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LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR

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LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR – CAS 2020 
1 
 
 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR – CAS 2020 
2 
 
AUTORIDADES 
 
Governador do Estado do Rio de Janeiro 
Exmº Sr Wilson Witzel 
 
Secretário de Estado de Polícia Militar 
Exmº Sr Coronel Rogério Figueredo de Lacerda 
 
Subsecretário de Estado de Polícia Militar 
Ilmº Sr Coronel Márcio Pereira Basílio 
 
Diretor-Geral de Ensino e Instrução 
Ilmº Sr Coronel Rogério Quemento Lobasso 
 
Comandante do CFAP 31 de Voluntários 
Ilmº Sr Tenente-Coronel PM Marcelo Andre Teixeira da Silva 
 
Comandante do Centro de Educação a Distância da Polícia 
Militar - CEADPM 
Ilmº Sr Tenente-Coronel PM Alexandra Ferraz de Oliveira 
 
 
 
 
 
 
 
 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR – CAS 2020 
3 
 
APRESENTAÇÃO 
 
Estamos vivendo a era da tecnologia, na qual a informação está cada dia mais 
latente e veloz em nossa rotina diária. 
Este curso tem por objetivo , aperfeiçoar os 2º Sargentos da Polícia Militar do 
Estado do Rio de Janeiro. Para tal, o Curso ocorrerá na modalidade semipresencial, 
através de módulos, sendo destes um disponibilizado no ambiente virtual de 
aprendizagem, por intermédio da Escola Virtual, no Centro de Educação a Distância 
da Polícia Militar (CEADPM) e um módulo de disciplinas práticas ministrado do Centro 
de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (CFAP 31 Vol.). 
É fundamental o seu empenho no curso, pois você terá na parte EaD autonomia 
de estudos e de horários, mas também é necessário disciplina e dedição para o êxito 
dessa jornada, pois depende do esforço coletivo e também individual para que 
tenhamos policiais cada vez mais qualificados,bem treinados e aperfeiçoados para 
cumprirmos nossa missão, buscando cada vez mais a excelência de nossas ações. 
O bom treinamento envolve aspectos físicos e cognitivos, na era da informação 
e da tecnologia, precisamos nos aprimorar cada vez mais a fim de garantir uma tropa 
consciente, respeitosa, pautada em valores morais e institucionais, garantindo assim o 
cumprimento de suas funções com dignidade e excelência. 
Esperamos que você aproveite ao máximo os conhecimentos adquiridos através deste 
curso e busque uma reflexão acerca de suas funções perante a sociedade, seus 
companheiros de profissão. Que seja um momento de repensar as práticas e 
fortelecer seu vínculo profissional, ampliando cada vez mais seus conhecimentos para 
lidar com as particularidades de ser um Policial Militar no Estado do Rio de Janeiro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Desejamos a todos bons estudos! 
 Rogério Quemento Lobasso - Coronel PM 
Diretor-Geral de Ensino e Instrução 
 Marcelo André Teixeira da Silva – Ten. Coronel PM 
 Comandante do CFAP 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR – CAS 2020 
4 
 
Desenvolvedores 
 
CEADPM 
Supervisão Geral EAD 
CAP PM Ped Vania Pereira Matos da Silva 
 
Equipe Técnica 
SUBTEN PM Wilian Jardim de Souza 
3º SGT PM Edson dos Santos Vasconcelos 
 
Diagramação 
2º SGT PM Wallace Reis Fernandes 
CB PM Michele Pereira da Siva de Oliveira 
CB PM Thiago Silva Amaral 
 
Design Instrucional 
CAP PM Ped Vania Pereira Matos da Silva 
CB PM Michele Pereira da Siva de Oliveira 
 
Vídeo e animação 
CB PM Joyce Gaspar de Almeida 
 
Designer Gráfico 
2º SGT PM Wallace Reis Fernandes 
SD PM Leonardo da Silva Ramos 
 
Suporte ao Aluno 
2º SGT PM Anderson Inácio de Oliveira 
 
CFAP 
 
Supervisão Geral do Curso 
MAJ PM Maria Isabel Conceição Silva Sardinha 
 
Coordenação Pedagógica 
CAP PM Ped Patrícia Kalife Paiva 
 
Equipe Técnica 
TEN PM Ped Paulo Paulo Baptista 
2ºSGT PM Elaine Xavier Oliveira Alves de Lima 
CB PM Juliana Pereira de Carvalho 
SD PM Eduarda Vasconcellos Dias de Oliveira 
 
Conteudista 
CAP PM Leandro da Silva Neves 
 
Revisor de Conteúdo 
Seção Técnica de Ensino - CFAP 31º de Vol. 
 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR – CAS 2020 
5 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ................................................................................................... 6 
RESUMO HISTÓRICO ....................................................................................... 7 
A RELAÇÃO ENTRE A CONSTITUIÇÃO FEDERAL E A LEGISLAÇÃO 
PENAL MILITAR ................................................................................................ 8 
CRIMES MILITARES PRÓPRIOS E IMPRÓPRIOS .......................................... 9 
PRINCÍPIOS DA LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR ......................................... 11 
APLICAÇÃO DA LEI PENAL MILITAR ........................................................... 12 
TEMPO E LUGAR DE CRIME ......................................................................... 14 
CONCEITO DE CRIME MILITAR (ART. 9º DO CPM) E A LEI Nº 13.491/17 - 
NOVA DEFINIÇÃO DOS CRIMES MILITARES .............................................. 14 
INFRAÇÕES DISCIPLINARES ........................................................................ 34 
PESSOA CONSIDERADA MILITAR ............................................................... 35 
CONCEITO DE SUPERIOR ............................................................................. 37 
PENAS PRINCIPAIS E ACESSÓRIAS ........................................................... 38 
CONCLUSÃO .................................................................................................. 40 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 41 
 
 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR – CAS 2020 
6 
 
 INTRODUÇÃO 
 
 
O Direito Militar sempre figurou como item das Constituições do Brasil, assinalando 
seus princípios e normas, instituindo um sistema norteador da administração Militar, com o 
objetivo de discipliná-la em seus aspectos orgânico, funcional e institucional. 
O ordenamento Militar é composto por leis, regulamentos e princípios que prescrevem 
os deveres dos Militares, conjugando aspectos de uma cultura própria da Administração Militar. 
Logo, torna-se imprescindível que o Militar conheça plenamente sua esfera de 
responsabilidade dentro da corporação que integra, e, consequentemente, os deveres que por 
força do ofício está encarregado de cumprir. Por conseguinte, o conhecimento do conteúdo do 
Código Penal Militar vem a auxiliar no preparo do Militar para a assunção da responsabilidade 
que passa lhe ser conferida dentro da estrutura das instituições Militares. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR – CAS 2020 
7 
 
RESUMO HISTÓRICO 
 
 
Não podemos demarcar o exato momento na 
história da humanidade que surgiu o Direito Penal Militar, 
contudo pode-se afirmar que ele se originou na 
Antiguidade, junto com os primeiros exércitos.1 
Simultaneamente surgiram dos primeiros órgãos 
julgadores cuja finalidade seria analisar os crimes 
praticados por militares em tempos de guerra. 
Indo por vias diversas do Direito Penal Comum, 
que teria a função de tutelar “os bens mais importantes e 
necessários para a sobrevivência da própria sociedade”2 
(vida, liberdade, integridade física, patrimônio, e etc.), o Direito Penal militar tem como 
fundamento a proteção da “hierarquia e disciplina”3, fatores estes de extrema preponderância 
para a coesão e o regular funcionamento das instituições militares. 
Neste sentido, segundo a visão do professor Univaldo Correa, o Direito Castrense 
nasce da “necessidade de contar, a qualquer hora e em qualquer situação, com um corpo de 
soldados disciplinados”4 por meio de uma legislação peculiar e específica. 
No Brasil o Direito Militar tem suas raízes na legislação portuguesa. As Ordenações 
Filipinas (1595) e os Artigos de Guerra do Conde de Lippe (1763) positivavam previsões legais 
próximas à legislação Castrense. Em 1808, foi criado no Brasil, pelo Príncipe Regente D. João 
VI, o Conselho Supremo Militar e de Justiça, com funções administrativas (promoções, soldos,etc.) e judiciárias (julgamentos de processos criminais cujos réus fossem militares). 
No ano de 1824, com a primeira Constituição brasileira, já se previa o Conselho 
Supremo Militar e constitucionalizava a “Força Militar” para segurança e defesa do Império, nos 
artigos 145 a 150. No âmbito da legislação penal foram criados o Código Penal da 
Armada/Marinha (1891), sendo aplicado ao Exército Nacional (1899) e a Força Aérea (1941). 
Em 24 de janeiro de 1944, o Decreto-Lei nº 6.227 entrou em vigor e trouxe ao cenário 
nacional o Código Penal Militar aplicado às Forças Armadas, que vigorou até 31 de dezembro 
de 1969, quando entrou em vigor o Decreto-Lei nº 1.001, nosso atual Código Penal Militar. 
 
 
 
 
1 Neves, Cícero Robson Coimbra / Manual de direito penal militar / Cícero Robson Coimbra Neves, 
Marcello Streifinger. – 2. ed. – São Paulo : Saraiva, 2012 – Pág. 50. 
2 Greco, Rogério. Curso de Direito Penal/Rogério Greco -12. Ed. Rio de Janeiro: Impetus,2010- Pág. 2 
3 Cruz, Ione de Souza e Miguel, Cláudio Amin/Elementos de direito Penal Militar Parte Geral / Ione de 
Souza Cruz e Cláudio Amin Miguel, 1ª ed. – Rio de Janeiro: Lumen Juris – Pág. 02. 
4 Corrêa, Univaldo. A evolução da Justiça Militar no Brasil – alguns dados históricos. In: Direito militar: 
história e doutrina – artigos inéditos.Florianópolis: Amajme, 2002, p. 9. 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR – CAS 2020 
8 
 
A RELAÇÃO ENTRE A CONSTITUIÇÃO FEDERAL E A 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR 
 
 
Sargento, no tópico anterior vimos que a nossa primeira 
Constituição de 1824, já trazia em suas linhas, a finalidade e a 
composição da então “Força Militar”, que eram constituídas 
basicamente pela “Força Armada de Mar e de Terra”. E na 
Constituição Federal de 1988? 
 
