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Geografia Política - Fundamentos e Conceitos

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Prévia do material em texto

Indaial – 2020
GeoGrafia Política
Prof.a Márcia da Silva 
Prof.a Tatiellen Cristina Prudentes
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2020
Elaboração:
Prof.a Márcia da Silva 
Prof.a Tatiellen Cristina Prudentes
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
S586g
Silva, Márcia da
Geografia política. / Márcia da Silva; Tatiellen Cristina Prudentes. – 
Indaial: UNIASSELVI, 2020.
268 p.; il.
ISBN 978-65-5663-081-6
1. Geografia política. - Brasil. I. Prudentes, Tatiellen Cristina. II. 
Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
CDD 320.12
III
aPresentação
Olá, caro estudante! Seja bem-vindo!
Este material foi planejado com a finalidade de colaborar para a sua 
formação acadêmica. Pensando nisso, discutiremos nesta disciplina sobre 
a Geografia Política, apresentando os fundamentos e conceitos que lhe 
ajudarão no seu processo de ensino e aprendizagem. 
Nesta disciplina, abordaremos diversos assuntos de grande 
importância para sociedade atual, pois queremos que você perceba as 
dinâmicas dos processos políticos que se desenvolvem no espaço geográfico. 
Então, vamos discutir os fundamentos básicos de uma área de conhecimento 
fascinante que é a Geografia Política. 
Entendemos que os conhecimentos que serão compartilhados, são 
de extrema importância para os acadêmicos do curso de Geografia, pois 
eles serão os responsáveis por compreender os conceitos como espaço 
geográfico, território, política, poder, globalização, conflitos, e outros que são 
fundamentais para o entendimento mais aprofundado sobre a realidade e as 
implicações da sociedade contemporânea. 
Assim sendo, a disciplina tem como objetivo apresentar as origens 
e a evolução da Geografia Política, seus temas e conceitos principais, 
compreendendo as mudanças ocorridas no espaço geográfico, interpretando 
as relações de poder com vários atores, que participam como agentes de 
criação, transformação e a elaboração dos espaços geográficos. 
As discussões sobre os temas que trataremos na disciplina serão, por 
muitas vezes, atuais. Tratamos também de esquematizar a disciplina em três 
unidades que se apresentam em uma ordem de tópicos e subtópicos. 
Na unidade 1, discutiremos sobre os conceitos básicos da Geografia 
Política, com uma abordagem evolutiva da Geografia Política através dos 
seus teóricos e clássicos. Passaremos, primeiramente, pelos fundamentos da 
Geografia Política e Geopolítica e, por fim, analisaremos a Geografia Política 
Brasileira. 
Já na Unidade 2, intitulada “Geografia Política no mundo 
contemporâneo”, serão apresentadas as análises sobre a configuração do 
mundo nestes últimos anos, advindos da Globalização e suas consequências 
na forma de organização mundial. Passando pelos conceitos básicos e 
exemplificando a nova conjuntura mundial. 
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
Na Unidade 3, denominada “Temas e Problemas da Geografia Política 
Contemporânea”, discutimos os temas e problemas da geografia política 
contemporânea, a exemplo de conflitos que tenham dimensão territorial, 
deslocamentos populacionais, processos migratórios e situações de refúgio. 
Acreditamos que este material será útil para acompanhar a disciplina 
de Geografia Política, possibilitando, assim, conhecer e compreender o 
desenvolvimento da geografia. 
Portanto, o texto está estruturado a partir do desenvolvimento das 
unidades e tópicos. Em cada unidade, aparecem alguns ícones interativos 
UNI, como, por exemplo, dicas de estudo, glossário etc. Contamos com sua 
participação e empenho para extrair o máximo de proveito deste momento. 
Sucesso e mãos à obra!
Prof.a Márcia da Silva 
Prof.a Tatiellen Cristina Prudentes
V
VI
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela 
um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro 
que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá 
contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, 
entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
LEMBRETE
VII
UNIDADE 1 – FUNDAMENTOS DA GEOGRAFIA POLÍTICA E O CONTEXTO 
BRASILEIRO ...................................................................................................................1
TÓPICO 1 – GEOGRAFIA POLÍTICA E GEOPOLÍTICA .................................................................3
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................3
2 CONCEITOS, ORIGENS, LIMITES E NOVAS ABORDAGENS .................................................3
3 TEORIAS DA GEOGRAFIA POLÍTICA E DA GEOPOLÍTICA.................................................12
4 A GEOGRAFIA POLÍTICA CLÁSSICA E O DISCURSO GEOPOLÍTICO .............................19
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................29
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................30
TÓPICO 2 – GEOGRAFIA POLÍTICA, ESPAÇOS, PODER E TERRITÓRIOS ..........................31
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................31
2 GEOGRAFIA POLÍTICA: ESPAÇO E PODER ..............................................................................31
3 OS DIFERENTES CAMPOS DO PODER ........................................................................................36
4 O PODER E O TERRITÓRIO .............................................................................................................40
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................45
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................46
TÓPICO 3 – GEOPOLÍTICA BRASILEIRA .......................................................................................49
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................492 O PROJETO GEOPOLÍTICO DA MODERNIDADE NO BRASIL ...........................................49
3 A GESTÃO DO ESTADO CENTRALIZADOR ..............................................................................60
4 A CRISE E OS DESAFIOS DO PAÍS COMO POTÊNCIA REGIONAL ....................................62
5 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E A TENDÊNCIA À GESTÃO PRIVADA DO 
TERRITÓRIO ........................................................................................................................................68
LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................................78
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................79
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................80
UNIDADE 2 – GEOGRAFIA POLÍTICA NO MUNDO CONTEMPORÂNEO ..........................83
TÓPICO 1 – GEOGRAFIA POLÍTICA E GLOBALIZAÇÃO ..........................................................85
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................85
2 TEORIAS DA GEOGRAFIA POLÍTICA E DA GLOBALIZAÇÃO ............................................85
3 ORIGENS, LIMITES E NOVAS ABORDAGENS ..........................................................................93
4 ESTADO, FRONTEIRAS E SEGREGAÇÃO DO TERRITÓRIO ................................................97
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................112
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................113
sumário
VIII
TÓPICO 2 – A NOVA GEOPOLÍTICA DAS NAÇÕES E A CONSTRUÇÃO DE NOVOS 
DISCURSOS E SUAS PRÁTICAS GEOPOLÍTICAS ..............................................115
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................115
2 O SISTEMA MUNDIAL, HEGEMONIAS E CONTRA HEGEMONIAS................................115
3 O PODER GLOBAL DOS ESTADOS UNIDOS E OS NOVOS ATORES MUNDIAIS .......119
4 UMA NOVA CONJUNTURA MUNDIAL? A GEOPOLÍTICA DAS NAÇÕES NA 
ATUALIDADE DO SÉCULO XXI ...................................................................................................126
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................134
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................135
TÓPICO 3 – A CONSTITUIÇÃO DA BIOPOLÍTICA E DO BIOPODER..................................137
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................137
2 CONSTITUIÇÃO TEÓRICA DA BIOPOLÍTICA E DO BIOPODER SOCIAL .....................137
3 BIOPOLÍTICA E DESLOCAMENTO DE MULTIDÕES: SEGURANÇA JURÍDICA E 
POLÍTICA .............................................................................................................................................141
4 BIOPODER: RAÇA, POPULAÇÃO E REPRODUÇÃO NO MUNDO GLOBAL ..................142
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................144
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................147
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................148
UNIDADE 3 – TEMAS E PROBLEMAS DA GEOGRAFIA POLÍTICA CONTEMPORÂNEA ....149
TÓPICO 1 – CONFLITOS, DESLOCAMENTOS E MIGRAÇÕES ..............................................151
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................151
2 CONFLITOS QUE PERSISTEM: AS GUERRAS DO SÉCULO XXI ........................................152
3 AS MIGRAÇÕES INTERNACIONAIS E O DRAMA DOS REFUGIADOS ..........................161
4 SOCIEDADES, MOBILIDADES, DESLOCAMENTOS: OS TERRITÓRIOS DA ESPERA .....173
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................181
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................182
TÓPICO 2 – GEOGRAFIA POLÍTICA: ÁFRICA E AMÉRICA LATINA ...................................185
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................185
2 A ÁFRICA É O MUNDO E O MUNDO NÃO É A ÁFRICA ......................................................185
3 CAMINHOS E DESCAMINHOS DA POLÍTICA NA AMÉRICA LATINA ..........................201
4 FORMAÇÕES NACIONAIS E DIFERENTES FORMAS DE INSERÇÃO REGIONAL .....212
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................217
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................218
TÓPICO 3 – GEOGRAFIA POLÍTICA E O MEIO AMBIENTE, GESTÃO DOS 
RECURSOS E SUSTENTABILIDADE .......................................................................221
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................221
2 GEOGRAFIA POLÍTICA E MEIO AMBIENTE............................................................................222
3 GEOGRAFIA POLÍTICA E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ....................................229
4 GEOGRAFIA POLÍTICA E GESTÃO INTERNACIONAL DE RECURSOS NATURAIS ...241
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................246
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................250
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................251
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................253
1
UNIDADE 1
FUNDAMENTOS DA GEOGRAFIA 
POLÍTICA E O CONTEXTO 
BRASILEIRO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• compreender as origens e a evolução da Geografia Política, seus conceitos 
principais, teorias, temas e pensadores;
• perceber as relações entre a Geografia Política e a Geopolítica, examinando 
a Geografia Política clássica e o discurso geopolítico;
• analisar as abordagens recentes sobre espaços, poder e território, com 
espaço na perspectiva do poder, que significa entender o espaço na sua 
complexidade e em diferentes escalas de relações, em sua dinâmica 
histórica e geográfica;
• identificar o projeto e o contexto da Geografia Política Brasileira, 
verificando as relações entre espaço e poder nas escalas nacional, regional 
e local. Entendendo a relação à questão do componente político sobre 
o território e da importância do Estado no processo de organização 
territorial e da força para dominar e gerir territórios.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, você 
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. 
