimento urbano sustentável (TARDIN, 2008).
5.3.1.3 REDES DE INFRAESTRUTURA
As infraestruturas se organizam em sistemas de rede e uma das formas mais comuns 
de classificá-las é quanto a sua função (MASCARÓ; YOSHINAGA, 2005). Há o sistema 
viário, o sistema de drenagem pluvial, o sistema de saneamento, o sistema energético e o 
sistema de comunicação (MASCARÓ; YOSHINAGA, 2005). 
• Sistema viário (ou rede viária): 
É composto pela rede de circulação e geralmente associado à rede de drenagem.
A rede de circulação são as vias de veículos motorizados (avenidas, ruas, travessas), de 
pedestres (calçadas, ruas de pedestres) e de bicicleta (ciclovias, ciclofaixas). Sua principal 
função é conectar as edificações com os espaços livres, permitindo a circulação de 
veículos, pessoas e mercadorias nas cidades.
As vias podem ser classificadas quanto à tipologia, à hierarquia no sistema (volume de 
tráfego que circula por elas), à velocidade ou à dimensão. As classificações mais comuns 
são: vias arteriais (principal e secundárias), vias coletoras e vias locais (DNER, 1974 apud 
MASCARÓ, 2005).
• Sistema de drenagem pluvial (ou rede de drenagem pluvial):
A principal função da rede de drenagem é escoar as águas das chuvas. A rede de 
drenagem garante o uso da rede de circulação quando chove, evitando alagamentos das 
ruas e das edificações. Os sistemas convencionais de rede de drenagem são formados por 
65
Introdução aos Instrumentos para o desenvolvimento urbano sustentável 
componentes na superfície do terreno e subterrâneos. Os componentes de drenagem 
superficial são as ruas pavimentadas, incluindo guias e sarjetas. Os componentes 
subterrâneos são os elementos de captação, como bocas de lobo e tubulações.
Grande parte das cidades brasileiras apresenta um sistema de drenagem apenas com 
componentes superficiais. Muitas delas têm sistemas ineficientes e isso gera alagamentos 
e inundações.
A lógica convencional da rede de drenagem é captar a água da chuva e levá-la o mais 
rápido possível para algum corpo hídrico onde será despejada, gerando enchentes 
e alagamentos. Atualmente, a visão de Soluções Baseadas na Natureza (SbN)/
Infraestrutura Verde aponta outras possibilidades associadas ao sistema de drenagem 
urbana, como retenção, desaceleração, absorção, filtragem e tratamento das águas das 
chuvas.
• Sistema de saneamento (rede de saneamento): 
É composto pela rede de abastecimento de água e pela rede de esgotamento sanitário.
O objetivo da rede de abastecimento de água é garantir o acesso à água de qualidade e 
potável. A população a usará para limpar, lavar, regar, beber e cozinhar.
Há outras formas de abastecimento além da rede, como carro-pipa associado a cisternas 
e poços de água. Essas soluções ainda são bastante comuns em cidades menores e em 
áreas rurais.
A rede de esgotamento sanitário geralmente capta as águas servidas das edificações e as 
leva a estações de tratamento de esgoto. Depois, elas serão lançadas em algum recurso 
hídrico.
Há outras formas de esgotamento sanitário, como lagoas de estabilização, sistemas 
fossa-sumidouro e estações de tratamento não ligadas à rede geral de esgoto. Todavia, 
a rede de esgotamento sanitário é considerada a mais eficiente para tratar o esgoto e 
reduzir os poluentes nas grandes cidades (MOTA, 1999).
Segundo a Lei Federal n° 6.766/79, a 
infraestrutura urbana básica é composta por 
redes e equipamentos públicos de escoamento 
das águas das chuvas, iluminação pública, 
esgotamento sanitário, abastecimento de 
água, energia elétrica pública e domiciliar e 
vias de circulação. A infraestrutura urbana 
básica é fundamental para garantir a qualidade 
ambiental, o bem-estar da população e o 
desenvolvimento urbano sustentável. 
A universalização da infraestrutura
 urbana básica são orientações 
dos ODS 6 e ODS 7.
VOCÊ SABIA?• Sistema energético (rede 
energética):
É composto pela rede elétrica e pela 
rede de gás.
A rede elétrica garante que as 
edificações tenham acesso à energia 
elétrica, além de garantir a iluminação 
pública das vias e dos espaços públicos. 