 
 
Na Constituição Federal de 1988, dita no seu Art. 42 que “os 
membros das Policias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, 
instituições organizadas com base na hierarquia e disciplina, são 
Militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios”Já em 
seu Art. 142 a Carta Constitucional de 1988, positiva a respeito das 
Forças Armadas compostas por Marinha, Exército e Aeronáutica. 
No âmbito da Legislação Penal Militar nossa Atual 
Constituição prevê a existência de crimes e competência para o 
julgamento de crimes militares em quatro artigos, eles são: 
 Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer 
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade 
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de 
autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime 
propriamente militar, definidos em lei; 
 
 Art. 124. A Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei. 
Parágrafo único. A lei disporá sobre a organização, o funcionamento e a competência da 
Justiça Militar. 
 
 Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos nesta 
Constituição. 
§ 4º Compete à Justiça Militar Estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes 
militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a 
competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a 
perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças. (Redação dada pela 
Emenda Constitucional nº 45, de 2004). 
 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR – CAS 2020 
9 
 
 Art. 144, § 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, 
ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações 
penais, exceto as militares. 
 
Ao analisar estes dispositivos Constitucionais podemos observar que cabe Justiça 
Militar Estadual para processar e julgar os Militares Estaduais (Policiais Militares e Bombeiros 
Militares) nos crimes militares e ações judiciais contra atos disciplinares. Cabendo ressaltar que 
com o advento da Lei nº 9.299/96, foi retirada a competência da Justiça Militar para a apuração 
dos crimes dolosos contra a vida, praticados por militares contra civil. Nesse sentido, se um 
policial militar ao fazer uso de sua arma de fogo durante ação policial, vier atingir fatalmente um 
cidadão, restando comprovado o dolo por parte do agente de segurança pública, competência 
para julgamento será da justiça comum. 
Vemos também que o Delegado de polícia não possui a competência jurídica para 
apurar infrações penais militares. 
 
 
CRIMES MILITARES PRÓPRIOS E IMPRÓPRIOS 
 
 
Como já sabemos, o Código Penal Militar tipifica os crimes militares. Não obstante, não 
existe positivado em nossa legislação pátria a definição de crimes militares próprios ou 
impróprios, se limitando tal distinção a cargo da 
doutrina ou jurisprudência. Contudo, 
independente de classificações, as duas 
categorias (próprios ou impróprios) “são crimes 
militares e julgados, com exceção do crime 
doloso contra a vida de civil praticado por 
militares dos Estados, pelas Justiças Militares 
Estaduais e da União”5. 
 
 
 
Mas afinal, o que são os crimes militares próprios e impróprios? 
 
 
 
O crime propriamente militar na lição de Célio Lobão “recebeu definição precisa no 
direito romano e consistia naquele “que só o soldado pode cometer”, porque “dizia 
 
5 Neves, Cícero Robson Coimbra / Manual de direito penal militar / Cícero Robson Coimbra Neves, 
Marcello Streifinger. – 2. ed. – São Paulo : Saraiva, 2012 – Pág. 113. 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR – CAS 2020 
10 
 
particularmente respeito à vida militar, considerada no conjunto da qualidade funcional do 
agente, da materialidade especial da infração e da natureza peculiar do objeto danificado, que 
deveria ser o serviço, a disciplina, a administração ou a economia militar6”. Nesse prisma, seria 
as infrações previstas no Código Penal Militar e que somente poderão ser praticadas por 
militar. 
EXEMPLOS: 
Abandono de Posto: 
Art. 195. Abandonar, sem ordem superior, o posto ou lugar de serviço que lhe tenha 
sido designado, ou o serviço que lhe cumpria, antes de terminá-lo. 
Dormir em Serviço: 
Art. 203. Dormir o militar, quando em serviço, como oficial de quarto ou de ronda, ou 
em situação equivalente, ou, não sendo oficial, em serviço de sentinela, vigia, plantão às 
máquinas, ao leme, de ronda ou em qualquer serviço de natureza semelhante. 
Deserção: 
Art. 187. Ausentar-se o militar, sem licença, da Unidade em que serve, ou do lugar em 
que deve permanecer, por mais de oito dias: 
 
Já os crimes impropriamente 
militares seriam previstos no Código 
Penal Militar, dentro das condicionantes 
do seu Art. 9º, que podem ser cometidos 
tanto civil quanto militarmente. Nesse 
sentido um civil que entra em instalações 
militares (desde que fossem das forças 
armadas) e efetua o roubo ou furto de um armamento ficaria sujeito a processo na justiça 
militar. Se o mesmo cidadão efetuar o roubo ou furto em alguma Unidade da Polícia Militar ou 
Corpo de Bombeiro Militar dos Estados, apesar de também tipificado no Código de Processo 
Penal no seu Art. 242, será processado pela Justiça Comum, uma vez que não há previsão 
legal para Justiça Militar Estadual processar e julgar civil (Art. 125, §4º). 
 
EXEMPLOS: 
Incêndio: 
Art. 268. Causar incêndio em lugar sujeito à administração 
militar, expondo à perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de 
outrem. 
Desacato a militar: 
Art. 299. Desacatar militar no exercício de função de natureza 
militar ou em razão dela. 
 
 
6 LOBÃO, Célio. Direito penal militar. Brasília: Brasília Jurídica, 2006. p. 81; 
LEGISLAÇÃOPENAL MILITAR – CAS 2020 
11 
 
PRINCÍPIOS DA LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR 
 
 
O Direito Penal Militar é regido por diversos princípios. Segundo o ensinamento de 
Cícero Robson Coimbra Neves e Marcello 
Streifinger7 os princípios norteadores e limitadores 
do jus puniendi (direito que corresponde ao Estado 
criar e aplicar o direito penal) do Direito Penal 
Militar são: o Princípio da Legalidade, o Princípio 
da Intervenção Mínima, o Princípio da 
Insignificância, o Princípio da Culpabilidade e o 
Princípio da Humanidade. 
 
Agora veremos cada um dos princípios: 
Princípio da Legalidade: 
De acordo com o Princípio da Legalidade Penal, não há crime se lei anterior que o 
defina, não há pena sem prévia cominação legal. Tal princípio vem esculpido no Art. 5º, XXXIX, 
da Constituição Federal de 1988, nos Artigos 1º do Código Penal e Código Penal Militar. 
 
Você sabia que o Princípio da Legalidade é um dos 
princípios mais celebrados do Direito Moderno, e não é por 
coincidência que surge logo no primeiro artigo do CPM e foi 
colocado no rol dos direitos e garantias fundamentais na 
Constituição Federal? 
 
 
Este princípio delimita o poder estatal, instituindo a chamada reserva legal, ou seja, o 
estado somente pode aplicar as penas de acordo com a tipificação penal já existente 
anteriormente a prática do fato delituoso. 
 
Princípio da Intervenção Mínima: 
Esse princípio coaduna que o Direito Penal Militar deva se preocupar com a proteção 
dos bens jurídicos mais importantes. Como nos mostra Greco8 “o legislador, por meio de um 
critério político que varia de acordo com o momento em que vive a sociedade, sempre que 
entender que os outros ramos do direito se revelem incapazes de proteger devidamente 
aqueles bens mais importantes para a sociedade, seleciona, escolhe as condutas, positivas ou 
negativas, que deverão merecer a atenção do Direito Penal”. 
 
7 Neves, Cícero Robson Coimbra / Manual de direito penal militar / Cícero Robson Coimbra Neves, 
Marcello Streifinger. – 2. ed. – São Paulo : Saraiva, 2012 – Pág. 97. 
8 Greco, Rogério. Curso de Direito Penal/Rogério Greco -12 ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2010 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR – CAS 2020 
12 
 
Princípio da Insignificância: 
Seguindo o ensinamento de Claus Roxin9 este “princípio chega-se à conclusão de que 
nem toda conduta é dotada da lesividade necessária para merecer reprimenda penal. Nullum 
crimensine iniuria, ou seja, não há crime sem que haja o dano, digno de reprovação, ao bem 
jurídico”. 
Em outras palavras, chamado de princípio da insignificância, também conhecido como 
princípio da bagatela sustenta que o Direito de Punir do Estado não deve ser clamado a 
interceder quando a lesão produzida ao bem jurídico for de pequeníssima monta. 
 
Princípio da Culpabilidade: 
Este princípio encontra lastro na Constituição Federal de 1988. Remonta do brocardo 
NULLUM CRIMEN SINE CULPA, neste entendimento a pena só pode ser imposta no indivíduo 
com dolo ou culpa (imprudência, imperícia ou negligência). 
EXEMPLO: 
 Após a Corporação adquirir um veículo zero quilômetro, e é entregue a 
guarnição de RP do Batalhão X. Após a manutenção de primeiro escalão os 
dois policiais saem para o serviço. O policial condutor acessa uma rodovia 
mantendo-se dentro da velocidade regulamentar, minutos depois ouve um forte 
barulho oriundo em uma das peças do mecanismo de direção do veículo. Uma 
das peças se soltou, a viatura se desgovernou vindo a atingir um muro e 
ferindo o policial que encontrava-se no banco do carona. 
Vimos que no caso em tela o policial que estava conduzindo a viatura não foi 
negligente, imprudente ou imperito, nem tão pouco poderia prever o desastroso resultado. 
 
Princípio da Humanidade: 
Um dos fundamentos do Estado Democrático de Direito, é a dignidade da pessoa 
humana presente no inciso III do artigo 1º da Constituição de 1988. O Art. 5º, XLVII da 
Constituição de 1988, não tolera a pena de morte (exceto em caso de guerra declarada), de 
caráter perpétuo, trabalhos forçados, banimentos e cruéis, sendo que nenhuma pena pode ser 
ofensiva a dignidade da pessoa humana. Nesse 
sentido não pode pensar o Direito Penal Militar 
deve se adequar os preceitos constitucionais. 
Essa hegemonia dos princípios carreia ao 
entendimento de que estes devem ser 
reverenciados a todo momento pelo fato de 
corporificar a matriz do Direito. 
 