TÓPICO 1 – GEOGRAFIA POLÍTICA E GEOPOLÍTICA
TÓPICO 2 – GEOGRAFIA POLÍTICA, ESPAÇOS, PODER E TERRITÓRIOS
TÓPICO 3 – GEOPOLÍTICA BRASILEIRA
Preparado para ampliar seus conhecimentos?Respire e vamos 
em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá 
melhor as informações.
CHAMADA
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
GEOGRAFIA POLÍTICA E GEOPOLÍTICA
1 INTRODUÇÃO
Nesta unidade, por meio de uma abordagem histórica, estudaremos a 
evolução do pensamento em Geografia Política, seus elementos e a sua finalidade. 
Para iniciarmos o estudo relacionado à produção da Geografia Política é necessário 
ter clareza acerca dos conceitos básicos que dão suporte à disciplina. Para tanto, 
discutiremos, neste primeiro tópico, alguns aspectos conceituais que permitem 
entender e inteirar como a Geografia Política é importante como disciplina no 
curso de graduação em Geografia.
Portanto, dividiremos o tópico em três partes. Na primeira serão 
abordados os fundamentos dos conceitos e origens da Geografia Política, a ciência 
que analisa as relações de poder no espaço geográfico. Diante disso, estudaremos 
também as relações de poder e a sua correlação com o espaço. Na segunda parte, 
abordaremos as teorias da Geografia Política e da Geopolítica, com uma grandeza 
de conceitos, termos e seus primeiros pensadores que corroboraram para a 
construção do conhecimento e foram fundamentais para a Geografia Política. Por 
fim, a terceira parte, com a discussão de dois geógrafos que produziram com 
todos os seus apontamentos conceituais, reflexões críticas, estudos pioneiros da 
historicidade e a contextualização dos temas sobre a Geografia Política.
2 CONCEITOS, ORIGENS, LIMITES E NOVAS ABORDAGENS
Para começar, precisamos deixar claro sobre o que estamos falando. O que 
é Geografia Política? 
Para compreensão do significado de Geografia Política é importante 
definir o que é Geografia Política e Geopolítica, pois os dois termos terão em 
conjunto sua conceituação. Dessa forma, estes campos teóricos da Geografia 
apresentam importância ímpar para o entendimento do desenrolar dos fatos 
históricos no espaço geográfico, ajudando termos uma análise crítica em relação 
a ordem internacional vigente. 
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA GEOGRAFIA POLÍTICA E O CONTEXTO BRASILEIRO
4
A geografia política pode então ser compreendida como um conjunto 
de ideias políticas e acadêmicas sobre as relações da geografia com 
a política e vice-versa. O conhecimento por ela produzido resulta 
da interpretação dos fatos políticos, em diferentes momentos e em 
diferentes escalas, com suporte em uma reflexão teórico-conceitual 
desenvolvida na própria geografia ou em outros campos como a ciência 
política, sociologia, antropologia, relações internacionais etc. A dupla 
necessidade de dar uma resposta acadêmica sobre os fundamentos 
geográficos para eventos políticos e a preocupação de legitimar a sua 
análise a partir de um enquadramento intelectual em modelos teóricos 
reconhecidos resultaram em uma forte contextualização da disciplina, 
tanto em termos dos temas centrais como das opções metodológicas, 
além das práticas, de muitos dos seus formuladores. Desse modo, 
da mesma forma que em outras áreas do conhecimento, também na 
geografia política não é possível defender um total desinteresse ou 
imparcialidade dos pesquisadores e analistas. Pois, como bem lembra 
John Agnew, “em um mundo da ação humana não é possível falar em 
uma visão singular, de lugar nenhum, para justificar esta ou aquela 
perspectiva como melhor que outra” (AGNEW, 2002, p. 8), apesar do 
esforço da disciplina em oferecer coerência entre fundamento teórico e 
evidência empírica para discussão de situações particulares (CASTRO, 
2005, p. 17).
A Geografia Política é, portanto, a interpretação dos fatos políticos e 
relações políticas, nas suas diferentes escalas, ou seja, relações de poder de atores 
e agentes, que exercem autoridade e poder, e que geram por vezes conflitos e 
jogos de interesses. Pela natureza da Geografia, os pesquisadores e analistas não 
conseguem se desvincular de sua perspectiva, não conseguindo ter o desinteresse 
e a imparcialidade do estudo proposto. 
Neste contexto, vemos que a geografia política leva em consideração o 
território de um determinado país e região. Na geografia humana é percebida 
como a ciência que analisa as relações de poder no espaço geográfico, estudando 
as relações de poder e a sua correlação com o espaço. 
 
Temos a perspectiva do espaço geográfico conexo a uma Geografia Política 
com o território, da arena privilegiada da ação política e do poder (SUERTEGARAY, 
2001). Portanto, o objeto desta, é nas relações entre o território, poder e política, 
investigando as relações do poder, tanto dentro quanto entre os Estados-nação, 
em todo o processo intrínseco da apropriação do espaço geográfico. 
A identificação da geografia com a geografia política surge “através 
das análises dos conjuntos de estudos sistematizados mais afetos a geografia e 
restritos as relações entre o espaço e o Estado, como as questões relacionadas à 
posição, situação, características das fronteiras” (COSTA, 2010, p. 18). 
A Geografia Política, em sua origem, teve como compromisso de 
compreender o modo pelo qual a política era influenciada pela geografia (CASTRO, 
2005). Portanto, o objeto de estudo da Geografia Política são as relações entre o 
TÓPICO 1 | GEOGRAFIA POLÍTICA E GEOPOLÍTICA
5
espaço e o poder ou o estudo geográfico da política. Os estudos iniciam na obra 
de Ratzel, publicada em 1987, intitulada Politische Geographie. Ratzel era o principal 
agente que exercia poder sobre o território era o Estado, no início destes estudos. 
Você conhece Ratzel?
 Friedrich Ratzel (1844-1904) foi um teórico pensador da institucionalização da 
Geografia, enquanto ramo autônomo do saber científico. Percursor dos “clássicos” da ciência 
geográfica, além de também ser um dos pensadores e teóricos da Geografia Política.
DICAS
Verifica-se, que na atualidade, em Geografia Política, teremos também as 
análises de questões ambientais como é o caso da Amazônia, que assume uma 
importância política muito grande, tanto nacional como internacional, visto que 
é uma fonte imensurável de riqueza naturais. Considerando o texto, observe as 
figuras, a seguir: 
FIGURA 1 – CHARGE SOBRE A DESTRUIÇÃO DA FLORESTA NA AMAZÔNIA, POR CHICO MARINHO
FONTE: <https://jornalggn.com.br/sites/default/files/2019/08/uma-charge-sobre-a-destruicao-
da-floresta-na-amazonia-por-chico-marinho-amazonia-chico-marinho-696x529.jpeg>. 
Acesso em: 5 set. 2019.
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA GEOGRAFIA POLÍTICA E O CONTEXTO BRASILEIRO
6
FIGURA 2 – MANCHETE SOBRE A DISCUSSÃO DA AMAZÔNIA NA ONU EM 2019
FONTE: <https://cdn.domtotal.com/img/noticias/2019-09/1390166_419833.jpg>. 
Acesso em: 24 set. 2019.
Conforme figuras acima, Costa (2010, p. 25) esclarece que “são de suma 
importância as análises das formas de distribuição do poder no espaço nacional, 
regional, e internacional etc., e os modos de repartição desse poder no interior 
da sociedade, cada vez mais territorializada em suas práticas sociais cotidianas”. 
Bem como, vemos a importância do conceito de escala nos estudos da geografia, 
compreendida como “níveis em que o espaço é subdividido” para melhor ser 
compreendido e analisado. As diferentes escalas são interligadas, uma vez que 
todas são maneiras de compreender o espaço geográfico” (LISBOA, 2007, p. 30-31). 
TÓPICO 1 | GEOGRAFIA POLÍTICA E GEOPOLÍTICA
7
Lisboa (2007) exemplifica os níveis de escalas, bem como, cada fenômeno pode 
ser analisado em uma escala primária e se relacionar a outras análises escalares, quando 
se adquire a habilidade de reflexão transescalar. A influência dos EUA pode ser pensada 
internacionalmente e chegar a identificação de elementos dessa atuação nas pequenas 
cidades brasileiras; da mesma forma, um fenômeno que a princípio pareça apenas de nível 
local pode ganhar proporções mundiais como o gás carbônico liberado localmente, que 
pode contribuir para o fenômeno do aquecimento global.
IMPORTAN
TE
Surge, assim, o campo de atuação da Geografia Política, “Geografia e a 
relação entre a políticae o território, expressão e modo de controle dos conflitos 
sociais e a base material e simbólica da sociedade” (CASTRO, 2005, p. 15-16).
As bases materiais e Simbólicas são consideradas por HAESBAERT (2004), como:
Base Material: relacionada com a dominação (jurídico-política) da terra e com a inspiração 
do terror, do medo – especialmente para aqueles que, com esta dominação, ficam alijados 
da terra, ou no territorium são impedidos de entrar. 
Base Simbólica: relacionada com a apropriação. Podemos dizer que, para aqueles que têm o 
privilégio de usufrui-lo, o território inspira a identificação (positiva) e a efetiva “apropriação”.