A infraestrutura de rede elétrica está 
entre as de menor custo, exceto se ela 
66
Introdução aos Instrumentos para o desenvolvimento urbano sustentável 
for subterrânea. Mas grande parte da rede elétrica brasileira é aérea e há grande carência 
de iluminação pública nas cidades brasileiras.
A rede de gás garante o acesso ao combustível para cozinhar e aquecer a água e os 
demais ambientes. As redes de gás encanado são soluções pouco comuns na maioria dos 
municípios brasileiros. A solução tradicional é o uso de botijões de gás.
• Sistema de comunicação: 
É composto pela rede telefônica e de televisão. O sistema de comunicação também inclui 
a rede de Internet. 
A rede de Internet é fundamental em um mundo intensamente conectado. O direito de 
acesso à Internet é entendido na Carta Brasileira para Cidades Inteligentes como parte 
do direito à cidade e componente da redução da desigualdade social. O direito de acesso 
à Internet está previsto no Marco Civil da Internet no Brasil (Lei n° 12.965/2014, art. 4º, I).
Neste capítulo, vimos que o ambiente 
urbano é composto por elementos 
do meio construído. Busque no 
site da prefeitura da sua cidade 
informações sobre edificações do tipo 
equipamento público; espaços livres 
mais importantes da sua cidade; e a 
condição de infraestrutura básica do 
seu município/cidade (abastecimento 
de água, rede de esgoto, sistema 
viário, rede elétrica).
ATIVIDADE 
PROGRAMADA
Dados da cobertura de rede de 
infraestrutura dos municípios brasileiros:
• Domicílios com iluminação elétrica 
(2015): 99,7%.
• Domicílios com lixo coletado 
diretamente (2019): 84,4%.
• Domicílios com rede geral como 
principal forma de abastecimento de 
água (2019): 85,5%. 
• Domicílios com esgotamento 
sanitário (rede geral ou fossa séptica 
ligada à rede) (2019): 68,3%.
• Domicílios com acesso à Internet 
(2021): 90%. 
Fonte: IBGE. Disponível em: https://
cidades.ibge.gov.br/brasil/panorama.
VOCÊ SABIA?
5.3.2 INTEGRAÇÃO ENTRE MEIO CONSTRUÍDO E MEIO NATURAL COMO 
ESTRATÉGIA PARA O DESENVOLVIMENTO URBANO SUSTENTÁVEL
O ambiente natural possui uma capacidade limitada de fornecer recursos e assimilar 
resíduos. Padrões do meio construído que não consideram o meio natural são 
questionados, especialmente no contexto de emergências climáticas. As mudanças 
climáticas reforçam o desafio urgente de adaptarmos os assentamentos humanos, 
https://cidades.ibge.gov.br/brasil/panorama
https://cidades.ibge.gov.br/brasil/panorama
67
Introdução aos Instrumentos para o desenvolvimento urbano sustentável 
principalmente os urbanos. Isso é necessário, pois a maior parte da população mundial 
vive hoje em cidades e a tendência é que esse número aumente.
Nesse contexto, surgem pensamentos e práticas para planejar e projetar o ambiente 
urbano buscando uma nova lógica de (re)construção do território. Eles se baseiam 
na integração do meio natural com o meio construído, soluções que incorporam os 
elementos naturais e seus processos, levando em conta seus limites e possibilidades. É 
uma forma de ver o ambiente urbano (ou as cidades) e a natureza integrados, não como 
meios/sistemas separados. O objetivo dessas práticas é contribuir para um ambiente 
ecologicamente equilibrado para a presente e para as futuras gerações.
Soluções baseadas na Natureza (SbNs) são ações que simulam ou tomam como base 
os processos naturais para gerar benefícios sociais, ambientais e econômicos para a 
sociedade. Elas buscam também gerir de modo sustentável os ecossistemasnaturais 
(FRAGA; SAYAGO, 2020). 
As soluções baseadas na natureza são exemplos de ações locais que respondem aos 
desafios globais da mudança climática. Elas contribuem com o ODS 11 – Cidades e 
comunidades sustentáveis, ao tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, 
seguros, resistentes e sustentáveis. Contribuem também com o ODS 13 – Ação contra a 
mudança global do clima, ao tomar medidas urgentes para combater a mudança climática 
e os seus impactos.