 
 
9 ROXIN, Claus. Derecho penal: parte general. Tradução para o espanhol e notas de Diego-Manuel Luzón 
Pena, Miguel Díaz García Conlledo e Javier de Vicente Remesal. Madrid: Civitas, 1997, t. 1, p. 217. 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR – CAS 2020 
13 
 
APLICAÇÃO DA LEI PENAL MILITAR 
 
 Lei Penal Militar no tempo. 
 O Código Penal Militar e em seu 
primeiro título conclama à “aplicação da lei 
penal militar”. Logo em seu Art. 1º o Código 
Penal Militar também expressa como será 
aplicada a lei penal no tempo, quando diz “não 
há crime sem lei anterior que o defina, não há 
pena sem prévia cominação legal”. Nesse 
sentido para que uma conduta possa ser considerada crime, necessariamente tem que haver a 
tipificação penal anterior à ação do agente. 
Assim se um militar pratica uma conduta e posteriormente o legislador cria uma nova 
tipificação penal, definindo essa conduta como crime, o militar não será alcançado por aquele. 
Neste caso sua conduta foi atípica. 
Neste mesmo entendimento se o militar pratica uma conduta que é considerada crime 
e tempos depois esta conduta passar a não ser mais considerada crime, irá cessar todos os 
efeitos penais, mesmo que seja considerada crime. Isso é o vem previsto no Art. 2º do CPM: 
Art. 2° Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, 
cessando, em virtude dela, a própria vigência de sentença condenatória irrecorrível, salvo 
quanto aos efeitos de natureza civil. 
O Art. 5º acolheu a chamada teoria da atividade para definir o tempo do crime: 
Art. 5º Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que 
outro seja o do resultado. 
Desse jeito, para que uma conduta possa ser considerada crime é preciso avaliar se no 
momento da ação ou omissão ela era tipificada como crime, pouco importando o instante que 
ocorreu o resultado. 
EXEMPLO: Mévio, com a idade 17 anos, 11 meses e 25 dias, desfere golpes de faca 
em Tício, que após 10 dias veio a óbito. Mévio não pratica crime por ser inimputável à época 
da conduta. 
 
Lugar do Crime 
O Art. 6º do CPM diz: 
Art. 6º Considera-se praticado o fato, no lugar 
em que se desenvolveu a atividade criminosa, no todo 
ou em parte, e ainda que sob forma de participação, 
bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o 
resultado. Nos crimes omissivos, o fato considera-se 
praticado no lugar em que deveria realizar-se a ação 
omitida. 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR – CAS 2020 
14 
 
Diante da previsão legal retro citada, houve a adoção da chamada teoria da 
ubiquidade, a qual considera tanto o local no qual se deu a ação ou omissão como o local que 
o resultado ocorreu. 
O Direito Penal Militar também adotou o princípio da territorialidade/ extraterritorialidade 
conforme Art 7º do CPM: 
Art. 7º Aplica-se a lei penal militar, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de 
direito internacional, ao crime cometido, no todo ou em parte no território nacional, ou fora dele, 
ainda que, neste caso, o agente esteja sendo processado ou tenha sido julgado pela justiça 
estrangeira. 
Essa irrestrita extraterritorialidade – aduz Romeiro, aproveitando o magistério de Silvio 
Martins Teixeira – “justifica-se com o fato de os crimes militares, que se destinam à defesa do 
País (CF, art. 142), e poderem ser, por inteiro, cometidos em outros países e até, mesmo em 
benefício destes, que não teriam, assim, qualquer interesse na punição de seus autores.Daí 
não ser entregue à justiça estrangeira o processo e o julgamento dos crimes militares”. 
Nesse sentido, do ponto do magistério de Silvio Martins Teixeira10 essa ampla 
extraterritorialidade “justifica-se com o fato de os crimes militares, que se destinam à defesa do 
País (CF, art. 142), e poderem ser, por inteiro, cometidos em outros países e até, mesmo em 
benefício destes, que não teriam, assim, qualquer interesse na punição de seus autores. Daí 
não ser entregue à justiça estrangeira o processo e o julgamento dos crimes militares”. 
 
 
TEMPO E LUGAR DE CRIME 
 
Tempo e Lugar de Crimes Estão Dentro Da Aplicação Da Lei Penal. 
 
 
CONCEITO DE CRIME MILITAR (ART. 9º DO CPM) E A LEI Nº 
13.491/17 - NOVA DEFINIÇÃO DOS CRIMES MILITARES 
 
 
 “O conceito de Crime Militar não é tão fácil de 
entender, “pelo contrário é difícil, uma vez que os tipos 
penais militares tutelam bens de interesses das 
instituições militares e por cuidar a legislação 
castrense, não só dos crimes praticados pelo militar no 
exercício da função. ” (ASSIS, 2010, p. 44). 
 
 
10 TEIXEIRA, Sílvio Martins. Código Penal Militar Explicado. 1996 –Pág 52 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR – CAS 2020 
15 
 
O Código Penal Militar não define o que seja crime militar, nem é pacífica, entre os 
doutrinadores, essa conceituação, fazendo com que os estudiosos da ciência criminal adotem 
vários critérios para suplantar essa dificuldade. 
Mirabete (2004) já afirmava que “árdua por vezes é a tarefa de distinguir se o crime se 
o fato é crime comum ou militar, principalmente nos casos de ilícitos praticados por policiais 
militares. ” 
Para Jorge Alberto Romeiro (1994) “crime militar é o que a lei define como tal”. Esta 
conceituação se baseia no critério ratione legis adotado pela Constituição Federal quando 
prescreve que “à Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos em 
lei”. 
Publicada no dia 13 de outubro de 2017, a Lei n.º 13.491/17 alterou o 
art. 9º do Código Penal Militar, modificando, sensivelmente, a definição dos crimes militares e 
a competência para o julgamento daqueles cometidos por membros das Forças Armadas, 
dolosamente, contra a vida de civil, em situações específicas. 
Inicialmente, é preciso retroceder ao histórico relativo à questão da competência 
jurisdicional para julgar os crimes dolosos contra a vida de civil praticados por militares e à 
definição dos crimes militares, para entendermos melhor a efetiva mudança. 
Na redação originária da CF/88 havia previsão expressa de que os crimes militares 
definidos em Lei (sem excepcionar os crimes dolosos contra a vida de civil) seriam da 
competência da Justiça Militar da União ou da Justiça Militar dos Estados, conforme vínculo 
do sujeito ativo do delito às Forças Armadas ou às Forças Auxiliares (Policiais e Bombeiros 
Militares). 
Sucede que, por meio da Lei nº 9.299/96, o Congresso Nacional, atendendo aos 
apelos de setores da sociedade e do clamor público, diante de confrontos com resultado 
morte (de civil), alterou o art. 9º do CPM e o art. 82 do CPPM, excepcionando da 
competência da Justiça Castrense os crimes dolosos contra a vida de civil, atribuindo-a ao 
Tribunal do Júri. 
Com essa alteração legislativa de 1996, surgiu uma polêmica doutrinária e 
jurisprudencial a respeito da constitucionalidade da modificação, haja vista que a CF/88 (em 
sua redação originária) não continha qualquer tipo de exceção à competência da JM para 
julgar os crimes dolosos contra a vida de civil, sendo duvidosa a compatibilidade vertical 
daquela legislação com a Carta Magna, quando criou restrições nela não previstas. 
Com a promulgação da Emenda Constitucional n.º 45 (Reforma do Judiciário) tal 
celeuma cedeu, diante da reforma da CF/88, uma vez que nela foi incluída, expressamente, a 
competência do Tribunal do Júri para processar e julgar os crimes dolosos contra a vida de 
civil praticados por militares estaduais. 
Ressalte-se que, inobstante essa previsão ampliasse a competência do Tribunal do 
Júri, expressamente, apenas em relação aos militares estaduais, adotou-se a interpretação 
sistemática de que tal norma era aplicável, também aos militares das Forças Armadas, isso 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR – CAS 2020 
16 
 
porque o Código Penal Militar, alterado pela Lei nº 9.299/96, regulamentando o 
art. 124 da CF/88, já continha previsão nesse sentido (art. 9º, então parágrafo único). 
A partir da EC n.º 45 esse entendimento foi sedimentado. 
Porém, isso não impedia que o legislador ordinário, ainda regulamentando o 
art. 124 da CF/88, modificasse tal disposição para excepcionar alguma situação específica. 
Foi o que se sucedeu com a aprovação da Lei nº 12.432/11, que retirou do âmbito do 
Tribunal Júri a competência para julgar crimes dolosos contra a vida de civil praticados por 
militares das Forças Armadas, nas circunstâncias previstas no art. 303, do Código Brasileiro 
de Aeronáutica, ou seja, relacionadas com o abate de aeronave hostil em sobrevoo no 
espaço aéreo brasileiro e que não obedeça às ordens para pouso. 
Assim, a novel Lei nº 13.491/17, como já havia sido feito também pela Lei nº 
12.432/11, ampliou as hipóteses em que a competência para julgamento de crimes dolosos 
contra a vida de civil não será mais do Tribunal do Júri, dilatando o espectro de atuação da 
jurisdição militar. 
É imprescindível frisar que, em regra, os crimes dolosos contra a vida de civil 
continuam da competência do Tribunal do Júri, e somente nas circunstâncias excepcionais 
incluídas no CPM pelas Leis nº 13.491/17 e 12.432/11 é que se atribui à Justiça Castrense. 
 