Território, assim, em qualquer acepção, tem a ver com poder, mas não apenas ao tradicional 
“poder político”. Ele diz respeito tanto ao poder no sentido mais concreto e de dominação 
quanto ao poder no sentido mais simbólico de apropriação. Lefebvre distingue apropriação 
de dominação (“possessão”, “propriedade”), o primeiro sendo um processo muito mais 
simbólico, carregado das marcas do “vivido”, do valor de uso, o segundo mais concreto, 
funcional e vinculado ao valor de troca. Segundo o autor: o uso reaparece em acentuado 
conflito com a troca no espaço, pois ele implica “apropriação” e não “propriedade”. Ora, 
a própria apropriação implica tempo e tempos, um ritmo ou ritmos, símbolos e uma 
prática. Quanto mais o espaço é funcionalizado, mais ele é dominado pelos “agentes” que 
o manipulam tornando-o unifuncional e, menos ele se presta à apropriação. Por quê? 
Porque ele se coloca fora do tempo vivido, aquele dos usuários, tempo diverso e complexo 
(LEFEBVRE, 1986 p. 411-412). Como decorrência deste raciocínio, é interessante observar 
que, enquanto “espaço-tempo vivido”, o território é sempre múltiplo, “diverso e complexo”, 
ao contrário do território “unifuncional” proposto pela lógica capitalista hegemônica.
FONTE: HAESBAERT, R. Dos múltiplos territórios a multiterritorialidade. In: HEIDRICH, 
A.; COSTA, B.; PIRES, C.; UEDA, V. (Org.). A emergência da multiterritorialidade: a 
ressignificação da relação do humano com o espaço. Canoas/Porto Alegre: Editora ULBRA/
Editora UFRGS, 2008.
DICAS
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA GEOGRAFIA POLÍTICA E O CONTEXTO BRASILEIRO
8
Você saberia citar alguns exemplos de temas de estudo da Geografia 
Política?
Para ilustrar os estudos da geografia política, observe este resumo de uma tese 
de doutorado de Daniel Cirilo Augusto (2017, p. 13), com o título “Comportamento geográfico 
do voto: a identificação pessoal e a identificação partidária em Portugal e no Brasil”. 
Resumo: esta pesquisa tem como objetivo analisar a identificação pessoal e a identificação 
partidária na decisão do voto de eleitores portugueses e brasileiros no período entre as 
eleições de 2011 e 2013 (Portugal) e 2012 e 2014 (Brasil). Procurou-se, ainda, identificar 
a importância dos partidos políticos para a decisão do voto, bem como, os diferentes 
elementos que contribuem para o voto. As escalas de pleitos eleitorais são utilizadas aqui 
para averiguar os diferentes níveis de identificação pessoal e de identificação partidária no 
eleitorado. Metodologicamente, este trabalho foi desenvolvido através de três eixos: leituras 
para a construção do referencial teórico, entrevistas com políticos brasileiros e aplicação 
de questionários aos eleitores portugueses e brasileiros. Para estes, foram traçados critérios 
para as amostras que levaram a escolha de Braga, Évora e Lisboa (Portugal) e Curitiba, 
Laranjeiras do Sul e Maringá (Brasil). A pesquisa foi conduzida pelo comportamento 
geográfico do voto, através de vinculações (aproximações e distanciamentos) entre a 
realidade portuguesa e a brasileira. Os resultados apresentados revelam a decisão do voto 
fundamentada principalmente na identificação pessoal, com exceção às eleições de nível 
nacional em Portugal, que obtiveram uma considerável parte dos eleitores a votar por meio 
da identificação partidária. Ademais, concluiu-se que o voto é híbrido, em especial entre 
o eleitorado brasileiro. As mudanças ocorridas entre a decisão do voto do eleitor brasileiro 
permitem-nos identificar que este eleitor possui um caráter mudancista em suas decisões 
eleitorais, tornando-o sensível às variações ocasionadas no contexto territorial (sistema 
eleitoral, partidos políticos, meios de comunicação, efeito vizinhança etc.). Diante disso, 
considera-se que os elementos intrínsecos ao território contribuem para a formação dos 
cenários político partidários, condicionando o comportamento geográfico do voto.
DICAS
Como procuramos apontar, todas essas mudanças quanto aos novos 
temas são de suma importância, e quando em foco verificarem as relações de 
poder e o território, teremos espaços que são campos de grande importância de 
pesquisa da Geografia Política. 
Segundo as concepções de Castro (2005, p. 67), a contribuição do 
pensamento de Ratzel, que era um intelectual do seu tempo e, que ele, “foi quem 
melhor compreendeu e explicitou a importância do território como um suporte 
duradouro para o poder das instituições políticas”. 
Para Castro (2005, p. 19), “Ratzel procurou elaborar uma verdadeira 
teoria das relações entre a política e o espaço. A Geografia Política de Ratzel 
tinha, portanto, como tarefa demonstrar que o Estado é fundamentalmente uma 
realidade humana que só se completa sobre o solo do país”. 
TÓPICO 1 | GEOGRAFIA POLÍTICA E GEOPOLÍTICA
9
Castro (2005, p. 71) valoriza o trabalho de Ratzel e dá-nos uma nova 
dimensão da importância do seu trabalho em Geografia Política. Segundo o 
autor: “sua preocupação era compreender este poder que faz mover o mundo, 
que abre as rotas e desenvolve o comércio, joga as nações uma contra as outras, 
empurra as armas para frente e finalmente engendra desequilíbrios de todos os 
tipos, verificado em cada escala das relações.”
Outro autor de destaque na Geografia política foi La Blache, ao qual se 
atribui a ideia do possibilismo, teoria segundo a qual o homem tem a possibilidade 
de intervir no meio. Para La Blache (1982) a geografia política constitui, em sentido 
estrito, um desenvolvimento especial da geografia humana. Nas aplicações da 
geografia ao homem, trata-se sempre do homem por sociedades ou por grupos, 
de modo que se pode crer autorizado a dar ao nome de geografia política um 
sentido mais amplo, e estendê-lo ao conjunto da geografia humana. 
Indicamos, para a leitura mais aprofundada do tema, o livro: RATZEL, de Antônio 
Carlos Robert. Coleção de um dos grandes cientistas sociais. nº 59, São Paulo, Ed. Ática S/A. 
1990. Por meio do Link a seguir, você consegue acessar e baixar o livro: https://sites.google.
com/site/flamariongeografia/historia-do-pensamento. Acesso em: 20 jan. 2020.
DICAS
Por meio da análise de escalas dentro da Geografia Política, como a análise 
nacional e global, diante dos pressupostos constituídos por esta disciplina, surge 
como uma linha direta a geopolítica, a qual, segundo Costa (2010, p. 55), pode ser 
considerada: “[…] antes de tudo um subproduto e um reducionismo técnico e 
pragmático da geografia política, na medida em quem se apropria de parte de seus 
postulados gerais para aplicá-los na análise de situações concretas interessando 
ao jogo de forças estatais projetado no espaço”.
Para Costa (2010) a Geopolítica caberia a formulação das teorias e projetos 
de ação voltadas às relações de poder entre os Estados e às estratégias de caráter 
geral para os territórios nacionais e estrangeiros, como exemplo a União Europeia 
ou as conquistas marítimas, de modo que estaria mais próxima das ciências políticas 
aplicadas, sendo assim mais interdisciplinar e utilitarista que a Geografia Política. 
 O surgimento da Geografia Política e, sobretudo, da Geopolítica, “são um 
produto do contexto europeu na virada do século XIX para XX, marcados pela 
emergência das potências mundiais e o imperialismo como forma histórica de 
relacionamento internacional” (COSTA, 2010, p. 58).
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA GEOGRAFIA POLÍTICAE O CONTEXTO BRASILEIRO
10
O pioneiro da Geopolítica foi Rudolf Kjellen, a quem se atribui o termo 
geopolítica “para expressar as suas concepções sobre as relações entre o Estado 
e o território”. Seus princípios tiveram muita discussão junto aos círculos de 
poder de diversos países. “Kjellen não escondia sua admiração pelo Estado Maior 
alemão e nem o desejo de que a Europa viesse a ser unificada sob um imenso 
império germânico” (COSTA, 2010, p. 57). 
Vários autores vão demostrar que a Geopolítica é uma ciência da ação e um 
campo de um saber estratégico. A geoestratégia (situações de conflito e emprego 
de meios de coerção) é apropriada pela Geopolítica, em seus mecanismos, pois 
tem como preocupação básica a correlação de forças entre os estados ou os agentes 
atuantes em determinado conflito. Considerado por um estudo das constantes e 
das variáveis do espaço. 
A Geoestratégia é o estudo das constantes e das variáveis do espaço que, ao 
objetivar-se na construção de modelos de avaliação e emprego de formas de coação, 
projeta o conhecimento geográfico na atividade estratégica (CORREIA, 2012). 
 Coação: coação consiste na ação de coagir, ou seja, forçar alguém a fazer algo 
contra a sua vontade. Do ponto de vista jurídico, o crime de coação é caracterizado como 
o ato de agir com pressão ou violência (física ou verbal) perante outra pessoa, com o 
propósito de obter algo contra a sua vontade.
IMPORTAN
TE
Para mais detalhes sobre os conceitos de Geopolítica e Geoestratégia, leia os 
textos: Campello (2018). Atores, interesses e diferentes concepções sobre as reservas do 
pré-sal brasileiro: comparando os marcos regulatórios de 2010 e 2016. 24 p. Revista Oikos. 
Volume 17, n. 3. 
FONTE: http://www.revistaoikos.org/seer/index.php/oikos/article/viewFile/515/287. Acesso em: 
11 fev. 2020.; MELLO, L. I. A. Quem tem medo da geopolítica? 1999. Disponível em: http://
www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-44782000000100011. Acesso em: 20 
jan. 2020.