As SbNs partem da ideia de serviços ecossistêmicos integrados ao planejamento e ao 
projeto urbano. Os serviços ecossistêmicos são serviços que as pessoas recebem dos 
ecossistemas e segundo a classificação do conselho de avaliação ecossistêmica do 
milênio (PELLEGRINO, 2017) são:
• serviços de produção: alimentos, abastecimento de água, energia;
• serviços de regulação: manutenção do regime hidrológico, regulação de 
enchentes, purificação e reutilização da água, regulação do clima;
• serviços de suporte: ciclagem de nutrientes; e
• serviços culturais: função estética, educacional, recreativa, esportiva, 
patrimônio cultural, circulação.
As SbNs também estão associadas à ideia de serviços ambientais, pois eles potencializam 
os serviços ecossistêmicos. Os serviços ambientais são 
[...] atividades humanas individuais ou coletivas que favorecem a manutenção, a 
recuperação ou a melhoria dos serviços ecossistêmicos. Por exemplo, a restauração 
de uma área de preservação permanente com o plantio de mudas vai melhorar 
o ecossistema de vegetação nativa na beira do rio e assim favorecer o serviço de 
regulação do fluxo de água e de controle da erosão. (BRASIL, 2022).
68
Introdução aos Instrumentos para o desenvolvimento urbano sustentável 
 
Figura 7: Soluções baseadas na natureza.
Fonte: WRI BRASIL. Disponível em: https://www.wribrasil.org.br/noticias/como-solucoes-
baseadas-na-natureza-podem-preparar-cidades-para-mudanca-do-clima.
Aplicar as SbNs nos componentes do ambiente construído (edificações, espaços livres e 
infraestruturas urbanas) é uma estratégia para o desenvolvimento urbano sustentável. 
A infraestrutura verde consiste em planejar, projetar e manejar construções, espaços 
livres e infraestruturas urbanas existentes e novas. Elas são transformadas em espaços 
multifuncionais a partir de uma rede ecológica urbana que imita os processos naturais. 
Assim, mantém-se ou restaura-se as funções do ecossistema urbano, oferecendo serviços 
ecossistêmicos/ambientais (HERZOG, 2013). 
Cada componente do ambiente urbano (edificações, espaços livres e infraestruturas 
urbanas) passa a executar funções não só relacionadas ao meio construído, mas também 
ao meio natural. Por exemplo, as edificações além de abrigar usos para pessoas, realizam 
reúso e purificação da água, por meio de tetos verdes. Espaços livres passam a ser 
projetados para realizar serviços de regulação da água por meio de alagados construídos 
e jardins de chuvas, além de suas funções culturais. Redes de circulação podem estar 
https://www.wribrasil.org.br/noticias/como-solucoes-baseadas-na-natureza-podem-preparar-cidades-para-mudanca-do-clima
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Introdução aos Instrumentos para o desenvolvimento urbano sustentável 
associadas a uma rede de drenagem nos moldes da infraestrutura verde e realizar 
serviços de regulação, além da sua função de mobilidade.
Construir ou reconstruir o ambiente urbano para alcançar o desenvolvimento urbano 
sustentável não significa reduzir as práticas sustentáveis a soluções técnicas e materiais. 
Atuar para um ambiente se tornar ecologicamente equilibrado é fundamental, mas 
isso não será possível se essas soluções não vierem para reduzirmos principalmente as 
desigualdades sociais e espaciais (ODS 10). 
Buscar cidades socialmente justas é um objetivo de se construir cidades ecologicamente 
equilibradas e próprio da ideia de desenvolvimento urbano sustentável. Portanto, 
garantir o acesso de qualidade a infraestruturas e serviços urbanos (ODS 3, ODS 4, 
ODS 6, ODS 11), à moradia digna, segurança da posse e direito de ir e vir (ODS 11), às 
oportunidades econômicas (ODS 8), culturais, de lazer (ODS 11) são objetivos da política 
urbana nacional. 
Para saber mais sobre Soluções 
baseadas na Natureza, confira 
o Catálogo Brasileiro de Soluções 
baseadas na Natureza – Entendendo e 
Planejando SbN no Brasil.
Catálogo Brasileiro de Soluções 
baseadas na Natureza – Entendendo 
e Planejando SbN no Brasil. 
Disponível em: https://catalo-
go-sbn-oics.cgee.org.br/
APROFUNDE-SE
https://catalogo-sbn-oics.cgee.org.br/
https://catalogo-sbn-oics.cgee.org.br/
	GLOSSÁRIO
	APRESENTAÇÃO
	INTRODUÇÃO
	CAPÍTULO 1 - CONTEXTO FEDERAL E A EXPERIÊNCIA BRASILEIRA NO FINANCIAMENTO FISCAL DO DESENVOLVIMENTO URBANO SUSTENTÁVEL
	REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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