Aplicação da Lei Penal Militar 
 
Ao verificar o Decreto-Lei nº 1.001, de 21 de outubro de1969 que instituiu o Código 
Penal Militar verifica-se que, no tocante à aplicação da Lei Penal Militar as definições se 
apresentam como o Direito Penal Comum. O princípio da Legalidade está previsto no Art. 1° do 
CPM e traz a seguinte definição, não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem 
prévia cominação legal. 
COMENTÁRIOS AO ARTIGO 1° DA LEI: muitos doutrinadores entendem que este 
princípio seria como sinônimo do princípio da reserva legal. Outros já entendem este contendo 
aquele, sendo acompanhado pela irretroatividade da lei penal. Melhor explicando, para muitos, 
reserva legal se confunde com legalidade; para outros tantos, a reserva legal é um princípio 
maior, composto pela legalidade e pela irretroatividade. 
Para o Douto Cesar Bitencourt, o “princípio da legalidade ou da reserva legal constitui 
uma verdadeira limitação do poder punitivo estatal”, consagrado por Feuerbach, no início do 
século XIX, pela fórmula latina nullumcrimen, nullapoenasine lege. Nitidamente, para o caro 
mestre, a distinção entre legalidade e irretroatividade é desnecessária, podendo ambos os 
princípios serem condensados no disposto no inciso XXXIX do art. 5º da Constituição Cidadã, 
transcrito no art. 1º do CPM. 
O mestre Luiz Luisi, aponta que, para quem o princípio da legalidade, em vertente 
contemporânea desdobra-se em três postulados, a saber: reserva legal, determinação taxativa 
e irretroatividade. 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR – CAS 2020 
17 
 
Lei Penal Militar no Tempo e no Espaço 
 
Tempo do crime, Art. 5º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou 
omissão, ainda que outro seja o do resultado. 
COMENTÁRIOS: 
A resposta sobre o tempo do crime está grafada no art. 5º do CPM, cujo texto é 
semelhante ao do art. 4º do CP comum: “Considera-se praticado o crime no momento da 
ação ou omissão, ainda que outro seja o do resultado”. 
O nosso Código Penal Militar adotou a teoria da ação ou da atividade, afastando, 
assim, as teorias do resultado e mista, uma vez que o momento da conduta (ação ou omissão) 
será considerado o da prática do crime. 
 
Lugar do Crime 
 
 
 
 
 
 
Sobre o Lugar do CrimeMilitar tem-se ainda: 
Territorialidade e extraterritorialidade. 
A Territorialidade é a aplicação da lei penal ao 
crime praticado no território nacional e a 
extraterritorialidade retrata a aplicação da lei ao crime 
praticado fora do território brasileiro. No CP, a 
territorialidade da aplicação da lei encontra-se no art. 
5º e a extraterritorialidade (alguns casos) no art. 7º. A 
extraterritorialidade da aplicação da lei é exceção no 
CP, e uma regra no CPM. A lei penal militar aplica-se 
ao crime MILITAR praticado dentro e fora do território 
nacional, sem prejuízo de tratados e convenções 
internacionais (art. 7º). 
EXEMPLOS: 
• Um Sgt do Exército no Haiti, em serviço, 
agride uma civil haitiana. 
• Um Cap PM em missão de paz, em Angola, 
divulga informações privilegiadas a um estrangeiro, 
causando prejuízo à administração militar (art. 326 
violação de sigilo funcional). No intuito de se evitar o 
“bis in idem”, ou dupla punição pelo mesmo, no 
mesmo ramo do direito público, o art. 8º determina que 
a eventual pena aplicada no estrangeiro, atenua a 
pena no Brasil, se diversa, e nela é computada, se 
idêntica. Haverá situações em que o crime militar 
poderia ser cometido no exterior, inclusive, em 
detrimento do Brasil (favor ao inimigo – art. 356) e, 
nestas condições, provavelmente, não haveria 
interesse da outra nação em processar e julgar o 
agente. 
Fonte: apostila de direito penal militar prof. Rogério 
disponível em: www.fatimasoares.com.br 
Conforme preconiza 
o Código Penal Militar o 
lugar do crime se relaciona a 
sistema misto de 
interpretação deste lugar, 
conforme a norma abaixo 
transcrita: “Art. 6º - 
Considera-se praticado o 
fato, no lugar em que se 
desenvolveu a atividade 
criminosa, no todo ou em 
parte, e ainda que sob forma 
de participação, bem como 
onde se produziu ou deveria 
produzir-se o resultado. Nos 
crimes omissivos, o fato 
considera-se praticado no 
lugar em que deveria 
realizar-se a ação omitida. 
 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR – CAS 2020 
18 
 
Comentários Sobre o Lugar do Crime na Lei Penal Militar 
 
São três as teorias que gravitam em torno do assunto: 
 
 Teoria da Atividade: lugar do crime é aquele em que se iniciou a 
execução da conduta típica; 
 Teoria do resultado: lugar do crime é aquele em que se produziu 
o resultado da ação/omissão; 
 Teoria da Ubiquidade: lugar do crime é tanto aquele em que se 
iniciou sua execução, como aquele em que ocorreu o resultado. 
 
No que tange ao lugar do crime, o CPM adotou um sistema misto (Jorge César de Assis). 
 
Crimes comissivos –Teoria da Ubiquidade. 
Crimes omissivos – Teoria da Atividade (CPM, em relação aos crimes omissivos, adota esta 
teoria, já que considera praticado o fato no lugar em que deveria realizar-se a ação omitida – 
art. 6º). 
Dica 1 - A distinção feita pelos textos legais e discutida pela doutrina é a distinção 
entre crime propriamente militar (ou crime militar próprio) e crime impropriamente militar (ou 
crime militar impróprio), devemos saber a fundo. 
 
 
Por que devo saber o que são crimes impropriamente militares e 
propriamente militares? 
 
 
 
 
Devido a aplicações penais e processuais que só abarcam os determinados tipos 
penais militares, entre outros, cita-se os aspectos abaixo, alguns permissivos legais aplicáveis, 
apenas no caso dos crimes, propriamente, militares. 
 A permissão para a prisão do militar, mesmo ausentes o estado de flagrância ou o 
mandado de prisão expedido por autoridade judiciária, conforme dicção do art. 5º inc. 
LXI: Ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e 
fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão 
militar ou crime propriamente militar, definidos em lei. 
 No art. 18 do CPPM existe a previsão de detenção do indiciado do IPM, pelo prazo de 
30 dias, prorrogáveis por mais 20, sendo a prisão apenas comunicada à autoridade 
judiciária e, para estar em perfeita sintonia com a Carta Magna, a permissão contida 
naquele artigo, diz respeito ao crime propriamente militar; 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR – CAS 2020 
19 
 
 O crime militar próprio não gera reincidência ao agente que responder a processo por 
crime comum, nos termos do art. 64, II, do CP. 
 
Dica 2 - Crime propriamente militar (ou militar próprio) é aquele que está previsto 
somente no CPM e só pode ser praticado por militar. Exemplo: deserção (art. 187); abandono 
de posto (art. 195); abandono de posto (art. 196); embriaguez em serviço (art. 202); dormir em 
serviço (art. 203). 
 Todos os crimes propriamente militares enquadram-se no inc. I do art. 9º do CPM. 
Mas, cuidado, nem todos os crimes que se enquadram neste inciso são propriamente 
militares, como por exemplo: ingresso clandestino (art. 302); furto de uso (art. 241). 
 Crime impropriamente militar (ou militar impróprio) é aquele previsto em todo o 
ordenamento Jurídico Penal, conforme II do art. 9º do CPM. Pode ser praticado, tanto 
por militar, quanto por civil. Exemplo: lesão corporal (art. 129); homicídio (art. 205); 
ameaça (art. 223); furto (art. 240); falsidade ideológica (art. 319). 
 Registra-se aqui, que existe uma terceira categoria de crime militar elaborada por uma 
doutrina minoritária. Trata-se do crime tipicamente militar, mencionado por Ione de 
Souza e Cláudio Amim Miguel (previsto só no CPM – insubmissão; ingresso 
clandestino; furto de uso etc.). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Saiba mais... 
 
 Programa Jurídico Saber Direito do STF 1 
Vídeo Aula - Justiça Militar. 
 Texto: O princípio da territorialidade e 
extraterritorialidade no Código Penal Militar - 
Territorialidade e Extraterritorialidade - Autor 
Paulo Tadeu Rodrigues Rosa - Publicado em 
04/2015. 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR – CAS 2020 
20 
 
Crimes Militares em Tempo de Guerra e Crimes Militares em Tempo de 
Paz 
 
O Art. 10º do Código Penal Militar trás no 
seu bojo, as considerações que possibilitam a 
interpretação da Lei para os Crimes Militares em 
tempo de guerra, conforme a citação abaixo 
transcrita: 
 
Art. 10. Consideram-se crimes militares, em tempo de guerra: 
I Os especialmente previstos neste Código para o tempo de guerra; 
II Os crimes militares previstos para o tempo de paz; 
III Os crimes previstos neste Código, embora também o sejam com igual definição na lei 
penal comum ou especial, quando praticados, qualquer que seja o agente: 
a) em território nacional, ou estrangeiro, militarmente ocupado; 
b) em qualquer lugar, se comprometem ou podem comprometer a preparação, a 
eficiência ou as operações militares ou, de qualquer outra forma, atentam contra a 
segurança externa do País ou podem expô-la a perigo; 
IV Os crimes definidos na lei penal comum ou especial, embora não previstos neste 
Código, quando praticados em zona de efetivas operações militares ou em território 
estrangeiro, militarmente ocupado. 
 
COMENTÁRIOS: 
Observa-se que a Lei Penal Militar define o período classificado como tempo de guerra, 
pois, de acordo com o Art. 15 do CPM, o tempo de guerra, para os efeitos da aplicação da Lei 
Penal Militar, começa com a declaração ou o reconhecimento do estado de guerra, ou com o 
decreto de mobilização, se nele estiver compreendido aquele reconhecimento, e termina 
quando ordenada a cessação das hostilidades. 
Importante também esclarecer o mecanismo de aplicação das penas, neste período, 
classificado como tempo de guerra, sendo as mesmas penas no período de guerra, com um 
aumento de um, conforme o Artigo 20 do CPM. 
Em síntese, aos crimes praticados em tempo de guerra, salvo disposição especial, 
aplicam-se as penas cominadas para o tempo de paz, com o aumento de um terço. 
 