ATENCAO
TÓPICO 1 | GEOGRAFIA POLÍTICA E GEOPOLÍTICA
11
Vemos aqui, por meio das afirmações, o início uma reflexão: a Geopolítica 
não é uma abreviação de Geografia Política? 
De forma mais simplificada, a Geopolítica se diferencia da Geografia 
Política, pois a primeira é mais específica focada na atuação territorial estatal 
direta, e por outro lado, a Geografia Política é mais ampla e tem como foco outros 
atores além do Estado, como movimentos sociais, grupos de poderes, entre outros. 
A Geopolítica de forma clássica preocupa-se em compreender os diferentes 
conflitos que existem na posse e dominação territorial, é um instrumento analítico 
focado nas divergências territoriais. Trata-se de uma ciência do conflito.
Por fim, ressaltamos que a Geografia política estuda as relações políticas, 
sendo assim, relações em que existem atores exercendo poder, o que muitas vezes 
gera conflitos, interesses e intervenções políticas.
 A partir dos pressupostos estabelecidos por este ramo da ciência 
geográfica, abordam-se conflitos entre atores e agentes (movimentos sociais, as 
multinacionais, shopping centers, associações de bairro, sindicatos, traficantes 
ou milícias nos morros e favelas das grandes cidades, grupos terroristas, as 
empresas transnacionais, os governos de países) em que há um caráter espacial. 
No conjunto desses conflitos, podemos incluir conflitos entre nações e povos, 
conflitos urbanos, conflitos de natureza ambiental. Conforme as explanações de 
Costa (2010, p. 58): 
É sem sombra de dúvida que o surgimento da Geografia Política e, 
sobretudo, da Geopolítica são um produto de contexto europeu 
na virada do século XIX para o XX, com F. Ratzel e R. Kjéllen, 
respectivamente. Num plano mais geral, entretanto, não se pode 
esquecer que o interesse pelos fatores referentes à relação entre espaço 
e poder também manifesta um momento histórico que envolvia o 
mundo em escala global, caracterizado pela emergência das potências 
mundiais e, com elas, o imperialismo como forma histórica de 
relacionamento internacional. Em outros termos, as estratégias dessas 
potências tornaram-se antes de tudo globais, isto é, projetos nacionais 
tenderam a assumir cada vez mais um conteúdo necessariamente 
internacional.
Realizamos, até o momento, uma breve reflexão da origem e a 
sistematização da Geografia Política e Geopolítica como conceito. Assim, para 
conhecer e entender o processo e contexto de toda a sua formalização, é preciso 
aprender sobre seus conceitos e seus desdobramentos direcionados pelas 
pesquisas e produções clássicas. Estes conceitos ajudarão você, acadêmico, a 
iniciar um importante percurso acerca da geografia política clássica. 
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA GEOGRAFIA POLÍTICA E O CONTEXTO BRASILEIRO
12
3 TEORIAS DA GEOGRAFIA POLÍTICA E DA GEOPOLÍTICA
As teorias da Geografia Política e da Geopolítica tem uma grandeza de 
conceitos e termos. A Geografia Política se desenvolve na relação entre a política, o 
poder e o território, nomeadamente no que diz respeito a sua gestão (CASTRO, 2005). 
Com a evolução da Geografia Política, durante o século XIX, com 
características marcadas de um cenário de sistematização da Geografia na ciência, 
seguindo paradigmas como o Determinismo e o Possibilismo, origina-se como 
uma subárea, com autores e obras derivadas de teóricos renomados e respeitados 
da Geografia (COSTA, 2010). 
Você sabe o que é determinismo e possibilismo?
 Para compreender melhor esses conceitos, indicamos que assista ao vídeo: 
“Determinismo e Possibilismo Geográfico na Compreensão da Sociedade”, com o professor 
Thiago Hernandes, graduado em Geografia pela Unesp, mestre em Geografia pela UEM e 
doutorando em História pela Unesp. O vídeo tem cerca de cinco minutos. Disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=ZjkO1tlS1-E. 
 Outro material que pode acrescentar na temática sobre os conceitos da 
geografa é o vídeo do professor José Willian Vesentini, professor da USP e autor, em que 
explica de forma objetiva alguns conceitos básicos da Geografia que são espaço, escala, 
território, região, paisagem e lugar. Com duração de cerca de seis minutos, o professor 
explana sobre o cotidiano do fazer geográfico. Disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=kWeDhaNelyk.
DICAS
Seguindo orientações do Determinismo Ambiental, ou seja, uma visão 
naturalista aplicada ao estudo da sociedade, de Friedrich Ratzel, a Geografia 
Política conduz e inicia suas bases, com o pensamento sobre o poder e as 
estratégias de controle e de dominação do território, concebendo o Estado por 
meio desse território (COSTA, 2010). 
Por meio dessa problematização e contextualização, as diretrizes em torno 
da Geografia Política Clássica de Ratzel, uma “Geografia estatal”, foi defendida 
por Raffestin, com questões a uma categoria que constituía o Estado como um 
ator excepcional. 
Para o autor, a Geografia Política tem a particularidade de múltiplas 
relações de poder, determinados pelas mais diferentes ações antrópicas, adjacente 
há uma escala de atores e agentes sociais, onde atuam em articular ações, conflitos 
e intervenções a seus interesses (RAFFESTIN, 1993). 
TÓPICO 1 | GEOGRAFIA POLÍTICA E GEOPOLÍTICA
13
Nessa perspectiva, devemos reconhecer que os estudos e trabalhos de 
Ratzel contribuíram para a construção de um conhecimento fundamental para a 
Geografia Política, com todos os seus apontamentos conceituais, reflexões críticas, 
historicidade e a contextualização dos temas. Neste processo, durante as décadas 
de 1970 e 1980, entram as estratégias de temas e escalas que são agregados a 
esta, com a adoção de um conjunto de questões marcadas pelo contexto mundial. 
Com a direção a novas interpretações na análise espacial, conforme Castro 
(2005), o poder do Estado recebe novas organizações administrativas, a gestão 
administrativa em espaços nacionais, entre outros elementos, acrescentando-
se assim abordagens com grande amplitude e uma renovação a disciplina, 
estabelecendo novos interesses por açõespolíticas. 
Castro (2005, p. 78) esclarece em um capítulo do seu livro, que o tema 
Estado:
É um recorte explicativo importante para a geografia política porque 
constitui a escala dos fenômenos oriundos do universo decisório 
institucional da política territorialmente centralizada. É inegável que as 
decisões desse universo afetam a organização do espaço e o cotidiano 
dos seus habitantes, mesmo a partir do final do século XX o poder 
regulatório das instituições políticas localizadas no aparato estatal 
tenha que incorporar os interesses a outras instituições supranacionais, 
como o FMI, a OMC, o Banco Mundial e o mercado financeiro. Da 
mesma forma que nos séculos XIX os Estados incorporaram os 
interesses da burguesia industrial e, no século XX, incorporaram os 
interesses dos trabalhadores na constituição do Estado de Bem-Estar. 
 
Castro (2005) vai trazer a ideia de reencontrar a política na geografia, 
tentando relacionar como a política, no seu sentido institucional e operacional, 
invadiu as mais diferentes dimensões do mundo contemporâneo, recorrendo a 
um pluralismo teórico-conceitual, relevantes a compreender o espaço como arena 
de conflitos. Que foram definidos por temas e questões clássicos e outros que vem 
se impondo pela própria realidade do mundo contemporâneo: 
•	 A	geografia	política	do	século	XXI.
•	 A	Renovação	do	debate	temático	e	teórico	na	geografia	política.
•	 As	relações	entre	o	território	e	conflito:	o	campo	da	geografia	política.
Por outro lado, Costa (2010) trabalha sobre as tendências e perspectivas 
atuais da Geografia Política, disposta a interdisciplinaridade cada vez maior entre 
Geografia Política, Ciência Política e Economia, pois “não há política e poder 
dissociados da economia” (COSTA, 2005, p. 317). Para ele, existe um vasto campo 
de pesquisa para a Geografia Política, por exemplo, temas como:
•	 O	Estado	Moderno	e	o	seu	significado	atual.
•	 As	fronteiras,	seus	velhos	e	novos	significados.
•	 O	debate	recorrente	sobre	a	questão	das	nações	e	as	nacionalidades.
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA GEOGRAFIA POLÍTICA E O CONTEXTO BRASILEIRO
14
Para Castro (2005), a geografia política do século XXI é mais abrangente, 
sendo composta por agentes/atores que não se deixam aprisionar pelos limites 
institucionais do Estado. 
Foram muitas as transformações a partir do capitalismo, acompanhada 
de guerras e conquistas de mercados, territórios, povos e nações (COSTA, 2010). 
Essas transformações alteram tanto a relação entre os Estados quanto dentro dos 
Estados.
Na atualidade, Costa (2010) concorda que o Estado perdeu força e o 
princípio da soberania nacional e as fronteiras como conteúdo militar não possui 
grande sentido, dada a facilidade de arrebentação dos limites pelas armas 
estratégicas. De acordo com Costa (2010, p. 282) restam apenas os conteúdos: 
•	 Legal: o conjunto das leis de um país.
•	 Fiscal: cada vez mais relativizado pelos acordos tarifários.
•	 Controle: especialmente o controle de migrações.
Desse modo, o autor relata o estudo sobre a Geografia Política “Universal”, 
que entenderá examinar os fenômenos fronteiriços contemporâneos na Europa, 
América, África e Ásia, e particularmente antigos e novos significados das 
fronteiras em cada macrorregião do globo. Veja a reportagem a seguir, do site 
História online, do dia 24 de novembro de 2018: 
• Fronteiras fortificadas e muros no mundo.