Crimes Militares em Tempo de Paz 
 
O Art. 9° do Código Penal Militar trás no seu bojo, as considerações que possibilitam a 
interpretaçãoda Lei para os Crimes Militares em tempo de paz, conforme a citação abaixo 
transcrita, com todas as alterações sofridas ao longo do tempo: 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR – CAS 2020 
21 
 
Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz: 
I os crimes de que trata êste Código, quando definidos de modo diverso na lei penal 
comum, ou nela não previstos, qualquer que seja o agente, salvo disposição especial; 
 II - os crimes previstos neste Código, embora também o sejam com igual definição na lei 
penal comum, quando praticados: 
II os crimes previstos neste Código e os previstos na legislação penal, quando 
praticados: (Redação dada pela Lei nº 13.491, de 2017) 
a) por militar em situação de atividade ou assemelhado, contra militar na mesma situação 
ou assemelhado; 
b) por militar em situação de atividade ou assemelhado, em lugar sujeito à administração 
militar, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil; 
 c) por militar em serviço, em comissão de natureza militar, ou em formatura, ainda que 
fora do lugar sujeito a administração militar contra militar da reserva, ou reformado, ou 
assemelhado, ou civil; 
c) por militar em serviço ou atuando em razão da função, em comissão de natureza 
militar, ou em formatura, ainda que fora do lugar sujeito à administração militar contra 
militar da reserva, ou reformado, ou civil; (Redação dada pela Lei nº 9.299, de 
8.8.1996). 
d) por militar durante o período de manobras ou exercício, contra militar da reserva, ou 
reformado, ou assemelhado, ou civil; 
e) por militar em situação de atividade, ou assemelhado, contra o patrimônio sob a 
administração militar, ou a ordem administrativa militar; 
 f) por militar em situação de atividade ou assemelhado que, embora não estando em 
serviço, use armamento de propriedade militar ou qualquer material bélico, sob guarda, 
fiscalização ou administração militar, para a prática de ato ilegal; 
f) revogada. (Redação dada pela Lei nº 9.299, de 8.8.1996) 
 
III os crimes praticados por militar da reserva, ou reformado, ou por civil, contra as 
instituições militares, considerando-se como tais não só os compreendidos no inciso I, 
como os do inciso II, nos seguintes casos: 
a) contra o patrimônio sob a administração militar, ou contra a ordem administrativa 
militar; 
b) em lugar sujeito à administração militar contra militar em situação de atividade ou 
assemelhado, ou contra funcionário de Ministério militar ou da Justiça Militar, no 
exercício de função inerente ao seu cargo; 
c) contra militar em formatura, ou durante o período de prontidão, vigilância, observação, 
exploração, exercício, acampamento, acantonamento ou manobras; 
d) ainda que fora do lugar sujeito à administração militar, contra militar em função de 
natureza militar, ou no desempenho de serviço de vigilância, garantia e preservação da 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR – CAS 2020 
22 
 
ordem pública, administrativa ou judiciária, quando legalmente requisitado para aquele 
fim, ou em obediência a determinação legal superior. 
 
 Parágrafo único. Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e 
cometidos contra civil, serão da competência da justiça comum. (Parágrafo incluído 
pela Lei nº 9.299, de 8.8.1996) 
 Parágrafo único. Os crimes de que trata este artigo quando dolosos contra a vida e 
cometidos contra civil serão da competência da justiça comum, salvo quando praticados no 
contexto de ação militar realizada na forma do art. 303 da Lei no 7.565, de 19 de dezembro de 
1986 - Código Brasileiro de Aeronáutica. (Redação dada pela Lei nº 12.432, de 2011) 
 
§ 1o Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por militares 
contra civil, serão da competência do Tribunal do Júri. (Redação dada pela Lei nº 13.491, de 
2017) 
§ 2o Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por militares 
das Forças Armadas contra civil, serão da competência da Justiça Militar da União, se 
praticados no contexto: (Incluído pela Lei nº 13.491, de 2017) 
I do cumprimento de atribuições que lhes forem estabelecidas 
pelo Presidente da República ou pelo Ministro de Estado da 
Defesa; (Incluído pela Lei nº 13.491, de 2017) 
II de ação que envolva a segurança de instituição militar ou de 
missão militar, mesmo que não beligerante; ou (Incluído pela 
Lei nº 13.491, de 2017). 
III de atividade de natureza militar, de operação de paz, de garantia da lei e da ordem ou 
de atribuição subsidiária, realizadas em conformidade com o disposto no art. 142 da 
Constituição Federal e na forma dos seguintes diplomas legais: (Incluído pela Lei nº 
13.491, de 2017) 
a) Lei no 7.565, de 19 de dezembro de 1986 - Código Brasileiro de Aeronáutica; (Incluída 
pela Lei nº 13.491, de 2017) 
b) Lei Complementar no 97, de 9 de junho de 1999; (Incluída pela Lei nº 13.491, de 2017) 
c) Decreto-Lei no 1.002, de 21 de outubro de 1969 - Código de Processo Penal Militar; e 
(Incluída pela Lei nº 13.491, de 2017) 
d) Lei no 4.737, de 15 de julho de 1965 - Código Eleitoral. (Incluída pela Lei nº 13.491, 
de 2017) 
 
 
 
 
 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR – CAS 2020 
23 
 
Comentários Sobre o Artigo 9° do Código Penal Militar 
 
O artigo 9º do CPM possui três incisos. Os incisos I e II referem-se a crimes praticados 
por militares da ativa, enquanto o inciso III condensa as hipóteses em que um civil ou militar 
inativo (reformado ou da reserva remunerada) figuram como sujeito ativo do crime militar. É 
fato que os incisos I e II não mencionam em seu caput o fato de aplicarem-se somente a 
militares da ativa. Contudo, sabendo que o inciso III refere-se aos inativos e aos civis, o que faz 
expressamente, por contraposição os dois primeiros incisos só podem se referir aos militares 
da ativa. 
Na diferenciação entre os incisos I e II, deve-se notar que a lei 
penal militar usa o critério de semelhança ou não do delito militar praticado 
a um delito previsto na legislação penal comum. Assim, quando um militar 
da ativa praticar um crime militar que somente esteja capitulado no Código 
Penal Militar ou que esteja neste capitulado de forma diversa da legislação 
penal comum, aplicaremos o inciso I, que não possui alíneas 
complementadoras da tipicidade. Por outro bordo, se o crime praticado 
pelo militar da ativa possuir capitulação no Código Penal Militar e na 
legislação penal comum, aplicaremos o inciso II com suas alíneas complementadoras. 
Visando aprofundar o tema, segue o texto do Juiz Federal e professor Marcio André 
Lopes Cavalcante sobre o Art. 9º do CPM: Competência da Justiça Militar, podendo ser 
encontrado em http://www.dizerodireito.com.br/2017/10/comentarios-lei-134912017-
competencia.html. 
Compete à Justiça Militar processar e julgar os crimes militares, assim definidos em lei 
(art. 124 da CF/88). 
A lei que prevê os crimes militares é o Código Penal Militar (Decreto-Lei 1.001/1969). 
 No art. 9º do CPM são conceituados os crimes militares em tempo de paz. 
 No art. 10 do CPM são definidos os crimes militares em tempo de guerra. 
Assim, para verificar se o fato pode ser considerado crime militar, sendo, portanto, de 
competência da Justiça Militar, é preciso que ele se amolde em uma das hipóteses previstas 
nos arts. 9º e 10 do CPM. 
A alteração promovida pela Lei nº 13.491/2017 foi no art. 9º. 
 
ALTERAÇÃO 1: CRIMES MILITARES PODERÃO SER PREVISTOS NA LEGISLAÇÃO 
PENAL COMUM. 
Alteração no inciso II do art. 9º. 
 
 
 
 
 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR – CAS 2020 
24 
 
A primeira mudança ocorrida foi no inciso II do art. 9º. Veja: 
 
CÓDIGO PENAL MILITAR 
REDAÇÃO ORIGINAL REDAÇÃO DADA PELA LEI 
Nº 13.491/2017 
Art. 9º Consideram-se crimes 
militares, em tempo de paz: 
II - os crimes previstos neste Código, 
embora também o sejam com igual 
definição na lei penal comum, quando 
praticados:Art. 9º Consideram-se crimes 
militares, em tempo de paz: 
II - os crimes previstos neste 
Código e os previstos na legislação 
penal, quando praticados: 
 
 
 
 
Sargento, o que significa essa mudança? 
 
 
 Antes da Lei: para se enquadrar como crime militar com base no inciso II do art. 9º, a 
conduta praticada pelo agente deveria ser obrigatoriamente prevista como crime no 
Código Penal Militar. 
 
 Agora: a conduta praticada pelo agente, para ser crime militar com base no inciso II do 
art. 9º, pode estar prevista no Código Penal Militar ou na legislação penal “comum”. 
 
Vejamos com um exemplo concreto a relevância dessa alteração: 
João, sargento do Exército, contratou, sem licitação, empresa ligada à sua mulher para prestar 
manutenção na ambulância utilizada no Hospital militar. 
 
 
 
Qual foi o crime praticado, em tese, por João? 
 
 
 
O delito do art. 89 da Lei nº 8.666/93 (Lei de Licitações): 
Art. 89. Dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em lei, ou deixar de 
observar as formalidades pertinentes à dispensa ou à inexigibilidade: 
Pena - detenção, de 3 (três) a 5 (cinco) anos, e multa. 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR – CAS 2020 
25 
 
 
 
De quem é a competência para julgar esta conduta? 
 
 
 
 Antes da Lei nº 13.491/2017: Justiça Federal comum. 
 Agora (depois da Lei nº 13.491/2017): Justiça Militar. 
 
 
Por que? 
 
 
 
 
João, militar da ativa, praticou uma conduta que não é prevista como crime no Código 
Penal Militar. 
A conduta de dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em lei, tipificada 
no art. 89 da Lei nº 8.666/93, não encontra figura correlata no Código Penal Militar. 
Assim, antes da Lei nº 13.491/2017, apesar de o crime ter sido praticado por militar 
(sargento do Exército), o caso não se enquadrava em nenhuma das hipóteses previstas no art. 
9º do CPM. Isso porque o art. 9º, II, exigia que o crime estivesse expressamente previsto no 
Código Penal Militar. 
 
 
 
E agora? 
 
 
Atualmente, com a mudança da Lei nº 13.491/2017, a conduta de João passou a ser 
crime militar e se enquadra no art. 9º, II, “e”, do CPM: 
Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz: 
II - os crimes previstos neste Código e os previstos na legislação penal, quando 
praticados: 
e) por militar em situação de atividade, ou assemelhado, contra o patrimônio sob a 
administração militar, ou a ordem administrativa militar; 
Obs.: a doutrina afirmava que o art. 9º, II, do CPM era um crime militar ratione legis (em 
razão da lei – porque previsto no CPM) e ratione personae (em razão da pessoa – porque 
praticado por sujeito ativo militar em atividade). Isso agora mudou. O crime militar do art. 9º, II, 
do CPM deixou de ser ratione legis. 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR – CAS 2020 
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ALTERAÇÃO 2: CRIMES DOLOSOS CONTRA A VIDA PRATICADOS POR MILITARES 
CONTRA CIVIL. 
 
 
Sargento, se um militar, no exercício de sua função, pratica lesão 
corporal contra vítima civil, qual será o juízo competente? 
 
 
 
JUSTIÇA MILITAR, considerando que se trata de crime militar (art. 9º, II, “c”, do CPM): 
Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz: 
 
II os crimes previstos neste Código e os previstos na legislação 
penal, quando praticados: 
c) por militar em serviço ou atuando em razão da função, em 
comissão de natureza militar, ou em formatura, ainda que fora do 
lugar sujeito à administração militar contra militar da reserva, ou 
reformado, ou civil; 
Isso não sofreu nenhuma mudança. Já era assim antes da Lei nº 
13.491/2017 e continuou da mesma forma. 
 
E no caso de crime doloso contra a vida? Se um militar, no exercício 
de sua função, pratica tentativa de homicídio (ou qualquer outro crime 
doloso contra a vida) contra vítima civil, qual será o juízo competente? 
 
 
Temos agora que analisar antes e depois da Lei nº 13.491/2017. 
Antes da Lei nº 13.491/2017: 
 REGRA: os crimes dolosos contra a vida praticados por militar contra civil eram 
julgados pela Justiça comum (Tribunal do Júri). Isso com base na antiga redação do 
parágrafo único do art. 9º do CPM. 
 
 EXCEÇÃO: se o militar, no exercício de sua função, praticasse tentativa de homicídio 
ou homicídio contra vítima civil ao abater aeronave hostil (“Lei do Abate”), a 
competência seria da Justiça Militar. Tratava-se de exceção à regra do parágrafo único 
do art. 9º do CPM. 
 
Veja a antiga redação do art. 9º, parágrafo único: 
Art. 9º (...) 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR – CAS 2020 
27 
 
Parágrafo único. Os crimes de que trata este artigo quando dolosos contra a vida e 
cometidos contra civil serão da competência da justiça comum, salvo quando praticados no 
contexto de ação militar realizada na forma do art. 303 da Lei nº 7.565, de 19 de dezembro de 
1986 - Código Brasileiro de Aeronáutica. (Atenção! Redação que não mais está em vigor.) 
 
Depois da Lei nº 13.491/2017: 
 REGRA: em regra, os crimes dolosos contra a vida praticados por militar contra civil 
continuam sendo julgados pela Justiça comum (Tribunal do Júri). Isso com base no 
novo § 1º do art. 9º do CPM: 
Art. 9º (...) 
§ 1º Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por 
militares contra civil, serão da competência do Tribunal do Júri. 
 EXCEÇÕES: Os crimes dolosos contra a vida praticados por militar das Forças 
Armadas contra civil serão de competência da Justiça Militar da União, se praticados 
no contexto: 
I do cumprimento de atribuições que lhes forem estabelecidas pelo Presidente da 
República ou pelo Ministro de Estado da Defesa; 
II de ação que envolva a segurança de instituição militar ou de missão militar, mesmo 
que não beligerante; ou 
III de atividade de natureza militar, de operação de paz, de garantia da lei e da ordem 
(GLO) ou de atribuição subsidiária, realizadas em conformidade com o disposto no art. 
142 da CF/88 e na forma dos seguintes diplomas legais: 
 
a) Código Brasileiro de Aeronáutica; 
b) LC 97/99; 
c) Código de Processo Penal Militar; e 
d) Código Eleitoral. 
 
Isso está previsto no novo § 2º do art. 9º do CPM. 
Obs.: as exceções são tão grandes que, na prática, tirando os casos em que o militar 
não estava no exercício de suas funções, quase todas as demais irão ser julgadas pela Justiça 
Militar por se enquadrarem em alguma das exceções. 
Antes de analisarmos cada um dos incisos, vamos entender um pouco melhor como 
funciona o emprego das Forças Armadas segundo o ordenamento jurídico brasileiro. 
 
Forças Armadas 
A expressão "Forças Armadas" abrange a Marinha, o Exército e a Aeronáutica. 
As três são classificadas como instituições nacionais permanentes e regulares, 
organizadas com base na hierarquia e na disciplina. 
As Forças Armadas ficam sob a autoridade suprema do Presidente da República. 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR – CAS 2020 
28 
 
 
 
Qual é a função das Forças Armadas no Brasil? 
 
 
Segundo o art. 142 da CF/88, elas destinam-se: 
1) à defesa da Pátria 
2) à garantia dos poderes constitucionais e, 
3 à garantia da lei e da ordem. 
 
Segundo a doutrina, as duas primeiras (defesa da pátria e garantia dos poderes 
constitucionais) são funções primárias das Forças Armadas, enquanto que a terceira (garantia 
da lei e da ordem) tem natureza subsidiária e excepcional. É o que ensina José Afonso da 
Silva: 
"Só subsidiária e eventualmente lhes incumbe a defesa da lei e da ordem, porque essa 
defesa é de competência primária das forças de segurança pública, que compreendem a 
polícia federal e as polícias civis e militares dos Estados e do Distrito Federal. Sua interferência 
na defesa da lei e da ordem depende, além do mais, de convocação dos legitimados 
representantes de qualquer dos poderes federais: Presidente da Mesa do Congresso Nacional, 
Presidente da República ou Presidente do Supremo Tribunal Federal." (SILVA, José 
Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo.25ª ed., São Paulo: Malheiros, 1992, p. 772). 
 
Lei complementar 
A Constituição estabelece que uma lei complementar deverá 
disciplinar as normas gerais sobre como será o emprego das Forças 
Armadas (art. 142, § 1º). Esta lei já foi editada e se trata da Lei 
Complementar 97/99. 
Garantia da lei e da ordem e atuação das Forças Armadas 
em atividades de segurança pública. 
Como a Constituição Federal afirma que uma das finalidades das Forças Armadas é a 
garantia da "lei e da ordem", entende-se que a Marinha, o Exército e a Aeronáutica podem 
atuar também, excepcionalmente, na segurança pública interna do país. 
Dessa forma, não é inconstitucional o emprego das Forças Armadas para atividades de 
defesa interna, desde que isso seja feito de forma excepcional, temporária e justificada pela 
incapacidade dos órgãos de segurança pública de garantirem a lei e a ordem. 
 
Emprego das Forças Armadas 
A decisão sobre o emprego das Forças Armadas é de responsabilidade do Presidente 
da República (art. 84, XIII, da CF/88 e art. 15 da LC 97/99). 
Análise do inciso I do novo § 2º do art. 9º 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR – CAS 2020 
29 
 
O inciso I do § 2º do art. 9º do CPM prevê o seguinte: 
§ 2º Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por 
militares das Forças Armadas contra civil, serão da competência da Justiça Militar da União, se 
praticados no contexto: 
I do cumprimento de atribuições que lhes forem estabelecidas pelo Presidente da 
República ou pelo Ministro de Estado da Defesa; 
No Rio de Janeiro, o governo do Estado, há alguns anos, instituiu uma política pública 
chamada de “pacificação das favelas”, por meio da qual os órgãos de segurança pública 
ocupam as favelas, prendendo ou expulsando criminosos e estabelecendo um regime de 
presença ostensiva do Poder Público nessas áreas. 
Como o efetivo da Polícia Militar e da Polícia Civil é insuficiente para tais operações, a 
Secretaria de Segurança do Rio tem se valido da colaboração da Polícia Federal e das Forças 
Armadas. 
Nesse contexto, se um militar do Exército, no exercício do policiamento nestas favelas, 
pratica homicídio (consumado ou tentado) esta conduta será julgada pela Justiça Militar com 
fulcro neste dispositivo. 
Neste inciso I poderíamos também imaginar a atuação das Forças Armadas em 
atividades de defesa civil e de construção civil. Explico. 
As Forças Armadas têm sido constantemente utilizadas para atividades de defesa civil. 
É o caso, por exemplo, de distribuição de alimentos e remédios em regiões que passaram por 
alguma calamidade pública ou mesmo em situações de socorro e resgate de pessoas feridas. 
O Decreto nº 895/93 prevê isso expressamente: 
Art. 10. Aos órgãos setoriais, por intermédio de suas secretarias, entidades e órgãos 
vinculados, e em articulação com o órgão central do Sindec, entre outras atividades, compete: 
(...) 
II ao Ministério da Marinha coordenar as ações de redução de danos relacionados com 
sinistros marítimos e fluviais, e o salvamento de náufragos; apoiar as ações de defesa 
civil com pessoal, material e meios de transporte; 
III ao Ministério do Exército cooperar no planejamento de defesa civil e em ações de 
busca e salvamento; participar de atividades de prevenção e de reconstrução; apoiar 
as ações de defesa civil com pessoal, material e meios de transporte; (...) 
X ao Ministério da Aeronáutica coordenar ações de busca e salvamento, evacuação 
aeromédicas e missões de misericórdia; apoiar as ações de defesa civil com pessoal, 
material e meios de transporte; 
 
 
 
 
 
 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR – CAS 2020 
30 
 
Outra utilização atípica, mas frequente, das 
Forças Armadas está relacionada com obras de 
construção civil. O Exército possui um 
Departamento de Engenharia e Construção, que foi 
idealizado originalmente para construir e reformar 
as instalações militares (quarteis etc.). No entanto, 
apesar disso, devido aos bons trabalhos que 
realiza, este Departamento de Engenharia é 
constantemente convocado para executar obras públicas. Foi o caso, por exemplo, da 
transposição do rio São Francisco e da duplicação da BR-101. 
Podemos, portanto, aventar que se um militar das Forças Armadas, no exercício de 
uma dessas atribuições conferidas pelo Presidente da República (ou pelo Ministro da Defesa), 
comete crime doloso contra a vida de um civil, ele terá praticado crime militar e será julgado 
pela Justiça Militar. 
 