Da fronteira entre o México e os EUA à questão da Cisjordânia e das 
Coreias, passando pelos muros que visam impedir a entrada de imigrantes e 
refugiados na Europa, atualmente, há diversas crises para as quais os governos 
envolvidos optaram por um fechamento físico das fronteiras. O mundo de hoje 
tem mais muros do que o período da Guerra Fria, justamente às vésperas de 
entrarmos em 2019: ano que marca o trigésimo aniversário da queda do Muro de 
Berlim, o grande símbolo da era bipolar.
A seguir, você poderá analisar um mapa com as principais fronteiras 
fortificadas, muros e um resumo bem pontual das questões.
TÓPICO 1 | GEOGRAFIA POLÍTICA E GEOPOLÍTICA
15
FIGURA 3 – PRINCIPAIS FRONTEIRAS NO MUNDO
FONTE: <https://historiaonline.com.br/fronteiras-fortificadas-no-mundo-atual/>. A
cesso em: 21 set. 2019.
FIGURA 4 – SOLDADOS NA FRONTEIRA ENTRE COREIA DO NORTE E COREIA DO SUL
FONTE: <https://jornalggn.com.br/sites/default/files/imagens/coreia_norte_sul.jpg>. 
Acesso em: 20 out. 2019
FONTE: <https://jornalggn.com.br/sites/default/files/imagens/coreia_norte_sul.jpg>. 
Acesso em: 20 out. 2019. 
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA GEOGRAFIA POLÍTICA E O CONTEXTO BRASILEIRO
16
Como se viu, Costa (2010) nos instiga a ver que as clássicas definições 
de conteúdo sobre a fronteira tem sido pouso úteis quando se tenta aplicá-las as 
situações geopolíticas encontradas na nossa realidade atual, sendo assim, é de 
grande importância verificar, mesmo que empiricamente, cada processo em si, 
pois cada fronteira é uma singularidade. 
O conceito de Fronteira é definido como limite ou linhas que dividem 
territórios político, sociais e jurídicos distintos. Um limite físico é uma barreira que ocorre 
naturalmente entre duas áreas. Rios, cadeias de montanhas, oceanos e desertos podem 
servir como limites físicos. Muitas vezes, fronteiras políticas entre países ou estados se 
formam ao longo de fronteiras físicas. Por exemplo, a fronteira entre a França e a Espanha 
segue os picos das montanhas dos Pirenéus, enquanto os Alpes separam a França da Itália. 
O Estreito de Gibraltar é a fronteira entre o sudoeste da Europa e o noroeste da África. Esta 
via navegável estreita entre o Oceano Atlântico e o Mar Mediterrâneo é uma importante 
fronteira política, econômica e social entre os continentes.
FONTE: https://www.nationalgeographic.org/encyclopedia/boundary/. Acesso em: 20 out. 2019.
IMPORTAN
TE
Portanto, trazemos uma periodização realizada por um grande pensador 
e pesquisador sobre a Geografia Política, o Geógrafo José Willian Vesentini (1986, 
p. 24-27). Ele apresenta a Geografia Política em três fases/períodos: 
• 1a fase: “Inaugurada por Ratzel”, estende-se do final do século XIX até o final 
da segunda Guerra Mundial em 1945.
• 2a fase: entre 1945 e o início dos anos 1970, quando ocorre um “rompimento 
com a geopolítica”.
• 3a fase: a partir de meados da década de 1970 aos dias atuais.
Por outro lado, trazemos a contribuição de Becker (2012, p. 117): 
Embora o projeto político da Geografia remonte a sua origem, associado 
à sua prática estratégica, não foi ele desenvolvido no plano teórico. Nem 
a Geografia Política nem a Geopolítica conseguiram satisfatoriamente 
explicitar a dimensão política do espaço, o que certamente imobilizou 
a reflexão da própria Geografia. Hoje, a questão das relações entre 
a Geografia e a Geopolítica se insere no contexto de velocidade 
espantosa de transformação do planeta no segundo pós-guerra e da 
crise de ciência social, que não consegue dar conta do movimento da 
sociedade e das novas estruturas de poder nem propor soluções para o 
futuro. Novas problemáticas têm que ser incorporadas à explicação da 
crescente globalização e complexidade do mundo na era tecnológica. 
A busca de novos paradigmas da ciência e o rompimento das barreiras 
entre as disciplinas – a transdisciplinaridade – parecem hoje tornar-
se uma exigência, e o rompimento de barreira entre a Geografia e a 
TÓPICO 1 | GEOGRAFIA POLÍTICA E GEOPOLÍTICA
17
Geopolítica numa perspectiva crítica, integrado à natureza holística 
e estratégica do espaço, pode representar um passo importante nesse 
caminho, pois que o poder e o espaço e suas relações são, sem dúvida, 
problemáticas contemporâneas significativas. 
Nesse item, a autora considerava necessário “superar as concepções 
naturalizadas que têm imobilizado a contribuição maior a essa análise: os 
determinismos geográfico e econômico.” Como apresenta a seguir, em uma parte 
integral de seu texto original:
A Geografia Política, de Ratzel (1897), representou, sem dúvida, um 
avanço na teorização geográficado Estado. Ratzel foi dos poucos geógrafos 
a assumir explicitamente o valor estratégico do espaço e da Geografia. Sua 
obra pode ser considerada como o primeiro momento epistemológico da 
Geografia (RAFFESTIN, 1980), ainda que, sob influência do contexto histórico 
marcado pela consolidação e expansão dos Estados-Nação europeus, só, tenha 
proposto uma concepção unidimensional e naturalizada do político, encarado 
exclusivamente pelo Estado como um fato dado e fortemente condicionado 
pelo solo de seu território.
A herança de Ratzel, embora por alguns exacerbada, foi, em geral, 
negada pelos geógrafos, que, ao recusarem sua concepção determinista, 
negaram também toda a sua riqueza teórica. Sua herança foi por outro 
apropriada.
A legitimidade científica para a prática estratégica estatal, que crescente 
e sistematicamente instrumentalizada o espaço (e o tempo) visando objetivos 
econômicos e de controle social, passou a ser dada por uma nova disciplina, a 
Geopolítica, criada em 1917 a partir da apropriação justamente do organicismo 
contido na obra de Ratzel e também das informações descritivas e “apolíticas” 
produzidas pelos geógrafos.
As deformações da Geopolítica nazista afastaram os geógrafos dessa 
reflexão teórica ainda mais. Embora muitos, em sua prática, não deixassem 
de colaborar com o aparelho do Estado no planejamento da guerra e/ou do 
território.
Assim, a Geografia permaneceu à margem de todo um conjunto de 
técnicas e de um saber que instrumentalizam e pesam o espaço a partir da 
ótica do Estado (e também da grande empresa) – embora com ele colaborando 
direta ou indiretamente –, o que certamente a esvaziou de seu conteúdo.
Negar, portanto, a prática estratégica, seja das origens da disciplina ou 
da teoria dada por Ratzel, seja da Geopolítica explícita do Estado Maior, ou da 
implícita na prática dos geógrafos, é negar a própria Geografia, que foi, assim, 
prejudicada no seu desenvolvimento teórico e na sua função social.
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA GEOGRAFIA POLÍTICA E O CONTEXTO BRASILEIRO
18
Repensar a Geografia envolve, necessariamente, o desvendar da 
Geopolítica, sua avaliação crítica e seu resgate, e trazer esse conhecimento 
para debate na sociedade.
Em outras palavras, nesse campo de preocupações, à Geografia caberia 
a teorização sobre a prática estratégica desenvolvida pela Geopolítica. Embora 
essa conscientização se faça sentir na retomada dos estudos de Geografia 
Política e Geopolítica na década de 1970, inclusive pela criação de um 
grupo de trabalho sobre “O Mapa Político do Mundo” na União Geográfica 
Internacional, em 1984, a questão teórica está longe de ser resolvida.
Dentre esses estudos, desenvolvidos com as mais várias abordagens e 
temáticas, destacam-se duas contribuições.
A de Lacoste, que privilegia a Geopolítica e o potencial político do 
espaço; sua proposta, contudo, é mais metodológica do que teórica. A de 
geógrafos neomarquixistas, que, por sua vez, privilegiam a teorização da 
Geografia Política à luz do materialismo histórico, mas reduzem o Estado e o 
espaço a meras derivações do econômico; é o determinismo econômico e, mais 
uma vez, uma concepção naturalizada e unidimensional do poder.
A naturalização do Estado e do espaço pelo determinismo geográfico 
e a reação extrema a essa postura criam, assim, um impasse para a análise das 
relações entre o espaço, o político e a sociedade em geral.
Ora se considera o espaço como determinante da ação humana e o Estado 
como única fonte de poder, ora se nega essa determinação substituindo-a pela 
econômica, mas sem precisar o papel do espaço e do Estado nessas relações 
(BECKER, 1983). E mais: tal impasse é simplificador do real, na medida em 
que não abre espaço para a identificação de novas fontes de poder e para a 
imprevisibilidade dos processos sociais.
FONTE: BECKER, B. K.; SILVA J. X. Espaço aberto. 2012. Disponível em: https://revistas.ufrj.br/
index.php/EspacoAberto/issue/viewFile/217/52. Acesso em: 21 jan. 2020.
Por fim, podemos compreender que a tentativa desse resgate aqui 
apresentado por questões constituem e definem as Teorias Geopolíticas Clássicas 
e Contemporâneas, que surgem, em geral, “para as explicações da importância 
estratégica de determinados territórios e da necessidade de expansão territorial 
e/ou controle de espaços, bem como as rotas marítimas ou aéreas estratégicas, 
como forma de fortalecimento do Estado e de adquirir hegemonia” (VESENTINI, 
1986, p. 16).