Análise do inciso II do novo § 2º do art. 9º. 
O inciso II do § 2º do art. 9º do CPM estabelece: 
§ 2º Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por 
militares das Forças Armadas contra civil, serão da competência da Justiça Militar da União, se 
praticados no contexto: (...) 
II de ação que envolva a segurança de instituição militar ou de missão militar, mesmo 
que não beligerante; ou 
É o caso do soldado do Exército que está fazendo a guarda do quartel e atira contra 
um ladrão que tentou invadir o imóvel. Mesmo que se alegue que houve animus necandi por 
parte do soldado, esse julgamento será de competência da Justiça Militar. 
Antes da alteração, o STJ possuía precedentes no sentido de que, havendo dúvida se 
o militar agiu ou não com a intenção de matar, o processo deveria tramitar na Justiça Comum 
(e não na Justiça Militar). Nesse sentido: STJ. 3ª Seção. CC 129.497/MG, Rel. Min. Ericson 
Maranho (Des. Conv. do TJ/SP), julgado em 08/10/2014. Agora isso mudou! 
 
Análise do inciso III do novo § 2º do art. 9º 
Por fim, o inciso III do § 2º do art. 9º do CPM preconiza: 
§ 2º Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por 
militares das Forças Armadas contra civil, serão da competência da Justiça Militar da União, se 
praticados no contexto: (...) 
 
 
 
 
 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR – CAS 2020 
31 
 
III de atividade de natureza militar, de operação de paz, de garantia da lei e da ordem ou 
de atribuição subsidiária, realizadas em conformidade com o disposto no art. 142 da 
Constituição Federal e na forma dos seguintes diplomas legais: 
a) Lei nº 7.565, de 19 de dezembro de 1986 - Código Brasileiro de Aeronáutica; 
b) Lei Complementar nº 97, de 9 de junho de 1999; 
c) Decreto-Lei nº 1.002, de 21 de outubro de 1969 - Código de Processo Penal Militar; e 
d) Lei nº 4.737, de 15 de julho de 1965 - Código Eleitoral. 
Enquadram-se neste inciso a grande maioria das hipóteses. 
Vejamos cada uma das suas alíneas. 
 
Lei nº 7.565/86 (Código Brasileiro de Aeronáutica). 
O CBA prevê algumas situações 
em que as autoridades poderão determinar 
que a aeronave que está voando de forma 
irregular pouse imediatamente no 
aeródromo que lhe for indicado (art. 303, § 
1º). É o caso, por exemplo, de uma 
aeronave em que se suspeita que está transportando drogas. Se a aeronave não cumprir a 
determinação, a Força Aérea Brasileira poderá disparar tiros contra o avião considerado hostil, 
a fim de forçá-lo a pousar. Confira: 
 
Art. 303. A aeronave poderá ser detida por autoridades aeronáuticas, fazendárias ou 
da Polícia Federal, nos seguintes casos: 
I se voar no espaço aéreo brasileiro com infração das convenções ou atos 
internacionais, ou das autorizações para tal fim; 
II se, entrando no espaço aéreo brasileiro, desrespeitar a obrigatoriedade de pouso em 
aeroporto internacional; 
III para exame dos certificados e outros documentos indispensáveis; 
IV para verificação de sua carga no caso de restrição legal (artigo 21) ou de porte proibido 
de equipamento (parágrafo único do artigo 21); 
V para averiguação de ilícito. 
 
§ 1º A autoridade aeronáutica poderá empregar os meios que julgar necessários para 
compelir a aeronave a efetuar o pouso no aeródromo que lhe for indicado. 
§ 2º Esgotados os meios coercitivos legalmente previstos, a aeronave será classificada 
como hostil, ficando sujeita à medida de destruição, nos casos dos incisos do caputdeste 
artigo e após autorização do Presidente da República ou autoridade por ele delegada. 
§ 3º A autoridade mencionada no § 1º responderá por seus atos quando agir com 
excesso de poder ou com espírito emulatório. 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR – CAS 2020 
32 
 
Esses tiros podem acabar gerando a efetiva derrubada (abate) do avião e a morte dos 
seus tripulantes. A apuração deste fato – se é caso de arquivamento ou de processo por crime 
doloso contra a vida – compete ao Ministério Público Militar e à Justiça Militar, não sendo 
competência da Justiça Comum. 
 
Lei Complementar nº 97/99 
Conforme já vimos acima, a LC 97/99 regulamenta o art. 142, § 1º, da CF/88 e 
estabelece normas gerais para a organização, o preparo e o emprego das Forças Armadas. 
O art. 15, § 7º da Lei prevê diversas hipóteses de atuação das Forças Armadas em 
atribuições subsidiárias que são também consideradas atividades militares: 
Art. 15 (...) 
§ 7º A atuação do militar nos casos previstos nos arts. 13, 14, 15, 16-A, nos incisos IV 
e V do art. 17, no inciso III do art. 17-A, nos incisos VI e VII do art. 18, nas atividades de defesa 
civil a que se refere o art. 16 desta Lei Complementar e no inciso XIV do art. 23 da Lei nº 4.737, 
de 15 de julho de 1965 (Código Eleitoral), é considerada atividade militar para os fins do art. 
124 da Constituição Federal. 
 
A hipótese mais conhecida e frequente é a do art. 16-A da LC 97/99: 
Art. 16-A. Cabe às Forças Armadas, além de outras ações pertinentes, também como 
atribuições subsidiárias, preservadas as competências exclusivas das polícias judiciárias, 
atuar, por meio de ações preventivas e repressivas, na faixa de fronteira terrestre, no mar e nas 
águas interiores, independentemente da posse, da propriedade, da finalidade ou de qualquer 
gravame que sobre ela recaia, contra delitos transfronteiriços e ambientais, isoladamente ou 
em coordenação com outros órgãos do Poder Executivo, executando, dentre outras, as ações 
de: 
I patrulhamento; 
II revista de pessoas, de veículos terrestres, de embarcações e de 
aeronaves; e 
III prisões em flagrante delito. 
 
Imagine que, ao realizar um patrulhamento no mar, a Marinha do Brasil aborde uma 
embarcação suspeita e seja recebida a tiros. Ao revidar os disparos, os fuzileiros navais 
acabam matando os agressores. A apuração deste fato competirá ao Ministério Público Militar 
e à Justiça Militar. 
Decreto-Lei nº 1.002/69 - Código de Processo Penal Militar 
O art. 8º do CPPM traz as atribuições da Polícia judiciária militar. Dentre elas, destaco: 
a) apurar os crimes militares; 
b) realizar diligências requisitadas pelos órgãos e juízes da Justiça Militar e pelos 
membros do Ministério Público; 
c) cumprir os mandados de prisão expedidos pela Justiça Militar. 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR – CAS 2020 
33 
 
O art. 7º traz o rol das autoridades militares que exercem a polícia judiciária militar. 
Imagine que, ao cumprir um mandado de prisão expedido pela Justiça Militar, o civil 
que iria ser preso reage e os soldados acabam matando-o. O julgamento deste fato será de 
competência da Justiça Militar, mesmo a vítima do suposto crime doloso contra a vida sendo 
um civil. 
Lei nº 4.737/65 - Código Eleitoral 
As Forças Armadas, em especial o 
Exército, desempenham relevantes funções, 
durante o período eleitoral. As tropas fazem a 
segurança das urnas, dos locais de votação e dos 
eleitores, coibindo possíveis crimes eleitorais. 
As Forças Armadas atuam apenas em 
alguns Municípios e locais de votação, mediante decisão do Tribunal Superior Eleitoral, sendo 
isso previsto no art. 23, XIV, do Código Eleitoral: 
 
Art. 23 - Compete, ainda, privativamente, ao Tribunal Superior: 
XIV requisitar a força federal necessária ao cumprimento da lei, de suas próprias 
decisões ou das decisões dos Tribunais Regionais que o solicitarem, e para garantir a 
votação e a apuração; 
Suponha que um soldado acabe ceifando a vida de um civil, durante o exercício dessa 
função de vigilância do local de votação. A competência para julgar este eventual crime doloso 
contra a vida é da Justiça Militar. 
 
Derrogação implícita do art. 82 do CPPM. 
O art. 82 do CPPM exclui, peremptoriamente, da competência da Justiça Militar os 
crimes dolosos contra a vida. Este dispositivo foi, portanto, tacitamente derrogado pela Lei nº 
13.491/2017: 
Art. 82. O foro militar é especial, e, exceto nos crimes dolosos contra a vida praticados 
contra civil, a ele estão sujeitos, em tempo de paz. 
Fora do exercício de suas funções 
O militar que praticar homicídio fora do exercício de suas funções será julgado, 
normalmente, pela Justiça Comum (Tribunal do Júri). 
O novo art. 9º, § 2º do CPM, fala em “militares das Forças Armadas”. 
 
 
E no caso de crimes dolosos contra a vida praticados por 
militares estaduais (policiais militares e bombeiros militares) em 
desfavor de civis, de quem será a competência? 
 