TÓPICO 1 | GEOGRAFIA POLÍTICA E GEOPOLÍTICA
19
4 A GEOGRAFIA POLÍTICA CLÁSSICA E O DISCURSO 
GEOPOLÍTICO
Vamos agora examinar as ideias acerca da Geografia Política Clássica, 
que trará em destaque dois geógrafos: o alemão Friedrich Ratzel e o geógrafo 
francês Camille Vallaux, que produziram, através de seus estudos e reflexões 
que formularam pioneiramente, conceitos e teorias fundamentais que marcaram 
profundamente o desdobramento posterior desse ramo do conhecimento. 
Observa-se nos conceitos e teorias fundamentais da Geografia Política, 
que há um consenso a importância que essa disciplina teria sido “fundada ou 
pelo menos redefinida por Friedrich Ratzel, que viveu entre os anos de 1844 e 
1904, período em que importantes acontecimentos marcavam a relação entre os 
grandes impérios da época” (COSTA, 2010, p. 31). Segundo o autor, Ratzel faz 
parte da Geografia Política Clássica. 
FIGURA 5 – FRIEDRICH RATZEL (1844-1904)
FONTE: <https://s1.static.brasilescola.uol.com.br/be/conteudo/images/friedrich-ratzel-um-dos-
fundadores-geografia-moderna-519b866539cfc.jpg>. Acesso em: 24 set. 2019.
A Geografia Política Clássica, o estudo geográfico da política e das relações 
entre o espaço e poder surge com Ratzel, que redefine o seu conteúdo em seu 
contexto histórico, político e geográfico de sua época. 
Com a sua principal obra: antropogeografia – fundamentos da Aplicação 
da Geografia à História, Ratzel tornou-se um dos fundadores da Geografia 
Humana, bem como posteriormente um dos fundadores da Geografia Política. 
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA GEOGRAFIA POLÍTICA E O CONTEXTO BRASILEIRO
20
Trazendo em foco o objeto da Geografia: o estudo da influência que as 
condições naturais exercem sobre a humanidade. Para ele, o meio natural teria 
influência tanto na psicologia (caráter) dos indivíduos na sociedade quanto 
na constituição da sociedade como um todo em função dos recursos naturais 
disponíveis. 
Todo o estudo de Ratzel foi largamente utilizada para embasar conceitos, bem 
como: o determinismo, o colonialismo e o imperialismo. Faça uma pesquisa sobre como 
isso aconteceu.
DICAS
Para Ratzel, o senso geográfico ou o Estado territorial foi entendido pela 
ideia de organismo (biogeografia), que para ele o solo condicionava as formas 
elementares e complexas da vida, portanto “o Estado, como forma de vida, 
tenderia a comportar-se segundo as leis que regem os seres vivos da terra, isto é, 
nascer, avançar, recuar, estabelecer relações, declinar etc.” (COSTA, 2010, p. 35). 
Nesse sentido, é inegável a importância do alemão Friedrich Ratzel e do 
conjunto de suas contribuições, especialmente a obra Geografia	Política, de 1897, 
cuja segunda edição (1902) apareceu com o subtítulo de Uma	Geografia	 dos	
Estados,	do	Comércio	e	da	Guerra. “A geografia de Ratzel foi um instrumento 
poderoso de legitimação dos desígnios expansionistas do Estado Alemão recém-
constituído” (COSTA, 2010, p. 31). Assim, para compreendermos a geografia de 
Ratzel, principalmente, em seus principais conceitos, retomaremos as suas bases 
no fragmento a seguir: 
Ratzel entra mais precisamente em uma geografia política pragmática, 
tentando dar cobertura científica ao comportamento territorial do Estado. Na 
obra Geografia Política (1897) entendem-se melhor estas explicações: sobre o 
Estado e o mar, a localização e a expansão dos Estados, a fronteira, a demografia 
e o potencial dos Estados, as imigrações – um tema que ele havia estudado 
durante a sua estadia nos Estados Unidos e que considerava fundamental. De 
acordocom Lescano apud Miyamoto (1995), em 1901, ao publicar a obra Sobre 
as Leis da Expansão Territorial do Estado. Baseando-se em sete princípios 
elementares, Ratzel consegue evidenciar a importância e a ligação existente 
entre o Estado e o espaço, princípios estes que ficariam conhecidos como 
Teoria do Espaço Vital (Lebensraum): 
TÓPICO 1 | GEOGRAFIA POLÍTICA E GEOPOLÍTICA
21
1- O espaço dos Estados aumenta com o crescimento da cultura.
2- O crescimento dos Estados apresenta sintomas de desenvolvimento cultural, 
ideias, produção comercial e industrial etc., os quais necessariamente 
precedem a expansão efetiva do Estado. 
3- O crescimento dos Estados verifica-se pela gradual integração e coerência 
de pequenas unidades, mediante a amalgamação e a absorção de elementos 
menores.
4- A fronteira é o órgão periférico do Estado e, como tal, a prova de crescimento 
estatal; é a força e as mudanças desse organismo.
5- Em seu crescimento o Estado tende a incluir seções politicamente valiosas, 
como os rios, as linhas de costa, as planícies e outras regiões ricas em 
recursos.
6- O primeiro impulso para o crescimento territorial chega ao Estado primitivo 
vindo de fora, de uma civilização superior.
7- A orientação geral para a conexão territorial transmite a tendência de 
crescimento territorial de espaço em espaço, incrementando sua identidade. 
Cabe ainda destacar que, segundo esta concepção, o Estado deveria 
assumir uma política de poder, de expansão territorial. É essa política de poder 
que deve orientar as diretrizes governamentais na realização de seus objetivos. 
Trata-se de uma teoria ratzeliana em grande medida eclipsada devido a sua 
implicação com os destinos da Alemanha. Isso porque, Ratzel intervém na 
Weltpolitik de Guilherme II (de quem será partidário), a qual possuía ideias 
opostas às ideias de um Bismarck que saía de cena. Aposta na consolidação 
de uma grande frota capaz de competir com a britânica, na Alemanha 
imperial, no fomento das migrações alemãs como estratégia colonial, em uma 
Mitteleuropa unida sob o comando do Kaiser, expressando novamente o sonho 
do pangermanismo, defendido anteriormente por Von Büllow, List, Herder e 
Fichte. Por fim, cabe salientar que Ratzel foi um dos teóricos capazes de “fazer 
escola” no campo da ciência geográfica, pois influenciou uma vasta gama de 
estudiosos por meio de suas obras. Sua influência é particularmente perceptível 
na França, onde Paul Vidal de La Blache (1845-1918) seguiu atentamente 
as publicações do geógrafo alemão. Já nos países anglo-saxônicos os temas 
ratzelianos foram divulgados por seus discípulos, que segundo Moraes (2003) 
foram os responsáveis pela radicalização de suas colocações, constituindo 
o que se denomina “escola determinista” de Geografia, ou a doutrina do 
“determinismo geográfico”. Os autores dessa corrente partiram da definição 
ratzeliana do objeto da reflexão geográfica e simplificaram-na. Orientaram seus 
estudos por máximas como “as condições naturais determinam a História” ou 
“o homem é um produto do meio” empobrecendo bastante as formulações de 
Ratzel, que falava de influências. Na verdade, todo o trabalho desses autores se 
constituía na busca de evidências empíricas para teorias formuladas a priori. 
Seus mais eminentes representantes foram: Ellen Churchill Semple (1863-1932) 
e Ellsworth Huntington (1876-1947). A primeira, geógrafa americana, aluna de 
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA GEOGRAFIA POLÍTICA E O CONTEXTO BRASILEIRO
22
Ratzel, foi a responsável pela divulgação de suas teses nos Estados Unidos. 
Já as teorias do geógrafo inglês Huntington eram um pouco mais elaboradas. 
Este autor concebia um determinismo invertido, isto é, para ele, as condições 
naturais mais hostis seriam as que propiciariam o maior desenvolvimento. 
Outro desdobramento apontado por Moraes (2003) refere-se à proposta de 
Ratzel que se manifestou na constituição da Geopolítica. Esta corrente, dedicada 
ao estudo da dominação dos territórios, partiu das colocações ratzelianas 
referentes à ação do Estado sobre o espaço. Esses autores desenvolveram 
teorias e técnicas que operacionalizaram e legitimaram o imperialismo, isto é, 
discorreram sobre as formas de defender, manter e conquistar os territórios. 
Os autores mais conhecidos dessa corrente foram: Rudolf Kjellén (1864-1922), 
Halford John Mackinder (1861-1946) e Karl Ernst Haushofer (1869-1946). O 
primeiro, um sueco, criador do termo Geopolítica. O segundo, um almirante 
inglês, trouxe a discussão para o nível dos estados maiores, tratando temas 
como o domínio das rotas marítimas, as áreas de influência de um país e 
as relações internacionais. Mackinder, cuja principal obra intitula-se O Pivô 
Geográfico da História (1904), desenvolveu uma importante teoria sobre 
as “áreas pivôs”, as quais seriam o coração de um dado território: para ele, 
quem as dominasse, dominaria todo o território. O general alemão Haushofer 
conferiu a Geopolítica um caráter diretamente bélico, definindo-a como parte 
da estratégia militar. Este autor, que desenvolveu teorias referentes à ação do 
clima sobre os soldados, criou uma escola e influenciou diretamente os planos 
de expansão nazista. Até hoje, a Geopolítica persiste, sendo debatida nos 
departamentos de estado e nas academias militares. Uma última perspectiva 
levantada por Moraes (2003) demonstra que a partir das formulações de Ratzel, 
originou-se a chamada “escola ambientalista”. Isso porque, o geógrafo alemão 
foi, sem dúvida, o formulador de suas bases. Esta corrente propõe o estudo do 
homem em relação aos elementos do meio em que ele se insere. O conjunto 
dos elementos naturais é abordado como o ambiente vivenciado pelo homem. 
O ambientalismo representa um determinismo atenuado, sem visão fatalista e 
absoluta. A natureza não é vista mais como determinação, mas como suporte 
da vida humana. Mantém-se a concepção naturalista, porém sem a causalidade 
mecanicista. Modernamente, o ambientalismo se desenvolveu bastante, 
apoiado na Ecologia. A ideia de estudar as inter-relações dos organismos, que 
coabitam em determinado meio, já estava presente em Ratzel, pela influência 
que ele sofreu de Haeckel, o primeiro formulador da Ecologia, de quem havia 
sido aluno. Entretanto, é mais ao determinismo que ao ambientalismo que o 
nome de Ratzel acabou identificado.
FONTE: ARCASSA, W. S. Friedrich Ratzel: a importância de um clássico. 2017. Disponível em: 
http://www.uel.br/seer/index.php/Geographia/article/viewFile/31840/22924. Acesso em: 21 
jan. 2020.
TÓPICO 1 | GEOGRAFIA POLÍTICA E GEOPOLÍTICA
23
Portanto, demonstra a grande importância da compreensão do espaço 
e sua relação com a política, se apresentado como uma ferramenta de grande 
apoio para expansão territorial de um determinado país. Ratzel enfatizou que a 
existência de uma sociedade está representada em território, ou seja, a perda de 
território aponta a decadência de uma sociedade, e para a sociedade progredir, 
avançar, ela precisaria conquistar novas terras (MORAES, 1990).
Outro desdobramento da proposta de Ratzel manifestou-se na 
constituição da Geopolítica. Esta corrente, dedicada ao estudo da 
dominação dos territórios, partiu das colocações ratzelianas, referentes 
à ação do Estado sobre o espaço. Estes autores desenvolveram teorias 
e técnicas, que operacionalizavam e legitimavam o imperialismo. Isto 
é, discorriam sobre as formas de defender, manter e conquistar os 
territórios. Os autores mais conhecidos dessa corrente foram: Kjellen, 
Mackinder e Haushofen. O primeiro, um sueco, foi o criador do rótulo 
Geopolítica. O segundo, um almirante inglês, trouxe a discussão para 
o nível dos estados-maiores, tratando temas como o domínio das rotas 
marítimas, as áreas de influência de um país, e as relações internacionais. 
Halford Mackinder, cuja principal obra intitula-se O pivô geográfico da 
História, desenvolveu uma curiosa teoria sobre as “áreas pivôs”, que 
seriam o coração de um dado território; para ele, quem o dominasse, 
dominariatodo o território. O general alemão Karl Haushofer, amigo 
de Hitler e presidente da Academia Germânica no seu governo, foi 
outro teórico da Geopolítica. Deu a esta um caráter diretamente 
bélico, definindo-a como parte da estratégia militar. Este autor, que 
desenvolveu teorias referentes à ação do clima sobre os soldados, criou 
uma escola e influenciou diretamente os planos de expansão nazistas. 
Até hoje, a Geopolítica persiste, sendo debatida nos Departamentos de 
Estado e nas Academias militares (MORAES, 2002, p. 20).
No que se refere a contribuição do pensamento de Ratzel, Castro (2005, p. 
67) ressalta que “Ratzel era um intelectual do seu tempo e, para ele, o nacionalismo 
como estratégia de consolidação do império alemão, era bem mais importante do 
que a adesão à ética política de defesa dos povos e dos Estados mais fracos”. 
Castro (2005, p. 67) enfatiza também:
 “O geógrafo alemão Ratzel foi quem melhor compreendeu e explicitou a importância 
do território como um suporte duradouro para o poder das instituições políticas”. 
 “A Geografia Política de Ratzel tinha, portanto, como tarefa demonstrar que o Estado 
é fundamentalmente uma realidade humana que só se completa sobre o solo do país”.
ATENCAO
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA GEOGRAFIA POLÍTICA E O CONTEXTO BRASILEIRO
24
Castro (2005) faz pensar que o legado de Ratzel é muito maior, valorizando 
o trabalho com uma nova dimensão da importância do seu trabalho em Geografia 
Política. Por outro lado, surge Camille Vallaux, que desde Ratzel, tem o mérito 
de apresentar o primeiro estudo completo e sistemático em geografia política. 
O título de seu trabalho, O solo e o Estado, é proposital, já que ao longo de 
toda exposição ele praticamente estabelece com o famoso geógrafo alemão um 
diálogo exaustivo, aceitando, contrapondo e superando cada conceito e teoria 
ali expostos. Abordando a relação do Estado com o solo, que se inicia com uma 
crítica as teorias sociológicas racionalistas e românticas sobre este, para ele o 
Estado deve ser considerado como uma forma essencialmente geográfica da vida 
social (COSTA, 2010). 
Vallaux coloca que o objeto da geografia política é o estudo das sociedades 
políticas e dos Estados como entidades particulares, sugerindo que o método 
da geografia política vai se desenvolver em duas metodologias: A Analogia e a 
Determinação do tipo (COSTA, 2010), que procedem de uma da outra. 
Analogia e a determinação
 Analogia é uma relação de semelhança estabelecida entre duas ou mais entidades 
distintas. O termo tem origem na palavra grega “analogía” que significa “proporção”. Pode 
ser feita uma analogia, por exemplo, entre cabeça e corpo e entre capitão e soldados. 
Cabeça (cérebro) e capitão são duas entidades análogas.
 Ao se expressar, desse modo, a sua concepção do problema metodológico em 
geografia, Vallaux se aproxima bastante das posições de Vidal de La Blache, que também 
vê na busca das analogias um recurso metodológico capaz de permitir ao geógrafo o 
estabelecimento de generalizações projetadas acima das descrições dos casos específicos 
(COSTA, 2010, p. 46). Portanto, a analogia é o princípio geográfico responsável por buscar 
semelhanças ou diferenças entre regiões geográficas. Junto com o princípio da extensão 
é fundamental nos estudos de geografia regional.
IMPORTAN
TE
TÓPICO 1 | GEOGRAFIA POLÍTICA E GEOPOLÍTICA
25
Para ele, o Estado deve ser considerado como uma forma essencialmente 
geográfica da vida social. Definindo em dois tipos de Estados em Costa (2010): 
Os	Estados	Simples: caracteriza-se pelo fato de que seu nível de coesão 
interna é baixo, de modo que mesmo na hipótese de um desmembramento de 
partes de seu território, isso não alteraria em muito o curso da história dessa 
sociedade. Nesse aspecto, concorda com Ratzel em sua análise de alguns Estados-
Chefias africanos. 
Os	 Estados	 Complexos: apresentariam tendências a uma forte coesão 
interna, de modo que o domínio político sobre o território se faria de modo 
completo, havendo, assim, uma maior interdependência entre as suas partes. 
Essa distinção nada tem a ver com a dimensão dos territórios controlados pelos 
Estados, importando aí, antes de tudo, o grau do domínio político e de articulação 
interna dos estados em cada território, concordando também com Ratzel. 
Nas suas abordagens realizadas dentro da Geografia Política, Vallaux 
se destaca em três temas de análises: problemas	da	circulação,	problemas	das	
cidades	e	problemas	das	fronteiras. 
Segundo ele, dever-se-ia pensar na circulação sob outro prisma, uma 
dimensão essencialmente política. Com uma concepção mais estreita, porque 
o fenômeno da circulação não se restringe às “coisas”, e a “rede de circulação” 
esses fenômenos no geral desenvolvem-se sob a “sombra dos Estados”. 
Nas análises das cidades, considera sua expressão política do fenômeno 
urbano. Para ele, o Estado interfere nesse processo ao estabelecer uma hierarquia 
político-administrativa entre as cidades, como exemplo, distinguindo as capitais 
das demais. 
E em terceira análise, a interpretação das fronteiras, que deve ser concebida 
muito mais como zonas que como linhas formais. A zona-fronteira constituiria 
antes de tudo, uma área que se destinaria simultaneamente às interpenetrações 
e às separações entre os Estados sendo um campo de forças em muitos casos de 
disputa. Pela sua natureza complexa, as fronteiras constituiriam antes de tudo 
uma zona viva, sejam elas: 
•	 Naturais:	tem	identificação	com	elementos	naturais.	
•	 Artificiais:	linhas	formais.	
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA GEOGRAFIA POLÍTICA E O CONTEXTO BRASILEIRO
26
Formação de blocos econômicos
 A formação de blocos econômicos estreita as relações econômicas, financeiras e 
comerciais entre os países membros.
 Com o fenômeno da globalização, o mercado internacional tornou-se bastante 
competitivo, diante disso, somente os mais fortes prevalecem. O que acontece é uma 
disputa por mercados em âmbito global. 
 Muitos países, com o intuito de se fortalecer economicamente, unem-se para 
alcançar mercados e verticalizar a sua participação e influência comercial no mundo. A 
criação de blocos econômicos estreitou as relações econômicas, financeiras e comerciais 
entre os países que compõem um determinado bloco econômico.
 Atualmente existem muitos blocos econômicos, formados há décadas.
 O MERCOSUL (Mercado Comum do Sul) foi fundado em 1991, constituído por 
Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina, países da América do Sul que buscam a integração e 
o fortalecimento econômicos dos países-membros.