 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR – CAS 2020 
34 
 
Da Justiça Comum (Tribunal do Júri), por força de expressa previsão constitucional: 
Art. 125. (...) 
§ 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos 
crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares 
militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal 
competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das 
praças. 
Veto 
O art. 2º da Lei nº 13.491/2017 trazia a previsão de que essa competência da Justiça 
Militar seria temporária. Veja o que dizia o dispositivo: 
Art. 2º Esta Lei terá vigência até o dia 31 de dezembro de 2016 e, ao final da vigência 
desta Lei, retornará a ter eficácia a legislação anterior por ela modificada. 
Essa previsão existia porque o projeto de lei foi pensado especialmente para a atuação 
das Forças Armadas, durante as Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016. Ocorre que a 
tramitação demorou no Congresso Nacional e o projeto somente foi aprovado agora. 
Diante disso, o Presidente da República vetou este art. 2º. 
Dica 1 – Observações Doutrinárias Importantes. 
 Crimes dolosos contra a vida de militar praticado por militar: crime militar: se o fato se 
enquadrar no art. 9º, será crime militar. 
 Militar federal X militar estadual: Crime Militar. Julgado pela Justiça Militar. 
 Policial Militar X Bombeiro: crime militar: será crime militar, pois ambos pertencem a 
instituições militares estaduais e podem ser julgados pela Justiça Militar Estadual. 
Dica 2 - Observações Doutrinárias Importantes. 
 Os casos em que a vítima militar for pessoa do sexo feminino X Lei Federal nº 
11.340/06 (Lei Maria da Penha): Cita-se, por exemplo, um casal de militares da ativa, 
ou mesmo pai e filha. Neste caso, a doutrina tem defendido que, se o caso concreto 
afetar somente a esfera íntima da família, será crime comum e, se abalar os pilares da 
hierarquia e disciplina militares (afetar a instituição militar), será crime militar. 
 Fato envolvendo militares estaduais pertencentes a instituições de Unidades 
Federativas diferentes (PMRJ X PMES): será crime militar, e o autor será julgado pela 
Justiça Militar Estadual da Unidade a que cada um pertence. (Súmula 78 STJ). 
 
 
INFRAÇÕES DISCIPLINARES 
 
As infrações disciplinares são previstas nos mais diversos 
regulamentos disciplinares das Forças Armadas e Auxiliares. O nosso 
Regulamento Disciplinar da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro 
(RDPMERJ / R-9), Decreto nº. 6.579, DE 05 DE MARÇO DE 1983, define 
que: 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR – CAS 2020 
35 
 
Art. 13 - Transgressão disciplinar é qualquer violação dos princípios da ética, dos 
deveres e das obrigações Policiais Militares, na sua manifestação elementar e simples, e 
qualquer ação ou omissão contrárias aos preceitos estatuídos em leis, regulamentos, normas 
ou disposições, desde que não constituam crime. 
Art. 14 – São transgressõesdisciplinares: 
I Todas as ações ou omissões contrárias à Disciplina Policial Militar especificadas no 
Anexo I do presente Regulamento; 
II Todas as ações, omissões ou atos, não especificados na relação de transgressões do 
Anexo citado, que afetem a honra pessoal, o Pundonor Policial Militar, o decoro da 
classe ou o sentimento do dever e outras prescrições contidas no Estatuto dos Policiais 
Militares, leis e regulamentos, bem como os praticados contrarregras e ordens de 
serviço estabelecidas por autoridades competentes. 
 
Contudo apesar de Transgressão da Disciplina não constituir crime conforme o próprio 
Art. 13 do RDPMRJ positiva, aduzem Cícero Robson Coimbra Neves e Marcelo Streifinger11 
que associados, “o Direito Penal Militar e o Direito Administrativo (Militar), se relacionam de 
forma intensa justamente por ter a hierarquia e a disciplina como base de toda a estrutura 
jurídica construída, de sorte que se pode afirmar que nem todo ilícito disciplinar configura 
delito, porém todo delito reclama, residualmente, a existência de uma transgressão disciplinar.” 
A própria Constituição Federal fixa um Direito Disciplinar Militar quando em seu Art. 
125, § 4º inclui nas competências da Justiça Militar Estadual para julgar os crimes militares e as 
ações judiciais contra crimes disciplinares. 
Podendo assim concluir que tanto o poder de coação do Direito Penal Militar (com suas 
penas) quanto o do Direito Administrativo Disciplinar, possui como finalidade a proteção da 
“hierarquia e disciplina”, fatores estes, como já vimos, de extrema preponderância para a 
coesão e o regular funcionamento das instituições militares. 
 
PESSOA CONSIDERADA MILITAR 
 
 
O Código Penal Militar, para fins de aplicação do 
Direito Penal Militar define o conceito de Militar em seu 
Art. 22: 
Art. 22. É considerado militar, para efeito da 
aplicação deste Código, qualquer pessoa que, em tempo 
de paz ou de guerra, seja incorporada às forças armadas, 
para nelas servir em posto, graduação, ou sujeição à disciplina militar. 
 
11 Neves, Cícero Robson Coimbra / Manual de direito penal militar / Cícero Robson Coimbra Neves, 
Marcello Streifinger. – 2. ed. – São Paulo : Saraiva, 2012 – Pág. 54. 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR – CAS 2020 
36 
 
 
 
E os militares das Policias Militares e Bombeiros Militares 
Estaduais? 
 
 
Segundo ensinamento de Cícero Robson Coimbra Neves e Marcelo Streifinger12 no 
artigo acima “a palavra “incorporada” dá o mote interpretativo adequado, impondo que sempre 
que houver grafado o elemento típico “militar” deve-se entender pessoa incorporada às Forças 
Armadas e, por extensão arrimada no art. 42 da Constituição Federal, as Polícias Militares e 
Corpos de Bombeiros Militares, ou seja, militares da ativa das Forças Militares Federais e 
Estaduais. ” 
Vejamos então o Artigo 42 da CF/1988: 
Art. 42 Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, 
instituições organizadas com base na hierarquia e disciplina, são militares dos Estados, do 
Distrito Federal e dos Territórios. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998). 
Ainda alerta os autores que realizando uma “interpretação teleológica com base 
exatamente no art. 22, de modo que todos os tipos penais que possuam a palavra “militar” 
abarquem apenas os militares da ativa, já que essa, inequivocamente, foi a intenção do 
legislador”. 
 
Neste sentido crimes que viriam expressamente a 
palavra “militar” só poderiam ser cometidos por militares da ativa 
(excluindo militares da reserva e reformados): 
 
 
EXEMPLOS: 
Art. 137 - Provocar o militar, diretamente, país estrangeiro a declarar guerra ou mover 
hostilidade contra o Brasil ou a intervir em questão que respeite à soberania nacional. 
Art. 136. Praticar o militar ato de hostilidade contra país estrangeiro, expondo o Brasil a 
perigo de guerra. 
Art.140. Entrar ou tentar entrar o militar em entendimento com país estrangeiro, para 
empenhar o Brasil à neutralidade ou à guerra: 
Todavia existe uma exceção, podendo militares da reserva figurar como sujeitos ativos 
de crimes que possuam a palavra “militar” em seu tipo penal. 
O Art. 12 do CPM equiparam militares da reserva ou reformados que se encontram 
empregados em serviços na administração militar, a militares da ativa para fins de aplicação da 
lei penal militar. Vejamos então o Art. 12 do CPM: 
 
12 Neves, Cícero Robson Coimbra / Manual de direito penal militar / Cícero Robson Coimbra Neves, 
Marcello Streifinger. – 2. ed. – São Paulo : Saraiva, 2012 – Pág. 153. 
 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR – CAS 2020 
37 
 
Art.12. O militar da reserva ou reformado, empregado na administração militar, 
equipara-se ao militar em situação de atividade, para o efeito da aplicação da lei penal militar. 
 
CONCEITO DE SUPERIOR 
 
O conceito de superior funcional vem elencado no Art. 22 do CPM: 
Art. 24. O militar que, em virtude da função, exerce autoridade sobre outro de igual 
posto ou graduação, considera-se superior, para efeito da aplicação da lei penal militar. 
O Código Penal Militar aplica dois conceitos para superior que são: superior funcional e 
superior hierárquico. A definição de superior funcional “em virtude da função” vem claramente 
descrita no Art. 24 do CPM. A definição de superior hierárquico não se encontra no CPM, e 
cada instituição militar define em regulamentação própria a definição hierárquica através de 
postos (oficiais) e graduações (praças). 
 
 
Sargento, você saberia definir hierarquia? Que tal aprender? 
 
 
O Art. 12, § 1° do Estatuto dos Policiais Militares do Estado do Rio de Janeiro define 
como se dará a ordenação hierárquica na PMERJ: 
“A hierarquia policial-militar é a ordenação da autoridade em níveis diferentes, dentro 
da estrutura da Polícia Militar. A ordenação se faz por postos ou graduações; dentro de um 
mesmo posto ou de uma mesma graduação se faz pela antiguidade no posto ou na graduação. 
O respeito à hierarquia é consubstanciado no espírito de acatamento à sequência de 
autoridade. ” 
Segundo Cícero Robson Coimbra Neves e Marcelo Streifinger13 o conceito de superior 
funcional “somente entrará em voga, primeiro havendo igualdade hierárquica e, segundo, 
quando um par exercer, em razão da função, autoridade sobre outro. ” 
E completa o ensinamento14: 
“Para sedimentar nossa explanação, tomemos os seguintes exemplos: se um soldado agride a 
um primeiro-tenente, teremos a possibilidade do crime capitulado no art. 157 do CPM (violência 
contra superior), em função da superioridade hierárquica do ofendido em relação ao sujeito 
ativo; contudo, também haverá o mesmo delito se um primeiro-tenente agredir outro militar do 
mesmo posto, estando este na função de Comandante de Companhia daquele, estabelecendo-
se a superioridade funcional. Por vezes, é bom esclarecer, a superioridade funcional sobrepõe-
se à antiguidade. 
 
13 Neves, Cícero Robson Coimbra / Manual de direito penal militar / Cícero Robson Coimbra Neves, 
Marcello Streifinger. – 2. ed. – São Paulo : Saraiva, 2012 – Pág. 161 
14 Idem, ibidem, Pág. 161 e .162. 
LEGISLAÇÃO PENAL MILITAR – CAS 2020 
38 
 
Imaginemos, por exemplo, que um coronel da Polícia Militar, promovido a esse posto 
no ano de 2005, agrida outro coronel, promovido em 2006. Apesar de o primeiro ser mais 
antigo do que o segundo, em razão do maior tempo no posto, se o coronel mais moderno for o 
Comandante Geral, haverá violência contra superior (art. 157 do CPM). 
 
PENAS PRINCIPAIS E ACESSÓRIAS 
 
O Código Penal Militar em seu TÍTULO – DAS 
PENAS, classifica as sanções aplicadas, em penas 
principais e acessórias. Neste Tópico veremos cada 
uma delas. 
O Art. 55 do Código Penal Militar faz previsão 
das seguintes penas principais: morte, reclusão, 
detenção,

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