 A União Europeia (UE) foi instituída no final dos anos 50, embora tenha sido 
oficializada somente em 1992, os países que fazem parte são: Alemanha, França, Reino 
Unido, Irlanda, Holanda, Bélgica, Dinamarca, Itália, Espanha, Portugal, Luxemburgo, Grécia, 
Áustria, Finlândia e Suécia, nesses países corre uma moeda única, o euro, com exceção da 
Dinamarca (coroa dinamarquesa), Suécia (coroa sueca) e Reino Unido (libra esterlina). 
 Exemplos como a UE e o MERCOSUL ocorrem a partir de acordos comerciais 
estabelecidos entre os países membros. Nesse caso, implantam medidas que eliminam 
total ou parcialmente as barreiras alfandegárias, como eliminação de tributos, além da 
circulação de mercadorias, capitais, serviços, pessoas e outros pontos que o bloco julgar 
necessário.
 O que se espera com a formação de blocos econômicos é a intensificação 
econômica e a flexibilização comercial entre os integrantes.
 Existem outros órgãos comerciais, como por exemplo, a OMC (Organização Mundial 
do Comércio), que integram todos os países que participam do comércio internacional, 
essas instituições têm como objetivo fiscalizar e mediar as relações comerciais para que 
não haja partes favorecidas.
 
 Os principais blocos econômicos do mundo são União Europeia (UE), MERCOSUL 
(Mercado Comum do Sul), Apec (Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico) e o NAFTA 
(Tratado Norte-Americano de Livre Comércio).
 Para complementar seus estudos,assista ao vídeo sobre A Nova Ordem 
Mundial – com o Professor Vesentini. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=iC9mTkfDHn0 >. Acesso em: 21 out. 2019.
FONTE: <https://brasilescola.uol.com.br/geografia/formacao-blocos-economicos.htm>. Acesso 
em: 20 out. 2019.
IMPORTAN
TE
TÓPICO 1 | GEOGRAFIA POLÍTICA E GEOPOLÍTICA
27
Segundo Vallaux (apud COSTA, 2010, p. 54), toda “fronteira é uma 
demarcação política, portanto longe de poder ser considerada como Natural, 
mesmo que referenciada a um traço físico dos territórios em questão. Considerando 
como um campo de força e, em muitos casos, de disputa, o estabelecimento 
sempre envolvera negociações ou conflitos entre os Estados envolvidos”.
Para compreender melhor conceitualmente e terminologicamente a 
definição da geopolítica, iremos estudar através de Costa (2010), o discurso 
político, sendo que o autor direciona um capítulo de seu livro para embasar toda 
a discussão. Divide-a em três partes, sendo elas:
• O Imperialismo, as grandes potencias e as estratégias globais como contextos 
da geopolítica.
• T. Mahan, o poder marítimo e os Estados Unidos como potência mundial.
• H. J. Mackinder, o coração continental e o realismo geográfico. 
O	discurso	geopolítico
Assim, entendemos que a geopolítica é antes de tudo um subproduto 
e um reducionismo técnico e pragmático da geografia política. O pioneiro da 
geopolítica foi Rudolf Kjéllen, sua fama deve-se praticamente ao fato de ter 
cunhado o termo geopolítico para expressar as suas concepções sobre relações 
entre Estado e o Território, direcionado sua “nova ciência” aos “estados 
maiores” dos impérios centrais da Europa, em especial a Alemanha. Com 
isso, inaugura a mais controvertida de suas vertentes, a geografia política 
da guerra ou a geopolítica. A relação entre espaço e poder manifestava um 
momento histórico que envolvia o mundo em escala global, caracterizado pela 
emergência das potências mundiais e, com elas, o imperialismo como forma 
histórica específica de relacionamento internacional. O caráter imperialista 
da economia e das políticas territoriais das grandes potências assentavam-se 
em dois processos, envolvendo estratégias de dominação em escala global: 
disputas hegemônicas de vizinhanças e competição de domínio dos territórios 
de expansão colonial. Durante a segunda metade do século XIX essa política 
expansionista, além de intensificar-se, assume novos rumos que caracterizarão 
os EUA como uma nova potência mundial de fato, mesmo que situado à margem 
do jogo comandado pelas antigas potências europeias. O mundo agora estava 
divido por áreas de influência de cada uma delas. As fronteiras formais serão 
apenas uma das linhas de eventuais tensões, somadas às “zonas de Vallaux 
parte de uma ideia de espaço concreto, isto é, uma, “extensão fricções” em 
escala global. Dentro desse contexto surge A. T. Mahan com uma “ótica norte 
americana” é reconhecido como o precursor das teorias geopolíticas sobre o 
poder marítimo na época contemporânea. A sua argumentação baseia-se na 
premissa de que um governo só terá sucesso em sua política voltada para a 
construção de um poder marítimo. Ainda dentro dessa abordagem, surge o 
geografo inglês H. Mackinder que ocupara lugar de destaque na discussão da 
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA GEOGRAFIA POLÍTICA E O CONTEXTO BRASILEIRO
28
geopolítica. O pragmatismo dele caracteriza-se por uma tentativa permanente 
de aliar a análise política do equilíbrio de poder do quadro internacional e os 
elementos empíricos (para ele concretos) fornecidos pelos estudos correntes 
produzidos pela geografia, ele defende a ideia de que a disputa pela hegemonia 
em escala global dependia da importância cada vez maior do que chamou 
“poder terrestre”, destacando assim pelo autor dois fatores recentes (na época) 
que produziram resultados diversos: primeiro o Canal de Suez e segundo as 
Ferrovias. 
FONTE: COSTA, W. M. Geografia política e geopolítica: discurso sobre o território e o 
poder. 2017. Disponível em: http://www.geoamazonia.net/index.php/revista/article/view/155/
pdf_104. Acesso em: 21 jan. 2020.
Após essa pequena abordagem sobre o discurso Geopolítico, acesse a obra 
base citada anteriormente e realize uma resenha crítica. Utilize de referência também a 
resenha de Araújo (2017).
DICAS
29
 Neste tópico, você aprendeu que:
• A Geografia Política é um dos ramos da Geografia, que busca compreender as 
relações de poder no espaço geográfico. A Geografia Política visualiza o Estado 
através da organização do espaço. 
• A Geopolítica é uma ciência da ação e um campo de um saber estratégico, tem 
uma preocupação fundamental com a correlação de forças, antes militar, hoje 
econômico e tecnológica, cultural e social a nível territorial e com ênfase no 
espaço mundial. 
• As teorias da Geografia Política e da Geopolítica têm uma grandeza de conceitos 
e termos.
• Os estudos e trabalhos de Ratzel contribuíram para a construção do 
conhecimento e foi fundamental para a Geografia Política, com todos os seus 
apontamentos conceituais, reflexões críticas, historicidade e a contextualização 
dos temas. 
• Cada fronteira é uma singularidade. 
• O conceito de fronteira é definido como limite ou linhas que dividem territórios 
político, sociais e jurídicos distintos. Um limite físico é uma barreira que ocorre 
naturalmente entre duas áreas.
• A Geografia Política Clássica foi sistematizada inicialmente através de dois 
geógrafos, o alemão Friedrich Ratzel e o geógrafo francês Camille Vallaux.
RESUMO DO TÓPICO 1
30
1 Quais são os conceitos fundamentais da Geografia Política?
a) ( ) Espaço, paisagem e lugar.
b) ( ) Espaço, rede e território.
c) ( ) Território, poder e política.
d) ( ) Território, Estado e região.
e) ( ) Política, espaço e lugar.
2 Quem foi o pioneiro da Geopolítica, a quem se atribui o termo geopolítica 
“para expressar as suas concepções sobre as relações entre o Estado e o 
território”?
a) ( ) Ratzel.
b) ( ) La Blache.
c) ( ) Camille Vallaux.
d) ( ) Humboldt.
e) ( ) Rudolf Kjellen.
3 Os conceitos da geopolítica começaram a ser desenvolvidos a partir da 
segunda metade do século XIX, em decorrência da redefinição de fronteiras 
na Europa e do expansionismo das nações europeias. Sobre a temática da 
geopolítica, julgue os itens a seguir:
I- Em 2004 fez um século que o geógrafo inglês Halford John Mackinder 
formulou, na Real Sociedade Geográfica de Londres, em uma conferência 
que leva por nome The Geografic Pivot of History, sua teoria geopolítica e 
estratégica do poder terrestre.
II- O surgimento da Geografia Política e sobretudo da Geopolítica são um 
produto de contexto europeu na virada do século XIX para o XX, com F. 
Ratzel e R. Kjéllen, respectivamente.
III- Vidal de La Blache criou uma doutrina, o Possibilismo, e fundou a escola 
francesa de Geografia. Além disso, trouxe para a França o eixo da discussão 
geográfica, situação que se manteve durante todo o primeiro quartel do 
século XX. 
Estão CORRETOS:
a) ( ) Somente o item I.
b) ( ) Os itens I e III.
c) ( ) Todos os itens.
d) ( ) Os itens II e III.
4 Faça uma síntese do que você compreendeu sobre como cada fronteira é 
uma singularidade. Justifique e exemplifique.
AUTOATIVIDADE
31
TÓPICO 2
GEOGRAFIA POLÍTICA, ESPAÇOS, PODER E TERRITÓRIOS
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Vislumbramos, de maneira breve, a evolução do pensamento em Geografia 
Política desde a sua conceitualização até a discussão da Geografia Política clássica, 
que tinha Estado como tema central. Neste tópico, discutiremos e nomearemos os 
conceitos fundamentais para a Geografia Política, bem como, o espaço, o poder, 
a política e o território. 
O tópico que segue, procura apresentar as relações entre espaço e 
poder que se materializam no território e suas implicações. O estudo sobre tais 
processos é complexo e, aqui, pretendemos demonstrar uma apresentação síntese 
das principais ideias e autores dessa temática, buscando sempre a participação do 
personagem mais

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